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O PULO DO GATO
A FGV tem maneiras peculiares de propor a análise de textos aos candidatos. Existem
questões fáceis e complexas. Por isso, devemos estudar as situações recalcitrantes e
reincidentes.
Às vezes, a prova é composta por diversos textos pequenos, outras vezes, possui apenas
um texto de imensa extensão e todas as questões giram em torno dele. Devido a isso, é
preciso estudar a estrutura diafórica desse texto. Para isso, primeiramente, precisamos
dominar os mecanismos de coesão textual e, em seguida, a estrutura diafórica do texto.
ATENÇÃO
A coesão está relacionada às conexões, ou seja, às ligações que existem em um texto.
Vale salientar que “texto” é uma palavra de origem latina, que significa “tecido”. Nele, nada
está solto, tudo está costurado, tecido, articulado com o objetivo de produzir os diversos
efeitos semânticos, os quais precisamos perceber em diversos tipos e gêneros textuais.
5m
NOSSO PROGRAMA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Mecanismos de Coesão Textual
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• É preciso ter cuidado com as relações discursivas que variarão em consonância com o
tipo ou gênero textual apresentado pela banca. Isso tem relação com o conhecimento
sobre as variações linguísticas e a norma.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV) Um grande filósofo disse: “Nem todo problema que se tem com a namorada se
deve necessariamente ao modo capitalista de produção”. Com essa frase, o autor pre-
tende criticar
a. o sistema capitalista.
b. a mistura indevida de planos diferentes.
c. o envolvimento pessoal na argumentação.
d. a visão sentimental da economia capitalista.
e. a indicação de uma só causa para todos os fatos.
COMENTÁRIO
As aspas indicam inserção de discurso direto (reprodução fiel da fala do filósofo) e o verbo
“disse” indica elocução.
10m
O examinador quer que o indivíduo articule: pensamento filosófico + relação de causalida-
de + negação. Afinal, como a namorada se relaciona com o modo capitalista de produção?
Dizer “todo problema que se tem com a namorada é produzido por apenas uma causa”
aponta para um significado diferente daquele que a frase do enunciado realmente exprime,
posto que a inserção do vocábulo “nem” o modifica drasticamente.
Na verdade, a frase “Nem todo problema que se tem com a namorada se deve neces-
sariamente ao modo capitalista de produção” aponta para o fato de que, certamente, há
outras causas relacionadas a um problema que se tem com a namorada, pois as relações
humanas são complexas.
15m
ANOTAÇÕES
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Mecanismos de Coesão Textual
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2. (FGV) “Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários
públicos do meu país”. Em outras palavras, pode-se dizer que:
a. direitos geram deveres;
b. leis, quando justas, devem ser obedecidas;
c. deveres criam direitos que ultrapassam a lei;
d. cumprimento das leis cria direitos;
e. leis estabelecem deveres, mas não direitos.
COMENTÁRIO
A locução adverbial “por isso” é fundamental, pois configura uma relação de causalidade
anafórica, já que apresenta referente anteposto.
20m
Assim, é preciso conhecer os mecanismos de conexão, a fim de compreender adequada-
mente o texto. Por um lado, háa causa, por outro, a consequência, no meio, há um elemen-
to que faz a articulação entre ambas, que é “por isso”—locução adverbial composta por
uma preposição e pelo pronome “isso”, cuja função é anafórica.
“Eu pago meus impostos integralmente” está no campo semântico do cumprimento das
leis, enquanto “e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país” está no cam-
po semântico de criação de direitos.
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Mecanismos de Coesão Textual
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O PULO DO GATO
A banca da FGV exige exaustivamente a relação de causalidade.
Todo o conjunto de palavras de nossa língua recebe o nome de léxico, então, ele é todo o
nosso potencial linguístico. Não o dominamos por completo, pois não detemos todos os sig-
nificados das palavras existentes. Além de dominar o vocabulário, é preciso dominar nomen-
claturas da linguística textual, as quais veremos a seguir.
25m
1. Sinonímia — os vocábulos estão no mesmo campo semântico. Não existe sinonímia
perfeita na língua, trocando uma palavra por outra, provoca-se, eventualmente, uma nuance
semântica. Então, o importante é manter as ideias no mesmo campo de significação, recurso
muito utilizado para evitar a repetição.
“Todo brasileiro tem o sonho da casa própria. O projeto de garantir um lar para cada cida-
dão já está sendo traçado pela Caixa Econômica Federal.”
2. Hiperonímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação todo/parte.
Hiper é um prefixo que traduz a ideia de grande/amplo, nímia significa “nome”, portanto, hipe-
ronímia é um nome de significação ampla. Às vezes, utiliza-se um hiperônimo para retomar
uma ideia no processo coesivo do texto.
“O trabalhador encontra dificuldades para exercitar a realidade digital do computador.
Assim, é necessário treinar o homem para compreender a realidade da máquina que está
diante dele.”
30m
Nem todo homem é trabalhador, mas no contexto, a palavra “homem” quer retomar o “tra-
balhador”, posto que tem uma significação ampla, então, é um hiperônimo de “trabalhador”.
Uma situação similar é dizer anti-inflamatório e, em seguida, utilizar a palavra “produto”, cuja
significação é ampla, para remeter a ele.
Assim, a depender do texto, o sinônimo ou hiperônimo terão referentes distintos.
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DIRETO DO CONCURSO
3. (FGV) “Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas
de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem
tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de
uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária”. Desse segmento do
texto, o elemento de coesão identificado erradamente é:
a. Aristides / forma abreviada de Aristides de Souza Mendes;
b. o país / hiperônimo de Portugal;
c. o ditador / qualificação de Salazar;
d. sua / possessivo referente a Aristides de Sousa Mendes;
e. atitude humanitária / referência a salvar judeus da morte.
COMENTÁRIO
Toda zeugma é uma elipse, mas nem toda elipse é uma zeugma.
45m
a. Retoma Aristides de Souza Mendes por uma parte desse nome.
b. “País” é uma palavra de significação ampla (hiperônimo), a partir da especificação dele,
há um hipônimo. Mas não é hiperônimo de Portugal, pois Aristides foi cônsul de Portugal na
França. Quando as tropas invadiram o país, ele estava na França, representando Portugal.
Então, a referência específica é à França, não a Portugal. Por conseguinte, o hiperônimo
“país” retoma o hipônimo “França”.
c. Salazar ordenou, ele é o ditador.
d. “Sua” refere-se à atitude humanitária de Aristides de Souza Mendes.
e. A atitude humanitária é o ato de salvar dez mil judeus de uma morte certa.
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Mecanismos de Coesão Textual
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“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”
Mahatma Gandhi
50m
GABARITO
1. e
2. d
3. b
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Mecanismos de Coesão Textual II
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A primeira forma de coesão a ser dominada pelo aluno é a lexical e, durante o curso
será percebido que ter bom vocabulário é fundamental. É importante, por isso, revisar as
nomenclaturas apresentadas, sabendo o que é um sinônimo, um hipônimo, um hiperônimo,
um recurso metonímico, uma elipse, ou um tipo especial de elipse que recebe o nome de
zeugma. Na aula de hoje serão introduzidas novas nomenclaturas a serem assimiladas,
exaustivamente cobradas pela Fundação Getúlio Vargas em relação aos mecanismos de
coesão do texto. Tais mecanismos serão facilitadores da compreensão e da interpretação.
Inicia-se a aula pelos processos de coesão referencial para, na sequência, tratar dos
processos de coesão sequencial. Só compreende bem um texto quem possui bom léxico
internalizado e quem domina a gramática. Outro detalhe importante é o domínio de muitas
nomenclaturas importantes da Linguística Textual e da Teoria Literária.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV/SENADO)
Em dois continentes de importância para o mundo desdobram-se neste momento crises
virtualmente existenciais no que diz respeito a seus modelos econômico-sociais.
(...)
Na Europa, supostamente mais organizada, falhou a regulamentação financeira, o que
convergiu com a crise de 2008 nos EUA para dar origem à presente situação. Nesse
erro se encontraram o capitalismo neoliberal americano e a “economia social de mer-
cado” dos alemães.
O pronome (n)este, no primeiro parágrafo (L.2), e o pronome (N)esse, no sétimo pará-
grafo (L.48), exercem, respectivamente, papel
a. Catafórico e anafórico.
b. Dêitico e catafórico.
c. Dêitico e anafórico.
d. Catafórico e dêitico.
e. Anafórico e catafórico.
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Mecanismos de Coesão Textual II
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ATENÇÃO
Cuidado com informações existentes nas redes sociais, pois nelas se indica que tanto faz
usar pronome grafado com “t” ou com “ss”.
5m
COMENTÁRIO
prestar atenção à diferença entre os dois pronomes indicados, um grafado com “t” (“neste”)
e o outro com “ss” (“nesse”). Pronomes grafados com “ss”, por exemplo, esses, essas, só
possuem duas funções:
1. Serão anafóricos;
2. Serão dêiticos.
Já um pronome grafado com “t”, como estes, estas, apresenta três funções:
1. Será catafórico. Isso se aplica apenas aos pronomes com “t”; um pronome com “ss”
jamais será utilizado para algo que ainda será mencionado no texto. Um exemplo
desse uso é “Sr. Diretor, necessitamos destes documentos: relatório x, ofício y etc.”,
ou seja, remete a elementos que ainda serão mencionados no texto e dentro do texto.
Obs.: eventualmente, pode-se fazer referência a um elemento que não está anteposto ou
posposto, mas sim fora do texto; nesse caso, a função é exofórica.
2. Será anafórico, quando retoma termo sintático próximo. Ex.: “Há relações entre os
homens e os livros. Estes registram os fatos para que não caiam no esquecimento.”
Nesse caso, o pronome retoma não os “homens”, mas sim os “livros”. Prestar atenção
também às concordâncias necessárias.
3. Será dêitico. O termo “dêitico” vem de “dêixis”, que significa “mostrar”. Portanto, o ele-
mento “dêitico” mostra a presença de quem redige. É um traço subjetivo, espacial ou
temporal de quem redige ou de quem fala. Ex.: “Neste país, há fome.” Fala-se do país
de onde o emissor redige/fala, cujo nome não está anteposto ou posposto.
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ANOTAÇÕES
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Mecanismos de Coesão Textual II
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Analisando o texto, “neste momento” (L.2), refere-se ao momento em que o redator produz
o texto. Como o “tempo” pertence a quem redige o texto, a função é dêitica.
O pronome “(n)esse (erro)” na linha 48 refere-se à “falha da regulamentação financeira”.
Há um elemento, portanto, de coesão lexical que possui função anafórica.
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ATENÇÃO
Cuidado quando o examinador propuser o seguinte: “o pronome ‘este’, em tal linha do tex-
to, pode ser substituído por ‘esse’, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coe-
rência textual.” ERRADO! Nunca use pronome grafado com “ss” para fazer referência
a algo que será mencionado, pois ele nunca será catafórico.
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ATENÇÃO
Às vezes o examinador apresenta um texto e diz que os elementos dêiticos estão ausentes
no texto, e isso não ocorre no exemplo abaixo.
Circula uma proposta para aumentar as verbas com vistas à contratação de funcionários
pessoais de cada deputado desta Casa. Hoje, um parlamentar recebe 35.000 reais por
mês para isso. A ideia é elevar esse montante para 45.000 reais. Eu considero esse fer-
mento nas verbas de gabinete um assalto aos cofres públicos.
Pelo contexto, entende-se a referência à casa onde o redator se encontra, ou seja, a Câ-
mara dos Deputados. Observe, no entanto, que essa informação não está dentro do texto;
ela é inferida pelo leitor. “Hoje” também tem função dêitica, temporal.
O pronome “isso” refere-se à contratação de funcionários pessoais de cada deputado, não
sendo dêitico, mas sim anafórico. “Esse” também não é dêitico; é anafórico, pois refere-se
ao montante já citado.
“Eu” e “considero” são marcas subjetivas de quem fala ou redige – são dêiticos subjetivos.
“Esse” em “esse fermento” é anafórico, pois remete ao aumento do montante.
Portanto, só para reforçar, os elementos dêiticos são exofóricos, ou seja, referem-se sem-
pre a informações externas ao texto.
• Elemento vicário – palavra que, como verdadeiro pronome, se põe em lugar de uma
oração inteira. Consta da nossa gramática latina.
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DIRETO DO CONCURSO
2. (FGV/SENADO) No segundo quadrinho, o pronome essa tem valor:
(No quadrinho há uma fala de um peixe, em que diz “Logo, alguém colocou essa minho-
ca aí.”, em que ele olha para um anzol distante de si.)
a. Anafórico.
b. Catafórico.
c. Dêitico.
d. Relativo.
e. Expletivo.
45m
COMENTÁRIO
Se a minhoca estivesse perto dele, ele usaria “esta minhoca”. Como ela estava no anzol
que observava, ele usou “essa minhoca”.
GABARITO
1. c
2. c
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preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
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ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Mecanismos de Coesão Textual III
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RETOMADA
Lembrando que o texto é trabalhado como sinônimo de tecido, ou seja, que há articu-
lações no texto e, por esse motivo, os mecanismos de coesão são tão utilizados. Já foram
tratados os mecanismos de coesão lexical e de coesão gramatical referencial (anafóricos e
catafóricos, que são endofóricos; e os dêiticos, que são exofóricos). Agora serão tratados os
mecanismos de coesão sequencial, pois é necessário observar a sequência lógica do pen-
samento apresentada em um texto e isso desencadeará um processo que recebe o nome de
progressividade temática ou progressividade textual.
