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Aula 02
Olá, pessoal!
O título desta aula é bem grande e seus componentes não são estanques, isto é, um
complementa a ideia do outro e eles se inter-relacionam. Assim, você não verá cada elemento
numa parte da aula, mas procurarei falar de todos de forma bem didática e com foco na prática,
tentando mostrar como tal assunto pode cair na sua prova.
Como este assunto não é muito explorado pela banca FCC, tomei a liberdade de inserir
questões de várias bancas.
Começando com a explicação do último deles, muitas vezes, nós nos deparamos na escrita com a
repetição de vocábulos. Essa repetição pode ser intencional ou não.
Um dos princípios fundamentais da coerência/coesão de um texto é a necessidade de se repetir,
em seu desenvolvimento linear, elementos anteriores. Mas, se por um lado as repetições são
inevitáveis, por outro devem ser feitas sob determinadas condições, a fim de não tornar o texto
deselegante ou monótono.
Em termos gerais, a repetição de palavras só é considerada um problema na composição de um
texto sob algumas condições, expostas a seguir.
a) Quando há proximidade entre os vocábulos repetidos:
Oscar tinha um sítio. Um dia Oscar resolveu viajar.
b) Quando os vocábulos são rigorosamente os mesmos, sem qualquer expansão ou redução e
mesmo sem variação de gênero ou número:
O tráfico de animais silvestres constitui prática ilegal. Para coibir a prática ilegal, as autoridades
responsáveis montam barreiras nas estradas, para impedir as tentativas de exportar os animais
silvestres.
c) Quando ocorre em número excessivo:
Sempre gostei das viagens de ônibus, mas atualmente considero as viagens de ônibus uma
verdadeira provação, pois o que vem caracterizando as viagens de ônibus é uma profusão de ruídos
de toda espécie, o que torna as viagens de ônibus um desafio aos nervos de um pacato passageiro.
Ainda assim, em alguns casos especiais (textos publicitários, literários, ditados populares), a
repetição não é vista como deficiência, quando há a intenção, por motivo de ênfase ou estilo:
Quem bebe cerveja alemã, não bebe outra cerveja; quem bebe cerveja dinamarquesa, bebe
qualquer cerveja; quem bebe cerveja inglesa não gosta é de cerveja.
Também no caso de o termo repetido estar sendo usado em outro sentido, a repetição não é vista
como um problema textual:
Quem casa quer casa.
De acordo com as palavras de Othon M. Garcia, “se a repetição resultante da pobreza de
vocabulário ou de falta de imaginação para variar a estrutura da frase pode ser censurável, a
repetição intencional representa um dos recursos mais férteis de que dispõe a linguagem para
realçar as ideias:
Tudo se encadeia, tudo se prolonga, tudo se continua no mundo (O. Bilac)”
As repetições intencionais tornam-se mais enfáticas, quando observam o paralelismo. Os
sermões de Padre Antônio Vieira abundam em construções deste tipo:
Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o cisne é negro; se com amor, o
demônio é formoso; se com ódio, o anjo é feio; se com amor, o pigmeu é gigante.
(“Sermão da quinta-feira” Padre Antônio Vieira)
A repetição da estrutura “Se...com...”→ “o...é...” mostra uma cadência, um ritmo que
embala as frases. Assim, há exemplo clássico de repetição intencional, também chamado de
reiteração.
Portanto, sem um tom estilístico, sem intencionalidade, a repetição não é bem vista na língua
culta.
O autor do texto tem a possibilidade de escolher vários recursos que evitam esta repetição, os
quais serão vistos adiante:
2. COESÃO REFERENCIAL
O presidente dos Estados Unidos reuniu-se com os assessores imediatos a fim de verificar a
melhor estratégia de enxugamento da dívida pública. O chefe da nação mais poderosa do planeta
sabe que o período é muito crítico.
Perceba que a palavra “chefe” é sinônima contextual de “presidente” e a expressão “nação
mais poderosa do planeta” é sinônima contextual de “Estados Unidos”. Assim, o texto fica mais
elegante, seguindo os padrões da norma culta.
2.2 hipônimos e hiperônimos:
A palavra que apresenta um significado mais abrangente é chamada de hiperônimo. O
prefixo “hiper” dá a noção de generalização. Já a palavra que especifica o sentido é chamada de
hipônimo. O prefixo “hipo” transmite o valor de especificação.
Assim, algumas vezes preferimos retomar uma palavra ou expressão anterior por outra de
valor mais específico ou mais generalizante.
2.3. Pronomes:
Os pronomes são elementos de coesão por princípio, pois retomam ou projetam elementos
no texto. Veja:
Ana Clara realizou uma prova ontem. Ela não havia levado seu material de estudo, então
pediu a um amigo que morava perto de sua casa que o trouxesse à faculdade, pois todo o resumo
se encontrava nele.
