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LÍNGUA PORTUGUESA

Mecanismos de Coesão Textual


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MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

O PULO DO GATO
A FGV tem maneiras peculiares de propor a análise de textos aos candidatos. Existem
questões fáceis e complexas. Por isso, devemos estudar as situações recalcitrantes e
reincidentes.
Às vezes, a prova é composta por diversos textos pequenos, outras vezes, possui apenas
um texto de imensa extensão e todas as questões giram em torno dele. Devido a isso, é
preciso estudar a estrutura diafórica desse texto. Para isso, primeiramente, precisamos
dominar os mecanismos de coesão textual e, em seguida, a estrutura diafórica do texto.

ATENÇÃO
A coesão está relacionada às conexões, ou seja, às ligações que existem em um texto.
Vale salientar que “texto” é uma palavra de origem latina, que significa “tecido”. Nele, nada
está solto, tudo está costurado, tecido, articulado com o objetivo de produzir os diversos
efeitos semânticos, os quais precisamos perceber em diversos tipos e gêneros textuais.
5m

NOSSO PROGRAMA

1. Mecanismos de coesão textual.


2. Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos.
3. Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literá-
rio, narrativo, descritivo e argumentativo).
4. Interpretação e organização interna; intertextualidade.
5. Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo.
6. Variação linguística: norma culta.

• A semântica tem relação com a significação e o sentido.


• Os elementos de construção do texto e seu sentido constituem os diversos tipos e
gêneros textuais (tipologia textual).
• A FGV exige bastante a intertextualidade, bem como a paráfrase— reescrita de frases.
ANOTAÇÕES

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• É preciso ter cuidado com as relações discursivas que variarão em consonância com o
tipo ou gênero textual apresentado pela banca. Isso tem relação com o conhecimento
sobre as variações linguísticas e a norma.

DIRETO DO CONCURSO

1. (FGV) Um grande filósofo disse: “Nem todo problema que se tem com a namorada se
deve necessariamente ao modo capitalista de produção”. Com essa frase, o autor pre-
tende criticar
a. o sistema capitalista.
b. a mistura indevida de planos diferentes.
c. o envolvimento pessoal na argumentação.
d. a visão sentimental da economia capitalista.
e. a indicação de uma só causa para todos os fatos.

COMENTÁRIO
As aspas indicam inserção de discurso direto (reprodução fiel da fala do filósofo) e o verbo
“disse” indica elocução.
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O examinador quer que o indivíduo articule: pensamento filosófico + relação de causalida-
de + negação. Afinal, como a namorada se relaciona com o modo capitalista de produção?

• O pronome relativo “que” pode ser substituído por “o qual”.


• “Nem” possui um sentido de negação.
• “se deve necessariamente” pode ser entendido como “ocorre por causa de”.

Dizer “todo problema que se tem com a namorada é produzido por apenas uma causa”
aponta para um significado diferente daquele que a frase do enunciado realmente exprime,
posto que a inserção do vocábulo “nem” o modifica drasticamente.
Na verdade, a frase “Nem todo problema que se tem com a namorada se deve neces-
sariamente ao modo capitalista de produção” aponta para o fato de que, certamente, há
outras causas relacionadas a um problema que se tem com a namorada, pois as relações
humanas são complexas.
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a. A crítica construída pelo filósofo não é direcionada ao sistema capitalista.


b. O filósofo não tem a intenção de misturar o plano econômico com o plano pessoal.
c. Não quer evidenciar o envolvimento pessoal na argumentação, já que, de repente, pode
ser uma referência.
d. Ele pretende criticar a indicação de uma só causa para todos os fatos, porque existem
várias causas caracterizadoras de fatos e problemas.
e. Quer expressar uma relação de causalidade, não caracterizada por apenas um motivo,
mas por vários.

É importante estar atento aos conectores de sequenciação, pois um deles, na leitura do


discurso filosófico, possibilitou o desenvolvimento da relação de causalidade, e o outro, a
negação de uma única causa.

2. (FGV) “Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários
públicos do meu país”. Em outras palavras, pode-se dizer que:
a. direitos geram deveres;
b. leis, quando justas, devem ser obedecidas;
c. deveres criam direitos que ultrapassam a lei;
d. cumprimento das leis cria direitos;
e. leis estabelecem deveres, mas não direitos.

COMENTÁRIO
A locução adverbial “por isso” é fundamental, pois configura uma relação de causalidade
anafórica, já que apresenta referente anteposto.
20m
Assim, é preciso conhecer os mecanismos de conexão, a fim de compreender adequada-
mente o texto. Por um lado, háa causa, por outro, a consequência, no meio, há um elemen-
to que faz a articulação entre ambas, que é “por isso”—locução adverbial composta por
uma preposição e pelo pronome “isso”, cuja função é anafórica.
“Eu pago meus impostos integralmente” está no campo semântico do cumprimento das
leis, enquanto “e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país” está no cam-
po semântico de criação de direitos.
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d. O cumprimento das leis cria direitos, ou seja, pagando os impostos integralmente, o


sujeito pode, consequentemente,exigir dos funcionários públicos, o que configura uma re-
lação de causa e consequência.
e. Há uma relação de oposição semântica e adversidade que não existe no texto.

O PULO DO GATO
A banca da FGV exige exaustivamente a relação de causalidade.

Processos de coesão lexical por substituição

Todo o conjunto de palavras de nossa língua recebe o nome de léxico, então, ele é todo o
nosso potencial linguístico. Não o dominamos por completo, pois não detemos todos os sig-
nificados das palavras existentes. Além de dominar o vocabulário, é preciso dominar nomen-
claturas da linguística textual, as quais veremos a seguir.
25m
1. Sinonímia — os vocábulos estão no mesmo campo semântico. Não existe sinonímia
perfeita na língua, trocando uma palavra por outra, provoca-se, eventualmente, uma nuance
semântica. Então, o importante é manter as ideias no mesmo campo de significação, recurso
muito utilizado para evitar a repetição.
“Todo brasileiro tem o sonho da casa própria. O projeto de garantir um lar para cada cida-
dão já está sendo traçado pela Caixa Econômica Federal.”
2. Hiperonímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação todo/parte.
Hiper é um prefixo que traduz a ideia de grande/amplo, nímia significa “nome”, portanto, hipe-
ronímia é um nome de significação ampla. Às vezes, utiliza-se um hiperônimo para retomar
uma ideia no processo coesivo do texto.
“O trabalhador encontra dificuldades para exercitar a realidade digital do computador.
Assim, é necessário treinar o homem para compreender a realidade da máquina que está
diante dele.”
30m
Nem todo homem é trabalhador, mas no contexto, a palavra “homem” quer retomar o “tra-
balhador”, posto que tem uma significação ampla, então, é um hiperônimo de “trabalhador”.
Uma situação similar é dizer anti-inflamatório e, em seguida, utilizar a palavra “produto”, cuja
significação é ampla, para remeter a ele.
Assim, a depender do texto, o sinônimo ou hiperônimo terão referentes distintos.
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3. Hiponímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação de parte/


todo. Hipo significa menor, pequeno, por isso falamos que o consumidor é hipossuficiente,
porque, na relação de consumo, é menor, inferior, daí ele precisar de defesa. Trata-se de
nome de significação menor, restrita, o que faz com que a segunda expressão mantenha com
a primeira uma relação de parte do todo.
“O indivíduo que apresenta mau comportamento deve ser punido. A eliminação do ban-
dido pela morte não é sol.
Indivíduo não é sinônimo de bandido, pois não estão no mesmo campo de significação.
35m
A palavra “bandido” não amplia a significação de “indivíduo”, mas a restringe e especifica,
posto que há vários tipos de indivíduos e, nesse caso, fala-se de uma parte específica. Por-
tanto, “bandido” é um hipônimo.
Anti-inflamatório, em relação a produto, é um hipônimo, já que há uma especificação do
produto. O todo (hiperônimo) é o produto, a parte, o anti-inflamatório (hipônimo).

4. Metonímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação de contigui-


dade semântica. Toda metonímia traduz uma conotação, ou seja, uma linguagem com valor
figurado, a fim de utilizar uma expressão com valor conotativo para retomar outra, mas serão
feitas as devidas conexões sem comprometimento da compreensão do texto.
“Os moços, muitas vezes, esquecem que os idosos são fonte de sabedoria. A juventude
precisa, por conseguinte, repensar alguns valores.”
“Moços” faz referência a pessoas, e a “juventude” faz referência à fase em que essas pes-
soas se encaixam. No entanto, uma fase não “repensa”, as pessoas repensam. Poderia ter
se utilizado de um sinônimo como “jovens”, mas fez uma mudança, apresentou uma lingua-
gem com valor conotativo para elaborar uma conexão, pois a fase juventude não repensa,
mas ao utilizar a expressão “juventude”, o objetivo dele era fazer uma conexão com “moços”.
40m
“Juventude” não poderia ser hipônimo de “moços”, pois não há restrição, ambas as pala-
vras possuem contiguidade semântica. O que há é a utilização de um elemento com valor
denotativo — moços — e, em seguida, a utilização de um elemento com valor conotativo que
se associa ao primeiro — juventude. Essa é uma das formas de metonímia, mas há outras.

5. Elipse/Zeugma — a segunda expressão fica logicamente subentendida, ou seja, implí-


cita, em relação à primeira.
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“Os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia faturaram a soma


de 1,5 bilhão de dólares. (eles) Também fizeram algum caixa com extorsões por meio de
sequestros.”
Às vezes, o termo é deixado logicamente implícito, o que caracteriza uma elipse. Quando
ocorre a elipse de algo já mencionado e existente na construção textual, ocorre a zeugma.

DIRETO DO CONCURSO

3. (FGV) “Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas
de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem
tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de
uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária”. Desse segmento do
texto, o elemento de coesão identificado erradamente é:
a. Aristides / forma abreviada de Aristides de Souza Mendes;
b. o país / hiperônimo de Portugal;
c. o ditador / qualificação de Salazar;
d. sua / possessivo referente a Aristides de Sousa Mendes;
e. atitude humanitária / referência a salvar judeus da morte.

COMENTÁRIO
Toda zeugma é uma elipse, mas nem toda elipse é uma zeugma.
45m
a. Retoma Aristides de Souza Mendes por uma parte desse nome.
b. “País” é uma palavra de significação ampla (hiperônimo), a partir da especificação dele,
há um hipônimo. Mas não é hiperônimo de Portugal, pois Aristides foi cônsul de Portugal na
França. Quando as tropas invadiram o país, ele estava na França, representando Portugal.
Então, a referência específica é à França, não a Portugal. Por conseguinte, o hiperônimo
“país” retoma o hipônimo “França”.
c. Salazar ordenou, ele é o ditador.
d. “Sua” refere-se à atitude humanitária de Aristides de Souza Mendes.
e. A atitude humanitária é o ato de salvar dez mil judeus de uma morte certa.
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“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”
Mahatma Gandhi
50m

GABARITO
1. e
2. d
3. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Mecanismos de Coesão Textual II
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MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL II

A primeira forma de coesão a ser dominada pelo aluno é a lexical e, durante o curso
será percebido que ter bom vocabulário é fundamental. É importante, por isso, revisar as
nomenclaturas apresentadas, sabendo o que é um sinônimo, um hipônimo, um hiperônimo,
um recurso metonímico, uma elipse, ou um tipo especial de elipse que recebe o nome de
zeugma. Na aula de hoje serão introduzidas novas nomenclaturas a serem assimiladas,
exaustivamente cobradas pela Fundação Getúlio Vargas em relação aos mecanismos de
coesão do texto. Tais mecanismos serão facilitadores da compreensão e da interpretação.

PROCESSOS DE COESÃO GRAMATICAL REFERENCIAL

Inicia-se a aula pelos processos de coesão referencial para, na sequência, tratar dos
processos de coesão sequencial. Só compreende bem um texto quem possui bom léxico
internalizado e quem domina a gramática. Outro detalhe importante é o domínio de muitas
nomenclaturas importantes da Linguística Textual e da Teoria Literária.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV/SENADO)
Em dois continentes de importância para o mundo desdobram-se neste momento crises
virtualmente existenciais no que diz respeito a seus modelos econômico-sociais.
(...)
Na Europa, supostamente mais organizada, falhou a regulamentação financeira, o que
convergiu com a crise de 2008 nos EUA para dar origem à presente situação. Nesse
erro se encontraram o capitalismo neoliberal americano e a “economia social de mer-
cado” dos alemães.
O pronome (n)este, no primeiro parágrafo (L.2), e o pronome (N)esse, no sétimo pará-
grafo (L.48), exercem, respectivamente, papel
a. Catafórico e anafórico.
b. Dêitico e catafórico.
c. Dêitico e anafórico.
d. Catafórico e dêitico.
e. Anafórico e catafórico.
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ATENÇÃO
Cuidado com informações existentes nas redes sociais, pois nelas se indica que tanto faz
usar pronome grafado com “t” ou com “ss”.
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COMENTÁRIO
prestar atenção à diferença entre os dois pronomes indicados, um grafado com “t” (“neste”)
e o outro com “ss” (“nesse”). Pronomes grafados com “ss”, por exemplo, esses, essas, só
possuem duas funções:

1. Serão anafóricos;
2. Serão dêiticos.

Já um pronome grafado com “t”, como estes, estas, apresenta três funções:

1. Será catafórico. Isso se aplica apenas aos pronomes com “t”; um pronome com “ss”
jamais será utilizado para algo que ainda será mencionado no texto. Um exemplo
desse uso é “Sr. Diretor, necessitamos destes documentos: relatório x, ofício y etc.”,
ou seja, remete a elementos que ainda serão mencionados no texto e dentro do texto.

 Obs.: eventualmente, pode-se fazer referência a um elemento que não está anteposto ou
posposto, mas sim fora do texto; nesse caso, a função é exofórica.

2. Será anafórico, quando retoma termo sintático próximo. Ex.: “Há relações entre os
homens e os livros. Estes registram os fatos para que não caiam no esquecimento.”
Nesse caso, o pronome retoma não os “homens”, mas sim os “livros”. Prestar atenção
também às concordâncias necessárias.
3. Será dêitico. O termo “dêitico” vem de “dêixis”, que significa “mostrar”. Portanto, o ele-
mento “dêitico” mostra a presença de quem redige. É um traço subjetivo, espacial ou
temporal de quem redige ou de quem fala. Ex.: “Neste país, há fome.” Fala-se do país
de onde o emissor redige/fala, cujo nome não está anteposto ou posposto.
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Analisando o texto, “neste momento” (L.2), refere-se ao momento em que o redator produz
o texto. Como o “tempo” pertence a quem redige o texto, a função é dêitica.
O pronome “(n)esse (erro)” na linha 48 refere-se à “falha da regulamentação financeira”.
Há um elemento, portanto, de coesão lexical que possui função anafórica.
15m

Quando se trata de elementos que se referem a termos do texto, fala-se em função


endofórica.
Principais operadores lógicos: pronomes, numerais, advérbios pronominais e outros.

• Elemento coesivo endofórico – apresenta referente interno (dentro do texto). O ele-


mento endofórico pode ser anafórico:
– Elemento coesivo anafórico – apresenta referente anteposto.

Exemplo: O ex-presidente criticou o empresário que intermediou o patrocínio do projeto.

O pronome relativo “que”, com referente anteposto dentro do texto, é um elemento de


coesão gramatical referencial anafórico e endofórico. Ele não pode ser considerado catafó-
rico, uma vez que sempre se refere a termos antepostos. Exemplo: Há diferença entre ética
e moral. A primeira é mais abrangente que a segunda.
Há aqui um numeral com função substantiva, “a primeira”, que retoma “ética”. Outro
numeral, “a segunda”, retoma “moral”. Esses elementos são anafóricos e endofóricos. Às
vezes, um advérbio faz esse papel, como no exemplo abaixo. Exemplo: Nos EUA, houve
mudanças. Lá, os cidadãos estão mais esperançosos.
O advérbio “lá” retoma “(n)os EUA”, portanto, assume função anafórica e endofórica.
20m
Esses conceitos estão sendo tratados com detalhamento para que o aluno consiga apli-
cá-los nas provas em diferentes relações textuais.
Os endofóricos podem ser anafóricos e catafóricos, como foi afirmado.
– Elemento coesivo catafórico – apresenta referente posposto.

Exemplo: Este é o mal do século XXI: o terrorismo.


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ATENÇÃO
Cuidado quando o examinador propuser o seguinte: “o pronome ‘este’, em tal linha do tex-
to, pode ser substituído por ‘esse’, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coe-
rência textual.” ERRADO! Nunca use pronome grafado com “ss” para fazer referência
a algo que será mencionado, pois ele nunca será catafórico.

Exemplo: A administração pública possui cinco princípios: legalidade, impessoalidade,


moralidade, publicidade e eficiência.
O numeral “cinco” tem função catafórica, e não anafórica. Seria anafórica se os princí-
pios tivessem sido citados antes.
O vocábulo “princípios” constitui hiperônimo, por exemplo, de “impessoalidade”, de
“publicidade”. Lembre-se de que o hiperônimo tem significação ampla, e o hipônimo tem sig-
nificação restrita.Os princípios “legalidade”, “impessoalidade”, “moralidade”, “publicidade” e
“eficiência” são, portanto, hipônimos.
25m

• Elemento coesivo exofórico – apresenta referente externo (fora do texto).

– Elemento dêitico – evidencia a presença do emissor no enunciado (marca de quem


redige ou fala).

1. Subjetivo: Eu creio em minhas teorias. ⇒ não retoma elemento anteposto ou pos-


posto. São três marcas importantes que evidenciam quem redige, mostrando seu
estado emotivo-psíquico. “Eu”, “creio” e “minhas” constituem marcas subjetivas de
quem redige o texto.
2. Espacial: este país, nesta cidade, aqui, esse livro, esta gravata, este Tribunal, esse
Ministério.
Exemplo: Este país enfrenta problemas políticos. O objetivo é fazer referência ao
Brasil, nesse caso. A ideia de Brasil está fora do texto. Nos demais exemplos, pode-se
observar a referência ao lugar de onde o redator escreve, próximo ou distante dele.
Exemplo: Esse livro aí (longe de quem fala). Esta gravata aqui (perto de quem fala).
30m
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Quando se redige um texto em um Tribunal, deve-se utilizar “este” (Tribunal), para se


referir ao lugar onde o redator se encontra, ou “esse” (Ministério, p.ex.) para se referir
ao lugar ao qual o redator se dirige.
3. Temporal: este século, este momento, neste mês, hoje, agora, ultimamente, recen-
temente, hodiernamente, ontem, no próximo ano.
Para referir-se ao tempo em que se encontra o redator, deve-se sempre utilizar os pro-
nomes grafados com a letra “t”. Exemplo: Neste ano estudei muito.
35m

ATENÇÃO
Às vezes o examinador apresenta um texto e diz que os elementos dêiticos estão ausentes
no texto, e isso não ocorre no exemplo abaixo.
Circula uma proposta para aumentar as verbas com vistas à contratação de funcionários
pessoais de cada deputado desta Casa. Hoje, um parlamentar recebe 35.000 reais por
mês para isso. A ideia é elevar esse montante para 45.000 reais. Eu considero esse fer-
mento nas verbas de gabinete um assalto aos cofres públicos.
Pelo contexto, entende-se a referência à casa onde o redator se encontra, ou seja, a Câ-
mara dos Deputados. Observe, no entanto, que essa informação não está dentro do texto;
ela é inferida pelo leitor. “Hoje” também tem função dêitica, temporal.
O pronome “isso” refere-se à contratação de funcionários pessoais de cada deputado, não
sendo dêitico, mas sim anafórico. “Esse” também não é dêitico; é anafórico, pois refere-se
ao montante já citado.
“Eu” e “considero” são marcas subjetivas de quem fala ou redige – são dêiticos subjetivos.
“Esse” em “esse fermento” é anafórico, pois remete ao aumento do montante.
Portanto, só para reforçar, os elementos dêiticos são exofóricos, ou seja, referem-se sem-
pre a informações externas ao texto.