COESÃO SEQUENCIAL
Nesta aula, o objetivo é entender a coesão sequencial, feita especialmente por conjun-
ções, preposições, advérbios e locuções (conjuntivas, prepositivas, adverbiais). O texto só
pode ser dominado por quem também domina a gramática da língua portuguesa. Agora, com
as questões abaixo, serão verificados os mecanismos de coesão sequencial se manifestando.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV)
Fora de foco
Deve-se ao desenvolvimento de remédios e terapias, a partir de experimentos científi-
cos em laboratórios com o uso de animais, parcela considerável do exponencial aumen-
to da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo. É extensa a lista de doenças
que, tidas como incuráveis até o início do século passado e que levavam à morte pre-
matura ou provocavam sequelas irreversíveis, hoje podem ser combatidas com quase
absoluta perspectiva de cura.
Embora, por óbvio, o homem ainda seja vítima de diversos tipos de moléstias para as
quais a medicina ainda não encontrou lenitivos, a descoberta em alta escala de novos
medicamentos, particularmente no último século, legou à Humanidade doses substan-
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Mecanismos de Coesão Textual III
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ciais de fármacos, de tal forma que se tornou impensável viver sem eles à disposição
em hospitais, clínicas e farmácias.
(O Globo, 21/11/2013)
O texto acima foi produzido num momento em que se discutia a validade ou não da
utilização de animais em pesquisas. Nesse caso, os dois primeiros parágrafos do texto
têm a seguinte função:
COMENTÁRIO
O enunciado já apresenta um elemento nuclear, quando menciona o que o texto discute,
ou seja, “a validade ou não da utilização de animais em pesquisas”. Do ponto de vista da
tipologia, o texto é argumentativo, cuja fonte é um jornal. Nesse sentido, esse texto poderá
ser caracterizado como um editorial ou um artigo de opinião, gêneros que circulam em nos-
so dia a dia. O examinador da FGV cobra os elementos tipológicos, por isso a observação.
5m
a. Marcar a posição do jornal a favor da experimentação animal.
b. Defender a indústria farmacêutica de críticas injustas.
c. Mostrar o acerto de não se utilizarem animais em experiências.
d. Divulgar o sucesso da pesquisa médica através dos tempos.
e. Valorizar a criação de medicamentos eficientes.
A banca cobra do candidato que ele leia o texto, para perceber a linha de raciocínio do
autor. O professor comenta sobre o uso da locução prepositiva “a partir de” (L.1), que nor-
malmente é usada para referências temporais, diferente do que ocorre no texto da questão
– poderia ter sido usada a locução “com base em”.
O trecho que cita “experimentos científicos em laboratórios com o uso de animais” introduz
a opinião do autor sobre o tema, seguido de um tópico frasal (“parcela considerável do ex-
ponencial aumento da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo”) que mostra
que o autor é favorável ao uso de animais na experimentação.
No desenvolvimento do parágrafo, o autor se utiliza duas vezes do pronome relativo “que”
em função anafórica, que retoma o antecedente “doenças” (L.3 e L.4). Também utiliza o
dêitico “hoje” (L.5), que se refere à data em que o artigo foi escrito. O segundo período do
primeiro parágrafo enfoca os benefícios do uso de animais na experimentação, reforçando
o posicionamento favorável ao tema.
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No segundo parágrafo, “embora” traduz a ideia de concessão e, por isso, o verbo “ser”, em “seja”,
é usado no modo subjuntivo (L.7). Na mesma linha, “moléstias” está sendo usado no mesmo
campo semântico de “doenças”, o que demonstra uma forma de coesão lexical. Ainda na mes-
ma linha, “as quais” é elemento de coesão referencial anafórico, referindo-se a “moléstias”.
O vocábulo “lenitivos” pode ter a significação deduzida a partir do contexto, caso o candi-
dato não o conheça – lembrando que é importante expandir o vocabulário para um bom
desempenho nesses exames, os quais exigem isso do candidato.
O uso de argumentação no segundo parágrafo, marcado pela escolha das expressões
“novos medicamentos” e “doses substanciais de fármacos” confirma o posicionamento do
autor. Na linha 10, há um elemento de coesão sequencial, “de tal forma que”, que traduz a
ideia de consequência, ou seja, o argumento que vem na sequência (“se tornou impensá-
vel viver sem eles...”).
15m
Os elementos de coesão sequencial já mostrados na questão 1 serão retomados nas de-
mais questões e ao longo dessa aula.
2. (FGV) “Se telefonar, não dirija!” é uma frase que se apoia em outra, mais conhecida:
“Se dirigir, não beba!”. A frase abaixo que não segue corretamente a mesma formação
dessas duas frases é:
COMENTÁRIO
Observe que o elemento de sequenciação apresentado é o “se”, uma conjunção que traduz
a ideia de condição, e a oração seguinte se inicia com verbo no modo imperativo negativo.
a. Em caso de telefonar, não dirija!
é usada a locução prepositiva “em caso de”, seguida de verbo no infinitivo (é uma oração
reduzida de infinitivo), com a oração seguinte com verbo no imperativo negativo. A locução
é usada com o mesmo sentido de “se”, a conjunção condicional da frase do enunciado.
20m
b. Caso telefones, não dirijas!
o sujeito é a forma “tu”, com a conjunção condicional “caso”, que exige o verbo no modo
subjuntivo, tempo presente. Também segue o modo imperativo negativo na oração princi-
pal. Continua a ideia de condição e o imperativo negativo.
c. Caso dirijas, não telefones!
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o sujeito é a forma “tu”, há a inversão da ordem das duas ações, mas ainda mantendo a
ideia de condição. Mais uma vez, com a conjunção “caso”, utiliza-se o verbo no modo sub-
juntivo, tempo presente, seguido do imperativo negativo.
d. Se telefonares, não dirijas!
atenção para a forma como aparece o verbo após “se”, na comparação entre a frase do
enunciado e a do item acima. Em ambas, o verbo está no modo subjuntivo, tempo futuro,
marcando hipótese.
e. Caso telefonar, não dirija!
com a conjunção “caso”, não se utilizaria verbo no futuro do subjuntivo, mas sim o presente
desse modo (“Caso telefone”).
25m
1) Aditivos (soma):
Exemplo: O trabalho gera riqueza e produz alegria.
Nesse caso, o conectivo aditivo “e” traduz a ideia de adição, mas ele também pode tra-
zer a ideia de adversidade (Insiste em zero a zero e eu quero um a um.).
Exemplo: Não hesitaremos nem desistiremos.
Aqui, “nem” já significa “e não”.
PEGADINHA DA BANCA
“Nem” poderia ser substituído por “tampouco”. Ele é diferente de “tão pouco”, que significa
“muito pouco”; são parônimos, ou seja, transmitem ideias diferentes. É comum aparecer
“tão pouco”, que não traduz a ideia de adição e isso leva o candidato ao erro.
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Aqui “ou” traduz a ideia de concomitância, tanto é que o verbo “prejudicam” está concor-
dando no plural, para abarcar a ideia dos dois, “o fumo” e “o álcool”.
30m
4) Conclusivos (conclusão):
Exemplo: O monumento está na Amazônia, logo pertence ao povo brasileiro.
“Logo” transmite tanto a ideia de conclusão, quanto a de consequência.
ATENÇÃO
Também é comum aparecer, no lugar de “logo”, “por conseguinte”.
5) Explicativos (explicação):
Exemplo: Não vás, porque te arrependerás.
Também é possível usar “pois” ou “que”. A explicação ocorre em relação ao explicitado
na oração anterior, e a vírgula é obrigatória.
6) Causais (justificativa):
Exemplo: Os preços caíram porque cresceram as importações.
Tanto o “porque” com valor explicativo, quanto o “porque” com valor causal podem ser
substituídos por “porquanto”, detalhe exaustivamente cobrado pela FGV. Ele possui
valor de explicação e de causa.
A causa/justificativa acompanha a oração com “porque”. A consequência é apresentada
na oração principal, “Os preços caíram”.
ATENÇÃO
Cuidado com “visto que” e “haja vista que”, que introduzem a ideia de causa, e atenção
para o “o” e o “a” na grafia.
7) Concessivos (oposição):
Exemplo: Obteve bons resultados, embora fosse um candidato medíocre.
O conectivo “embora” é bastante cobrado em exames e pode ser substituído por “con-
quanto”. Também pode ser usado “malgrado”, “apesar de”, “em que pese a” e “a des-
peito de”.
35m
Depois do concessivo, é necessário usar o modo subjuntivo.
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ATENÇÃO
Há a separação entre “a” e “fim”, pois se trata de locução prepositiva e não conjuntiva.
11) Proporcionais
Exemplo: À medida que a cidade crescer, mais difícil será resolver seus problemas.
ATENÇÃO
Não confundir “à medida que”, que traduz a ideia de proporção, com “na medida em que”,
que tem valor de “porque”, introduzindo valor de causa. Não confundir ou misturar a forma-
ção das duas.
12) Temporais
Exemplo: Quando estiveres irado, conta até dez.
Exemplo: Mal chegou, foi começando a gritar.
O “mal” tem valor de “assim que”, quando traduzir a ideia de tempo.
40m
13) Comparativos
Exemplo: Nada é mais caro que a ignorância.
Neste exemplo há apenas um verbo e, portanto, uma única oração. Contudo, um se-
gundo verbo “é” estaria implícito, em relação a “ignorância” (“Nada é mais caro que a
ignorância (é)”).
14) Consecutivo
Exemplo: Trabalhou tão sério, que conquistou o respeito de todos.
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DIRETO DO CONCURSO
3. (FGV) “Qualquer dúvida, por mais banal que seja, torna-se uma urgência inadiável”; a
oração sublinhada não equivale a:
COMENTÁRIO
A conjunção “por mais que” possui o mesmo valor de “mesmo que”, “ainda que”, “embora”,
sempre usadas com o verbo no modo subjuntivo.
a. Embora seja muito banal.
b. Apesar de ser muito banal.
c. Contanto que seja muito banal.
Aqui não confundir com “conquanto”, que seria a conjunção adequada. O “contanto que”
traduz a ideia de condição, e não de concessão, como a usada no enunciado.
d. Mesmo sendo muito banal.
Aqui se trata de oração reduzida de gerúndio.
e. Ainda que seja muito banal.
COMENTÁRIO
“ainda que” traduz a ideia de concessão
a. Não obstante.
b. Porquanto.
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Não há elementos de coesão sequencial, mas o texto é coerente em sua totalidade, pois
há uma coesão interna. Com o desencadeamento de ações, identifica-se um texto narrativo.
Não importa o adversário, você sempre lutará pela vitória.
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
Mecanismos de Coesão Textual III
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GABARITO
1. a
2. e
3. c
4. b
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES
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Semântica
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SEMÂNTICA
Nesta aula, será tratado sobre semântica, que tem a ver com sentido e significação. É
necessário estar atento a esse universo, dos sentidos dos vocábulos em língua portuguesa.
É preciso estar atento também aos campos semânticos diversos cobrados exaustivamente
pela FGV. Nesse sentido, manifestar domínio da coesão lexical é essencial. O léxico é o
potencial linguístico, e a parte dominada pela pessoa recebe o nome de vocabulário.
Existem palavras pertencentes ao mesmo campo semântico, assim como as que perten-
cem a campos semânticos diferentes. Às vezes, tais campos traduzem a ideia de oposição.
Inicialmente, deve-se estar atento a dois processos fundamentais: o de sinonímia, ou seja,
de palavras do mesmo campo semântico, e o de antonímia, ou seja, de palavras em opo-
sição semântica. A antonímia é importante na identificação de uma figura de linguagem, a
antítese. Um desdobramento da antítese é o oximoro ou paradoxo. Essas nomenclaturas
também aparecem na prova da FGV.
Na aula de hoje, também serão tratadas as relações de homonímia e paronímia. Elas
são importantes não apenas para a prova objetiva, como para a discursiva.
5m
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV)
Abstrações
“Deus não joga dados com o Universo”, disse Einstein, para nos assegurar que existe
um plano por trás de, literalmente, tudo, e que o comportamento da matéria é lógico e
previsível. A física quântica depois revelou que a matéria é mais maluca do que Einstein
pensava e que o acaso rege o Universo mais do que gostaríamos de imaginar. Mas
fiquemos com a palavra do velho. Deus não é um jogador, o Universo não está aí para
Ele jogar contra a sorte e contra Ele mesmo. Já os semideuses que controlam o capital
especulativo do planeta Terra jogam com economias inteiras e podem destruir países
com um lance de dados, ou uma ordem de seus computadores, em segundos.
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Semântica
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Às vezes eles têm uma cara, e até opiniões, mas quase sempre são operadores
anônimos, todos com 28 anos, e um poder sobre as nossas vidas que o Deus de
Einstein invejaria. Deus, afinal, é sempre o ponto supremo de uma cosmogonia
organizada, não importa qual seja a religião. Todas as igrejas têm metafísicas antigas e
hierarquizadas. Todos os deuses podem tudo, mas dentro das expectativas e das tradi-
ções de seus respectivos credos. Percebe-se que até a onipotência tem limites.
