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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)

PROFESSOR TERROR

Português p/ Câmara dos Deputados (Analista Legislativo)


(Teoria e questões comentadas)

Aula 06
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. Compreensão e interpretação de
textos de gêneros variados. Retextualização de diferentes gêneros e níveis de
formalidade.

Olá, pessoal! Chegamos à nossa aula 6!

A banca CESPE, nos editais do final de 2011 e início deste ano de 2012,
mudou um pouco a nomenclatura do programa de interpretação de textos. Mas
isso não traz novidade prática nas questões das provas, e isso iremos provar
ao longo desta aula.
Vamos a uma noção prática:
No tópico 1.Reconhecimento de tipos e gêneros textuais, estudaremos a
divisão básica dos textos (dissertativo, descritivo, narrativo), e os gêneros
textuais, os quais são as diversas formas que o texto toma, dependendo do
contexto em que o assunto é veiculado.
No tópico 2.Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados,
trabalharemos a interpretação observando a estrutura dos diversos tipos de
texto e seus gêneros, isto é, a situação social que envolve o texto.
No tópico 3.Retextualização de diferentes gêneros e níveis de
formalidade, vamos perceber que algumas vezes devemos adaptar (ou seja,
retextualizar) um texto de acordo com o ambiente em que será veiculado.
Assim, tudo será visto dentro da estrutura do texto e das formas de
interpretar e vou procurar sempre salientar a nomenclatura usada pela banca
CESPE, para que você não tenha dúvida na hora da prova.
Para que tenhamos bom aproveitamento na resolução das questões,
vamos começar trabalhando a interpretação de textos:
É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações
implícitas e explícitas. É mais fácil o concursando encontrar as informações
explícitas, e vemos que muitas vezes é isso que a banca CESPE cobra.
Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em
uma investigação, o criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom
investigador é um excelente leitor de vestígios. Os vestígios podem ser: uma
palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época em
que o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulário do autor, o
rodapé do texto, as figuras de linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa
verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao escrever o texto, daí
se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação.
Outro ponto que devemos entender é que, quando se interpreta um
texto para realizar um concurso, temos, na realidade, duas interpretações a
serem feitas. A primeira é a compreensão do texto em si, entender as

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expressões ali colocadas, tirar conclusões, compreender as entrelinhas, o
contexto; a outra é a compreensão do pedido da questão.
Às vezes até compreendemos bem o texto, mas não entendemos o
pedido da questão.

Conteúdo Conteúdo
do Interpretação
da
texto questão

Interpretação
Interpretação
do
do
texto

Portanto, devemos comparar dois textos: o propriamente dito e o


enunciado da questão. Após isso, devemos confrontá-los e julgar se possuem
ideias semelhantes ou não. Isso é a interpretação.

a) Como vimos, em um texto podemos encontrar os dados explícitos,


isto é, aquilo que o pedido da questão informou é encontrado literalmente no
texto. Didaticamente, representamos os dados explícitos com o sinal “xxx”:

Texto:
Questão:
xxx xxx

dados explícitos

Este é o tipo de questão mais simples e o que a banca CESPE tem


cobrado muitas vezes em prova. Veja:
Questão 1: TJ - RR / 2006 / Superior
Na época atual, embora a avareza ou o ócio devam continuar
merecendo a nossa condenação, no seio dos detentores da riqueza (ou dos
que se proponham a alcançá-la), há uma figura digna de ser exaltada: o
empresário. Pela razão muito simples de que agora estamos diante de uma
sociedade de abundância (ao contrário da sociedade primitiva, vitimada pela
escassez) e a única maneira de a imensa maioria ter acesso à variada gama
de bens e serviços disponíveis na sociedade é por intermédio do emprego. E
ainda que a busca da riqueza pelo empresário não vise diretamente ao bem-
estar geral, ao propiciar novos empregos, ele está desempenhando função
primordial na economia.
Antonio Paim. Op. cit., p.290 ( com adaptações).
Em relação às idéias do texto, assinale a opção correta.
(A) A avareza e o ócio são características da época a que o texto se refere.
(B) No seio dos detentores da riqueza, o empresário é o símbolo da avareza.
(C) O emprego permite que a maioria tenha acesso aos bens e serviços
disponíveis na sociedade.
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(D) Ao propiciar novos empregos, o empresário visa diretamente ao bem-
estar geral da sociedade.
Comentário: Perceba que as alternativas possuem dados explícitos do texto,
com algumas modificações. Assim, basta confrontar os dados explícitos do
texto e os da questão, para que se encontre a alternativa correta.
Na alternativa (A), há erro, porque foi dito no texto que “o ócio e a
avareza” devem continuar merecendo a nossa condenação. Assim, essa não é
a característica desta época. Se a banca tivesse inserido como uma das
características desta época, implicitamente poderíamos até entender como
uma resposta possível.
Na alternativa (B), há erro, pois foi informado no texto que o empresário
deve ser exaltado pela razão de que estamos diante de uma sociedade em
abundância. Assim, sabemos que não há literalmente no texto a característica
do empresário como avaro.
A alternativa (C) é a correta, pela interpretação literal. Os dados estão
explícitos no texto. Basta observarmos os dados expressos no seguinte
trecho: “... a única maneira de a imensa maioria ter acesso à variada
gama de bens e serviços disponíveis na sociedade é por intermédio do
emprego”.
Confronte os dois textos: este trecho e o da questão. Assim, temos
certeza de que esta alternativa está correta.
Na alternativa (D), também há erro, pois a questão afirmou que “o
empresário visa diretamente ao bem-estar geral da sociedade”. O dado no
texto que discorda desta alternativa é literal. Veja: “a busca da riqueza pelo
empresário não vise diretamente ao bem-estar geral”.
Gabarito: C
b) Outro tipo de interpretação é a dos dados implícitos:
xxx

Texto:
. ... . Questão:
. .... .. .... . . ..= xxx
. . .
.
A soma dos vestígios (. ... ..) gera o dado
implícito (xxx).
Vestígios

Neste tipo de interpretação, a questão não possui literalmente o mesmo


trecho do texto. Nela há um entendimento, uma conclusão (xxx), a qual
podemos chamar de inferência, com base nos vestígios (...), que são os
vocábulos no texto. Para saber se a questão está correta, basta confrontar
esses dois textos e observar se há semelhança de sentido.
Muitas vezes, nesse tipo de questão, vemos expressões categóricas que
eliminam a possibilidade de semelhança no sentido. Por exemplo:
Podemos dizer que o Brasil vem crescendo economicamente e que o
brasileiro está melhorando sua qualidade de vida e aumentando seu poder de
compra. Mas isso não quer dizer que todo brasileiro aumentou seu padrão de
compra, concorda? Por isso, chamamos de palavra categórica aquela que

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especifica demais ou amplia demais o universo a que se refere o termo.
Perceba que a palavra “todo” ampliou muito (todo brasileiro aumentou seu
poder de compra) um referente tomado de maneira geral (o brasileiro
aumentou seu poder de compra).
Assim, palavras como só, somente, apenas, nunca, sempre, ninguém,
tudo, nada etc têm papel importante nas afirmativas das questões. Essas
palavras categóricas não admitem outra interpretação e normalmente estão
nas questões para que o candidato a visualize como errada.
Vale lembrar que essas palavras categóricas são encontradas nos
diversos tipos de interpretação (literal ou implícita).
Vamos exercitar tomando como exemplo a seguinte frase:
É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de ataques de
extremistas.
Marque (C) para informação de possível inferência do texto e (E) como
informação equivocada do texto.
1. O Ocidente necessita construir mísseis.
2. Há uma finalidade de defesa contra ataques de extremistas.
3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas.
4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os
extremistas.
5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-
los de um ataque ao Ocidente.
6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.
7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.
8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.
9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.
10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.

Vamos às respostas com base nos vestígios!

1. O Ocidente necessita construir mísseis. (C)


(Inferência certa, pois o vestígio é “É preciso”)
2. Há uma finalidade de defesa contra o ataque de extremistas. (C)
(Inferência certa, pois o vestígio é a oração subordinada adverbial de
finalidade “para defender o Ocidente de um ataque soviético”.)
3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas.
(E) (Inferência errada, pois não há evidência no texto de que já havia mísseis
anteriormente)
4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os
extremistas. (E)
(Inferência errada, pois a expressão “destruir o mundo inteiro” é uma
suposição com base em expressão categórica. Não há certeza de que os
mísseis destruirão por completo o mundo, mas é certo que vão abalar o mundo
inteiro.)
5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de
dissuadi-los de um ataque ao Ocidente. (E)

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(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica, pois pode haver
outros meios, outras negociações, não só pelos diplomatas.)
6. Todo o Oriente está contra o Ocidente. (E)
(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Não se sabe se
todo o Oriente está contra o Ocidente. Pelo texto, apenas os extremistas)
7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente. (E)
(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica: “sempre”. Além
disso, houve uma palavra que extrapolou o texto: “invasões”. Nada foi
afirmado sobre invasão no texto.)
8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica. (E)
(Consideração sem fundamento no texto. Veja as palavras categóricas.)
9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente. (C)
(Inferência possível, pois é vista a preocupação de possível ataque.)
10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente. (E)
(Consideração sem fundamento no texto.)

Assim, quando você for realizar as questões de interpretação, verá


muitas dessas expressões categóricas ou palavras que extrapolam o conteúdo
do texto. Normalmente, já consideramos as questões erradas já na primeira
leitura, por estarem bem fora do contexto. Mas, logicamente, sempre devemos
voltar ao texto para confirmar. Aí vem o “burilamento”. Deve-se ter paciência
para encontrar os vestígios que comprovem sua resposta como a correta.
Agora, veremos algumas questões com interpretação de dados explícitos
− com palavra categórica − e implícitos:
IPEA / 2008 / Superior
Enquanto outros países em desenvolvimento, como China, Índia e
Coréia, investem na formação de pesquisadores e se transformam em
produtores de conhecimentos que dinamizam suas economias, o Brasil não
consegue eliminar o fosso que separa as instituições de pesquisa das
empresas privadas, nem aumentar o volume de investimentos em pesquisa e
desenvolvimento. Vai ficando para trás em uma corrida decisiva para sua
inserção em um mundo cada vez mais competitivo, sobretudo nos segmentos
mais dinâmicos da indústria, como o da microeletrônica.
Estudo do consultor do Banco Mundial Alberto Rodríguez, publicado pela
Confederação Nacional da Indústria, confirma que, apesar do conhecido
diagnóstico sobre o atraso do país na área tecnológica, pouco se faz de prático
para superar o problema.
Os pesquisadores brasileiros publicam seus trabalhos em um volume
aceitável — eles respondem por cerca de 2% dos artigos científicos das
principais publicações internacionais —, mas os resultados práticos das
pesquisas são modestos. O Brasil responde por apenas 0,18% do total de
patentes registradas no mundo.
“Há a necessidade de que a pesquisa feita na universidade e nos
laboratórios seja menos teórica e mais voltada para aplicações práticas”, diz
Rodríguez. “E o setor privado precisa investir mais em pesquisa e
desenvolvimento.”
O Estado de S. Paulo, Editorial, 1.º/10/2008 (com adaptações).

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Questão 2: Infere-se das informações do texto que todos os trabalhos
publicados pelos pesquisadores brasileiros em periódicos internacionais se
transformam em patentes registradas ou em aplicações práticas.
Comentário: No final deste texto, há a fonte bibliográfica (“O Estado de S. Paulo,
Editorial, 1.º/10/2008 (com adaptações).”). Essa fonte nos mostra que o texto é um
editorial, o qual é um gênero textual que transmite a opinião de uma revista
ou de um jornal aos seus leitores. É a ferramenta usada pelo meio de
comunicação para mostrar a sua opinião sobre fatos da realidade social,
política ou econômica no país ou no mundo.
Agora, em relação à pura interpretação, esta é uma questão em que se
pode notar o confronto literal dos dados do texto e da questão. Além disso,
podemos notar a resolução pela percepção de uma expressão categórica.
Veja:
No terceiro parágrafo é informado que “Os pesquisadores brasileiros
publicam seus trabalhos em um volume aceitável (...), mas os resultados
práticos das pesquisas são modestos.”
Já a questão afirma que “todos os trabalhos publicados pelos
pesquisadores brasileiros em periódicos internacionais se transformam em
patentes registradas ou em aplicações práticas.”
Assim, o erro está na expressão categórica “todos os trabalhos”, pois o
texto afirmou que estes resultados, na verdade, são modestos.
Gabarito: E

Questão 3: Depreende-se das idéias do texto que a aproximação entre as


instituições de pesquisa e as empresas privadas seria prejudicial ao
desenvolvimento tecnológico do país, pois restringiria o campo de pesquisa
aos interesses econômicos e comerciais.
Comentário: Perceba que a afirmação da questão não tem sustentação no
texto. Mesmo não possuindo dados literais que contrastem com esta
informação, encontramos no texto alguns vestígios que tornam a afirmação
errada: “...o Brasil não consegue eliminar o fosso que separa as instituições
de pesquisa das empresas privadas...”. Literalmente, foi afirmado que há um
fosso entre as instituições de pesquisa e as empresas públicas. O autor usou
esta informação para mostrar que este é um dos motivos que vai deixando o
Brasil “para trás em uma corrida decisiva para sua inserção em um mundo
cada vez mais competitivo”.
Além disso, o texto fecha com a seguinte conclusão: “E o setor privado
precisa investir mais em pesquisa e desenvolvimento.”
Isso torna errada a afirmativa da questão, tendo em vista que os
vocábulos “prejudicial” e “restringiria” contrastam com os dados do texto.
Gabarito: E

IPEA / 2008 / Superior


No Brasil, apenas 19% dos estudantes das faculdades estão
matriculados nas áreas de ciências e engenharia. No Chile, são 33% e na
China, 53%.
Não surpreende que, como mostraram o físico Roberto Nicolsky e o
engenheiro André Korottchenko de Oliveira, em artigo publicado
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recentemente, o Brasil venha caindo na classificação dos países que mais
registram patentes no escritório norte-americano que cuida do assunto, o
USPTO (sigla do nome em inglês). Há anos, o Brasil vem sendo superado
pelos países asiáticos, que centraram as políticas de apoio à inovação em
áreas de grande impacto sobre diferentes cadeias produtivas, como a
microeletrônica. Trata-se, como dizem os autores, de um “setor transversal
que agrega valor à tecnologia de outras indústrias”.
O Estado de S. Paulo, Editorial, 1.º/10/2008.
Questão 4: A expressão “Não surpreende” (linha 4) introduz um fato que
funciona como argumento de oposição às informações apresentadas no
parágrafo anterior.
Comentário: Mais uma vez, há exemplo do gênero textual “editorial”.
Quanto à questão em si, esta é a interpretação localizada, em que a
banca especifica ao candidato qual ponto do texto deve ser interpretado.
Sabemos que algo surpreendente é aquele que foge às expectativas, é
contrastante, oposto ao que se esperava. Já aquilo que não surpreende é o
que se volta à tendência natural, sem quebra de expectativas, como ocorreu
no texto com o fato de que “o Brasil venha caindo na classificação dos países
que mais registram patentes no escritório norte-americano”.
Portanto, não ocorre contraste, mas uma ratificação de uma tendência
natural, não surpreendente.
Observação: este texto é um exemplo do gênero textual editorial, já
comentado na questão anterior.
Gabarito: E

Questão 5: Pelas informações do texto, depreende-se que o setor de


microeletrônica contribui para o desenvolvimento de produtos de diversas
indústrias e, portanto, o investimento e o apoio à inovação nessa área
estimulam o crescimento econômico.
Comentário: Note que a afirmação do texto não foi categórica, ela se abre às
possibilidades da informação do texto, à depreensão a partir dos dados ali
colocados. Na questão, foi afirmado que investimento e apoio à inovação na
área da microeletrônica estimulam o crescimento econômico. No texto, os
dados que confirmam isso não são literais, mas os vestígios estão lá. Veja:
“Há anos, o Brasil vem sendo superado4 pelos países asiáticos, que centraram
as políticas de apoio à inovação¹ em áreas de grande impacto sobre diferentes
cadeias produtivas, como a microeletrônica². Trata-se, como dizem os
autores, de um ‘setor transversal que agrega valor à tecnologia de outras
indústrias³’.”
Confronte com a questão:
“...depreende-se que o setor de microeletrônica² contribui para o
desenvolvimento de produtos de diversas indústrias³ e, portanto, o
investimento e o apoio à inovação¹ nessa área estimulam o crescimento
econômico4.”
Os dados 1, 2 e 3 são literais, como pudemos observar nas estruturas
acima, e o dado 4 está sendo subentendido, pois, se o Brasil vem sendo
superado pelos países asiáticos que possuem os dados 1, 2 e 3, então
depreendemos que isso estimula o crescimento.

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Gabarito: C

Todo texto é veiculado com base em três tipos básicos: descritivo,


narrativo e dissertativo. Cada tipo textual pode ser expresso por meio de um
gênero textual.
A banca CESPE cobra a diferença entre os tipos de texto, mas você não
precisa saber quais são os diversos gêneros textuais. Quanto aos gêneros, o
que importa é a interpretação mesmo.
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
Veremos apenas o essencial da tipologia, noções que são cobradas nas
provas da banca CESPE.
Descritivo
O texto descritivo enfatiza o estático, é um retrato, um recorte de uma
paisagem, uma ação, um costume. O texto descritivo vai induzindo o leitor a
imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto é, tudo que ambienta a história, a
informação.
“Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares,
bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Nas
ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito caminha lento e
nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”
(em Platão e Fiorin)
Podemos notar no texto muitos adjetivos, juntamente com a enumeração
de substantivos e verbos. Não há interpretação de movimento neste texto.
Tudo é recorte de instantes, por isso poderíamos pintar um quadro com base
na imagem que ele nos sugere.
Assim, descrever é enumerar características, ações e elementos que
produzem uma imagem “congelada” do instante ou da rotina.
Muitas vezes o CESPE cobra apenas o fragmento do texto em que haja
passagem descritiva; assim, há necessidade de se encontrar a enumeração.
Questão 6: Tribunal de Justiça - SE / 2006 / nível superior
Fragmento do texto: Os objetivos perseguidos pelas entidades
representativas de notários e registradores bandeirantes são o
aperfeiçoamento dos serviços, a harmonização de procedimentos, buscando
uma regulação uniforme nas atividades notariais e registrais.
A referência aos “objetivos perseguidos” faz parte de uma passagem
descritiva do texto.
Comentário: Observe: não foi dito que a expressão “os objetivos
perseguidos” faz parte de uma passagem descritiva, mas a referência a essa
expressão. “Os objetivos perseguidos” é o sujeito e “o aperfeiçoamento dos
serviços, a harmonização de procedimentos” é o predicativo composto,
enumerado. O predicativo é a referência ao sujeito. Se ele está composto,
está enumerado; por isso ele é uma passagem descritiva que faz referência ao
sujeito.
Gabarito: C

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Dentre a variedade de textos descritivos, ressaltam-se os textos
instrucionais, injuntivos. Veja um exemplo:

Capa de prova da banca CESPE, agente de inteligência, ABIN 2008

Este texto é a capa da prova de agente de inteligência da ABIN de 2008,


da banca CESPE. No texto se observa uma ordenação lógica, uma interlocução
direta com o leitor (o candidato ao cargo). Assim, a característica fundamental
do texto instrucional é levar o receptor a modificar comportamento, a agir
de acordo com os preceitos emanados do texto, seguir a sequência. Este tipo
de texto é também chamado de injuntivo ou prescritivo. Apresenta em sua
estrutura procedimentos a serem seguidos.
O texto descritivo pode se manifestar por meio de vários gêneros
textuais, como manual de instrução, bula, capa de uma prova de concurso, os
fragmentos enumerativos de um edital, receita etc.

Narrativo
Diferentemente do texto descritivo, o narrativo é aquele que trabalha o
movimento, as ações se prolongam no tempo, sendo esta a característica
principal. Narrar é contar uma história, baseando-se na ótica do narrador
(aquele que conta), sobre uma ou mais ações de um personagem(ns), numa
sequência temporal, em determinado lugar. A história pode ser imaginária
(ficção) ou real (fato). Pode ser contada por alguém que é o pivô da história
(narrador-personagem), ou por alguém que está testemunhando as ações
(narrador-observador). Quando há o narrador-personagem, há verbos ou
pronomes em primeira pessoa do singular. Quando há narrador-observador, há
verbos e pronomes em terceira pessoa.
Muitas vezes, quando o autor de um texto quer considerar um problema
relevante na sociedade, parte de um fato (narra uma pequena história real) e

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a partir dela tece suas considerações. Assim, pode-se dizer que a primeira
parte do texto é narrativa e a segunda é dissertativa, a qual será vista adiante.

O texto dissertativo pode se manifestar por meio de vários gêneros


textuais, como piada, fábula, parábola, conto, novela, crônica, romance,
entrevista etc.
Eis um bom exemplo deste tipo de texto encontrado na prova do CESPE
(médico perito INSS -2009), em que os elementos da narrativa se fazem
presentes.
A Revolta da Vacina
O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma
cidade de ruas estreitas e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre
amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam questão de
anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados da
Europa morriam às dezenas de doenças infecciosas.
Ao assumir a presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves
instituiu como meta governamental o saneamento e reurbanização da capital da
República. Para assumir a frente das reformas, nomeou Francisco Pereira Passos para
o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho
para a reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Rodrigues
Alves nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para o saneamento.
O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, com a derrubada de
casarões e cortiços e o consequente despejo de seus moradores. A população apelidou
o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura de grandes bulevares,
largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares.
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de Oswaldo Cruz.
Para combater a peste, ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade
espalhando raticidas, mandando remover o lixo e comprando ratos. Em seguida o alvo
foram os mosquitos transmissores da febre amarela.
Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de
vacinação obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e
violento, não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família rejeitavam a
exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo.
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente
insatisfeito com o “bota-abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante
uma semana, enfrentou as forças da polícia e do exército até ser reprimido com
violência. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a
recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram
erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados.
Internet: <www.ccs.saude.gov.br> (com adaptações).