• Elemento vicário – palavra que, como verdadeiro pronome, se põe em lugar de uma
oração inteira. Consta da nossa gramática latina.
40m

Texto A: Haverá mais conflitos políticos? Especialistas creem que sim.


O termo “sim” se coloca no lugar da oração inteira e, portanto, possui função vicária.
Da mesma forma, ele é um advérbio que possui função anafórica, uma vez que o referente
anteposto está inserido no texto, mesmo sendo ele uma oração inteira.
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Texto B: Os EUA enviaram as tropas; a Rússia, os armamentos.


A vírgula se coloca no lugar de um verbo. Além disso, ela se coloca no lugar de oração
e, portanto, possui função vicária. Caracteriza uma elipse de um verbo e, sendo a elipse de
um verbo já citado, constitui zeugma.
Texto C: O proprietário poderá resgatar o imóvel, contanto que o faça logo.
Da mesma forma, o “o” se coloca no lugar da oração inteira, também se constituindo com
função vicária.

DIRETO DO CONCURSO
2. (FGV/SENADO) No segundo quadrinho, o pronome essa tem valor:
(No quadrinho há uma fala de um peixe, em que diz “Logo, alguém colocou essa minho-
ca aí.”, em que ele olha para um anzol distante de si.)
a. Anafórico.
b. Catafórico.
c. Dêitico.
d. Relativo.
e. Expletivo.
45m

COMENTÁRIO
Se a minhoca estivesse perto dele, ele usaria “esta minhoca”. Como ela estava no anzol
que observava, ele usou “essa minhoca”.

“Na vida, vitórias e derrotas acontecerão. O que nunca é aceitável é desistir.”


(Magic Johnson)

GABARITO
1. c
2. c

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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Mecanismos de Coesão Textual III
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MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL III

RETOMADA

Lembrando que o texto é trabalhado como sinônimo de tecido, ou seja, que há articu-
lações no texto e, por esse motivo, os mecanismos de coesão são tão utilizados. Já foram
tratados os mecanismos de coesão lexical e de coesão gramatical referencial (anafóricos e
catafóricos, que são endofóricos; e os dêiticos, que são exofóricos). Agora serão tratados os
mecanismos de coesão sequencial, pois é necessário observar a sequência lógica do pen-
samento apresentada em um texto e isso desencadeará um processo que recebe o nome de
progressividade temática ou progressividade textual.

COESÃO SEQUENCIAL

Nesta aula, o objetivo é entender a coesão sequencial, feita especialmente por conjun-
ções, preposições, advérbios e locuções (conjuntivas, prepositivas, adverbiais). O texto só
pode ser dominado por quem também domina a gramática da língua portuguesa. Agora, com
as questões abaixo, serão verificados os mecanismos de coesão sequencial se manifestando.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV)
Fora de foco
Deve-se ao desenvolvimento de remédios e terapias, a partir de experimentos científi-
cos em laboratórios com o uso de animais, parcela considerável do exponencial aumen-
to da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo. É extensa a lista de doenças
que, tidas como incuráveis até o início do século passado e que levavam à morte pre-
matura ou provocavam sequelas irreversíveis, hoje podem ser combatidas com quase
absoluta perspectiva de cura.
Embora, por óbvio, o homem ainda seja vítima de diversos tipos de moléstias para as
quais a medicina ainda não encontrou lenitivos, a descoberta em alta escala de novos
medicamentos, particularmente no último século, legou à Humanidade doses substan-
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Mecanismos de Coesão Textual III
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ciais de fármacos, de tal forma que se tornou impensável viver sem eles à disposição
em hospitais, clínicas e farmácias.
(O Globo, 21/11/2013)
O texto acima foi produzido num momento em que se discutia a validade ou não da
utilização de animais em pesquisas. Nesse caso, os dois primeiros parágrafos do texto
têm a seguinte função:

COMENTÁRIO
O enunciado já apresenta um elemento nuclear, quando menciona o que o texto discute,
ou seja, “a validade ou não da utilização de animais em pesquisas”. Do ponto de vista da
tipologia, o texto é argumentativo, cuja fonte é um jornal. Nesse sentido, esse texto poderá
ser caracterizado como um editorial ou um artigo de opinião, gêneros que circulam em nos-
so dia a dia. O examinador da FGV cobra os elementos tipológicos, por isso a observação.
5m
a. Marcar a posição do jornal a favor da experimentação animal.
b. Defender a indústria farmacêutica de críticas injustas.
c. Mostrar o acerto de não se utilizarem animais em experiências.
d. Divulgar o sucesso da pesquisa médica através dos tempos.
e. Valorizar a criação de medicamentos eficientes.
A banca cobra do candidato que ele leia o texto, para perceber a linha de raciocínio do
autor. O professor comenta sobre o uso da locução prepositiva “a partir de” (L.1), que nor-
malmente é usada para referências temporais, diferente do que ocorre no texto da questão
– poderia ter sido usada a locução “com base em”.
O trecho que cita “experimentos científicos em laboratórios com o uso de animais” introduz
a opinião do autor sobre o tema, seguido de um tópico frasal (“parcela considerável do ex-
ponencial aumento da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo”) que mostra
que o autor é favorável ao uso de animais na experimentação.
No desenvolvimento do parágrafo, o autor se utiliza duas vezes do pronome relativo “que”
em função anafórica, que retoma o antecedente “doenças” (L.3 e L.4). Também utiliza o
dêitico “hoje” (L.5), que se refere à data em que o artigo foi escrito. O segundo período do
primeiro parágrafo enfoca os benefícios do uso de animais na experimentação, reforçando
o posicionamento favorável ao tema.
10m
ANOTAÇÕES

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No segundo parágrafo, “embora” traduz a ideia de concessão e, por isso, o verbo “ser”, em “seja”,
é usado no modo subjuntivo (L.7). Na mesma linha, “moléstias” está sendo usado no mesmo
campo semântico de “doenças”, o que demonstra uma forma de coesão lexical. Ainda na mes-
ma linha, “as quais” é elemento de coesão referencial anafórico, referindo-se a “moléstias”.
O vocábulo “lenitivos” pode ter a significação deduzida a partir do contexto, caso o candi-
dato não o conheça – lembrando que é importante expandir o vocabulário para um bom
desempenho nesses exames, os quais exigem isso do candidato.
O uso de argumentação no segundo parágrafo, marcado pela escolha das expressões
“novos medicamentos” e “doses substanciais de fármacos” confirma o posicionamento do
autor. Na linha 10, há um elemento de coesão sequencial, “de tal forma que”, que traduz a
ideia de consequência, ou seja, o argumento que vem na sequência (“se tornou impensá-
vel viver sem eles...”).
15m
Os elementos de coesão sequencial já mostrados na questão 1 serão retomados nas de-
mais questões e ao longo dessa aula.

2. (FGV) “Se telefonar, não dirija!” é uma frase que se apoia em outra, mais conhecida:
“Se dirigir, não beba!”. A frase abaixo que não segue corretamente a mesma formação
dessas duas frases é:

COMENTÁRIO
Observe que o elemento de sequenciação apresentado é o “se”, uma conjunção que traduz
a ideia de condição, e a oração seguinte se inicia com verbo no modo imperativo negativo.
a. Em caso de telefonar, não dirija!
é usada a locução prepositiva “em caso de”, seguida de verbo no infinitivo (é uma oração
reduzida de infinitivo), com a oração seguinte com verbo no imperativo negativo. A locução
é usada com o mesmo sentido de “se”, a conjunção condicional da frase do enunciado.
20m
b. Caso telefones, não dirijas!
o sujeito é a forma “tu”, com a conjunção condicional “caso”, que exige o verbo no modo
subjuntivo, tempo presente. Também segue o modo imperativo negativo na oração princi-
pal. Continua a ideia de condição e o imperativo negativo.
c. Caso dirijas, não telefones!
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o sujeito é a forma “tu”, há a inversão da ordem das duas ações, mas ainda mantendo a
ideia de condição. Mais uma vez, com a conjunção “caso”, utiliza-se o verbo no modo sub-
juntivo, tempo presente, seguido do imperativo negativo.
d. Se telefonares, não dirijas!
atenção para a forma como aparece o verbo após “se”, na comparação entre a frase do
enunciado e a do item acima. Em ambas, o verbo está no modo subjuntivo, tempo futuro,
marcando hipótese.
e. Caso telefonar, não dirija!
com a conjunção “caso”, não se utilizaria verbo no futuro do subjuntivo, mas sim o presente
desse modo (“Caso telefone”).
25m

COESÃO SEQUENCIAL (CONECTIVOS IMPORTANTES)

1) Aditivos (soma):
Exemplo: O trabalho gera riqueza e produz alegria.
Nesse caso, o conectivo aditivo “e” traduz a ideia de adição, mas ele também pode tra-
zer a ideia de adversidade (Insiste em zero a zero e eu quero um a um.).
Exemplo: Não hesitaremos nem desistiremos.
Aqui, “nem” já significa “e não”.

PEGADINHA DA BANCA
“Nem” poderia ser substituído por “tampouco”. Ele é diferente de “tão pouco”, que significa
“muito pouco”; são parônimos, ou seja, transmitem ideias diferentes. É comum aparecer
“tão pouco”, que não traduz a ideia de adição e isso leva o candidato ao erro.

2) Adversativos (elementos contrastantes):


Exemplo: Foi a Roma, mas não viu o papa.
O “mas” também pode transmitir a ideia de adição (Trabalho, mas também estudo.)
3) Alternativos (elementos excludentes ou concomitantes):
Exemplo: Dinheiro demais ou é bênção ou é maldição.
Aqui “ou” é excludente.
Exemplo: O fumo ou o álcool prejudicam a saúde.
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Aqui “ou” traduz a ideia de concomitância, tanto é que o verbo “prejudicam” está concor-
dando no plural, para abarcar a ideia dos dois, “o fumo” e “o álcool”.
30m
4) Conclusivos (conclusão):
Exemplo: O monumento está na Amazônia, logo pertence ao povo brasileiro.
“Logo” transmite tanto a ideia de conclusão, quanto a de consequência.

ATENÇÃO
Também é comum aparecer, no lugar de “logo”, “por conseguinte”.

5) Explicativos (explicação):
Exemplo: Não vás, porque te arrependerás.
Também é possível usar “pois” ou “que”. A explicação ocorre em relação ao explicitado
na oração anterior, e a vírgula é obrigatória.
6) Causais (justificativa):
Exemplo: Os preços caíram porque cresceram as importações.
Tanto o “porque” com valor explicativo, quanto o “porque” com valor causal podem ser
substituídos por “porquanto”, detalhe exaustivamente cobrado pela FGV. Ele possui
valor de explicação e de causa.
A causa/justificativa acompanha a oração com “porque”. A consequência é apresentada
na oração principal, “Os preços caíram”.

ATENÇÃO
Cuidado com “visto que” e “haja vista que”, que introduzem a ideia de causa, e atenção
para o “o” e o “a” na grafia.

7) Concessivos (oposição):
Exemplo: Obteve bons resultados, embora fosse um candidato medíocre.
O conectivo “embora” é bastante cobrado em exames e pode ser substituído por “con-
quanto”. Também pode ser usado “malgrado”, “apesar de”, “em que pese a” e “a des-
peito de”.
35m
Depois do concessivo, é necessário usar o modo subjuntivo.
ANOTAÇÕES

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8) Condicionais (condição, hipótese ou suposição):


Exemplo: Caso viaje, não poderei estar contigo.
Como já visto, é necessário usar o modo subjuntivo após “caso”, no tempo presente.
9) Conformativos (conformidade):
Exemplo: Esses dados, conforme já anunciado, são falsos.
Pode ser substituído por “consoante”.
10) Finais (finalidade):
Exemplo: Fale baixo, para que o gigante não acorde.
Pode ser substituído por “a fim de que”.

ATENÇÃO
Há a separação entre “a” e “fim”, pois se trata de locução prepositiva e não conjuntiva.

11) Proporcionais
Exemplo: À medida que a cidade crescer, mais difícil será resolver seus problemas.

ATENÇÃO
Não confundir “à medida que”, que traduz a ideia de proporção, com “na medida em que”,
que tem valor de “porque”, introduzindo valor de causa. Não confundir ou misturar a forma-
ção das duas.

12) Temporais
Exemplo: Quando estiveres irado, conta até dez.
Exemplo: Mal chegou, foi começando a gritar.
O “mal” tem valor de “assim que”, quando traduzir a ideia de tempo.
40m
13) Comparativos
Exemplo: Nada é mais caro que a ignorância.
Neste exemplo há apenas um verbo e, portanto, uma única oração. Contudo, um se-
gundo verbo “é” estaria implícito, em relação a “ignorância” (“Nada é mais caro que a
ignorância (é)”).
14) Consecutivo
Exemplo: Trabalhou tão sério, que conquistou o respeito de todos.
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A palavra “tão” é intensificadora, seguida da conjunção “que”. Juntas, elas trarão a


noção de consecução/consequência. Isso apareceu na questão 1 dessa aula, com a
expressão “de tal forma que”.

DIRETO DO CONCURSO
3. (FGV) “Qualquer dúvida, por mais banal que seja, torna-se uma urgência inadiável”; a
oração sublinhada não equivale a:

COMENTÁRIO
A conjunção “por mais que” possui o mesmo valor de “mesmo que”, “ainda que”, “embora”,
sempre usadas com o verbo no modo subjuntivo.
a. Embora seja muito banal.
b. Apesar de ser muito banal.
c. Contanto que seja muito banal.
Aqui não confundir com “conquanto”, que seria a conjunção adequada. O “contanto que”
traduz a ideia de condição, e não de concessão, como a usada no enunciado.
d. Mesmo sendo muito banal.
Aqui se trata de oração reduzida de gerúndio.
e. Ainda que seja muito banal.

4. (FGV/SENADO) “Recente estudo promovido pela Comissão para o Crescimento Eco-


nômico, cujo objetivo primordial é entender o fenômeno do desenvolvimento com base
na experiência mais exitosa dos países durante as décadas de 1950 e 1980, transmite
informações relevantes para o entendimento do momento que vivemos, ainda que seu
objetivo seja totalmente distinto.” Assinale a alternativa que não poderia substituir o
termo grifado no trecho acima, sob pena de alteração de sentido.

COMENTÁRIO
“ainda que” traduz a ideia de concessão
a. Não obstante.
b. Porquanto.
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“porquanto” traduz a ideia de causa ou explicação.


c. Embora.
d. Conquanto.
e. Mesmo que.
45m

Quando se utiliza um elemento de coesão, é necessário garantir coerência, mas é possí-


vel ter coerência sem elementos de coesão e conexão. A coerência está relacionada à per-
feita compreensão e interpretação. No exemplo abaixo, há várias orações, sem elementos
conectivos de coesão.

Como se conjuga um empresário

Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-


-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou.
Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Exa-
minou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu.
Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explo-
rou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou.
Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu.
Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou.
Esperou. Checou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou.
Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou.
Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Ves-
tiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou.
Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu.
Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu.
Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
Mino (escritor cearense)

Não há elementos de coesão sequencial, mas o texto é coerente em sua totalidade, pois
há uma coesão interna. Com o desencadeamento de ações, identifica-se um texto narrativo.
Não importa o adversário, você sempre lutará pela vitória.
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GABARITO
1. a
2. e
3. c
4. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

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Semântica
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SEMÂNTICA

SEMÂNTICA: SENTIDO E EMPREGO DE VOCÁBULOS; CAMPOS


SEMÂNTICOS

Nesta aula, será tratado sobre semântica, que tem a ver com sentido e significação. É
necessário estar atento a esse universo, dos sentidos dos vocábulos em língua portuguesa.
É preciso estar atento também aos campos semânticos diversos cobrados exaustivamente
pela FGV. Nesse sentido, manifestar domínio da coesão lexical é essencial. O léxico é o
potencial linguístico, e a parte dominada pela pessoa recebe o nome de vocabulário.
Existem palavras pertencentes ao mesmo campo semântico, assim como as que perten-
cem a campos semânticos diferentes. Às vezes, tais campos traduzem a ideia de oposição.
Inicialmente, deve-se estar atento a dois processos fundamentais: o de sinonímia, ou seja,
de palavras do mesmo campo semântico, e o de antonímia, ou seja, de palavras em opo-
sição semântica. A antonímia é importante na identificação de uma figura de linguagem, a
antítese. Um desdobramento da antítese é o oximoro ou paradoxo. Essas nomenclaturas
também aparecem na prova da FGV.
Na aula de hoje, também serão tratadas as relações de homonímia e paronímia. Elas
são importantes não apenas para a prova objetiva, como para a discursiva.
5m

DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV)
Abstrações
“Deus não joga dados com o Universo”, disse Einstein, para nos assegurar que existe
um plano por trás de, literalmente, tudo, e que o comportamento da matéria é lógico e
previsível. A física quântica depois revelou que a matéria é mais maluca do que Einstein
pensava e que o acaso rege o Universo mais do que gostaríamos de imaginar. Mas
fiquemos com a palavra do velho. Deus não é um jogador, o Universo não está aí para
Ele jogar contra a sorte e contra Ele mesmo. Já os semideuses que controlam o capital
especulativo do planeta Terra jogam com economias inteiras e podem destruir países
com um lance de dados, ou uma ordem de seus computadores, em segundos.
ANOTAÇÕES

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Às vezes eles têm uma cara, e até opiniões, mas quase sempre são operadores
anônimos, todos com 28 anos, e um poder sobre as nossas vidas que o Deus de
Einstein invejaria. Deus, afinal, é sempre o ponto supremo de uma cosmogonia
organizada, não importa qual seja a religião. Todas as igrejas têm metafísicas antigas e
hierarquizadas. Todos os deuses podem tudo, mas dentro das expectativas e das tradi-
ções de seus respectivos credos. Percebe-se que até a onipotência tem limites.
A metafísica dos operadores das bolsas de valores, dos deuses de 28 anos, é inédita.
Não tem passado nem convenções. É a destilação final de uma abstração, a do capital
desassociado de qualquer coisa palpável, até do próprio dinheiro. Como o dinheiro já
era a representação da representação de um valor aleatório, o capital que foi transfor-
mado em impulso eletrônico é uma abstração nos limites do nada – e é ela que rege as
nossas economias e, portanto, as nossas vidas. E quem pensava ter liberado o mundo
de um ideal inútil, o de sociedades regidas por muitas abstrações, como igualdade e so-
lidariedade, se vê prisioneiro do invisível, de um sopro que ninguém controla, da maior
abstração de todas.
(Adaptado de Luis Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)

“Deus não joga dados com o Universo”. Essa frase de Einstein se opõe à ideia de que:
a. a metafísica é preceito religioso antigo e rígido.
b. o mundo material se baseia nos princípios de simetria.
c. a matéria se fundamenta em princípios lógicos e previsíveis.
d. forças herméticas e aleatórias regem o comportamento da matéria.
e. o comportamento da matéria se baseia na relação de causa e consequência.

COMENTÁRIO
O examinador pede, no comando, que se identifique uma relação de oposição semântica,
ou seja, que representa um antônimo.
É importante ler o texto com atenção, identificando a posição da frase citada no
enunciado e percebendo sua relação com as demais informações.
O professor chama a atenção para o uso do pronome “nos” (L.1), que é usado pelo autor
para que ele se aproxime do leitor, e do elemento de coesão sequencial “e que” (L.2), for-
mado por uma conjunção aditiva e uma conjunção integrante.
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Os períodos que se seguem à citação de Einstein explicitam seu sentido, de que as ações
de Deus não ocorrem na base da sorte, como em um jogo de dados. A oposição semântica
se dá, portanto, em relação ao “comportamento (...) lógico e previsível”.

