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LÍNGUA PORTUGUESA

Mecanismos de Coesão Textual


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MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

O PULO DO GATO
A FGV tem maneiras peculiares de propor a análise de textos aos candidatos. Existem
questões fáceis e complexas. Por isso, devemos estudar as situações recalcitrantes e
reincidentes.
Às vezes, a prova é composta por diversos textos pequenos, outras vezes, possui apenas
um texto de imensa extensão e todas as questões giram em torno dele. Devido a isso, é
preciso estudar a estrutura diafórica desse texto. Para isso, primeiramente, precisamos
dominar os mecanismos de coesão textual e, em seguida, a estrutura diafórica do texto.

ATENÇÃO
A coesão está relacionada às conexões, ou seja, às ligações que existem em um texto.
Vale salientar que “texto” é uma palavra de origem latina, que significa “tecido”. Nele, nada
está solto, tudo está costurado, tecido, articulado com o objetivo de produzir os diversos
efeitos semânticos, os quais precisamos perceber em diversos tipos e gêneros textuais.
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NOSSO PROGRAMA

1. Mecanismos de coesão textual.


2. Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos.
3. Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literá-
rio, narrativo, descritivo e argumentativo).
4. Interpretação e organização interna; intertextualidade.
5. Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo.
6. Variação linguística: norma culta.

• A semântica tem relação com a significação e o sentido.


• Os elementos de construção do texto e seu sentido constituem os diversos tipos e
gêneros textuais (tipologia textual).
• A FGV exige bastante a intertextualidade, bem como a paráfrase— reescrita de frases.
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• É preciso ter cuidado com as relações discursivas que variarão em consonância com o
tipo ou gênero textual apresentado pela banca. Isso tem relação com o conhecimento
sobre as variações linguísticas e a norma.

DIRETO DO CONCURSO

1. (FGV) Um grande filósofo disse: “Nem todo problema que se tem com a namorada se
deve necessariamente ao modo capitalista de produção”. Com essa frase, o autor pre-
tende criticar
a. o sistema capitalista.
b. a mistura indevida de planos diferentes.
c. o envolvimento pessoal na argumentação.
d. a visão sentimental da economia capitalista.
e. a indicação de uma só causa para todos os fatos.

COMENTÁRIO
As aspas indicam inserção de discurso direto (reprodução fiel da fala do filósofo) e o verbo
“disse” indica elocução.
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O examinador quer que o indivíduo articule: pensamento filosófico + relação de causalida-
de + negação. Afinal, como a namorada se relaciona com o modo capitalista de produção?

• O pronome relativo “que” pode ser substituído por “o qual”.


• “Nem” possui um sentido de negação.
• “se deve necessariamente” pode ser entendido como “ocorre por causa de”.

Dizer “todo problema que se tem com a namorada é produzido por apenas uma causa”
aponta para um significado diferente daquele que a frase do enunciado realmente exprime,
posto que a inserção do vocábulo “nem” o modifica drasticamente.
Na verdade, a frase “Nem todo problema que se tem com a namorada se deve neces-
sariamente ao modo capitalista de produção” aponta para o fato de que, certamente, há
outras causas relacionadas a um problema que se tem com a namorada, pois as relações
humanas são complexas.
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a. A crítica construída pelo filósofo não é direcionada ao sistema capitalista.


b. O filósofo não tem a intenção de misturar o plano econômico com o plano pessoal.
c. Não quer evidenciar o envolvimento pessoal na argumentação, já que, de repente, pode
ser uma referência.
d. Ele pretende criticar a indicação de uma só causa para todos os fatos, porque existem
várias causas caracterizadoras de fatos e problemas.
e. Quer expressar uma relação de causalidade, não caracterizada por apenas um motivo,
mas por vários.

É importante estar atento aos conectores de sequenciação, pois um deles, na leitura do


discurso filosófico, possibilitou o desenvolvimento da relação de causalidade, e o outro, a
negação de uma única causa.

2. (FGV) “Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários
públicos do meu país”. Em outras palavras, pode-se dizer que:
a. direitos geram deveres;
b. leis, quando justas, devem ser obedecidas;
c. deveres criam direitos que ultrapassam a lei;
d. cumprimento das leis cria direitos;
e. leis estabelecem deveres, mas não direitos.

COMENTÁRIO
A locução adverbial “por isso” é fundamental, pois configura uma relação de causalidade
anafórica, já que apresenta referente anteposto.
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Assim, é preciso conhecer os mecanismos de conexão, a fim de compreender adequada-
mente o texto. Por um lado, háa causa, por outro, a consequência, no meio, há um elemen-
to que faz a articulação entre ambas, que é “por isso”—locução adverbial composta por
uma preposição e pelo pronome “isso”, cuja função é anafórica.
“Eu pago meus impostos integralmente” está no campo semântico do cumprimento das
leis, enquanto “e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país” está no cam-
po semântico de criação de direitos.
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d. O cumprimento das leis cria direitos, ou seja, pagando os impostos integralmente, o


sujeito pode, consequentemente,exigir dos funcionários públicos, o que configura uma re-
lação de causa e consequência.
e. Há uma relação de oposição semântica e adversidade que não existe no texto.

O PULO DO GATO
A banca da FGV exige exaustivamente a relação de causalidade.

