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MANEJO PRODUTIVO

NA APICULTURA
FICHA TÉCNICA

2022 – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar

1ª. EDIÇÃO – 2022 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


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PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO


João Martins da Silva Junior

DIRETOR GERAL
Daniel Klüppel Carrara

DIRETORA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO SOCIAL


Janete Lacerda de Almeida

COORDENADORA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Ana Ângela de Medeiros Sousa

EQUIPE TÉCNICA SENAR


Carolina Soares Pietrani Pereira
Vilton Francisco de Assis Júnior

Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.)

Embrapa Meio Ambiente


Olá! Seja bem-vindo ao curso Manejo produtivo na apicultura.

Na apicultura, colmeias populosas, saudáveis e altamente produtivas em mel são sus-


tentadas por quatro práticas que, quando trabalhadas de forma adequada, geram bons
retornos financeiros. Essas práticas, identificadas como localização do apiário, ges-
tão das atividades apícolas, manejo das colmeias e associativismo, também são a
base da apicultura profissional no campo.

Este curso tem o objetivo de orientar


os apicultores em práticas básicas na
apicultura para a produção de mel.

LOCALIZAÇÃO DO APIÁRIO
Alguns fatores devem guiar a definição de onde será posicionado o apiário e essa
decisão interfere nos rendimentos pretendidos, na praticidade dos trabalhos e na se-
gurança das pessoas e outros animais.

DISPONIBILIDADE DE FLORA APÍCOLA


A disponibilidade de flora apícola é um dos fatores que devem guiar a decisão sobre a
localização do apiário.

As abelhas campeiras podem realizar a coleta


de seu alimento, o pólen e o néctar, num raio
médio de 3 quilômetros. Porém, quanto mais
perto as colmeias estiverem das flores, maior é a
chance de produzirem mais. Recomenda-se que
a flora, ou pasto apícola, seja rica e abundante
num raio de um quilômetro e meio do apiário.

A distância que as campeiras percorrem para a coleta de alimento impacta diretamen-


te na produção de mel, pois se elas precisam voar longas distâncias para procurar flo-
res, elas gastam mais tempo e energia para retornar às colmeias, resultando em maior
desgaste e redução do tempo de vida.

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Voo a longas distâncias:

Tempo Energia

Desgaste Tempo de vida

A flora apícola também deve ser composta por espécies de plantas que apresentam
períodos de floração complementares, para a oferta contínua de alimento.

Durante o ano, a abelha-africanizada pode


visitar até 50 espécies de plantas diferen-
tes e essa diversidade alimentar é essencial
para a saúde e o bom desenvolvimento das
colmeias. A presença de flora apícola rica e
abundante é muito importante para a manu-
tenção e a produção de mel em apiários fixos,
sistema em que as colmeias são mantidas
sempre no lugar.

Você deve conhecer a flora apícola do local onde estão as suas colmeias, para cons-
truir um calendário floral e identificar os meses de maior e menor disponibilidade de
alimento. Nos meses de escassez alimentar, você pode plantar espécies nativas ou
cultivadas, para aumentar a oferta de alimento. Do contrário, será necessário realizar a
suplementação alimentar artificial.

Em uma tabela, anote os nomes das


plantas, os meses de floração e quais
recursos as flores disponibilizam.

Nomes das plantas Para isso, observe as plantas que estão


Meses de floração
floridas e a presença de campeiras nas
flores. Se a abelha estiver com a língua
Recursos enterrada na flor, fazendo movimento
de sucção, está coletando néctar. Se ela
apresentar bolotas de pólen no último
par de pernas, ou corbícula, isso indica
que a flor disponibiliza pólen.

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Lembre-se: as plantas podem disponibilizar pólen e néctar ou
apenas um desses recursos.

OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL ADEQUADAS PARA A


INSTALAÇÃO DO APIÁRIO
A localização do apiário também deve seguir os seguintes requisitos:

1 3

6 2

1
Distância mínima de 500 m de fontes de água limpa. A água é essencial para o me-
tabolismo das abelhas e regulação da temperatura interna do ninho. Caso o terreno
não ofereça uma opção natural (açudes, lagos ou lagoas), forneça água potável em
bebedouros.