• “Simetria” expressa igualdade.


• “Herméticas” expressa obscuridade; relações ilógicas, incompreensíveis. E “aleató-
rias” são não previsíveis.
10m

Deve-se ter cuidado com as informações que vêm na sequência, no texto de Veríssimo,
pois elas parecem contrariar a afirmação de Einstein, mas não devem ser confundidas com
o que se pede no comando da questão.
Atenção para o pronome “Ele” (L.6), que se refere a Deus e por esse motivo é grafado
com inicial maiúscula. Na mesma linha, o pronome “que” retoma “semideuses”. O termo
“eles”, no segundo parágrafo, refere-se a “semideuses”. Há um antecedente anafórico,
“que” (L.11), que retoma “um poder sobre nossas vidas”.

 Obs.: importante perceber a forma como o segundo parágrafo está organizado para ser
compreendido a partir de inferências e deduções lógicas, tópico a ser discutido nas
próximas aulas.
15m

No terceiro parágrafo, “a” (L.17) retoma “abstração”, “que” (L.19) retoma “o capital”, “ela”
(L.20) retoma “abstração”, “o” (L.22) retoma “ideal inútil” e “que” (L.23) retoma “um sopro”.
O vocábulo “abstração” aparece muitas vezes ao longo do texto, como reforço.
Percebe-se que as significações são usadas para a interpretação, além das oposições
semânticas.

2. (FGV)
Fora de foco
Deve-se ao desenvolvimento de remédios e terapias, a partir de experimentos científi-
cos em laboratórios com o uso de animais, parcela considerável do exponencial aumen-
to da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo. É extensa a lista de doenças
que, tidas como incuráveis até o início do século passado e que levavam à morte pre-
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matura ou provocavam sequelas irreversíveis, hoje podem ser combatidas com quase
absoluta perspectiva de cura.
Embora, por óbvio, o homem ainda seja vítima de diversos tipos de moléstias para as
quais a medicina ainda não encontrou lenitivos, a descoberta em alta escala de novos
medicamentos, particularmente no último século, legou à Humanidade doses substan-
ciais de fármacos, de tal forma que se tornou impensável viver sem eles à disposição
em hospitais, clínicas e farmácias.
(O Globo, 21/11/2013)

Nas alternativas abaixo foram colocadas algumas palavras do texto acompanhadas de


definições do dicionário. Assinale a alternativa em que a definição dada não correspon-
de ao termo selecionado.
a. “desenvolvimento de remédios e terapias” / tratamento de doentes.
b. “provocaram sequelas irreversíveis” /anomalia consequente a uma moléstia, da qual
deriva direta ou indiretamente.
20m
c. “a medicina ainda não encontrou lenitivos” / aquilo que soluciona um problema ou
uma dificuldade.
d. “Usá-los ou não é um falso dilema.” /necessidade de escolha entre duas saídas con-
traditórias.
e. “... emprego de cobaias em laboratórios” /qualquer animal ou pessoa que se usa em
experimentos científicos.

COMENTÁRIO

Sempre que se trabalha com significações/definições, a função metalinguística está em


foco, ou seja, é a língua explicando a própria língua. Às vezes o texto que aparece na prova
é um verbete de dicionário, e o examinador também pode questionar sobre a função da
linguagem.
c) O problema aqui é a palavra “soluciona”, uma vez que o correto seria “mitiga” / “suaviza”
/ “ameniza”.
d) A contradição no dilema está quase sempre presente, mas pode haver exceções. A sig-
nificação do vocábulo está mais relacionada à questão da escolha, do que propriamente
ao da contradição. Sempre verificar o significado da palavra no texto e não isoladamente,
para sanar a dúvida.
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 Obs.: recomenda-se, para enriquecer o vocabulário, estudar estrutura e formação de pala-


vras e estar atento à significação de radicais, prefixo e sufixos gregos e latinos. É pre-
ciso ler e, quando se deparar com palavras cujo significado não está em seu “arquivo
mental”, não hesitar em buscar sua significação. Enriquecer o vocabulário dia a dia.
Antes de estudar disciplinas específicas do Direito, analisar um texto proposto em
alguma prova da FGV, pois isso ajuda bastante também.
25m

3. (FGV) “É bom olhar para trás para verificar...”. Sobre as ocorrências do vocábulo subli-
nhado, assinale a afirmativa correta.
a. As duas ocorrências mostram o mesmo valor semântico.
b. A primeira ocorrência tem valor de finalidade.
c. A segunda ocorrência tem sentido de direção.
d. A primeira ocorrência equivale a “sobre”.
e. A segunda ocorrência equivale a “a fim de”.

COMENTÁRIO

Uma preposição pode ter carga semântica. Exemplo: Senti sua falta no almoço de ontem.
Aqui, a preposição “em” possui carga semântica, pois traduz uma noção equivocada de
que o interlocutor estava “sendo almoçado”. O correto seria “ao almoço”.
“Olhar para trás” tem valor de direção. “Olhar para verificar” tem valor de finalidade.
d) A preposição “sobre” indica “lugar acima” ou assunto.
e) Lembrando que “a fim de” traduz finalidade, mas “afim”, grafado junto, é um adjetivo, que
traduz afinidade.
30m

4. (FGV) “Reforma agrária deixou de ser um anátema, e a desapropriação de terras ocio-


sas é comum mesmo em governos que a esquerda considera de direita ou conservado-
res”. A melhor definição para o vocábulo “anátema”, no contexto em que se insere, é:
a. expulsão do seio da igreja, excomunhão.
b. maldição, execração, opróbrio.
c. reprovação branda e familiar.
d. excitação nas funções orgânicas ou nos sentidos.
e. estado de pessoa irritada, encolerizada.
ANOTAÇÕES

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COMENTÁRIO
Aqui o contexto pode ajudar, embora seja recomendado continuar enriquecendo o
vocabulário.

HOMONÍMIA E PARONÍMIA

Às vezes aparecem nomes homófonos (possuem mesmo som) com grafias diferentes,
ou seja, heterógrafos – são os homônimos. Exemplo: acerca de / a cerca de.
Também é possível encontrar os parônimos, vocábulos parecidos, mas diferentes em
relação ao significado. Exemplo: ao encontro de / de encontro a. Neste caso, a primeira
traduz correspondência, e a segunda oposição.

1. Acerca de

Exemplo: No discurso, o Ministro falou acerca da crise internacional.


Aqui possui valor de “sobre”, indicando assunto.
35m

A cerca de

Exemplo: O fórum fica a cerca de trinta metros do prédio principal.


Aqui “a cerca de” indica aproximação.

Há cerca de

Exemplo: Há cerca de dois anos, estivemos aqui.


Exemplo: Há cerca de sessenta funcionários na empresa.
Em “há cerca de”, aparece o verbo “haver”, que pode indicar tempo passado, exemplo
um, ou “existência”, exemplo dois.

2. Afim

Exemplo: Se as áreas de atuação eram afins, por que não trabalharam juntos?
Indica afinidade.
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A fim de

Exemplo: Desenvolveu a proposta a fim de garantir o sucesso empresarial.


Indica finalidade, como visto na questão da FGV.

3. Ao encontro de

Exemplo: O projeto arquitetônico veio ao encontro dos anseios da empresária.


Indica correspondência.

De encontro a

Exemplo: O diretor não apoiou a medida, pois vinha de encontro aos interesses dos
professores.
Indica oposição.

4. Ao invés de

Exemplo: Ao invés de demitir dez servidores, a empresa contratou mais vinte.


Só usado para oposições. O contrário de “demitir” é “contratar”.

Em vez de

Exemplo: Em vez de demitir dez servidores, a empresa demitiu vinte.


Usado tanto para oposições como para substituições. No exemplo acima não cabe “ao
invés de”, pois não há oposição.

ATENÇÃO
No trecho em que se aplica “ao invés de” cabe “em vez de”. Mas nem sempre o contrário
é válido. Exemplo: “Ao invés de estudar, fui ao cinema”. Como o contrário de “estudar” não
é “ir ao cinema”, só caberia “em vez de”. Um exemplo correto seria “Ao invés de os juros
baixarem, eles subiram”, pois está marcada a oposição. Também cabe “em vez de”, uma
vez que também existe a substituição.
Na dúvida, melhor usar sempre “em vez de”.
40m
ANOTAÇÕES

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5. A par

Exemplo: O ministro está a par do assunto.


“A par” se traduz por “ciente”.

Exemplo: A par desses problemas, outros afligem os brasileiros.


Também pode se traduzir por “além de”.

Ao par

Exemplo: O real já esteve ao par do dólar.


Indica igualdade ou paralelismo.

6. Arrochar

Significa “comprimir”, “apertar”. Exemplo: “arrocho salarial”.

Arroxar

Significa “tornar roxo”.

7. Auferir

Significa “obter”. Exemplo: “auferir lucro”.

Aferir

Significa “medir”, “calcular”. Exemplo: “aferir sucesso”.

8. Comprimento

Indica medida.

Cumprimento

Possui relação com “cumprir” ou “cumprimentar”. Exemplo: “cumprimento da regra”.


ANOTAÇÕES

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Semântica
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9. Conje(c)tura

Denota hipótese, possibilidade, eventualidade.

Conjuntura

Denota situação.
45m

10. Descriminar

Significa “tirar o crime”, “inocentar”, “absolver”.

Discriminar

Significa “separar”, “distinguir”, “diferençar/diferenciar”.

11. Despercebido

Exemplo: Apesar de sua importância, o experimento passou despercebido.


Significa “não notado”, “não percebido”.

Desapercebido

Exemplo: O candidato dirigiu-se ao local da prova desapercebido.


Significa “desprevenido”, “despreparado”.

12. Eminente

Significa algo “sublime”, “superior”.

Iminente

Significa algo “próximo”.


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13. Espectador

Significa “o que assiste a algo”.

Expectador

Significa “o que espera/fica na expectativa”.

14. Infligir

Exemplo: O diretor infligiu severo castigo ao presidiário.


Exemplo: As drogas infligem problemas mentais.
Significa “aplicar”, “causar”.

Infringir

Exemplo: Com a instalação dos pardais, fica mais difícil infringir as regras de trânsito.
Significa “transgredir”, “desobedecer”. Quando se utilizar “desobedecer”, não esquecer
da preposição “a”.
50m

15. Prever

Exemplo: O cineasta previu acertadamente o descaso governamental.


Significa “ver antecipadamente”, “antecipar”.

Prover

Exemplo: O chefe do departamento de pessoal proveu os cargos vacantes.


Significa “abastecer”, “preencher”.

Provir

Exemplo: A dúvida provém da falta de raciocínio lógico.


Indica origem ou procedência.
ANOTAÇÕES

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Semântica
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GABARITO
1. d
2. c
3. e
4. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Textos Literários
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TEXTOS LITERÁRIOS

RELEMBRANDO
• Processo coesivo do texto: estrutura diafórica do texto.
• É importante ter um bom léxico internalizado (um bom vocabulário), porque isso é um
elemento facilitador.

São duas as principais formas de caracterização do texto: texto literário e texto não
literário.

Textos literários

Elementos de construção do texto e seu sentido: textos literários.

• Texto é o tecido especial formado por palavras, orações, períodos, parágrafos e até
versos. Envolve elementos verbais e elementos não verbais (Ex.: charges).
• Os processos de construção do texto exigirão um domínio do sentido, da significação.
• Textos literários: são aqueles que evidenciam o predomínio da conotação (desvios
semânticos, valores figurados, plurívocos, translatos – porque haverá mudança,
passagem, em relação à significação).

 Obs.: na denotação, haveria o valor dicionarizado (valor unívoco). Um recurso mnemônico


muito utilizado é: denotação faz referência ao dicionário. O predomínio da denotação
caracteriza o texto não literário.
5m

Textos literários trabalham com palavras empregadas em seu valor plurívoco. Haverá,
então, muitas possibilidades de compreensão e de interpretação. Por isso, é muito impor-
tante ter o domínio desse tipo de texto. O examinador deverá amarrar todos os detalhes com
muito cuidado, para não abrir margem para recursos.

Textos literários:

• Trabalham bastante com a ficção e com o entretenimento (sem compromisso significa-


tivo com a realidade);
ANOTAÇÕES

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Textos Literários
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Ex.: fábulas – frequentemente, possuem animais que assumem ações humanas (figura
de linguagem: personificação/ prosopopeia). A fábula é uma estrutura ficcional que traz uma
lição de moral. Há, aí, uma alegoria (muito presente nos textos literários).

• Texto em prosa (apresenta períodos articulados em parágrafos) ou em verso (linhas


articuladas em estrofes que formam o poema: texto literário em versos);

Pode haver textos em prosa com predomínio da denotação, assim como textos em prosa
com o predomínio da conotação.
Ex.: texto “Como se conjuga um empresário” – o escritor cearense Mino criou uma situ-
ação com verbos: preocupação com a construção. Isso caracteriza o que é chamado de
função poética, que também se manifesta em parágrafos, não apenas em versos.
10m
A banca FGV sempre surpreende os candidatos; o texto a ser analisado pode ser uma
estrofe, um poema, um parágrafo, um texto longo etc.

O PULO DO GATO
Na prova discursiva, a FGV pode cobrar questões como:
“Desenvolva uma dissertação em prosa a respeito do seguinte tema”.
Dissertação em prosa significa dissertação em parágrafos. (Não inserir tabelas, gráficos,
desenhos etc.).
Dissertação é um gênero não literário, ou seja, fuja das conotações e das subjetividades.
A dissertação é constituída de: parágrafo de introdução, parágrafo de desenvolvimento e
parágrafo de fechamento.

• Três pessoas do discurso;


– 1ª pessoa: eu/ nós;
– 2ª pessoa: tu, vós;
– 3ª pessoa: ele, ela, eles, elas.

• Figuras de linguagem. A figura de linguagem mais presente em um texto literário é a


metáfora. Seus tipos são: metonímia, sinédoque, catacrese...
15m

Ex.: A previdência é um redemoinho de dinheiro público. (A: previdência/ B: redemoinho.)


ANOTAÇÕES

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– Comparação entre A e B com valor conotativo. A previdência é como um redemoi-


nho de dinheiro público.
– “Como”: elemento de conexão que fica logicamente implícito. Quando ele é dito
explicitamente, tem-se um tipo especial de metáfora, denominado “símile”.

Metáfora: comparação com valor conotativo.

• Linguagem é:
– Subjetiva: função emotiva – presença da primeira pessoa do singular (eu). Ex.:
texto “eu e ele” de Luís Fernando Veríssimo.
– Conotativa: função poética da linguagem – preocupada com a construção, com a
seleção vocabular.

Ao se deparar com um poema, percebe-se que a pessoa que redige se preocupa com a
rima e com a construção de cada verso, sendo que esses podem ser simétricos, assimétri-
cos... Há muita preocupação com a construção e com a seleção vocabular.
20m

– Polissêmica, plurívoca, que permitirá múltiplas possibilidades de compreensão e de


interpretação.

• Licença poética: o poeta e o cronista são livres para registrar a linguagem coloquial,
por exemplo. Um aluno, por sua vez, não.
• Espelha a ideologia do artista.

Gêneros textuais literários:

• Poema;
• Música;
• Crônica;
• Romance;
• Conto;
• Contos de fadas;
• Universo das alegorias:
– Fábula (presença de animais que assumem ações humanas);
ANOTAÇÕES

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– Apólogo (presença de coisas que assumem ações humanas);


– Parábola;

• Teatro;
• Lenda;
• Charge e outros.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV) Assinale a opção que apresenta a frase inteiramente construída com vocábulos
em sentido lógico, não figurado.
25m
a. “Os olhos são a morada da vergonha.”
b. “A juventude é a embriaguez sem vinho.”
c. “A velhice é o abrigo de todos os males.”
d. “Realizando coisas justas, tornamo-nos justos.”
e. “A consciência é um Deus para todos os mortais.”

COMENTÁRIO
Sentido lógico é o sentido denotativo, unívoco.
Nessa questão, todas as opções terão um sentido conotativo, exceto uma delas.

2. (FGV) Os segmentos machadianos a seguir têm o amor por tema. Assinale a opção
que mostra uma visão positiva desse sentimento.
a. “O amor é cego.”
b. “O amor é fecundo de ilusões.”
c. “Os amores novos fazem esquecer os velhos.”
d. “O amor para mim é o idílio de um semestre, um curto período sem chamas nem
lágrimas.”
30m
e. “O amor não nasce de uma circunstância fortuita, nem de uma longa intimidade, é
uma harmonia entre duas naturezas, que se reconhecem e completam.”

COMENTÁRIO
“Machadiano” significa que os trechos foram escritos por Machado de Assis.
ANOTAÇÕES

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“Idílio” é um curto período; “Idílio” também é nome dado a um pequeno poema;


“Fortuita” significa gratuita.

3. (FGV) “A ciência é a inteligência do mundo; a arte, o seu coração”. (M. Gorki) A oposi-
ção entre ciência e arte nessa frase está, respectivamente, nos seguintes valores:
35m
a. entendimento X sentimento.
b. observação X interpretação.
c. repetição X criatividade.
d. fatos X hipóteses.
e. verdade X ilusão.

COMENTÁRIO

A FGV tem o hábito de trabalhar com textos pequenos para cada questão ou com um texto
longo para toda a prova.
“(...) a arte, o seu coração” – a vírgula em questão é vicária, ou seja, está no lugar de um
verbo. Esse trecho é equivalente a “a arte é o seu coração”.

Eu e ele

• Texto em prosa, organizado em três parágrafos.


• Ele = computador. Elemento de subjetividade, muito presente nos textos literários.

No vertiginoso mundo dos computadores, o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco
anos, já pode ser definido como uma carroça. Nosso convívio não tem sido muito confortá-
vel. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente metíamos a
mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em tabletes até
as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com esferográfica, não
havia processo de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o abnegado monge
copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado. Agora, não. Damos
ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de ser trabalhadores bra-
çais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os dedos limpos.

• “Carroça”: valor conotativo! Marca do texto literário.


ANOTAÇÕES

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• Ele: o computador.
• “Lhe peço”: peço a ele (ao computador).
• “Cunhas”: instrumentos em metal, em tabletes.
• “Vestígio nos dedos”: tinta preta ou vermelha da máquina de escrever.
• “Agora”: elemento dêitico – faz referência ao tempo em que o autor se encontra.
• “Pós-industriais”: faz referência ao mundo tecnológico.
40m

Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio
perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma
máquina de escrever. Ele nos olha na cara. Tela no olho. A máquina de escrever fazia o que
você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se erramos,
ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais inteligente do
que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais aproveitará metade do
que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando estiver sendo progra-
mado por um igual. Isto é, outro computador. A máquina de escrever podia ter recursos que
você também nunca usaria (abandonei a minha sem saber para o que servia “tabulador”, por
exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguenta os humanos
por falta de coisa melhor, no momento.

• “Impõe”: termo relacionado a “autoridade”.


• “Você”: o autor dirige-se ao leitor.
• “Empáfia” significa arrogância.

Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente profis-


sional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo. E seu
ar de reprovação cresce. Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal e ele
perguntou: “Tem certeza?”
Luís Fernando Veríssimo.

• “Mesmo porque”: elemento de coesão sequencial.


