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O PULO DO GATO
A FGV tem maneiras peculiares de propor a análise de textos aos candidatos. Existem
questões fáceis e complexas. Por isso, devemos estudar as situações recalcitrantes e
reincidentes.
Às vezes, a prova é composta por diversos textos pequenos, outras vezes, possui apenas
um texto de imensa extensão e todas as questões giram em torno dele. Devido a isso, é
preciso estudar a estrutura diafórica desse texto. Para isso, primeiramente, precisamos
dominar os mecanismos de coesão textual e, em seguida, a estrutura diafórica do texto.
ATENÇÃO
A coesão está relacionada às conexões, ou seja, às ligações que existem em um texto.
Vale salientar que “texto” é uma palavra de origem latina, que significa “tecido”. Nele, nada
está solto, tudo está costurado, tecido, articulado com o objetivo de produzir os diversos
efeitos semânticos, os quais precisamos perceber em diversos tipos e gêneros textuais.
5m
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LÍNGUA PORTUGUESA
Mecanismos de Coesão Textual
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• É preciso ter cuidado com as relações discursivas que variarão em consonância com o
tipo ou gênero textual apresentado pela banca. Isso tem relação com o conhecimento
sobre as variações linguísticas e a norma.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV) Um grande filósofo disse: “Nem todo problema que se tem com a namorada se
deve necessariamente ao modo capitalista de produção”. Com essa frase, o autor pre-
tende criticar
a. o sistema capitalista.
b. a mistura indevida de planos diferentes.
c. o envolvimento pessoal na argumentação.
d. a visão sentimental da economia capitalista.
e. a indicação de uma só causa para todos os fatos.
COMENTÁRIO
As aspas indicam inserção de discurso direto (reprodução fiel da fala do filósofo) e o verbo
“disse” indica elocução.
10m
O examinador quer que o indivíduo articule: pensamento filosófico + relação de causalida-
de + negação. Afinal, como a namorada se relaciona com o modo capitalista de produção?
Dizer “todo problema que se tem com a namorada é produzido por apenas uma causa”
aponta para um significado diferente daquele que a frase do enunciado realmente exprime,
posto que a inserção do vocábulo “nem” o modifica drasticamente.
Na verdade, a frase “Nem todo problema que se tem com a namorada se deve neces-
sariamente ao modo capitalista de produção” aponta para o fato de que, certamente, há
outras causas relacionadas a um problema que se tem com a namorada, pois as relações
humanas são complexas.
15m
ANOTAÇÕES
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2. (FGV) “Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários
públicos do meu país”. Em outras palavras, pode-se dizer que:
a. direitos geram deveres;
b. leis, quando justas, devem ser obedecidas;
c. deveres criam direitos que ultrapassam a lei;
d. cumprimento das leis cria direitos;
e. leis estabelecem deveres, mas não direitos.
COMENTÁRIO
A locução adverbial “por isso” é fundamental, pois configura uma relação de causalidade
anafórica, já que apresenta referente anteposto.
20m
Assim, é preciso conhecer os mecanismos de conexão, a fim de compreender adequada-
mente o texto. Por um lado, háa causa, por outro, a consequência, no meio, há um elemen-
to que faz a articulação entre ambas, que é “por isso”—locução adverbial composta por
uma preposição e pelo pronome “isso”, cuja função é anafórica.
“Eu pago meus impostos integralmente” está no campo semântico do cumprimento das
leis, enquanto “e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país” está no cam-
po semântico de criação de direitos.
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O PULO DO GATO
A banca da FGV exige exaustivamente a relação de causalidade.
Todo o conjunto de palavras de nossa língua recebe o nome de léxico, então, ele é todo o
nosso potencial linguístico. Não o dominamos por completo, pois não detemos todos os sig-
nificados das palavras existentes. Além de dominar o vocabulário, é preciso dominar nomen-
claturas da linguística textual, as quais veremos a seguir.
25m
1. Sinonímia — os vocábulos estão no mesmo campo semântico. Não existe sinonímia
perfeita na língua, trocando uma palavra por outra, provoca-se, eventualmente, uma nuance
semântica. Então, o importante é manter as ideias no mesmo campo de significação, recurso
muito utilizado para evitar a repetição.
“Todo brasileiro tem o sonho da casa própria. O projeto de garantir um lar para cada cida-
dão já está sendo traçado pela Caixa Econômica Federal.”
2. Hiperonímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação todo/parte.
Hiper é um prefixo que traduz a ideia de grande/amplo, nímia significa “nome”, portanto, hipe-
ronímia é um nome de significação ampla. Às vezes, utiliza-se um hiperônimo para retomar
uma ideia no processo coesivo do texto.
“O trabalhador encontra dificuldades para exercitar a realidade digital do computador.
Assim, é necessário treinar o homem para compreender a realidade da máquina que está
diante dele.”
30m
Nem todo homem é trabalhador, mas no contexto, a palavra “homem” quer retomar o “tra-
balhador”, posto que tem uma significação ampla, então, é um hiperônimo de “trabalhador”.
Uma situação similar é dizer anti-inflamatório e, em seguida, utilizar a palavra “produto”, cuja
significação é ampla, para remeter a ele.
Assim, a depender do texto, o sinônimo ou hiperônimo terão referentes distintos.
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DIRETO DO CONCURSO
3. (FGV) “Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas
de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem
tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de
uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária”. Desse segmento do
texto, o elemento de coesão identificado erradamente é:
a. Aristides / forma abreviada de Aristides de Souza Mendes;
b. o país / hiperônimo de Portugal;
c. o ditador / qualificação de Salazar;
d. sua / possessivo referente a Aristides de Sousa Mendes;
e. atitude humanitária / referência a salvar judeus da morte.
COMENTÁRIO
Toda zeugma é uma elipse, mas nem toda elipse é uma zeugma.
45m
a. Retoma Aristides de Souza Mendes por uma parte desse nome.
b. “País” é uma palavra de significação ampla (hiperônimo), a partir da especificação dele,
há um hipônimo. Mas não é hiperônimo de Portugal, pois Aristides foi cônsul de Portugal na
França. Quando as tropas invadiram o país, ele estava na França, representando Portugal.
Então, a referência específica é à França, não a Portugal. Por conseguinte, o hiperônimo
“país” retoma o hipônimo “França”.
c. Salazar ordenou, ele é o ditador.
d. “Sua” refere-se à atitude humanitária de Aristides de Souza Mendes.
e. A atitude humanitária é o ato de salvar dez mil judeus de uma morte certa.
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“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”
Mahatma Gandhi
50m
GABARITO
1. e
2. d
3. b
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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