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2
Distância mínima de 400 m de áreas de criação de outros animais, casas, escolas, es-
tradas e outros lugares de movimentação humana.

3
Distância mínima de 3 km de estabelecimentos (sorveterias, aterros sanitários, lixões,
lagoas de decantação de resíduos, engenho) onde as campeiras podem coletar recur-
sos que venham a contaminar o mel.

4
Sombreamento, mas com exposição solar nas primeiras horas da manhã e durante o
período mais frio.

5
Para apiários fixos, distância mínima de 3 km de outros apiários, para evitar o superpo-
voamento da área. Em um espaço com muitas abelhas e poucas flores, há maior com-
petitividade por alimento e, consequentemente, a produção será menor.

6
Fácil acesso para realizar manejos, coleta e escoamento do mel.

Se o objetivo é produzir mel orgânico, o apiário deve ser


instalado a uma distância mínima de 3 km de lavouras
de manejo convencional ou que contenham organismos
geneticamente modificados (OGMs).

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PARCERIA COM TERCEIROS
Não é necessário ter área própria para exercer a apicultura; é comum a instalação de
apiários em propriedades de terceiros. Neste caso, você deve instalar as colmeias nos
locais seguros de comum acordo com o proprietário da área e notificá-lo sobre quais-
quer mudanças na localização. O diálogo entre apicultores e agricultores é essencial
para a existência de uma relação mais produtiva entre as atividades.

Para garantir a segurança das pessoas que trabalham na área,


sinalize a propriedade com placas sobre a existência de colmeias a
uma distância mínima de 200 m do apiário.

O agricultor, por sua vez, pode avisar os apicultores quando for usar defensivos agríco-
las e adotar práticas agrícolas amigáveis aos polinizadores, para minimizar os riscos de
contaminação das abelhas.

CADASTRO E REGISTRO DE APIÁRIOS NO ÓRGÃO DE DEFESA


AGROPECUÁRIA
O cadastro de apicultores e o registro de apiários é essencial para os órgãos estadu-
ais conhecerem melhor a atividade, com informações de quem a pratica e onde estão
localizadas as colmeias, além de monitorarem a sanidade das abelhas, visando garantir
a qualidade dos produtos e a sustentabilidade da apicultura.

Procure o órgão de defesa agropecuária do


seu estado para saber como proceder o ca-
dastro – muitos disponibilizam o processo de
forma online. O cadastro é necessário, inde-
pendentemente da finalidade da criação e do
número de colmeias.

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Qualquer anormalidade nas colmeias, como sinais de doenças e
mortalidade, também deve ser notificada ao órgão.

GESTÃO DAS ATIVIDADES APÍCOLAS


Antes de ir a campo, é importante estabelecer um calendário apícola, com a previsão
dos meses de realização das principais práticas de manejo. Assim, você poderá orga-
nizar melhor a gestão das suas despesas e receitas, além do seu tempo de dedicação
aos apiários, evitando morte, enxameação ou enfraquecimento de colmeias.

FLORADAS, CALENDÁRIO APÍCOLA E IDENTIFICAÇÃO DOS APIÁRIOS E


DAS COLMEIAS
A construção do calendário apícola deve ser guiada pelo conhecimento da flora apícola
e pela escolha das floradas. Ao selecionar as floradas de interesse, você será capaz de
identificar quando e que práticas de manejo realizar nas colmeias.

Para uma alta produção, o que interessa são as grandes floradas, como a de aroeira,
eucalipto, laranjeira, capixingui, cipó-uva, marmeleiro, silvestre, entre outras. Quanto
mais floradas você explorar ao longo do ano, maior será a produção!

A prática de deslocar as colmeias de florada


em florada é a apicultura migratória que,
apesar de resultar em maior produção, exige
cuidados, como o transporte controlado e re-
gular apenas de colmeias saudáveis, para não
causar impactos negativos.

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Veja nas imagens abaixo a comparação da produção das colmeias em apiários fixos
e migratórios de acordo com número de colheitas e manejos realizados.

Apiário fixo Apiário migratório


20 kg Até 100 kg ao ano
(média nacional) (5 vezes a média nacional)

Os calendários apícolas diferem entre as localidades brasileiras, mas o manejo das col-
meias para uma alta produção é o mesmo. O que muda entre os calendários é a melhor
época de sua realização.