• “Acho”: elemento de subjetividade.
• “Esta”: elemento dêitico: marca de quem redige.
ANOTAÇÕES

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4. “No vertiginoso mundo dos computadores, o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco
anos, já pode ser definido como uma carroça.” Está implícito nessa frase do texto que
a. o envelhecimento de computadores é muito rápido.
45m
b. o preço dos computadores há alguns anos era bem mais baixo.
c. a posse de um computador por pouco tempo nos dá ideia de nossa velhice.
d. os computadores tornam-se lentos com o passar do tempo.
e. o tempo de vida útil de um computador é mais longo a cada dia.

COMENTÁRIO

• O termo “implícito” faz referência a uma informação que deve ser inferida. O examina-
dor quer saber se o candidato domina a inferência sem extrapolar a realidade do texto
e por meio dos indícios que estão nesse trecho.
• “Vertiginoso” significa acelerado, rápido.
• “(...) O meu [computador], que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser
definido como uma carroça” – elemento anacrônico: um computador de quatro ou
cinco anos não é da mesma época que uma carroça.
• A “carroça” poderia se referir, também, à lentidão, mas a associação principal do trecho
como um todo é com a ideia de vertigem, de aceleração.

5. O computador é personificado no texto, atribuindo-se-lhe ações humanas. Assinale o


segmento que não comprova essa afirmativa.
a. “Ele nos olha na cara. Tela no olho.”
b. “Já o computador impõe certas regras.”
50m
c. “Se erramos, ele nos avisa.”
d. “Não diz ‘Burro!’.”
e. “Ele é mais inteligente do que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você
jamais aproveitará metade do que ele sabe.”

COMENTÁRIO
“Atribuindo-se-lhe”. “Se”: partícula apassivadora. “Lhe”: objeto indireto.
ANOTAÇÕES

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6. “Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo.” Os conec-
tores no início desse segmento têm valor de
a. acréscimo e causa.
b. causa e concessão.
c. concessão e explicação.
d. explicação e oposição.
e. oposição e acréscimo.

GABARITO
1. d
2. e
3. a
4. a
5. d
6. c

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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TEXTOS NÃO LITERÁRIOS

RELEMBRANDO
Na aula passada, falamos sobre o texto literário, cuja marca principal é o predomínio da
conotação. Muito cuidado com os desvios semânticos!

Elementos de construção do texto e seu sentido: textos não literários.

• Elementos de construção: teremos que estar atentos às formas organização e às


formas de caracterização – Texto em prosa, texto em versos, textos com elementos
verbais e não verbais etc.
– Atenção para a produção do sentido, das significações.

• Textos não literários: predomínio da denotação (valor dicionarizado, unívoco, lite-


ral, próprio). Poderá haver alguns trechos conotativos.

Características dos textos não literários:

• Preocupação com a realidade, utilitarismo, objetividade – no entanto, o elemento sub-


jetivo ainda está presente (por exemplo no artigo de opinião.) Este só é mais latente
no texto literário –, denotação;
5m
• Informação (função referencial), persuasão (função conativa/ apelativa – injunção,
instrução: uma receita de bolo, por exemplo), instrução, reflexão, questionamento,
análise, crítica (posicionamento, postura ideológica de quem redige);

ATENÇÃO
Não confunda linguagem conotativa (linguagem predominante no texto literário) com a
função conativa ou apelativa da linguagem.

• Prosa (texto organizado em períodos; os períodos articulados formarão os parágrafos);


ANOTAÇÕES

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O PULO DO GATO
Nas provas da FGV, é comum que o examinador cobre a função de cada parágrafo de um
texto. Ele quer que você tenha o domínio de toda a estrutura do texto e de todos os seus
desencadeamentos semânticos – considerando-se, claro, seu tipo e seu gênero.

• Terceira pessoa (especialmente na dissertação expositiva, na notícia), primeira pessoa


(eu, nós – artigo de opinião).
10m
– Em textos em primeira pessoa, muitos autores utilizam a primeira pessoa do plural
(nós) para incluir o leitor e garantir o processo de convencimento.

Gêneros textuais não literários:

• Artigo de opinião: o redator utiliza da primeira pessoa (eu) para se posicionar a res-
peito de um tema da realidade (como aborto, redução da maioridade penal etc.)
• Notícia, reportagem, artigo científico, bula de remédio, manual de instrução, livro
didático, dicionário, receita culinária, documento, bilhete, dissertação expositiva, dis-
sertação argumentativa (com o posicionamento de quem redige) e outros.

 Obs.: Quando um redator utiliza do pronome “eu” (ex: “eu acredito na democracia”), o “eu”
é um pronome dêitico: é a marca de quem redige. No entanto, há uma diferença entre
o “eu lírico”, muito presente nos textos literários, e o “eu dêitico”, muito presente nos
textos não literários.

O “eu lírico” não necessariamente é o “eu” real. O “eu” real é o “eu dêitico”.

Texto apresentado pela FGV

• Apresenta 6 parágrafos.
• Artigo de opinião (como pode ser verificado na referência). Nem sempre quem opina
precisa utilizar da primeira pessoa.
• Tema da nossa realidade.
• Predomínio da denotação.
15m
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A problemática da segurança pública nos dias atuais:

• “nos dias atuais”: marca temporal/ dêitica (referência ao tempo de quem redige o texto).

Com a evolução da sociedade, motivada certamente pelas inovações tecnológico-cultu-


rais, variados problemas vão surgindo em progressão geométrica, enquanto o regramento
e a disciplina jurídica avançam em progressão aritmética.

• “variados problemas”: hiperônimo (nome de significação ampla). O autor trouxe a pro-


blemática, mas ainda não inseriu o tema “segurança pública”.

Em pleno século XXI, especialistas e leigos se deparam com problemas, cada vez mais
difíceis, da falta de segurança pública no meio social, onde organizações criminosas
comandam o crime nas barbas do Estado, ou melhor, sob a total proteção do Estado,
determinando execuções e estruturando o tráfico de entorpecentes no interior do Sistema
Penitenciário Brasileiro.

• “Em pleno século XXI”: Elemento dêitico, referência ao tempo em que estamos.
• “(...) da falta de segurança pública no meio social”: hipônimo. Especificação do pro-
blema – significação restrita.
• “no meio social”: ideia de lugar.
• “nas barbas do Estado” Trecho conotativo.

ATENÇÃO
Não utilizar a linguagem conotativa em provas discursivas! Nesse exemplo, seria melhor:
“com a anuência do estado”.
20m

• “Ou melhor, sob total proteção do estado”: valor denotativo.

O Estado, por meio de seus representantes, não se profissionalizou, não evoluiu


estrategicamente. Quer resolver os problemas atuais com os mesmos métodos do século
passado e esquece que a sociedade atual não é a mesma de outrora; ao contrário da pas-
sada, cada vez mais se preocupa com as diretrizes adotadas na Segurança Pública.
ANOTAÇÕES

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• “O Estado, por meio de seus representantes, não se profissionalizou”: elemento da


ideologia do autor (que pode ser contra-argumentado). Isso é característica de textos
dissertativos-argumentativos.
• “atuais”: marca dêitica.
• “do século passado”: marca dêitica. “Século passado” só pode ser compreendido
levando-se em conta o século em que o texto foi redigido.
• Função de cada parágrafo: primeiro o tema foi apresentado de maneira ampliada;
depois, ele foi especificado.

Com efeito, a Segurança Pública, que era tratada perifericamente, por não trazer votos
para os governantes, passa a ser ponto central do jogo político, sobretudo quando se per-
cebe que os eleitores se encontram em cárcere privado, motivados pelo real temor em, a
qualquer momento, entrar nas estatísticas do crime pelo simples fato de sair de casa.

• Com efeito: elemento de coesão sequencial. Sinônimos: consequentemente; por


corolário.
• Por: elemento de coesão sequencial – consequência.
• Quando: Elemento de coesão sequencial – tempo.
• “Os eleitores se encontram em cárcere privado”: marca conotativa.
25m

Nesse contexto, peca o Estado ao amordaçar as Polícias Judiciárias, visto que é o tra-
balho de investigação e inteligência que proporciona informações imprescindíveis para o
desmantelamento não só financeiro, mas, também, estrutural da organização criminosa, ao
ponto de esfacelar o arcabouço interno desta.

• Peca o Estado: personificação/prosopopeia.


• Amordaçar: marca conotativa.
• Visto que: elemento de coesão sequencial – causa. Sinônimo: haja vista que.
• Desta: pronome grafado com t pode ter também função anafórica, desde que o obje-
tivo seja retomar termo sintático próximo.

Ademais, os governantes erram ao não procurarem eficácia em suas legislações cons-


titucional e infraconstitucional e darem valor a normas simbólicas, conforme entendimento
do Prof. Marcelo Neves, com o simples desiderato de assegurar confiança nos sistemas
ANOTAÇÕES

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jurídico e político. Contudo, esquecem que, a longo prazo, essas normas geram incerteza e
insatisfação social, sobretudo se levarmos em consideração sua ineficácia em concretizar
não só os direitos e garantias fundamentais, mas, também, os deveres que cada cidadão
deve observar para a manutenção da paz coletiva.

• Ademais: elemento de coesão sequencial. Ideia de acréscimo. Sinônimo: além disso.


• Erram: valor denotativo de sentido similar ao verbo “pecam” empregado de forma
conotativa no parágrafo anterior.
• “Conforme entendimento do Prof. Marcelo Neves”: argumento de autoridade.
• Contudo: elemento de coesão sequencial – adversidade.
• Levantarmos: primeira pessoa do plural, traz o leitor para o texto.
30m
• Também: soma.
Ubiratan Rocha Fernandes, https://jus.com.br/artigos/77280/a-problematica-da-seguranca-publi-
ca-nos-dias-atuais (com adaptações).

1. No texto 1, o primeiro parágrafo tem a função textual de:


a. delimitar o tema a ser tratado no texto: segurança pública;
b. alertar sobre os problemas da segurança pública;
c. indicar um exemplo a ser evitado;
D.prever um futuro a ser alcançado no Brasil;
e. trazer uma generalização em que, posteriormente, se insere a segurança pública.

2. Ao explicitar que “Em pleno século XXI, especialistas e leigos se deparam com proble-
mas, cada vez mais difíceis, da falta de segurança pública no meio social, onde organi-
zações criminosas comandam o crime nas barbas do Estado”, o autor do texto 1 apela
para um tipo de figura de linguagem caracterizada pela:
a. personificação de seres inanimados;
b. utilização de um todo significando uma parte;
c. comparação entre um termo real e um figurado;
d. repetição enfática de termos;
e. presença de termos de significação oposta.
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COMENTÁRIO
No trecho em questão, não foi utilizada uma ação para a realização da prosopopeia, mas
uma imagem, uma comparação: “barbas do estado”. Assim como uma pessoa, o Estado
mencionado no texto também.
35m

3. O segundo parágrafo do texto 1 tem a finalidade de:


a. destacar a falta de segurança pública no Brasil;
b. enfatizar o tráfico de entorpecentes no interior do Sistema Penitenciário Brasileiro;
c. comprovar uma afirmação anterior, que parecia demasiadamente vaga;
d. exemplificar um caso de execução no interior dos presídios brasileiros;
e. acrescentar um argumento que garanta o convencimento do leitor.

5. O terceiro parágrafo do texto 1 deve ser classificado, em termos de gênero textual pre-
dominante, como:
a. argumentativo;
b. instrucional;
c. didático;
d. preditivo;
e. injuntivo.

COMENTÁRIO
Preditivo: antecipação do futuro.
Injuntivo: instruções, ordens, orientações.

6. O segmento do texto 1 que NÃO apresenta uma marca denotativa é:


40m
a. “os governantes erram ao não procurarem eficácia em suas legislações constitucional
e infraconstitucional “;
b. “essas normas geram incerteza e insatisfação social”;
c. “Nesse contexto, peca o Estado ao amordaçar as Polícias Judiciárias”;
d. “os deveres que cada cidadão deve observar para a manutenção da paz coletiva”;
e. “esquece que a sociedade atual não é a mesma de outrora”.
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7. O último parágrafo do texto 1 funciona como:


a. uma afirmativa que contradiz o parágrafo anterior;
b. um acréscimo ao que é apresentado no parágrafo anterior;
c. um argumento de autoridade cuja base é irrefutável;
d. uma opinião pessoal que não é juridicamente justificada;
e. uma marca subjetiva do autor do texto.

COMENTÁRIO
• Volte ao último paragrafo do texto! Ele inicia-se com “Ademais”.
• “Refutação” significa contra-argumentação.

GABARITO
1. e
2. c
3. a
5. a
6. c
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Exposição Argumentativa
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EXPOSIÇÃO ARGUMENTATIVA

RELEMBRANDO
No texto literário, há o predomínio da conotação e, no texto não literário, há o predomínio
da denotação.

O PULO DO GATO
A banca trabalha com diversas situações. Por vezes, a FGV aborda textos extensos e, às
vezes, traz textos de curta extensão, mas todos exigem o domínio de aspectos teóricos
como o conhecimento de nomenclaturas da linguística textual e da teoria literária.
Primeiramente, a FGV indicou a cobrança dos seguintes tópicos:
• Mecanismos de coesão textual;
• Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos;
• Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literá-
rio, narrativo, descritivo e argumentativo);
• Interpretação e organização interna; intertextualidade;
• Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo;
• Variação linguística: norma culta;
• Posteriormente, a banca expôs o seguinte programa:
– Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem;
– Compreensão de texto: observação dos processos que constroem os significa-
dos textuais;
– A linguagem e a lógica;
– As estruturas linguísticas no processo de construção de mensagens adequadas;
– A pragmática na linguagem: o significado contextual;
– A semântica vocabular: antônimos, sinônimos, homônimos, parônimos e heterônimos;
– Os modos de organização discursiva: a descrição, a narração, a exposição informa-
tiva e a exposição argumentativa;
– A organização das frases nas situações comunicativas: a colaboração e a relevân-
cia; os atos de fala;
– A linguagem lógica e a figurada;
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– Os diversos níveis de linguagem;


– Os tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre;
– As funções da linguagem.

Percebe-se a cobrança da “decodificação dos diversos tipos de texto”; por esse motivo,
têm-se abordada a sinonímia, a paronímia, a heteronímia, a homonímia, a hiponímia, a
metonímia, além de diversos processos de coesão lexical.
Quanto ao tópico de “linguagem e lógica”, faz-se premente notar que todo o processo
coesivo utiliza-se da análise sintática e a lógica proveniente dessa análise. Sendo assim,
para o tópico linguagem e lógica, dominar os mecanismos de coordenação e subordinação
entre os termos oracionais e entre as orações.
5m
O tópico de “estruturas linguísticas no processo de construção de mensagens adequadas”
pede o domínio do padrão culto da língua portuguesa desde o nível fonético até o fonoló-
gico e sintático.
O tópico de “pragmática na linguagem” e “semântica” pedem o domínio do sentido.
A “organização discursiva” está inserida no tema desta aula. Ademais, lembre-se que a
linguagem lógica é denotativa e a linguagem figurada é conotativa.

Exposição Argumentativa (Dissertação)

Observe como o tema tem sido cobrado pela banca com um exemplo de texto retirado
da revista Veja:
10m

A Revolução do Real
Há duas formas de revolução na história humana: as rumorosas, feitas com o sangue, o
suor e as lágrimas das populações, e as silenciosas – que, em geral, tendem a ser mais efetivas
no que diz respeito aos benefícios proporcionados à maioria. Elas são consideradas silenciosas
não porque feitas nos subterrâneos, longe dos ouvidos e dos olhos das pessoas, mas porque
deixam de ser percebidas como revoluções enquanto se desenrolam. Seu caráter profunda-
mente renovador é reconhecido somente a posteriori, quando muitos se dão conta, enfim, das
mudanças por elas promovidas. Há quinze anos, começou a ocorrer uma revolução silenciosa
no Brasil: o lançamento do real, a moeda que pôs um ponto final na hiperinflação e que, ponta
de lança do plano ao qual emprestou seu nome, catapultou o país a um novo patamar de desen-
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volvimento. Com o real, os brasileiros redescobriram o valor do dinheiro e das coisas. Passaram
a planejar seu presente e seu futuro. Elevaram seu padrão de renda e bem-estar. A economia
ganhou um arcabouço mais nítido e moderno, com o saneamento do sistema financeiro, as pri-
vatizações, as agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, as metas de superavit
primário, o câmbio flutuante e a autonomia operacional do Banco Central.
(Veja, 8/07/2009)

Primeiramente, observa-se o arquilexema, isto é, a maior base de significação do texto.


O núcleo semântico do texto está presente logo em seu título “A Revolução do Real”, ou seja,
todas as palavras do texto estão relacionadas com o arquilexema.

ATENÇÃO
Jamais ignore o título do texto e a sua nota de referência original. Ademais, muitos textos
da revista Veja possuem caráter argumentativo e não somente expositivo.

Iniciando a leitura do texto, percebe-se o uso catafórico de “duas” e o retorno subse-


quente ao arquilexema em “formas de revolução na história humana”; este trecho apresenta
também o hiperônimo “formas de revolução”, que será sucedido por dois hipônimos que o
explicitam: “rumorosas e silenciosas”.
Notar as retomadas de antecedente no uso da palavra “que”, primeiro retomando a pala-
vra “silenciosas” e, posteriormente, o termo “no” que possui o valor de “aquilo”. A seguir, a
frase é iniciada com o termo “elas”, retomando as revoluções “silenciosas”. O trecho “não
porque feitas nos subterrâneos, longe dos ouvidos e dos olhos das pessoas, mas porque
deixam de ser percebidas como revoluções enquanto se desenrolam”, aponta que as revolu-
ções não são percebidas naturalmente.
O elemento “seu” mantém a ideia acerca do mesmo tipo de revolução e explicita que
o caráter dessas revoluções só se revela depois, “quando muitos se dão conta, enfim, das
mudanças por elas promovidas”; perceba que o termo “mudanças” pertence ao mesmo grupo
semântico de “revolução”, evitando, dessa forma, repetições desnecessárias.
15m
O período seguinte discorre acerca de uma revolução ocorrida no Brasil, valendo-se do
conteúdo exposto anteriormente para caracterizar automaticamente para o leitor a natureza da
revolução. O uso do sinal de dois pontos (:) introduz o tema central do texto: “o lançamento do
real”. Percebe-se logo que se trata da moeda. Na sequência, o texto entra em seu processo
de desfecho com a descrição das mudanças provocadas na vida dos brasileiros pela moeda.
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DIRETO DO CONCURSO
1. Sobre o título dado ao texto – A Revolução do Real –, pode-se dizer que ele se refere:
a. às modificações provocadas na realidade pelas revoluções.
b. às mudanças provocadas pela nova moeda na realidade brasileira.
c. aos benefícios trazidos à sociedade pelas revoluções rumorosas.
d. aos malefícios provocados pela mudança de padrão monetário no Brasil.
e. às alterações produzidas por uma política econômica realista.

COMENTÁRIO
Perceba que o enunciado quer saber se o candidato consegue sintetizar a ideia do texto
por meio do título.
20m

2. A designação de silenciosas para algumas revoluções se prende ao fato de que:


a. são mais eficientes na produção de benefícios.
b. trazem muito sacrifício às populações que as realizam.
c. se processam de forma oculta.
d. passam de forma despercebida a muitos.
e. acabam com problemas graves de forma suave.