Perceba que o pronome pessoal “Ela” retomou “Ana Clara”. O pronome possessivo “seu”,
além de fazer subentender a preposição “de”, retoma “Ela” (=material dela). O pronome relativo
“que” se refere ao vocábulo “amigo” (amigo morava...). O pronome “sua” novamente retoma “Ela”
(casa dela). Os pronomes “o” e “nele” fazem referência à expressão “material de estudo”.
Com isso, podemos perceber o papel crucial dos pronomes na retomada de palavras. Essa
referência ao que foi dito anteriormente é chamada de recurso anafórico ─ recurso muito
utilizado.
Mas ele também pode projetar o sentido, isto é, fazer uma abertura para depois inserir o
elemento. Veja:
Ana já soube de sua nota: cinco.
A nota de Ana foi esta: cinco.
Preciso de algo: descanso.
Chamamos isso de recurso catafórico. Não temos que decorar os nomes, mas saber
identificar a quem o nome se refere, quem ele retoma e quem ele projeta. Para tal, basta lermos
com calma o texto e confirmarmos os dados nele.
Verifique essa coesão referencial em um texto da prova de Analista de Finanças e Controle
(STN) 2008:
2.3.1. Os pronomes demonstrativos devem ser estudados com especial atenção, pois são divididos
em anafórico e catafórico, os quais trabalham a coesão referencial, por retomar palavra ou
expressão dita anteriormente e referenciar-se a termo posterior, respectivamente.
Os pronomes demonstrativos são este, esta, isto; esse, essa, isso; aquele, aquela, aquilo;
tal; semelhante; próprio; mesmo; o; a. Os pronomes isto, isso, aquilo são invariáveis.
a. Em uma citação oral ou escrita, usa-se “este, esta, isto” para o que ainda vai ser dito ou
escrito (recurso catafórico), e “esse, essa, isso” (recurso anafórico) para o que já foi dito ou
escrito.
A verdade é esta: o Brasil será campeão.
O Brasil será campeão. A verdade é essa.
Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos anteriormente citados, usa-se “este,
esta, isto” em relação ao que foi mencionado por último e “aquele, aquela, aquilo”, em relação ao
que foi nomeado em primeiro lugar.
(A, B. Este, aquele)
Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é de domínio destes sobre aquele.
Os filmes brasileiros não são tão respeitados quanto as novelas, mas eu prefiro aqueles a
estas.
b. O, a, os, as são pronomes demonstrativos, quando equivalem a isto, isso, aquilo ou
aquele(s), aquela(s).
Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele falou)
Tudo o que aconteceu foi um equívoco. (aquilo que aconteceu)
A que apresentar o melhor texto será aprovada. (aquela que apresentar)
c. Tal, tais podem ter sentido próximo ao dos pronomes demonstrativos ou de semelhante,
semelhantes:
Os dois estão casados há 50 anos. Tal amor não se encontra facilmente.
Embora tenha sido o mentor do plano, ele nunca admitiu tal fato.
d. Da mesma forma, semelhante, semelhantes são demonstrativos quando equivalem a tal,
tais:
O Brasil ficou em choque com a tragédia na Região Serrana do Rio de janeiro. Não se
veriam semelhantes catástrofes se os projetos urbanísticos municipais fossem
eficazes ou, pelo menos, existissem.
Para o romano, o mundo dos prodígios ficava a Ocidente. Semelhante tradição vinha
de longe, através dos escritores gregos, sobretudo de Platão” (Aquilino Ribeiro).
e. Mesmo, mesmos, mesma, mesmas; próprio, próprios, própria, próprias são
demonstrativos quando têm o sentido de "idêntico", "em pessoa":
Não é possível continuar insistindo nos mesmos erros.
Ela própria deve fiscalizar a mercadoria que lhe é entregue.
2.3.2. Coesão referencial com o pronome relativo “que”:
Este pronome inicia uma oração subordinada adjetiva e serve para retomar um substantivo
anterior.
Conversei com o fundador da instituição que cuida de crianças carentes.
Perceba que o pronome relativo “que” retoma o substantivo “instituição”. Assim, quando
lemos “que”, entendemos “instituição” e então teríamos: “a instituição cuida de crianças
carentes”. Veja:
Conversei com o fundador da instituição que cuida de crianças carentes.
Note que “Algumas leis” é o sujeito da locução verbal “deverão ser revistas” e o pronome
relativo “que” (ou “as quais”) é o sujeito do verbo “estão”. Quando se lê “que” ou “os quais”,
devemos entender o substantivo “leis”: leis estão em vigor no país.
2.4. Coesão referencial com advérbios ou locuções adverbiais:
Os advérbios e locuções adverbiais também podem posicionar o lugar ou tempo de um
termo no discurso, como recurso anafórico ou catafórico:
Fui a Brasília. Lá é um lugar de oportunidades!
Venha ao Rio de Janeiro e se encante com as praias daqui!!!
Em 1822, o Brasil começava sua caminhada à liberdade política. Desde então, a estratégia
pela permanência da soberania é constante, seja política, seja econômica.