Manejos realizados fora de época comprometem a produção e o


retorno financeiro.

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Calendário apícola

Para construir o calendário apícola,


escolha as floradas que deseja Floradas
explorar, anote o nome delas e seus Nomes
meses de duração. Depois, anote as Meses de duração
práticas de manejo e os meses em
Práticas de manejo
que elas serão realizadas.
Meses

Para a identificação dos apiários e das colmeias deve-se numerar de forma progressi-
va, para permitir registros. Entre os registros estão:

• produção de mel;

• anormalidades, como sinais de doenças;

• características relacionadas à defensividade, tendência a enxameação e comporta-


mento higiênico.

Manter planilhas atualizadas com essas informações é


importante para a seleção das melhores colmeias. Lembre-se de
que colmeias mais produtivas custam menos e dão mais lucro.

MANEJO DAS COLMEIAS


Para uma alta produção de mel, é essencial
preparar as colmeias no mínimo 40 dias antes
das floradas de produção, o que inclui a troca
de rainhas, a renovação de quadros com fa-
vos velhos e escuros e a alimentação suple-
mentar de estimulação.

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O objetivo do manejo de pré-produção é tornar as colmeias suficientemente popu-
losas, para intensificar a coleta e o armazenamento do néctar, matéria-prima do mel,
durante as floradas.

REVISÃO DAS COLMEIAS


Durante o preparo das colmeias para a produção, bem como nos períodos de produ-
ção (ou safra) e pós-colheita do mel (ou entressafra), você precisa revisar as col-
meias. A revisão é a atividade que permite avaliar as condições das colmeias e a
existência de anormalidades, evitando sua morte, enxameação ou enfraquecimen-
to. Algumas das perguntas que essa atividade permite responder são:

Durante a safra, há
Após o manejo de pré- a necessidade de É seguro deslocar as
produção, as colmeias acrescentar melgueiras? colmeias para uma nova
atingiram as condições E o mel, já está no ponto florada, do ponto de vista
para a alta produção? certo de colheita? sanitário?

Há espaço suficiente para Durante a entressafra, há


a colônia crescer e não a necessidade de realizar
enxamear? algum manejo para que as
colmeias não enfraqueçam
demasiadamente?

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Veja a seguir as orientações quanto à revisão das colmeias.

Durante a safra, revise as colmeias a cada 15 dias,


de forma rápida mas cuidadosa, para identificar a
necessidade de colocar melgueiras ou de coletar o
mel, pois se trata do período em que as abelhas estão
trabalhando intensamente em seu armazenamento.

Na entressafra, período caracterizado pela escassez


alimentar, as revisões devem ser mensais e o
manejo deve se limitar principalmente à alimentação
suplementar de subsistência.

Ainda em alguns municípios, em razão do frio, é


recomendado diminuir o alvado. As melgueiras vazias
também devem ser retiradas, pois essa prática auxilia
na regulação da temperatura interna do ninho e no
controle de inimigos naturais.

Toda revisão deve ser realizada em dias de clima estável, nunca em horários muito frios
e dias chuvosos. Os quadros devem ser avaliados um a um, de maneira rápida e objeti-
va, observando os seguintes aspectos:

• presença de alimento (mel e pólen) e de crias (ovo, larva, pupa);

• presença da rainha e avaliação de sua postura (a rainha pode ser detectada indire-
tamente pela presença de um ovo por alvéolo);

• existência de espaço para o crescimento do enxame;

• presença de realeira;

• sinais de doenças e parasitas;

• estado de conservação de partes da colmeia e suportes.

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O quadro de decisões abaixo apresenta algumas situações que podem ser observadas
nas colmeias durante a revisão e as possíveis soluções. Note que para algumas situa-
ções não existe uma solução única.

SITUAÇÃO OBSERVADA INDICAÇÃO DECISÕES A


NA COLMEIA SEREM TOMADAS

Ausência de postura e Rainha morreu. Observar se haverá reposi-


presença de realeira ção a partir da realeira ou

Retirar a realeira e intro-


duzir uma rainha virgem
selecionada.

Ausência de postura e 1. Colmeia pode estar pas- 1. Oferecer alimentação


presença da rainha sando fome ou suplementar artificial ou
2. Rainha está com idade
avançada. 2. Trocar a rainha.