A metafísica dos operadores das bolsas de valores, dos deuses de 28 anos, é inédita.
Não tem passado nem convenções. É a destilação final de uma abstração, a do capital
desassociado de qualquer coisa palpável, até do próprio dinheiro. Como o dinheiro já
era a representação da representação de um valor aleatório, o capital que foi transfor-
mado em impulso eletrônico é uma abstração nos limites do nada – e é ela que rege as
nossas economias e, portanto, as nossas vidas. E quem pensava ter liberado o mundo
de um ideal inútil, o de sociedades regidas por muitas abstrações, como igualdade e so-
lidariedade, se vê prisioneiro do invisível, de um sopro que ninguém controla, da maior
abstração de todas.
(Adaptado de Luis Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)
“Deus não joga dados com o Universo”. Essa frase de Einstein se opõe à ideia de que:
a. a metafísica é preceito religioso antigo e rígido.
b. o mundo material se baseia nos princípios de simetria.
c. a matéria se fundamenta em princípios lógicos e previsíveis.
d. forças herméticas e aleatórias regem o comportamento da matéria.
e. o comportamento da matéria se baseia na relação de causa e consequência.
COMENTÁRIO
O examinador pede, no comando, que se identifique uma relação de oposição semântica,
ou seja, que representa um antônimo.
É importante ler o texto com atenção, identificando a posição da frase citada no
enunciado e percebendo sua relação com as demais informações.
O professor chama a atenção para o uso do pronome “nos” (L.1), que é usado pelo autor
para que ele se aproxime do leitor, e do elemento de coesão sequencial “e que” (L.2), for-
mado por uma conjunção aditiva e uma conjunção integrante.
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Semântica
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Os períodos que se seguem à citação de Einstein explicitam seu sentido, de que as ações
de Deus não ocorrem na base da sorte, como em um jogo de dados. A oposição semântica
se dá, portanto, em relação ao “comportamento (...) lógico e previsível”.
Deve-se ter cuidado com as informações que vêm na sequência, no texto de Veríssimo,
pois elas parecem contrariar a afirmação de Einstein, mas não devem ser confundidas com
o que se pede no comando da questão.
Atenção para o pronome “Ele” (L.6), que se refere a Deus e por esse motivo é grafado
com inicial maiúscula. Na mesma linha, o pronome “que” retoma “semideuses”. O termo
“eles”, no segundo parágrafo, refere-se a “semideuses”. Há um antecedente anafórico,
“que” (L.11), que retoma “um poder sobre nossas vidas”.
Obs.: importante perceber a forma como o segundo parágrafo está organizado para ser
compreendido a partir de inferências e deduções lógicas, tópico a ser discutido nas
próximas aulas.
15m
No terceiro parágrafo, “a” (L.17) retoma “abstração”, “que” (L.19) retoma “o capital”, “ela”
(L.20) retoma “abstração”, “o” (L.22) retoma “ideal inútil” e “que” (L.23) retoma “um sopro”.
O vocábulo “abstração” aparece muitas vezes ao longo do texto, como reforço.
Percebe-se que as significações são usadas para a interpretação, além das oposições
semânticas.
2. (FGV)
Fora de foco
Deve-se ao desenvolvimento de remédios e terapias, a partir de experimentos científi-
cos em laboratórios com o uso de animais, parcela considerável do exponencial aumen-
to da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo. É extensa a lista de doenças
que, tidas como incuráveis até o início do século passado e que levavam à morte pre-
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matura ou provocavam sequelas irreversíveis, hoje podem ser combatidas com quase
absoluta perspectiva de cura.
Embora, por óbvio, o homem ainda seja vítima de diversos tipos de moléstias para as
quais a medicina ainda não encontrou lenitivos, a descoberta em alta escala de novos
medicamentos, particularmente no último século, legou à Humanidade doses substan-
ciais de fármacos, de tal forma que se tornou impensável viver sem eles à disposição
em hospitais, clínicas e farmácias.
(O Globo, 21/11/2013)
COMENTÁRIO
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3. (FGV) “É bom olhar para trás para verificar...”. Sobre as ocorrências do vocábulo subli-
nhado, assinale a afirmativa correta.
a. As duas ocorrências mostram o mesmo valor semântico.
b. A primeira ocorrência tem valor de finalidade.
c. A segunda ocorrência tem sentido de direção.
d. A primeira ocorrência equivale a “sobre”.
e. A segunda ocorrência equivale a “a fim de”.
COMENTÁRIO
Uma preposição pode ter carga semântica. Exemplo: Senti sua falta no almoço de ontem.
Aqui, a preposição “em” possui carga semântica, pois traduz uma noção equivocada de
que o interlocutor estava “sendo almoçado”. O correto seria “ao almoço”.
“Olhar para trás” tem valor de direção. “Olhar para verificar” tem valor de finalidade.
d) A preposição “sobre” indica “lugar acima” ou assunto.
e) Lembrando que “a fim de” traduz finalidade, mas “afim”, grafado junto, é um adjetivo, que
traduz afinidade.
30m
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COMENTÁRIO
Aqui o contexto pode ajudar, embora seja recomendado continuar enriquecendo o
vocabulário.
HOMONÍMIA E PARONÍMIA
Às vezes aparecem nomes homófonos (possuem mesmo som) com grafias diferentes,
ou seja, heterógrafos – são os homônimos. Exemplo: acerca de / a cerca de.
Também é possível encontrar os parônimos, vocábulos parecidos, mas diferentes em
relação ao significado. Exemplo: ao encontro de / de encontro a. Neste caso, a primeira
traduz correspondência, e a segunda oposição.
1. Acerca de
A cerca de
Há cerca de
2. Afim
Exemplo: Se as áreas de atuação eram afins, por que não trabalharam juntos?
Indica afinidade.
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A fim de
3. Ao encontro de
De encontro a
Exemplo: O diretor não apoiou a medida, pois vinha de encontro aos interesses dos
professores.
Indica oposição.
4. Ao invés de
Em vez de
ATENÇÃO
No trecho em que se aplica “ao invés de” cabe “em vez de”. Mas nem sempre o contrário
é válido. Exemplo: “Ao invés de estudar, fui ao cinema”. Como o contrário de “estudar” não
é “ir ao cinema”, só caberia “em vez de”. Um exemplo correto seria “Ao invés de os juros
baixarem, eles subiram”, pois está marcada a oposição. Também cabe “em vez de”, uma
vez que também existe a substituição.
Na dúvida, melhor usar sempre “em vez de”.
40m
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5. A par
Ao par
6. Arrochar
Arroxar
7. Auferir
Aferir
8. Comprimento
Indica medida.
Cumprimento
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9. Conje(c)tura
Conjuntura
Denota situação.
45m
10. Descriminar
Discriminar
11. Despercebido
Desapercebido
12. Eminente
Iminente
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13. Espectador
Expectador
14. Infligir
Infringir
Exemplo: Com a instalação dos pardais, fica mais difícil infringir as regras de trânsito.
Significa “transgredir”, “desobedecer”. Quando se utilizar “desobedecer”, não esquecer
da preposição “a”.
50m
15. Prever
Prover
Provir
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GABARITO
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2. c
3. e
4. b
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preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
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Textos Literários
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TEXTOS LITERÁRIOS
RELEMBRANDO
• Processo coesivo do texto: estrutura diafórica do texto.
• É importante ter um bom léxico internalizado (um bom vocabulário), porque isso é um
elemento facilitador.
São duas as principais formas de caracterização do texto: texto literário e texto não
literário.
Textos literários
• Texto é o tecido especial formado por palavras, orações, períodos, parágrafos e até
versos. Envolve elementos verbais e elementos não verbais (Ex.: charges).
• Os processos de construção do texto exigirão um domínio do sentido, da significação.
• Textos literários: são aqueles que evidenciam o predomínio da conotação (desvios
semânticos, valores figurados, plurívocos, translatos – porque haverá mudança,
passagem, em relação à significação).
Textos literários trabalham com palavras empregadas em seu valor plurívoco. Haverá,
então, muitas possibilidades de compreensão e de interpretação. Por isso, é muito impor-
tante ter o domínio desse tipo de texto. O examinador deverá amarrar todos os detalhes com
muito cuidado, para não abrir margem para recursos.
Textos literários:
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Textos Literários
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Ex.: fábulas – frequentemente, possuem animais que assumem ações humanas (figura
de linguagem: personificação/ prosopopeia). A fábula é uma estrutura ficcional que traz uma
lição de moral. Há, aí, uma alegoria (muito presente nos textos literários).
Pode haver textos em prosa com predomínio da denotação, assim como textos em prosa
com o predomínio da conotação.
Ex.: texto “Como se conjuga um empresário” – o escritor cearense Mino criou uma situ-
ação com verbos: preocupação com a construção. Isso caracteriza o que é chamado de
função poética, que também se manifesta em parágrafos, não apenas em versos.
10m
A banca FGV sempre surpreende os candidatos; o texto a ser analisado pode ser uma
estrofe, um poema, um parágrafo, um texto longo etc.
O PULO DO GATO
Na prova discursiva, a FGV pode cobrar questões como:
“Desenvolva uma dissertação em prosa a respeito do seguinte tema”.
Dissertação em prosa significa dissertação em parágrafos. (Não inserir tabelas, gráficos,
desenhos etc.).
Dissertação é um gênero não literário, ou seja, fuja das conotações e das subjetividades.
A dissertação é constituída de: parágrafo de introdução, parágrafo de desenvolvimento e
parágrafo de fechamento.
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Textos Literários
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• Linguagem é:
– Subjetiva: função emotiva – presença da primeira pessoa do singular (eu). Ex.:
texto “eu e ele” de Luís Fernando Veríssimo.
– Conotativa: função poética da linguagem – preocupada com a construção, com a
seleção vocabular.
Ao se deparar com um poema, percebe-se que a pessoa que redige se preocupa com a
rima e com a construção de cada verso, sendo que esses podem ser simétricos, assimétri-
cos... Há muita preocupação com a construção e com a seleção vocabular.
20m
• Licença poética: o poeta e o cronista são livres para registrar a linguagem coloquial,
por exemplo. Um aluno, por sua vez, não.
• Espelha a ideologia do artista.
• Poema;
• Música;
• Crônica;
• Romance;
• Conto;
• Contos de fadas;
• Universo das alegorias:
– Fábula (presença de animais que assumem ações humanas);
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Textos Literários
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• Teatro;
• Lenda;
• Charge e outros.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV) Assinale a opção que apresenta a frase inteiramente construída com vocábulos
em sentido lógico, não figurado.
25m
a. “Os olhos são a morada da vergonha.”
b. “A juventude é a embriaguez sem vinho.”
c. “A velhice é o abrigo de todos os males.”
d. “Realizando coisas justas, tornamo-nos justos.”
e. “A consciência é um Deus para todos os mortais.”
COMENTÁRIO
Sentido lógico é o sentido denotativo, unívoco.
Nessa questão, todas as opções terão um sentido conotativo, exceto uma delas.
2. (FGV) Os segmentos machadianos a seguir têm o amor por tema. Assinale a opção
que mostra uma visão positiva desse sentimento.
a. “O amor é cego.”
b. “O amor é fecundo de ilusões.”
c. “Os amores novos fazem esquecer os velhos.”
d. “O amor para mim é o idílio de um semestre, um curto período sem chamas nem
lágrimas.”
30m
e. “O amor não nasce de uma circunstância fortuita, nem de uma longa intimidade, é
uma harmonia entre duas naturezas, que se reconhecem e completam.”
COMENTÁRIO
“Machadiano” significa que os trechos foram escritos por Machado de Assis.
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Textos Literários
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3. (FGV) “A ciência é a inteligência do mundo; a arte, o seu coração”. (M. Gorki) A oposi-
ção entre ciência e arte nessa frase está, respectivamente, nos seguintes valores:
35m
a. entendimento X sentimento.
b. observação X interpretação.
c. repetição X criatividade.
d. fatos X hipóteses.
e. verdade X ilusão.
COMENTÁRIO
A FGV tem o hábito de trabalhar com textos pequenos para cada questão ou com um texto
longo para toda a prova.
“(...) a arte, o seu coração” – a vírgula em questão é vicária, ou seja, está no lugar de um
verbo. Esse trecho é equivalente a “a arte é o seu coração”.
Eu e ele
No vertiginoso mundo dos computadores, o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco
anos, já pode ser definido como uma carroça. Nosso convívio não tem sido muito confortá-
vel. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente metíamos a
mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em tabletes até
as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com esferográfica, não
havia processo de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o abnegado monge
copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado. Agora, não. Damos
ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de ser trabalhadores bra-
çais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os dedos limpos.
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• Ele: o computador.
• “Lhe peço”: peço a ele (ao computador).
• “Cunhas”: instrumentos em metal, em tabletes.
• “Vestígio nos dedos”: tinta preta ou vermelha da máquina de escrever.
• “Agora”: elemento dêitico – faz referência ao tempo em que o autor se encontra.
• “Pós-industriais”: faz referência ao mundo tecnológico.