Observe os traços temporais que marcam a evolução dos


acontecimentos, ao mesmo tempo em que as ações vão sendo desenvolvidas
num cenário (Rio de Janeiro). Veja os elementos temporais: “na passagem do
século XIX para o século XX”; “Ao assumir a presidência da República”; “Ao
mesmo tempo”; “Em seguida”; “Finalmente”; “Durante uma semana”; “no
período de 10 a 16 de novembro de 1904”.
Com isso, observa-se que há uma história sendo contada por alguém que
não participou dela (narrador-observador). Ele não tem necessidade de se
posicionar diante de alguma situação, o que se pretende com o texto é narrar

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um fato que ocorreu no Rio de Janeiro. Como o texto se fundamenta na
informação, diz-se que há um ponto de vista objetivo.
Com base no texto acima, resolva as questões a seguir:

Questão 7: Médico Perito INSS / 2009 / nível superior


O texto faz um histórico da Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro,
mostrando explicitamente o ponto de vista do autor acerca do tema.
Comentário: Realmente houve um histórico sobre a Revolta Vacina, pois
foram narrados os fatos que a cercaram. Mas o erro está em dizer que houve
ponto de vista explícito do autor acerca do tema. Houve apenas a narrativa do
fato, o narrador não faz considerações, por isso não toma nenhum ponto de
vista explicitamente.
Gabarito: E

Questão 8: Médico Perito INSS / 2009 / nível superior


O texto apresenta marcadores que evidenciam a progressão da narrativa, tais
como “Ao mesmo tempo” e “Finalmente”.
Comentário: Estas são algumas das expressões que marcam a evolução do
tempo, típica estrutura de texto narrativo.
Gabarito: C

Veja outro exemplo de narrativa, agora com o ponto de vista


subjetivo, pois o narrador se coloca na história:

"O pungente amor"

A descoberta da poesia de Carlos Drummond de Andrade, em 1949, atingiu-me


de maneira contraditória: chocou-me e obrigou-me a mudar de rumo.
Para que se entenda melhor o que ocorreu, devo esclarecer que a poesia que
fazia até ali nascera da leitura dos parnasianos, com os quais aprendera a compor
sonetos rigorosamente rimados e metrificados. Ignorava a poesia moderna. Alguns
"sonetos brancos" de Murilo Mendes publicados num jornal da cidade impressionaram-
me, mas não me ganharam. Foi a leitura de Poesia até agora, de Drummond, que
provocou o choque. Havia no livro um poema intitulado "Lua diurética". Fiquei
perplexo: aquilo não podia ser poesia, disse-me, pois poesia para mim era, por
exemplo, "Ora direis, ouvir estrelas, certo/ perdeste o senso..." ou "Hão de chorar por
ela os cinamomos...". Lua diurética não tinha nada a ver...
Mas não conseguia largar o livro de Drummond. Lia e relia alguns dos poemas
que mais me perturbavam. E terminei tomando uma decisão: ler os críticos modernos
para entender o que era de fato aquela poesia antipoética.
E assim, na Biblioteca Pública, descobri O empalhador de passarinhos, de Mário
de Andrade, As cinzas do purgatório, de Otto Maria Carpeaux. Não sei se entendi
direito o que diziam, não me lembro. Mas terminei por admitir que havia uma nova
poesia, distinta da que conhecia, cujo mérito era exatamente estar ligada ao
cotidiano. Em breve rendia-me ao fascínio de poemas como "Onde há pouco
falávamos" e "Viagem na família" ("Fala fala fala fala/ Puxava pelo casaco/ que se
desfazia em barro"). Uma outra dimensão da realidade se revelava a meus sentidos.
É verdade que passei a ler ao mesmo tempo todos os poetas modernos que me
caíam nas mãos: Bandeira, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Mário de Andrade. E poetas
estrangeiros, como Rilke, Eliot e, mais tarde, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé e

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Artaud... O que bebi neles amontoou-se dentro de mim, fundiu-se, virou sangue, fala,
fogo - um magma que me temperou e me fez nascer de novo.
A verdade é que, agora, quando releio alguns dos poemas de Drummond
daquela época, me reconheço neles, percebo que sua fala está entranhada na minha,
que aprendi com ele o "o pungente amor" da vida.
Ferreira Gullar. In: http://revistacult.uol.com.br/website/dossie

Dissertativo
Dissertar é um processo em que o emissor transmite conhecimento,
relata, expõe ideias, discorre sobre determinado assunto, argumenta. De certa
maneira, o texto mostra o ponto de vista que o autor tem de determinado
assunto, fundamentado em argumentos e raciocínios baseados em sua
vivência, conhecimento, posturas.
É certo dizer que ele engloba um conjunto de juízos. É próprio de temas
abstratos e usado em textos críticos, teses, exposição, explanação e
argumentação.
Dependendo do ponto de vista, da organização e do conteúdo, a
dissertação pode simplesmente relatar saberes científicos, dados estatísticos,
etc ou pode também buscar defender um princípio, uma visão parcial ou não
de um assunto, apresentando argumentos precisos, exemplos, contradições,
comparações, causas etc, para defender suas ideias. Sua estrutura
normalmente é a seguinte:
1) Introdução: é o parágrafo que abre a discussão ou simplesmente
expõe a informação principal, da qual se partirá nos próximos parágrafos à
exemplificação, explicação, etc. Neste parágrafo normalmente se encontra o
tópico frasal, o qual também é entendido como tese, cuja função é transmitir
a opinião do autor, o centro da informação.
2) Desenvolvimento: pode ser composto de um ou mais parágrafos, os
quais servem para ampliar e analisar o conteúdo informado na introdução.
Nele, encontramos os procedimentos argumentativos, que podem conter a
relação de causa e consequência, exemplificações, contrastes, citações de
autoridades no assunto. Enfim, é o debate ou simplesmente o mergulho nas
implicações do tema.
3) Conclusão: é o fechamento da informação, seja ela crítica ou não.
Muitas vezes iniciadas por elementos como “Portanto”, “Em suma”, “Enfim”,
etc. Nela há normalmente a ratificação, confirmação da tese, tomando por
base os argumentos dos parágrafos de desenvolvimento.
O texto dissertativo pode se manifestar por meio de vários gêneros
textuais, como editorial, artigo de opinião, carta de leitor, os diversos
discursos políticos, de defesa, de acusação, resenhas, relatórios, textos
publicitários etc.
Com base nisso, a dissertação se divide em dois tipos:
a) Dissertativo-expositivo: quando o autor apenas transmite os
saberes de uma comunidade (como em livros didáticos, enciclopédias etc), não
colocando sua opinião sobre o assunto, mas apenas os dados objetivos.
Veja alguns exemplos de texto dissertativo-expositivo:

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Ferramenta que devolve spam ao emissor já é realidade
Uma nova ferramenta para combater a praga do spam foi recentemente
desenvolvida. O sistema é capaz de devolver os e-mails inconvenientes às
pessoas que os enviaram, e está estruturado em torno de uma grande base de
dados que contém os números de identificação dos computadores que enviam
spam. Depois de identificar os endereços de onde procedem, o sistema reenvia
o e-mail ao remetente.
A empresa que desenvolveu o sistema assinalou que essa ferramenta
minimiza o risco de ataques de phishing, a prática que se refere ao envio
maciço de e-mails que fingem ser oficiais, normalmente de uma entidade
bancária, e que buscam roubar informação como dados relativos a cartões de
crédito ou senhas.
Internet: <http://informatica.terra.com.br>. Acesso em mar./2005 (com adaptações).
(Prova: ANS / 2005 / superior/ CESPE)

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.
(Excerto da CF/88. In: http://www.planalto.gov.br)

Não se nota em nenhum dos dois textos a intervenção do autor,


sinalizando sua opinião. Houve apenas a exposição de fato (no primeiro) e de
dado conceitual (no segundo).
Note que nesses dois textos não houve a opinião do autor. A base deles
foi a transmissão do saber, a informação. Por isso são textos dissertativo-
expositivos.
b) Dissertativo-argumentativo ou opinativo: quando o autor
transmite sua opinião dentro do texto. Geralmente é o que a banca CESPE
cobra nos concursos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração
de redações.
Veja alguns exemplos de texto dissertativo-argumentativo:
Existe, por certo, um abismo muito largo e profundo entre a cosmovisão
dos médicos em geral (fundada em sua leitura dos fenômenos biológicos) e as
concepções de vida da vasta maioria da população. Salta à vista, na
abordagem do assunto (a ética e a verdade do paciente), que se fica, mais
uma vez, diante da pergunta feita por Pôncio Pilatos a Jesus Cristo, encarando,
como estava, um homem pleno de sua verdade, “O que é a verdade?” E é
evidente que um e outro se cingiam a verdades díspares.
Dalgimar Beserra de Menezes. A ética médica e a verdade
do paciente. In: Desafios éticos, p. 212-5 (com adaptações).
(Prova: ANS / 2005 / superior)

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Com pouco mais de meio século de atividade da indústria automobilística
no Brasil, de acordo com registros, foram vendidos 2,5 milhões de carros.
Contraposto aos sucessivos recordes de congestionamentos nas grandes
cidades brasileiras, esse resultado expõe as fragilidades de um modelo de
desenvolvimento e urbanização que privilegia o transporte motorizado
individual, prejudica a mobilidade e até a produtividade das pessoas. O carro,
no entanto, não é o único vilão. A solução para o problema da mobilidade
passa pela criação de alternativas ao uso do transporte individual.
“Como as opções alternativas ao transporte individual são pouco
eficientes, pela falta de conforto, segurança ou rapidez, as pessoas continuam
optando pelos automóveis, motocicletas ou mesmo táxis, ainda que
permaneçam presas no trânsito”, afirma S. G., profissional da área de
desenvolvimento sustentável. Contudo, restringir o uso do carro não resolve o
problema. De acordo com consultores em transportes, a tecnologia é uma das
ferramentas para equacionar o problema do trânsito, desde que escolhida e
implementada com competência.
Enfrentamento do problema da mobilidade determinará futuro das
grandes metrópoles. In: Revista Ideia Socioambiental. São Paulo.
Internet: <www.ideiasocioambiental.com.br>. (com adaptações).
(Prova: DETRAN 2010 Médio)

Ponto de vista:
Os diversos tipos de texto são expressos por um emissor, que orienta o
leitor sobre o que se quer defender, criticar, contrastar. Esse ponto de vista
pode ser objetivo ou subjetivo.
Texto subjetivo:
É subjetivo (intimista) o texto em que a impressão do autor extrapola a
razão, a informação do texto. Logicamente todo texto possui de alguma forma
a opinião do autor, aquilo em que ele acredita. Mas isso pode se dar de forma
velada (mascarada) ou enfática. No texto subjetivo, o autor se mostra pelo uso
de verbos e pronomes em primeira pessoa, com vocabulário depreciativo ou
demasiado valorativo. A intenção é mostrar sua insatisfação, supervalorização,
baseado na emoção, no sentimento.
Como a linguagem é dinâmica e é por meio dela que o texto se veicula,
não se pode ser categórico ao se analisar o tipo de texto, nem mesmo seu
ponto de vista; pois tudo depende da intenção do autor. Um texto pode ser
objetivo, mas com alguns traços de subjetividade, assim como um texto
altamente subjetivo pode possuir traços de objetividade. Leia o texto a seguir,
extraído do blog de Diogo Mainard, colunista da Revista Veja. Perceba nele os
verbos e pronomes em primeira pessoa, certos vocábulos que mostram a
liberdade expressiva de sua opinião altamente pessoal. Isso caracteriza o texto
dissertativo-argumentativo, com ponto de vista subjetivo:
O leitor de VEJA já sabe o que esperar de mim: em matéria de
prognósticos eleitorais, eu erro fatalmente, eu erro teimosamente, eu erro
rumorosamente. Nos primeiros meses de 2008, prognostiquei que a candidata
petista chegaria em quinto lugar. Dois anos e meio depois, estou aqui
reivindicando meu erro. Errei, errei, errei.

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É bom errar. É bom repetir que errei. Só há um aspecto de meu trabalho
de que realmente me orgulho: eu nunca tentei compreender a mente ou o
comportamento de meus compatriotas. Eu me atormentaria se um dia, mesmo
que por engano, acabasse acertando um resultado eleitoral. Os valores aos
quais sou mais apegado ruiriam. Quem compreende a mente e o
comportamento dos brasileiros é Valdemar Costa Neto. Quem compreende a
mente e o comportamento dos brasileiros é a Mulher Melancia. Quem
compreende a mente e o comportamento dos brasileiros é Chico Buarque. Eles
sabem o que os brasileiros querem. Eu só sei o que os brasileiros repelem.
Eles repelem Antonello da Messina e Memling. Eles repelem Pitágoras e
Empédocles.
De todos os nossos escritores, o único que conseguiu compreender a
mente e o comportamento dos brasileiros foi Euclides da Cunha. Eu sempre
recorro a ele quando tenho de tratar do assunto. Ele é meu Valdemar Costa
Neto particular. Euclides da Cunha podia interpretar o caráter de uma pessoa a
partir do formato e da medida de suas orelhas ou de sua testa. Eu me
pergunto como ele teria interpretado o formato e a medida das orelhas de um
eleitor do PT, como Chico Buarque.
http://veja.abril.com.br/blog/mainardi/

Texto objetivo:
O ponto de vista objetivo procura basear-se em fatos, argumentos,
informações, evitando transparecer a opinião pessoal do autor. O texto
continua sendo opinativo, mas o autor mascara sua opinião para ganhar
credibilidade. Para isso se baseia em argumentos de autoridade (especialistas
entendidos no assunto, leis, regulamentos), pensamentos filosóficos, máximas,
etc. Tudo para fugir da impressão, do “eu acho”. Quanto mais dados para
consubstanciar a opinião “velada” do autor, melhor para a sustentação dos
argumentos, tornando o texto objetivo, com verbos e pronomes normalmente
em terceira pessoa.
Veja um exemplo de trecho dissertativo-argumentativo, com ponto de
vista objetivo.
O homem e a natureza
A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas
ingênua, se não fosse perigosamente pretensiosa.
Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por
doutrinas que situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da
evolução, mas incidem no equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da
criação. Pode-se dizer com segurança que nada na natureza foi feito para
alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas.
A aquisição de características muito específicas como a linguagem, raciocínio
lógico, memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não
fizeram do homem um ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem
dotado para determinados fins.
Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do
universo conhecido deve prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende
a maioria das pessoas com poder decisório no mundo.
Lisboa, Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.

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Note que o texto é iniciado por uma ideia geral (a natureza não existe
para servir o homem) que será desenvolvida em seguida. Há várias inserções
do autor, que provam sua opinião, em terceira pessoa:
Pode-se dizer com segurança...
pode-se crer em permuta e equilíbrio...
Isso não lhe confere autoridade...
...como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no
mundo...
É claro que um texto não terá apenas uma tipologia textual. Muitas vezes
terá as três num só texto, mas vale o que predomina, aquele que transmite a
ideia central, o objetivo.

Questão 9: Tribunal de Justiça - SE / 2006 / nível superior


Fragmento do texto: O Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB),
seção de São Paulo, em parceria com o Colégio Notarial do Brasil, também
seção de São Paulo, e com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São
Paulo, congrega esforços para promover e realizar seminários de direito
notarial e registral no estado, visando o aperfeiçoamento técnico de notários e
registradores e a reciclagem de prepostos e profissionais que atuam na área.
Os objetivos perseguidos pelas entidades representativas de notários e
registradores bandeirantes são o aperfeiçoamento dos serviços, a
harmonização de procedimentos, buscando uma regulação uniforme nas
atividades notariais e registrais. O IRIB e o Colégio Notarial sentem-se
orgulhosos de poder contribuir com o desenvolvimento das atividades
notariais e registrais do estado.
Pela estrutura do texto, narrativo por excelência, depreende-se que se trata
da notícia de um evento que provavelmente irá ocorrer no estado de São
Paulo.
Comentário: A frase está errada, porque o texto não é narrativo por
excelência, isto é, ele não narra; anuncia algo que irá ocorrer, sem ter como
princípio contar uma história ou fato que ocorrera, o que caracterizaria o texto
narrativo. Ele traduz uma mescla de descrição, princípios da narrativa e
também há passagens dissertativas. Pode-se dizer que prepondera o objetivo
de descrever para anunciar algo.
Gabarito: E

Questão 10: TRE - MA / 2006 / nível superior


Texto:
Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se
sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio
de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura
política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas,
associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas,
associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação,
encontro e interação entre os concidadãos.
A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado “über alles”, nunca
leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores.
Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma

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sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e
socialmente impotentes.
Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da
verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em
todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível.
Assinale a opção que está de acordo com as ideias do texto.
A) O setor econômico da sociedade inibe qualquer iniciativa de se construir
uma cultura política verdadeiramente democrática.
B) A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil
organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo.
C) É previsível que, em um futuro próximo, o neoliberalismo evolua para uma
democracia extramercado.
D) A política neoliberal produz um tipo de democracia voltada,
exclusivamente, para a defesa dos interesses do consumidor.
E) Os sindicatos destacam-se das demais instituições associativas por
promover a interação entre seus associados.
Comentário: Perceba os vestígios tanto no texto, quanto nas alternativas.
Na alternativa (A), há elemento categórico. Então cuidado! A expressão
“qualquer iniciativa” invalida a afirmativa.
Na alternativa (B), para melhor visualizar esta resposta como correta,
serão reescritos o trecho do texto e a alternativa (B):
Uma cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas,
escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para
reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem
formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A
democracia neoliberal, com sua ideia de mercado über alles, nunca leva em
conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores. Em vez de
comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma sociedade
atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente
impotentes.
A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil
organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo.
Note que as ações da sociedade civil organizada são as que estão
marcadas em negrito. A alternativa (B) mostra que a democracia neoliberal
despreza as ações da sociedade civil organizada, o que encontra ratificação no
texto “nunca leva em conta essa atuação”. A alternativa continua afirmando
que essa democracia reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo,
o que é corroborado pelo texto na passagem “O que sobra é uma sociedade
atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente
impotentes.”
Na alternativa (C), a relação desta afirmativa está textualmente
equivocada. O texto não mostra uma perspectiva, na visão do autor, otimista.
Não há tendência no texto para uma sociedade extramercado. Note que o
valor semântico de extramercado no contexto é uma sociedade fora (extra)
dos padrões de consumo (mercado).
Na alternativa (D), “Exclusivamente” é outra palavra categórica, isso
invalida a alternativa, haja vista que a política neoliberal não produz um tipo

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de democracia voltada somente para a defesa dos interesses do consumidor,
muito pelo contrário.
Na alternativa (E), relação textualmente equivocada. Não houve
informação no texto de que os sindicatos se destacam das demais instituições.
Gabarito: B

Questão 11: Assinale a opção correta com referência à tipologia do texto.


A) O produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória
contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro
previsível.
B) Trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor
apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da
influência norte-americana sobre o futuro da humanidade.
C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo
subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações
atendem, de modo diferenciado, aos interesses populares.
D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o
surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual
o produtor enumera, objetivamente, as características da democracia
participativa.
E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor,
contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos
nocivos de um sobre o outro.
Comentário: Esta questão quer explorar seus conhecimentos sobre a
estrutura e tipologia textuais.
Na alternativa (A), deve-se observar que o texto não narra uma
trajetória. Narrativa é uma história; e esse não foi o objetivo do texto.
Na alternativa (B), perceba que não se trata de um texto dissertativo-
expositivo, mas sim de um texto dissertativo-argumentativo, pois há
claramente a opinião do autor. Só essa primeira afirmação da alternativa está
errada, o restante está de acordo com o texto. Nele a opinião do autor se
pauta mais pela emoção que pela razão, retratando suas impressões pessoais
a respeito do tipo de sociedade; por isso se pode entendê-lo como ponto de
vista subjetivo ou intimista, mesmo com verbos em terceira pessoa.
Na alternativa (C), apesar de haver passagens descritivas
(enumerações) no texto, ele é eminentemente dissertativo-argumentativo. A
descrição serviu apenas como fundamento argumentativo para a dissertação.
Na alternativa (D), não há passagens narrativas no texto. O autor
também não relata o surgimento da democracia neoliberal, ele a condena.
Na alternativa (E), perceba que é correta a afirmação de o texto ser
dissertativo-argumentativo, além de trabalhar a oposição entre duas visões da
sociedade: uma ideal (participativa) e outra real (neoliberal). O autor se
mostra altamente inclinado à primeira, inclusive com tons categóricos.
Gabarito: E

Questão 12: TRE - MT / 2009 / Médio


Diariamente, milhões de pessoas em todo o mundo conectam-se à
Internet e mais de doze milhões de e-mails são enviados. Isso sem se

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mencionar o número de negócios fechados e o dinheiro movimentado. Com o
advento do computador e, mais tarde, da Internet, as informações e os
grandes negócios acontecem com uma velocidade impressionante. Resultado
de um mundo globalizado, em que a informação se transformou na moeda
corrente. E, quando o assunto é informação, ou seja, transmitir informações,
nada melhor do que utilizar a tecnologia. A cada dia, mais e mais serviços são
disponibilizados por empresas para que as pessoas interessadas tenham
acesso à informação de maneira rápida e eficaz.
Internet: <www.caieiraspress.com.br> (com adaptações).
O texto em questão é, predominantemente,
(A) narrativo. (B) descritivo. (C) dissertativo.
(D) dialógico. (E) instrucional.
Comentário: Note que o texto desenvolve um tema: a agilidade da
informação. Assim, a alternativa correta é a (C). A estrutura do texto nos
mostra uma introdução com um dado sobre a internet, em seguida esse tópico
frasal é ampliado para a relação comercial, negócios, tecnologia, globalização.
Tudo isso, para se ter a conclusão da importância da informação rápida e
eficaz.
Gabarito: C

Questão 13: TJ - RR / 2006 / Superior


Todo povo tem na sua evolução, vista a distância, um certo “sentido”.
Esse se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos
fatos e acontecimentos essenciais que a constituem em um largo período de
tempo. Quem observa aquele conjunto, desbastando-o do cipoal de incidentes
secundários que o acompanham sempre e o fazem, muitas vezes, confuso e
incompreensível, não deixará de perceber que ele se forma de uma linha
mestra e ininterrupta de acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa,
e dirigida sempre em uma determinada orientação. É isto que se deve, antes
de mais nada, procurar quando se aborda a análise da história de um povo,
seja, aliás, qual for o momento ou o aspecto dela que interesse, porque todos
os momentos e aspectos não são senão partes, por si só incompletas, de um
todo que deve ser sempre o objetivo do historiador, por mais particularista
que seja.
Caio Prado Júnior. Op. cit., p. 1.130 (com adaptações).
Como se trata de tema relativo à história, o texto é predominantemente
narrativo.
Comentário: Note que o texto se inicia com uma tese (“Todo povo tem na
sua evolução, vista a distância, um certo ‘sentido’.”), a qual será desenvolvida
em seguida. Assim, este texto é dissertativo.
Gabarito: E

Questão 14: DPU / 2010 / Médio


Não se consegue imaginar uma nação forte, ou que tenha aspirações de
ser um país de ponta no mundo, se ela tiver muita gente sem ocupação. Os
números do emprego, relativos ao primeiro trimestre de 2010, são uma
animadora mostra do bom momento vivido pelo Brasil, que dá mostras
seguidas de ter superado em definitivo qualquer resquício de consequência da

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crise econômica global. Foi um total de 657,3 mil novos postos de trabalho
formais, ou seja, com carteira assinada, entre os meses de janeiro e março.
Isso significa o melhor desempenho para esse período desde o início da série
histórica. Significa ainda um crescimento de 19% em relação ao primeiro
trimestre de 2008, que já havia sido um recorde.
Jornal do Brasil, Editorial, 19/4/2010 (com adaptações).
Predomina no trecho o tipo textual narrativo.
Comentário: Perceba que o texto possui um período inicial que fomenta o
seu desenvolvimento ao longo do texto. Ele é entendido como tese ou tópico
frasal: “Não se consegue imaginar uma nação forte, ou que tenha aspirações
de ser um país de ponta no mundo, se ela tiver muita gente sem ocupação.”
Como há o desenvolvimento de uma discussão a respeito do tema
“emprego”, o texto é dissertativo.
Gabarito: E

Questão 15: TRE - AP / 2007 / Médio


Para mostrar a importância do voto aos 16 anos de idade, a União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) realizou a campanha Te liga
16 — O Brasil só ganha se você tiver esse título. O objetivo da campanha foi
conscientizar os jovens de 16 anos da responsabilidade do voto e da
participação política. “Votar aos 16 anos é despertar uma consciência cidadã.
Ficar em casa reclamando que política é ruim não está com nada. Está na hora
de não só pensar, mas de decidir”, disse o professor Pedro.
A presidenta da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de
Porto Alegre completou a introdução do professor, chamando a atenção dos
estudantes para o poder de decisão que eles têm. “Somos 33 milhões de
brasileiros entre 16 e 24 anos. A juventude brasileira, se unida, é suficiente
para mudar qualquer coisa neste país.”
Internet: <www.maristas.org.br> (com adaptações).
Assinale a opção correta a respeito das idéias apresentadas no texto e da
tipologia textual.
(A) O texto é fragmento de uma notícia e se estrutura em duas partes: uma
expositiva e outra argumentativa.
(B) O texto é uma descrição retirada de um texto publicitário, destinado a
convencer os adolescentes a votarem.
(C) O texto narra episódios políticos que aconteceram antes das eleições para
a chefia da UBES.
(D) O texto tem estrutura dissertativa, sendo as passagens entre aspas
transcrições de discursos contrários às eleições aos 16 anos.
(E) No primeiro parágrafo, predomina a estrutura descritiva, mas, no
segundo, sobressai a narrativa.
Comentário: Note que o texto é dissertativo, pois relata fatos sobre um
tema: a importância do voto aos 16 anos. O texto veiculado na internet tem
um padrão de notícia, pois podemos notar que expõe fatos: a UBES ter
realizado uma campanha; a presidenta da Comissão chamar a atenção dos
estudantes, etc.
O texto se baseia em duas posturas dissertativas: numa, há o simples
relato dos fatos, por isso é classificado como notícia, assim há um texto

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dissertativo-expositivo; noutra, percebemos dentro dos parênteses a tentativa
de convencimento do jovem a votar, por meio das palavras do professor Pedro
e da presidenta da Comissão. A fala deles é o texto dissertativo-
argumentativo. Portanto, a alternativa correta é a (A).
A alternativa (B) está errada, porque não há só e simplesmente uma
propaganda fazendo com que os jovens votem; há um relato do que ocorreu.
A alternativa (C) está errada, porque o texto não narra episódios.
A alternativa (D) está errada, por causa da expressão “contrários às”.
A alternativa (E) está errada, porque no primeiro parágrafo predomina a
dissertação.
Gabarito: A

INCA / 2010 / Médio


Criada em 1983 pela doutora Zilda Arns, a Pastoral da Criança monitora
atualmente cerca de 2 milhões de crianças de até 6 anos de idade e 80 mil
gestantes, com presença em mais de 3,5 mil municípios em todo o país,
graças à colaboração de 155 mil voluntários. A importância da Pastoral é
palpável: a média nacional de mortalidade infantil para crianças de até 1 ano,
que é de 22 indivíduos por mil nascidos vivos, cai para 12 por mil nos lugares
atendidos pela instituição. Na primeira experiência da Pastoral, em
Florestópolis, no Paraná, a mortalidade infantil despencou de 127 por mil
nascimentos para 28 por mil — em apenas um ano. Sua metodologia é
simples — por meio de conversas frequentes com a família, o voluntário
receita cuidados básicos para evitar que a criança morra por falta de
conhecimento, como os hábitos de higiene, a administração do soro caseiro e
a adoção da farinha de multimistura na alimentação, que se tornou uma
solução simples e emblemática contra a desnutrição. Mas o seu segredo é um
só: a persistência.
Jornal do Commercio (PE), Editorial, 20/1/2010 (com adaptações).
Questão 16: Depreende-se das informações do texto que os lugares não
atendidos pela Pastoral da Criança apresentam média de mortalidade infantil
para crianças de até 1 ano maior que a dos lugares em que a Pastoral atua.
Comentário: A interpretação é literal. Veja o seguinte trecho do texto:
“A importância da Pastoral é palpável: a média nacional de mortalidade
infantil para crianças de até 1 ano, que é de 22 indivíduos por mil nascidos
vivos, cai para 12 por mil nos lugares atendidos pela instituição.”
Gabarito: C

Questão 17: Esse texto é predominantemente narrativo.