COMENTÁRIO
Cuidado para não confundir os parônimos “despercebido” (não notado) e “desapercebido”
(desprevenidos).
25m

3. Os vocábulos do texto que se ligam semanticamente à ideia de revolução, como “movi-


mento de transformação brusca e radical”, são:
a. sangue – suor – lágrimas.
b. benefícios – subterrâneos – hiperinflação.
c. renovador – mudanças – redescobriram.
d. renda – bem-estar – saneamento.
e. superávit – câmbio – autonomia.
ANOTAÇÕES

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COMENTÁRIO
A questão trabalha com campos semânticos, requerendo palavras que se ligam semantica-
mente à ideia de revolução e que estejam presentes no próprio texto.
30m

4. O segmento do texto a seguir que, apesar de estruturar-se em dois termos, como os


demais, representa de fato um só elemento, é:
a. “o valor do dinheiro e das coisas”.
b. “Elevaram seu padrão de renda e bem-estar”.
c. “A economia ganhou um arcabouço mais nítido e mais moderno”.
d. “o câmbio flutuante e a autonomia operacional do Banco Central”.
e. “longe dos ouvidos e dos olhos das pessoas”.

COMENTÁRIO
A questão pede o domínio da morfologia e das relações de coordenação e subordinação
entre os elementos morfológicos. O enunciado busca dois termos que caracterizam ape-
nas um elemento.

5. A expressão sublinhada que tem uma forma de substituição inadequada por alterar o
sentido original do texto é:
a. “...que, em geral, tendem a ser mais efetivas...” = geralmente.
b. “...no que diz respeito aos benefícios...” = se refere.
c. “...reconhecido somente a posteriori...” = posteriormente.
d. “...quando muitos se dão conta, enfim, das mudanças...” = percebem.
e. “...a moeda que pôs um ponto final na hiperinflação...” = reduziu

COMENTÁRIO
A questão trata de semântica.
35m

6. “Com o real, os brasileiros redescobriram o valor do dinheiro e das coisas.”; a frase


a seguir em que a preposição com tem o mesmo valor semântico da ocorrência su-
blinhada é:
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a. Com a chuva, todas as ruas ficaram alagadas.


b. Os turistas encontraram-se com os amigos no aeroporto.
c. Todos saímos com os amigos recém-chegados.
d. Com quem eles viajaram nós não vimos.
e. Brigaram com os adversários durante horas.

COMENTÁRIO
Perceba que a questão exemplifica como a semântica requer o domínio de todas as clas-
ses gramaticais.

7. Pode-se dizer, sobre a finalidade do texto lido, que o seu autor pretende:
40m
a. narrar a história do real para os mais novos.
b. descrever a situação política que levou à criação do real.
c. defender a ideia de que a criação do real foi silenciosa e eficiente.
d. elogiar a criação da nova moeda como fator de estabilidade.
e. criticar a hiperinflação do país na época da criação do real.

COMENTÁRIO
Atente-se à finalidade do texto lido e busque a precisão das alternativas, cuidado com os
adjetivos atribuídos nas alternativas que não tenham qualquer respaldo com a finalida-
de do texto.

GABARITO
1. b
2. d
3. c
4. c
5. e
6. a
7. d

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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Exposição Argumentativa II
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EXPOSIÇÃO ARGUMENTATIVA II

Texto Dissertativo-Argumentativo

O texto dissertativo-argumentativo é um gênero que tem por essência exprimir a opinião


do seu autor através de sua opinião e de seu viés ideológico.
O texto dissertativo-argumentativo é estruturado por:

• Opinião;
• Posicionamento;
• Postura ideológica do autor.
5m

Recursos da Argumentação

• Refutação/contra-argumentação;
• Exemplificação (convencimento);
• Argumento de autoridade (citação).

DIRETO DO CONCURSO

(FGV) Alterar o ECA independe da situação carcerária


(O Globo, Opinião, 23/06/2015)
Nas unidades de internação de menores infratores reproduzem-se as mesmas maze-
las dos presídios para adultos: superpopulação, maus-tratos, desprezo por ações de
educação, leniência com iniciativas que visem à correição, falhas graves nos procedi-
mentos de reinclusão social etc. Um levantamento do Conselho Nacional do Ministério
10m
Público mostra que, em 17 estados, o número de internos nos centros para jovens
delinquentes supera o total de vagas disponíveis; conservação e higiene são peças de
ficção em 39% das unidades e, em 70%delas, não se separam os adolescentes pelo
porte físico, porta aberta para a violência sexual.
Assim como os presídios, os centros não regeneram. Muitos são, de fato, e também a
exemplo das carceragens para adultos, locais que pavimentam a entrada de réus pri-
mários no mundo da criminalidade. Esta é uma questão que precisa ser tratada no âm-
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bito de uma reforma geral da política penitenciária, aí incluída a melhoria das condições
das unidades socioeducativas para os menores de idade. Nunca, no entanto, como
argumento para combater a adequação da legislação penal a uma realidade em que a
violência juvenil se impõe cada vez mais como ameaça à segurança da sociedade.
15m O raciocínio segundo o qual as más condições dos presídios desaconselham a redução
da maioridade penal consagra, mais do que uma impropriedade, uma hipocrisia. Parte
de um princípio correto – a necessidade de melhorar o sistema penitenciário do país,
uma unanimidade – para uma conclusão que dele se dissocia: seria contraproducente
enviar jovens delinquentes, supostamente ainda sem formação criminal consolidada, a
presídios onde, ali sim, estariam expostos ao assédio das facções. Falso. A realidade
mostra que ações para melhorar as condições de detentos e internos são indistinta-
mente inexistentes. A hipocrisia está em obscurecer que, se o sistema penitenciário
tem problemas, a rede de “proteção” ao menor consagrada no Estatuto da Criança e
do Adolescente também os tem. E numa dimensão que implica dar anteparo a jovens
envolvidos em atos violentos, não raro crimes hediondos, cientes do que estão fazendo
e de que, graças a uma legislação paternalista, estão a salvo de serem punidos pelas
ações que praticam.
Preservar o paternalismo e a esquizofrenia do ECA equivale a ficar paralisado diante de
um falso impasse. As condições dos presídios (bem como dos centros de internação) e
a violência de jovens delinquentes são questões distintas, e pedem, cada uma em seu
âmbito específico, soluções apropriadas. No caso da criminalidade juvenil, o correto é
assegurar a redução do limite da inimputabilidade, sem prejuízo de melhorar o sistema
penitenciário e a rede de instituições do ECA. Uma ação não invalida a outra. Na verda-
de, as duas são necessárias e imprescindíveis.
20m

1. Considerando o conjunto do texto 1, o título “Alterar o ECA independe da situação car-


cerária” representa:
A. uma opinião que se choca com a do autor do texto;
B. um argumento favorável à redução da maioridade penal;
C. um contra-argumento que é explicitado no corpo do texto;
D. uma tese apoiada em argumentos de autoridade;
E. um argumento que se apoia na intimidação do leitor.
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COMENTÁRIO
Se é defendido que “Alterar o ECA independe da situação carcerária”, a ação de alterar o
ECA independe da situação carcerária, ou seja, o texto apresenta uma contra-argumenta-
ção à redução da maioridade penal.
25m

2. Na progressão do texto 1, há uma série de segmentos em que a relação entre a situa-


ção de menores infratores e a de prisioneiros adultos é estabelecida; o segmento em
que essa relação está ausente é:
A. “Nas unidades de internação de menores infratores reproduzem-se as mesmas maze-
las dos presídios...”;
B. “Assim como os presídios, os centros não regeneram”;
C. “...em 17 estados, o número de internos nos centros para jovens delinquentes supera
o total de vagas disponíveis;”
D. “Muitos são, de fato, e também a exemplo das carceragens para adultos, locais que
pavimentam a entrada de réus primários no mundo da criminalidade”;
E. “A realidade mostra que ações para melhorar as condições de detentos ou internos
são indistintamente inexistentes”.

COMENTÁRIO
Procurar dentro das alternativas a presença da relação entre os dois termos. Na alternativa
“A”: menores infratores e presídios estabelece a relação. Na alternativa “B”: presídios e
centro. Na alternativa “D”: carceragem e locais que pavimentam a entrada. Na alternativa
“E”: detentos e internos. Não há relação entre os dois termos na alternativa “C” que trata
apenas de menores infratores.
30m

3. Na estruturação do texto 1, a função do primeiro parágrafo é:


A. mostrar que a situação dos centros de internação de menores é caótica e que, por
isso mesmo, não podem receber mais delinquentes;
B. indicar uma crítica ao sistema penitenciário que antecipa a rejeição da redução da
maioridade penal;
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C. denunciar falhas na rede de instituições do ECA, idênticas às dos adultos, a fim de


que se negue força ao argumento de que a situação carcerária desaconselharia a
redução da maioridade penal;
D. apoiar a ideia de que a redução da maioridade penal não deve fazer com que meno-
res delinquentes sejam internados junto a adultos;
E. criticar o desapreço das autoridades diante de problemas carcerários que afetam
tanto os menores quanto os adultos.

COMENTÁRIO
O primeiro parágrafo do texto exprime a ideia de que, tanto a internação de menores in-
fratores quanto os presídios para adultos apresentam as mesmas mazelas, formando o
argumento que desaconselha a redução da maioridade penal.
35m

4. A linguagem empregada no texto 1 exemplifica tanto a linguagem lógica como a lingua-


gem figurada; o segmento em que ocorrem somente casos de linguagem lógica é:
A. “...não se separam os adolescentes pelo porte físico, porta aberta para a violên-
cia sexual”;
B. “...locais que pavimentam a entrada de réus primários no mundo da criminalidade”;
C. “Preservar o paternalismo e a esquizofrenia do ECA equivale a ficar paralisado diante
de um falso impasse”;
D. “No caso da criminalidade juvenil, o correto é assegurar a redução do limite da inim-
putabilidade...”;
E. “...conservação e higiene são peças de ficção em 39% das unidades...”.

COMENTÁRIO

• Linguagem Lógica: Denotativa. Própria dos textos não literários.


• Linguagem Figurada: Construída, muitas vezes, por meio de metáforas, que apresenta
desvio semântico.

Na alternativa “A”, “porta aberta” está em sentido figurado. Na alternativa “B”, “pavimen-
tam a entrada” está em sentido figurado. Na alternativa “C”, “esquizofrenia” está em sentido
figurado. Na alternativa “E”, “peças de ficção” está em sentido figurado.
35m
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5. O texto entre aspas que exemplifica adequadamente o problema dos presídios desta-
cados no primeiro parágrafo do texto 1 é:
A. Superpopulação – “Os presos são divididos em vários grupos e cada grupo só tem
direito a banho de sol de quinze minutos”.
B. Maus-tratos – “Os presos são obrigados a permanecer em fila durante a revista diária
e, só após o toque da sirene, podem ir para as celas”.
C. Desprezo por ações de educação – “Os prisioneiros fazem as refeições em conjunto
e nem sempre as normas de polidez à mesa são seguidas”.
D. Conservação e higiene são peças de ficção – “Ao serem libertados, os prisioneiros
sofrem preconceitos quando se apresentam para empregos”.
E. Leniência com iniciativas que visem à correição – “Os presos que se rebelam por
algum motivo são levados para as solitárias, onde ficam às vezes por vários dias”.

COMENTÁRIO
A exemplificação é um recurso de consistência argumentativa. O primeiro termo das al-
ternativas são hiperônimos (palavras de sentido abrangente) e a questão pede que seja
identificada a alternativa em que há a presença de um significado mais específico, um
hipônimo, da primeira definição apresentada.
40m

6. Ao citar o levantamento feito pelo Conselho Nacional do Ministério Público, o autor do


texto 1 tem a finalidade argumentativa de:
A. demonstrar a atualidade das informações prestadas;
B. indicar a seriedade do tema tratado;
C. valorizar a precisão da informação dada;
D. mostrar a polêmica motivada pelo tema;
E. criticar a incúria das autoridades.

COMENTÁRIO
Ao apresentar um dado de fonte segura na elaboração do texto, a intenção é sempre a de
valorizar e demonstrar o embasamento e a precisão do argumento fornecido.
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7. A seção de jornal de onde foi retirado o texto denomina-se Opinião; no caso do texto 1,
a opinião que é estruturalmente a mais importante é a de que:
A. não se pode aceitar o argumento, contrário à redução da maioridade penal, de que a
situação carcerária impede essa redução;
B. é urgente em todo o país a melhora do sistema penitenciário e a rede de institui-
ções do ECA;
C. nas unidades de internação ocorre um aprendizado do crime pelos que são réus
primários;
D. o ECA é um estatuto superado, pois desconhece os próprios problemas, protegendo
45m
os menores de forma paternalista e esquizofrênica;
E. é inadiável a obtenção de soluções apropriadas para a violência de jovens delinquen-
tes, que só pode ser obtida pela redução da maioridade penal.

COMENTÁRIO
O texto apresenta um contra-argumento sobre a redução da maioridade penal e esta é a
opinião mais importante que é apresentada no texto, que a restruturação do ECA indepen-
de da situação carcerária.

GABARITO
1. c
2. c
3. c
4. d
5. a
6. c
7. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
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ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Interpretação de Textos (Interferências)
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (INTERFERÊNCIAS)

Seja bem-vindo mais uma vez ao nosso curso de compreensão e interpretação de textos
nas provas da Fundação Getúlio Vargas, que sempre apresenta peculiaridades importantís-
simas sobre os textos. Já falamos sobre texto literário e texto não literário e sobre a disserta-
ção expositiva e a dissertação argumentativa. Ainda falaremos sobre descrição, narração e
gêneros importantíssimos da narração.
Na aula passada, tivemos a oportunidade de falar sobre recursos de consistência expo-
sitivo-argumentativa. Entre esses recursos, temos a exemplificação, o argumento de auto-
ridade, a refutação ou contra-argumentação, as relações de causa e consequência. Esses
recursos estão relacionados a uma habilidade muito importante: compreensão e interpreta-
ção dos diversos tipos de textos.
Salienta-se que a interpretação de texto está relacionada às inferências, que são dedu-
ções lógicas, isto é, conclusões lógicas com base em indícios presentes no texto. Aqui, é
preciso dominar o intertexto, sem cometer o erro da extrapolação.
Muitas vezes, quando o examinador cobra as inferências, ele pede que você verifique o
que está por trás do texto, sem cometer o erro da extrapolação.
5m
Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem. O ato de decodifi-
car exige diversas habilidades. É preciso analisar os implícitos e os explícitos. Interpretação e
organização interna (mecanismos de coesão e coerência). Elementos de construção do texto
e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo).
Desses três tipos, o tipo argumentativo é o mais cobrado pela Fundação Getúlio Vargas.
Mas, é preciso visitar todos os outros tipos e gêneros (variações dos tipos).

DIRETO DO CONCURSO
Os pais precisariam manter certos valores básicos, que servem como modelos para
seus filhos. É preciso transmitir a estes maior noção de responsabilidade e também
mostrar-lhes que é possível eles próprios, com os mecanismos de que dispõem, muda-
rem algumas coisas.

1. (FGV) Infere-se do texto acima que


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a. filhos que não são responsáveis perturbam os valores básicos que os pais tentam
transmitir-lhes. b) pais que não servem como modelos para seus filhos não mudam
nada em sua própria vida, nem na deles.
c. para que os filhos mudem, é preciso que primeiro mudem seus pais.
d. os filhos podem absorver valores, como responsabilidade e autonomia, que lhes
serão úteis para encontrar seu próprio caminho.
e. os filhos só podem mudar alguma coisa em sua vida se aprenderem com a experiên-
cia dos pais.
10m

COMENTÁRIO
Tópico frasal (ideia núcleo do parágrafo):
“Os pais precisariam manter certos valores básicos, que servem como modelos para
seus filhos.”
Desenvolvimento:
“É preciso transmitir a estes maior noção de responsabilidade e também mostrar-lhes que
é possível eles próprios, com os mecanismos de que dispõem, mudarem algumas coisas.”
Muito cuidado com isto: se o pronome “esses” fosse utilizado, uma ambiguidade seria cria-
da, pois o pronome grafado com ss é especialmente anafórico. Ocorre que há três refe-
rentes no masculino plural. Mas, ao utilizar “estes”, o objetivo é retomar o termo masculino
plural próximo, isto é, os filhos.
Além disso, ressalta-se que “responsabilidade” é um entre muitos valores básicos. Então,
o termo “valores básicos” é um hiperônimo (nome de significação ampla). Assim, “respon-
sabilidade” é um hipônimo (significação restrita).
15m
Ademais, observe o seguinte:
• Estes: os filhos;
• Mostra-lhes: os filhos;
• Eles próprios: os filhos.
Os pronomes estes, lhes e eles próprios formam uma cadeia coesiva anafórica com o
mesmo referente sintático: filhos.
Veja o seguinte:
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Interpretação de Textos (Interferências)
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O primeiro valor básico está implícito, mas o segundo valor básico está logicamente implí-
cito: se eles mudam algo sozinhos, o outro valor básico é a autonomia/inferência. Observe
que isso é uma inferência.
Agora, analise as questões:
a. O texto não menciona que filhos que não são responsáveis perturbam os valores bási-
cos que os pais tentam transmitir-lhes. Há extrapolação.
b. Mais uma vez, o texto não menciona isso.
c. Veja que aqui há ambiguidade: parece que existe uma elipse. Na realidade, há dupla
possibilidade de interpretação.
20m
d. Note que os filhos podem absorver valores, como responsabilidade e autonomia, que
lhes serão úteis para encontrar seu próprio caminho. Há indícios para essa dedução lógica.
e. Nesse caso, elimina-se a ideia de independência. Na verdade, eles também podem mu-
dar alguma coisa de maneira independente.

É preciso perceber as conexões implícitas, as quais são também uma forma de inferência
e compreensão. Então, existem conectores explícitos e logicamente implícitos.
Veja o seguinte:
O prefeito recebeu muitos recursos. Não investiu em áreas essenciais.
Note que temos, aqui, orações completas. Ou seja, do ponto de vista sintático, chama-
mos isso de orações justapostas. Veja que você terá de inferir, com base no conteúdo dessas
orações justapostas, qual é o conectivo que está logicamente implícito e que carga semân-
tica esse conectivo traduz no contexto.
Se você perceber que ele recebeu muitos recursos, você imagina que ele investirá em
áreas essenciais. Mas, o conectivo que está logicamente implícito é o “mas”, o qual traduz
uma frustração de expectativa e uma oposição semântica.
Agora, vejamos, no texto de Machado de Assis, que elemento de conexão fixa logica-
mente implícito.
25m

2. (FGV) “É minha opinião que não se deve dizer mal de ninguém, e ainda menos da polí-
cia. A polícia é uma instituição necessária à ordem e à vida da cidade.”
(Machado de Assis, A Semana – 1871)
Sobre a estruturação desse pensamento de Machado de Assis, a única observação
correta é:
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a. há uma contradição lógica entre os dois períodos que compõem esse pensamento;
b. o texto mostra fraco poder argumentativo por tratar-se de uma opinião;
c. o segundo período é uma explicação que justifica o período anterior;
d. o segmento “e ainda menos da polícia” retifica uma afirmação anterior;
e. os dois períodos do texto poderiam trocar de posição sem alteração do sentido global.

COMENTÁRIO
a. Não é uma contradição ou oposição entre essas estruturas.
b. Aqui, utiliza-se da função emotiva ou expressiva da linguagem. Além disso, utiliza-se da
primeira pessoa do singular. Isso enfraquece a argumentação? Na realidade, há uma argu-
mentação subjetiva. Isso não é um elemento comprometedor da argumentação.
c. É preciso perceber que se trata de uma inferência, isto é, uma dedução lógica. Na reali-
dade, o segundo período é uma explicação que justifica o período anterior. O elemento que
fica logicamente implícito é o “pois”, que pode ser substituído por “porquanto”.
d. Cuidado com os parônimos “ratifica” (confirmação) e “retifica” (correção). Nesse aqui,
não é uma retificação, mas sim uma ratificação.
e. A coordenação é um elemento muito sério. Como não existe subordinação sintática, não
é possível fazer essa mudança.
30m
Tudo isso será importante para a produção de uma redação e para a prova de outra insti-
tuição, pois todas as boas instituições cobram esses detalhes.