40m
Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio
perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma
máquina de escrever. Ele nos olha na cara. Tela no olho. A máquina de escrever fazia o que
você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se erramos,
ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais inteligente do
que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais aproveitará metade do
que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando estiver sendo progra-
mado por um igual. Isto é, outro computador. A máquina de escrever podia ter recursos que
você também nunca usaria (abandonei a minha sem saber para o que servia “tabulador”, por
exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguenta os humanos
por falta de coisa melhor, no momento.
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4. “No vertiginoso mundo dos computadores, o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco
anos, já pode ser definido como uma carroça.” Está implícito nessa frase do texto que
a. o envelhecimento de computadores é muito rápido.
45m
b. o preço dos computadores há alguns anos era bem mais baixo.
c. a posse de um computador por pouco tempo nos dá ideia de nossa velhice.
d. os computadores tornam-se lentos com o passar do tempo.
e. o tempo de vida útil de um computador é mais longo a cada dia.
COMENTÁRIO
• O termo “implícito” faz referência a uma informação que deve ser inferida. O examina-
dor quer saber se o candidato domina a inferência sem extrapolar a realidade do texto
e por meio dos indícios que estão nesse trecho.
• “Vertiginoso” significa acelerado, rápido.
• “(...) O meu [computador], que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser
definido como uma carroça” – elemento anacrônico: um computador de quatro ou
cinco anos não é da mesma época que uma carroça.
• A “carroça” poderia se referir, também, à lentidão, mas a associação principal do trecho
como um todo é com a ideia de vertigem, de aceleração.
COMENTÁRIO
“Atribuindo-se-lhe”. “Se”: partícula apassivadora. “Lhe”: objeto indireto.
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6. “Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo.” Os conec-
tores no início desse segmento têm valor de
a. acréscimo e causa.
b. causa e concessão.
c. concessão e explicação.
d. explicação e oposição.
e. oposição e acréscimo.
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RELEMBRANDO
Na aula passada, falamos sobre o texto literário, cuja marca principal é o predomínio da
conotação. Muito cuidado com os desvios semânticos!
ATENÇÃO
Não confunda linguagem conotativa (linguagem predominante no texto literário) com a
função conativa ou apelativa da linguagem.
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O PULO DO GATO
Nas provas da FGV, é comum que o examinador cobre a função de cada parágrafo de um
texto. Ele quer que você tenha o domínio de toda a estrutura do texto e de todos os seus
desencadeamentos semânticos – considerando-se, claro, seu tipo e seu gênero.
• Artigo de opinião: o redator utiliza da primeira pessoa (eu) para se posicionar a res-
peito de um tema da realidade (como aborto, redução da maioridade penal etc.)
• Notícia, reportagem, artigo científico, bula de remédio, manual de instrução, livro
didático, dicionário, receita culinária, documento, bilhete, dissertação expositiva, dis-
sertação argumentativa (com o posicionamento de quem redige) e outros.
Obs.: Quando um redator utiliza do pronome “eu” (ex: “eu acredito na democracia”), o “eu”
é um pronome dêitico: é a marca de quem redige. No entanto, há uma diferença entre
o “eu lírico”, muito presente nos textos literários, e o “eu dêitico”, muito presente nos
textos não literários.
O “eu lírico” não necessariamente é o “eu” real. O “eu” real é o “eu dêitico”.
• Apresenta 6 parágrafos.
• Artigo de opinião (como pode ser verificado na referência). Nem sempre quem opina
precisa utilizar da primeira pessoa.
• Tema da nossa realidade.
• Predomínio da denotação.
15m
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• “nos dias atuais”: marca temporal/ dêitica (referência ao tempo de quem redige o texto).
Em pleno século XXI, especialistas e leigos se deparam com problemas, cada vez mais
difíceis, da falta de segurança pública no meio social, onde organizações criminosas
comandam o crime nas barbas do Estado, ou melhor, sob a total proteção do Estado,
determinando execuções e estruturando o tráfico de entorpecentes no interior do Sistema
Penitenciário Brasileiro.
• “Em pleno século XXI”: Elemento dêitico, referência ao tempo em que estamos.
• “(...) da falta de segurança pública no meio social”: hipônimo. Especificação do pro-
blema – significação restrita.
• “no meio social”: ideia de lugar.
• “nas barbas do Estado” Trecho conotativo.
ATENÇÃO
Não utilizar a linguagem conotativa em provas discursivas! Nesse exemplo, seria melhor:
“com a anuência do estado”.
20m
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Com efeito, a Segurança Pública, que era tratada perifericamente, por não trazer votos
para os governantes, passa a ser ponto central do jogo político, sobretudo quando se per-
cebe que os eleitores se encontram em cárcere privado, motivados pelo real temor em, a
qualquer momento, entrar nas estatísticas do crime pelo simples fato de sair de casa.
Nesse contexto, peca o Estado ao amordaçar as Polícias Judiciárias, visto que é o tra-
balho de investigação e inteligência que proporciona informações imprescindíveis para o
desmantelamento não só financeiro, mas, também, estrutural da organização criminosa, ao
ponto de esfacelar o arcabouço interno desta.
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jurídico e político. Contudo, esquecem que, a longo prazo, essas normas geram incerteza e
insatisfação social, sobretudo se levarmos em consideração sua ineficácia em concretizar
não só os direitos e garantias fundamentais, mas, também, os deveres que cada cidadão
deve observar para a manutenção da paz coletiva.
2. Ao explicitar que “Em pleno século XXI, especialistas e leigos se deparam com proble-
mas, cada vez mais difíceis, da falta de segurança pública no meio social, onde organi-
zações criminosas comandam o crime nas barbas do Estado”, o autor do texto 1 apela
para um tipo de figura de linguagem caracterizada pela:
a. personificação de seres inanimados;
b. utilização de um todo significando uma parte;
c. comparação entre um termo real e um figurado;
d. repetição enfática de termos;
e. presença de termos de significação oposta.
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COMENTÁRIO
No trecho em questão, não foi utilizada uma ação para a realização da prosopopeia, mas
uma imagem, uma comparação: “barbas do estado”. Assim como uma pessoa, o Estado
mencionado no texto também.
35m
5. O terceiro parágrafo do texto 1 deve ser classificado, em termos de gênero textual pre-
dominante, como:
a. argumentativo;
b. instrucional;
c. didático;
d. preditivo;
e. injuntivo.
COMENTÁRIO
Preditivo: antecipação do futuro.
Injuntivo: instruções, ordens, orientações.
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Textos Não Literários
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COMENTÁRIO
• Volte ao último paragrafo do texto! Ele inicia-se com “Ademais”.
• “Refutação” significa contra-argumentação.
GABARITO
1. e
2. c
3. a
5. a
6. c
7. b
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES
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Exposição Argumentativa
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EXPOSIÇÃO ARGUMENTATIVA
RELEMBRANDO
No texto literário, há o predomínio da conotação e, no texto não literário, há o predomínio
da denotação.
O PULO DO GATO
A banca trabalha com diversas situações. Por vezes, a FGV aborda textos extensos e, às
vezes, traz textos de curta extensão, mas todos exigem o domínio de aspectos teóricos
como o conhecimento de nomenclaturas da linguística textual e da teoria literária.
Primeiramente, a FGV indicou a cobrança dos seguintes tópicos:
• Mecanismos de coesão textual;
• Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos;
• Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literá-
rio, narrativo, descritivo e argumentativo);
• Interpretação e organização interna; intertextualidade;
• Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo;
• Variação linguística: norma culta;
• Posteriormente, a banca expôs o seguinte programa:
– Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem;
– Compreensão de texto: observação dos processos que constroem os significa-
dos textuais;
– A linguagem e a lógica;
– As estruturas linguísticas no processo de construção de mensagens adequadas;
– A pragmática na linguagem: o significado contextual;
– A semântica vocabular: antônimos, sinônimos, homônimos, parônimos e heterônimos;
– Os modos de organização discursiva: a descrição, a narração, a exposição informa-
tiva e a exposição argumentativa;
– A organização das frases nas situações comunicativas: a colaboração e a relevân-
cia; os atos de fala;
– A linguagem lógica e a figurada;
ANOTAÇÕES
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Exposição Argumentativa
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Percebe-se a cobrança da “decodificação dos diversos tipos de texto”; por esse motivo,
têm-se abordada a sinonímia, a paronímia, a heteronímia, a homonímia, a hiponímia, a
metonímia, além de diversos processos de coesão lexical.
Quanto ao tópico de “linguagem e lógica”, faz-se premente notar que todo o processo
coesivo utiliza-se da análise sintática e a lógica proveniente dessa análise. Sendo assim,
para o tópico linguagem e lógica, dominar os mecanismos de coordenação e subordinação
entre os termos oracionais e entre as orações.
5m
O tópico de “estruturas linguísticas no processo de construção de mensagens adequadas”
pede o domínio do padrão culto da língua portuguesa desde o nível fonético até o fonoló-
gico e sintático.
O tópico de “pragmática na linguagem” e “semântica” pedem o domínio do sentido.
A “organização discursiva” está inserida no tema desta aula. Ademais, lembre-se que a
linguagem lógica é denotativa e a linguagem figurada é conotativa.
Observe como o tema tem sido cobrado pela banca com um exemplo de texto retirado
da revista Veja:
10m
A Revolução do Real
Há duas formas de revolução na história humana: as rumorosas, feitas com o sangue, o
suor e as lágrimas das populações, e as silenciosas – que, em geral, tendem a ser mais efetivas
no que diz respeito aos benefícios proporcionados à maioria. Elas são consideradas silenciosas
não porque feitas nos subterrâneos, longe dos ouvidos e dos olhos das pessoas, mas porque
deixam de ser percebidas como revoluções enquanto se desenrolam. Seu caráter profunda-
mente renovador é reconhecido somente a posteriori, quando muitos se dão conta, enfim, das
mudanças por elas promovidas. Há quinze anos, começou a ocorrer uma revolução silenciosa
no Brasil: o lançamento do real, a moeda que pôs um ponto final na hiperinflação e que, ponta
de lança do plano ao qual emprestou seu nome, catapultou o país a um novo patamar de desen-
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Exposição Argumentativa
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volvimento. Com o real, os brasileiros redescobriram o valor do dinheiro e das coisas. Passaram
a planejar seu presente e seu futuro. Elevaram seu padrão de renda e bem-estar. A economia
ganhou um arcabouço mais nítido e moderno, com o saneamento do sistema financeiro, as pri-
vatizações, as agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, as metas de superavit
primário, o câmbio flutuante e a autonomia operacional do Banco Central.
(Veja, 8/07/2009)
ATENÇÃO
Jamais ignore o título do texto e a sua nota de referência original. Ademais, muitos textos
da revista Veja possuem caráter argumentativo e não somente expositivo.
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Exposição Argumentativa
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DIRETO DO CONCURSO
1. Sobre o título dado ao texto – A Revolução do Real –, pode-se dizer que ele se refere:
a. às modificações provocadas na realidade pelas revoluções.
b. às mudanças provocadas pela nova moeda na realidade brasileira.
c. aos benefícios trazidos à sociedade pelas revoluções rumorosas.
d. aos malefícios provocados pela mudança de padrão monetário no Brasil.
e. às alterações produzidas por uma política econômica realista.
COMENTÁRIO
Perceba que o enunciado quer saber se o candidato consegue sintetizar a ideia do texto
por meio do título.
20m
COMENTÁRIO
Cuidado para não confundir os parônimos “despercebido” (não notado) e “desapercebido”
(desprevenidos).
25m
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Exposição Argumentativa
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COMENTÁRIO
A questão trabalha com campos semânticos, requerendo palavras que se ligam semantica-
mente à ideia de revolução e que estejam presentes no próprio texto.
30m
COMENTÁRIO
A questão pede o domínio da morfologia e das relações de coordenação e subordinação
entre os elementos morfológicos. O enunciado busca dois termos que caracterizam ape-
nas um elemento.
5. A expressão sublinhada que tem uma forma de substituição inadequada por alterar o
sentido original do texto é:
a. “...que, em geral, tendem a ser mais efetivas...” = geralmente.
b. “...no que diz respeito aos benefícios...” = se refere.
c. “...reconhecido somente a posteriori...” = posteriormente.
d. “...quando muitos se dão conta, enfim, das mudanças...” = percebem.
e. “...a moeda que pôs um ponto final na hiperinflação...” = reduziu
COMENTÁRIO
A questão trata de semântica.
35m
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Exposição Argumentativa
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COMENTÁRIO
Perceba que a questão exemplifica como a semântica requer o domínio de todas as clas-
ses gramaticais.
7. Pode-se dizer, sobre a finalidade do texto lido, que o seu autor pretende:
40m
a. narrar a história do real para os mais novos.
b. descrever a situação política que levou à criação do real.
c. defender a ideia de que a criação do real foi silenciosa e eficiente.
d. elogiar a criação da nova moeda como fator de estabilidade.
e. criticar a hiperinflação do país na época da criação do real.
COMENTÁRIO
Atente-se à finalidade do texto lido e busque a precisão das alternativas, cuidado com os
adjetivos atribuídos nas alternativas que não tenham qualquer respaldo com a finalida-
de do texto.
GABARITO
1. b
2. d
3. c
4. c
5. e
6. a
7. d
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Exposição Argumentativa II
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EXPOSIÇÃO ARGUMENTATIVA II
Texto Dissertativo-Argumentativo
• Opinião;
• Posicionamento;
• Postura ideológica do autor.