Comentário: O texto aborda um tema: a importância da Pastoral. Ele o
desenvolve mostrando dados que confirmam essa importância. Portanto, há
um texto dissertativo.
Gabarito: E

INCA / 2010 / Médio


A disseminação do vírus H1N1, causador da gripe denominada Influenza
A, ocorre, principalmente, por meio das gotículas expelidas na tosse e nos
espirros, do contato com as mãos e os objetos manipulados pelos doentes e

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do contato com material gastrointestinal. O período de incubação vai de dois a
sete dias, mas a maioria dos pacientes pode espalhar o vírus desde o primeiro
dia de contaminação, antes mesmo do surgimento dos sintomas, e até
aproximadamente sete dias após seu desaparecimento. Adverte-se, pois, que
as precauções com secreções respiratórias são de importância decisiva,
motivo pelo qual são recomendados cuidados especiais com a higiene e o
isolamento domiciliar ou hospitalar, segundo a gravidade de cada caso.
Diário do Nordeste (CE), Editorial, 11/1/2010.
Questão 18: Depreende-se das informações do texto que, assim que
desaparecem os sintomas, não há mais possibilidade de que o paciente
contagie outra pessoa com o vírus H1N1.
Comentário: Mesmo a banca afirmando que se pode depreender, a
interpretação é literal. Perceba isso nos dados explícitos no seguinte trecho:
“O período de incubação vai de dois a sete dias, mas a maioria dos pacientes
pode espalhar o vírus desde o primeiro dia de contaminação, antes mesmo do
surgimento dos sintomas, e até aproximadamente sete dias após seu
desaparecimento.”
Gabarito: E

Questão 19: Esse texto é predominantemente dissertativo.


Comentário: O texto trata do tema “a disseminação do vírus H1N1”. Veja
que o autor não faz inserções, transmitindo opinião. Ele apenas relata. Por
isso, ocorre o texto dissertativo-expositivo.
Gabarito: C

Questão 20: SEAD - PA / 2007 / Superior


Heróis de bronze e heróis de carne e osso
Houve época em que nos bancos escolares se aprendia a cultuar os
chamados heróis da pátria. Figuras como Tiradentes, dom Pedro I, Duque de
Caxias e a princesa Isabel, entre outros, eram pintados como patriotas
exemplares e seres imaculados. Visões hegemônicas forjam mitos históricos.
Se a Holanda tivesse vencido os portugueses no Nordeste no século
XVII, nosso herói não seria Matias de Albuquerque, mas Domingos Fernandes
Calabar, senhor de terras e contrabandista que traiu os portugueses e se
passou para o lado dos batavos.
Tiradentes, contudo, é o mais poderoso e universal dos nossos mitos.
Pesquisas recentes revelaram um personagem contraditório, imperfeito, ao
contrário do que pretende a história oficial. Demasiado humano, demasiado
brasileiro. Felizmente um herói em carne e osso, não o modelo de virtude
perpetuado em sombrias estátuas de bronze.
Cláudio Camargo. Istoé. “Opinião e idéias”, 18/4/2007, p. 50 (com adaptações).
Assinale a opção em que o trecho apresentado contém a tese, ou seja, a idéia
básica sobre a qual se desenvolvem as outras idéias e as exemplificações do
texto.
(A) “nos bancos escolares se aprendia a cultuar os chamados heróis da pátria”
(linhas 1 e 2)

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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(B) “Visões hegemônicas forjam mitos históricos” (linha 4)
(C) “Tiradentes, contudo, é o mais poderoso e universal dos nossos mitos”
(linha 9)
(D) “Felizmente um herói em carne e osso” (linha 14)
Comentário: Antes de responder à questão, note a estrutura textual.
Primeiro, o autor insere a introdução que se divide em três partes: situa o
leitor no tempo sobre a visão imaculada de herói, depois cita exemplos de
heróis para em seguida transmitir uma crítica como a ideia central do texto: a
visão intocável, sublimada do herói, acaba mascarando ideologias (criando
mitos).
O segundo parágrafo insere uma hipótese que nos chama a atenção. Se
o resultado de uma guerra fosse outro, estaríamos idolatrando um
contrabandista e traidor, mas viraria um herói forjado, acabando por ser
mitificado.
O terceiro parágrafo insere um contraste que rebate essa visão
tradicional dos heróis, mostrando o lado humano, não toda aquela redoma
mitificada dos registros históricos. Daí vem a conclusão do texto, em que se
ratifica a ideia central: “Felizmente um herói em carne e osso, não o modelo
de virtude perpetuado em sombrias estátuas de bronze”.
Lembre-se do que vimos anteriormente, a tese é a ideia central do
texto. Podemos notar também que o título, muitas vezes, vai nos apontar a
ideia central e vai confirmar a tese. Além disso, é natural que a conclusão do
texto confirme o que foi dito na tese. Por isso, confronte:
O título: “Heróis de bronze e heróis de carne e osso.”
A tese: “Visões hegemônicas forjam mitos históricos.”
A conclusão do texto: “Felizmente um herói em carne e osso, não o
modelo de virtude perpetuado em sombrias estátuas de bronze.”
Assim, a alternativa correta só pode ser a alternativa (B).
Já “matamos” a questão, mas cabe aqui ressaltar uma coisa: como esta
questão possui respostas por alternativas, fica bem mais fácil interpretar, pois
poderemos trabalhar a interpretação tanto da questão, quanto a do texto.
Assim, veja que as alternativas (A), (C) e (D) transmitem ideias parciais do
tema. Por eliminação, fica bem mais fácil achar a alternativa correta, não é
mesmo?
Gabarito: B

Questão 21: TRE - ES/ 2011 / Superior


No Brasil, a tradição política no tocante à representação gira em torno
de três ideias fundamentais. A primeira é a do mandato livre e independente,
isto é, os representantes, ao serem eleitos, não têm nenhuma obrigação,
necessariamente, para com as reivindicações e os interesses de seus eleitores.
O representante deve exercer seu papel com base no exercício autônomo de
sua atividade, na medida em que é ele quem tem a capacidade de
discernimento para deliberar sobre os verdadeiros interesses dos seus
constituintes. A segunda ideia é a de que os representantes devem exprimir
interesses gerais, e não interesses locais ou regionais. Os interesses nacionais
seriam os únicos e legítimos a serem representados. A terceira ideia refere-se

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ao princípio de que o sistema democrático representativo deve basear-se no
governo da maioria. Praticamente todas as leis eleitorais que vigoraram no
Brasil buscaram a formação de maiorias compactas que pudessem governar.
Gilberto Bercovici. A origem do sistema eleitoral proporcional
no Brasil. In: Estudos Eleitorais, TSE, vol. 5, n.º 2, 2010, p. 53.
Internet: <www.tse.gov.br> (com adaptações ) .
Nesse fragmento de texto, o tópico frasal corresponde ao primeiro período.
Comentário: O tópico frasal é a frase ou expressão que abre os caminhos,
sugere ampliação e desenvolvimento do texto. Por isso, percebemos que o
primeiro período realmente é o tópico frasal, pois se declara algo que
necessita de ampliação, e essa necessidade se deveu à expressão “três ideias
fundamentais”, ideias as quais foram desenvolvidas nos outros períodos.
Gabarito: C

TRE - ES/ 2011 / Superior


Convocada por D. Pedro em junho de 1822, a constituinte só seria
instalada um ano mais tarde, no dia 3 de maio de 1823, mas acabaria
dissolvida seis meses depois, em 12 de novembro.
Os membros da constituinte eram escolhidos por meio dos mesmos
critérios estabelecidos para a eleição dos deputados às cortes de Lisboa. Os
eleitores eram apenas os homens livres, com mais de vinte anos e que
residissem por, pelo menos, um ano na localidade em que viviam, e
proprietários de terra. Cabia a eles escolher um colégio eleitoral, que, por sua
vez, indicava os deputados de cada região. Estes tinham de saber ler e
escrever, possuir bens e virtudes. Em uma época em que a taxa de
analfabetismo alcançava 99% da população, só um entre cem brasileiros era
elegível. Os nascidos em Portugal tinham de estar residindo por, pelo menos,
doze anos no Brasil. Do total de cem deputados eleitos, só 89 tomaram posse.
Era a elite intelectual e política do Brasil, composta de magistrados, membros
do clero, fazendeiros, senhores de engenho, altos funcionários, militares e
professores. Desse grupo, sairiam mais tarde 33 senadores, 28 ministros de
Estado, dezoito presidentes de província, sete membros do primeiro conselho
de Estado e quatro regentes do Império.
O local das reuniões era a antiga cadeia pública, que, em 1808, havia
sido remodelada pelo vice-rei conde dos Arcos para abrigar parte da corte
portuguesa de D. João. No dia da abertura dos trabalhos, D. Pedro chegou ao
prédio em uma carruagem puxada por oito mulas. Discursou de cabeça
descoberta, o que, por si só, sinalizava alguma concessão ao novo poder
constituído nas urnas. A coroa e o cetro, símbolos do seu poder, também
foram deixados sobre uma mesa.
Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2010, p. 213-16 (com adaptações).
Questão 22: No primeiro parágrafo do texto, o autor resume a história da
assembleia constituinte de 1822.
Comentário: Releia o primeiro parágrafo:
“Convocada por D. Pedro em junho de 1822, a constituinte só seria
instalada um ano mais tarde, no dia 3 de maio de 1823, mas acabaria
dissolvida seis meses depois, em 12 de novembro.”

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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Há uma história (narrativa), pois ocorre uma evolução temporal. Ela se
fez de forma concisa, abreviada, resumida; pois se referiu a trechos que
demarcaram os limites, como “convocação”, “instalação” e “dissolvição”.
Gabarito: C

Questão 23: Se os primeiros dois parágrafos fossem reunidos em um só, o


primeiro parágrafo original corresponderia a uma sentença tópico, e o
segundo parágrafo original, ao desenvolvimento desse novo parágrafo.
Comentário: A sentença tópico ou tópico frasal num texto tem a
funcionalidade de generalizar o tema, abrir questionamentos, sugerir novo
assunto. Perceba que foi realmente isso que podemos observar no primeiro
parágrafo, inclusive a banca nos induziu a entender isso a partir da questão
anterior, em que vimos que houve um resumo histórico da constituinte. No
segundo parágrafo, esse tema é desenvolvido, pois é informada a composição
da constituinte e suas características. Por isso, a questão está correta.
Gabarito: C

Questão 24: De acordo com o texto, portugueses recém-chegados ao Brasil


que possuíssem riquezas e virtudes poderiam, mediante concessão especial,
tornar-se membros da constituinte.
Comentário: Esta questão faz referência direta aos seguintes trechos que
dizem respeito à possibilidade de alguém se tornar elegível:
“Estes tinham de saber ler e escrever, possuir bens e virtudes.” e
“Os nascidos em Portugal tinham de estar residindo por, pelo menos,
doze anos no Brasil.”
Por isso, vemos que a questão está errada.
Gabarito: E

Questão 25: PM - DF / 2009 / Superior


Ética, cidadania e segurança pública são valores entrelaçados. Não pode
haver efetiva vigência da cidadania em uma sociedade que não se guie pela
ética. Não vigora a ética onde se suprima ou se menospreze a cidadania. A
segurança pública é direito do cidadão, é requisito de exercício da cidadania. A
segurança pública é também um imperativo ético.
A luta pela ética, pela construção da cidadania e pela preservação da
segurança pública não constitui dever exclusivo do Estado. Cabe ao povo, às
instituições sociais, às comunidades, participar desse processo político de
sedimentação de valores tão essenciais à vida coletiva.
Internet: <www.dhnet.org.br> (com adaptações).
Esse texto é predominantemente narrativo.
Comentário: Este é um exemplo clássico de texto dissertativo-
argumentativo. Por isso, vale a pena comentar sua estrutura.
Note que o texto é iniciado por uma ideia geral (“Ética, cidadania e
segurança pública são valores entrelaçados.”) que será desenvolvida ao longo
dos parágrafos. Assim, percebemos que há o desenvolvimento de um tema.
Isso confirma que temos um texto dissertativo.
O tipo de texto dissertativo pode se dividir em expositivo (relato) ou
opinativo/argumentativo (opinião do autor). Percebemos que este texto é

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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argumentativo pelas várias inserções do autor, quais sejam:
“Não pode haver efetiva vigência da cidadania em uma sociedade que
não se guie pela ética.”
“Não vigora a ética onde se suprima ou se menospreze a cidadania.”
“Cabe ao povo, às instituições sociais, às comunidades, participar
desse processo político de sedimentação de valores tão essenciais à vida
coletiva.”
Os termos em negrito evidenciam os elementos linguísticos que provam
a opinião do autor.
É claro que um texto não terá apenas uma tipologia textual. Muitas
vezes terá as três num só texto, mas vale o que predomina, aquele que
transmita a ideia central do texto, o objetivo.
Você já deve estar percebendo, durante a resolução destas questões,
que a predominância nos textos da banca CESPE é a dissertação.
Gabarito: E

TRE - AL / 2004 / Superior


Apostando na leitura
1 Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola
da vida, a leitura de livros carece de aprendizado mais regular, que
geralmente acontece na escola. Mas leitura, quer do mundo, quer de
livros, só se aprende e se vivencia, de forma plena, coletivamente, em
5 troca contínua de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de
leituras que se refinam, se reajustam e se redimensionam hipóteses de
significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos
outros, do mundo e de nós mesmos. Da proibição de certos livros (cuja
posse poderia ser punida com a fogueira) ao prestígio da Bíblia, sobre a
10 qual juram as testemunhas em júris de filmes norte-americanos, o livro,
símbolo da leitura, ocupa lugar importante em nossa sociedade. Foi o
texto escrito, mais que o desenho, a oralidade ou o gesto, que o mundo
ocidental elegeu como linguagem que cimenta a cidadania, a
sensibilidade, o imaginário. É ao texto escrito que se confiam as
15 produções de ponta da ciência e da filosofia; é ele que regula os direitos
de um cidadão para com os outros, de todos para com o Estado e vice-
versa. Pois a cidadania plena, em sociedades como a nossa, só é
possível — se e quando ela é possível — para leitores. Por isso, a escola
é direito de todos e dever do Estado: uma escola competente, como
20 precisam ser os leitores que ela precisa formar. Daí, talvez, o susto com
que se observa qualquer declínio na prática de leitura, principalmente
dos jovens, observação imediatamente transformada em diagnóstico de
uma crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do apocalipse,
da derrocada da cultura e da civilização. Que os jovens não gostem de
25 ler, que lêem mal ou lêem pouco é um refrão antigo, que de salas de
professores e congressos de educação ressoa pelo país afora. Em tempo
de vestibular, o susto é transportado para a imprensa e, ao começo de
cada ano letivo, a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de
coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos, que apregoam

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30 vender, com a história que contam, o gosto pela leitura. Talvez, assim,
pacifique corações saber que desde sempre — isto é, desde que se
inventaram livros e alunos — se reclama da leitura dos jovens, do
declínio do bom gosto, da bancarrota das belas letras! Basta dizer que
Quintiliano, mestre-escola romano, acrescentou a seu livro uma
35 pequena antologia de textos literários, para garantir um mínimo de
leitura aos estudantes de retórica. No século I da era cristã! Estamos,
portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão: se
cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-
professores, montar sua própria biblioteca e sua antologia e contagiar
40 por elas outros leitores, sobretudo leitores-alunos, por certo a prática de
leitura na comunidade representada por tal círculo de pessoas terá um
sentido mais vivo. E a vida será melhor, iluminada pela leitura solidária
de histórias, de contos, de poemas, de romances, de crônicas e do que
mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e
45 paciência, apostam no aprendizado social da leitura.
Marisa Lajolo. Folha de S. Paulo, 19/9/1993 (com adaptações).
Questão 26: O texto, de natureza dissertativa, poderia ser corretamente
reestruturado em um mínimo de três parágrafos.
Comentário: O texto realmente apresenta o tipo dissertativo, pois se declara
algo sobre um tema (necessidade da leitura). Há no desenvolvimento desse
tema argumentações que provam a tese, a qual se encontra no início do
texto: “a leitura de livros carece de aprendizado mais regular”.
A banca nos chama a atenção sobre a divisão natural de um texto
dissertativo, em que haja um parágrafo de introdução, um ou mais de
desenvolvimento e outro de conclusão.
Percebemos claramente que o texto está bem extenso, pois é composto
por 45 linhas. Isso torna o texto pouco claro, apesar de não podermos afirmar
que esteja errado, pois tudo depende do veículo de comunicação, a intenção
do autor, etc. A banca, então, sugere uma divisão, mostrando que o texto
poderia ser reestruturado em 3 parágrafos no mínimo. Isso porque, se
dividimos a introdução do desenvolvimento, é natural que tenhamos que
dividir entre desenvolvimento e conclusão.
Por tudo isso, a questão está correta.
Gabarito: C

Questão 27: Considerando a possibilidade de divisão do texto em parágrafos,


o primeiro deles apresentaria o tema a ser desenvolvido e se estenderia até
“mesmos” (linha 8).
Comentário: Perceba que banca não é categórica na afirmação. Você pode
até discordar desta divisão, mas é possível entendermos o primeiro parágrafo
estendido até a linha 8. Veja:
“Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da
vida, a leitura de livros carece de aprendizado mais regular, que
geralmente acontece na escola. Mas leitura, quer do mundo, quer de livros, só
se aprende e se vivencia, de forma plena, coletivamente, em troca contínua
de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de leituras que se
refinam, se reajustam e se redimensionam hipóteses de significado,
ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo e de

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nós mesmos.”
Perceba em negrito a ideia principal do texto: o tema. É natural às vezes
confundirmos a tese (frase que transmite a ideia central do texto) com o tema
(ideia central), pois este pode ser expresso tanto por uma frase, quanto por
uma expressão. Assim, o trecho em negrito é o tema central do texto.
Portanto, a afirmativa da questão está correta.
Gabarito: C

Questão 28: Ao afirmar que “a escola é direito de todos e dever do Estado”


(linhas 18 e 19), Marisa Lajolo exime a família de participar do processo de
formação das crianças na educação básica.
Comentário: Perceba que esta questão pede mais a interpretação da
afirmação da questão (entender o sentido do verbo “exime”=dispensa,
desobriga) do que propriamente do texto, pois, no trecho “a escola é direito
de todos e dever do Estado”, não há qualquer restrição categórica – explícita
ou implícita – informando que somente a escola é responsável pela formação
das crianças.
Gabarito: E

Questão 29: A autora circunscreve o assunto, principalmente, à realidade


social brasileira, pondo em destaque a leitura do texto escrito.
Comentário: Novamente, a interpretação da afirmação da questão é muito
importante. A autora circunscreve (envolve) o assunto (tema:leitura) à
realidade social brasileira. Note que não há no texto qualquer referência direta
à sociedade brasileira. Mas podemos perceber os vestígios em expressões que
marcam características da sociedade brasileira, tais como:
“Pois a cidadania plena, em sociedades como a nossa”;
“Que os jovens não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco é um
refrão antigo, que de salas de professores e congressos de educação ressoa
pelo país afora”;
“Em tempo de vestibular”.
Além disso, devemos nos certificar no texto de que realmente há
destaque à leitura do texto. Nada mais convincente como o próprio título do
texto: “Apostando na leitura”.
Portanto, realmente a afirmativa está correta.
Gabarito: C

Questão 30: Desde os tempos narrados na Bíblia, o livro ocupa lugar de


destaque na sociedade ocidental.
Comentário: Perceba que a questão cobra a interpretação localizada. Basta
acharmos o ponto no texto em que há referência à Bíblia e confrontarmos os
dois textos: a afirmativa da questão e o trecho do texto:
Texto: “Da proibição de certos livros (cuja posse poderia ser punida com a
fogueira) ao prestígio da Bíblia, sobre a qual juram as testemunhas em júris
de filmes norte-americanos, o livro, símbolo da leitura, ocupa lugar importante
em nossa sociedade.”
Questão: Desde os tempos narrados na Bíblia, o livro ocupa lugar de

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destaque na sociedade ocidental.
Note que o texto informa o início da importância dos livros em nossa
sociedade: “Da proibição de certo livros”. Esse tempo se estende aos dias de
hoje, dias em que há o prestígio da Bíblia, pois há referência à situação do
que retrata os filmes norte-americanos.
Já a questão retrata o início da importância do livro no trecho “Desde os
tempos narrados na Bíblia”. Sabemos que esses dois trechos referenciados e
negritados acima não são sinônimos. Portanto, a questão está errada.
Gabarito: E

Questão 31: Temporariamente, a valorização da leitura dos jovens deixa de


ser foco das discussões, para reaparecer, depois, em épocas próximas aos
vestibulares.
Comentário: Outra questão localizada. Basta procurarmos o ponto no texto
que trata deste conteúdo e confrontarmos com a afirmativa da questão:
Texto: “Daí, talvez, o susto com que se observa qualquer declínio na prática
de leitura, principalmente dos jovens, observação imediatamente
transformada em diagnóstico de uma crise da leitura, geralmente encarada
como anúncio do apocalipse, da derrocada da cultura e da civilização. Que os
jovens não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco é um refrão antigo,
que de salas de professores e congressos de educação ressoa pelo país afora.
Em tempo de vestibular, o susto é transportado para a imprensa e, ao começo
de cada ano letivo, a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de
coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos, que apregoam vender, com
a história que contam, o gosto pela leitura.”
Questão: Temporariamente, a valorização da leitura dos jovens deixa de ser
foco das discussões, para reaparecer, depois, em épocas próximas aos
vestibulares.
Podemos até concordar com a afirmativa da questão, mas perceba que a
frase não abre, não amplia possibilidades de conclusão do leitor, com
expressões como “é possível”, “podemos entender que”. Ela é categórica:
afirma criticamente que as discussões sobre a preocupação com a leitura só
reaparece em época de vestibulares. Esse entendimento não é possível a
partir dos dados do texto.
Assim, a afirmação da questão extrapola o conteúdo do texto.
Gabarito: E