Processos de coesão lexical por substituição

Todo o conjunto de palavras de nossa língua recebe o nome de léxico, então, ele é todo o
nosso potencial linguístico. Não o dominamos por completo, pois não detemos todos os sig-
nificados das palavras existentes. Além de dominar o vocabulário, é preciso dominar nomen-
claturas da linguística textual, as quais veremos a seguir.
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1. Sinonímia — os vocábulos estão no mesmo campo semântico. Não existe sinonímia
perfeita na língua, trocando uma palavra por outra, provoca-se, eventualmente, uma nuance
semântica. Então, o importante é manter as ideias no mesmo campo de significação, recurso
muito utilizado para evitar a repetição.
“Todo brasileiro tem o sonho da casa própria. O projeto de garantir um lar para cada cida-
dão já está sendo traçado pela Caixa Econômica Federal.”
2. Hiperonímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação todo/parte.
Hiper é um prefixo que traduz a ideia de grande/amplo, nímia significa “nome”, portanto, hipe-
ronímia é um nome de significação ampla. Às vezes, utiliza-se um hiperônimo para retomar
uma ideia no processo coesivo do texto.
“O trabalhador encontra dificuldades para exercitar a realidade digital do computador.
Assim, é necessário treinar o homem para compreender a realidade da máquina que está
diante dele.”
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Nem todo homem é trabalhador, mas no contexto, a palavra “homem” quer retomar o “tra-
balhador”, posto que tem uma significação ampla, então, é um hiperônimo de “trabalhador”.
Uma situação similar é dizer anti-inflamatório e, em seguida, utilizar a palavra “produto”, cuja
significação é ampla, para remeter a ele.
Assim, a depender do texto, o sinônimo ou hiperônimo terão referentes distintos.
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3. Hiponímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação de parte/


todo. Hipo significa menor, pequeno, por isso falamos que o consumidor é hipossuficiente,
porque, na relação de consumo, é menor, inferior, daí ele precisar de defesa. Trata-se de
nome de significação menor, restrita, o que faz com que a segunda expressão mantenha com
a primeira uma relação de parte do todo.
“O indivíduo que apresenta mau comportamento deve ser punido. A eliminação do ban-
dido pela morte não é sol.
Indivíduo não é sinônimo de bandido, pois não estão no mesmo campo de significação.
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A palavra “bandido” não amplia a significação de “indivíduo”, mas a restringe e especifica,
posto que há vários tipos de indivíduos e, nesse caso, fala-se de uma parte específica. Por-
tanto, “bandido” é um hipônimo.
Anti-inflamatório, em relação a produto, é um hipônimo, já que há uma especificação do
produto. O todo (hiperônimo) é o produto, a parte, o anti-inflamatório (hipônimo).

4. Metonímia — a segunda expressão mantém com a primeira uma relação de contigui-


dade semântica. Toda metonímia traduz uma conotação, ou seja, uma linguagem com valor
figurado, a fim de utilizar uma expressão com valor conotativo para retomar outra, mas serão
feitas as devidas conexões sem comprometimento da compreensão do texto.
“Os moços, muitas vezes, esquecem que os idosos são fonte de sabedoria. A juventude
precisa, por conseguinte, repensar alguns valores.”
“Moços” faz referência a pessoas, e a “juventude” faz referência à fase em que essas pes-
soas se encaixam. No entanto, uma fase não “repensa”, as pessoas repensam. Poderia ter
se utilizado de um sinônimo como “jovens”, mas fez uma mudança, apresentou uma lingua-
gem com valor conotativo para elaborar uma conexão, pois a fase juventude não repensa,
mas ao utilizar a expressão “juventude”, o objetivo dele era fazer uma conexão com “moços”.
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“Juventude” não poderia ser hipônimo de “moços”, pois não há restrição, ambas as pala-
vras possuem contiguidade semântica. O que há é a utilização de um elemento com valor
denotativo — moços — e, em seguida, a utilização de um elemento com valor conotativo que
se associa ao primeiro — juventude. Essa é uma das formas de metonímia, mas há outras.

5. Elipse/Zeugma — a segunda expressão fica logicamente subentendida, ou seja, implí-


cita, em relação à primeira.
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“Os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia faturaram a soma


de 1,5 bilhão de dólares. (eles) Também fizeram algum caixa com extorsões por meio de
sequestros.”
Às vezes, o termo é deixado logicamente implícito, o que caracteriza uma elipse. Quando
ocorre a elipse de algo já mencionado e existente na construção textual, ocorre a zeugma.

DIRETO DO CONCURSO

3. (FGV) “Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas
de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem
tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de
uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária”. Desse segmento do
texto, o elemento de coesão identificado erradamente é:
a. Aristides / forma abreviada de Aristides de Souza Mendes;
b. o país / hiperônimo de Portugal;
c. o ditador / qualificação de Salazar;
d. sua / possessivo referente a Aristides de Sousa Mendes;
e. atitude humanitária / referência a salvar judeus da morte.

COMENTÁRIO
Toda zeugma é uma elipse, mas nem toda elipse é uma zeugma.
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a. Retoma Aristides de Souza Mendes por uma parte desse nome.
b. “País” é uma palavra de significação ampla (hiperônimo), a partir da especificação dele,
há um hipônimo. Mas não é hiperônimo de Portugal, pois Aristides foi cônsul de Portugal na
França. Quando as tropas invadiram o país, ele estava na França, representando Portugal.
Então, a referência específica é à França, não a Portugal. Por conseguinte, o hiperônimo
“país” retoma o hipônimo “França”.
c. Salazar ordenou, ele é o ditador.
d. “Sua” refere-se à atitude humanitária de Aristides de Souza Mendes.
e. A atitude humanitária é o ato de salvar dez mil judeus de uma morte certa.
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“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”
Mahatma Gandhi
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GABARITO
1. e
2. d
3. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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