2.5. Coesão referencial com numeral:
Basicamente a coesão referencial com numeral ocorre com os ordinais “primeiro”, “segundo” e
“terceiro”, por ser natural querermos retomar e dar sequência a elementos enumerados de uma
forma mais organizada e lógica. Assim, podemos fazê-lo da seguinte forma:
Na teoria dos Múltiplos Fluxos, de acordo com Kingdon, para que uma demanda se torne parte da
agenda do governo, deve haver a convergência de três fluxos: o primeiro é o fluxo dos problemas,
que consiste em um conjunto de situações que os cidadãos desejam ver incluídas na agenda. O
segundo é o fluxo da política, que expressa o consenso construído pela negociação. O terceiro é o
fluxo das políticas públicas, que consiste em ideias que competem para ganhar aceitação.
2.6. Coesão referencial com artigo:
O artigo definido é determinante de um substantivo já conhecido e normalmente já
mencionado no texto. Assim, é natural (não é regra) que insiramos um substantivo na primeira vez
sem artigo ou com artigo indefinido. Em seguida, ao queremos retomar aquela informação,
inserimos o artigo definido.
Veja:
Uma empresa de produtos agrícolas iniciou seus trabalhos com equipamento de última
geração no Sul do Brasil. A empresa já lucrou, somente nos dois primeiros anos, mais do que as da
região Sudeste juntas.
Na primeira vez que o substantivo “empresa” surgiu no texto, ocorreu com o artigo
indefinido “uma”. Na sequência, ela foi retomada juntamente com o artigo definido “a”. Logo em
seguida, percebemos que houve a omissão de um substantivo por meio da inserção do artigo “as”.
Assim, evidenciamos duas formas de coesão do artigo: especificando o substantivo
anteriormente expresso ou o ocultando para evitar repetição desnecessária.
Muitas vezes, para evitar a repetição viciosa, basta omitir o vocábulo que está se repetindo,
desde que ele fique facilmente subentendido. Isso é chamado de elipse. Veja:
Gustavo foi à casa de sua mãe. Ficou por lá uns oito dias.
Antes do verbo “ficou” subentende-se “Gustavo”, então por omissão realizamos a coesão.
4. A PROGRESSÃO TEXTUAL
O que você viu anteriormente, quanto aos elementos de coesão, é o que basicamente a sua
prova vai cobrar. Porém, estão previstas no edital as metarregras, as quais apresentam algumas
particularidades de coesão e que na realidade reforçam tudo o que vimos até aqui.
O linguista francês Michel Charolles prioriza a coerência e trata a continuidade sequencial
do texto a partir de duas dimensões: uma coerência microtextual e uma coerência macrotextual.
A primeira é relativa à linearidade textual local que leva em conta a ordem e as relações de
segmentação dos elementos linguísticos e constitutivos do texto. A segunda diz respeito à
construção global do texto como um todo integrado, resultante do sentido local entre orações,
períodos e parágrafos. Ele propõe ainda que, para a existência dessas duas coerências, é
necessário que o texto aponte quatro metarregras: a repetição, a progressão, a não-contradição e
a articulação.
A repetição está relacionada à unidade do texto, garantida pela permanência no seu
desenvolvimento, de elementos constantes. No plano coesivo, a repetição é assegurada pela
retomada de referentes e de ideias ao longo do discurso. Essa retomada pode ser feita pela
repetição intencional das palavras, como vimos na coesão recorrencial, ou por meio de sinônimos,
hiperônimos, hipônimos, pronome, numeral, artigo, como vimos na coesão referencial.
A progressão está relacionada à coesão sequencial, isto é, aos elementos que transmitem a
sequência de ideias novas que vão se somando com lógica no discurso e você verá isso na prática
na análise do texto a seguir:
A locomotiva de Marx
De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação
entre justiça e liberdade, haverá intempéries de amplo espectro. Nesse sentido, a intolerância
religiosa no Brasil fere não somente preceitos éticos e morais, mas também constitucionais
estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma, observa-se que a liberdade de crença
nacional reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo histórico, seja pelo descumprimento
de cláusulas pétreas.
Mormente, ao avaliar a intolerância religiosa por um prisma estritamente histórico, nota-se
que fenômenos decorrentes da formação nacional ainda perpetuam na atualidade. Segundo Albert
Einstein, cientista contemporâneo, é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito
enraizado. Sob tal ótica, é indubitável que inúmeras ojerizas religiosas, presentes no Brasil
hodierno possuem ligação direta com o passado, haja vista os dogmas católicos amplamente
difundidos no Brasil colônia do século XVI. Assim, criou-se ao longo da historiografia, mitos e
concepções deturpadas de religiões contrárias ao catolicismo, religião oficial da época, instaurou-
se, por conseguinte, o medo e as intolerâncias ao diferente. Desse modo, com intuito de atenuar
atos contrários a prática da religiosidade individual, cabe ao governo, na figura do Ministério da
De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação
entre justiça e liberdade, haverá intempéries de amplo espectro. Nesse sentido, a intolerância
religiosa no Brasil fere não somente preceitos éticos e morais, mas também constitucionais
estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma, observa-se que a liberdade de crença
nacional reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo histórico, seja pelo descumprimento
de cláusulas pétreas.
dos sequenciadores “Sob tal ótica”, “haja vista”, “Assim”, “por conseguinte” e “Desse modo”.