Questão 32: Segundo Marisa Lajolo, o desinteresse pela leitura é um


problema antigo, que coincidiu com o advento dos modernos veículos de
comunicação e aumentou com o surgimento da Internet.
Comentário: Nesta questão nem é preciso ler o fragmento do texto, pois a
interpretação da própria questão já nos mostra que “advento de veículos
modernos de comunicação” e “problema antigo” certamente não são
contemporâneos (mesmo tempo).
Gabarito: E

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Questão 33: A relação da leitura com a cidadania ocorre na medida em que
os cidadãos letrados têm mais domínio dos problemas contextuais que dos
textuais.
Comentário: A expressão “têm mais domínio dos problemas contextuais que
dos textuais”, retirada da questão, extrapolou o conteúdo do texto. Neste se
afirma que a cidadania plena tem como princípio a leitura, pois os códigos, as
produções de ponta etc. são confiadas aos textos escritos. Isso você encontra
da linha 14 à 20. Mas não há referência à comparação estipulada na questão
(em negrito). Não há lógica em se afirmar que o cidadão letrado vai ter mais
domínio dos problemas contextuais que dos textuais.
Gabarito: E

Questão 34: A autora põe em dúvida a possibilidade de existência de uma


cidadania plena desvinculada da leitura.
Comentário: Outra questão de interpretação localizada. Basta localizar no
texto e confrontar com a questão:
Texto: “Pois a cidadania plena, em sociedades como a nossa, só é possível —
se e quando ela é possível — para leitores. Por isso, a escola é direito de
todos e dever do Estado: uma escola competente, como precisam ser os
leitores que ela precisa formar.”
Questão: A autora põe em dúvida a possibilidade de existência de uma
cidadania plena desvinculada da leitura.
A expressão “se e quando ela é possível” transmite a dúvida veiculada na
questão. Além disso, perceba que o advérbio “só” ratifica a necessidade da
leitura.
Gabarito: C

TRE - RS / 2003 / Superior


A soberania popular não deve ser, apenas, mais uma peça de retórica.
Deve ser um meio eficaz, por intermédio do qual o povo exerça plenamente
seus direitos e prerrogativas constitucionais e legais.
Na época de implementação dos direitos sociais, como o direito de
moradia, de trabalhar, de viver decentemente, não é mais possível a inclusão
de normas programáticas no texto da Constituição da República.
Há necessidade de que os princípios e as normas constitucionais sejam
eficazes, produzindo, de logo, os efeitos jurídicos que todos esperam.
Não há, evidentemente, direitos sem garantia. Não basta também a
Constituição proclamar uma série de direitos e garantias, se estes e estas não
se podem concretizar.
Paulo Lopo Saraiva. A soberania popular e as garantias constitucionais.
In: Introdução crítica ao direito, p.141-2 (com adaptações).
Questão 35: Infere-se que o autor coloca a soberania popular como um
objetivo mais fácil de ser atingido que o estabelecimento de direitos.
Comentário: Há uma comparação fora de lógica na questão, pois foi dito que
a soberania popular (= “o povo exerça plenamente seus direitos e
prerrogativas constitucionais e legais”) é mais fácil que o estabelecimento de
direitos (= “Constituição proclamar uma série de direitos e garantias”). Essa
comparação não é possível porque o primeiro estabelece o cidadão como
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referente (o cidadão ter seus direitos plenamente gozados) e no segundo o
referente é o Estado (inclusão das normas). Como são parâmetros
completamente diferentes, não se pode afirmar o que é mais fácil ou difícil,
além de os dados do texto não fazerem qualquer referência a esta
interpretação.
Gabarito: E

Questão 36: Infere-se que direitos eficazes são aqueles com garantias.
Comentário: Perceba que a interpretação da questão é muito importante. Ela
é localizada no texto. Então devemos confrontar:
Segundo o texto, direito eficaz é aquele “por intermédio do qual o povo
exerça plenamente seus direitos e prerrogativas constitucionais e
legais.”
O texto ainda aborda que “Não há, evidentemente, direitos sem garantia.
Não basta também a Constituição proclamar uma série de direitos e
garantias, se estes e estas não se podem concretizar.”
A questão abordou essa expressão conceitualmente, dando uma rigidez
categórica: “direitos eficazes são aqueles com garantias”, isto é, todo direito
eficaz obrigatoriamente tem garantia. Isso extrapolou o conteúdo do texto,
pois não é isso que foi abordado nele. Ele simplesmente afirmou que não há
direito sem garantia. Percebeu a diferença??????
Gabarito: E

Questão 37: Infere-se que normas programáticas devem ser substituídas


pela implementação de direitos sociais.
Comentário: O texto informa que: “Na época de implementação dos direitos
sociais, como o direito de moradia, de trabalhar, de viver decentemente, não é mais
possível a inclusão de normas programáticas no texto da Constituição da
República.”
Da mesma forma que a questão anterior, perceba que estamos
resolvendo a questão pela pura e simples interpretação de texto, pois não
importa nosso conhecimento na área do Direito: a interpretação é do que está
escrito ou sugerido, não do que temos de conhecimento nesta área. Assim, o
procedimento é o seguinte:
Veja que foi dito no texto que vivemos uma época de implementação
dos direitos sociais e não é mais possível a inclusão de normas programáticas.
Note: não é mais possível a inclusão. Isso não quer dizer que deve haver a
substituição de um pelo outro.
Gabarito: E

Questão 38: Infere-se que a eficácia de princípios e normas constitucionais


está diretamente ligada aos efeitos jurídicos que produzem.
Comentário: Esta questão também sugere a interpretação localizada e
basicamente deveríamos verificar o valor da expressão “produzindo, de logo”,
isto é, tendo como resultado subsequente, direto. Veja:
Há necessidade de que os princípios e as normas constitucionais
sejam eficazes, produzindo, de logo, os efeitos jurídicos que todos

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esperam.
Portanto, a questão está correta.
Gabarito: C

Questão 39: Infere-se que a concretização de direitos e garantias resulta de


sua proclamação na Constituição.
Comentário: Esta questão está se referindo ao último parágrafo do texto:
“Não há, evidentemente, direitos sem garantia. Não basta também a
Constituição proclamar uma série de direitos e garantias, se estes e estas não
se podem concretizar.”
A oração subordinada adverbial condicional “se estes e estas não se
podem concretizar” nos mostra que não há um resultado direto entre a
proclamação na Constituição e a concretização de direitos e garantias.
Gabarito: E

SESA - ES / 2011 / Superior


No Brasil, a coleta de materiais recicláveis, tais como latinhas, garrafas
pet, papelão, papel, isopor, nem sempre é vista com o respeito devido. Claro
que existem exceções, mas muita gente reclama das carroças que atrapalham
o trânsito, e, mesmo quando param para descansar ou recolher material, os
catadores são vistos com desconfiança ou desdém. O mais complicado é fazer
determinadas pessoas enxergarem nessa atividade um trabalho árduo e
extremamente útil. São homens e mulheres anônimos que contribuem para o
milagre da transformação do lixo, que entope bueiros, suja as ruas e vai parar
nos rios, em matéria útil que volta para a cadeia produtiva em forma de
insumo para novos produtos.
Mesmo com a atividade desses trabalhadores, que travam uma luta
diária pela sobrevivência, repousa, no fundo de muitos rios brasileiros, a
exemplo dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, uma colossal quantidade de
lixo composta de todo o tipo de materiais, inclusive sofás e geladeiras, e
sujeiras de toda a espécie despejados pelas pessoas. Os especialistas
consideram que uma das principais razões da ocorrência de enchentes é
exatamente a ausência de vazão dos nossos principais rios, em cujos leitos há
enorme quantidade de sedimentos.
Reinaldo Canto. Fim de ponto de coleta é
retrocesso injustificável. Internet:
<www.cartacapital.com.br> (com adaptações).
Questão 40: Depreende-se do texto que, no Brasil, parte do problema das
enchentes deve-se ao descarte indevido do lixo, o que demonstra a
necessidade do trabalho desenvolvido pelos catadores de lixo, atividade ainda
menosprezada por muitas pessoas.
Comentário: A interpretação da questão está literal no texto: realmente
parte do problema das enchentes deve-se ao descarte indevido do lixo. Isso é
confirmado no final do texto, em que “Os especialistas consideram que uma
das principais razões da ocorrência de enchentes é exatamente a ausência de
vazão dos nossos principais rios, em cujos leitos há enorme quantidade de
sedimentos.”
Além disso, há realmente necessidade do trabalho dos catadores de lixo,

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
os quais possuem atividade ainda menosprezada pela população. Isso é
confirmado literalmente no texto em:
“No Brasil, a coleta de materiais recicláveis, tais como latinhas, garrafas pet,
papelão, papel, isopor, nem sempre é vista com o respeito devido.”
“São homens e mulheres anônimos que contribuem para o milagre da
transformação do lixo, que entope bueiros, suja as ruas e vai parar nos rios”.
Gabarito: C

Questão 41: Esse texto caracteriza-se como predominantemente


dissertativo-argumentativo.
Comentário: No texto, está claro que a tipologia predominante é a
dissertativa, pois ele desenvolve argumentação sobre um tema: a importância
da coleta do lixo. Note que, além da própria estrutura textual marcar a
argumentação, há expressões que evidenciam a opinião do autor, tais como
“Claro que existem exceções”, “O mais complicado é”. Isso reforça que o texto
realmente é dissertativo-argumentativo.
Gabarito: C

SESA - ES / 2011 / Superior


A pesquisa biomédica passou do amadorismo e voluntarismo à seriedade
e ao profissionalismo necessários à projeção do Brasil no cenário mundial.
Nenhum país que pretenda ser potência mundial pode deixar de criar e
ampliar seu parque científico. As pesquisas, em geral, e a biomédica, em
particular, vêm-se beneficiando da estabilidade econômica alcançada nos
últimos quinze anos, além da criação dos fundos setoriais de ciência e
tecnologia e da consolidação do financiamento estadual pelas fundações de
apoio à pesquisa. Mas ainda falta muito a ser feito. Apesar da melhora, o
Brasil ainda tem um longo caminho a seguir para ser competitivo. Nos últimos
oito anos, o volume de recursos do Ministério da Saúde, que vem aumentando
progressivamente, aproximou-se dos 200 milhões de reais ao ano,
incentivando setores da pesquisa específicos e complementares aos que
recebem o apoio tradicional das agências de fomento.
Riad Younes. Pesquisa em saúde. Internet:
<www.cartacapital.com.br> (com adaptações).
Questão 42: Infere-se do texto que, no Brasil, a pesquisa biomédica,
importante fator de desenvolvimento científico do país, embora receba cada
vez mais recursos do poder público, ainda não atingiu o patamar ideal de
competitividade em relação aos países desenvolvidos.
Comentário: Esta questão tem referentes literais no texto que a comprovam
como correta. A pesquisa biomédica realmente é importante fator de
desenvolvimento científico do país. Isso é comprovado nos dois primeiros
períodos do texto, em que se afirma “A pesquisa biomédica passou do
amadorismo e voluntarismo à seriedade e ao profissionalismo necessários à
projeção do Brasil no cenário mundial. Nenhum país que pretenda ser
potência mundial pode deixar de criar e ampliar seu parque científico”
O Brasil realmente recebe cada vez mais recursos do poder público. Isso
está comprovado no texto em: “Nos últimos oito anos, o volume de recursos

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
do Ministério da Saúde, que vem aumentando progressivamente, aproximou-
se dos 200 milhões de reais ao ano, incentivando setores da pesquisa...”
Mas o Brasil ainda não atingiu o patamar ideal de competitividade em
relação aos países desenvolvidos. Comprovamos isso, com a seguinte
passagem no texto: “Mas ainda falta muito a ser feito. Apesar da melhora, o
Brasil ainda tem um longo caminho a seguir para ser competitivo.”
Gabarito: C

Questão 43: Da afirmação contida no primeiro período do texto infere-se que


a criação e a implantação de instrumentos legais obrigaram o Estado a
exercer o seu papel regulador, o que tornou a pesquisa biomédica séria e
profissional.
Comentário: A questão é de interpretação localizada. Assim, devemos
transcrever o primeiro período do texto:
“A pesquisa biomédica passou do amadorismo e voluntarismo à seriedade e ao
profissionalismo necessários à projeção do Brasil no cenário mundial.”
Na questão, a expressão “o que tornou” traduz um valor de
consequência, fazendo-nos inferir que a causa da pesquisa biomédica tornar-
se séria e profissional seria a “criação e a implantação de instrumentos legais”
e a obrigação de o Estado exercer o seu papel regulador. A causa não é essa,
primeiro porque isso não está explícito, nem implícito no primeiro parágrafo;
segundo porque o próprio texto informa que a estabilidade do país e a criação
de fundos fomentaram esse campo científico.
Gabarito: E

TRE - ES/ 2011 / Superior


Um dos problemas mais significativos da democracia representativa
brasileira, preexistente à Constituição de 1988, mas mantido por ela, é a
distorção da representação das unidades federadas na Câmara dos
Deputados. Trata-se de assunto cuja importância e mesmo centralidade não
podem ser desprezadas: princípio basilar da democracia representativa é o
voto de cada pessoa ter o mesmo peso eletivo. O atual sistema permite que o
voto de um cidadão seja dezenas de vezes mais significativo, nas eleições
para a Câmara, do que o voto de outro. Essa situação é incompatível com o
aperfeiçoamento democrático de nosso regime político.
A Constituição brasileira (art. 45, caput) determina que a representação
dos estados na Câmara dos Deputados seja proporcional à população.
Entretanto, a seguir, estabelece piso e teto dessa representação (oito e
setenta deputados, respectivamente), que implicam a negação dessa
proporcionalidade.
Octaciano Nogueira, em trabalho a respeito do tema, parte da premissa
de que essa distorção “não é obra do regime militar, que, na verdade, se
utilizou desse expediente, como de inúmeros outros, para reforçar a Arena,
durante o bipartidarismo; sua origem remonta à Constituinte de 1890,
quando, por sinal, o problema foi exaustivamente debatido; a partir daí,
incorporou-se à tradição de nosso direito constitucional legislado, em todas as
subsequentes constituições; e o princípio, portanto, estabelecido durante as

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
fases democráticas sob as quais viveu o País e mantido sempre que se
restaurou o livre debate, subsequente aos regimes de exceção, foi
invariavelmente preservado, como ocorreu em 1946 e 1988.”
Arlindo F. de Oliveira. Sobre a representação dos estados na Câmara dos
Deputados. In: Textos para Discussão, n.º 5, abr./2004 (com adaptações).
Questão 44: A distorção referida no primeiro período do texto reside na
possibilidade de um candidato ser eleito deputado estadual com votação
inexpressiva no lugar de outro que obtenha maior número de votos.
Comentário: Perceba que o primeiro parágrafo do texto é o tópico frasal,
pois fomenta um desenvolvimento a partir de um problema. Esse tópico é
desenvolvido e ampliado nos demais períodos do texto. Note que a expressão
“representação das unidades federadas na Câmara dos Deputados” denota a
referência a deputado federal, pois ele é o representante de sua unidade
federada na Câmara dos Deputados. O restante da informação da questão
amplia o que se diz em “distorção da representação”. Assim, a expressão
“deputado estadual” fez com que a questão estivesse errada.
Gabarito: E

Questão 45: Deduz-se da citação inserida no terceiro parágrafo que a


distorção mencionada no texto não faz parte do entulho autoritário gerado
pelo regime militar implantado no Brasil.
Comentário: A questão é de interpretação literal e faz referência direta ao
que foi citado em “não é obra do regime militar, que, na verdade, se
utilizou desse expediente (...) sua origem remonta à Constituinte de
1890”.
Portanto, a questão está correta.
Gabarito: C

Questão 46: Depreende-se da leitura que houve oportunidades para se


corrigir a distorção mencionada no texto, mas isso não foi feito.
Comentário: A banca queria que o candidato notasse as expressões que se
encontram abaixo sublinhadas, as quais marcam os momentos em que se
poderia corrigir o problema, mas se manteve preservado. Veja:
“...o problema foi exaustivamente debatido; a partir daí, incorporou-se à
tradição de nosso direito constitucional legislado, em todas as subsequentes
constituições; e o princípio, portanto, estabelecido durante as fases
democráticas sob as quais viveu o País e mantido sempre que se restaurou o
livre debate, subsequente aos regimes de exceção, foi invariavelmente
preservado, como ocorreu em 1946 e 1988.”
Gabarito: C

Questão 47: O texto contém segmentos que permitem ao leitor depreender a


opinião do autor acerca do tema tratado.
Comentário: A banca quis que o candidato notasse que este texto é
dissertativo-argumentativo (= opinativo). Note que a questão não foi
categórica em afirmar que há expressões de opinião do autor, pois esta se
encontra mascarada. Assim, é pedido que depreendamos com base em alguns
segmentos essa opinião mascarada do autor.

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
Podemos notar isso logo no primeiro parágrafo: “Um dos problemas
mais significativos da democracia representativa brasileira, preexistente à
Constituição de 1988, mas mantido por ela, é a distorção da representação
das unidades federadas na Câmara dos Deputados.”
Além disso, há as expressões “não podem ser desprezadas”, “Essa
situação é incompatível”.
Tudo isso nos mostra o posicionamento do autor a respeito do tema, ele
não apenas relata o problema, ele argumenta, opina.
Gabarito: C

Questão 48: Para o autor, o tema da representação dos estados na Câmara


dos Deputados está vinculado ao aprimoramento da democracia
representativa brasileira.
Comentário: Esta questão é uma continuidade da anterior, pois, ao notarmos
que há a opinião do autor, percebemos que ela expressa uma crítica ao
problema veiculado no primeiro parágrafo. Neste parágrafo, percebemos
dados literais que respondem à questão, principalmente nos dois últimos
períodos deste parágrafo. Veja:
“O atual sistema permite que o voto de um cidadão seja dezenas de
vezes mais significativo, nas eleições para a Câmara, do que o voto de outro.
Essa situação é incompatível com o aperfeiçoamento democrático de
nosso regime político.”
Perceba que a questão mudou o substantivo “aperfeiçoamento” para um
sinônimo: aprimoramento. Por isso, a questão está correta.
Gabarito: C

FUB / 2010 / Médio


Há gente no Brasil interessada em importar dos Estados Unidos da
América (EUA) o Teach for America, o mais bem-sucedido programa feito para
atrair os melhores estudantes de ensino médio para a carreira de professor.
No Brasil, os professores têm saído da parte menos qualificada da pirâmide —
justamente aquela habitada por 20% dos alunos com o mais baixo rendimento
escolar do país. Qualquer iniciativa para mudar isso será mais do que bem-
vinda.
O Teach for America consegue atrair os mais talentosos alunos para a
docência oferecendo-lhes algo bem concreto. Depois de dois anos no papel de
professor de escola pública — tempo mínimo de estada no programa —, esses
jovens ingressam quase que automaticamente em algumas das maiores
empresas americanas, com as quais o Teach for America estabeleceu uma
produtiva parceria. Para as empresas, recrutar gente que passou por lá
significa encurtar o complicado processo de busca por bons profissionais. Pela
estreita peneira do programa só passam os realmente capazes. Para se ter
uma ideia, apenas os alunos de ótimo boletim têm direito à inscrição e, ainda
assim, 85% deles ficam de fora. É essa rigorosa seleção que atrai os próprios
estudantes. Sobreviver a ela é um sinal claro de excelência, algo que faz todo
mundo querer ostentar um carimbo do Teach for America no currículo.
No final, uma parcela deles acaba optando pela carreira de professor,
coisa que jamais haviam pensado antes. A maioria, no entanto, acaba

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
deixando o programa depois dos dois anos previstos, mas não sem antes
causar um impacto gigantesco no nível do ensino. Os estudantes certamente
irão beneficiar-se desse empurrão ao longo de toda a vida escolar. Mais do
que isso: muitos dos que já passaram pelo Teach for America continuam
envolvidos com educação, em diferentes graus e áreas de atuação. Por tudo
isso, não faria mal ao Brasil trilhar caminho parecido.
Mônica Weinberg. Tomara que dê certo. Internet: <veja.abril.com.br> (com adaptações).
Questão 49: Passar pelo Teach for America implica sucesso profissional
garantido.
Comentário: Veja a expressão categórica. Ela naturalmente faz com que a
afirmativa da questão esteja errada, pois o texto informa sobre as
possibilidades de sucesso. Veja isso no trecho “...esses jovens ingressam
quase que automaticamente em algumas das maiores empresas
americanas”.
Assim, não há certeza absoluta.
Gabarito: E

Questão 50: Embora a permanência do estudante no programa Teach for


America seja curta, seus efeitos contribuem para a melhoria da qualidade da
educação pública nos EUA.
Comentário: Entende-se no texto que os dois anos é um período curto, em
vista do tempo normal de permanência em uma profissão. A melhora na
qualidade do ensino está explícita no seguinte trecho do texto:
“A maioria, no entanto, acaba deixando o programa depois dos dois anos
previstos, mas não sem antes causar um impacto gigantesco no nível
do ensino.”
Portanto, a questão está correta.
Gabarito: C

Questão 51: De acordo com o texto, por ser mal remunerada e desvalorizada
perante a sociedade, a carreira de professor não tem sido uma opção para os
jovens estudantes brasileiros.
Comentário: Podemos tirar nossas conclusões a partir do texto, percebendo
que os professores no Brasil são mal remunerados, por isso a maioria dos
jovens não quer essa profissão. Porém, o texto não aborda isso
explicitamente. Ademais, perceba como a banca nos limita para evitar que
façamos inferências equivocadas. A questão começou com a seguinte
expressão: “De acordo com o texto”. Isso nos força a centrar nos argumentos
explícitos ou implícitos (os vestígios) do texto. Em nenhum momento isso foi
afirmado. Apenas foi relatado que atrair bons estudantes para a carreira,
mesmo que temporária, de professor ajuda muito a educação pública.
Portanto, a questão está errada.
Gabarito: E

Questão 52: Ainda que o objetivo do Teach for America seja atrair os
melhores alunos para a docência, poucos optam definitivamente pela carreira
de professor.
Comentário: Perceba que esta interpretação é literal. Realmente a intenção
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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
do programa é atrair os melhores alunos, como se observa no trecho:
“O Teach for America consegue atrair os mais talentosos alunos para a
docência oferecendo-lhes algo bem concreto”.
Poucos optam definitivamente pela carreira de professor, como se
observa no seguinte trecho:
“No final, uma parcela deles acaba optando pela carreira de
professor, coisa que jamais haviam pensado antes. A maioria, no entanto,
acaba deixando o programa depois dos dois anos previstos”.
Gabarito: C

Questão 53: Infere-se do texto que a pouca qualificação dos professores


influencia a qualidade da educação.
Comentário: Perceba que o texto inicia relatando o programa nos EUA que
atrai os melhores estudantes para a carreira de professor. Em seguida, é
informado que, no Brasil, os professores têm saído da parte menos qualificada
da pirâmide. Assim, a opinião do autor (a qual caracteriza este texto como
dissertativo-argumentativo) é que “Qualquer iniciativa para mudar isso será
mais do que bem-vinda.”.
Com isso, podemos realmente inferir que a pouca qualificação dos
professores influencia a qualidade da educação. Assim, perceba o vestígio.
Isso não foi informado explicitamente no texto, mas só pudemos inferir isso a
partir do último período do primeiro parágrafo.
Gabarito: C

