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Meliponário e Meliponicultura

Meliponário

Construção de um meliponário

É o lugar apropriado para hospedar ninhos em caixas racionais. Ao contrário das


abelhas africanizadas ou estrangeiras (Apis mellifera), as abelhas sem ferrão podem
ser colocadas perto de residências, pois, a maioria delas, não são perigosas. Depois
de escolher o local e o tipo de abelha, o criador deve adquirir as colônias por compra
ou captura de enxames naturais por ninhos isca (uma alternativa muito mais barata,
mas que requer mais trabalho).

Necessário que o criador disponha de tempo e paciência necessária, pois a pressa na


formação e um desempenho ruim podem condenar à morte toda a colônia. Em seguida,
fazemos a transferência dos potes de alimento que estariam fechados, consertando
potes quebrados ou guardando os abertos para uso em outro momento. Potes abertos
com alimentos expostos atraem formigas, abelhas e moscas que contaminam outras
caixas de mel.

Por último, deverá a caixa ser fechada ou selada com fita adesiva ou lama. É melhor
esperar até o anoitecer para levar as caixas para o lugar final, pois à noite estão todas
as abelhas dentro da colmeia.

Mantendo um meliponário

 As caixas devem ser protegidas do vento por uma barreira de árvores ou construída ao
longo das paredes de um edifício. Devem ser colocadas em algumas telhas ou outra
proteção para não receber luz solar direta. Isto também fornece proteção contra a
chuva.

 As caixas devem ser mantidas longe de odores fortes. Se possível, as caixas com
abelhas devem ser afastadas de outros animais que produzem odores fortes, como
aves e suínos.

 Caixas não devem estar localizadas no chão para evitar predadores e inimigos
(formigas, sapos e lagartos).

 Se você não pode construir um suporte especial para as caixas podem ser
pendurados com fio de urticária sob o beiral da casa.

 A menos que as colmeias racionais estejam visualmente diferentes (cor ou forma), a


distância deve ser pelo menos 1 metro de um do outro. Isso evita que os
trabalhadores de diferentes colônias fiquem confusos e começam a brigar entre si.

 As caixas devem ser perto de uma fonte de água limpa.

 O meliponário deve estar localizados próximos à vegetação que fornece


alimentos, para que as abelhas precisam de recursos e de alimentos para
sobreviver.

Meliponário de abelhas sem ferrão: como implantar

O mel produzido pelas abelhas sem ferrão apresenta, de maneira geral, quase todas as
características físico-químicas atendendo aos padrões exigidos pela legislação brasileira,
que é baseada no mel da Apis mellifera. A criação dessas abelhas e a sua exploração
racional, podem contribuir para a preservação das espécies e dar ao meliponicultor
oportunidade de obter mel.

Onde instalar o meliponário?

O meliponário deve ser localizado, de preferência, próximo de residências, em um terreno


limpo, apoiado em bases fixas. Também pode ser pendurado no alpendre da casa ou em
galpões, ficando sempre livre de predadores.
- Dê preferência a locais próximos de residências para evitar roubos.

- Não instalar o meliponário em montanhas ou morros para não desgastar as abelhas,

prolongando o seu tempo de vida.


- Instale o mais próximo possível das floradas apícolas.

- Não escolha locais próximos de estradas, evitando, assim, o excesso de movimentos e


poeiras.
- É aconselhável cercar o meliponário, o que dificulta o ataque de outros animais.

Instalar as caixas em bases individuais ou coletivas, distanciadas de 0,50 m a 2 m, de


acordo com a espécie. Preferencialmente, pintar as caixas com colorações diferentes,
mantendo a 50 cm do chão com proteção contra inimigos.
Sombreamento

- As caixas devem contar com proteção contra o calor excessivo, seja com sombra

proveniente de árvores ou telhados. A proteção contra o calor tem como principal objetivo
evitar a mortalidade de crias. Isso permite manter uma temperatura adequada a maior
movimentação das abelhas durante todo o período do dia.
- Meliponários sombreados por vegetação são mais adequados por manter uma
temperatura adequada ao bom desenvolvimento da família.
- Evite árvores que dão frutos pesados como jaca, abacate, manga, laranja entre
outras. A queda de frutos grandes poderá danificar as colmeias.

