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LÍNGUA PORTUGUESA

Mecanismos de Coesão Textual II


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MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL II

A primeira forma de coesão a ser dominada pelo aluno é a lexical e, durante o curso
será percebido que ter bom vocabulário é fundamental. É importante, por isso, revisar as
nomenclaturas apresentadas, sabendo o que é um sinônimo, um hipônimo, um hiperônimo,
um recurso metonímico, uma elipse, ou um tipo especial de elipse que recebe o nome de
zeugma. Na aula de hoje serão introduzidas novas nomenclaturas a serem assimiladas,
exaustivamente cobradas pela Fundação Getúlio Vargas em relação aos mecanismos de
coesão do texto. Tais mecanismos serão facilitadores da compreensão e da interpretação.

PROCESSOS DE COESÃO GRAMATICAL REFERENCIAL

Inicia-se a aula pelos processos de coesão referencial para, na sequência, tratar dos
processos de coesão sequencial. Só compreende bem um texto quem possui bom léxico
internalizado e quem domina a gramática. Outro detalhe importante é o domínio de muitas
nomenclaturas importantes da Linguística Textual e da Teoria Literária.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV/SENADO)
Em dois continentes de importância para o mundo desdobram-se neste momento crises
virtualmente existenciais no que diz respeito a seus modelos econômico-sociais.
(...)
Na Europa, supostamente mais organizada, falhou a regulamentação financeira, o que
convergiu com a crise de 2008 nos EUA para dar origem à presente situação. Nesse
erro se encontraram o capitalismo neoliberal americano e a “economia social de mer-
cado” dos alemães.
O pronome (n)este, no primeiro parágrafo (L.2), e o pronome (N)esse, no sétimo pará-
grafo (L.48), exercem, respectivamente, papel
a. Catafórico e anafórico.
b. Dêitico e catafórico.
c. Dêitico e anafórico.
d. Catafórico e dêitico.
e. Anafórico e catafórico.
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ATENÇÃO
Cuidado com informações existentes nas redes sociais, pois nelas se indica que tanto faz
usar pronome grafado com “t” ou com “ss”.
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COMENTÁRIO
prestar atenção à diferença entre os dois pronomes indicados, um grafado com “t” (“neste”)
e o outro com “ss” (“nesse”). Pronomes grafados com “ss”, por exemplo, esses, essas, só
possuem duas funções:

1. Serão anafóricos;
2. Serão dêiticos.

Já um pronome grafado com “t”, como estes, estas, apresenta três funções:

1. Será catafórico. Isso se aplica apenas aos pronomes com “t”; um pronome com “ss”
jamais será utilizado para algo que ainda será mencionado no texto. Um exemplo
desse uso é “Sr. Diretor, necessitamos destes documentos: relatório x, ofício y etc.”,
ou seja, remete a elementos que ainda serão mencionados no texto e dentro do texto.

 Obs.: eventualmente, pode-se fazer referência a um elemento que não está anteposto ou
posposto, mas sim fora do texto; nesse caso, a função é exofórica.

2. Será anafórico, quando retoma termo sintático próximo. Ex.: “Há relações entre os
homens e os livros. Estes registram os fatos para que não caiam no esquecimento.”
Nesse caso, o pronome retoma não os “homens”, mas sim os “livros”. Prestar atenção
também às concordâncias necessárias.
3. Será dêitico. O termo “dêitico” vem de “dêixis”, que significa “mostrar”. Portanto, o ele-
mento “dêitico” mostra a presença de quem redige. É um traço subjetivo, espacial ou
temporal de quem redige ou de quem fala. Ex.: “Neste país, há fome.” Fala-se do país
de onde o emissor redige/fala, cujo nome não está anteposto ou posposto.
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Analisando o texto, “neste momento” (L.2), refere-se ao momento em que o redator produz
o texto. Como o “tempo” pertence a quem redige o texto, a função é dêitica.
O pronome “(n)esse (erro)” na linha 48 refere-se à “falha da regulamentação financeira”.
Há um elemento, portanto, de coesão lexical que possui função anafórica.
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Quando se trata de elementos que se referem a termos do texto, fala-se em função


endofórica.
Principais operadores lógicos: pronomes, numerais, advérbios pronominais e outros.

• Elemento coesivo endofórico – apresenta referente interno (dentro do texto). O ele-


mento endofórico pode ser anafórico:
– Elemento coesivo anafórico – apresenta referente anteposto.

Exemplo: O ex-presidente criticou o empresário que intermediou o patrocínio do projeto.

O pronome relativo “que”, com referente anteposto dentro do texto, é um elemento de


coesão gramatical referencial anafórico e endofórico. Ele não pode ser considerado catafó-
rico, uma vez que sempre se refere a termos antepostos. Exemplo: Há diferença entre ética
e moral. A primeira é mais abrangente que a segunda.
Há aqui um numeral com função substantiva, “a primeira”, que retoma “ética”. Outro
numeral, “a segunda”, retoma “moral”. Esses elementos são anafóricos e endofóricos. Às
vezes, um advérbio faz esse papel, como no exemplo abaixo. Exemplo: Nos EUA, houve
mudanças. Lá, os cidadãos estão mais esperançosos.
O advérbio “lá” retoma “(n)os EUA”, portanto, assume função anafórica e endofórica.
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Esses conceitos estão sendo tratados com detalhamento para que o aluno consiga apli-
cá-los nas provas em diferentes relações textuais.
Os endofóricos podem ser anafóricos e catafóricos, como foi afirmado.
– Elemento coesivo catafórico – apresenta referente posposto.