Questão 54: O estímulo oferecido aos estudantes pelo Teach for America é a
possibilidade de ser contratado por uma grande empresa americana.
Comentário: Esta questão exige a interpretação de dado literal no texto.
Basta localizar o seguinte trecho do texto: “esses jovens ingressam quase
que automaticamente em algumas das maiores empresas americanas”.
Perceba a diferença desta questão para a anterior em que se afirmava
categoricamente que o sucesso seria garantido (“Passar pelo Teach for
America implica sucesso profissional garantido”). Confronte as duas questões
para perceber que esta afirmou que há possibilidade (por isso está certa).
Gabarito: C

Questão 55: Há, no texto, elementos que permitem classificá-lo como


dissertativo-argumentativo.
Comentário: Já havíamos afirmado que o texto é dissertativo-argumentativo,
mas devemos observar que apontamos apenas uma opinião no texto e nesta
questão foi informado que haveria elementos que permitem classificá-lo como
dissertativo-argumentativo. Assim, os elementos são as expressões:
“Qualquer iniciativa para mudar isso será mais do que bem-vinda” e “Por tudo
isso, não faria mal ao Brasil trilhar caminho parecido”.
Gabarito: C

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
FUB / 2010 / Superior
Se você está lendo estas linhas, saiba que seu cérebro provavelmente
difere do de quem não foi alfabetizado. Estudos de neurociência já
demonstraram que aprender a ler, especialmente na infância, altera a
anatomia do cérebro e engrossa uma estrutura chamada corpo caloso,
responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais. Se aprender a
ler pode ter um impacto tão profundo, vários cientistas e pensadores estão se
perguntando qual será o efeito da Internet na nossa mente e na maneira
como pensamos.
Recentemente, uma série de estudos, livros e debates tem tentado
deslindar essa questão. A indicação inicial é a de que, sim, a rede está
alterando a forma como pensamos e, possivelmente, até a estrutura do
cérebro humano. Por ser um fenômeno novo — ainda não temos uma geração
que tenha sido completamente formada na era da Internet —, existem
poucos trabalhos que confirmam o impacto no nível das sinapses. Um dos
mais famosos nessa área foi realizado pelo neurocientista Gary Small, da
Universidade da Califórnia. Small comparou a mente de adultos com pouca
experiência em tecnologia com a de assíduos usuários da Internet. Todos
realizaram testes na própria rede. A análise mostrou maior atividade na área
de tomada de decisões e raciocínio complexo no cérebro das pessoas
acostumadas à tecnologia. Apontou também que os inexperientes, após algum
tempo, começavam a se igualar aos conectados.
Descobertas como essa vêm motivando outros cientistas e pensadores a
discutirem o assunto amplamente. Deve chegar, em breve, ao Brasil, por
exemplo, o livro The Shallows (algo como O Raso), do editor americano
Nicholas Carr, que expõe um ponto de vista mais negativo sobre o efeito da
Web. A tese central de Carr resume-se na ideia de que a natureza caótica e
descentralizada da Internet está diminuindo a nossa capacidade de
concentração e contemplação profundas.
Mao Barros e Victor Guy. A Internet e a mente. In:
Época Negócios, abr./2010, p. 82 (com adaptações).
Questão 56: Conclui-se da leitura do texto que a diferença entre o cérebro
de uma pessoa alfabetizada e o de um analfabeto é geneticamente
determinada.
Comentário: A interpretação da afirmação da questão já nos mostra a
incoerência com o texto.
Como a diferença será geneticamente determinada do alfabetizado e do
analfabeto se isso só pode ocorrer depois de alguns anos de vida?
Partindo-se, logicamente, de que aquilo que é geneticamente
determinado ocorre desde o nascimento.
Gabarito: E

Questão 57: Infere-se da leitura do texto que, no futuro, o modo de pensar


das pessoas será diferente do atual.
Comentário: Perceba que a questão aborda de maneira geral, mais ampla.
Veja que no texto há um trecho que confirma a alteração no futuro no nosso
modo de pensar. Veja: “A indicação inicial é a de que, sim, a rede está
alterando a forma como pensamos e, possivelmente, até a estrutura do
cérebro humano.”

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
Gabarito: C

Questão 58: Deduz-se das informações do texto que pessoas que fazem uso
frequente da rede mundial de computadores estão aptas a ocupar cargos de
direção de empresas, dado o alto grau de desenvolvimento de sua capacidade
de tomar decisões.
Comentário: Perceba que no texto foi informado que houve uma pesquisa
em que se registrou que houve “maior atividade na área de tomada de
decisões e raciocínio complexo no cérebro das pessoas acostumadas à
tecnologia”. Daí a inferir que essas pessoas estão aptas a ocupar altos cargos
em empresas é um passo muito largo e sem consequência coerente no texto.
Gabarito: E

Questão 59: Pesquisas científicas comprovam que o uso constante da


Internet e o aprendizado da leitura afetam, de forma análoga, o cérebro.
Comentário: As pesquisas elencadas no texto não comprovaram que o uso
constante da Internet e o aprendizado da leitura afetam, de forma análoga, o
cérebro. Foi apenas informado que “Estudos de neurociência já demonstraram
que aprender a ler, especialmente na infância, altera a anatomia do cérebro e
engrossa uma estrutura chamada corpo caloso...”.
Portanto, a questão está errada.
Gabarito: E

Questão 60: Depreende-se da leitura do texto que o cérebro de uma pessoa


alfabetizada na fase adulta não sofre alterações advindas desse aprendizado.
Comentário: A banca queria que o candidato percebesse a expressão
“especialmente na infância”. Com base nela, podemos entender que isso não
ocorre categoricamente só na infância. Há uma brecha que nos faz interpretar
que pode ocorrer também na fase adulta.
Gabarito: E

MPE PI - 2012 - Superior


Na era das redes sociais, algumas formas de comunicação arcaicas
ainda dão resultado. O canadense Harold Hackett que o diga. Morador da Ilha
Príncipe Eduardo, uma das dez províncias do Canadá, ele enviou mais de
4.800 mensagens em uma garrafa e recebeu 3.100 respostas de pessoas de
várias partes do mundo. De acordo com a BBC, o canadense envia as
mensagens desde 1996.
O seu método é simples. Harold utiliza garrafas de suco de laranja e se
certifica de que as mensagens estão com data. Antes de enviá-las, checa o
sentido dos ventos — que devem rumar de preferência para oeste ou
sudoeste. Algumas cartas demoraram 13 anos para voltar para ele.
As respostas vieram de regiões como África, Rússia, Holanda, Reino
Unido, França, Irlanda e Estados Unidos da América. Ele acabou fazendo
amigos com as mensagens, criando “vínculos” — recebeu até presentes e
cartões de Natal.
O canadense diz que continua adorando se comunicar dessa maneira e
afirma que o método chega a ser, muitas vezes, mais “eficaz” do que a
comunicação por Facebook e Twitter.

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
Intencionalmente, nunca coloca o número de telefone nas mensagens,
para recebê-las de volta da mesma maneira.
Amanda Camasmie. Canadense prova que comunicação em alto mar é eficaz.
In: Época Negócios. Internet: <http://colunas.epoca
negocios.globo.com> (com adaptações).
Questão 61: Depreende-se do texto que enviar mensagens por meio de
garrafas pode ser mais eficaz do que as enviar pelas redes sociais, porque
remete a tempos antigos, trazendo à tona sentimentos mais primitivos de
pertencimento.
Comentário: Veja que a afirmação da questão de que “enviar mensagens por
meio de garrafas pode ser mais eficaz do que as enviar pelas redes sociais”
não é o pensamento veiculado no texto, não é a opinião do autor. Perceba que
o autor deixa claro que esta opinião é a do canadense referenciado no texto.
Veja:
“O canadense (...) afirma que o método chega a ser, muitas vezes, mais
“eficaz” do que a comunicação por Facebook e Twitter.”
Além disso, a questão afirmou que a causa de este método ser mais
eficaz do que Facebook e Twitter é “porque remete a tempos antigos,
trazendo à tona sentimentos mais primitivos de pertencimento”. Esta causa
não está subentendida no texto, pois não há vestígios (elementos linguísticos)
que nos induzam a este pensamento.
Gabarito: E

Questão 62: O texto apresenta características narrativas e dissertativas.


Comentário: Um texto nem sempre terá somente uma tipologia.
Normalmente, há uma mescla com fragmentos de narração, descrição ou
dissertação. Neste texto, fica claro que há passagens narrativas. Isso é
percebido, quando observamos ações realizadas por um personagem, num
determinado momento e lugar. Assim, dizemos que deve haver uma evolução
temporal. Veja as passagens narrativas:
“...ele enviou mais de 4.800 mensagens em uma garrafa e recebeu 3.100
respostas de pessoas de várias partes do mundo.”,
“Harold utiliza garrafas de suco de laranja e se certifica de que as mensagens
estão com data. Antes de enviá-las, checa o sentido dos ventos — que devem
rumar de preferência para oeste ou sudoeste. Algumas cartas demoraram 13
anos para voltar para ele.”
“As respostas vieram de regiões como África, Rússia, Holanda, Reino Unido,
França, Irlanda e Estados Unidos da América. Ele acabou fazendo amigos com
as mensagens, criando “vínculos” — recebeu até presentes e cartões de
Natal.”
Já as passagens dissertativas transmitem informações ou considerações
sobre algo, dando-lhe conceitos, relações de causa e consequência, contrastes
etc. Veja:
“Na era das redes sociais, algumas formas de comunicação arcaicas ainda dão
resultado.” (Esta frase serviu para ambientar o leitor sobre o assunto)
“De acordo com a BBC, o canadense envia as mensagens desde 1996.” (Esta

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
frase serviu para ambientar o leitor no tempo)
“O seu método é simples.” (Esta frase retrata o posicionamento do autor)
“Intencionalmente, nunca coloca o número de telefone nas mensagens, para
recebê-las de volta da mesma maneira.” (Esta é uma argumentação com
motivo e finalidade)
Gabarito: C

Questão 63: As aspas foram empregadas no vocábulo “vínculos” (3°


parágrafo) para indicar que esse vocábulo foi utilizado no texto de forma
irônica.
Comentário: As aspas chamam a atenção porque essa prática de
comunicação normalmente não traria vínculos entre as pessoas. Mas o autor
afirma que sim. Portanto, a fim de realçar este sentido inesperado, foram
usadas as aspas.
Isso não pode ser confundido com ironia. Para haver ironia, o autor faz
uma afirmação literal para negá-la implicitamente.
Por exemplo, se alguém é muito agressivo e sem educação e o autor
quer manifestar essas características por meio da ironia, ele não vai ser
direto, ele a fará implicitamente, da seguinte forma:
“Ele continua cortês em suas atitudes comedidas!”
Assim, confirmamos que nesta parte do texto não houve ironia.
Gabarito: E

MPE PI - 2012 - Superior


A lentidão e os congestionamentos são parte da realidade dos centros
urbanos. Fazer o trânsito fluir, porém, é um quebra-cabeça complexo. No
Brasil, o desafio envolve muitas variáveis, desde o número crescente da frota
de veículos e a precariedade dos transportes públicos até o comportamento
dos motoristas ao volante. Enquanto os especialistas analisam o assunto na
tentativa de apontar soluções para o problema, o Psicólogos do Trânsito, um
grupo de jovens paulistanos, decidiu levar bom humor à rua, mostrando que
um simples gesto pode melhorar o caos do trânsito.
Com a encenação de curtos espetáculos lúdicos, o grupo transforma
uma das esquinas mais movimentadas de São Paulo em palco de diversão e
alegria. Sobretudo nas noites de segunda e sexta-feira, quando invade a pista
e consegue o milagre de fazer o motorista rir mesmo encontrando-se preso
em mais um dos gigantescos engarrafamentos da cidade.
Vestidos de palhaço, eles aproveitam o tempo dos carros parados no
semáforo para cumprir essa missão. Com cartazes educativos, ocupam a faixa
de pedestres, fazem performances e brincam com os motoristas. Muita gente
fecha o vidro do carro. No fim da apresentação de apenas um minuto, os
jovens erguem uma faixa com a frase “Um dia sem sorrir é um dia
desperdiçado”, de Charlie Chaplin. Em geral, nessa hora, o comportamento
dos estressados muda: abrem o vidro, buzinam, acenam e seguem pelo
trajeto descontraídos.
Fabíola Musarra. Psicólogos da rua. In: Planeta,
nov./2011, p. 70-73 (com adaptações).
Questão 64: O texto mostra que pequenas atitudes praticadas por cidadãos
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comuns podem colaborar para a melhoria do trânsito — hoje considerado um
problema difícil de ser solucionado.
Comentário: Veja que a afirmativa da questão não está explicitamente
escrita no texto, mas vários são os vestígios que nos levam à correta
interpretação. A afirmação de que “pequenas atitudes¹ praticadas por
cidadãos comuns² podem colaborar para a melhoria do trânsito³” é
confirmada em várias passagens do texto, especialmente nesta: “o Psicólogos
do Trânsito, um grupo de jovens paulistanos², decidiu levar bom humor à rua,
mostrando que um simples gesto¹ pode melhorar o caos do trânsito³.”
A questão continua, afirmando que “hoje (o trânsito é) considerado um
problema difícil de ser solucionado”. Isso é provado no seguinte trecho do
texto: “Fazer o trânsito fluir, porém, é um quebra-cabeça complexo. No Brasil,
o desafio envolve muitas variáveis, desde o número crescente da frota de
veículos e a precariedade dos transportes públicos até o comportamento dos
motoristas ao volante.”
Gabarito: C

Questão 65: Infere-se do texto que motoristas estressados no trânsito


conseguem se descontrair com as brincadeiras dos palhaços do grupo
Psicólogos do Trânsito. Assim, a missão do grupo é atingida: distribuir bom
humor.
Comentário: Apesar de a questão informar que há apenas inferência, por
meio do verbo “Infere-se”, conseguimos perceber que os dados são literais no
texto. A questão afirmou que “motoristas estressados no trânsito conseguem
se descontrair com as brincadeiras dos palhaços do grupo Psicólogos do
Trânsito”. Esse dado consta literalmente na última frase do texto: “Em geral,
nessa hora, o comportamento dos estressados muda: abrem o vidro,
buzinam, acenam e seguem pelo trajeto descontraídos.”
Em seguida, a questão afirma que “Assim, a missão do grupo é
atingida¹: distribuir bom humor²”. Isso é confirmado com os seguintes
fragmentos do texto: “consegue o milagre de fazer o motorista rir² mesmo
encontrando-se preso em mais um dos gigantescos engarrafamentos da
cidade.” e “Vestidos de palhaço, eles aproveitam o tempo dos carros parados
no semáforo para cumprir essa missão¹.”
Gabarito: C

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As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana são, desde o
início, inteiramente marcadas pelo jogo. Como, por exemplo, no caso da
linguagem, esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim
de poder comunicar, ensinar e comandar. É a linguagem que lhe permite
distinguir as coisas, defini-las e constatá-las, em resumo, designá-las e com
essa designação elevá-las ao domínio do espírito. Na criação da fala e da
linguagem, brincando com essa maravilhosa faculdade de designar, é como se
o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas
pensadas. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e
toda metáfora é jogo de palavras. Assim, ao dar expressão à vida, o homem
cria outro mundo, um mundo poético, ao lado do da natureza. O puro e

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simples jogo constitui, nesse contexto, uma das principais bases da
civilização.
Johan Huizinga. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura.
São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 7-8 (com adaptações).
Questão 66: Infere-se do penúltimo período do texto que o homem expressa
o significado da vida por meio da poesia.
Comentário: Verifiquemos o penúltimo período do texto:
“Assim, ao dar expressão à vida, o homem cria outro mundo, um mundo
poético, ao lado do da natureza.”
O segmento “ao dar expressão à vida” significa expressar sobre a vida
por meio da linguagem.
O segmento “o homem cria outro mundo, um mundo poético, ao lado do
da natureza” significa que a linguagem expressa sentimentos, emoções,
experiências, como se isso fizesse parte de outro mundo: um mundo poético,
diferente do mundo real, que é o da nossa própria natureza.
Dessa forma, percebemos que o texto defendeu que pode haver o
mundo da linguagem (da poesia, da imaginação, do sentimento, da emoção) e
o mundo real.
Assim, entendemos que o penúltimo parágrafo apenas quis dizer que,
quando expressamos os sentimentos, emoções, por meio da linguagem,
criamos o mundo da fantasia, do imaginário; diferente do mundo da realidade.
Seguramente, isso não é o mesmo que dizer que “o homem expressa o
significado da vida por meio da poesia”, consoante afirmou a questão.
Veja que há, nesta frase, a afirmação de que a poesia veicula o
“significado da vida”, isto é, a essência da vida. Não foi isso que o texto
abordou, concorda?!!!
Gabarito: E

Questão 67: O autor argumenta que o jogo é uma das principais bases da
civilização, contrariando a ideia corrente de que a sociedade é embasada na
linguagem.
Comentário: A primeira parte da afirmativa está correta, pois o argumento
de que “o jogo¹ é uma das principais bases da civilização²” encontra
fundamentado na tese do texto: “As grandes atividades arquetípicas da
sociedade humana² são, desde o início, inteiramente marcadas pelo jogo¹.”
O erro na afirmação se deu com o uso do vocábulo “contrariando”, pois
a linguagem não contraria esse “jogo”, ela o confirma. Isso é corroborado pela
seguinte passagem do texto: “Como, por exemplo, no caso da linguagem,
esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder
comunicar, ensinar e comandar.”
Gabarito: E

Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade.


Os níveis de formalidade serão trabalhados aqui como níveis de
linguagem. Eles têm relação direta com a intenção comunicativa, isto é: Qual é
o objetivo do texto? Qual o contexto em que a comunicação é veiculada?
Quem é o emissor e para quem é dirigida a comunicação?

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Para entendermos melhor isso, pensemos no seguinte exemplo: recorte
a fala de um juiz em um tribunal e enderece a uma criança ou a um jovem.
Certamente o juiz não vai ser entendido, concorda?
Para que haja a devida comunicação, ele deve escolher palavras
adequadas ao entendimento daquele público-alvo: a criança ou o adolescente.
Assim, os níveis de linguagem levam em conta esses estratos (camadas
sociais, econômicas, culturais, etárias, situacionais), a cujo contexto a
linguagem deve adaptar-se.
O que determinará o nível de linguagem empregado é o meio social no
qual o indivíduo se encontra. Portanto, para cada ambiente sociocultural há
uma medida de vocabulário, um modo de se falar, uma entonação empregada,
uma maneira de se fazer a combinação das palavras, e assim por diante.
Com base nessas considerações, não se deve pensar a comunicabilidade
pelas noções de certo e errado, mas pelos conceitos de adequado e
inadequado, segundo determinado contexto. Assim, não se espera que um
adolescente, reunido com outros em uma lanchonete, assim se expresse:
“Vamos ao shopping assistir a um filme”.
Naturalmente, ele vai reestruturar o seu texto (retextualizar) para se
adaptar ao seu meio: “Vamos no shopping assistir um filme”.
Com base nisso, vamos aos principais níveis de linguagem:
A linguagem culta ou padrão: É aquela ensinada nas escolas e serve de
veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial. É usada
pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela
obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais
estável, menos sujeita a variações. Está presente em diversos gêneros
textuais, como nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos,
comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
A linguagem culta pode ser formal ou informal. Isso depende da
intenção comunicativa e do meio utilizado para tal. Pode haver comunicação de
acordo com a norma culta como no exemplo:
“Dilma! Estou aqui pensando como o Brasil cresceu depois de que
começou seu mandato. Quantos ministros você dispensou, por envolvimento
em falcatruas...”
Veja que todas as palavras estão de acordo com a norma culta, mesmo
percebendo que o pronome “você”, relacionando-se a uma personalidade
política, não seria o ideal.
Mas não podemos dizer que esse emprego estaria incorreto
gramaticalmente, pois, fora do contexto político, formal, cabe o
direcionamento a esta pessoa como “você”, como num bate-papo entre amigos
políticos, familiares de Dilma, por exemplo. O contexto não requer o
tratamento cerimonioso.
Muitas vezes essa informalidade é vista nos gêneros textuais crônicas,
jornais, revistas, textos literários, cartas pessoais e comunicações não oficiais.
Isso dá ao texto um desprendimento do rito, da formalidade, o qual a
linguagem jornalística muitas vezes procura implementar.

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Claro que um crítico político não usaria o pronome “você” direcionando-
se a um presidente de qualquer país, pois o contexto não permite; mas cabe
numa crônica livre, humorística, por exemplo.
Retextualizando a mesma comunicação feita acima de cunho informal,
agora de maneira formal, teremos:
“Excelentíssima Senhora Presidenta da República,
Há de evidenciar em seu mandato a clareza de procedimentos,
principalmente nos eventos que culminaram na exoneração de alguns
Ministros.”
A linguagem popular ou coloquial: É aquela usada espontânea e
fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical
e é carregada de vícios de linguagem (erros de regência e concordância; erros
de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo),
expressões vulgares, gírias. A linguagem popular está presente nas mais
diversas situações: conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação
de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório), novelas, expressão
dos estados emocionais etc.
Veja a relação entre a formalidade e informalidade nos dois gêneros textuais:
textos científicos e publicitários:
O texto científico funciona como um outro texto qualquer: é necessário
que ele tenha começo, meio e fim, seja agradável de ler, gramaticalmente
correto, compreensível, coerente e mantenha conexões lógicas entre as ideias
nele contidas.
Uma característica comum a praticamente todos os textos científicos é a
organização nas seguintes partes: Introdução, Objetivos, Materiais e Métodos,
Resultados, Discussão e Conclusões.
Também são encontrados nos textos científicos: o Título, a Autoria,
Resumo, Figuras e Tabelas, Agradecimentos e Referências Bibliográficas.
Assim, entendemos que neste gênero textual é necessária a formalidade,
a padronização da estrutura.

Texto publicitário:
O objetivo do texto científico é divulgar o resultado de experiências,
assinalando a comprovação do objeto científico. Já o texto publicitário tem por
objetivo persuadir, convencer o leitor a consumir o produto ou a ideia
veiculados em anúncio de revista, outdoor ou internet.
Como a linguagem da publicidade é centrada no receptor ou destinatário
da mensagem, utiliza a criatividade para seduzir o consumidor.
Muitas vezes, subverte a norma culta, para manter uma linguagem mais
próxima do público-alvo.
Veja o exemplo abaixo:
“Vem pra caixa você também.”
Realizando a retextualização, em uma situação formal de comunicação,
seguindo as normas gramaticais, o anúncio “Vem pra caixa você também.”
deveria ficar:
Venha para a Caixa você também.

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ou
Vem para a Caixa tu também.
Nem sempre a linguagem apropriada para o texto publicitário é a norma
culta. Isso porque o texto deve atingir determinado público. Quando a
abrangência é maior, a população como um todo, muitas vezes se rompe a
norma culta, para que o texto seja familiar ao leitor, soando agradável àquilo
que normalmente ele ouve nas ruas. Esse é o mesmo processo de composição
de músicas populares. Não importa tanto a norma culta, mas as palavras
serem agradáveis aos ouvidos, trazendo uma melodia. Por isso, nas músicas,
vemos algumas vezes a junção de verbo em terceira pessoa combinando com
pronome de segunda pessoa, o que a norma culta não admite, mas o ritmo, a
sonoridade e o público a que se quer atingir admitem.
Por exemplo: “Cantei pra ti dormir” é o verso de uma canção que possui
ritmo, sonoridade agradável e melodia; mas, de acordo com a norma culta,
estaria errada.
Porém, tente cantar esta música usando a norma culta: “Cantei para tu
dormires”!!!!. O número de sílabas poéticas aumentou, assim, feriu o ritmo e
a melodia, também a forma verbal “dormires” soa artificial perante a massa
popular.
Dessa forma, estaria de acordo com a norma culta, mas a estrutura
frasal não estaria adequada ao público e à musicalidade.
O mesmo ocorre com este slogan publicitário:
“Se você não se cuidar, a Aids vai te pegar.”
Perceba que o interlocutor (a quem o texto se dirige) é expresso pelo
pronome “você” (terceira pessoa do singular), reforçado pelo pronome oblíquo
átono “se”. Porém, em seguida, há o pronome oblíquo átono de segunda
pessoa “te”. Dessa forma, percebemos que esse é o registro coloquial, soa
agradável ao público, mas não é a forma culta da língua.
Então, eu lhe pergunto: o que o autor do texto da propaganda quer?
Transmitir a informação, usando a forma como a massa fala; ou soar artificial,
mas estar de acordo com a norma culta?
Certamente, o comunicador quer é veicular a informação. Por isso,
misturou os pronomes. Isso fere a norma culta, mas é usual em texto
publicitário, desde que tenha como público-alvo a massa popular.
Podemos ter duas formas de realizar a retextualização: levar as formas
verbais e os pronomes para a segunda pessoa:
Se tu não te cuidares, a Aids vai te pegar.
ou para a terceira pessoa:
Se você não se cuidar, a Aids vai pegá-lo.