Ventos

- Ventos fortes prejudicam o voo e podem causar perda de calor na área das crias.

Utilizar plantas quebra-ventos como bambu, eucalipto, sabiá.


- A planta popularmente conhecida como “coroa de cristo” poderá ser plantada ao lado das

cercas divisas da propriedade, além das flores serem apreciadas pelas abelhas sem ferrão,
os espinhos impedem a invasão de intrusos.
- Devemos evitar locais com correntes de ar frio que provoquem o resfriamento das
caixas e morte das crias.
- Não devemos escolher locais de lançamentos de agentes poluentes, assim como lugares
que fazem uso de produtos e defensivos químicos.

Água potável

- A água deve ser potável, corrente e próxima ao meliponário.

- Quando for necessário um bebedouro para as abelhas – no caso de regiões secas – o


melhor é fazer, no meliponário, um tanque de cimento com as bordas levemente
inclinadas. O tanque deve ter entre 25 e 30 cm de profundidade, 40 a 60 cm de extensão
com 20 a 30 cm nas laterais. Deverá haver nesse tanque pequenos peixes para impedir a
proliferação de mosquitos e pedaços de madeira boiando na água, para evitar que as
abelhas se afoguem caso caiam na água.

Outros fatores importantes


- A instalação no alpendre das casas dificulta o manejo e possibilita ataque de inimigos
como a lagartixa (catenga), facilita a pilhagem pela proximidade das caixas.
- O mais adequado é instalar as caixas em bases individuais ou coletivas distanciadas de
0,50 m a 2 m, de acordo com a espécie criada (Jataí deve ficar a 1 m de distância uma da
outra), preferencialmente, pintar as caixas com colorações diferentes, mantendo a 50 cm
do chão com proteção contra inimigos. As bases devem ser confeccionadas de cantoneira
de ferro com reservatório de óleo queimado para controle de inimigos.
- A disposição das caixas é função da topografia do terreno e do gosto do criador. Os
cavaletes para sustentação das caixas, são construídos de madeira ou ferro, e deve
conter recipiente ou espuma para colocação de óleo queimado contra o ataque de
inimigos (formiga, cupins, lagartixas).
- Lâmpadas de luminosidade intensa não devem ser usadas no meliponário, pois as

luzes podem matar as abelhas. A verificação de abelhas voando à noite, atraídas pelas
lâmpadas ou mortas nas suas proximidades, deve ser constante.

Flora apícola

- A flora é essencial para o sucesso da criação. Assim, deve ser observada a existência
de plantas que forneçam pólen (saburá, samorá) e néctar a maior parte do ano.
- Devemos observar as plantas visitadas pelas abelhas e registrar as épocas das
floradas, montando, assim, um calendário regional.
- O local escolhido deve possuir uma boa quantidade de flores atrativas às abelhas, pois
elas precisam coletar pólen e néctar (proteína e açúcar) durante a maior parte do ano.
- Se necessário, poderá ser plantado espécies benéficas, aumentando o pasto apícola ao
redor do meliponário. É dado o nome de pastagem meliponícola a todas as plantas nativas
e/ou exóticas utilizadas pelas abelhas para a coleta da matéria-prima utilizada na
produção de mel, própolis e pólen.

O principal alimento das abelhas advém do pólen das flores, sendo através da coleta
desse pólen que as abelhas cumprem o importante papel de polinizar as plantas. A flora
melífera, para essas abelhas, é a própria flora de sua região de origem, que estão
adaptadas, e de culturas introduzidas na região pelo homem.