Veja:
com líderes religiosos, a fim de instruir, imparcialmente, seus alunos acerca da variabilidade e
tolerância religiosa. Apenas sob tal perspectiva, poder-se-á respeitar a liberdade e combater a
intolerância de crença no Brasil, pois como proferido por Karl Marx: as inquietudes são a
locomotiva da nação.
Agora entramos em duas metarregras que não apresentam correlação com os elementos de
coesão vistos anteriormente: a não contradição e a relação.
A metarregra da não contradição não permite de uma mesma perspectiva afirmar uma
situação e o contrário dela ao mesmo tempo. Incoerências podem ocorrer devido a
impropriedades no vocabulário, à inconstância quanto à escolha da pessoa do discurso ou à falta
de relação clara entre as ideias e os tempos verbais. Alguns desses problemas estruturais estão
presentes em textos como:
“O futuro nos passa invisível diante de nós”.
Esta frase nos mostra uma incoerência, uma contradição. Ora, se o tempo é futuro, ele
ainda não passou, ele não está passando. É algo ainda a se esperar. É este tipo de contradição que
devemos evitar numa relação textual. Vejamos outra:
“O ensino tradicional da língua materna parte do pressuposto invisível de que o aluno
simplesmente não pode aprendê-la”.
Ora, o pressuposto é a base de entendimento, por isso não pode ser invisível, não pode
deixar de ser notado. Este é mais um exemplo de que não foi observado o princípio da não
contradição no texto.
Assim, a não contradição prima pela coerência entre as informações, como se vê no
seguinte exemplo:
“Ana é uma excelente servidora pública, pois não falta ao trabalho sem justo motivo, porta-se
sempre de maneira impecável no tratamento ao público, conquistando o respeito e admiração dos
colegas, dos chefes e do grande destinatário de seus serviços: o público.”
Note que Ana é considerada uma excelente servidora pública e na sequência houve
elementos de confirmação dessa informação, como não faltar ao trabalho sem justo motivo,
portar-se sempre de maneira impecável no tratamento ao público e com isso conquistando o
respeito e admiração de todos.
A metarregra da relação demanda a percepção da significação textual pelo conhecimento
de mundo do leitor. Assim, fatores externos vão influenciar o entendimento textual.
Leia a charge abaixo:
http://www.ufjf.br
Entendemos a charge a partir de significações externas, isto é, do nosso conhecimento de
mundo neste contexto.
No Brasil, há uma corrente que deseja a diminuição da maioridade penal para 16 anos e isso
é sugerido na primeira fala (“Agora os dimenó também vão podê ser presos”).
Compreendemos a segunda fala e a coerência da charge, por percebermos a crítica à
injustiça social no Brasil, pois a classe de baixa renda ainda é muito vitimizada.
Assim, é o contexto externo que nos motiva ao entendimento do texto.
Veja outra:
“Enquanto Kim Jong-um e Donald Trump travarem suas desavenças por Twitter, nada há a temer”
O GLOBO, julho de 2017.
Entendemos essa afirmação, porque sabemos pelos noticiários da batalha de ofensas entre
o presidente dos Estados Unidos e o Primeiro Ministro da Coreia do Norte, o que leva a uma
sombria possibilidade de uma guerra nuclear.
Bom, resumindo as metarregras, temos o seguinte:
Metarregra de repetição: você deve repetir determinados elementos linguísticos como palavras,
por exemplo, sem, no entanto, exagerar nessa repetição. Como evitar a repetição? Substituindo
palavras, indo em busca de sinônimos, lançando mão de um recurso linguístico chamado ‘elipse’,
ou seja, determinada palavra fica subentendida.
Metarregra de progressão: talvez a mais perfeitamente compreendida, porque tem a ver com a
capacidade que você precisa demonstrar como redator: você precisa ter a capacidade de
demonstrar que de fato o seu texto avança. Ou seja, a cada momento você terá de inserir uma
informação nova, senão o seu texto não anda.
Metarregra de não contradição: não afirme algo em um determinado trecho e depois caia em
contradição. Se você fizer isso, você acabará confundindo o seu leitor a ponto de fazê-lo perguntar
“Afinal de contas, ele defende ou nega essa ideia?”.
Metarregra de relação: ela tem a ver com essa necessidade de você trazer aquele mundo exterior
pra dentro do seu texto, demonstrando sua capacidade de representá-lo. Fatos, situações
quaisquer, personagens, postos no mundo exterior precisam ser captados ou representados pelo
seu texto.
Gabarito: C
III - Relações textuais de substituição lexical por meio da retomada: por sinônimos, hiperônimos e
caracterizadores situacionais.
IV - Relações textuais de substituição por elipse.
V - Por associação por procedimentos de seleção lexical e substituição de palavras
semanticamente diferentes e distantes.