3. (FGV) Um escritor americano é autor da seguinte frase: “Não grite por socorro à noite.
Pode acordar os vizinhos.” Tal frase apresenta um problema textual, que é:
a. a falta de coerência;
b. a inadequação vocabular;
c. a pontuação equivocada;
d. a ausência de coesão;
e. o desrespeito à norma culta.

COMENTÁRIO
“Pode” traduz a ideia de possibilidade.
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Interpretação de Textos (Interferências)
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Veja que essa frase apresenta um problema textual. É solicitada a decodificação de diver-
sos tipos de mensagem.
A intenção de gritar por socorro à noite é justamente para acordar os vizinhos. Assim, há
uma ausência de coerência.
35m
Ressalta-se que não há vocábulos empregados de maneira inadequada. Além disso, não
há pontuação equivocada. Ademais, há uma coesão implícita provocando uma incoerên-
cia. Por fim, não há erros de concordância ou regência.

4. (FGV) “Scotland Yard é o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropo-


litana de Londres. Seu nome vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro quartel
central e onde, por outro lado, localizou-se o palácio que utilizavam os reis da Escócia
quando visitavam a Inglaterra.” (Atrás das palavras, Charlie Lopes) A afirmação correta
sobre um dos termos sublinhados é:
a. Seu se refere à Polícia Metropolitana de Londres;
b. a primeira ocorrência de onde se refere à cidade de Londres;
c. quartel não aparece citada anteriormente, mas se liga à polícia;
d. a segunda ocorrência de onde se refere a primeiro quartel central;
e. o relativo que tem por antecedente quartel central.

COMENTÁRIO
Tópico frasal:
“Scotland Yard é o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana
de Londres.”
Desenvolvimento:
“Seu nome vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro quartel central e onde, por
outro lado, localizou-se o palácio que utilizavam os reis da Escócia quando visitavam a
Inglaterra.”
a. Não. O nome do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana de
Londres vem do nome da rua.
b. A primeira e a segunda ocorrências de “onde” têm “rua” como referente.
40m
c. “quartel” não aparece citada anteriormente, mas se liga semanticamente à “polícia”.
d. Não.
ANOTAÇÕES

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e. O relativo “que” tem por antecedente “palácio”.

5. (FGV) “Scotland Yard é o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropo-


litana de Londres. Seu nome vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro quartel
central e onde, por outro lado, localizou-se o palácio que utilizavam os reis da Escócia
quando visitavam a Inglaterra.” (Atrás das palavras, Charlie Lopes) O objetivo principal
deste pequeno texto é:
a. informar aos leitores o que é a Scotland Yard;
b. retirar de circulação informações erradas;
c. justificar a denominação da instituição;
d. divulgar informações turísticas interessantes;
e. localizar a sede da Scotland Yard.

COMENTÁRIO
Tópico frasal:
“Scotland Yard é o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana
de Londres.”
Desenvolvimento:
“Seu nome vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro quartel central e onde, por
outro lado, localizou-se o palácio que utilizavam os reis da Escócia quando visitavam a
Inglaterra.”
O desenvolvimento desenvolve o porquê de o Departamento de Investigações Criminais
da Polícia Metropolitana de Londres receber o nome Scotland Yard.
O objetivo principal desse pequeno texto não é informar aos leitores o que é a Scotland
Yard nem retirar de circulação as informações erradas.
O Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana de Londres recebe o
nome de Scotland Yard exatamente por causa do nome da rua onde funcionou o primeiro
quartel central.
45m

6. (FGV) “A Polícia Civil cumpriu, nesta quinta-feira (19), dois mandados de prisão na
zona leste de Porto Alegre contra ladrões de veículos. Um deles, que havia rompido
tornozeleira eletrônica após ter progredido de regime, foi recapturado no bairro Glória
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e, segundo a investigação, seguia cometendo crimes.” A afirmação abaixo que pode ser
inferida após a leitura do texto é:
a. a utilização de tornozeleiras eletrônicas se tem revelado completamente inútil como
medida punitiva;
b. a libertação de prisioneiros por progressão de regime é um incentivo à volta da vida
criminosa;
c. a lei não pode evitar a volta de ladrões de veículos à vida do crime, já que as torno-
zeleiras eletrônicas são rompidas;
d. nem todos os criminosos que são libertados por progressão de regime voltam à
vida do crime;
e. os criminosos que continuam sua vida criminosa, mesmo após soltura, são
recapturados.

COMENTÁRIO
O texto apresentado na questão é informativo.
“Nesta” é um dêitico, isto é, uma marca temporal de quem exige.
a. Só porque um deles conseguiu romper a tornozeleira, é possível deduzir logicamente que
a utilização de tornozeleiras eletrônicas é completamente inútil? Isso é uma extrapolação.
b. Isso também é uma dedução que extrapola a realidade do texto.
c. Mesma justificativa do item anterior.
50m
d. Item em acordo com os conteúdos estudados.
e. Não há indícios para isso no texto.

“As coisas mudam no devagar depressa dos tempos.”


Guimarães Rosa
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GABARITO
1. d
2. c
3. a
4. c
5. c
6. d

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor pelo professor Fernando Moura.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E FUNÇÃO DA LINGUAGEM

Hoje, articularemos, no programa da FGV, a interpretação de texto e as funções da lin-


guagem. Observe o que o programa traz:
Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem. Interpretação e
organização interna. Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literá-
rio e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo). As funções da linguagem.
Essas funções são muito importantes para o entendimento de diversos tipos e diversos
gêneros. Por exemplo: na aula passada, analisamos uma questão em que o examinador afir-
mou que o emprego da função emotiva ou expressiva enfraquecia o poder de argumentação.
Não! Isso não é elemento determinante. Tudo depende da forma com que você produz o
texto. Então, ao utilizar elementos de conexão, em tese, espera-se garantir coerência. Mas,
pode haver coerência sem elementos de conexão explícitos, pois eles podem ficar logica-
mente implícitos. É por isso que temos trabalhado as inferências e as deduções lógicas.

DIRETO DO CONCURSO
No texto a seguir, o redator se utiliza de elementos de sequenciação:
Texto 1
“A instituição policial brasileira, segundo documentação existente no Museu Nacional
do Rio de Janeiro, data de 1530, quando da chegada de Martim Afonso de Sousa en-
viado ao Brasil – Colônia por D. João III.
5m
A pesquisa histórica revela que, no dia 20 de novembro de 1530, a polícia brasileira ini-
ciava as suas ações, promovendo justiça e organizando os serviços de ordem pública,
como melhor entendesse nas terras conquistadas do Brasil. A partir de então a insti-
tuição policial brasileira passou por seguidas reformulações nos anos de 1534, 1538,
1557, 1565, 1566, 1603, e, assim, sucessivamente. Somente em 1808, com a chegada
do príncipe Dom João ao Brasil, a polícia começou a ser estruturada, comandada por
um delegado e composta por escrivães e agentes.”

1. (FGV) No texto 1, o trecho “segundo documentação existente no Museu Nacional do


Rio de Janeiro” tem a função de:
a. mostrar a antiguidade da instituição;
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b. indicar a importância histórica da polícia;


c. revelar a fonte de informação do texto;
d. dar credibilidade ao que é dito a seguir;
e. valorizar a preservação de documentos.

COMENTÁRIO
Segundo = conforme: não se trata de uma inserção gratuita. Na realidade, há uma finali-
dade na elaboração do texto;
Quando da: é uma locução recente na nossa língua. O ideal seria escrever “por ocasião da”;
“Como melhor” = “Conforme melhor”.
a. Veja que temos, no texto, a função referencial ou informativa.
10m
b. É preciso saber qual é a intenção de quem redige ao inserir esse trecho.
c. Parece que essa foi a função maior.
d. Elemento de autoridade. Ou seja, o que está sendo afirmado não é uma invenção minha
e está em consonância com o documento. Portanto, o que foi dito não é uma invenção.
e. Situação perigosa.

2. (FGV) Os termos sublinhados no texto 1 são conectores, ou seja, ligam partes do texto;
a opção abaixo em que o valor semântico de um desses termos NÃO está corretamente
indicado é:
a. segundo = conformidade;
b. quando = tempo;
c. como = conformidade;
d. assim = modo;
e. com = companhia

COMENTÁRIO

 Obs.: vale lembrar que a dissertação é, sem dúvida, a modalidade mais apresentada
pela banca.

a. Item em acordo com os conteúdos estudados.


ANOTAÇÕES

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b. Mesma justificativa do item anterior.


c. Mesma justificativa do item anterior.
d. O elemento “assim” pode indicar “modo”. Veja que “assim” significa “desse modo”. Mas,
cuidado: às vezes, o elemento “assim” pode traduzir a ideia de conclusão. Tudo depende
da forma como os conectores se articulam com outros elementos no texto.
15m
e. “Com” pode até traduzir a ideia de companhia, mas, no texto, a relação é temporal (por
ocasião da chegada). Nesse caso, a função predominante é a função referencial ou infor-
mativa da linguagem.

3. (FGV) Rui Barbosa disse certa vez que “As leis que não protegem o nosso adversário
não podem nos proteger”. Isso mostra que as leis:
a. contrariam, muitas vezes, a justiça;
b. defendem sobretudo os mais fortes;
c. devem ser as mesmas para todos;
d. mostram dificuldades em sua aplicação;
e. servem para a proteção social.
20m

COMENTÁRIO
Ocorre que as leis precisam atingir a todos. Ou seja, as leis devem ser as mesmas
para todos.

4. (FGV) É muito conhecida a frase “O crime não compensa”; se colocarmos a conjunção


MAS após essa frase, uma complementação formalmente adequada será:
a. O crime não compensa, mas a pena pode ser demasiadamente longa;
b. O crime não compensa, mas todos preferem não o cometer;
c. O crime não compensa, mas o número de criminosos diminui a cada dia;
d. O crime não compensa, mas felizmente muitos criminosos são presos;
e. O crime não compensa, mas o lucro pode ser transitoriamente grande

COMENTÁRIO
MAS → coesão sequencial → oposição e adversidade.
a. O crime não compensa, pois a pena pode ser demasiadamente longa.
25m
ANOTAÇÕES

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b. O crime não compensa, por isso, todos preferem não o cometer.


c. O crime não compensa, por isso o número de criminosos diminui a cada dia.
d. O crime não compensa e felizmente muitos criminosos são presos.
e. Aqui, há exatamente a oposição: não compensação e compensação.

5. (FGV) Um dicionário de língua portuguesa registra o seguinte verbete:


“Polícia e ladrão – Brincadeira infantil dramatizada em que dois grupos se perseguem,
tentando os policiais aprisionar o maior número possível de ladrões, os quais, por sua
vez, procuram rendê-los sob ameaça de armas.” A afirmação abaixo que é INADEQUA-
DA em relação ao conteúdo e forma desse texto é:
a. o adjetivo “dramatizada” significa que a brincadeira explora o lado trágico do combate
polícia X ladrão;
b. a forma verbal “se perseguem” significa que policiais e ladrões se perseguem
mutuamente;
c. as formas verbais “tentando” e “procuram” indicam as finalidades das ações, respec-
tivamente, de policiais e ladrões;
d. o texto indica maior violência por parte dos ladrões que por parte dos policiais;
e. o segmento “sob ameaça de armas” indica o meio ou instrumento da ação dos ladrões.

COMENTÁRIO
Quando a língua explica a própria língua por meio de elementos intralinguísticos e, eventu-
almente, extralinguísticos, você tem o que chamamos de função metalinguística.
30m
a. Dramatizada = sentido de encenação e não de evidenciação do lado trágico.
b. Esse “se” traduz reciprocidade.
c. De fato, as formas verbais “tentando” e “procuram” indicam as finalidades das ações,
respectivamente, de policiais e ladrões.
d. De fato, o texto indica maior violência por parte dos ladrões que por parte dos policiais.
e. De fato, o segmento “sob ameaça de armas” indica o meio ou instrumento da ação
dos ladrões.
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

→ Função referencial ou denotativa: função da informação. Enfatiza o referente


(assunto ou contexto), em que há predomínio da objetividade.
→ Função metalinguística: função da explicação. O código explica o próprio código.
→ Função emotiva ou expressiva: função da subjetividade (opiniões, emoções, dese-
jos, sentimentos, expressões individuais).
35m
“É minha opinião que não se deve dizer mal de ninguém, e ainda menos da polícia. A
polícia é uma instituição necessária à ordem e à vida da cidade.”
(Machado de Assis, A Semana – 1871)
→ Função poética: função da construção ou seleção e organização de vocábulos.
Vale lembrar que a função poética também se manifesta em prosa, em parágrafo, desde
que você perceba a preocupação com a construção, com a seleção dos vocábulos.

Como se conjuga um empresário

Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-


-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou.
Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Exa-
minou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu.
Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explo-
rou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou.
Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu.
Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou.
Esperou. Checou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou.
Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou.
40m
Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Ves-
tiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou.
Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu.
Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu.
Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
→ Função fática ou de contato: função do canal ou veículo de comunicação. Nesse
caso, o emissor (locutor) usa estratégias para manter a interação com o receptor (interlocutor).
ANOTAÇÕES

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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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→ Função conativa ou apelativa: função do emissor (intenção de persuadir, convencer)

(Texto/Perito)

• Em sua residência, ao atender a um chamado, certifique-se de quem se trata. Em caso


de suspeita, chame a Polícia.
• À noite, ao chegar a casa, observe se há pessoas suspeitas próximas à residência.
Caso haja suspeita, não estacione; ligue para a polícia e aguarde a sua chegada.
• Não mantenha muito dinheiro em casa nem armas e joias de muito valor

Adaptado de https:. Acesso em: 30/jan./2019.


Note que esse texto é injuntivo ou instrucional (com ordens, orientações e instruções), em
que se manifesta a função conativa ou apelativa da linguagem.
“Para escrever o menor dos contos, a vida inteira é curta.”
Dalton Trevisan
45m

GABARITO
1. d
2. e
3. c
4. e
5. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor pelo professor Fernando Moura.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Narração e Tipos de Discurso
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NARRAÇÃO E TIPOS DE DISCURSO

O PULO DO GATO
A banca cobra os elementos de construção do texto e seu sentido, principalmente o texto
narrativo e os tipos de discurso (discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre).
A dissertação e as suas variações (expositiva e argumentativa) constituem a modalidade
mais cobrada pela FGV. Com isso, sabe-se que a banca explora muito os recursos de
consistência, que dão credibilidade à informação ou ao posicionamento. Esses recursos
incluem a exemplificação, a refutação ou contra-argumentação, relação de causalidade,
argumento de autoridade.
5m
A exemplificação é uma forma de ilustração que pode consistir na utilização de um excerto
narrativo.
É importante estar atento às inferências, às deduções, à lógica e aos silogismos. Por
exemplo, de acordo com as seguintes premissas: “todo o servidor é explorado” e “policiais
e auditores são servidores”, conclui-se que “policiais e auditores são explorados”.
10m

DIRETO DO CONCURSO
Texto 1:
Dvorak aproximou-se do alto da colina e debruçou-se sobre uma pequena pedra para
olhar a paisagem abaixo. Observou que havia uma grande caverna, cercada de vege-
tação, mas não conseguiu identificar a entrada. Fez um sinal para que o grupo o acom-
panhasse e começou a descer cuidadosamente a encosta.

1. (FGV) Acima aparece um pequeno texto narrativo; a frase, retirada desse texto, que
mostra valor descritivo é:
a. Dvorak aproximou-se do alto da colina;
b. debruçou-se sobre uma pequena pedra;
c. havia uma grande caverna, cercada de vegetação;
d. não conseguiu identificar a entrada;
e. Fez um sinal para que o grupo o acompanhasse.
ANOTAÇÕES

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Narração e Tipos de Discurso
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COMENTÁRIO
Pode-se identificar que o texto é narrativo pelo desencadeamento de ações envolvendo
personagens em um determinado tempo e espaço. Lembre-se de que o valor descritivo
consiste no levantamento de características.
15m

Narração: desencadeamento de ações de personagens em determinado tempo e espaço.


Crônicas: narrativas de curta extensão focadas na descrição do cotidiano, geralmente
com marcas de coloquialismo (variação linguística). Com isso, a banca costuma cobrar a
transposição do registro coloquial para o registro culto.
Alegorias: cadeias metafóricas em sentido conotativo. As alegorias podem ser apresen-
tadas como fábulas, apólogos ou parábolas. Nas fábulas, as ações humanas são atribuídas
aos animais, enquanto que nos apólogos são objetos que são personificados. Por fim, a pará-
bola utiliza-se da simbologia para a representação. As alegorias objetivam a transmissão de
ensinamentos morais, críticas e lições.
20m

ATENÇÃO
O narrador-onisciente só existe, em tese, em terceira pessoa.

Foco Narrativo

Narrador-personagem: 1ª pessoa

Ex.: Eu e meu avô conversávamos sobre o passado. Fiquei a pensar sobre a rápida pas-
sagem do tempo.

Narrador-observador: 3ª pessoa

Ex.: Margarida e Gudesteu estavam sentados em um tronco. Conversavam sobre a pos-
sibilidade de se casarem.

Narrador-onisciente: 3ª pessoa

Ex.: Macabéa despediu-se de Olímpico. Naquele momento, ela precisou de muita força
para suportar a ânsia que lhe invadia o peito.
O narrador-onisciente perscruta e investiga os pensamentos e sentimentos da personagem.
25m
ANOTAÇÕES

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Narração e Tipos de Discurso
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Tipos de Discurso

Discurso Direto:

• Verbo dicendi (falar, dizer, responder, afirmar, indagar, perguntar e outros);


• Sinal de pontuação: dois pontos, travessão, aspas ou mudança de linha.

Ex.: Malvina aproximou-se de manso e, sem ser pressentida para junto da cantora, colo-
cando-se por detrás dela, esperou que terminasse a última copla.
– Isaura!... disse ela, pousando de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da cantora.
– Ah! É a senhora?! — respondeu Isaura, voltando-se sobressaltada.
– Não sabia que estava aí me escutando
(Bernardo Guimarães. A Escrava Isaura).

Discurso Indireto:
30m

Características:
• Fala não visível
• Verbo dicendi + conectivo.

Ex.: Ao som de sua voz, ela despertou amedrontada, mas logo sorriu e toda a sala pare-
ceu sorrir com ela. Pôs-se de pé, as mãos ajeitando os trapos que vestia, humilde e clara
como um pouco de luar. Nacib então disse que ela poderia dormir, que não precisava se
preocupar.
(Jorge Amado. Gabriela).

Discurso Indireto Livre ou Semi-indireto:

• Falta do verbo dicendi, dois pontos, travessão ou aspas;


• Fala não visível das personagens, cuja voz parece confundir-se com a do narrador.

Ex.: Fabiano escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as
pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.
(Graciliano Ramos. Vidas Secas).
ANOTAÇÕES

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Narração e Tipos de Discurso
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DIRETO DO CONCURSO
Texto 2
Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a palhinha dura a
capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída no peito, um
fio de baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra, um cacho dourado de
giesta e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do chorão faiscando — verde, verde! Primeira
vez depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um homem, não barata
leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas na cabecinha trêmula,
adormece. Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a janela. Prendeu o Nero? Rebenta
com fúria o temporal. Aos trancos João ergue o rosto, a chuva escorre na boca torta.
Revira em agonia o olho vermelho — é uma coisa, que a família esquece na confusão
de recolher a roupa e fechar as janelas?
Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações).

2. O Texto 2, quanto à tipologia, é predominantemente:


35m
a. descritivo.
b. narrativo.
c. dissertativo.
d. panfletário.
e. alegórico.