5m
Recursos da Argumentação
• Refutação/contra-argumentação;
• Exemplificação (convencimento);
• Argumento de autoridade (citação).
DIRETO DO CONCURSO
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Exposição Argumentativa II
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bito de uma reforma geral da política penitenciária, aí incluída a melhoria das condições
das unidades socioeducativas para os menores de idade. Nunca, no entanto, como
argumento para combater a adequação da legislação penal a uma realidade em que a
violência juvenil se impõe cada vez mais como ameaça à segurança da sociedade.
15m O raciocínio segundo o qual as más condições dos presídios desaconselham a redução
da maioridade penal consagra, mais do que uma impropriedade, uma hipocrisia. Parte
de um princípio correto – a necessidade de melhorar o sistema penitenciário do país,
uma unanimidade – para uma conclusão que dele se dissocia: seria contraproducente
enviar jovens delinquentes, supostamente ainda sem formação criminal consolidada, a
presídios onde, ali sim, estariam expostos ao assédio das facções. Falso. A realidade
mostra que ações para melhorar as condições de detentos e internos são indistinta-
mente inexistentes. A hipocrisia está em obscurecer que, se o sistema penitenciário
tem problemas, a rede de “proteção” ao menor consagrada no Estatuto da Criança e
do Adolescente também os tem. E numa dimensão que implica dar anteparo a jovens
envolvidos em atos violentos, não raro crimes hediondos, cientes do que estão fazendo
e de que, graças a uma legislação paternalista, estão a salvo de serem punidos pelas
ações que praticam.
Preservar o paternalismo e a esquizofrenia do ECA equivale a ficar paralisado diante de
um falso impasse. As condições dos presídios (bem como dos centros de internação) e
a violência de jovens delinquentes são questões distintas, e pedem, cada uma em seu
âmbito específico, soluções apropriadas. No caso da criminalidade juvenil, o correto é
assegurar a redução do limite da inimputabilidade, sem prejuízo de melhorar o sistema
penitenciário e a rede de instituições do ECA. Uma ação não invalida a outra. Na verda-
de, as duas são necessárias e imprescindíveis.
20m
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Exposição Argumentativa II
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COMENTÁRIO
Se é defendido que “Alterar o ECA independe da situação carcerária”, a ação de alterar o
ECA independe da situação carcerária, ou seja, o texto apresenta uma contra-argumenta-
ção à redução da maioridade penal.
25m
COMENTÁRIO
Procurar dentro das alternativas a presença da relação entre os dois termos. Na alternativa
“A”: menores infratores e presídios estabelece a relação. Na alternativa “B”: presídios e
centro. Na alternativa “D”: carceragem e locais que pavimentam a entrada. Na alternativa
“E”: detentos e internos. Não há relação entre os dois termos na alternativa “C” que trata
apenas de menores infratores.
30m
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Exposição Argumentativa II
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COMENTÁRIO
O primeiro parágrafo do texto exprime a ideia de que, tanto a internação de menores in-
fratores quanto os presídios para adultos apresentam as mesmas mazelas, formando o
argumento que desaconselha a redução da maioridade penal.
35m
COMENTÁRIO
Na alternativa “A”, “porta aberta” está em sentido figurado. Na alternativa “B”, “pavimen-
tam a entrada” está em sentido figurado. Na alternativa “C”, “esquizofrenia” está em sentido
figurado. Na alternativa “E”, “peças de ficção” está em sentido figurado.
35m
ANOTAÇÕES
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5. O texto entre aspas que exemplifica adequadamente o problema dos presídios desta-
cados no primeiro parágrafo do texto 1 é:
A. Superpopulação – “Os presos são divididos em vários grupos e cada grupo só tem
direito a banho de sol de quinze minutos”.
B. Maus-tratos – “Os presos são obrigados a permanecer em fila durante a revista diária
e, só após o toque da sirene, podem ir para as celas”.
C. Desprezo por ações de educação – “Os prisioneiros fazem as refeições em conjunto
e nem sempre as normas de polidez à mesa são seguidas”.
D. Conservação e higiene são peças de ficção – “Ao serem libertados, os prisioneiros
sofrem preconceitos quando se apresentam para empregos”.
E. Leniência com iniciativas que visem à correição – “Os presos que se rebelam por
algum motivo são levados para as solitárias, onde ficam às vezes por vários dias”.
COMENTÁRIO
A exemplificação é um recurso de consistência argumentativa. O primeiro termo das al-
ternativas são hiperônimos (palavras de sentido abrangente) e a questão pede que seja
identificada a alternativa em que há a presença de um significado mais específico, um
hipônimo, da primeira definição apresentada.
40m
COMENTÁRIO
Ao apresentar um dado de fonte segura na elaboração do texto, a intenção é sempre a de
valorizar e demonstrar o embasamento e a precisão do argumento fornecido.
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Exposição Argumentativa II
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7. A seção de jornal de onde foi retirado o texto denomina-se Opinião; no caso do texto 1,
a opinião que é estruturalmente a mais importante é a de que:
A. não se pode aceitar o argumento, contrário à redução da maioridade penal, de que a
situação carcerária impede essa redução;
B. é urgente em todo o país a melhora do sistema penitenciário e a rede de institui-
ções do ECA;
C. nas unidades de internação ocorre um aprendizado do crime pelos que são réus
primários;
D. o ECA é um estatuto superado, pois desconhece os próprios problemas, protegendo
45m
os menores de forma paternalista e esquizofrênica;
E. é inadiável a obtenção de soluções apropriadas para a violência de jovens delinquen-
tes, que só pode ser obtida pela redução da maioridade penal.
COMENTÁRIO
O texto apresenta um contra-argumento sobre a redução da maioridade penal e esta é a
opinião mais importante que é apresentada no texto, que a restruturação do ECA indepen-
de da situação carcerária.
GABARITO
1. c
2. c
3. c
4. d
5. a
6. c
7. a
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Interpretação de Textos (Interferências)
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Seja bem-vindo mais uma vez ao nosso curso de compreensão e interpretação de textos
nas provas da Fundação Getúlio Vargas, que sempre apresenta peculiaridades importantís-
simas sobre os textos. Já falamos sobre texto literário e texto não literário e sobre a disserta-
ção expositiva e a dissertação argumentativa. Ainda falaremos sobre descrição, narração e
gêneros importantíssimos da narração.
Na aula passada, tivemos a oportunidade de falar sobre recursos de consistência expo-
sitivo-argumentativa. Entre esses recursos, temos a exemplificação, o argumento de auto-
ridade, a refutação ou contra-argumentação, as relações de causa e consequência. Esses
recursos estão relacionados a uma habilidade muito importante: compreensão e interpreta-
ção dos diversos tipos de textos.
Salienta-se que a interpretação de texto está relacionada às inferências, que são dedu-
ções lógicas, isto é, conclusões lógicas com base em indícios presentes no texto. Aqui, é
preciso dominar o intertexto, sem cometer o erro da extrapolação.
Muitas vezes, quando o examinador cobra as inferências, ele pede que você verifique o
que está por trás do texto, sem cometer o erro da extrapolação.
5m
Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem. O ato de decodifi-
car exige diversas habilidades. É preciso analisar os implícitos e os explícitos. Interpretação e
organização interna (mecanismos de coesão e coerência). Elementos de construção do texto
e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo).
Desses três tipos, o tipo argumentativo é o mais cobrado pela Fundação Getúlio Vargas.
Mas, é preciso visitar todos os outros tipos e gêneros (variações dos tipos).
DIRETO DO CONCURSO
Os pais precisariam manter certos valores básicos, que servem como modelos para
seus filhos. É preciso transmitir a estes maior noção de responsabilidade e também
mostrar-lhes que é possível eles próprios, com os mecanismos de que dispõem, muda-
rem algumas coisas.
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Interpretação de Textos (Interferências)
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a. filhos que não são responsáveis perturbam os valores básicos que os pais tentam
transmitir-lhes. b) pais que não servem como modelos para seus filhos não mudam
nada em sua própria vida, nem na deles.
c. para que os filhos mudem, é preciso que primeiro mudem seus pais.
d. os filhos podem absorver valores, como responsabilidade e autonomia, que lhes
serão úteis para encontrar seu próprio caminho.
e. os filhos só podem mudar alguma coisa em sua vida se aprenderem com a experiên-
cia dos pais.
10m
COMENTÁRIO
Tópico frasal (ideia núcleo do parágrafo):
“Os pais precisariam manter certos valores básicos, que servem como modelos para
seus filhos.”
Desenvolvimento:
“É preciso transmitir a estes maior noção de responsabilidade e também mostrar-lhes que
é possível eles próprios, com os mecanismos de que dispõem, mudarem algumas coisas.”
Muito cuidado com isto: se o pronome “esses” fosse utilizado, uma ambiguidade seria cria-
da, pois o pronome grafado com ss é especialmente anafórico. Ocorre que há três refe-
rentes no masculino plural. Mas, ao utilizar “estes”, o objetivo é retomar o termo masculino
plural próximo, isto é, os filhos.
Além disso, ressalta-se que “responsabilidade” é um entre muitos valores básicos. Então,
o termo “valores básicos” é um hiperônimo (nome de significação ampla). Assim, “respon-
sabilidade” é um hipônimo (significação restrita).
15m
Ademais, observe o seguinte:
• Estes: os filhos;
• Mostra-lhes: os filhos;
• Eles próprios: os filhos.
Os pronomes estes, lhes e eles próprios formam uma cadeia coesiva anafórica com o
mesmo referente sintático: filhos.
Veja o seguinte:
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Interpretação de Textos (Interferências)
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O primeiro valor básico está implícito, mas o segundo valor básico está logicamente implí-
cito: se eles mudam algo sozinhos, o outro valor básico é a autonomia/inferência. Observe
que isso é uma inferência.
Agora, analise as questões:
a. O texto não menciona que filhos que não são responsáveis perturbam os valores bási-
cos que os pais tentam transmitir-lhes. Há extrapolação.
b. Mais uma vez, o texto não menciona isso.
c. Veja que aqui há ambiguidade: parece que existe uma elipse. Na realidade, há dupla
possibilidade de interpretação.
20m
d. Note que os filhos podem absorver valores, como responsabilidade e autonomia, que
lhes serão úteis para encontrar seu próprio caminho. Há indícios para essa dedução lógica.
e. Nesse caso, elimina-se a ideia de independência. Na verdade, eles também podem mu-
dar alguma coisa de maneira independente.
É preciso perceber as conexões implícitas, as quais são também uma forma de inferência
e compreensão. Então, existem conectores explícitos e logicamente implícitos.
Veja o seguinte:
O prefeito recebeu muitos recursos. Não investiu em áreas essenciais.
Note que temos, aqui, orações completas. Ou seja, do ponto de vista sintático, chama-
mos isso de orações justapostas. Veja que você terá de inferir, com base no conteúdo dessas
orações justapostas, qual é o conectivo que está logicamente implícito e que carga semân-
tica esse conectivo traduz no contexto.
Se você perceber que ele recebeu muitos recursos, você imagina que ele investirá em
áreas essenciais. Mas, o conectivo que está logicamente implícito é o “mas”, o qual traduz
uma frustração de expectativa e uma oposição semântica.
Agora, vejamos, no texto de Machado de Assis, que elemento de conexão fixa logica-
mente implícito.
25m
2. (FGV) “É minha opinião que não se deve dizer mal de ninguém, e ainda menos da polí-
cia. A polícia é uma instituição necessária à ordem e à vida da cidade.”
(Machado de Assis, A Semana – 1871)
Sobre a estruturação desse pensamento de Machado de Assis, a única observação
correta é:
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Interpretação de Textos (Interferências)
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a. há uma contradição lógica entre os dois períodos que compõem esse pensamento;
b. o texto mostra fraco poder argumentativo por tratar-se de uma opinião;
c. o segundo período é uma explicação que justifica o período anterior;
d. o segmento “e ainda menos da polícia” retifica uma afirmação anterior;
e. os dois períodos do texto poderiam trocar de posição sem alteração do sentido global.
COMENTÁRIO
a. Não é uma contradição ou oposição entre essas estruturas.
b. Aqui, utiliza-se da função emotiva ou expressiva da linguagem. Além disso, utiliza-se da
primeira pessoa do singular. Isso enfraquece a argumentação? Na realidade, há uma argu-
mentação subjetiva. Isso não é um elemento comprometedor da argumentação.
c. É preciso perceber que se trata de uma inferência, isto é, uma dedução lógica. Na reali-
dade, o segundo período é uma explicação que justifica o período anterior. O elemento que
fica logicamente implícito é o “pois”, que pode ser substituído por “porquanto”.
d. Cuidado com os parônimos “ratifica” (confirmação) e “retifica” (correção). Nesse aqui,
não é uma retificação, mas sim uma ratificação.
e. A coordenação é um elemento muito sério. Como não existe subordinação sintática, não
é possível fazer essa mudança.
30m
Tudo isso será importante para a produção de uma redação e para a prova de outra insti-
tuição, pois todas as boas instituições cobram esses detalhes.
3. (FGV) Um escritor americano é autor da seguinte frase: “Não grite por socorro à noite.