Está CORRETA a alternativa:
(a) III, IV e V.
(b) II, III e IV.
(c) I, II, III e IV.
(d) II, IV e V.
(e) I, IV e V.
Comentário: Esta é uma questão bem didática, pois são conceitos que reforçam o que já vimos nos
elementos de coesão. Assim, é como se estivéssemos partindo para um resumo.
A primeira afirmação está correta, pois vimos que os elementos de coesão reiteram as
informações por procedimentos de repetição, os quais são realizados por meio de paráfrase,
paralelismo ou repetição propriamente dita de unidades do léxico e gramatical.
A segunda, terceira e quarta afirmações estão corretas, pois podemos retomar palavras ou
expressões por meio de pronomes, advérbios, sinônimos, hiperônimos, caracterizadores
situacionais ou pela simples omissão de palavra: a elipse.
Mas a quinta afirmação está errada, simplesmente porque a seleção lexical faz com que
substituamos palavras de mesmo sentido, para evitar a repetição, conforme vimos na coesão
referencial.
Assim, a alternativa (C) é a correta.
Gabarito: C
clareza. Isso nada tem a ver com a coerência, pois esta se encontra no campo da lógica textual e
confirmada pelos elementos de coesão textuais.
Assim, fica evidente o erro na alternativa (E).
Gabarito: E
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é,
mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de
vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja,
para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo
isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
(Luiz Fernando Veríssimo)
“Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do
tempo”.
O segundo parágrafo do texto 2 entra em coesão com o anterior pela:
(A) repetição de uma mesma estrutura;
(B) referência a um termo anterior por meio do pronome “los”;
(C) referência a um trecho anterior por meio de “o que”;
(D) repetição do numeral “dois” por meio da palavra “dobro”;
(E) continuidade do uso de um mesmo tipo de variação linguística.
Comentário: Não se nota neste segundo parágrafo nenhuma palavra que faça referência direta ao
período anterior. Na realidade, a repetição da expressão “todos os dias” e da conjunção “E”
iniciando o período é que marca a coesão entre esses parágrafos. Veja:
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo
potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para
prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o
dobro do tempo.
Gabarito: A
(C) reiteração;
(D) intensificação;
(E) redundância.
Comentário: A repetição tem um tom enfático, por ser uma reiteração da informação. Por isso, a
alternativa correta é a (C).
Gabarito: C
Na alternativa (E), não houve a repetição de vocábulos, mas a retomada de uma informação
anterior por meio de um pronome átono, pois “o” retoma “o dia”.
Gabarito: B
e) satisfação.
Comentário: A palavra “consternação” significa “grande tristeza”, “pesar profundo”,
“contristação”, “dor”, “desolação”.
Assim, consternação tem relação com insatisfação em relação à informação dada. Por isso,
eliminamos as alternativas (C), pois resignação significa aceitação, submissão a alguma ideia; e (E),
pois “satisfação” é o oposto do vocábulo do texto.
Assim, ficamos com as possibilidades de sinônimo com as palavras “indignação”, “irritação”
e “comoção”.
Veja que, neste contexto, não se notam palavras que demonstrem a ideia de nervosismo.
Na realidade, há um envolvimento de pesar. Dessa forma, as alternativas (A) e (B) se excluem e a
alternativa (D) é a correta, pois “comoção” tem relação emocional, isto é, a noção de pesar a
respeito da informação dada.
Gabarito: D
Confirme:
“Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas de
Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem tentasse
fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de uma morte certa.
Pagou bem caro pela sua atitude humanitária”.
Gabarito: B
Gabarito: B
estava cansada de passar pela vergonha de encontrar um conhecido, lembrar o que haviam
comido na última vez em que jantaram juntos, mas não ter a mínima ideia de como se chamava o
cidadão. Queria entender a razão por que se pegava parada em frente a um armário sem saber o
que tinha ido buscar. Ela não entendia como o mesmo cérebro que lhe causava lapsos de memória
tão evidentes decidira, nos últimos tempos, presenteá-la com habilidades de raciocínio igualmente
surpreendentes. Ela sentia que, simplesmente, “sabia das coisas”, mas, ao mesmo tempo, se
exasperava com a quantidade imensa de nomes e referências que pareciam estar sumindo na
neblina da memória. Como pode ser?
Assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas, nas seguintes afirmações sobre elementos do texto.
( ) “ela” (linha 4) refere-se à “atriz famosa” (linha 3).
( ) “Essa” (linha 9) e “Ela” (linha 10) referem-se à mesma coisa.
( ) “cidadão” (linha 22) refere-se a “conhecido” (linha 20).
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
A) V – V – V.
B) V – F – F.
C) F – V – V.
D) F – F – V.
E) V – V – F.
Comentário: A primeira afirmação está correta, pois o pronome “ela” realmente faz referência à
expressão “atriz famosa”, haja vista que podemos entender do contexto que “Depois, some o
nome dos filmes que essa atriz famosa fez.