Deve-se dar atenção especial aos pastos meliponícolas da região, devendo-se


melhorá-los, caso necessário, introduzindo espécies de plantas que ofereçam pólen e
néctar. Na falta desses, deve-se utilizar alimentação artificial.
Meliponicultura

Meliponicultura é a criação racional de abelhas sem ferrão (Meliponíneos),


especialmente dos gêneros melipona e trigona. A meliponicultura já era praticada há
muito tempo pelos povos nativos da América Latina, em especial aqueles do Brasil e
México. Os objetivos da meliponicultura estão na
produção e comercialização de colmeias (ou parte delas), mel, pólen, resinas, própolis e
outros substratos como atrativos e ninho-iscas, além das abelhas serem os principais
agentes da polinização e a conservação da biodiversidade, ou simplesmente a proteção
das espécies contra a extinção. Os povos indígenas já manuseavam as abelhas sem
ferrão e utilizavam o seu mel para diversos tratamentos de saúde, como a catarata.

Atividade sustentável

Somente no Brasil há mais de 300 espécies de abelhas silvestres sem ferrão, muitas
delas com características específicas e propícias para o desenvolvimento
[agroecológico] sustentável. Os seres humanos possuem uma relação de
[esclavagismo] interespecífico com as abelhas sem ferrão, se aproveitando do
trabalho desempenhado pelas colônias.

A meliponicultura apresenta importância econômica, ambiental e social dentro de


diversos nichos e regiões onde ocorrem as abelhas, pois não necessitam de cuidados
intensivos e nem investimento elevado na construção de um meliponário. A atividade,
inclusive, pode ser desenvolvida por meliponicultores de todas as idades, como
crianças e idosos. Além disso, podem ser criadas em áreas residenciais, já que as
espécies não apresentam riscos de acidentes.

Cuidados

Os cuidados com as colônias deve ocorrer nas transferências e nas divisões. É neste
momento que o pode haver infestação de forídeos, um pequena mosca da família dos
Dipteros que se infiltra na caixa e deposita seus ovos nos potes de pólen abertos. Se não
tomadas as devidas providências, em dez dias haverá eclosão de novos forídeos e o ciclo
recomeça, até a extinção do enxame. Se detectados precocemente, podem ser removidos
manualmente, ou através de armadilhas contendo vinagre de maçã. A recomendação é
nunca deixar a caixa infestada de forídeo no meliponário, já que há risco de contaminar
outras colônias. Para evitar a proliferação das moscas, os potes de alimento, em especial
os de pólen, devem ser manuseados com cuidado e, se rompidos, devem ser removidos da
caixa. Todas as frestas devem ser vedadas com cerume ou fita crepe.

Caixa Racional

A Caixa racional é uma estrutura construída para abrigar as colônias de abelhas nativas
dada a facilidade de manuseio, diferindo da caixa rústica. Diversos modelos já foram
desenvolvidos, cada qual com uma finalidade em destaque e de acordo com as
características do enxame. De modo geral, a caixa racional é segmentada em dois
compartimentos: ninho e melgueira. O ninho, pode ainda, ser subdivido entre ninho e
sobre-ninho, em criações que visam a multiplicação não-natural dos enxames. Este é o
local onde estarão os discos/cachos de cria e a rainha. Já a melgueira é o compartimento
onde serão estocados os potes de mel e/ou pólen.

O material utilizado para a confecção da caixa racional é prioritariamente a madeira,


tendo também experimentos em concreto, isopor e outros materiais que possuem
características de isolamento térmico, acústico, de umidade e de luminosidade, buscando
a semelhança com os locais de nidificação encontrados na natureza e a proteção contra
predadores.