Pode acordar os vizinhos.” Tal frase apresenta um problema textual, que é:
a. a falta de coerência;
b. a inadequação vocabular;
c. a pontuação equivocada;
d. a ausência de coesão;
e. o desrespeito à norma culta.
COMENTÁRIO
“Pode” traduz a ideia de possibilidade.
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Interpretação de Textos (Interferências)
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Veja que essa frase apresenta um problema textual. É solicitada a decodificação de diver-
sos tipos de mensagem.
A intenção de gritar por socorro à noite é justamente para acordar os vizinhos. Assim, há
uma ausência de coerência.
35m
Ressalta-se que não há vocábulos empregados de maneira inadequada. Além disso, não
há pontuação equivocada. Ademais, há uma coesão implícita provocando uma incoerên-
cia. Por fim, não há erros de concordância ou regência.
COMENTÁRIO
Tópico frasal:
“Scotland Yard é o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana
de Londres.”
Desenvolvimento:
“Seu nome vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro quartel central e onde, por
outro lado, localizou-se o palácio que utilizavam os reis da Escócia quando visitavam a
Inglaterra.”
a. Não. O nome do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana de
Londres vem do nome da rua.
b. A primeira e a segunda ocorrências de “onde” têm “rua” como referente.
40m
c. “quartel” não aparece citada anteriormente, mas se liga semanticamente à “polícia”.
d. Não.
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Interpretação de Textos (Interferências)
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Tópico frasal:
“Scotland Yard é o Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana
de Londres.”
Desenvolvimento:
“Seu nome vem do nome da rua onde funcionou seu primeiro quartel central e onde, por
outro lado, localizou-se o palácio que utilizavam os reis da Escócia quando visitavam a
Inglaterra.”
O desenvolvimento desenvolve o porquê de o Departamento de Investigações Criminais
da Polícia Metropolitana de Londres receber o nome Scotland Yard.
O objetivo principal desse pequeno texto não é informar aos leitores o que é a Scotland
Yard nem retirar de circulação as informações erradas.
O Departamento de Investigações Criminais da Polícia Metropolitana de Londres recebe o
nome de Scotland Yard exatamente por causa do nome da rua onde funcionou o primeiro
quartel central.
45m
6. (FGV) “A Polícia Civil cumpriu, nesta quinta-feira (19), dois mandados de prisão na
zona leste de Porto Alegre contra ladrões de veículos. Um deles, que havia rompido
tornozeleira eletrônica após ter progredido de regime, foi recapturado no bairro Glória
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Interpretação de Textos (Interferências)
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e, segundo a investigação, seguia cometendo crimes.” A afirmação abaixo que pode ser
inferida após a leitura do texto é:
a. a utilização de tornozeleiras eletrônicas se tem revelado completamente inútil como
medida punitiva;
b. a libertação de prisioneiros por progressão de regime é um incentivo à volta da vida
criminosa;
c. a lei não pode evitar a volta de ladrões de veículos à vida do crime, já que as torno-
zeleiras eletrônicas são rompidas;
d. nem todos os criminosos que são libertados por progressão de regime voltam à
vida do crime;
e. os criminosos que continuam sua vida criminosa, mesmo após soltura, são
recapturados.
COMENTÁRIO
O texto apresentado na questão é informativo.
“Nesta” é um dêitico, isto é, uma marca temporal de quem exige.
a. Só porque um deles conseguiu romper a tornozeleira, é possível deduzir logicamente que
a utilização de tornozeleiras eletrônicas é completamente inútil? Isso é uma extrapolação.
b. Isso também é uma dedução que extrapola a realidade do texto.
c. Mesma justificativa do item anterior.
50m
d. Item em acordo com os conteúdos estudados.
e. Não há indícios para isso no texto.
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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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DIRETO DO CONCURSO
No texto a seguir, o redator se utiliza de elementos de sequenciação:
Texto 1
“A instituição policial brasileira, segundo documentação existente no Museu Nacional
do Rio de Janeiro, data de 1530, quando da chegada de Martim Afonso de Sousa en-
viado ao Brasil – Colônia por D. João III.
5m
A pesquisa histórica revela que, no dia 20 de novembro de 1530, a polícia brasileira ini-
ciava as suas ações, promovendo justiça e organizando os serviços de ordem pública,
como melhor entendesse nas terras conquistadas do Brasil. A partir de então a insti-
tuição policial brasileira passou por seguidas reformulações nos anos de 1534, 1538,
1557, 1565, 1566, 1603, e, assim, sucessivamente. Somente em 1808, com a chegada
do príncipe Dom João ao Brasil, a polícia começou a ser estruturada, comandada por
um delegado e composta por escrivães e agentes.”
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LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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COMENTÁRIO
Segundo = conforme: não se trata de uma inserção gratuita. Na realidade, há uma finali-
dade na elaboração do texto;
Quando da: é uma locução recente na nossa língua. O ideal seria escrever “por ocasião da”;
“Como melhor” = “Conforme melhor”.
a. Veja que temos, no texto, a função referencial ou informativa.
10m
b. É preciso saber qual é a intenção de quem redige ao inserir esse trecho.
c. Parece que essa foi a função maior.
d. Elemento de autoridade. Ou seja, o que está sendo afirmado não é uma invenção minha
e está em consonância com o documento. Portanto, o que foi dito não é uma invenção.
e. Situação perigosa.
2. (FGV) Os termos sublinhados no texto 1 são conectores, ou seja, ligam partes do texto;
a opção abaixo em que o valor semântico de um desses termos NÃO está corretamente
indicado é:
a. segundo = conformidade;
b. quando = tempo;
c. como = conformidade;
d. assim = modo;
e. com = companhia
COMENTÁRIO
Obs.: vale lembrar que a dissertação é, sem dúvida, a modalidade mais apresentada
pela banca.
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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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3. (FGV) Rui Barbosa disse certa vez que “As leis que não protegem o nosso adversário
não podem nos proteger”. Isso mostra que as leis:
a. contrariam, muitas vezes, a justiça;
b. defendem sobretudo os mais fortes;
c. devem ser as mesmas para todos;
d. mostram dificuldades em sua aplicação;
e. servem para a proteção social.
20m
COMENTÁRIO
Ocorre que as leis precisam atingir a todos. Ou seja, as leis devem ser as mesmas
para todos.
COMENTÁRIO
MAS → coesão sequencial → oposição e adversidade.
a. O crime não compensa, pois a pena pode ser demasiadamente longa.
25m
ANOTAÇÕES
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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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COMENTÁRIO
Quando a língua explica a própria língua por meio de elementos intralinguísticos e, eventu-
almente, extralinguísticos, você tem o que chamamos de função metalinguística.
30m
a. Dramatizada = sentido de encenação e não de evidenciação do lado trágico.
b. Esse “se” traduz reciprocidade.
c. De fato, as formas verbais “tentando” e “procuram” indicam as finalidades das ações,
respectivamente, de policiais e ladrões.
d. De fato, o texto indica maior violência por parte dos ladrões que por parte dos policiais.
e. De fato, o segmento “sob ameaça de armas” indica o meio ou instrumento da ação
dos ladrões.
ANOTAÇÕES
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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM
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Interpretação de Textos e Função da Linguagem
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(Texto/Perito)
GABARITO
1. d
2. e
3. c
4. e
5. a
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor pelo professor Fernando Moura.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES
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Narração e Tipos de Discurso
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O PULO DO GATO
A banca cobra os elementos de construção do texto e seu sentido, principalmente o texto
narrativo e os tipos de discurso (discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre).
A dissertação e as suas variações (expositiva e argumentativa) constituem a modalidade
mais cobrada pela FGV. Com isso, sabe-se que a banca explora muito os recursos de
consistência, que dão credibilidade à informação ou ao posicionamento. Esses recursos
incluem a exemplificação, a refutação ou contra-argumentação, relação de causalidade,
argumento de autoridade.
5m
A exemplificação é uma forma de ilustração que pode consistir na utilização de um excerto
narrativo.
É importante estar atento às inferências, às deduções, à lógica e aos silogismos. Por
exemplo, de acordo com as seguintes premissas: “todo o servidor é explorado” e “policiais
e auditores são servidores”, conclui-se que “policiais e auditores são explorados”.
10m
DIRETO DO CONCURSO
Texto 1:
Dvorak aproximou-se do alto da colina e debruçou-se sobre uma pequena pedra para
olhar a paisagem abaixo. Observou que havia uma grande caverna, cercada de vege-
tação, mas não conseguiu identificar a entrada. Fez um sinal para que o grupo o acom-
panhasse e começou a descer cuidadosamente a encosta.
1. (FGV) Acima aparece um pequeno texto narrativo; a frase, retirada desse texto, que
mostra valor descritivo é:
a. Dvorak aproximou-se do alto da colina;
b. debruçou-se sobre uma pequena pedra;
c. havia uma grande caverna, cercada de vegetação;
d. não conseguiu identificar a entrada;
e. Fez um sinal para que o grupo o acompanhasse.
ANOTAÇÕES
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Narração e Tipos de Discurso
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COMENTÁRIO
Pode-se identificar que o texto é narrativo pelo desencadeamento de ações envolvendo
personagens em um determinado tempo e espaço. Lembre-se de que o valor descritivo
consiste no levantamento de características.
15m
ATENÇÃO
O narrador-onisciente só existe, em tese, em terceira pessoa.
Foco Narrativo
Narrador-personagem: 1ª pessoa
•
Ex.: Eu e meu avô conversávamos sobre o passado. Fiquei a pensar sobre a rápida pas-
sagem do tempo.
Narrador-observador: 3ª pessoa
•
Ex.: Margarida e Gudesteu estavam sentados em um tronco. Conversavam sobre a pos-
sibilidade de se casarem.
Narrador-onisciente: 3ª pessoa
•
Ex.: Macabéa despediu-se de Olímpico. Naquele momento, ela precisou de muita força
para suportar a ânsia que lhe invadia o peito.
O narrador-onisciente perscruta e investiga os pensamentos e sentimentos da personagem.
25m
ANOTAÇÕES
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Narração e Tipos de Discurso
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Tipos de Discurso
Discurso Direto:
Ex.: Malvina aproximou-se de manso e, sem ser pressentida para junto da cantora, colo-
cando-se por detrás dela, esperou que terminasse a última copla.
– Isaura!... disse ela, pousando de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da cantora.
– Ah! É a senhora?! — respondeu Isaura, voltando-se sobressaltada.
– Não sabia que estava aí me escutando
(Bernardo Guimarães. A Escrava Isaura).
Discurso Indireto:
30m
Características:
• Fala não visível
• Verbo dicendi + conectivo.
Ex.: Ao som de sua voz, ela despertou amedrontada, mas logo sorriu e toda a sala pare-
ceu sorrir com ela. Pôs-se de pé, as mãos ajeitando os trapos que vestia, humilde e clara
como um pouco de luar. Nacib então disse que ela poderia dormir, que não precisava se
preocupar.
(Jorge Amado. Gabriela).
Ex.: Fabiano escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as
pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.
(Graciliano Ramos. Vidas Secas).
ANOTAÇÕES
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Narração e Tipos de Discurso
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DIRETO DO CONCURSO
Texto 2
Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a palhinha dura a
capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída no peito, um
fio de baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra, um cacho dourado de
giesta e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do chorão faiscando — verde, verde! Primeira
vez depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um homem, não barata
leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas na cabecinha trêmula,
adormece. Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a janela. Prendeu o Nero? Rebenta
com fúria o temporal. Aos trancos João ergue o rosto, a chuva escorre na boca torta.
Revira em agonia o olho vermelho — é uma coisa, que a família esquece na confusão
de recolher a roupa e fechar as janelas?
Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações).
COMENTÁRIO
O texto apresenta traços de onisciência do narrador. Ademais, não é a ocorrência clara e
incontestável de discurso direto ou indireto, mas ocorrem trechos de discurso direto e dis-
curso indireto livre.
40m
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LÍNGUA PORTUGUESA
Narração e Tipos de Discurso
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GABARITO
1. c
2. b
3. d
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Descrição e Pragmática
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DESCRIÇÃO E PRAGMÁTICA
ATENÇÃO
Busque ampliar o léxico para não se confundir com parônimos, homônimos, sinônimos,
antônimos etc.
Conceito de Descrição
A descrição consiste no texto em que se faz retrato por escrito de lugar, pessoa, animal
ou objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, podem-se até descrever sensações ou
sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa “criar”, com pala-
vras, a imagem do objeto descrito. É comum a inserção de trechos descritivos em textos nar-
rativos e dissertativos.
O PULO DO GATO
O examinador da FGV costuma interpelar acerca da intenção das inserções de exemplifi-
cações em textos argumentativos.
DIRETO DO CONCURSO
Texto 1
Observe o fragmento textual abaixo, retirado do romance Canaã, de Graça Aranha.
10m
“Todas as formas estão diluídas. Cinco horas da manhã. A carroça do padeiro passa
estrondando, fazendo a quietude da cidade afundada, mas um instante depois o seu
vulto e o seu ruído se dissolvem de novo na cerração. O silêncio torna a cair”.
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
Descrição e Pragmática
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1. Nesse texto, o observador não pode descrever perfeitamente as formas; nesse caso, o
que provoca essa limitação do observador é:
a. a falta de conhecimento do assunto;
b. a existência de problemas psicológicos;
c. o posicionamento distante da cena;
d. a impossibilidade física de ver as formas;
e. a deficiência visual e auditiva.