COMENTÁRIO
O texto apresenta traços de onisciência do narrador. Ademais, não é a ocorrência clara e
incontestável de discurso direto ou indireto, mas ocorrem trechos de discurso direto e dis-
curso indireto livre.
40m

3. Analise as afirmações a seguir.


I – No Texto 2, ocorrem tanto o discurso direto como o discurso indireto livre.
II – A escassez de verbos nas duas primeiras frases do texto e o uso de forma verbal na
voz passiva realçam a situação de imobilidade e fragilidade do personagem em foco.
III – O Texto 2 apresenta narrador onisciente.
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Narração e Tipos de Discurso
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Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II.
b. somente II e III.
c. somente II.
d. I, II e III.
e. somente I e III.

GABARITO
1. c
2. b
3. d

Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição em vídeo pela leitura exclusiva deste
material.
ANOTAÇÕES

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Descrição e Pragmática
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DESCRIÇÃO E PRAGMÁTICA

O objeto de estudo da pragmática é o contexto e as diversas significações das palavras


em diferentes contextos. Trechos mal articulados produzem ambiguidades e contradições,
podendo ser considerados como constituintes de um não texto, ou seja, sentenças que não
transmitem coerentemente quaisquer mensagens.
Sendo assim, a pragmática está relacionada com a semântica, a significação, a coerên-
cia e a lógica, bem como aos sentidos contextuais.
5m

ATENÇÃO
Busque ampliar o léxico para não se confundir com parônimos, homônimos, sinônimos,
antônimos etc.

Conceito de Descrição

A descrição consiste no texto em que se faz retrato por escrito de lugar, pessoa, animal
ou objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, podem-se até descrever sensações ou
sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa “criar”, com pala-
vras, a imagem do objeto descrito. É comum a inserção de trechos descritivos em textos nar-
rativos e dissertativos.

O PULO DO GATO
O examinador da FGV costuma interpelar acerca da intenção das inserções de exemplifi-
cações em textos argumentativos.

DIRETO DO CONCURSO
Texto 1
Observe o fragmento textual abaixo, retirado do romance Canaã, de Graça Aranha.
10m
“Todas as formas estão diluídas. Cinco horas da manhã. A carroça do padeiro passa
estrondando, fazendo a quietude da cidade afundada, mas um instante depois o seu
vulto e o seu ruído se dissolvem de novo na cerração. O silêncio torna a cair”.
ANOTAÇÕES

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Descrição e Pragmática
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1. Nesse texto, o observador não pode descrever perfeitamente as formas; nesse caso, o
que provoca essa limitação do observador é:
a. a falta de conhecimento do assunto;
b. a existência de problemas psicológicos;
c. o posicionamento distante da cena;
d. a impossibilidade física de ver as formas;
e. a deficiência visual e auditiva.

COMENTÁRIO
O texto base traz uma descrição dinâmica. A questão requer um bom léxico internalizado
pelo candidato.
15m

Texto 2
Objeto da moda
Um objeto estranho ameaça incorporar-se à elegância masculina. Seu aparecimento
ocorreu na Itália, e sua presença já se faz sentir em outras cidades europeias. É a
maçaranduba.
A primeira singularidade da maçaranduba consiste em que ela absolutamente não par-
ticipa da sorte das demais peças do equipamento humano a que se junta. É que a ma-
çaranduba fica perto do vestuário, sem se ligar a ele. É ciosa de sua independência, ao
contrário dos outros elementos que colaboram na apresentação do homem em público.
A maçaranduba está sempre à mostra, ostensiva e vaidosa. Sua tendência é para as-
sumir a liderança do conjunto e exibir-se em evoluções fantasiosas, que exigem certas
habilidades do portador.
20m
A maçaranduba parece ter mau gênio? Parece, não; tem. À falta de melhor argumen-
to, na polêmica, ergue-se inopinadamente, avança como um raio e procura alcançar a
parte doutrinária alheia nos pontos mais vulneráveis, desde o lombo até os óculos. Sua
agressividade impulsiva costuma levá-la à polícia.
A impertinência da maçaranduba, para não dizer arrogância, deve-se talvez ao fato de
que em outras eras foi símbolo de poder e, sob formas diversas, esteve ligada à realeza
e a seu irmão gêmeo, o absolutismo. Em mãos governamentais, era duplamente terrí-
vel: pela contundência material e pela espiritual.
ANOTAÇÕES

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Descrição e Pragmática
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Diga-se em favor da maçaranduba, para que o retrato não fique excessivamente car-
regado, que algumas espécies são inclinadas à generosidade, e se comprazem em
ajudar pessoas encanecidas ou faltas de visão. Contudo, trata-se de exceção.
(Carlos Drummond de Andrade. Folha da Tarde, 1º/2/1973 — com adaptações).

2. O Texto 2, quanto à tipologia, é predominantemente:


a. descritivo.
b. narrativo.
c. dissertativo.
d. subjetivo.
e. opinativo

COMENTÁRIO
O texto traz mecanismos de coesão marcados pelos termos “sua”, “ela”, “ele”. Atente-se
também aos epítetos conferidos à maçaranduba. Ademais, pense nas palavras no contex-
to para empregar bem a pragmática e resolver as questões e não se confunda com textos
que trazem a função emotiva ou expressiva na linguagem.
25m

3. Com base na análise do vocabulário do Texto 2, assinale a opção incorreta quanto às


equivalências de sentido apresentadas.
30m
a. “singularidade” (l. 5) = peculiaridade e “ostensiva” (l. 19) = ostentosa.
b. “sorte” (l. 6) = fortuna e “ciosa” (l. 9) = zeladora.
c. “inopinadamente” (l. 31) = sem opinião e “impulsiva” (l. 34) = incontinenti.
d. “doutrinária” (l. 32) = exposta e “vulneráveis” (ls. 32-33) = frágeis.
e. “arrogância” (l. 43) = orgulho e “encanecidas” (l. 51) = envelhecidas.

COMENTÁRIO
Cuidado com as associações e significações atribuídas às palavras fora do contexto.
ANOTAÇÕES

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Descrição e Pragmática
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GABARITO
1. d
2. a
3. c

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preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição em vídeo pela leitura exclusiva deste
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Variação Linguística/Reescrituras
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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA/REESCRITURAS

O PULO DO GATO
A banca enfatiza a norma culta; portanto, será necessária a comparação com os diversos
níveis de linguagem. Essa variação linguística denota o dinamismo da língua, podendo
ocorrer no campo do vocabulário, pronúncia, morfologia e sintaxe.
Existem diversos fatores que influenciam na variação linguística, como fatores socioeco-
nômicos, culturais e até mesmo sexuais. Contudo, é necessário levar em consideração o
princípio da adequação.
Como parte do dinamismo da variação linguística, a reescrita de frases indica que a língua
fornece múltiplas possibilidades combinatórias, como a transposição do padrão coloquial
para o padrão culto.
5m
Ademais, serão cobrados mecanismos de substituição, descolamento e paralelismo, que
denota o domínio da pragmática, pois influi na realidade semântica das frases. Por exem-
plo, na frase “os queimados e mutilados chegaram ao hospital”, temos um sentido diverso
da frase “os queimados e os mutilados chegaram ao hospital”, pois o artigo que acompa-
nha o substantivo “mutilados” constrói um segundo grupo de indivíduos que não existia na
primeira frase.
Por isso, faz-se premente a organização das frases nas situações comunicativas, contri-
buindo para a colaboração (coordenação e subordinação entre orações, frases, períodos
e parágrafos) e a relevância. Além disso, os atos de fala envolvem diversos pontos im-
portantes como a concordância, a regência, pontuação e as relações de coordenação e
subordinação.
10m

DIRETO DO CONCURSO
Texto 1.
É claro que somos livres para falar ou escrever como quisermos, como soubermos,
como pudermos. Mas é também evidente que devemos adequar o uso da língua à situ-
ação, o que contribui efetivamente para a maior eficiência comunicativa.
ANOTAÇÕES

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Variação Linguística/Reescrituras
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1. Considerando o pensamento do texto 1 e tendo conhecimento das atribuições de um


oficial de justiça, chegamos à conclusão de que, nessa atividade, a língua escrita, o
nível, o uso ou o registro do idioma deve ser predominantemente:
a. formal, de acordo com os princípios da gramática normativa;
b. informal, em busca de mais ampla compreensão da mensagem;
c. regional, adequando-o ao local onde ocorre a comunicação;
d. popular, tendo em vista que as mensagens são lidas por todos;
e. ultraformal, selecionando vocabulário erudito e construções elaboradas.

COMENTÁRIO
Perceba que a conjunção adversativa “mas” no texto está no campo da oposição semân-
tica. Além disso, observe a construção do enunciado da questão que evidencia a preo-
cupação do examinador com o paralelismo. Por fim, a questão pede o conhecimento do
“posicionamento” adequado do falante que ocupa o cargo de oficial de justiça.
15m

2. O texto 1 é formado por dois períodos. O segundo período, em relação ao primeiro,


mostra uma:
a. retificação do pensamento expresso no primeiro período;
b. explicação necessária de opiniões manifestadas;
c. limitação do alcance da afirmativa anterior;
d. oposição a um pensamento já expresso;
e. informação comprovadora do que é escrito antes.

COMENTÁRIO
Não confunda termos parônimos como “retificar” e “ratificar”.

3. O vocábulo “maior” se refere prioritariamente a realidades que tenham uma extensão


física; nesse caso, a frase abaixo em que esse vocábulo foi bem empregado é:
a. Para maiores informações, leia o Código Penal;
20m
b. Um dos maiores freios aos delitos não é a crueldade das penas;
c. Não é a intensidade da pena, mas sua extensão, que traz os maiores resultados;
d. A maior punição de um crime não provém da lei;
e. Já está lotada a maior prisão do país.
ANOTAÇÕES

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COMENTÁRIO
A questão envolve a distinção entre substantivo concreto e abstrato. Busque substituir os
termos que façam referência à extensão para encontrar o que a alternativa mais adequada.

Texto 2.
“É uma avaliação cruel, que prioriza a inteligência da decoreba ao invés da inteligência
criativa”.

4. Nesse segmento do texto 2, há a correta utilização da expressão “ao invés de”, que é
muitas vezes confundida com “em vez de”. A frase abaixo em que se deveria empregar
“em vez de” em lugar de “ao invés de” é:
a. O pai decidiu matricular o filho numa escola pública ao invés de uma privada;
b. Não é de hoje que as escolas brasileiras preferem o retrocesso ao invés do progresso;
25m
c. Muitos professores dão destaque à teoria ao invés de priorizar a prática;
d. Os livros didáticos utilizam imagens ao invés de textos;
e. As escolas utilizam processos de avaliação rápidos ao invés de processos mais
lentos e mais eficientes.

COMENTÁRIO
Perceba que a questão não pede a alternativa em que poderia ser utilizada a expressão
“em vez de”; e sim, a que deveria empregar a expressão.

Texto 3:
“Nós conhecemos você tanto quanto você nos conhece. E não há nada melhor que
isso: confiança. O que nos move é você. Seu jeito de ser, o que valoriza. Faz sentido
pra você, faz sentido pra gente. A gente veste a sua camisa”.
Esse texto está fixado na parede de uma loja de roupas masculinas e funciona como
um texto publicitário da loja.

5. A finalidade principal do texto 3 é:


a. indicar a sofisticação dos produtos da loja por meio de uma linguagem formal;
b. mostrar a preocupação da loja com o que o cliente veste;
ANOTAÇÕES

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c. demonstrar a informalidade no atendimento;


d. produzir proximidade social entre loja e cliente;
e. destacar o fácil acesso do cliente à loja.
30m

6. Em situações de formalidade, é conveniente evitar o uso de linguagem informal; a frase


abaixo que se mostra inteiramente formal é:
a. A gente não precisa ganhar muito para ser feliz;
b. Se eu tivesse lá, visitaria mais museus;
c. Me diga toda a verdade sobre o acidente;
d. Viajasse eu mais vezes, comprava mais roupas;
e. Sempre que podemos, nós os visitamos.
35m

7. (FGV) O segmento composto pelo verbo ter + substantivo foi substituído de forma se-
manticamente adequada em:
a. A velhinha tem disposição para o trabalho / se dedica ao;
b. A jovem tinha vontade de sair / gostava;
c. Os imigrantes tinham necessidade dos documentos / exigiam;
d. As cortinas não tinham serventia / se deterioravam;
e. O assaltante não teve intenção de fugir / pretendeu.

COMENTÁRIO
A questão cobra atenção a certas sutilezas semânticas, pois nem sempre os termos carre-
gam a mesma carga semântica.

8. (FGV) A frase abaixo em que ocorre ambiguidade é:


40m
a. Ninguém mais os encontrou de novo;
b. O cargo de oficial de justiça é importante;
c. A nomeação do Ministro foi surpreendente;
d. Tudo foi organizado para o julgamento;
e. As folhas do caderno despencaram.
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COMENTÁRIO
Atente-se sempre aos vícios de linguagem que acarretam em ambiguidade.

9. Machado de Assis escreveu certa vez sobre a justiça: “É claro que a justiça, sendo
cega, não vê se é vista, e então não cora”. A forma oracional de gerúndio “sendo cega”
poderia ser adequadamente substituída por:
45m
a. pois é cega;
b. embora seja cega;
c. a fim de ser cega;
d. já que é cega;
e. à medida que é cega.

COMENTÁRIO
Faça a substituição da expressão “sendo cega” para encontrar a alternativa mais adequada.

10. Na página inicial de uma prova, entre as instruções gerais, estava escrito: “Será eli-
minado sumariamente do processo seletivo e as suas provas não serão levadas em
consideração, o candidato que: i) der ou receber auxílio para a execução de qualquer
prova; ii) utilizar-se de qualquer material não autorizado; iii) desrespeitar qualquer pres-
crição relativa à execução das provas; IV) escrever o nome ou introduzir marcas iden-
tificadoras noutro lugar que não o indicado para esse fim; V) cometer um ato grave de
indisciplina”.
Uma outra forma, mais conveniente, de redigirem-se as duas primeiras linhas do tex-
to acima é:
a. As provas não serão levadas em consideração e será eliminado sumariamente do
processo seletivo, o candidato que:
b. O candidato não terá suas provas levadas em consideração e será sumariamente
eliminado do processo seletivo o candidato que:
c. Será eliminado sumariamente do processo seletivo (as suas provas não serão leva-
das em consideração), o candidato que:
50m
d. Será eliminado sumariamente do processo seletivo o candidato que:
e. Será eliminado do processo seletivo e as provas não serão levadas em considera-
ção, o candidato que:
ANOTAÇÕES

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COMENTÁRIO
A questão trata de um texto instrucional ou injuntivo. Atente-se às referências, pois são
muito importantes para a compreensão do texto. Ademais, perceba que muitas vezes a
FGV cobram a escolha da “melhor” opção, ainda que esta não seja, necessariamente, a
mais adequada.

11. Um texto de divulgação de um novo romance diz o seguinte: “Um homem acorda grave-
mente ferido no meio de um lixão. Ao que parece, tentaram matá-lo, mas ele não se re-
corda dos fatos que o levaram até ali. Muito menos de seu passado recente. Seria dado
como desaparecido, se houvesse alguém para sentir sua falta. Essa dolorosa ausência
imperceptível é a brecha para dar vazão à sua revolta com o mundo contemporâneo e
começar uma nova vida. Entre seus planos: executar criminosos intocados pela Justi-
ça e escrever um best-seller. Mas uma paixão verdadeira e arrebatadora coloca tudo
em xeque”.
(Época, 14/01/2019, p. 37)
Muitos segmentos do texto 3 podem ser reescritos sem modificação de seu sentido ou
alteração na correção; a frase em que ocorre modificação ou erro é:
a. “Um homem acorda gravemente ferido no meio de um lixão” / Um homem acorda
ferido gravemente no meio de um lixão;
b. “Um homem acorda gravemente ferido no meio de um lixão” / Um homem acorda, no
meio de um lixão, gravemente ferido;
c. “Mas uma paixão verdadeira e arrebatadora coloca tudo em xeque” / Mas uma paixão
arrebatadora e verdadeira coloca tudo em xeque;
d. “mas ele não se recorda dos fatos que o levaram até ali” / mas dos fatos que o leva-
ram até ali ele não se recorda;
e. “Seria dado como desaparecido, se houvesse alguém para sentir sua falta” /Se hou-
vesse alguém para sentir sua falta, seria dado como desaparecido.

COMENTÁRIO
Por vezes, a mudança na posição dos adjetivos muda o sentido, mas nem sempre isso
ocorre. Perceba também que a questão traz novamente a cobrança de casos com vícios
de linguagem e ambiguidades.
55m
ANOTAÇÕES

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12. O cartaz publicitário de um evento de moda no Rio de Janeiro mostrava o seguinte:


VESTE–RIO
A MODA AQUI É FAZER NEGÓCIO
A frase “a moda aqui é fazer negócio” tem sua originalidade apoiada no (na):
a. emprego de linguagem não figurada;
b. duplicidade de sentido da palavra “moda”;
c. utilização de linguagem coloquial;
d. inversão dos termos sintáticos da frase;
e. uso de erro gramatical intencional.

COMENTÁRIO
A banca demonstra a carga polissêmica das palavras.
60m

13. O evento citado na questão anterior teria seu horário de funcionamento indicado de
forma correta na seguinte alternativa:
a. de 12h às 20 horas;
b. das 12h a 20 horas;
c. das 12hs às 20hs;
d. das 12h às 20 horas;
e. de 12hs a 20 horas.

COMENTÁRIO
A questão requer domínio do paralelismo.
ANOTAÇÕES

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Variação Linguística/Reescrituras
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GABARITO
1. a
2. c
3. e
4. d
5. d
6. e
7. e
8. c
9. c
10. e
11. e
12. b
13. d

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A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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A LINGUAGEM LÓGICA E A FIGURADA – FIGURAS DE LINGUAGEM

A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem.


A linguagem lógica é a linguagem denotativa, isto é, a linguagem sem desvios semânti-
cos, com o valor literal de cada expressão. A linguagem figurada é a linguagem conotativa,
que possui desvios semânticos.

ATENÇÃO
É muito importante o domínio das figuras de linguagem, pois a tipologia textual e as dife-
renças entre linguagem lógica e figurada contêm o tema das figuras de linguagem.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV) Assinale a opção que apresenta a frase inteiramente construída com vocábulos
em sentido lógico, não figurado.
a. “Os olhos são a morada da vergonha”.
b. “A juventude é a embriaguez sem vinho”.
c. “A velhice é o abrigo de todos os males”.
d. “Realizando coisas justas, tornamo-nos justos”.
e. “A consciência é um Deus para todos os mortais”.

COMENTÁRIO
Para compreender melhor a questão, compare-a com a questão 2, que trata de frases com
comparação metafórica (símile) nas quais existem conectivos explícitos.
5m

2. Todas as frases abaixo mostram uma comparação metafórica; a frase em que essa
metáfora tem explicação é:
a. O falso amigo é como a sombra que nos segue enquanto dura o sol;
b. O amor é um grande mestre;
c. O amor é como o sarampo: quanto mais tarde chega na vida, mais perigoso é;
d. Os amantes, como as abelhas, vivem no mel;
e. O ódio sem desejo de vingança é um grão caído sobre o granito.
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A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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3. “Uma das grandes preocupações das cidades atualmente é, sem dúvida, o problema da
segurança”.
Nessa frase do texto, o vocábulo “cidades” está usado, como termo geral, em lugar
de “algumas pessoas das cidades”, num exemplo de linguagem figurada denominada
metonímia. Um outro exemplo semelhante de metonímia está em:
10m
a. A vida nas grandes cidades está muito difícil.
b. Viver nas cidades traz uma série de facilidades.
c. As cidades e o campo são ambientes diversos.
d. As grandes cidades nunca dormem.
e. As cidades possuem vias de comunicação diferentes

4. “Seu corpo é a bagagem que você deve transportar pela vida. Quanto mais excesso de
bagagem, mais curta a viagem.”
Arnold Glasow
A frase acima está estruturada em linguagem figurada, basicamente na figura
denominada:
a. metonímia.
b. hipérbole.
c. eufemismo.
d. metáfora.
e. silepse.

