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Prefeitura Municipal de Betim

Secretaria Municipal de Educação - SEMED


Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva Rafael Veneroso - CRAEI
NúcleodeApoioMultidisciplinar - NAM

Diretrizes de Orientação propostas para atuação da Psicologia no

Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva Rafael Veneroso -CRAEI. Para o


Núcleo de Apoio Multidisciplinar - NAM da

Rede Pública de ensino do Município de Betim

Considerando a regulamentação da LEI Nº 13.935, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2019 nos


estados e municípios, de forma a garantir que a política de educação se efetive em
consonância com os processos de fortalecimento do projeto ético-político do serviço social
e da psicologia e da luta por uma educação pública, laica, gratuita, socialmente
referenciada, presencial, inclusiva e de qualidade.

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único.
Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre
dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à


pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-
lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 53 fala do direito ao pleno


desenvolvimento, no direito à cidadania e qualificação para o trabalho, atribuições que a
Psicologia pode e deve assumir enquanto ciência do comportamento, das áreas humanas
e através de seu comprometimento social. O artigo 70, deste mesmo documento, ao

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abordar o conceito de prevenção aponta mais um potencial campo de atuação da


Psicologia com relação aos fenômenos danosos aos seres humanos.

ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO CENTRO DE REFERÊNCIA E APOIO À EDUCAÇÃO


INCLUSIVA RAFAEL VENEROSO -CRAEI NO NÚCLEO DE APOIO MULTIDISCIPLINAR
– NAM:

O psicólogo do Núcleo de Apoio Multidisciplinar (NAM), baseado em suas diretrizes


e legislação que pauta a atuação deste profissional no âmbito educacional, propõe atuação
na prevenção de agravos, promoção e potencialização de habilidades para amenizar as
dificuldades escolares e as restrições no ambiente escolar, familiar e social dos estudantes
com Transtornos de Aprendizagem.

A psicologia escolar está se desenvolvendo a partir de um movimento que se contrapõe à


patologização dos problemas educacionais e ao desenvolvimento de práticas que
culpabilizem os estudantes pelo fracasso escolar (PATTO, 1990, TANAMACHI, PROENÇA
e ROCHA, 2000). Destaca-se a importância de ter um olhar em relação ao estudante para
além do seu laudo, considerando-o como sujeito com potencialidades e capacidades,
respeitando assim seu direito de aprender. O psicólogo escolar deve direcionar sua prática,
a partir de uma perspectiva crítica, visando a autonomia dos sujeitos, o aperfeiçoamento
das ações pedagógicas e a democratização do ensino-aprendizagem.

Tendo como referência o conhecimento científico sobre o desenvolvimento emocional,


cognitivo e social utilizando-se para compreender dos processos e estilos de
aprendizagem e direcionar a equipe educativa na busca de um constante aperfeiçoamento
dos processos de construção da aprendizagem. Sua participação é fundamental na equipe
multidisciplinar.

Através do estudo de caso do estudante com equipe multidisciplinar e após sua triagem,
se inicia as intervenções psicológicas em grupo, almejando através de estímulos,
potencializar suas habilidades em suas relações interpessoais e intrapessoais.

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A comunicação e os comportamentos apresentados pelos estudantes, frequentemente,


tornam-se uma barreira para o convívio com as demais pessoas, o que potencializa a
dificuldade de aprender. O estudante, a escola e a família apresentam dificuldades em
inserir metodologias em seu cotidiano, que possibilitem ao estudante aprender de forma
eficaz compreendendo suas dificuldades e se sentindo pertencente ao meio escolar e
social a qual este inserido.

A fase da escolarização é de extrema importância na vida do estudante. Tais habilidades


como socialização, comportamentos funcionais e comunicação são fundamentais em sua
vida, pois através de um ambiente de ensino saudável permite ao estudante a capacidade
de continuar a desenvolver sua subjetividade de maneira positiva, causando impactos
positivos para o aprendizado escolar.

Diante das dificuldades apresentadas pelos estudantes com transtornos de


aprendizagem, para além do “aprender” escolar, podemos destacar a ocorrência de baixa
auto-estima, timidez excessiva, dificuldades das funções executivas e do controle inibitório,
dentre outras, fazendo-se necessário estabelecer estratégias de intervenção com o grupo
específico de estudantes com transtornos de aprendizagem e a população, contribuindo
para a melhoria das condições de vida, ensino-aprendizagem, familiares e escolares.