COMENTÁRIO
O texto base traz uma descrição dinâmica. A questão requer um bom léxico internalizado
pelo candidato.
15m
Texto 2
Objeto da moda
Um objeto estranho ameaça incorporar-se à elegância masculina. Seu aparecimento
ocorreu na Itália, e sua presença já se faz sentir em outras cidades europeias. É a
maçaranduba.
A primeira singularidade da maçaranduba consiste em que ela absolutamente não par-
ticipa da sorte das demais peças do equipamento humano a que se junta. É que a ma-
çaranduba fica perto do vestuário, sem se ligar a ele. É ciosa de sua independência, ao
contrário dos outros elementos que colaboram na apresentação do homem em público.
A maçaranduba está sempre à mostra, ostensiva e vaidosa. Sua tendência é para as-
sumir a liderança do conjunto e exibir-se em evoluções fantasiosas, que exigem certas
habilidades do portador.
20m
A maçaranduba parece ter mau gênio? Parece, não; tem. À falta de melhor argumen-
to, na polêmica, ergue-se inopinadamente, avança como um raio e procura alcançar a
parte doutrinária alheia nos pontos mais vulneráveis, desde o lombo até os óculos. Sua
agressividade impulsiva costuma levá-la à polícia.
A impertinência da maçaranduba, para não dizer arrogância, deve-se talvez ao fato de
que em outras eras foi símbolo de poder e, sob formas diversas, esteve ligada à realeza
e a seu irmão gêmeo, o absolutismo. Em mãos governamentais, era duplamente terrí-
vel: pela contundência material e pela espiritual.
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
Descrição e Pragmática
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Diga-se em favor da maçaranduba, para que o retrato não fique excessivamente car-
regado, que algumas espécies são inclinadas à generosidade, e se comprazem em
ajudar pessoas encanecidas ou faltas de visão. Contudo, trata-se de exceção.
(Carlos Drummond de Andrade. Folha da Tarde, 1º/2/1973 — com adaptações).
COMENTÁRIO
O texto traz mecanismos de coesão marcados pelos termos “sua”, “ela”, “ele”. Atente-se
também aos epítetos conferidos à maçaranduba. Ademais, pense nas palavras no contex-
to para empregar bem a pragmática e resolver as questões e não se confunda com textos
que trazem a função emotiva ou expressiva na linguagem.
25m
COMENTÁRIO
Cuidado com as associações e significações atribuídas às palavras fora do contexto.
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Descrição e Pragmática
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GABARITO
1. d
2. a
3. c
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Variação Linguística/Reescrituras
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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA/REESCRITURAS
O PULO DO GATO
A banca enfatiza a norma culta; portanto, será necessária a comparação com os diversos
níveis de linguagem. Essa variação linguística denota o dinamismo da língua, podendo
ocorrer no campo do vocabulário, pronúncia, morfologia e sintaxe.
Existem diversos fatores que influenciam na variação linguística, como fatores socioeco-
nômicos, culturais e até mesmo sexuais. Contudo, é necessário levar em consideração o
princípio da adequação.
Como parte do dinamismo da variação linguística, a reescrita de frases indica que a língua
fornece múltiplas possibilidades combinatórias, como a transposição do padrão coloquial
para o padrão culto.
5m
Ademais, serão cobrados mecanismos de substituição, descolamento e paralelismo, que
denota o domínio da pragmática, pois influi na realidade semântica das frases. Por exem-
plo, na frase “os queimados e mutilados chegaram ao hospital”, temos um sentido diverso
da frase “os queimados e os mutilados chegaram ao hospital”, pois o artigo que acompa-
nha o substantivo “mutilados” constrói um segundo grupo de indivíduos que não existia na
primeira frase.
Por isso, faz-se premente a organização das frases nas situações comunicativas, contri-
buindo para a colaboração (coordenação e subordinação entre orações, frases, períodos
e parágrafos) e a relevância. Além disso, os atos de fala envolvem diversos pontos im-
portantes como a concordância, a regência, pontuação e as relações de coordenação e
subordinação.
10m
DIRETO DO CONCURSO
Texto 1.
É claro que somos livres para falar ou escrever como quisermos, como soubermos,
como pudermos. Mas é também evidente que devemos adequar o uso da língua à situ-
ação, o que contribui efetivamente para a maior eficiência comunicativa.
ANOTAÇÕES
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Variação Linguística/Reescrituras
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COMENTÁRIO
Perceba que a conjunção adversativa “mas” no texto está no campo da oposição semân-
tica. Além disso, observe a construção do enunciado da questão que evidencia a preo-
cupação do examinador com o paralelismo. Por fim, a questão pede o conhecimento do
“posicionamento” adequado do falante que ocupa o cargo de oficial de justiça.
15m
COMENTÁRIO
Não confunda termos parônimos como “retificar” e “ratificar”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Linguística/Reescrituras
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COMENTÁRIO
A questão envolve a distinção entre substantivo concreto e abstrato. Busque substituir os
termos que façam referência à extensão para encontrar o que a alternativa mais adequada.
Texto 2.
“É uma avaliação cruel, que prioriza a inteligência da decoreba ao invés da inteligência
criativa”.
4. Nesse segmento do texto 2, há a correta utilização da expressão “ao invés de”, que é
muitas vezes confundida com “em vez de”. A frase abaixo em que se deveria empregar
“em vez de” em lugar de “ao invés de” é:
a. O pai decidiu matricular o filho numa escola pública ao invés de uma privada;
b. Não é de hoje que as escolas brasileiras preferem o retrocesso ao invés do progresso;
25m
c. Muitos professores dão destaque à teoria ao invés de priorizar a prática;
d. Os livros didáticos utilizam imagens ao invés de textos;
e. As escolas utilizam processos de avaliação rápidos ao invés de processos mais
lentos e mais eficientes.
COMENTÁRIO
Perceba que a questão não pede a alternativa em que poderia ser utilizada a expressão
“em vez de”; e sim, a que deveria empregar a expressão.
Texto 3:
“Nós conhecemos você tanto quanto você nos conhece. E não há nada melhor que
isso: confiança. O que nos move é você. Seu jeito de ser, o que valoriza. Faz sentido
pra você, faz sentido pra gente. A gente veste a sua camisa”.
Esse texto está fixado na parede de uma loja de roupas masculinas e funciona como
um texto publicitário da loja.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Linguística/Reescrituras
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7. (FGV) O segmento composto pelo verbo ter + substantivo foi substituído de forma se-
manticamente adequada em:
a. A velhinha tem disposição para o trabalho / se dedica ao;
b. A jovem tinha vontade de sair / gostava;
c. Os imigrantes tinham necessidade dos documentos / exigiam;
d. As cortinas não tinham serventia / se deterioravam;
e. O assaltante não teve intenção de fugir / pretendeu.
COMENTÁRIO
A questão cobra atenção a certas sutilezas semânticas, pois nem sempre os termos carre-
gam a mesma carga semântica.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Linguística/Reescrituras
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COMENTÁRIO
Atente-se sempre aos vícios de linguagem que acarretam em ambiguidade.
9. Machado de Assis escreveu certa vez sobre a justiça: “É claro que a justiça, sendo
cega, não vê se é vista, e então não cora”. A forma oracional de gerúndio “sendo cega”
poderia ser adequadamente substituída por:
45m
a. pois é cega;
b. embora seja cega;
c. a fim de ser cega;
d. já que é cega;
e. à medida que é cega.
COMENTÁRIO
Faça a substituição da expressão “sendo cega” para encontrar a alternativa mais adequada.
10. Na página inicial de uma prova, entre as instruções gerais, estava escrito: “Será eli-
minado sumariamente do processo seletivo e as suas provas não serão levadas em
consideração, o candidato que: i) der ou receber auxílio para a execução de qualquer
prova; ii) utilizar-se de qualquer material não autorizado; iii) desrespeitar qualquer pres-
crição relativa à execução das provas; IV) escrever o nome ou introduzir marcas iden-
tificadoras noutro lugar que não o indicado para esse fim; V) cometer um ato grave de
indisciplina”.
Uma outra forma, mais conveniente, de redigirem-se as duas primeiras linhas do tex-
to acima é:
a. As provas não serão levadas em consideração e será eliminado sumariamente do
processo seletivo, o candidato que:
b. O candidato não terá suas provas levadas em consideração e será sumariamente
eliminado do processo seletivo o candidato que:
c. Será eliminado sumariamente do processo seletivo (as suas provas não serão leva-
das em consideração), o candidato que:
50m
d. Será eliminado sumariamente do processo seletivo o candidato que:
e. Será eliminado do processo seletivo e as provas não serão levadas em considera-
ção, o candidato que:
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Linguística/Reescrituras
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COMENTÁRIO
A questão trata de um texto instrucional ou injuntivo. Atente-se às referências, pois são
muito importantes para a compreensão do texto. Ademais, perceba que muitas vezes a
FGV cobram a escolha da “melhor” opção, ainda que esta não seja, necessariamente, a
mais adequada.
11. Um texto de divulgação de um novo romance diz o seguinte: “Um homem acorda grave-
mente ferido no meio de um lixão. Ao que parece, tentaram matá-lo, mas ele não se re-
corda dos fatos que o levaram até ali. Muito menos de seu passado recente. Seria dado
como desaparecido, se houvesse alguém para sentir sua falta. Essa dolorosa ausência
imperceptível é a brecha para dar vazão à sua revolta com o mundo contemporâneo e
começar uma nova vida. Entre seus planos: executar criminosos intocados pela Justi-
ça e escrever um best-seller. Mas uma paixão verdadeira e arrebatadora coloca tudo
em xeque”.
(Época, 14/01/2019, p. 37)
Muitos segmentos do texto 3 podem ser reescritos sem modificação de seu sentido ou
alteração na correção; a frase em que ocorre modificação ou erro é:
a. “Um homem acorda gravemente ferido no meio de um lixão” / Um homem acorda
ferido gravemente no meio de um lixão;
b. “Um homem acorda gravemente ferido no meio de um lixão” / Um homem acorda, no
meio de um lixão, gravemente ferido;
c. “Mas uma paixão verdadeira e arrebatadora coloca tudo em xeque” / Mas uma paixão
arrebatadora e verdadeira coloca tudo em xeque;
d. “mas ele não se recorda dos fatos que o levaram até ali” / mas dos fatos que o leva-
ram até ali ele não se recorda;
e. “Seria dado como desaparecido, se houvesse alguém para sentir sua falta” /Se hou-
vesse alguém para sentir sua falta, seria dado como desaparecido.
COMENTÁRIO
Por vezes, a mudança na posição dos adjetivos muda o sentido, mas nem sempre isso
ocorre. Perceba também que a questão traz novamente a cobrança de casos com vícios
de linguagem e ambiguidades.
55m
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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Linguística/Reescrituras
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COMENTÁRIO
A banca demonstra a carga polissêmica das palavras.
60m
13. O evento citado na questão anterior teria seu horário de funcionamento indicado de
forma correta na seguinte alternativa:
a. de 12h às 20 horas;
b. das 12h a 20 horas;
c. das 12hs às 20hs;
d. das 12h às 20 horas;
e. de 12hs a 20 horas.
COMENTÁRIO
A questão requer domínio do paralelismo.
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Linguística/Reescrituras
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GABARITO
1. a
2. c
3. e
4. d
5. d
6. e
7. e
8. c
9. c
10. e
11. e
12. b
13. d
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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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ATENÇÃO
É muito importante o domínio das figuras de linguagem, pois a tipologia textual e as dife-
renças entre linguagem lógica e figurada contêm o tema das figuras de linguagem.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV) Assinale a opção que apresenta a frase inteiramente construída com vocábulos
em sentido lógico, não figurado.
a. “Os olhos são a morada da vergonha”.
b. “A juventude é a embriaguez sem vinho”.
c. “A velhice é o abrigo de todos os males”.
d. “Realizando coisas justas, tornamo-nos justos”.
e. “A consciência é um Deus para todos os mortais”.
COMENTÁRIO
Para compreender melhor a questão, compare-a com a questão 2, que trata de frases com
comparação metafórica (símile) nas quais existem conectivos explícitos.
5m
2. Todas as frases abaixo mostram uma comparação metafórica; a frase em que essa
metáfora tem explicação é:
a. O falso amigo é como a sombra que nos segue enquanto dura o sol;
b. O amor é um grande mestre;
c. O amor é como o sarampo: quanto mais tarde chega na vida, mais perigoso é;
d. Os amantes, como as abelhas, vivem no mel;
e. O ódio sem desejo de vingança é um grão caído sobre o granito.
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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3. “Uma das grandes preocupações das cidades atualmente é, sem dúvida, o problema da
segurança”.
Nessa frase do texto, o vocábulo “cidades” está usado, como termo geral, em lugar
de “algumas pessoas das cidades”, num exemplo de linguagem figurada denominada
metonímia. Um outro exemplo semelhante de metonímia está em:
10m
a. A vida nas grandes cidades está muito difícil.
b. Viver nas cidades traz uma série de facilidades.
c. As cidades e o campo são ambientes diversos.
d. As grandes cidades nunca dormem.
e. As cidades possuem vias de comunicação diferentes
4. “Seu corpo é a bagagem que você deve transportar pela vida. Quanto mais excesso de
bagagem, mais curta a viagem.”