A segunda afirmação também está correta, pois ambos os pronomes se referem à “parte
chata de um cérebro que bateu na meia-idade”. Veja que “Essa” é o sujeito e o termo “a parte
chata de um cérebro que bateu na meia-idade” é seu predicativo. Assim, o verbo de ligação “é”
indica que um termo se refere a outro. Além disso, pelo contexto, entendemos que essa parte
chata de um cérebro que bateu na meia-idade vem junto com muitas piadas e uma dose elevada
de ansiedade em relação ao futuro. Isso comprova que tanto o pronome “Essa” quanto o pronome
“ela” se referem à mesma informação. Confirme:
Essa, você já sabe – ou vai descobrir dentro de algumas décadas –, é a parte chata de um cérebro
que bateu na meia-idade. Ela vem junto com muitas piadas e uma dose elevada de ansiedade em
relação ao futuro.
A terceira afirmação também é verdadeira, haja vista que o substantivo “cidadão” está
precedido do artigo “o”, o que evidencia que tal cidadão já havia sido anunciado anterior, o que
ocorreu por meio da expressão “um conhecido”.
Assim, a alternativa correta é a (A).
Gabarito: A
A alternativa (C) é a correta, pois o pronome “nos” refere-se aos leitores do texto (as
histórias falam aos leitores sobre gratidão).
A alternativa (D) está errada, pois o pronome “sua” refere-se à expressão “algumas
histórias”.
A alternativa (E) está errada, pois o pronome “nossas” refere-se aos leitores do texto.
Observação: É claro que os pronomes “nos” e “nossas” englobam tanto os leitores quanto o autor
do texto, pois ele este se inclui no grupo. Mesmo a alternativa (C) afirmando que há referência a
“leitores”, esse faz parte do grupo de leitores e autor, por isso não deixa de estar correta, ok?!
Gabarito: C
Na alternativa (B), a palavra “vítima” é empregada com valor anafórico, pois faz referência à
expressão “um jovem”.
Na alternativa (C), a palavra “rapaz” é empregada com valor anafórico, pois faz referência à
expressão “um jovem”.
Na alternativa (D), a palavra “criminoso” é empregada com valor anafórico, pois faz
referência à expressão “um assaltante”.
Na alternativa (E), o pronome relativo “que” é empregado com valor anafórico, pois faz
referência ao substantivo “registros”.
Veja:
“No início do mês, um assaltante matou um jovem em São Paulo com um tiro na cabeça,
mesmo depois de a vítima ter lhe passado o celular. Identificado por câmeras do sistema de
segurança do prédio do rapaz, o criminoso foi localizado pela polícia, mas – apesar de todos os
registros que não deixam dúvidas sobre a autoria do assassinato – não ficará um dia preso”.
Gabarito: A
“Uma das mais antigas (corporações de mídia pública) em operação é a BBC do Reino Unido,
criada nos anos 20 do século passado.”
Gabarito: C
transmitir consequência. Isso também ocorreu nesse segmento do texto, pois tal conjunção se
ligou à expressão “a tal ponto”. Assim, a alternativa correta é a (D).
Gabarito: D
Agora, eu lhe faço uma pergunta: você consegue entender o texto abaixo?
http://simoneduarte.com.br/charge-politica-2
Este texto tem uma intenção comunicativa, isto é, ele tem um propósito comunicativo. O
texto provoca o leitor quanto à política no Brasil, em que a criança de aparência alegre vislumbra a
riqueza por meio da política, mas a mãe, consciente da ética e da moralidade, de aparência
pesarosa, prefere o filho idôneo, mesmo que pobre.
Esta é uma mensagem clara contra a “roubalheira” na política atual no Brasil e o texto
veicula esse protesto, esta falta de ética.
O que acabamos de perceber aqui foram os aspectos intrínsecos, isto é, a essência
informativa do texto.
Mas o autor poderia ter feito esta mesma crítica à política do Brasil por meio de um outro
tipo ou gênero textual. Poderia ele fazer uma crítica à política com um texto como o seguinte:
“A população não se sente representada por quem elegeu e por quem está no
poder. Os números sugerem o aparecimento de uma consciência crítica, uma
característica sofisticada, na qual temos a democracia como ideal, mas nos sentimos
livres para criticá-la de forma madura”, disse Moisés.
O cientista político afirmou que “as pessoas querem restaurar o princípio da
representação política e querem eleger representantes que de fato estejam
conectados às causas comuns”. Ele disse também que o desejo da população é por
mecanismos de aproximação com os representantes. “Os políticos estão legislando
distantes da população. A impressão que eles acabam passando é de que defendem
apenas os próprios interesses. Esse comportamento é entendido como um problema
da nossa democracia.”
http://politica.estadao.com.br
Neste outro texto, a ideia também é mostrar que a classe política não é muito respeitada no
Brasil e que precisa de condutas éticas. Porém, a forma textual foi outra. Há, agora, um texto
dissertativo e as informações estão comprovadas por meio de dados de pesquisa, da fala de
autoridades no assunto. Neste texto, não há imagem, há um ajuntamento maior de informações,
com a devida ampliação argumentativa e comprovação.