Presença de postura, Colmeia vai enxamear. Retirar a realeira e aumen-


realeira e rainha, popula- tar o espaço da colmeia
ção grande de operárias com sobreninho ou mel-
fora da colmeia formando gueira ou
“barba”.
Dividir o enxame.

Ausência de postura, Rainha morreu e a colônia Introduzir uma realeira ou


realeira e rainha está sem condições de
produzir uma nova rainha Introduzir uma rainha vir-
virgem. gem selecionada ou

Introduzir favos com ovos


ou larvas de até três dias,
para a puxada natural.

Colmeia com população 1. Enxame se dividiu natu- 1. Introduzir quadros com


pequena (fraca) ralmente ou favos de cria fechada pres-
2. Falta de alimento no tes a emergir ou
campo ou 2. Oferecer alimentação
3. Presença de rainha com suplementar e reduzir o
idade avançada. alvado ou
3. Trocar a rainha atual por
uma rainha virgem nova ou
Unir enxames.

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SITUAÇÃO OBSERVADA INDICAÇÃO DECISÕES A
NA COLMEIA SEREM TOMADAS

Postura nos favos dos 1. Falta de espaço no ninho 1. Aumentar o espaço da


quadros das melgueiras ou colmeia com a adição de
2. Presença de quadros sobreninho ou melgueira
com favos velhos e escuros ou
no ninho.
2. Transferir os quadros
para as laterais do ninho,
esperar o nascimento das
abelhas e substituí-los por
quadros com cera alveola-
da nova.

Falhas na área de cria 1. Presença de rainha com 1. Substituir a rainha atual


idade avançada ou por uma rainha virgem
2. Sinais de doença. nova ou
2. Marcar as colmeias
atingidas, comunicar ao
órgão estadual de defesa
agropecuária e desinfetar
as ferramentas antes de
usá-las nas colmeias sau-
dáveis.

Cheiro pútrido, larvas Sinais de doença. Marcar as colmeias atin-


mortas nos favos ou abe- gidas, comunicar ao
lhas mortas no assoalho órgão estadual de defesa
da colmeia agropecuária e desinfe-
tar as ferramentas antes
de usá-las nas colmeias
saudáveis.

Quadros com favos ve- Transferir os quadros para


lhos e escuros ou qua- as laterais da colmeia,
dros danificados esperar o nascimento das
abelhas e substituí-los por
quadros com cera alveola-
da nova.

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TROCA DE RAINHAS
A rainha realiza a postura de ovos e é responsável pela manutenção da população
das operárias da colônia. Além disso, junto aos zangões, transmite a elas suas carac-
terísticas hereditárias. Por isso, seu desempenho reprodutivo deve ser acompanhado
com atenção, pois pode ser necessário trocá-la por uma rainha mais jovem e de
melhor genética.

Atualmente existem diferentes técnicas de melhoramento


genético, mas a mais simples está no acompanhamento
e na seleção de colmeias matrizes superiores em
produtividade e na troca periódica de rainhas.

Uma rainha jovem e de boa genética garante um


crescimento populacional rápido da colônia. Sendo assim,
para uma alta produção de mel, troque as rainhas a cada
ano por rainhas jovens e selecionadas a partir de colmeias
altamente produtivas em mel.

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Outras características podem ser selecionadas conforme
a sua preferência, como baixa defensividade e capacidade
de enxameação e alto comportamento higiênico. Uma
ótima rainha, além de garantir uma produtividade elevada,
também deve ser capaz de produzir uma prole resistente às
principais doenças e parasitas.

As melhores rainhas a serem introduzidas nas colmeias


são as que foram selecionadas em sua região. A orientação
é que os apicultores das associações locais ou regionais
produzam filhas de suas melhores rainhas e as troquem
entre si. Essa prática permite a manutenção do estoque
genético local e evita o endocruzamento (acasalamento de
indivíduos que são geneticamente próximos).

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Quando você adquire rainhas sempre do mesmo lugar ou realiza a seleção de rainhas
utilizando apenas as suas colmeias por longos períodos, há uma diminuição da varia-
bilidade genética das rainhas, o que pode aumentar as chances de acasalamento
com zangões aparentados e elevar a proporção de nascimento de zangões diploides.
Isso significa menos operárias trabalhando na colmeia e, consequentemente, baixa
produção.