Arnold Glasow
A frase acima está estruturada em linguagem figurada, basicamente na figura
denominada:
a. metonímia.
b. hipérbole.
c. eufemismo.
d. metáfora.
e. silepse.
COMENTÁRIO
Note que a comparação está sendo realizada com valor conotativo.
Figuras de palavras:
• Metáfora: comparação com valor conotativo. Por exemplo: “Sempre sou eu (como) a
estrela matutina.”; A noite é (como) um manto negro sobre o mundo.
• Catacrese: emprego de palavra no sentido analógico e não em seu sentido próprio.
Por exemplo: “Embarcou naquele avião gigantesco”; “Enterrou-lhe a faca no peito”.
15m
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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Figuras de Pensamento:
• Elipse: figura de linguagem que consiste na omissão de uma ou mais palavras que, no
entanto, se subentendem, sem prejudicar o sentido da frase. Por exemplo: “Enfrenta-
mos muitos obstáculos. Na terra, tanta guerra, tanto engano”.
• Zeugma: forma de elipse que consiste em fazer participar de dois ou mais enunciados
um termo expresso em apenas um deles. Por exemplo: “Eu vou de carro; você, de
bicicleta”.
ANOTAÇÕES
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LÍNGUA PORTUGUESA
A Linguagem Lógica e a Figurada – Figuras de Linguagem
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GABARITO
1. d
2. c
3. d
4. d
Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição em vídeo pela leitura exclusiva deste
material.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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A moralidade pública consiste em uma esfera de que todos os seres humanos participam,
na medida em que cada sistema moral, a fim de revelar sua unilateralidade, precisa ser con-
frontado com outros. Segue-se a necessidade de que todos os seres humanos sejam incluí-
dos no seu âmbito. (José Arthur Gianotti. Moralidade pública e moralidade privada).
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
a. Tanto do ponto de vista estilístico e sintático como do ponto de vista semântico, admite-
-se como correta e adequada ao contexto a substituição de “consiste em uma” (l. 1) por
constitui-se como uma.
COMENTÁRIO
Semântica está relacionada a sentido.
A moralidade pública consiste em uma esfera de que todos os seres humanos participam
(...)
A proposta é:
A moralidade pública constitui-se como uma esfera de que todos os seres humanos
5m participam (...)
O examinador está cobrando dois conceitos estilísticos importantes: o conceito de metáfora
(comparação com valor conotativo, o conectivo comparativo fica implícito) e o conceito de
símile (tipo especial de metáfora).
No texto, a moralidade pública é comparada a uma esfera de que todos os seres humanos
participam (moralidade pública, coletividade).
O símile ocorre quando o examinador introduz o conectivo como porque na símile também
há comparação que terá valor conotativo, com o conectivo explícito.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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Toda símile é uma metáfora, mas nem toda metáfora é uma símile. Para que haja símile, o
conectivo precisa estar explícito.
A moralidade pública é uma esfera- metáfora
A moralidade pública é como uma esfera – símile.
Isso acontece com o verbo constituir-se com o sentido de ser:
O meu trabalho constitui analisar textos (o meu trabalho é analisar textos).
O meu trabalho constitui-se analisar textos (o meu trabalho é analisar textos).
A moralidade pública constitui-se uma esfera (a moralidade pública é uma esfera) – metáfora.
A moralidade pública constitui-se como uma esfera (o conectivo está explícito) – símile.
FIGURAS DE PALAVRAS
2. Catacrese: é o nome dado à figura de sintaxe que consiste no emprego de uma palavra
no sentido analógico e não em seu sentido próprio.
Ex.:
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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15m IV – Abriu uma torneira do banheiro para lavar o sono do rosto. (L. F. Veríssimo).
O sono não pode ser lavado, o que se lava é o efeito do sono que estava no rosto.
Apenas uma pessoa não permitira que a humanidade se comunicasse melhor: houve a
troca do invento pelo inventor, o telefone permitiu que a humanidade se comunicasse melhor.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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FIGURAS DE PENSAMENTO
Ex.:
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.” (Camões)
Ex.:
Ex.:
Ex.:
COMENTÁRIO
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Texto e Estilística – Figura de Linguagem
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Personificação da andorinha.
GABARITO
1. C
“Viver é construir as rimas da luta de cada dia para afinar o canto e compor a vida.”
(Ivone Boechat)
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - FERNANDO MOURA
Texto, Tipologia e Estilística
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Teoria e Prática
A espada
O texto apresenta um título, “A espada”, um objeto prenunciando uma modalidade textual.
Será um texto eminentemente narrativo, eminentemente descritivo, injuntivo ou preditivo?
Essas modalidades textuais podem se misturar – isso dependerá da intenção de quem redige
e, também, da forma de estruturação do texto adotada por quem redige. O texto de Rui Bar-
5m bosa é impecável.
A inteligência, o direito, a religião são os três poderes legítimos do mundo. Eles represen-
tam, cada vez um per si, o eu humano, a sociedade humana, e o destino humano, e, associa-
dos, as três expressões da humanidade: a sua evolução mental, a sua existência na superfície
da terra, o misterioso fim do seu desenvolvimento. Diante deles a força, nas eras não bárba-
ras, se reduz a uma entidade subalterna, cuja intervenção não valerá nunca senão pelos ser-
viços de que a sua obediência for capaz.
Para a constituir numa organização geral, a civilização adotou, como símbolo, a espada,
coeva das primeiras idades históricas, outrora senhora dos povos escravizados, mas hoje,
nas mãos dos povos livres, criatura das suas leis, dependência da sua administração, instru-
mento dos seus governos.
O numeral três tem função anafórica e endofórica.
Ao ler esse tópico inicial, denominado tópico frasal, pergunta-se o que esse tópico inicial
tem a ver com o título, um arquilexema que corresponde a síntese desse texto? Ele sintetizou
os dois parágrafos em apenas uma palavra, a espada.
A inteligência, o direito, a religião são os três poderes legítimos do mundo é o posiciona-
mento de Rui Barbosa, ele defende essa tese: essa é uma marca da dissertação argumentativa.
A palavra poderes estabelece uma coesão lexical com o título do texto porque espada é
símbolo de poder.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - FERNANDO MOURA
Texto, Tipologia e Estilística
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A espada não está sendo tratado no texto como um valor real, mas sim com valor conota-
tivo: a espada como símbolo de poder.
Cada vez um per si (respectivamente) – per é variação de por.
A inteligência representa o eu humano, o direito a sociedade humana e a religião, o des-
10m tino humano.
Os três poderes associados representam as três (numeral com função catafórica porque
os referentes são pospostos) expressões da humanidade: a sua evolução mental, a sua exis-
tência na superfície da terra, o misterioso fim (finalidade) do seu desenvolvimento.
Os pronomes possessivos são utilizados com função anafórica.
Nós não fomos habituados a ler e a analisar a estrutura diafórica do texto, a coesão do texto.
Diante deles a força, nas eras não bárbaras, se reduz a uma entidade subalterna, cuja
intervenção não valerá nunca senão pelos serviços de que a sua obediência for capaz – cuja
concorda com o consequente, mas retoma o antecedente (entidade subalterna) traduzindo
uma ideia de posse. De que pode ser substituído por dos quais. Pelos serviços está no
mesmo campo semântico de subalternização, servidão.
Sua obediência – obediência da entidade subalterna.
Rui Barbosa se utiliza de elementos de coesão gramatical e de elementos de coesão lexi-
cal, de palavras registradas no mesmo campo semântico.
Para a constituir numa organização geral, a civilização adotou, como símbolo, a espada,
coeva das primeiras idades históricas, outrora senhora dos povos escravizados, mas hoje,
nas mãos dos povos livres, criatura das suas leis, dependência da sua administração, instru-
15m mento dos seus governos
O pronome a deve retomar uma palavra feminina e no singular (retoma força).
Hoje – dia em que o texto foi produzido, é dêitico, indica o tempo de quem redigiu o texto.
A espada é símbolo de poder, é símbolo de força.
Primeiramente Rui Barbosa defende a tese de que inteligência, direito e religião são os
três poderes legítimos do mundo. Para reforçar essa tese, ele traz a ideia de força represen-
tada pela espada.
A espada começa a ser caracterizada de duas maneiras: como símbolo de poder, sím-
bolo de força que pode ser usada para a subalternização, para a escravidão, obediência e,
também, como símbolo de liberdade porque pode estar nas mãos dos povos livres.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - FERNANDO MOURA
Texto, Tipologia e Estilística
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No parágrafo, ao mesmo tempo em que Rui Barbosa diz o que é a espada, ao mesmo
tempo em que caracteriza a espada que é símbolo de força, símbolo de três poderes (inteligên-
20m cia, direito e religião), ele defende um posicionamento que é reforçado no segundo parágrafo.
Fora daí a espada não é a ordem, mas a opressão, não é a tranquilidade, mas o terror,
não é a disciplina, mas a anarquia, não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia,
mas a bancarrota, não é a ciência, mas a incapacidade, não é a defesa nacional, mas a ruína
militar, a invasão e o desmembramento. Isto é, e não poderia deixar de ser: porquanto com o
domínio da espada se estabelece necessariamente o governo da irresponsabilidade, o jubileu
dos estados de sítio, a extinção da ordem jurídica, a subalternização da justiça à força. (Rui
Barbosa. Escritos e discursos seletos. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1995)
Qual é o oposto de economizar? Desperdiçar, esbanjar.
Porquanto (porque) é um conectivo que tanto pode ser causal quanto explicativo.
Em vez da justiça estar em primeiro lugar, a força está em primeiro lugar porque é o domí-
nio irresponsável da espada, é o domínio irresponsável dos três poderes legítimos do mundo:
25m inteligência, direito e religião.
DIRETO DO CONCURSO
1. (CEBRASPE) Considerando a tipologia do texto e as relações discursivas nele presentes,
julgue os seguintes itens.
a. A inteligência, o direito e a religião, como poderes legítimos, constituem a ideia cen-
tral do texto.
b. O texto é, na sua totalidade, descritivo-argumentativo.
c. De acordo com o texto, a inteligência está para a pessoa e o direito para a sociedade
assim como a religião está para o destino do homem.
d. O texto considera a inteligência, o direito e a religião, isoladamente, como forças da
humanidade.
e. A espada como símbolo da força, nas eras bárbara e civilizada, tem significados
diferentes.
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Texto, Tipologia e Estilística
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COMENTÁRIO
a. A inteligência, o direito e a religião, como forças legítimas (cujo símbolo é a espada),
constituem a ideia central do texto que aparece no tópico frasal e que Rui Barbosa desenvolve
muito bem no decorrer do texto.
b. O texto é, na sua totalidade, descritivo-argumentativo, porque, nos dois parágrafos, está
expresso o pensamento de Rui Barbosa.
c. O texto considera a inteligência (o eu humano), o direito (a sociedade humana) e a religião
(o destino humano), isoladamente, como forças da humanidade.
d. O texto considera a inteligência, o direito e a religião, associados, como forças da
humanidade.
e. A espada como símbolo da força, nas eras bárbara (símbolo de subalternização,
escravização, obediência) e civilizada (liberdade), tem significados diferentes.
COMENTÁRIO
A inteligência, o direito, a religião são os três poderes legítimos do mundo. Eles representam,
cada vez um per si, o eu humano, a sociedade humana, e o destino humano, e, associados,
as três expressões da humanidade: a sua evolução mental, a sua existência na superfície
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS - FERNANDO MOURA
Texto, Tipologia e Estilística
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da terra, o misterioso fim do seu desenvolvimento. Diante deles a força, nas eras não
bárbaras, se reduz a uma entidade subalterna, cuja intervenção não valerá nunca senão
pelos serviços de que a sua obediência for capaz.
a. O pronome “Eles” (l. 1) refere-se a “poderes legítimos do mundo” (l. 1).
b. Na linha 3, as duas ocorrências do pronome possessivo “sua” têm “humanidade” (l. 1)
30m como referente.
c. A expressão “Fora daí” (l. 8) recupera a afirmação anterior, iniciada em “nas mãos dos
povos livres” (l. 7). Por vezes o advérbio tem a mesma função de um pronome, retoma um
termo. O advérbio não é apenas a palavra que modifica o verbo, o adjetivo, outro advérbio
ou uma oração inteira. Os advérbios pronominais têm a função anafórica e endofórica (os
referentes estão dentro do texto).
d. No primeiro período do último parágrafo, as repetições da conjunção “mas” servem à
ênfase na apresentação de antíteses (oposições semânticas).
Fora daí a espada não é a ordem, mas a opressão, não é a tranquilidade, mas o terror,
não é a disciplina, mas a anarquia, não é a moralidade, mas a corrupção, não é a
economia, mas a bancarrota, não é a ciência, mas a incapacidade, não é a defesa
nacional, mas a ruína militar, a invasão e o desmembramento. Isto é, e não poderia
deixar de ser: porquanto com o domínio da espada se estabelece necessariamente o
governo da irresponsabilidade, o jubileu dos estados de sítio, a extinção da ordem jurídica,
a subalternização da justiça à força
e. A expressão “Isto é” (l. 10) introduz vários esclarecimentos a respeito do conteúdo do
PERÍODO anterior. Vários períodos formam um parágrafo.
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