Assim, percebemos os aspectos extrínsecos, isto é, a forma (agora um texto dissertativo) e
estilo (linguagem objetiva, clara, com comprovações da argumentação).
Veja o próximo texto:
Certamente você já percebeu que a essência comunicativa deste texto (aspecto intrínseco)
é mostrar que fumar é proibido. A forma textual (aspectos extrínsecos) é a placa, um texto não
verbal.
Texto 2
A Lua! Ela não tarda aí, espera!
O mágico poder que ela possui!
Sobre as sementes, sobre o Oceano impera,
Sobre as mulheres grávidas influi...
Ai os meus nervos, quando a Lua é cheia!
Da Arte novas concepções descubro,
Todo me aflijo, fazem lá ideia!
Ai a ascensão da Lua, pelo Outubro!
Tardes de Outubro! ó tardes de novenas!
Para atingir o fim comunicativo com clareza e objetividade, há que se evitar o uso de uma
linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida de que um texto marcado por
expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico,
tem sua compreensão dificultada, pois naturalmente isso prejudicaria o entendimento por parte
daqueles que não se encontram no mesmo nicho social ou profissional.
Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é
extremamente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e pode
eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a
língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a
permanência, e vale-se apenas de si mesma para comunicar.
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que
dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de determinado padrão
de linguagem que incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer
jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos,
há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a
empregamos.
Os textos que primam pela objetividade, clareza e concisão requerem o uso do padrão
culto da língua, pois neste padrão de linguagem se observam as regras da gramática formal e se
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma.
É importante ressaltar que o uso do padrão culto decorre do fato de que ele está acima das
diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das
idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por
todos os cidadãos.
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, desde que
não seja confundida com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica
10. Reescreva o texto a seguir de modo a eliminar as palavras que dispensáveis. Faça as
alterações necessárias.
Marcus Nadrus explicou que as vitórias-régias foram retiradas do lago porque muitas foram
devoradas por traíras que tinham sido colocadas ali exatamente para comer caramujos que
prejudicavam as lindas plantas aquáticas, que são atração do parque. Esse complicado
ecossistema, que tem funcionado bem nos cento e oitenta anos de existência do Jardim
Botânico, não resistiu às chuvas de março, que quase arrasaram o parque.
Resposta: Marcus Nadrus explicou terem sido as vitórias-régias retiradas do lago porque
muitas foram devoradas por traíras colocadas ali exatamente para comer caramujos
prejudiciais às lindas plantas aquáticas, atração do parque. Esse complicado ecossistema,
funcionando bem nos cento e oitenta anos de existência do Jardim Botânico, não resistiu às
chuvas de março, que quase arrasaram o parque.
12. Todos os exercícios até agora propostos visavam à redução extensiva do texto através da
substituição de palavras ou expressões longas por outras mais curtas, de mesmo sentido.
Agora faremos a redução seletiva, ou seja, passaremos a suprimir do texto elementos que
consideremos desnecessários ou de mau gosto. Reescreva os parágrafos a seguir eliminando
os pormenores sem importância textual e as redundâncias.
a) Estamos envolvidos no processo de fazer uma comparação entre a capacidade de
raciocínio mental do homem de hoje, do século XXI, com a capacidade de raciocínio mental
do homem do século XV.
b) O Conselho Estadual de Educação define quinta-feira próxima, em reunião, o aumento
das escolas particulares de Ensino Fundamental e de Ensino Médio da rede privada do estado
para o primeiro semestre deste ano.
c) A princípio era praticamente improvável que Brizola pudesse vencer as eleições de
1982.
d) A televisão leva os candidatos para dentro da casa dos eleitores, facilitando a
comunicação entre ambas as partes.
e) O Tribunal Superior Eleitoral procedeu a uma verdadeira investigação na vida dos
candidatos.
f) O pequeno cãozinho demonstrava afeto e carinho por seu dono.
g) O cavalo corria pela areia e, enterrando as patas no solo fofo e macio, tinha dificuldade
em perseguir o cão.
Respostas: a. Estamos envolvidos em fazer uma comparação entre o raciocínio do homem de
hoje e o do século XV. b. O Conselho Estadual de Educação define quinta-feira o aumento das
escolas particulares do estado para o primeiro semestre. c. A princípio era improvável que
Brizola vencesse as eleições de 1982. d. A tevê leva os candidatos à casa dos eleitores,
facilitando a comunicação. e. O Tribunal Superior Eleitoral investigou a vida dos candidatos. f.
O cãozinho demonstrava afeto por seu dono. g. O cavalo corria pela areia e, enterrando as
patas, tinha dificuldade em perseguir o cão.