Na realidade, a retextualização já foi trabalhada na aula passada nas


questões de reescritura de fragmentos do texto. Aqui, esse trabalho é mais
focado na adequação do uso da informalidade ou da formalidade de acordo
com o contexto social.
Agora, vamos a algumas questões que exemplificam os gêneros textuais.
O primeiro é o gênero “entrevista”.

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MTE 2009 – Agente Administrativo
1 Grupo Móvel — O Sr. se lembra quando o Grupo esteve aqui antes?
Jacaré — Hum! Olha, acho que faz uns oito anos...
Grupo Móvel — Saiu um monte de gente, por que o Sr. não saiu?
Jacaré — É, saiu um monte de gente, mas o patrão pediu para ficar e eu
5 fiquei.
Grupo Móvel — O que o Sr. fez com o dinheiro da indenização que
recebeu na época?
Jacaré — Construí um barraquinho... Comprei umas vaquinhas...
Grupo Móvel — Depois disso, o Sr. recebeu mais alguma coisa?
10 Jacaré — Não, não recebi mais nada, além de comida. Ele disse que eu
teria de pagar pelo dinheiro que recebi.
Grupo Móvel — Mais nada?
Companheira de Jacaré — Ele diz que a gente ainda está devendo e não
deixa tirar nossas vacas, diz que são dele. Até as leitoas que pegamos no
15 mato ele diz que são dele.
Grupo Móvel — Por que o Sr. continua trabalhando?
Companheira de Jacaré — Porque ele não quer ir embora sem receber
nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar.
Grupo Móvel — Quantos anos o Sr. tem?
20 Jacaré — Tenho 64 anos.
Grupo Móvel — E trabalha para ele há quantos anos?
Jacaré — Faz uns 30 anos.
Grupo Móvel — O Sr. pede dinheiro para ele?
Jacaré — Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha, não precisa
25 pedir.
O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, enfim, foi resolvido.
Ele foi retirado da fazenda em Xinguara, no Pará. O Grupo Especial Móvel
de Combate ao Trabalho Escravo do MTE abriu para ele uma caderneta de
poupança, onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas,
30
cerca de R$ 100 mil.
Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações).
Questão 68: O que faz de Eduardo Silva objeto de interesse da ação do Grupo
Móvel é o fato de que o trabalhador optou por trabalhar sem receber a
remuneração correspondente, conforme se depreende do trecho “o patrão
pediu para ficar e eu fiquei” (linhas 4 e 5).
Comentário: Não se pode entender das falas iniciais da entrevista que o
trabalhador tenha preferido ficar trabalhando sem remuneração. Seu
argumento se baseia na situação de o “patrão” ter pedido sua permanência,
mas isso não implica o entendimento de que ele tenha aceitado isso, sem o
devido pagamento.
Gabarito: E

Questão 69: Na linha 8 do texto, o diminutivo empregado em “barraquinho” e


“vaquinhas” tem valor subjetivo.
Comentário: O valor subjetivo tem relação com o emocional, em que se
transparece o estado psicológico do emissor da mensagem.
Veja que o diminutivo em “barraquinho” e “vaquinha” não transmite

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noção de diminuição de tamanho, mas um sentimento de carinho, apreço.
Por isso, tem valor subjetivo.
Gabarito: C

Questão 70: No trecho “Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha,
não precisa pedir” (linhas 24 e 25), Jacaré apresenta sua concepção acerca das
relações de trabalho entre os homens.
Comentário: No período “Se a gente trabalha, não precisa pedir”,
subentende-se que, se alguém trabalha, naturalmente não precisa pedir o
pagamento, pois ele deve ser pago pelo patrão. Essa é a concepção implícita
explorada na fala de Jacaré.
Gabarito: C

Questão 71: Os sinais de pontuação utilizados no texto — o travessão, os


pontos de interrogação, as reticências e a exclamação — estão relacionados ao
tom de oralidade que predomina no texto.
Comentário: A entrevista é um gênero textual que registra a fala entre
interlocutores. Assim, é natural predominar o tom de oralidade no texto, como
ocorreu no uso do travessão, o qual marca o início da fala dos personagens, o
ponto de exclamação finalizando a interjeição “Hum!”; a qual transmite um
estado pensativo do interlocutor; as reticências transmitem a ideia de
continuidade do pensamento; e as interrogações estimulam a continuidade da
conversa entre os interlocutores.
Gabarito: C

Questão 72: Por suas características estruturais, é correto afirmar que o texto
em análise é uma descrição.
Comentário: Já que a entrevista relata o diálogo entre personagens, como
ocorre com peças teatrais, filmes, novelas; esse tipo de texto se aproxima do
tipo de texto narrativo.
Gabarito: E

Questão 73: TRE - AP / 2007 / Médio


Jornal do Comércio — O voto aberto nos processos de cassação
poderia mudar o destino dos acusados?
Schirmer — Não sei se o voto aberto mudaria o resultado final. O que
ele mudaria seria a responsabilidade individual. Porque, com a votação aberta,
você é responsável pelo seu voto. Votando sim ou não, você assume a
responsabilidade pelo voto dado. Com o voto fechado, a responsabilidade é
difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem e, sendo assim, todos
carregam o ônus do resultado da votação. O voto fechado é muito ruim
porque quem sai perdendo é a própria instituição. Em vez de você falar mal de
um ou de outro deputado, você acaba penalizando a instituição.
Jornal do Comércio, 17/4/2006.
Assinale a opção correta quanto à compreensão e à tipologia do texto.
(A) Por estar estruturado em duas partes, compreendendo uma pergunta e
uma resposta, o texto pode pertencer ao gênero entrevista.
(B) Na pergunta feita pelo Jornal do Comércio, predomina a descrição dos

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processos de cassação.
(C) O parágrafo que contém a resposta de Schirmer possui estrutura
predominantemente narrativa, porque o falante explica como se
processam as atividades de cassação de eleitos.
(D) O segundo parágrafo do texto é estruturalmente argumentativo, porque
apresenta, primeiro, os aspectos favoráveis ao voto em aberto e, em um
segundo momento, os aspectos desfavoráveis dessa modalidade de
votação.
(E) O primeiro e o segundo parágrafos têm a mesma estrutura textual e a
mesma tipologia: são dissertativos.
Comentário: O gênero textual que é constituído de perguntas e respostas é a
entrevista. Por isso, a alternativa correta é a (A).
Na alternativa (B), há erro, pois a descrição é a enumeração de ações,
elementos ou característica. Mas houve apenas uma pergunta.
Na alternativa (C), a resposta se baseia na explicação da importância do
voto aberto, por isso há predominância do texto dissertativo, mas, como
nessa explicação, há características e enumerações, ocorre também (em
menor escala) a descrição.
Na alternativa (D), o único erro é a expressão “dessa modalidade de
votação”. Na realidade, ele informa os aspectos desfavoráveis do voto
fechado.
Na alternativa (E), é evidente o erro. Basta o candidato perceber que há
uma pergunta e uma reposta.
Gabarito: A
Veja mais uma questão com um gênero textual diferente: editorial.
ANNEL / 2010 / Médio
Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) estima que, nos próximos quatro anos, os investimentos na indústria
brasileira chegarão a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311
bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu 2009, pois ainda
não dispõe de dados consolidados do ano passado).
O estudo aponta forte concentração dos investimentos na exploração de
petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas, especialmente, na cadeia
econômica ligada ao óleo, como a indústria naval e a de fabricação de
plataformas. Trata-se de um investimento que estimula outros setores da
economia.
Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em setores voltados
para atender à demanda interna, entre os quais o automobilístico.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
Questão 74: Trata-se de texto subjetivo e pessoal, em que o autor explicita
sua opinião individual.
Comentário: Este é um texto dissertativo, pois há o desenvolvimento de um
tema: investimentos na área produtiva. Percebemos a opinião do autor, por
meio de considerações inseridas no texto, tais como “um valor 60% maior do
que os R$ 311 bilhões investidos entre 2005 e 2008”, “o banco não incluiu
2009, pois ainda não dispõe de dados consolidados do ano passado”, “Trata-
se de um investimento que estimula outros setores da economia“. Isso marca
que o texto é dissertativo-argumentativo.

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O texto dissertativo-argumentativo pode transmitir a opinião do autor de
forma velada, mascarada, implícita; por isso, é transmitida com verbos ou
pronomes em terceira pessoa. É um texto centrado na informação, na razão
em detrimento da emoção. Este texto se enquadra neste tipo de opinião,
portanto, é um texto objetivo.
Já na opinião subjetiva, os pronomes e verbos são expressos em
primeira pessoa, com marcas de emoção, palavras de elogio ou depreciação.
O texto se pauta mais pela emoção do que pela razão.
Por isso, a questão está errada.
Gabarito: E

Questão 75: Infere-se das informações do texto que o investimento na


exploração de combustíveis fósseis e na cadeia econômica associada a essa
atividade influencia o desenvolvimento de outras áreas da economia.
Comentário: A interpretação para esta questão é localizada, pois o último
parágrafo informa isso. Veja:
“O estudo aponta forte concentração dos investimentos na exploração
de petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas, especialmente, na cadeia
econômica ligada ao óleo, como a indústria naval e a de fabricação de
plataformas. Trata-se de um investimento que estimula outros setores da
economia.”
Entender o que significa “combustíveis fósseis” com certeza ajudaria
bastante na resolução da questão, pois “petróleo”, “gás” e “óleo” fazem parte
deste tipo de combustível. Assim, a interpretação é literal.
Gabarito: C

Veja uma questão que abordou dois gêneros textuais: explanações


filosóficas e anedotas.

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1 Observou-se, ao longo da história, não uma condenação, mas uma
espécie de cortina de silêncio iniciada com Platão, cujo veto ao riso atingiu
indiretamente o legado de Demócrito (nascido em 460 a.C.), chamado de
“o filósofo que ri”. Infelizmente, da lavra de Demócrito pouco restou. O
5 rastilho daquele lampejo que fez o cérebro do filósofo brilhar após a
gargalhada apagou-se no mundo medieval. A valorização cristã do
sofrimento levou a um desprezo geral pelo riso. Por conta desse renitente
veto ao riso, figuras pouco conhecidas foram desaparecendo da sisuda
história da filosofia. Com algumas exceções, filósofos sisudos e sérios se
10 esquecem de que os mecanismos de compreensão e recompensa tanto
dos conceitos filosóficos quanto das piadas são construídos da mesma
matéria. Em uma explanação filosófica ou em uma anedota, o que o
ouvinte mais teme é ser enganado. Neste caso, o “quem ri por último ri
melhor” é apenas outra versão da frase que diz: “Quem ri por último não
15 entendeu a piada”. A revelação que as piadas ou frases de duplo sentido
proporcionam é um dos insights de maior efeito entre as pessoas. O que
os filósofos chamam de “iluminação”, os humoristas intitulam “solavanco
mental” da anedota.

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A capacidade de rir surge inerente ao homem, mas o sentimento do
20 humor é raro, pois envolve a capacidade de a pessoa se distanciar de si
mesma. “Eu sempre rio de todo mundo que não riu de si também.” Esse
foi o dístico que Friedrich Nietzsche sugeriu escrever em sua porta, em A
Gaia Ciência. Frase típica de um filósofo gaiato. Literalmente.
Elias Thomé Saliba. Na cortina de silêncio. In: CartaCapital. Ano
XII, n.º 673, 23/11/2011, p. 82-3, (com adaptações).
Questão 76: Segundo o texto, a frase ‘quem ri por último ri melhor’ (linhas
13 e 14) tem o mesmo sentido quando aplicada tanto a explanações filosóficas
quanto a anedotas.
Comentário: No texto, entendemos que a frase “quem ri por último ri melhor”
é própria das explanações filosóficas. Quando aplicada a anedotas, ela passa a
ter outra versão: “Quem ri por último não entendeu a piada”.
Assim, o sentido não é preservado na nova versão, pois basta perceber
que “ri melhor” não é o mesmo que “não entendeu a piada”, concorda?
Além disso, note que a palavra “versão” significa cada uma das várias
interpretações do mesmo ponto. Assim, duas frases com pontos em comum,
mas com sentidos diferentes.
Gabarito: E

Questão 77: Depreende-se do texto que a habilidade necessária para


compreender desde a mais complexa explanação filosófica até a mais simples
piada é a mesma.
Comentário: Antes de comentar esta questão, é interessante perceber que o
texto explora a diferença e o ponto comum entre dois gêneros textuais: a
explanação filosófica e a anedota.
Entende-se que a explanação filosófica é um gênero textual constituído
de linguagem formal, preservando a norma culta, visando a atingir um público
selecionado e a convencer por meio da razão, dos argumentos.
Já a anedota é um gênero textual que se baseia na linguagem coloquial,
na informalidade, pois é a liberdade linguística que muitas vezes aproxima o
texto humorístico ao público leitor.
Note que a questão não explorou a funcionalidade desses gêneros
textuais. Ela simplesmente explorou a interpretação do texto.
Esta questão aborda a interpretação de dados implícitos. Ela afirma que
“a habilidade necessária para compreender¹ desde a mais complexa
explanação filosófica² até a mais simples piada² é a mesma³”. Isso é
confirmado no texto no fragmento “os mecanismos de compreensão¹ e
recompensa tanto dos conceitos filosóficos² quanto das piadas² são
construídos da mesma matéria³”.
Veja que a questão inseriu as expressões “a mais complexa” e “até a
mais simples”. Isso não está explícito no texto, mas pode ser subentendido,
porque o termo “conceitos filosóficos” compreende o universo das explanações
mais simples a mais complexas. O termo “piadas” também compreende o
universo das mais simples às mais complexas.
Assim, a afirmativa está correta.
Gabarito: C

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Questão 78: O autor utiliza a frase de Nietzsche ‘Eu sempre rio de todo
mundo que não riu de si também’ (linha 21) como argumento a favor da ideia
de que a capacidade de rir é inerente ao homem.
Comentário: Veja que o último parágrafo começa com o trecho “A capacidade
de rir surge inerente ao homem”, mas a frase de Nietzsche confirma é o
contraste iniciado com a conjunção coordenativa adversativa “mas” (“mas o
sentimento do humor é raro, pois envolve a capacidade de a pessoa se
distanciar de si mesma”). Veja:
A capacidade de rir surge inerente ao homem, mas o sentimento do humor é
raro, pois envolve a capacidade de a pessoa se distanciar de si mesma. “Eu
sempre rio de todo mundo que não riu de si também.” Esse foi o dístico que
Friedrich Nietzsche sugeriu escrever em sua porta, em A Gaia Ciência. Frase
típica de um filósofo gaiato. Literalmente.
Gabarito: E
Agora, vamos observar uma questão com o gênero Verbete:
PM Ceará - 2012 - Médio
Considerando as ideias, a estrutura e a tipologia do texto abaixo, que constitui
um verbete de enciclopédia, julgue os itens a seguir.
1 SOLDADO DESCONHECIDO. Após a Primeira Guerra Mundial,
autoridades dos países aliados verificaram que os corpos de muitos
soldados mortos em combate não podiam ser identificados. Os governos
da Bélgica, França, Grã-Bretanha, Itália e Estados Unidos da América
5 decidiram homenagear, de forma especial, a memória desses soldados.
Cada governo escolheu um soldado desconhecido como símbolo, enterrou
seus restos mortais na capital nacional e ergueu um monumento em honra
do soldado.
A Bélgica colocou seu soldado desconhecido em um túmulo na base da
10 Colunata do Congresso, em Bruxelas. A França enterrou seu soldado
desconhecido embaixo do Arco do Triunfo, no centro de Paris. A Grã-
Bretanha enterrou o seu na abadia de Westminster. O soldado
desconhecido da Itália jaz defronte ao monumento a Vítor Emanuel I, em
Roma.
15 No Brasil, os 466 mortos brasileiros integrantes da Força Expedicionária
que haviam sido enterrados, após a Segunda Guerra Mundial, no cemitério
militar de Pistoia, na Itália, foram transportados em urnas para o Brasil,
em aviões da Força Aérea Brasileira, em 11 de dezembro de 1960. As
urnas chegaram ao Rio de Janeiro em 16 do mesmo mês, ficando expostas
20 à visitação pública no Palácio Tiradentes. No dia 22 de dezembro, os
restos mortais dos heróis foram trasladados para o Monumento Nacional
aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
Enciclopédia Delta Universal. Rio de Janeiro:
Editora Delta, s/d, v. 13, p. 7.384 (com adaptações).
Questão 79: Esse verbete se organiza em três tópicos, na seguinte ordem
temática: primeiro – como surgiu a ideia de se homenagear o soldado
desconhecido; segundo – como o fizeram alguns países; terceiro – como o fez
o Brasil.
Comentário: Veja que você não precisa saber diferenciar os diversos gêneros
textuais, pois basicamente é cobrada a interpretação ou a estrutura textual.

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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Nesta questão, por exemplo, mesmo não sabendo o que era um verbete,
conseguimos entender a estrutura básica deste texto.
Realmente a primeira parte do texto retrata como surgiu a ideia de se
homenagear o soldado desconhecido. Isso ocorre entre as linhas 1 a 8.
A segunda parte retrata como alguns países fizeram esta homenagem.
Isso ocorre entre as linhas 9 a 14.
A partir da linha 15, ocorre a terceira parte do texto, a qual relata como
o Brasil homenageou os 466 soldados mortos.
Gabarito: C

Questão 80: O texto, que se caracteriza, quanto à tipologia, como a descrição


dos sentidos da expressão “soldado desconhecido”, está em consonância com
os verbetes de dicionários e enciclopédias.
Comentário: A questão, ao utilizar a expressão “descrição dos sentidos da
expressão ‘soldado desconhecido’ ”, dá noção de que o texto teria enumerado
os vários sentidos desta expressão. Porém, ele não transmite os vários
sentidos dela. Ele se atém, primeiramente, a um histórico, depois aos vários
exemplos de aplicação.
Gabarito: E

O que devo tomar nota como mais importante?

• Entender as diferenças dos tipos de texto.


• Saber que, mesmo os dados não estando explícitos, haverá vestígios no
texto que confirmem a correta interpretação.
• Cuidado com as palavras categóricas
• Diferenciar “formalidade” de “informalidade” e “norma culta” de
“linguagem coloquial”.

Até nosso próximo encontro!


Grande abraço.
Terror

Lista de questões
Questão 1: TJ - RR / 2006 / Superior
Na época atual, embora a avareza ou o ócio devam continuar
merecendo a nossa condenação, no seio dos detentores da riqueza (ou dos
que se proponham a alcançá-la), há uma figura digna de ser exaltada: o
empresário. Pela razão muito simples de que agora estamos diante de uma
sociedade de abundância (ao contrário da sociedade primitiva, vitimada pela
escassez) e a única maneira de a imensa maioria ter acesso à variada gama
de bens e serviços disponíveis na sociedade é por intermédio do emprego. E
ainda que a busca da riqueza pelo empresário não vise diretamente ao bem-
estar geral, ao propiciar novos empregos, ele está desempenhando função
primordial na economia.
Antonio Paim. Op. cit., p.290 ( com adaptações).
Em relação às idéias do texto, assinale a opção correta.
(A) A avareza e o ócio são características da época a que o texto se refere.
(B) No seio dos detentores da riqueza, o empresário é o símbolo da avareza.

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(C) O emprego permite que a maioria tenha acesso aos bens e serviços
disponíveis na sociedade.
(D) Ao propiciar novos empregos, o empresário visa diretamente ao bem-
estar geral da sociedade.

IPEA / 2008 / Superior


Enquanto outros países em desenvolvimento, como China, Índia e
Coréia, investem na formação de pesquisadores e se transformam em
produtores de conhecimentos que dinamizam suas economias, o Brasil não
consegue eliminar o fosso que separa as instituições de pesquisa das
empresas privadas, nem aumentar o volume de investimentos em pesquisa e
desenvolvimento. Vai ficando para trás em uma corrida decisiva para sua
inserção em um mundo cada vez mais competitivo, sobretudo nos segmentos
mais dinâmicos da indústria, como o da microeletrônica.
Estudo do consultor do Banco Mundial Alberto Rodríguez, publicado pela
Confederação Nacional da Indústria, confirma que, apesar do conhecido
diagnóstico sobre o atraso do país na área tecnológica, pouco se faz de prático
para superar o problema.
Os pesquisadores brasileiros publicam seus trabalhos em um volume
aceitável — eles respondem por cerca de 2% dos artigos científicos das
principais publicações internacionais —, mas os resultados práticos das
pesquisas são modestos. O Brasil responde por apenas 0,18% do total de
patentes registradas no mundo.
“Há a necessidade de que a pesquisa feita na universidade e nos
laboratórios seja menos teórica e mais voltada para aplicações práticas”, diz
Rodríguez. “E o setor privado precisa investir mais em pesquisa e
desenvolvimento.”
O Estado de S. Paulo, Editorial, 1.º/10/2008 (com adaptações).
Questão 2: Infere-se das informações do texto que todos os trabalhos
publicados pelos pesquisadores brasileiros em periódicos internacionais se
transformam em patentes registradas ou em aplicações práticas.

Questão 3: Depreende-se das idéias do texto que a aproximação entre as


instituições de pesquisa e as empresas privadas seria prejudicial ao
desenvolvimento tecnológico do país, pois restringiria o campo de pesquisa
aos interesses econômicos e comerciais.

IPEA / 2008 / Superior


No Brasil, apenas 19% dos estudantes das faculdades estão
matriculados nas áreas de ciências e engenharia. No Chile, são 33% e na
China, 53%.
Não surpreende que, como mostraram o físico Roberto Nicolsky e o
engenheiro André Korottchenko de Oliveira, em artigo publicado
recentemente, o Brasil venha caindo na classificação dos países que mais
registram patentes no escritório norte-americano que cuida do assunto, o
USPTO (sigla do nome em inglês). Há anos, o Brasil vem sendo superado
pelos países asiáticos, que centraram as políticas de apoio à inovação em
áreas de grande impacto sobre diferentes cadeias produtivas, como a
microeletrônica. Trata-se, como dizem os autores, de um “setor transversal

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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que agrega valor à tecnologia de outras indústrias”.
O Estado de S. Paulo, Editorial, 1.º/10/2008.
Questão 4: A expressão “Não surpreende” (linha 4) introduz um fato que
funciona como argumento de oposição às informações apresentadas no
parágrafo anterior.

Questão 5: Pelas informações do texto, depreende-se que o setor de


microeletrônica contribui para o desenvolvimento de produtos de diversas
indústrias e, portanto, o investimento e o apoio à inovação nessa área
estimulam o crescimento econômico.

Questão 6: Tribunal de Justiça - SE / 2006 / nível superior


Fragmento do texto: Os objetivos perseguidos pelas entidades
representativas de notários e registradores bandeirantes são o
aperfeiçoamento dos serviços, a harmonização de procedimentos, buscando
uma regulação uniforme nas atividades notariais e registrais.
A referência aos “objetivos perseguidos” faz parte de uma passagem
descritiva do texto.