RENOVAÇÃO DA CERA
Com o decorrer do tempo, os favos dos ninhos escurecem, principalmente em razão
da deposição de própolis nos alvéolos, que também diminuem de diâmetro. A manu-
tenção desses favos prejudica a produção de operárias, pois a rainha deixa de colocar
ovos nos alvéolos estreitos. O resultado é a diminuição da população de operárias.

Uma vez por ano em cada colmeia, substitua de dois a três


quadros com favos escuros no ninho por quadros com cera
alveolada nova. Utilize lâminas inteiras de cera alveolada para
facilitar o trabalho das operárias na produção dos favos. Os
quadros danificados também devem ser substituídos.

Caso os quadros que precisam ser substituídos contenham cria fechada, transfira-os
para as laterais da colmeia e espere o nascimento das abelhas.

ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR
Existem dois tipos de alimentação suplementar: a de estimulação e a de subsistência.
Vamos conhecer mais detalhes sobre cada uma delas?

A alimentação de estimulação é usada para estimular a postura da rainha e tem o


objetivo de aumentar o número de operárias nas colmeias. Ela deve ser praticada por
um período de 40 a 60 dias antes do início das floradas, para que as colmeias iniciem
a safra bastante populosas, com mais abelhas campeiras coletando e armazenando o
néctar para a produção do mel.

Já a alimentação de subsistência é usada para evitar que as colmeias enxameiem


ou enfraqueçam muito nos meses de escassez alimentar. Ela é particularmente impor-
tante nas colmeias de apiários fixos e migratórios com intervalo entre as floradas.

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Para a suplementação artificial do néctar,
é usado o xarope de água e açúcar. Na
alimentação de estimulação, utiliza-se a
proporção de duas partes de água para
uma parte de açúcar. Já na alimentação de
subsistência, usa-se uma parte de água para
uma parte de açúcar.

Mas atenção: a suplementação deve ser finalizada no início


da entrada de néctar das floradas de produção, para não
contaminar o mel.

Para a suplementação de pólen, existem diferentes dietas que foram testadas no


Brasil, tendo a soja e seus derivados como um dos principais ingredientes. No en-
tanto, essas dietas ainda precisam ser mais bem estudadas com relação aos nu-
trientes, palatabilidade e acessibilidade para o apicultor.

A melhor prática para a suplementação proteica é o plantio de


espécies vegetais que disponibilizam pólen nos meses em que
esse recurso é escasso.

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ASSOCIATIVISMO
O associativismo é uma das práticas que beneficia a produção de mel, ao possibilitar:

O compartilhamento de
conhecimento.

O estabelecimento de parcerias para a


colheita e a extração do mel, uma vez que
são etapas que demandam força física
e agilidade para não comprometer a
qualidade do produto.

O uso conjunto de infraestrutura e


equipamentos de beneficiamento do
mel, como a casa do mel.

A obtenção de registro em um serviço


de inspeção (municipal, estadual ou
federal).

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Um melhor poder de negociação,
reduzindo a dependência de
intermediários na comercialização do
produto.

A diluição de custos na compra de


materiais e insumos.

Por meio do associativismo, os apicultores podem melhorar o rendimento e a qualidade


de sua produção e se fortalecem, por conseguirem acessar tecnologias e espaços que
seriam inacessíveis individualmente.

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CONCLUSÃO

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Flickr Sistema CNA/Senar.

O manejo produtivo é a base de sucesso em qualquer atividade agrícola e não é dife-


rente com a apicultura. Para o aumento da produção de mel e do retorno financeiro,
as colmeias requerem cuidados na escolha do local de instalação e na identificação
de quando e quais práticas de manejo devem ser realizadas para a manutenção de
colmeias populosas, saudáveis e altamente produtivas. Em adição, há a relevância do
associativismo na difusão do conhecimento de qualidade e na busca por melhor pro-
fissionalização.

O adequado manejo das colmeias pode fazer toda a diferença na sustentabilidade eco-
nômica da apicultura, razão pela qual deve ser incluído em sua rotina de trabalho.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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