Legislação

Segundo a Resolução CONAMA (346/2004), a Instrução Normativa (169/2008) Instrução


Normativa Ibama 07/2015 e a Lei Complementar (140/2011), entende-se que as
principais obrigações de todo e qualquer meliponicultor para legalizar sua atividade é
efetuar a inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente
Poluidoras e/ou Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP), independentemente da
quantidade de colmeias que possui e, se você tiver 50 colônias ou mais, também
precisará da autorização de funcionamento emitida pelo seu estado. (No caso de São
Paulo, no SIGAM da Secretaria do Meio Ambiente - SMA).

Potencialidades da Meliponicultura: criação de abelhas nativas

Novos estudos sobre abelhas nativas dão visibilidade a um nicho de produção que apresenta
potencialidades favoráveis aos pequenos produtores: a meliponicultura.

As abelhas sem ferrão ou melíponas são espécies nativas das regiões tropicais. No Brasil,
eram bastante comuns até a introdução das espécies Apis meliifera, das variáveis europeias e
africanas, que passaram a dominar a produção nacional de mel.
O crescimento da apicultura comercial fez com que a meliponicultura ou criação de abelhas
nativas fosse pouco a pouco perdendo força, mantendo-se apenas como tradição em algumas
regiões do país.

Mas isso mudou, graças aos atrativos dessa atividade, que incluem maior valor agregado do
mel e facilidade no manejo das abelhas.

Diferenciais

Como as melíponas não possuem ferrão, o manejo é muito mais fácil, pois não oferecem riscos
de acidentes como as africanizadas. Isso favorece a criação, inclusive, em áreas urbanas,
como quintais e jardins.

Os recursos para meliponicultura são mais simples e, consequentemente, mais baratos. É


possível reunir até 200 colmeias em um único local.

Além da produção do mel e derivados, como pólen e cera, os meliponicultores podem lucrar
com o aluguel de colmeias para a polinização de pomares.

A prática já é explorada com as abelhas africanizadas. Mas, devido ao fato de que as


melíponas não oferecem riscos, é grande a vantagem para quem quiser investir no aluguel de
colmeias.

Potencialidades

Uma vantagem para a criação das melíponas é que há inúmeras espécies presentes nas
diversas regiões do Brasil, o que abre portas para a produção em todo o território nacional.

O mel produzido pelas abelhas nativas tem um valor de mercado que chega a ser dez vezes
maior do que o mel tradicional, a depender da variedade.

Além disso, a meliponicultura é uma atividade sustentável, que auxilia na preservação das
espécies vegetais e no equilíbrio biológico nos diferentes biomas brasileiros.

A criação das abelhas sem ferrão é uma atividade altamente adaptada às comunidades
tradicionais, assentamentos e cooperativas agrícolas.
Desafios

Um dos principais desafios da meliponicultura é que a atividade ainda não tem sua
potencialidade explorada. Seja por desconhecimento ou por predomínio da apicultura
comercial.

Esse cenário já começa a mudar sensivelmente. Pesquisas realizadas por diversas instituições
científicas têm estudado melhores formas de manejo e gestão dos meliponários. Isso amplia o
interesse pela criação das abelhas nativas.

A produção das melíponas é bem menor em comparação às abelhas africanizadas, devido,


principalmente, ao tamanho reduzido das colônias.

Mas esse desafio é compensado com o maior valor agregado do mel das abelhas nativas e
pela fácil aceitação no mercado, que apresenta mais demanda do que produção.

Dicas para começar

Antes de começar a criar as melíponas, é importante manter contato com criadores que já
possuem experiência, a fim de buscar informações e saber qual a melhor maneira de iniciar
seu meliponário.

Faça levantamento das espécies de abelhas e, se possível, sobre as plantas por elas utilizadas
na região.

Defina qual será o objetivo da sua criação: comercialização (mel, subprodutos ou colônias),
pesquisa, polinização, preservação das espécies ou lazer. Alie os objetivos de sua criação às
espécies disponíveis.

Participe de grupos de produção organizados em associações para fortalecer a meliponicultura


por meio de troca de experiências, de material genético com características de produção e
elaboração de estratégias de marketing.

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