Questão 7: Médico Perito INSS / 2009 / nível superior


O texto faz um histórico da Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro,
mostrando explicitamente o ponto de vista do autor acerca do tema.

Questão 8: Médico Perito INSS / 2009 / nível superior


O texto apresenta marcadores que evidenciam a progressão da narrativa, tais
como “Ao mesmo tempo” e “Finalmente”.

Questão 9: Tribunal de Justiça - SE / 2006 / nível superior


Fragmento do texto: O Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB),
seção de São Paulo, em parceria com o Colégio Notarial do Brasil, também
seção de São Paulo, e com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São
Paulo, congrega esforços para promover e realizar seminários de direito
notarial e registral no estado, visando o aperfeiçoamento técnico de notários e
registradores e a reciclagem de prepostos e profissionais que atuam na área.
Os objetivos perseguidos pelas entidades representativas de notários e
registradores bandeirantes são o aperfeiçoamento dos serviços, a
harmonização de procedimentos, buscando uma regulação uniforme nas
atividades notariais e registrais. O IRIB e o Colégio Notarial sentem-se
orgulhosos de poder contribuir com o desenvolvimento das atividades
notariais e registrais do estado.
Pela estrutura do texto, narrativo por excelência, depreende-se que se trata
da notícia de um evento que provavelmente irá ocorrer no estado de São
Paulo.

Questão 10: TRE - MA / 2006 / nível superior


Texto:
Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se
sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio
de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas,
associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas,
associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação,
encontro e interação entre os concidadãos.
A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado “über alles”, nunca
leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores.
Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma
sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e
socialmente impotentes.
Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da
verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em
todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível.
Assinale a opção que está de acordo com as ideias do texto.
A) O setor econômico da sociedade inibe qualquer iniciativa de se construir
uma cultura política verdadeiramente democrática.
B) A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil
organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo.
C) É previsível que, em um futuro próximo, o neoliberalismo evolua para uma
democracia extramercado.
D) A política neoliberal produz um tipo de democracia voltada,
exclusivamente, para a defesa dos interesses do consumidor.
E) Os sindicatos destacam-se das demais instituições associativas por
promover a interação entre seus associados.

Questão 11: Assinale a opção correta com referência à tipologia do texto.


A) O produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória
contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro
previsível.
B) Trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor
apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da
influência norte-americana sobre o futuro da humanidade.
C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo
subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações
atendem, de modo diferenciado, aos interesses populares.
D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o
surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual
o produtor enumera, objetivamente, as características da democracia
participativa.
E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor,
contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos
nocivos de um sobre o outro.

Questão 12: TRE - MT / 2009 / Médio


Diariamente, milhões de pessoas em todo o mundo conectam-se à
Internet e mais de doze milhões de e-mails são enviados. Isso sem se
mencionar o número de negócios fechados e o dinheiro movimentado. Com o
advento do computador e, mais tarde, da Internet, as informações e os
grandes negócios acontecem com uma velocidade impressionante. Resultado

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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de um mundo globalizado, em que a informação se transformou na moeda
corrente. E, quando o assunto é informação, ou seja, transmitir informações,
nada melhor do que utilizar a tecnologia. A cada dia, mais e mais serviços são
disponibilizados por empresas para que as pessoas interessadas tenham
acesso à informação de maneira rápida e eficaz.
Internet: <www.caieiraspress.com.br> (com adaptações).
O texto em questão é, predominantemente,
(A) narrativo. (B) descritivo. (C) dissertativo.
(D) dialógico. (E) instrucional.

Questão 13: TJ - RR / 2006 / Superior


Todo povo tem na sua evolução, vista a distância, um certo “sentido”.
Esse se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos
fatos e acontecimentos essenciais que a constituem em um largo período de
tempo. Quem observa aquele conjunto, desbastando-o do cipoal de incidentes
secundários que o acompanham sempre e o fazem, muitas vezes, confuso e
incompreensível, não deixará de perceber que ele se forma de uma linha
mestra e ininterrupta de acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa,
e dirigida sempre em uma determinada orientação. É isto que se deve, antes
de mais nada, procurar quando se aborda a análise da história de um povo,
seja, aliás, qual for o momento ou o aspecto dela que interesse, porque todos
os momentos e aspectos não são senão partes, por si só incompletas, de um
todo que deve ser sempre o objetivo do historiador, por mais particularista
que seja.
Caio Prado Júnior. Op. cit., p. 1.130 (com adaptações).
Como se trata de tema relativo à história, o texto é predominantemente
narrativo.

Questão 14: DPU / 2010 / Médio


Não se consegue imaginar uma nação forte, ou que tenha aspirações de
ser um país de ponta no mundo, se ela tiver muita gente sem ocupação. Os
números do emprego, relativos ao primeiro trimestre de 2010, são uma
animadora mostra do bom momento vivido pelo Brasil, que dá mostras
seguidas de ter superado em definitivo qualquer resquício de consequência da
crise econômica global. Foi um total de 657,3 mil novos postos de trabalho
formais, ou seja, com carteira assinada, entre os meses de janeiro e março.
Isso significa o melhor desempenho para esse período desde o início da série
histórica. Significa ainda um crescimento de 19% em relação ao primeiro
trimestre de 2008, que já havia sido um recorde.
Jornal do Brasil, Editorial, 19/4/2010 (com adaptações).
Predomina no trecho o tipo textual narrativo.

Questão 15: TRE - AP / 2007 / Médio


Para mostrar a importância do voto aos 16 anos de idade, a União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) realizou a campanha Te liga
16 — O Brasil só ganha se você tiver esse título. O objetivo da campanha foi
conscientizar os jovens de 16 anos da responsabilidade do voto e da
participação política. “Votar aos 16 anos é despertar uma consciência cidadã.
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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
Ficar em casa reclamando que política é ruim não está com nada. Está na hora
de não só pensar, mas de decidir”, disse o professor Pedro.
A presidenta da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de
Porto Alegre completou a introdução do professor, chamando a atenção dos
estudantes para o poder de decisão que eles têm. “Somos 33 milhões de
brasileiros entre 16 e 24 anos. A juventude brasileira, se unida, é suficiente
para mudar qualquer coisa neste país.”
Internet: <www.maristas.org.br> (com adaptações).
Assinale a opção correta a respeito das idéias apresentadas no texto e da
tipologia textual.
(A) O texto é fragmento de uma notícia e se estrutura em duas partes: uma
expositiva e outra argumentativa.
(B) O texto é uma descrição retirada de um texto publicitário, destinado a
convencer os adolescentes a votarem.
(C) O texto narra episódios políticos que aconteceram antes das eleições para
a chefia da UBES.
(D) O texto tem estrutura dissertativa, sendo as passagens entre aspas
transcrições de discursos contrários às eleições aos 16 anos.
(E) No primeiro parágrafo, predomina a estrutura descritiva, mas, no
segundo, sobressai a narrativa.

INCA / 2010 / Médio


Criada em 1983 pela doutora Zilda Arns, a Pastoral da Criança monitora
atualmente cerca de 2 milhões de crianças de até 6 anos de idade e 80 mil
gestantes, com presença em mais de 3,5 mil municípios em todo o país,
graças à colaboração de 155 mil voluntários. A importância da Pastoral é
palpável: a média nacional de mortalidade infantil para crianças de até 1 ano,
que é de 22 indivíduos por mil nascidos vivos, cai para 12 por mil nos lugares
atendidos pela instituição. Na primeira experiência da Pastoral, em
Florestópolis, no Paraná, a mortalidade infantil despencou de 127 por mil
nascimentos para 28 por mil — em apenas um ano. Sua metodologia é
simples — por meio de conversas frequentes com a família, o voluntário
receita cuidados básicos para evitar que a criança morra por falta de
conhecimento, como os hábitos de higiene, a administração do soro caseiro e
a adoção da farinha de multimistura na alimentação, que se tornou uma
solução simples e emblemática contra a desnutrição. Mas o seu segredo é um
só: a persistência.
Jornal do Commercio (PE), Editorial, 20/1/2010 (com adaptações).
Questão 16: Depreende-se das informações do texto que os lugares não
atendidos pela Pastoral da Criança apresentam média de mortalidade infantil
para crianças de até 1 ano maior que a dos lugares em que a Pastoral atua.

Questão 17: Esse texto é predominantemente narrativo.

INCA / 2010 / Médio


A disseminação do vírus H1N1, causador da gripe denominada Influenza
A, ocorre, principalmente, por meio das gotículas expelidas na tosse e nos
espirros, do contato com as mãos e os objetos manipulados pelos doentes e

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
do contato com material gastrointestinal. O período de incubação vai de dois a
sete dias, mas a maioria dos pacientes pode espalhar o vírus desde o primeiro
dia de contaminação, antes mesmo do surgimento dos sintomas, e até
aproximadamente sete dias após seu desaparecimento. Adverte-se, pois, que
as precauções com secreções respiratórias são de importância decisiva,
motivo pelo qual são recomendados cuidados especiais com a higiene e o
isolamento domiciliar ou hospitalar, segundo a gravidade de cada caso.
Diário do Nordeste (CE), Editorial, 11/1/2010.
Questão 18: Depreende-se das informações do texto que, assim que
desaparecem os sintomas, não há mais possibilidade de que o paciente
contagie outra pessoa com o vírus H1N1.

Questão 19: Esse texto é predominantemente dissertativo.

Questão 20: SEAD - PA / 2007 / Superior


Heróis de bronze e heróis de carne e osso
Houve época em que nos bancos escolares se aprendia a cultuar os
chamados heróis da pátria. Figuras como Tiradentes, dom Pedro I, Duque de
Caxias e a princesa Isabel, entre outros, eram pintados como patriotas
exemplares e seres imaculados. Visões hegemônicas forjam mitos históricos.
Se a Holanda tivesse vencido os portugueses no Nordeste no século
XVII, nosso herói não seria Matias de Albuquerque, mas Domingos Fernandes
Calabar, senhor de terras e contrabandista que traiu os portugueses e se
passou para o lado dos batavos.
Tiradentes, contudo, é o mais poderoso e universal dos nossos mitos.
Pesquisas recentes revelaram um personagem contraditório, imperfeito, ao
contrário do que pretende a história oficial. Demasiado humano, demasiado
brasileiro. Felizmente um herói em carne e osso, não o modelo de virtude
perpetuado em sombrias estátuas de bronze.
Cláudio Camargo. Istoé. “Opinião e idéias”, 18/4/2007, p. 50 (com adaptações).
Assinale a opção em que o trecho apresentado contém a tese, ou seja, a idéia
básica sobre a qual se desenvolvem as outras idéias e as exemplificações do
texto.
(A) “nos bancos escolares se aprendia a cultuar os chamados heróis da pátria”
(linhas 1 e 2)
(B) “Visões hegemônicas forjam mitos históricos” (linha 4)
(C) “Tiradentes, contudo, é o mais poderoso e universal dos nossos mitos”
(linha 9)
(D) “Felizmente um herói em carne e osso” (linha 14)

Questão 21: TRE - ES/ 2011 / Superior


No Brasil, a tradição política no tocante à representação gira em torno
de três ideias fundamentais. A primeira é a do mandato livre e independente,
isto é, os representantes, ao serem eleitos, não têm nenhuma obrigação,
necessariamente, para com as reivindicações e os interesses de seus eleitores.
O representante deve exercer seu papel com base no exercício autônomo de
sua atividade, na medida em que é ele quem tem a capacidade de
discernimento para deliberar sobre os verdadeiros interesses dos seus
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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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constituintes. A segunda ideia é a de que os representantes devem exprimir
interesses gerais, e não interesses locais ou regionais. Os interesses nacionais
seriam os únicos e legítimos a serem representados. A terceira ideia refere-se
ao princípio de que o sistema democrático representativo deve basear-se no
governo da maioria. Praticamente todas as leis eleitorais que vigoraram no
Brasil buscaram a formação de maiorias compactas que pudessem governar.
Gilberto Bercovici. A origem do sistema eleitoral proporcional
no Brasil. In: Estudos Eleitorais, TSE, vol. 5, n.º 2, 2010, p. 53.
Internet: <www.tse.gov.br> (com adaptações ) .
Nesse fragmento de texto, o tópico frasal corresponde ao primeiro período.

TRE - ES/ 2011 / Superior


Convocada por D. Pedro em junho de 1822, a constituinte só seria
instalada um ano mais tarde, no dia 3 de maio de 1823, mas acabaria
dissolvida seis meses depois, em 12 de novembro.
Os membros da constituinte eram escolhidos por meio dos mesmos
critérios estabelecidos para a eleição dos deputados às cortes de Lisboa. Os
eleitores eram apenas os homens livres, com mais de vinte anos e que
residissem por, pelo menos, um ano na localidade em que viviam, e
proprietários de terra. Cabia a eles escolher um colégio eleitoral, que, por sua
vez, indicava os deputados de cada região. Estes tinham de saber ler e
escrever, possuir bens e virtudes. Em uma época em que a taxa de
analfabetismo alcançava 99% da população, só um entre cem brasileiros era
elegível. Os nascidos em Portugal tinham de estar residindo por, pelo menos,
doze anos no Brasil. Do total de cem deputados eleitos, só 89 tomaram posse.
Era a elite intelectual e política do Brasil, composta de magistrados, membros
do clero, fazendeiros, senhores de engenho, altos funcionários, militares e
professores. Desse grupo, sairiam mais tarde 33 senadores, 28 ministros de
Estado, dezoito presidentes de província, sete membros do primeiro conselho
de Estado e quatro regentes do Império.
O local das reuniões era a antiga cadeia pública, que, em 1808, havia
sido remodelada pelo vice-rei conde dos Arcos para abrigar parte da corte
portuguesa de D. João. No dia da abertura dos trabalhos, D. Pedro chegou ao
prédio em uma carruagem puxada por oito mulas. Discursou de cabeça
descoberta, o que, por si só, sinalizava alguma concessão ao novo poder
constituído nas urnas. A coroa e o cetro, símbolos do seu poder, também
foram deixados sobre uma mesa.
Laurentino Gomes. 1822. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2010, p. 213-16 (com adaptações).
Questão 22: No primeiro parágrafo do texto, o autor resume a história da
assembleia constituinte de 1822.

Questão 23: Se os primeiros dois parágrafos fossem reunidos em um só, o


primeiro parágrafo original corresponderia a uma sentença tópico, e o
segundo parágrafo original, ao desenvolvimento desse novo parágrafo.

Questão 24: De acordo com o texto, portugueses recém-chegados ao Brasil


que possuíssem riquezas e virtudes poderiam, mediante concessão especial,
tornar-se membros da constituinte.

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Questão 25: PM - DF / 2009 / Superior


Ética, cidadania e segurança pública são valores entrelaçados. Não pode
haver efetiva vigência da cidadania em uma sociedade que não se guie pela
ética. Não vigora a ética onde se suprima ou se menospreze a cidadania. A
segurança pública é direito do cidadão, é requisito de exercício da cidadania. A
segurança pública é também um imperativo ético.
A luta pela ética, pela construção da cidadania e pela preservação da
segurança pública não constitui dever exclusivo do Estado. Cabe ao povo, às
instituições sociais, às comunidades, participar desse processo político de
sedimentação de valores tão essenciais à vida coletiva.
Internet: <www.dhnet.org.br> (com adaptações).
Esse texto é predominantemente narrativo.

TRE - AL / 2004 / Superior


Apostando na leitura
1 Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola
da vida, a leitura de livros carece de aprendizado mais regular, que
geralmente acontece na escola. Mas leitura, quer do mundo, quer de
livros, só se aprende e se vivencia, de forma plena, coletivamente, em
5 troca contínua de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de
leituras que se refinam, se reajustam e se redimensionam hipóteses de
significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos
outros, do mundo e de nós mesmos. Da proibição de certos livros (cuja
posse poderia ser punida com a fogueira) ao prestígio da Bíblia, sobre a
10 qual juram as testemunhas em júris de filmes norte-americanos, o livro,
símbolo da leitura, ocupa lugar importante em nossa sociedade. Foi o
texto escrito, mais que o desenho, a oralidade ou o gesto, que o mundo
ocidental elegeu como linguagem que cimenta a cidadania, a
sensibilidade, o imaginário. É ao texto escrito que se confiam as
15 produções de ponta da ciência e da filosofia; é ele que regula os direitos
de um cidadão para com os outros, de todos para com o Estado e vice-
versa. Pois a cidadania plena, em sociedades como a nossa, só é
possível — se e quando ela é possível — para leitores. Por isso, a escola
é direito de todos e dever do Estado: uma escola competente, como
20 precisam ser os leitores que ela precisa formar. Daí, talvez, o susto com
que se observa qualquer declínio na prática de leitura, principalmente
dos jovens, observação imediatamente transformada em diagnóstico de
uma crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do apocalipse,
da derrocada da cultura e da civilização. Que os jovens não gostem de
25 ler, que lêem mal ou lêem pouco é um refrão antigo, que de salas de
professores e congressos de educação ressoa pelo país afora. Em tempo
de vestibular, o susto é transportado para a imprensa e, ao começo de
cada ano letivo, a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de
coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos, que apregoam
30 vender, com a história que contam, o gosto pela leitura. Talvez, assim,
pacifique corações saber que desde sempre — isto é, desde que se
inventaram livros e alunos — se reclama da leitura dos jovens, do

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declínio do bom gosto, da bancarrota das belas letras! Basta dizer que
Quintiliano, mestre-escola romano, acrescentou a seu livro uma
35 pequena antologia de textos literários, para garantir um mínimo de
leitura aos estudantes de retórica. No século I da era cristã! Estamos,
portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão: se
cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-
professores, montar sua própria biblioteca e sua antologia e contagiar
40 por elas outros leitores, sobretudo leitores-alunos, por certo a prática de
leitura na comunidade representada por tal círculo de pessoas terá um
sentido mais vivo. E a vida será melhor, iluminada pela leitura solidária
de histórias, de contos, de poemas, de romances, de crônicas e do que
mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e
45 paciência, apostam no aprendizado social da leitura.
Marisa Lajolo. Folha de S. Paulo, 19/9/1993 (com adaptações).
Questão 26: O texto, de natureza dissertativa, poderia ser corretamente
reestruturado em um mínimo de três parágrafos.

Questão 27: Considerando a possibilidade de divisão do texto em parágrafos,


o primeiro deles apresentaria o tema a ser desenvolvido e se estenderia até
“mesmos” (linha 8).

Questão 28: Ao afirmar que “a escola é direito de todos e dever do Estado”


(linhas 18 e 19), Marisa Lajolo exime a família de participar do processo de
formação das crianças na educação básica.

Questão 29: A autora circunscreve o assunto, principalmente, à realidade


social brasileira, pondo em destaque a leitura do texto escrito.

Questão 30: Desde os tempos narrados na Bíblia, o livro ocupa lugar de


destaque na sociedade ocidental.

Questão 31: Temporariamente, a valorização da leitura dos jovens deixa de


ser foco das discussões, para reaparecer, depois, em épocas próximas aos
vestibulares.

Questão 32: Segundo Marisa Lajolo, o desinteresse pela leitura é um


problema antigo, que coincidiu com o advento dos modernos veículos de
comunicação e aumentou com o surgimento da Internet.

Questão 33: A relação da leitura com a cidadania ocorre na medida em que


os cidadãos letrados têm mais domínio dos problemas contextuais que dos
textuais.

Questão 34: A autora põe em dúvida a possibilidade de existência de uma


cidadania plena desvinculada da leitura.

TRE - RS / 2003 / Superior


A soberania popular não deve ser, apenas, mais uma peça de retórica.
Deve ser um meio eficaz, por intermédio do qual o povo exerça plenamente

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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seus direitos e prerrogativas constitucionais e legais.
Na época de implementação dos direitos sociais, como o direito de
moradia, de trabalhar, de viver decentemente, não é mais possível a inclusão
de normas programáticas no texto da Constituição da República.
Há necessidade de que os princípios e as normas constitucionais sejam
eficazes, produzindo, de logo, os efeitos jurídicos que todos esperam.
Não há, evidentemente, direitos sem garantia. Não basta também a
Constituição proclamar uma série de direitos e garantias, se estes e estas não
se podem concretizar.
Paulo Lopo Saraiva. A soberania popular e as garantias constitucionais.
In: Introdução crítica ao direito, p.141-2 (com adaptações).
Questão 35: Infere-se que o autor coloca a soberania popular como um
objetivo mais fácil de ser atingido que o estabelecimento de direitos.

Questão 36: Infere-se que direitos eficazes são aqueles com garantias.

Questão 37: Infere-se que normas programáticas devem ser substituídas


pela implementação de direitos sociais.

Questão 38: Infere-se que a eficácia de princípios e normas constitucionais


está diretamente ligada aos efeitos jurídicos que produzem.

Questão 39: Infere-se que a concretização de direitos e garantias resulta de


sua proclamação na Constituição.

SESA - ES / 2011 / Superior


No Brasil, a coleta de materiais recicláveis, tais como latinhas, garrafas
pet, papelão, papel, isopor, nem sempre é vista com o respeito devido. Claro
que existem exceções, mas muita gente reclama das carroças que atrapalham
o trânsito, e, mesmo quando param para descansar ou recolher material, os
catadores são vistos com desconfiança ou desdém. O mais complicado é fazer
determinadas pessoas enxergarem nessa atividade um trabalho árduo e
extremamente útil. São homens e mulheres anônimos que contribuem para o
milagre da transformação do lixo, que entope bueiros, suja as ruas e vai parar
nos rios, em matéria útil que volta para a cadeia produtiva em forma de
insumo para novos produtos.
Mesmo com a atividade desses trabalhadores, que travam uma luta
diária pela sobrevivência, repousa, no fundo de muitos rios brasileiros, a
exemplo dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, uma colossal quantidade de
lixo composta de todo o tipo de materiais, inclusive sofás e geladeiras, e
sujeiras de toda a espécie despejados pelas pessoas. Os especialistas
consideram que uma das principais razões da ocorrência de enchentes é
exatamente a ausência de vazão dos nossos principais rios, em cujos leitos há
enorme quantidade de sedimentos.
Reinaldo Canto. Fim de ponto de coleta é
retrocesso injustificável. Internet:
<www.cartacapital.com.br> (com adaptações).
Questão 40: Depreende-se do texto que, no Brasil, parte do problema das
enchentes deve-se ao descarte indevido do lixo, o que demonstra a

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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necessidade do trabalho desenvolvido pelos catadores de lixo, atividade ainda
menosprezada por muitas pessoas.

Questão 41: Esse texto caracteriza-se como predominantemente


dissertativo-argumentativo.

SESA - ES / 2011 / Superior


A pesquisa biomédica passou do amadorismo e voluntarismo à seriedade
e ao profissionalismo necessários à projeção do Brasil no cenário mundial.
Nenhum país que pretenda ser potência mundial pode deixar de criar e
ampliar seu parque científico. As pesquisas, em geral, e a biomédica, em
particular, vêm-se beneficiando da estabilidade econômica alcançada nos
últimos quinze anos, além da criação dos fundos setoriais de ciência e
tecnologia e da consolidação do financiamento estadual pelas fundações de
apoio à pesquisa. Mas ainda falta muito a ser feito. Apesar da melhora, o
Brasil ainda tem um longo caminho a seguir para ser competitivo. Nos últimos
oito anos, o volume de recursos do Ministério da Saúde, que vem aumentando
progressivamente, aproximou-se dos 200 milhões de reais ao ano,
incentivando setores da pesquisa específicos e complementares aos que
recebem o apoio tradicional das agências de fomento.
Riad Younes. Pesquisa em saúde. Internet:
<www.cartacapital.com.br> (com adaptações).
Questão 42: Infere-se do texto que, no Brasil, a pesquisa biomédica,
importante fator de desenvolvimento científico do país, embora receba cada
vez mais recursos do poder público, ainda não atingiu o patamar ideal de
competitividade em relação aos países desenvolvidos.

Questão 43: Da afirmação contida no primeiro período do texto infere-se que


a criação e a implantação de instrumentos legais obrigaram o Estado a
exercer o seu papel regulador, o que tornou a pesquisa biomédica séria e
profissional.