Diante disso, o psicólogo escolar desenvolve e auxilia comportamentos empáticos


com o intuito de amenizar as queixas, compartilhar reflexões, informações e sentimentos
acerca das experiências experimentadas nas fases do desenvolvimento humano, e, por
conseguinte, contribui para um aumento de sua autoestima e autoconfiança, resultando na
melhora no que se refere ao ensino/aprendizagem, qualidade de vida e melhor
desenvolvimento pessoal e escolar.

PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES

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 Propiciar o desenvolvimento integral do ser humano através de propostas concretas


e eficazes de intervenção que resultem em impacto social.

 Desenvolver uma concepção de Psicologia voltada a um compromisso social.

 Propor uma concepção do fracasso escolar não como um processo individual do


estudante propondo um momento de reflexão e conhecimento sobre suas
capacidades e limitações.

 Compreender e elucidar os processos diferenciados de desenvolvimento da


aprendizagem (aprender a aprender) dos estudantes inseridos nos grupos de
psicoterapia.

 Mediar os processos de reflexão sobre o desenvolvimento do estudante com a


finalidade de aumentar o autoconhecimento e autoestima.

 Compreender e elucidar os processos de desenvolvimento bio-psico-social dos


estudantes

 Compreender e clarificar a construção da subjetividade (construção do Eu) dos


estudantes inseridos no grupo.

 Cultivar o enfoque preventivo: trabalhar as relações interpessoais e intrapessoais,


visando a reflexão e conscientização dos temas geradores discutidos em grupo.

 Conscientizar os estudantes da importância de sua participação e responsabilidade


nos grupos em que estão inseridos.

 Elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de apoio a construção


da identidade pessoal (autoestima, socialização, disciplina, organização, entre
outros) e participação social (conscientização de papéis sociais e cidadania
responsável);

 Identificação e encaminhamento de estudantes a atendimentos especializados ao


se detectar necessidades específicas;

 Participação em reuniões para discussão de casos de alunos em acompanhamento


profissional externo (fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicopedagogos, etc.);

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 Elaboração, em conjunto com a equipe multidisciplinar, de planos de intervenção


para estudantes em risco;

 Elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de educação sexual;

 Elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de prevenção ao uso


de drogas;

 Elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de prevenção à


violência;

 Atendimento a situações de emergência psicológica que necessitem de intervenção


imediata, para posterior encaminhamento.

INTERVENÇÕES REALIZADAS EM GRUPO AOS ESTUDANTES

Nas últimas décadas, a atuação do psicólogo no âmbito educacional têm-se voltado para o
atendimento de demandas coletivas, visando contribuir para o processo de ensino-aprendizagem e
favorecer o desenvolvimento sócio-emocional dos estudantes inseridos no contexto escolar.
A atuação do psicólogo nesse contexto é variada e que pode ser utilizada de acordo com as metas
definidas ao longo de sua atuação profissional.
Diante do levantamento de dados e caracterização do perfil apresentado pelos estudantes, são
propostas intervenções de acordo com a demanda de cada grupo e efetivada ações com temas
como:
Livro de formação DE GRUPO
Apresentação e Integração
Informação sobre os transtornos de aprendizagem
Identidade
Autoestima
Comunicação efetiva
Sentimentos e Emoções
Família e Amizade
Comportamentos Positivos
Habilidades Sociais

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Bulling e Violência
Elaboração do Luto diante da alta dos estudantes

INTERVENÇÕES REALIZADAS AOS RESPONSÁVEIS

Em serviços prestados a estudantes, a equipe que o acompanha necessita de


disponibilidade para realizar intervenções, orientações ou acionamento da rede,
possibilitando a realização e do cumprimento dos direitos do estudante, garantindo que os
responsáveis saibam a respeito dos deveres necessários, visando a melhora e o
desenvolvimento do estudante inserido no serviço. Para alcançar esses objetivos, são
necessárias constantes reuniões com seus responsáveis e com a rede municipal,
principalmente, em casos específicos para que seja tomadas medidas de intervenções,
orientações e a realização de acordos necessário a cada particularidade apresentada pelo
estudante.

Diante do contexto vivenciado pelo estudante, e a partir desse cenário, o profissional


direciona ao adulto responsável, propostas, estratégias e intervenções que possam ser
inseridas diariamente no ambiente familiar, com o intuito de tornar os responsáveis mais
participativos na prática das atividades de vida diária do estudante. Essas propostas
permitem alcançar o potencial pessoal e escolar do indivíduo, a qual foi observado a forte
influência do fator familiar como dificultador, sendo pela falta de conhecimento necessário
ou negligencia evidenciada por parte desses responsável. Outro aspecto que necessita de
atenção se refere a realização de atividades, orientação e acolhimento dessas famílias
para que o meio socio-familiar não afete negativamente o seu processo de
desenvolvimento ou interfira na evolução do aprendizado.