Exemplo: Este é o mal do século XXI: o terrorismo.


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ATENÇÃO
Cuidado quando o examinador propuser o seguinte: “o pronome ‘este’, em tal linha do tex-
to, pode ser substituído por ‘esse’, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coe-
rência textual.” ERRADO! Nunca use pronome grafado com “ss” para fazer referência
a algo que será mencionado, pois ele nunca será catafórico.

Exemplo: A administração pública possui cinco princípios: legalidade, impessoalidade,


moralidade, publicidade e eficiência.
O numeral “cinco” tem função catafórica, e não anafórica. Seria anafórica se os princí-
pios tivessem sido citados antes.
O vocábulo “princípios” constitui hiperônimo, por exemplo, de “impessoalidade”, de
“publicidade”. Lembre-se de que o hiperônimo tem significação ampla, e o hipônimo tem sig-
nificação restrita.Os princípios “legalidade”, “impessoalidade”, “moralidade”, “publicidade” e
“eficiência” são, portanto, hipônimos.
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• Elemento coesivo exofórico – apresenta referente externo (fora do texto).

– Elemento dêitico – evidencia a presença do emissor no enunciado (marca de quem


redige ou fala).

1. Subjetivo: Eu creio em minhas teorias. ⇒ não retoma elemento anteposto ou pos-


posto. São três marcas importantes que evidenciam quem redige, mostrando seu
estado emotivo-psíquico. “Eu”, “creio” e “minhas” constituem marcas subjetivas de
quem redige o texto.
2. Espacial: este país, nesta cidade, aqui, esse livro, esta gravata, este Tribunal, esse
Ministério.
Exemplo: Este país enfrenta problemas políticos. O objetivo é fazer referência ao
Brasil, nesse caso. A ideia de Brasil está fora do texto. Nos demais exemplos, pode-se
observar a referência ao lugar de onde o redator escreve, próximo ou distante dele.
Exemplo: Esse livro aí (longe de quem fala). Esta gravata aqui (perto de quem fala).
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Quando se redige um texto em um Tribunal, deve-se utilizar “este” (Tribunal), para se


referir ao lugar onde o redator se encontra, ou “esse” (Ministério, p.ex.) para se referir
ao lugar ao qual o redator se dirige.
3. Temporal: este século, este momento, neste mês, hoje, agora, ultimamente, recen-
temente, hodiernamente, ontem, no próximo ano.
Para referir-se ao tempo em que se encontra o redator, deve-se sempre utilizar os pro-
nomes grafados com a letra “t”. Exemplo: Neste ano estudei muito.
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ATENÇÃO
Às vezes o examinador apresenta um texto e diz que os elementos dêiticos estão ausentes
no texto, e isso não ocorre no exemplo abaixo.
Circula uma proposta para aumentar as verbas com vistas à contratação de funcionários
pessoais de cada deputado desta Casa. Hoje, um parlamentar recebe 35.000 reais por
mês para isso. A ideia é elevar esse montante para 45.000 reais. Eu considero esse fer-
mento nas verbas de gabinete um assalto aos cofres públicos.
Pelo contexto, entende-se a referência à casa onde o redator se encontra, ou seja, a Câ-
mara dos Deputados. Observe, no entanto, que essa informação não está dentro do texto;
ela é inferida pelo leitor. “Hoje” também tem função dêitica, temporal.
O pronome “isso” refere-se à contratação de funcionários pessoais de cada deputado, não
sendo dêitico, mas sim anafórico. “Esse” também não é dêitico; é anafórico, pois refere-se
ao montante já citado.
“Eu” e “considero” são marcas subjetivas de quem fala ou redige – são dêiticos subjetivos.
“Esse” em “esse fermento” é anafórico, pois remete ao aumento do montante.
Portanto, só para reforçar, os elementos dêiticos são exofóricos, ou seja, referem-se sem-
pre a informações externas ao texto.

• Elemento vicário – palavra que, como verdadeiro pronome, se põe em lugar de uma
oração inteira. Consta da nossa gramática latina.
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Texto A: Haverá mais conflitos políticos? Especialistas creem que sim.


O termo “sim” se coloca no lugar da oração inteira e, portanto, possui função vicária.
Da mesma forma, ele é um advérbio que possui função anafórica, uma vez que o referente
anteposto está inserido no texto, mesmo sendo ele uma oração inteira.
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Texto B: Os EUA enviaram as tropas; a Rússia, os armamentos.


A vírgula se coloca no lugar de um verbo. Além disso, ela se coloca no lugar de oração
e, portanto, possui função vicária. Caracteriza uma elipse de um verbo e, sendo a elipse de
um verbo já citado, constitui zeugma.
Texto C: O proprietário poderá resgatar o imóvel, contanto que o faça logo.
Da mesma forma, o “o” se coloca no lugar da oração inteira, também se constituindo com
função vicária.

DIRETO DO CONCURSO
2. (FGV/SENADO) No segundo quadrinho, o pronome essa tem valor:
(No quadrinho há uma fala de um peixe, em que diz “Logo, alguém colocou essa minho-
ca aí.”, em que ele olha para um anzol distante de si.)
a. Anafórico.
b. Catafórico.
c. Dêitico.
d. Relativo.
e. Expletivo.
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COMENTÁRIO
Se a minhoca estivesse perto dele, ele usaria “esta minhoca”. Como ela estava no anzol
que observava, ele usou “essa minhoca”.

“Na vida, vitórias e derrotas acontecerão. O que nunca é aceitável é desistir.”


(Magic Johnson)

GABARITO
1. c
2. c

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Fernando Moura.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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