TRE - ES/ 2011 / Superior


Um dos problemas mais significativos da democracia representativa
brasileira, preexistente à Constituição de 1988, mas mantido por ela, é a
distorção da representação das unidades federadas na Câmara dos
Deputados. Trata-se de assunto cuja importância e mesmo centralidade não
podem ser desprezadas: princípio basilar da democracia representativa é o
voto de cada pessoa ter o mesmo peso eletivo. O atual sistema permite que o
voto de um cidadão seja dezenas de vezes mais significativo, nas eleições
para a Câmara, do que o voto de outro. Essa situação é incompatível com o
aperfeiçoamento democrático de nosso regime político.
A Constituição brasileira (art. 45, caput) determina que a representação
dos estados na Câmara dos Deputados seja proporcional à população.
Entretanto, a seguir, estabelece piso e teto dessa representação (oito e
setenta deputados, respectivamente), que implicam a negação dessa
proporcionalidade.
Octaciano Nogueira, em trabalho a respeito do tema, parte da premissa
de que essa distorção “não é obra do regime militar, que, na verdade, se

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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utilizou desse expediente, como de inúmeros outros, para reforçar a Arena,
durante o bipartidarismo; sua origem remonta à Constituinte de 1890,
quando, por sinal, o problema foi exaustivamente debatido; a partir daí,
incorporou-se à tradição de nosso direito constitucional legislado, em todas as
subsequentes constituições; e o princípio, portanto, estabelecido durante as
fases democráticas sob as quais viveu o País e mantido sempre que se
restaurou o livre debate, subsequente aos regimes de exceção, foi
invariavelmente preservado, como ocorreu em 1946 e 1988.”
Arlindo F. de Oliveira. Sobre a representação dos estados na Câmara dos
Deputados. In: Textos para Discussão, n.º 5, abr./2004 (com adaptações).
Questão 44: A distorção referida no primeiro período do texto reside na
possibilidade de um candidato ser eleito deputado estadual com votação
inexpressiva no lugar de outro que obtenha maior número de votos.

Questão 45: Deduz-se da citação inserida no terceiro parágrafo que a


distorção mencionada no texto não faz parte do entulho autoritário gerado
pelo regime militar implantado no Brasil.

Questão 46: Depreende-se da leitura que houve oportunidades para se


corrigir a distorção mencionada no texto, mas isso não foi feito.

Questão 47: O texto contém segmentos que permitem ao leitor depreender a


opinião do autor acerca do tema tratado.

Questão 48: Para o autor, o tema da representação dos estados na Câmara


dos Deputados está vinculado ao aprimoramento da democracia
representativa brasileira.

FUB / 2010 / Médio


Há gente no Brasil interessada em importar dos Estados Unidos da
América (EUA) o Teach for America, o mais bem-sucedido programa feito para
atrair os melhores estudantes de ensino médio para a carreira de professor.
No Brasil, os professores têm saído da parte menos qualificada da pirâmide —
justamente aquela habitada por 20% dos alunos com o mais baixo rendimento
escolar do país. Qualquer iniciativa para mudar isso será mais do que bem-
vinda.
O Teach for America consegue atrair os mais talentosos alunos para a
docência oferecendo-lhes algo bem concreto. Depois de dois anos no papel de
professor de escola pública — tempo mínimo de estada no programa —, esses
jovens ingressam quase que automaticamente em algumas das maiores
empresas americanas, com as quais o Teach for America estabeleceu uma
produtiva parceria. Para as empresas, recrutar gente que passou por lá
significa encurtar o complicado processo de busca por bons profissionais. Pela
estreita peneira do programa só passam os realmente capazes. Para se ter
uma ideia, apenas os alunos de ótimo boletim têm direito à inscrição e, ainda
assim, 85% deles ficam de fora. É essa rigorosa seleção que atrai os próprios
estudantes. Sobreviver a ela é um sinal claro de excelência, algo que faz todo
mundo querer ostentar um carimbo do Teach for America no currículo.
No final, uma parcela deles acaba optando pela carreira de professor,
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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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coisa que jamais haviam pensado antes. A maioria, no entanto, acaba
deixando o programa depois dos dois anos previstos, mas não sem antes
causar um impacto gigantesco no nível do ensino. Os estudantes certamente
irão beneficiar-se desse empurrão ao longo de toda a vida escolar. Mais do
que isso: muitos dos que já passaram pelo Teach for America continuam
envolvidos com educação, em diferentes graus e áreas de atuação. Por tudo
isso, não faria mal ao Brasil trilhar caminho parecido.
Mônica Weinberg. Tomara que dê certo. Internet: <veja.abril.com.br> (com adaptações).
Questão 49: Passar pelo Teach for America implica sucesso profissional
garantido.

Questão 50: Embora a permanência do estudante no programa Teach for


America seja curta, seus efeitos contribuem para a melhoria da qualidade da
educação pública nos EUA.

Questão 51: De acordo com o texto, por ser mal remunerada e desvalorizada
perante a sociedade, a carreira de professor não tem sido uma opção para os
jovens estudantes brasileiros.

Questão 52: Ainda que o objetivo do Teach for America seja atrair os
melhores alunos para a docência, poucos optam definitivamente pela carreira
de professor.

Questão 53: Infere-se do texto que a pouca qualificação dos professores


influencia a qualidade da educação.

Questão 54: O estímulo oferecido aos estudantes pelo Teach for America é a
possibilidade de ser contratado por uma grande empresa americana.

Questão 55: Há, no texto, elementos que permitem classificá-lo como


dissertativo-argumentativo.

FUB / 2010 / Superior


Se você está lendo estas linhas, saiba que seu cérebro provavelmente
difere do de quem não foi alfabetizado. Estudos de neurociência já
demonstraram que aprender a ler, especialmente na infância, altera a
anatomia do cérebro e engrossa uma estrutura chamada corpo caloso,
responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais. Se aprender a
ler pode ter um impacto tão profundo, vários cientistas e pensadores estão se
perguntando qual será o efeito da Internet na nossa mente e na maneira
como pensamos.
Recentemente, uma série de estudos, livros e debates tem tentado
deslindar essa questão. A indicação inicial é a de que, sim, a rede está
alterando a forma como pensamos e, possivelmente, até a estrutura do
cérebro humano. Por ser um fenômeno novo — ainda não temos uma geração
que tenha sido completamente formada na era da Internet —, existem
poucos trabalhos que confirmam o impacto no nível das sinapses. Um dos
mais famosos nessa área foi realizado pelo neurocientista Gary Small, da

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
Universidade da Califórnia. Small comparou a mente de adultos com pouca
experiência em tecnologia com a de assíduos usuários da Internet. Todos
realizaram testes na própria rede. A análise mostrou maior atividade na área
de tomada de decisões e raciocínio complexo no cérebro das pessoas
acostumadas à tecnologia. Apontou também que os inexperientes, após algum
tempo, começavam a se igualar aos conectados.
Descobertas como essa vêm motivando outros cientistas e pensadores a
discutirem o assunto amplamente. Deve chegar, em breve, ao Brasil, por
exemplo, o livro The Shallows (algo como O Raso), do editor americano
Nicholas Carr, que expõe um ponto de vista mais negativo sobre o efeito da
Web. A tese central de Carr resume-se na ideia de que a natureza caótica e
descentralizada da Internet está diminuindo a nossa capacidade de
concentração e contemplação profundas.
Mao Barros e Victor Guy. A Internet e a mente. In:
Época Negócios, abr./2010, p. 82 (com adaptações).
Questão 56: Conclui-se da leitura do texto que a diferença entre o cérebro
de uma pessoa alfabetizada e o de um analfabeto é geneticamente
determinada.

Questão 57: Infere-se da leitura do texto que, no futuro, o modo de pensar


das pessoas será diferente do atual.

Questão 58: Deduz-se das informações do texto que pessoas que fazem uso
frequente da rede mundial de computadores estão aptas a ocupar cargos de
direção de empresas, dado o alto grau de desenvolvimento de sua capacidade
de tomar decisões.

Questão 59: Pesquisas científicas comprovam que o uso constante da


Internet e o aprendizado da leitura afetam, de forma análoga, o cérebro.

Questão 60: Depreende-se da leitura do texto que o cérebro de uma pessoa


alfabetizada na fase adulta não sofre alterações advindas desse aprendizado.

MPE PI - 2012 - Superior


Na era das redes sociais, algumas formas de comunicação arcaicas
ainda dão resultado. O canadense Harold Hackett que o diga. Morador da Ilha
Príncipe Eduardo, uma das dez províncias do Canadá, ele enviou mais de
4.800 mensagens em uma garrafa e recebeu 3.100 respostas de pessoas de
várias partes do mundo. De acordo com a BBC, o canadense envia as
mensagens desde 1996.
O seu método é simples. Harold utiliza garrafas de suco de laranja e se
certifica de que as mensagens estão com data. Antes de enviá-las, checa o
sentido dos ventos — que devem rumar de preferência para oeste ou
sudoeste. Algumas cartas demoraram 13 anos para voltar para ele.
As respostas vieram de regiões como África, Rússia, Holanda, Reino
Unido, França, Irlanda e Estados Unidos da América. Ele acabou fazendo
amigos com as mensagens, criando “vínculos” — recebeu até presentes e
cartões de Natal.
O canadense diz que continua adorando se comunicar dessa maneira e

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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afirma que o método chega a ser, muitas vezes, mais “eficaz” do que a
comunicação por Facebook e Twitter.
Intencionalmente, nunca coloca o número de telefone nas mensagens,
para recebê-las de volta da mesma maneira.
Amanda Camasmie. Canadense prova que comunicação em alto mar é eficaz.
In: Época Negócios. Internet: <http://colunas.epoca
negocios.globo.com> (com adaptações).
Questão 61: Depreende-se do texto que enviar mensagens por meio de
garrafas pode ser mais eficaz do que as enviar pelas redes sociais, porque
remete a tempos antigos, trazendo à tona sentimentos mais primitivos de
pertencimento.

Questão 62: O texto apresenta características narrativas e dissertativas.

Questão 63: As aspas foram empregadas no vocábulo “vínculos” (3°


parágrafo) para indicar que esse vocábulo foi utilizado no texto de forma
irônica.

MPE PI - 2012 - Superior


A lentidão e os congestionamentos são parte da realidade dos centros
urbanos. Fazer o trânsito fluir, porém, é um quebra-cabeça complexo. No
Brasil, o desafio envolve muitas variáveis, desde o número crescente da frota
de veículos e a precariedade dos transportes públicos até o comportamento
dos motoristas ao volante. Enquanto os especialistas analisam o assunto na
tentativa de apontar soluções para o problema, o Psicólogos do Trânsito, um
grupo de jovens paulistanos, decidiu levar bom humor à rua, mostrando que
um simples gesto pode melhorar o caos do trânsito.
Com a encenação de curtos espetáculos lúdicos, o grupo transforma
uma das esquinas mais movimentadas de São Paulo em palco de diversão e
alegria. Sobretudo nas noites de segunda e sexta-feira, quando invade a pista
e consegue o milagre de fazer o motorista rir mesmo encontrando-se preso
em mais um dos gigantescos engarrafamentos da cidade.
Vestidos de palhaço, eles aproveitam o tempo dos carros parados no
semáforo para cumprir essa missão. Com cartazes educativos, ocupam a faixa
de pedestres, fazem performances e brincam com os motoristas. Muita gente
fecha o vidro do carro. No fim da apresentação de apenas um minuto, os
jovens erguem uma faixa com a frase “Um dia sem sorrir é um dia
desperdiçado”, de Charlie Chaplin. Em geral, nessa hora, o comportamento
dos estressados muda: abrem o vidro, buzinam, acenam e seguem pelo
trajeto descontraídos.
Fabíola Musarra. Psicólogos da rua. In: Planeta,
nov./2011, p. 70-73 (com adaptações).
Questão 64: O texto mostra que pequenas atitudes praticadas por cidadãos
comuns podem colaborar para a melhoria do trânsito — hoje considerado um
problema difícil de ser solucionado.

Questão 65: Infere-se do texto que motoristas estressados no trânsito


conseguem se descontrair com as brincadeiras dos palhaços do grupo
Psicólogos do Trânsito. Assim, a missão do grupo é atingida: distribuir bom
humor.

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
MPE PI - 2012 - Superior
As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana são, desde o
início, inteiramente marcadas pelo jogo. Como, por exemplo, no caso da
linguagem, esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim
de poder comunicar, ensinar e comandar. É a linguagem que lhe permite
distinguir as coisas, defini-las e constatá-las, em resumo, designá-las e com
essa designação elevá-las ao domínio do espírito. Na criação da fala e da
linguagem, brincando com essa maravilhosa faculdade de designar, é como se
o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas
pensadas. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e
toda metáfora é jogo de palavras. Assim, ao dar expressão à vida, o homem
cria outro mundo, um mundo poético, ao lado do da natureza. O puro e
simples jogo constitui, nesse contexto, uma das principais bases da
civilização.
Johan Huizinga. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura.
São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 7-8 (com adaptações).
Questão 66: Infere-se do penúltimo período do texto que o homem expressa
o significado da vida por meio da poesia.

Questão 67: O autor argumenta que o jogo é uma das principais bases da
civilização, contrariando a ideia corrente de que a sociedade é embasada na
linguagem.

MTE 2009 – Agente Administrativo


1 Grupo Móvel — O Sr. se lembra quando o Grupo esteve aqui antes?
Jacaré — Hum! Olha, acho que faz uns oito anos...
Grupo Móvel — Saiu um monte de gente, por que o Sr. não saiu?
Jacaré — É, saiu um monte de gente, mas o patrão pediu para ficar e eu
5 fiquei.
Grupo Móvel — O que o Sr. fez com o dinheiro da indenização que
recebeu na época?
Jacaré — Construí um barraquinho... Comprei umas vaquinhas...
Grupo Móvel — Depois disso, o Sr. recebeu mais alguma coisa?
10 Jacaré — Não, não recebi mais nada, além de comida. Ele disse que eu
teria de pagar pelo dinheiro que recebi.
Grupo Móvel — Mais nada?
Companheira de Jacaré — Ele diz que a gente ainda está devendo e não
deixa tirar nossas vacas, diz que são dele. Até as leitoas que pegamos no
15 mato ele diz que são dele.
Grupo Móvel — Por que o Sr. continua trabalhando?
Companheira de Jacaré — Porque ele não quer ir embora sem receber
nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar.
Grupo Móvel — Quantos anos o Sr. tem?
20 Jacaré — Tenho 64 anos.
Grupo Móvel — E trabalha para ele há quantos anos?
Jacaré — Faz uns 30 anos.
Grupo Móvel — O Sr. pede dinheiro para ele?
Jacaré — Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha, não precisa

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
25 pedir.
O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, enfim, foi resolvido.
Ele foi retirado da fazenda em Xinguara, no Pará. O Grupo Especial Móvel
de Combate ao Trabalho Escravo do MTE abriu para ele uma caderneta de
poupança, onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas,
30 cerca de R$ 100 mil.

Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações).


Questão 68: O que faz de Eduardo Silva objeto de interesse da ação do Grupo
Móvel é o fato de que o trabalhador optou por trabalhar sem receber a
remuneração correspondente, conforme se depreende do trecho “o patrão
pediu para ficar e eu fiquei” (linhas 4 e 5).

Questão 69: Na linha 8 do texto, o diminutivo empregado em “barraquinho” e


“vaquinhas” tem valor subjetivo.

Questão 70: No trecho “Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha,
não precisa pedir” (linhas 24 e 25), Jacaré apresenta sua concepção acerca das
relações de trabalho entre os homens.

Questão 71: Os sinais de pontuação utilizados no texto — o travessão, os


pontos de interrogação, as reticências e a exclamação — estão relacionados ao
tom de oralidade que predomina no texto.

Questão 72: Por suas características estruturais, é correto afirmar que o texto
em análise é uma descrição.

Questão 73: TRE - AP / 2007 / Médio


Jornal do Comércio — O voto aberto nos processos de cassação
poderia mudar o destino dos acusados?
Schirmer — Não sei se o voto aberto mudaria o resultado final. O que
ele mudaria seria a responsabilidade individual. Porque, com a votação aberta,
você é responsável pelo seu voto. Votando sim ou não, você assume a
responsabilidade pelo voto dado. Com o voto fechado, a responsabilidade é
difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem e, sendo assim, todos
carregam o ônus do resultado da votação. O voto fechado é muito ruim
porque quem sai perdendo é a própria instituição. Em vez de você falar mal de
um ou de outro deputado, você acaba penalizando a instituição.
Jornal do Comércio, 17/4/2006.
Assinale a opção correta quanto à compreensão e à tipologia do texto.
(A) Por estar estruturado em duas partes, compreendendo uma pergunta e
uma resposta, o texto pode pertencer ao gênero entrevista.
(B) Na pergunta feita pelo Jornal do Comércio, predomina a descrição dos
processos de cassação.
(C) O parágrafo que contém a resposta de Schirmer possui estrutura
predominantemente narrativa, porque o falante explica como se
processam as atividades de cassação de eleitos.
(D) O segundo parágrafo do texto é estruturalmente argumentativo, porque

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
apresenta, primeiro, os aspectos favoráveis ao voto em aberto e, em um
segundo momento, os aspectos desfavoráveis dessa modalidade de
votação.
(E) O primeiro e o segundo parágrafos têm a mesma estrutura textual e a
mesma tipologia: são dissertativos.

ANNEL / 2010 / Médio


Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) estima que, nos próximos quatro anos, os investimentos na indústria
brasileira chegarão a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311
bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu 2009, pois ainda
não dispõe de dados consolidados do ano passado).
O estudo aponta forte concentração dos investimentos na exploração de
petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas, especialmente, na cadeia
econômica ligada ao óleo, como a indústria naval e a de fabricação de
plataformas. Trata-se de um investimento que estimula outros setores da
economia.
Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em setores voltados
para atender à demanda interna, entre os quais o automobilístico.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
Questão 74: Trata-se de texto subjetivo e pessoal, em que o autor explicita
sua opinião individual.

Questão 75: Infere-se das informações do texto que o investimento na


exploração de combustíveis fósseis e na cadeia econômica associada a essa
atividade influencia o desenvolvimento de outras áreas da economia.

MPE PI - 2012 - Superior


1 Observou-se, ao longo da história, não uma condenação, mas uma
espécie de cortina de silêncio iniciada com Platão, cujo veto ao riso atingiu
indiretamente o legado de Demócrito (nascido em 460 a.C.), chamado de
“o filósofo que ri”. Infelizmente, da lavra de Demócrito pouco restou. O
5 rastilho daquele lampejo que fez o cérebro do filósofo brilhar após a
gargalhada apagou-se no mundo medieval. A valorização cristã do
sofrimento levou a um desprezo geral pelo riso. Por conta desse renitente
veto ao riso, figuras pouco conhecidas foram desaparecendo da sisuda
história da filosofia. Com algumas exceções, filósofos sisudos e sérios se
10 esquecem de que os mecanismos de compreensão e recompensa tanto
dos conceitos filosóficos quanto das piadas são construídos da mesma
matéria. Em uma explanação filosófica ou em uma anedota, o que o
ouvinte mais teme é ser enganado. Neste caso, o “quem ri por último ri
melhor” é apenas outra versão da frase que diz: “Quem ri por último não
15 entendeu a piada”. A revelação que as piadas ou frases de duplo sentido
proporcionam é um dos insights de maior efeito entre as pessoas. O que
os filósofos chamam de “iluminação”, os humoristas intitulam “solavanco
mental” da anedota.
A capacidade de rir surge inerente ao homem, mas o sentimento do
20 humor é raro, pois envolve a capacidade de a pessoa se distanciar de si
mesma. “Eu sempre rio de todo mundo que não riu de si também.” Esse
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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
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foi o dístico que Friedrich Nietzsche sugeriu escrever em sua porta, em A
Gaia Ciência. Frase típica de um filósofo gaiato. Literalmente.
Elias Thomé Saliba. Na cortina de silêncio. In: CartaCapital. Ano
XII, n.º 673, 23/11/2011, p. 82-3, (com adaptações).
Questão 76: Segundo o texto, a frase ‘quem ri por último ri melhor’ (linhas
13 e 14) tem o mesmo sentido quando aplicada tanto a explanações filosóficas
quanto a anedotas.

Questão 77: Depreende-se do texto que a habilidade necessária para


compreender desde a mais complexa explanação filosófica até a mais simples
piada é a mesma.

Questão 78: O autor utiliza a frase de Nietzsche ‘Eu sempre rio de todo
mundo que não riu de si também’ (linha 21) como argumento a favor da ideia
de que a capacidade de rir é inerente ao homem.

PM Ceará - 2012 - Médio


Considerando as ideias, a estrutura e a tipologia do texto abaixo, que constitui
um verbete de enciclopédia, julgue os itens a seguir.
1 SOLDADO DESCONHECIDO. Após a Primeira Guerra Mundial,
autoridades dos países aliados verificaram que os corpos de muitos
soldados mortos em combate não podiam ser identificados. Os governos
da Bélgica, França, Grã-Bretanha, Itália e Estados Unidos da América
5 decidiram homenagear, de forma especial, a memória desses soldados.
Cada governo escolheu um soldado desconhecido como símbolo, enterrou
seus restos mortais na capital nacional e ergueu um monumento em honra
do soldado.
A Bélgica colocou seu soldado desconhecido em um túmulo na base da
10 Colunata do Congresso, em Bruxelas. A França enterrou seu soldado
desconhecido embaixo do Arco do Triunfo, no centro de Paris. A Grã-
Bretanha enterrou o seu na abadia de Westminster. O soldado
desconhecido da Itália jaz defronte ao monumento a Vítor Emanuel I, em
Roma.
15 No Brasil, os 466 mortos brasileiros integrantes da Força Expedicionária
que haviam sido enterrados, após a Segunda Guerra Mundial, no cemitério
militar de Pistoia, na Itália, foram transportados em urnas para o Brasil,
em aviões da Força Aérea Brasileira, em 11 de dezembro de 1960. As
urnas chegaram ao Rio de Janeiro em 16 do mesmo mês, ficando expostas
20 à visitação pública no Palácio Tiradentes. No dia 22 de dezembro, os
restos mortais dos heróis foram trasladados para o Monumento Nacional
aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
Enciclopédia Delta Universal. Rio de Janeiro:
Editora Delta, s/d, v. 13, p. 7.384 (com adaptações).
Questão 79: Esse verbete se organiza em três tópicos, na seguinte ordem
temática: primeiro – como surgiu a ideia de se homenagear o soldado
desconhecido; segundo – como o fizeram alguns países; terceiro – como o fez
o Brasil.

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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)
PROFESSOR TERROR
Questão 80: O texto, que se caracteriza, quanto à tipologia, como a descrição
dos sentidos da expressão “soldado desconhecido”, está em consonância com
os verbetes de dicionários e enciclopédias.

GABARITO

1. C 2. E 3. E 4. E 5. C 6. C 7. E 8. C 9. E 10. B
11. E 12. C 13. E 14. E 15. A 16. C 17. E 18. E 19. C 20. B
21. C 22. C 23. C 24. E 25. E 26. C 27. C 28. E 29. C 30. E
31. E 32. E 33. E 34. C 35. E 36. E 37. E 38. C 39. E 40. C
41. C 42. C 43. E 44. E 45. C 46. C 47. C 48. C 49. E 50. C
51. E 52. C 53. C 54. C 55. C 56. E 57. C 58. E 59. E 60. E
61. E 62. C 63. E 64. C 65. C 66. E 67. E 68. E 69. C 70. C
71. C 72. E 73. A 74. E 75. C 76. E 77. C 78. E 79. C 80. E

Controle de desempenho:
Quantidade de acertos (QA): + _____
Quantidade erros (QE): – _____
Total (To=QA-QE): _______
Porcentagem ( x 100): ______
80 (quantidade de questões da aula)
Só passe para a aula seguinte, se você tiver índice maior que 80%.

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