Umas das orientações mais utilizadas com os responsáveis dos estudantes se baseiam em
2R e 1L onde e realizado as seguintes orientações:

 REGRAS CLARAS
 ROTINA
 LAZER

É evidenciado que uma ambiente familiar saudável proporciona estímulos para que o

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estudante compreenda e consiga desenvolver seu potencial mesmo diante das


dificuldades apresentadas pelos transtornos de aprendizagem, nesse sentido as regras
servem de grande valia para o processo de aprendizagem, pois é necessário que no
ambiente escolar o estudante esteja apto a realização das regras estipuladas pela
instituição, professores, pedagogos, diretores entre outros, internalizando dentro de si o
sentimento de inclusão ao meio escolar. Uma vez que, diante do cumprimento dessas
regras, consiga demonstrar um comportamento e socialização que potencialize e propicie
seu sucesso no processo de escolarização.

A implementação de uma rotina pré-estabelecida ao estudante ajuda em sua organização,


orientação e compreensão de seus afazeres do dia-a-dia contribuindo para a compreensão
dos processos vivenciados ao longo do dia e adquirindo autonomia, tomada de decisão,
responsabilidade e auto-estima, partindo da aquisição de uma maior percepção de sua
capacidade, suporte de tempo para habituação e programação de ações. O resultado
caminha para a construção de um ambiente familiar mais agradável, no qual possa surgir
sentimentos positivos de carinho e admiração entre os familiares e o estudante que
consegue realizar atividades de vidas diárias mais facilmente após a habituação às ações.

Cabe ao responsável dentro da rotina, criar momentos agradáveis com o estudante,


inserindo em seu dia momentos de lazer para a consolidação das relações familiares
através do estreitamento de vínculo gerando a confiança necessária para que o estudante
dialogue sobre problemas vivenciados em sua vida e suas dificuldades escolares, tornando
possível para o responsável a compreensão e auxílio na resolução dessas demandas.

AÇÕES REALIZADAS A EQUIPE DA SAÚDE ASSITIDA PELO ESTUDANTE

Ao decorrer das intervenções, uma vez observado a necessidade de uma olhar para além
do ensino-aprendizagem e juntamente com a equipe multidisciplinar, a psicologia realiza
encaminhamentos e parcerias junto aos profissionais de saúde que atendem o estudante,
afim de buscar soluções e criar novas estratégias que possibilitem amenizar as queixas de
dificuldade de aprendizagem e comportamento. Essa parceria com a equipe de saúde tem
beneficiado ao estudante e seus familiares de forma abrangente, pois devido aos

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encaminhamentos realizados pela equipe multidisciplinar podemos obter respostas e


realizar as intervenções necessárias ao estudante ou encaminhamento para outras áreas
de atendimento específicas que beneficiará seu processo de aprendizagem.

FORMAÇÃO DE EDUCADORES NAS ESCOLAS

A formação dos educadores nas escola e as parcerias com os profissionais que


acompanha o estudante serve como forma de comungar e afinar com outras áreas de
diferentes saberes, contribuindo com produções teóricas e práticas sincronizadas com a
construção de uma escola comprometida com a aprendizagem e o desenvolvimento de
seus estudantes, compartilhando informações e orientações de estratégias que facilite o
ensino-aprendizagem desse estudante.

Betim, 15 de Dezembro de 2022.

PSICOLOGA
 Lorrane Ingrid Oliveira Bispo Da Hora

COORDENAÇÃO
 Marlinda Caria Dias

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://www.cfess.org.br/arquivos/ASePSInaEducacaoBasica-VS2021.pdf

https://www.scielo.br/j/estpsi/a/HfFbGhyKP8vqpXtJFW9n9FP/?lang=pt

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 Araújo, C. M. M., & Almeida, S. F. C. (2006). Psicologia escolar institucional:


desenvolvendo competências para uma atuação relacional. In S. F. C. Almeida
(Org.), Psicologia escolar: ética e competências na formação e atuação do
profissional (pp.59-82). Campinas: Alínea.
 AFONSO, Maria Lúcia Miranda, Oficinas em Dinâmica de Grupo: Um Método de
Intervenção Psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
 PATTO, Maria Helena Souza H. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e
rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1990.
 TANAMACHI, Elenita; PROENÇA, Marilene; ROCHA, Marisa. Psicologia e Educação:
desafios teórico-práticos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

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