COMENTÁRIO
Note que a comparação está sendo realizada com valor conotativo.

Figuras de Linguagem Mais Cobradas pela FGV

Figuras de palavras:

• Metáfora: comparação com valor conotativo. Por exemplo: “Sempre sou eu (como) a
estrela matutina.”; A noite é (como) um manto negro sobre o mundo.
• Catacrese: emprego de palavra no sentido analógico e não em seu sentido próprio.
Por exemplo: “Embarcou naquele avião gigantesco”; “Enterrou-lhe a faca no peito”.
15m
ANOTAÇÕES

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A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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• Metonímia: substituição que se baseia em relação lógica de significado entre dois


termos. Por exemplo: “Ela detesta ler Machado de Assis.”; “O Brasil poderia gritar:
“fora, corruptos!””; “Graham Bell permitiu que a humanidade se comunicasse melhor.”.
• Perífrase/Antonomásia: mais palavras em vez de menos (circunlóquio). Por exem-
plo: “A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece normas importantes”.
20m

Figuras de Pensamento:

• Antítese: figura de retórica em que uma palavra, ideia ou proposição contradiz ou se


opõe deliberadamente à anterior. Por exemplo: “Nasce o sol e não dura mais que um
dia. Em tristes sombras morre a formosura”. (Gregório de Matos).
• Oxímoro ou paradoxo: tipo de antítese em que duas ideias antagônicas, as quais se
excluem mutuamente, aparecem simultaneamente em uma única construção sintática.
Por exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver/É ferida que dói e não se sente/É um
contentamento descontente/É dor que desatina sem doer.” (Camões)
• Ironia: recurso de expressão que consiste em dar a entender o contrário do que se
está dizendo. Por exemplo: “O rapaz tem a sutileza de um elefante”; “Cem quilos?
Você está macérrima!”.
• Eufemismo: empregada para expressar ideias desagradáveis e chocantes por meio de
palavras brandas e suaves. Por exemplo: “O parlamentar tomou emprestado dinheiro
dos cofres públicos e esqueceu-se de devolver”.
25m
• Prosopopeia: figura de linguagem que consiste em humanizar animais e coisas ina-
nimadas ou dar voz a pessoas mortas, ausentes ou fictícias. Por exemplo: “O vento
beijou-lhe os cabelos”.

Figuras de Construção ou de Sintaxe

• Elipse: figura de linguagem que consiste na omissão de uma ou mais palavras que, no
entanto, se subentendem, sem prejudicar o sentido da frase. Por exemplo: “Enfrenta-
mos muitos obstáculos. Na terra, tanta guerra, tanto engano”.
• Zeugma: forma de elipse que consiste em fazer participar de dois ou mais enunciados
um termo expresso em apenas um deles. Por exemplo: “Eu vou de carro; você, de
bicicleta”.
ANOTAÇÕES

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A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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Silepse: figura de linguagem que consiste na concordância sintática das palavras de



acordo com seu sentido, e não segundo as regras usuais da sintaxe. Por exemplo:
“São Paulo está fria nesses tempos”;
30m
“Coisa curiosa é aquela gente. Divertem-se com tão pouco”;
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos os modernos” (Machado de Assis).

GABARITO
1. d
2. c
3. d
4. d

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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TEXTO E ESTILÍSTICA – FIGURA DE LINGUAGEM

TEXTO E ESTILÍSTICA (FIGURAS DE LINGUAGEM)

A moralidade pública consiste em uma esfera de que todos os seres humanos participam,
na medida em que cada sistema moral, a fim de revelar sua unilateralidade, precisa ser con-
frontado com outros. Segue-se a necessidade de que todos os seres humanos sejam incluí-
dos no seu âmbito. (José Arthur Gianotti. Moralidade pública e moralidade privada).

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Em relação ao texto acima, julgue o item que se segue.

a. Tanto do ponto de vista estilístico e sintático como do ponto de vista semântico, admite-
-se como correta e adequada ao contexto a substituição de “consiste em uma” (l. 1) por
constitui-se como uma.

COMENTÁRIO
Semântica está relacionada a sentido.
A moralidade pública consiste em uma esfera de que todos os seres humanos participam
(...)
A proposta é:
A moralidade pública constitui-se como uma esfera de que todos os seres humanos
5m participam (...)
O examinador está cobrando dois conceitos estilísticos importantes: o conceito de metáfora
(comparação com valor conotativo, o conectivo comparativo fica implícito) e o conceito de
símile (tipo especial de metáfora).
No texto, a moralidade pública é comparada a uma esfera de que todos os seres humanos
participam (moralidade pública, coletividade).
O símile ocorre quando o examinador introduz o conectivo como porque na símile também
há comparação que terá valor conotativo, com o conectivo explícito.
ANOTAÇÕES

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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Toda símile é uma metáfora, mas nem toda metáfora é uma símile. Para que haja símile, o
conectivo precisa estar explícito.
A moralidade pública é uma esfera- metáfora
A moralidade pública é como uma esfera – símile.
Isso acontece com o verbo constituir-se com o sentido de ser:
O meu trabalho constitui analisar textos (o meu trabalho é analisar textos).
O meu trabalho constitui-se analisar textos (o meu trabalho é analisar textos).
A moralidade pública constitui-se uma esfera (a moralidade pública é uma esfera) – metáfora.
A moralidade pública constitui-se como uma esfera (o conectivo está explícito) – símile.

FIGURAS DE PALAVRAS

1. Metáfora: comparação com valor conotativo ( o conectivo fica implícito)


Ex.:

I – Murcharam-lhe (assim como murcham as flores) os entusiasmos da mocidade.


II – Sempre sou eu (como) a estrela matutina.

10m Se o conectivo for explícito, há símile.

III – A noite é (como) um manto negro sobre o mundo.

2. Catacrese: é o nome dado à figura de sintaxe que consiste no emprego de uma palavra
no sentido analógico e não em seu sentido próprio.
Ex.:

I – Embarcou naquele avião gigantesco.

Embarcar é entrar em um barco.

II – Enterrou-lhe a faca no peito.

Enterrar é colocar debaixo da terra.


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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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3. Metonímia: substituição que se baseia numa relação lógica de significado entre


dois termos.
Ex.:

I – Ela detesta ler Machado de Assis.

Ninguém lê uma pessoa.

II – Bebeu dois copos cheios de cerveja artesanal.

Ninguém bebe um copo.

III – O Brasil poderia gritar: “Fora, corruptos!”

O Brasil não grita. A linguagem é conotativa. Os brasileiros poderiam gritar – as pessoas


foram substituídas pelo país onde elas estão.

15m IV – Abriu uma torneira do banheiro para lavar o sono do rosto. (L. F. Veríssimo).

O sono não pode ser lavado, o que se lava é o efeito do sono que estava no rosto.

V – Graham Bell permitiu que a humanidade se comunicasse melhor.

Apenas uma pessoa não permitira que a humanidade se comunicasse melhor: houve a
troca do invento pelo inventor, o telefone permitiu que a humanidade se comunicasse melhor.

4. Perífrase/Antonomásia: mais palavras em vez de menos (circunlóquio).


Ex.:

I – A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece normas importantes.


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Em lugar de Lei Complementar n. 101 – perífrase. A construção périfrásica também é cha-


mada de circunlóquio porque circula, mais palavras do que menos.

II – O ex-caçador de marajás apresentou ideias contestáveis.


20m
Poderia utilizar Collor ou Fernando Collor. Essa construção perifrásica é chamada de anto-
nomásia porque faz referencia a pessoa.
A antonomásia fará sempre referência a pessoa, diferentemente da perífrase, que pode
fazer referência a qualquer coisa. Toda antonomásia é uma perífrase, mas nem toda perífrase
é uma antonomásia.

FIGURAS DE PENSAMENTO

5. Antítese: é a figura de retórica em que uma palavra, ideia ou proposição contradiz ou


se opõe deliberadamente à anterior.
Ex.:

I – “Nasce o sol e não dura mais que um dia.

Em tristes sombras morre a formosura.” (G. de Matos)

II – “A casa que ele fazia. Sendo a sua liberdade.

Era a sua escravidão”. (V. Morais)

6. Oxímoro ou paradoxo: tipo especial de antítese em que duas ideias antagônicas, as


quais se excluem mutuamente, aparecem simultaneamente em uma única construção
sintática.

Ex.:

“Amor é fogo que arde sem se ver


É ferida que dói e não se sente
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É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.” (Camões)

7. Ironia: é um recurso de expressão que consiste em dar a entender o contrário do que


se está dizendo.

Ex.:

I – O rapaz tem a sutileza de um elefante.


II – Cem quilos? Você está macérrima!!!
III – “O velho começou a ficar com aquela cor de uma bonita tonalidade cadavérica.” (S.
Ponte Preta)
25m
8. Eufemismo: é uma figura de pensamento empregada para expressar ideias desagradá-
veis e chocantes por meio de palavras brandas e suaves.

Ex.:

I – O parlamentar tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se de de-


volver. (roubou, desviou dinheiro público)
II – Seu tio, infelizmente, partiu desta para outra melhor. (Em lugar de morreu)

9. Prosopopeia: é uma figura de linguagem que consiste em humanizar animais e coisas


inanimadas ou dar voz a pessoas mortas, ausentes ou fictícias.

Ex.:

I – O vento beijou-lhe os cabelos.


II – “Andorinha lá fora está dizendo: – Passei o dia à toa, à toa!”
30m

COMENTÁRIO
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Personificação da andorinha.

GABARITO

1. C

“Viver é construir as rimas da luta de cada dia para afinar o canto e compor a vida.”
(Ivone Boechat)

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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Texto, Tipologia e Estilística
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TEXTO, TIPOLOGIA E ESTILÍSTICA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Teoria e Prática

TEXTO, TIPOLOGIA E ESTILÍSTICA

A espada
O texto apresenta um título, “A espada”, um objeto prenunciando uma modalidade textual.
Será um texto eminentemente narrativo, eminentemente descritivo, injuntivo ou preditivo?
Essas modalidades textuais podem se misturar – isso dependerá da intenção de quem redige
e, também, da forma de estruturação do texto adotada por quem redige. O texto de Rui Bar-
5m bosa é impecável.
A inteligência, o direito, a religião são os três poderes legítimos do mundo. Eles represen-
tam, cada vez um per si, o eu humano, a sociedade humana, e o destino humano, e, associa-
dos, as três expressões da humanidade: a sua evolução mental, a sua existência na superfície
da terra, o misterioso fim do seu desenvolvimento. Diante deles a força, nas eras não bárba-
ras, se reduz a uma entidade subalterna, cuja intervenção não valerá nunca senão pelos ser-
viços de que a sua obediência for capaz.
Para a constituir numa organização geral, a civilização adotou, como símbolo, a espada,
coeva das primeiras idades históricas, outrora senhora dos povos escravizados, mas hoje,
nas mãos dos povos livres, criatura das suas leis, dependência da sua administração, instru-
mento dos seus governos.
O numeral três tem função anafórica e endofórica.
Ao ler esse tópico inicial, denominado tópico frasal, pergunta-se o que esse tópico inicial
tem a ver com o título, um arquilexema que corresponde a síntese desse texto? Ele sintetizou
os dois parágrafos em apenas uma palavra, a espada.
A inteligência, o direito, a religião são os três poderes legítimos do mundo é o posiciona-
mento de Rui Barbosa, ele defende essa tese: essa é uma marca da dissertação argumentativa.
A palavra poderes estabelece uma coesão lexical com o título do texto porque espada é
símbolo de poder.
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A espada não está sendo tratado no texto como um valor real, mas sim com valor conota-
tivo: a espada como símbolo de poder.
Cada vez um per si (respectivamente) – per é variação de por.
A inteligência representa o eu humano, o direito a sociedade humana e a religião, o des-
10m tino humano.
Os três poderes associados representam as três (numeral com função catafórica porque
os referentes são pospostos) expressões da humanidade: a sua evolução mental, a sua exis-
tência na superfície da terra, o misterioso fim (finalidade) do seu desenvolvimento.
Os pronomes possessivos são utilizados com função anafórica.
Nós não fomos habituados a ler e a analisar a estrutura diafórica do texto, a coesão do texto.
Diante deles a força, nas eras não bárbaras, se reduz a uma entidade subalterna, cuja
intervenção não valerá nunca senão pelos serviços de que a sua obediência for capaz – cuja
concorda com o consequente, mas retoma o antecedente (entidade subalterna) traduzindo
uma ideia de posse. De que pode ser substituído por dos quais. Pelos serviços está no
mesmo campo semântico de subalternização, servidão.
Sua obediência – obediência da entidade subalterna.
Rui Barbosa se utiliza de elementos de coesão gramatical e de elementos de coesão lexi-
cal, de palavras registradas no mesmo campo semântico.
Para a constituir numa organização geral, a civilização adotou, como símbolo, a espada,
coeva das primeiras idades históricas, outrora senhora dos povos escravizados, mas hoje,
nas mãos dos povos livres, criatura das suas leis, dependência da sua administração, instru-
15m mento dos seus governos
O pronome a deve retomar uma palavra feminina e no singular (retoma força).
Hoje – dia em que o texto foi produzido, é dêitico, indica o tempo de quem redigiu o texto.
A espada é símbolo de poder, é símbolo de força.
Primeiramente Rui Barbosa defende a tese de que inteligência, direito e religião são os
três poderes legítimos do mundo. Para reforçar essa tese, ele traz a ideia de força represen-
tada pela espada.
A espada começa a ser caracterizada de duas maneiras: como símbolo de poder, sím-
bolo de força que pode ser usada para a subalternização, para a escravidão, obediência e,
também, como símbolo de liberdade porque pode estar nas mãos dos povos livres.
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No parágrafo, ao mesmo tempo em que Rui Barbosa diz o que é a espada, ao mesmo
tempo em que caracteriza a espada que é símbolo de força, símbolo de três poderes (inteligên-
20m cia, direito e religião), ele defende um posicionamento que é reforçado no segundo parágrafo.
Fora daí a espada não é a ordem, mas a opressão, não é a tranquilidade, mas o terror,
não é a disciplina, mas a anarquia, não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia,
mas a bancarrota, não é a ciência, mas a incapacidade, não é a defesa nacional, mas a ruína
militar, a invasão e o desmembramento. Isto é, e não poderia deixar de ser: porquanto com o
domínio da espada se estabelece necessariamente o governo da irresponsabilidade, o jubileu
dos estados de sítio, a extinção da ordem jurídica, a subalternização da justiça à força. (Rui
Barbosa. Escritos e discursos seletos. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1995)
Qual é o oposto de economizar? Desperdiçar, esbanjar.
Porquanto (porque) é um conectivo que tanto pode ser causal quanto explicativo.
Em vez da justiça estar em primeiro lugar, a força está em primeiro lugar porque é o domí-
nio irresponsável da espada, é o domínio irresponsável dos três poderes legítimos do mundo:
25m inteligência, direito e religião.

DIRETO DO CONCURSO
1. (CEBRASPE) Considerando a tipologia do texto e as relações discursivas nele presentes,
julgue os seguintes itens.
a. A inteligência, o direito e a religião, como poderes legítimos, constituem a ideia cen-
tral do texto.
b. O texto é, na sua totalidade, descritivo-argumentativo.
c. De acordo com o texto, a inteligência está para a pessoa e o direito para a sociedade
assim como a religião está para o destino do homem.
d. O texto considera a inteligência, o direito e a religião, isoladamente, como forças da
humanidade.
e. A espada como símbolo da força, nas eras bárbara e civilizada, tem significados
diferentes.
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COMENTÁRIO
a. A inteligência, o direito e a religião, como forças legítimas (cujo símbolo é a espada),
constituem a ideia central do texto que aparece no tópico frasal e que Rui Barbosa desenvolve
muito bem no decorrer do texto.
b. O texto é, na sua totalidade, descritivo-argumentativo, porque, nos dois parágrafos, está
expresso o pensamento de Rui Barbosa.
c. O texto considera a inteligência (o eu humano), o direito (a sociedade humana) e a religião
(o destino humano), isoladamente, como forças da humanidade.
d. O texto considera a inteligência, o direito e a religião, associados, como forças da
humanidade.
e. A espada como símbolo da força, nas eras bárbara (símbolo de subalternização,
escravização, obediência) e civilizada (liberdade), tem significados diferentes.

2. (CEBRASPE) Do ponto de vista da coerência e da coesão, julgue os itens a seguir, relati-


vos ao texto IX.
a. O pronome “Eles” (l. 1) refere-se a “poderes legítimos do mundo” (l. 1).
b. Na linha 3, as duas ocorrências do pronome possessivo “sua” têm “inteligência” (l. 1)
como referente.
c. A expressão “Fora daí” (l. 8) recupera a afirmação anterior, iniciada em “nas mãos dos
povos livres” (l. 7).
d. No primeiro período do último parágrafo, as repetições da conjunção “mas” servem à
ênfase na apresentação de antíteses.
e. A expressão “Isto é” (l. 10) introduz vários esclarecimentos a respeito do conteúdo do
parágrafo anterior.

COMENTÁRIO
A inteligência, o direito, a religião são os três poderes legítimos do mundo. Eles representam,
cada vez um per si, o eu humano, a sociedade humana, e o destino humano, e, associados,
as três expressões da humanidade: a sua evolução mental, a sua existência na superfície
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da terra, o misterioso fim do seu desenvolvimento. Diante deles a força, nas eras não
bárbaras, se reduz a uma entidade subalterna, cuja intervenção não valerá nunca senão
pelos serviços de que a sua obediência for capaz.
a. O pronome “Eles” (l. 1) refere-se a “poderes legítimos do mundo” (l. 1).
b. Na linha 3, as duas ocorrências do pronome possessivo “sua” têm “humanidade” (l. 1)
30m como referente.
c. A expressão “Fora daí” (l. 8) recupera a afirmação anterior, iniciada em “nas mãos dos
povos livres” (l. 7). Por vezes o advérbio tem a mesma função de um pronome, retoma um
termo. O advérbio não é apenas a palavra que modifica o verbo, o adjetivo, outro advérbio
ou uma oração inteira. Os advérbios pronominais têm a função anafórica e endofórica (os
referentes estão dentro do texto).
d. No primeiro período do último parágrafo, as repetições da conjunção “mas” servem à
ênfase na apresentação de antíteses (oposições semânticas).
Fora daí a espada não é a ordem, mas a opressão, não é a tranquilidade, mas o terror,
não é a disciplina, mas a anarquia, não é a moralidade, mas a corrupção, não é a
economia, mas a bancarrota, não é a ciência, mas a incapacidade, não é a defesa
nacional, mas a ruína militar, a invasão e o desmembramento. Isto é, e não poderia
deixar de ser: porquanto com o domínio da espada se estabelece necessariamente o
governo da irresponsabilidade, o jubileu dos estados de sítio, a extinção da ordem jurídica,
a subalternização da justiça à força
e. A expressão “Isto é” (l. 10) introduz vários esclarecimentos a respeito do conteúdo do
PERÍODO anterior. Vários períodos formam um parágrafo.

GABARITO

1. 1:C 2:C 3:C 4:E 5: C


2. 1:C 2:E 3:C 4:C 5:E

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