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Tipos e estratégias de leitura

A leitura é uma habilidade indispensável à vida social. É através dela que entendemos o mundo e
interagimos com o outro, seja nos estudos, na nossa comunicação, na forma de nos expressarmos,
nos conhecimentos que ela nos proporciona. A necessidade pela leitura e pelo domínio da
linguagem escrita em nossa sociedade é cada vez mais intensa.
Ler, leitura... O que é isso?
O entendimento do conceito de leitura ultrapassa a concepção de decodificação do código escrito.
Ou seja, a habilidade que se deve ter de leitura não é somente reconhecer e traduzir sílabas ou
palavras (signos linguísticos), em sons, isoladamente (a decodificação), mas é atribuir significado
àquilo que é lido.

Def. Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É a partir do texto, ser capaz de
atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer
nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se
contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO, 1982, p. 59).

A leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto. É uma espécie de
encontro com o autor, que está ausente, mas mediado pela palavra escrita.

1 - Tipos de leitura
Dentre os diversos tipos de leitura apresentados por muitos autores, podemos sintetizar em:
i) leitura de higiene mental ou recreativa; ii) leitura técnica; 3) leitura de informação;
e 4) leitura de estudo.
A leitura de higiene mental (ou recreativa) tem como objectivo trazer satisfação à inteligência, a
distração, o entretenimento, o lazer. É o caso da leitura de romances, revistas em quadrinhos etc.
A leitura técnica implica, muitas vezes, a habilidade de ler e interpretar tabelas e gráficos. Por
exemplo: relatórios ou obras de cunho científico.
A leitura de informação está ligada às finalidades da cultura geral.
A leitura de estudo, que visa à colecta de informações para determinado propósito, aquisição e
ampliação de conhecimentos.

2 - Fases da leitura informativa ou de estudo


As fases da leitura informativa ou de estudo são:
i) leitura de reconhecimento ou pré-leitura: também classificada por outros autores como leitura
prévia ou de contacto, tem como finalidade dar uma visão global do assunto, ao mesmo tempo em
que permite ao leitor verificar a existência ou não de informações úteis para o seu objectivo
específico; trata-se de uma leitura rápida, “superficial”, apenas para permitir um primeiro contacto
com o texto;
ii) leitura selectiva: o objectivo é a selecção de informações mais importantes e que interessam à
elaboração do trabalho em perspectiva;
iii) leitura crítica ou reflexiva: leitura de análise e avaliação das informações e das intenções do
autor. A reflexão se dá por meio da análise, comparação e julgamento das ideias contidas no texto;
iv) leitura interpretativa: é a mais completa, é o estudo aprofundado das ideias principais, onde se
procura saber o que realmente o autor afirma, quais os dados e informações ele oferece, além de
correlacionar as afirmações do autor com os problemas em questão.
Feita a análise e o julgamento daquilo que foi lido, o leitor está apto agora para fazer a síntese de
tudo o que leu, a integrar os dados descobertos durante a leitura ao seu cabedal de conhecimentos.

3 - Níveis de leitura: os degraus da escada


Geralmente, no primeiro contacto com qualquer tipo de texto, normalmente o leitor se depara com a
dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que o texto apresenta em sua
superfície. É por isso que, para realizarmos uma leitura proveitosa, é preciso que saibamos os níveis
pelos quais devemos passar para alcançarmos nosso objectivo de leitor.
Os níveis de leitura de um texto são:
i) elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página. Leitor
que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler;
ii) inspeccional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de folhear
sistematicamente;
iii) analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É activa em grau
elevado. Tem em vista principalmente o entendimento;
iv) sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os entre si. Nível
activo e laborioso de leitura.

BIBLIOGRAFIA
FILHO, Urbano Cavalcante. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA

UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA CRÍTICA. Cadernos do CNLF, Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro:
CiFEFiL, 2011
Textos literários e não literários

As principais diferenças entre os textos literários e não-literários estão no objectivo e no modo de


sua construção.
Os textos literários são baseados na imaginação do escritor/artista e, portanto, são subjectivos.
Com a função de entreter o leitor, esse tipo de texto está intimamente relacionado com a arte. Por
ser um texto artístico, não tem compromisso com a objectividade e com a transparência das ideias.
O texto literário possui carácter estético e não somente linguístico, cuja interpretação e
significação variam de acordo com a subjectividade do leitor. É comum o uso de figuras de
linguagem, assim como a subversão à gramática normativa.

Exemplos de textos literários


•Novelas;
•Contos;
•Fábulas;
•Dramas;
•Poemas.
Os textos não literários são informativos. Sua composição utiliza fatos para comprovar um ponto
e a escrita é feita de forma objectiva.
A informação nos textos não-literários deve ser passada de modo a facilitar a compreensão da
mensagem. Por isso, o texto deve ser escrito de forma clara, de modo que o leitor não tenha
dificuldades para compreender as informações.
Exemplos de textos não literários
•Documentos;
•Receitas;
•Livros didácticos;
•Artigos acadêmicos;
•Manuais de instrução.
Observemos a tabela a seguir:
Texto literário Texto não literário
Textos narrativos e/ou poéticos que
O que é possuem elementos artísticos e São textos informativos e objectivos.
tendem a causar emoção.
Estética. Destinam-se ao Utilitária. Sua função é informar,
Função
entretenimento, à arte e à ficção. convencer, explicar, comunicar.
Linguagem Subjectiva e conotativa. Objectiva e denotativa.
Características Utiliza elementos como a Linguagem objectiva e clara.
musicalidade, figuras de linguagem,
Texto literário Texto não literário
multissignificação e possuem
liberdade na criação.
Pode ou não subverter a gramática Geralmente adopta o padrão da
Normas gramaticais
normativa. gramática normativa.
Elemento de Ficção, baseada na imaginação do
Utiliza factos e informações.
composição artista.
Analisar um texto não-literário requer
A leitura de um texto literário inclui
confirmação dos factos, conhecimento,
Análise a busca de metáforas e
desenvolvimento de habilidades e
simbolismos.
realização de tarefas.
Diários pessoais, notícias, receitas,
Exemplos Poesias, novelas, histórias e dramas.
jornais e artigos.
Extra:
O registo da ficção é, ou claramente introduzido por alertas do gênero de Era uma vez…; No tempo
em que…; ou pela forma poética do texto; ou por outros processos que o ouvinte/leitor identifica,
passando a aceitar a mensagem no mesmo “comprimento de onda” da sua produção. Na ficção, a
mensagem é aceite activando mecanismos específicos de cumplicidade ou reciprocidade entre quem
fala/escreve e quem ouve/lê. Deste modo é aceite que o gigante Adamastor exista e fale; que os
tapetes voem no conto fantástico; que, num poema, alguém more no sol; que, numa narrativa
mitológica, Júpiter se transforme em Anfitrião e iluda a mulher deste sem que ela se aperceba de
cometer adultério.

BIBLIOGRAFIA
NASCIMENTO, Zacarias; PINTO, José Manuel de Castro. A dinâmica da escrita - como escrever
cm êxito. 5 ed. Lisboa: Plátano Editora, 2006.

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