14. Indique a ideia central de cada texto a seguir, escrevendo-a num espaço máximo de duas
linhas.
a) Frequentemente desejo que a expressão “ciência aplicada” não tivesse sido inventada. Ela
sugere a existência de uma espécie de conhecimento científico de uso prático, que pode ser
estudado separadamente de uma outra espécie, que não é de utilidade prática, denominada
“ciência pura”. Mas não há nada mais falso do que isso. O que se denomina ciência aplicada
não é nada mais do que a aplicação da ciência pura a tipos particulares de problemas.
b) Quando se compara o sucesso financeiro de duas firmas da mesma espécie, não dizemos
simplesmente que a firma de maior lucro é a de maior sucesso. O que comparamos não é o
lucro isoladamente, mas os ganhos relativos ao total de investimentos. Ou seja, se P e I
representam respectivamente o lucro e o investimento, o valor do quociente P/I serve para
medir o sucesso financeiro relativo.
Sugestões de resposta: a. Ciência pura e ciência aplicada é uma distinção enganadora, pois
sugere que a ciência pura não é útil. b. O sucesso financeiro de duas firmas é medido pelo
quociente entre lucro e investimento.
Questões comentadas
Gabarito: A
A alternativa (B) possui uma oração explicativa (“quando os homens usavam apenas arados,
espadas e algumas ferramentas”) desnecessária para o entendimento do texto, além de repetir o
vocábulo “homens”.
Na alternativa (C), perceba a repetição da palavra “muitos”. Além disso, note que a
expressão “era ele que lhes” é desnecessária, pois sua retirada preserva o sentido no texto.
Na alternativa (D), perceba a repetição da expressão “Naquela época” e “céu”,
desnecessariamente.
Note que a alternativa (E) ampliou alguns trechos e não resumiu o principal.
Gabarito: E
Cada núcleo verbal constitui uma oração. Assim, um período constituído de apenas um
núcleo verbal é chamado de período simples, já o período constituído de dois ou mais núcleos
verbais é o período composto.
A organização leva ao sucesso. (período simples)
A motivação é importante para o estudo, o qual é uma alavanca social. (período composto)
Com esses princípios, minha intenção é que você note que só podemos finalizar um
segmento com ponto final quando ele tiver sentido completo, isto é, se ele for uma frase ou um
período sintático.
Assim, devemos notar que um período ou uma frase transmitem uma declaração, uma
afirmação, uma indagação, uma emoção sobre algo.
Observando o parágrafo abaixo, será que só cabe mesmo uma frase?
A Constituição Federal de 1988 define que todos são iguais perante a lei e que, como
consequência do princípio da igualdade, os desiguais devem ser desigualmente tratados, dessa
forma, são legítimos alguns privilégios a determinado grupo de pessoas, as pessoas com
deficiência, por exemplo, têm direito a isenções fiscais, a uma percentagem de vagas no serviço
público, a vagas prioritárias em estacionamentos etc, tudo isso configura grandes avanços para a
sociedade.
Como o parágrafo é constituído de apenas uma frase bem longa, para evitar que ele fique
cansativo e pouco claro, podemos separá-lo em quatro segmentos distintos:
A Constituição Federal de 1988 define que todos são iguais perante a lei e que, como
consequência do princípio da igualdade, os desiguais devem ser desigualmente tratados. Dessa
forma, são legítimos alguns privilégios a determinado grupo de pessoas. As pessoas com
deficiência, por exemplo, têm direito a isenções fiscais, a uma percentagem de vagas no serviço
público, a vagas prioritárias em estacionamentos etc. Tudo isso configura grandes avanços para a
sociedade.
A primeira frase é chamada de ideia-núcleo, ou tópico-frasal, haja vista que ela transmite a
essência argumentativa do parágrafo:
A Constituição Federal de 1988 define que todos são iguais perante a lei e que, como consequência
do princípio da igualdade, os desiguais devem ser desigualmente tratados.
Em seguida, há uma segunda frase que amplia e discute a ideia anterior:
Dessa forma, são legítimos alguns privilégios a determinado grupo de pessoas.
A terceira frase insere um exemplo que confirma a ideia veiculada na segunda oração:
As pessoas com deficiência, por exemplo, têm direito a isenções fiscais, a uma percentagem de
vagas no serviço público, a vagas prioritárias em estacionamentos etc.
A última frase é um arremate do parágrafo, uma consideração final, uma conclusão a que se
chega.
Tudo isso configura grandes avanços para a sociedade.
Assim, podemos perceber que o parágrafo defende uma ideia-força no texto e está
constituído de quatro períodos sintáticos, os quais se encontram coordenados entre si,
acumulando informações, dando-lhes um encadeamento.
As orações coordenadas são justamente aquelas entendidas como independentes,
autônomas, por isso elas podem ser separadas em períodos diferentes, mantendo a coesão, a
clareza do texto.
Como devemos evitar frases extremamente longas, um caminho fácil e prático é procurar
orações coordenadas para segmentá-las em períodos distintos.
Veja mais um parágrafo com frase longa. Divida-o em três frases distintas:
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que
não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria, talvez hoje ele
percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é
uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento, com isso, surge a
problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja
pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
Bom, vimos que podemos evitar frases longas apenas observando as orações coordenadas e
as isolando em frases ou períodos distintos. Agora, falaremos da clareza.
Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor.
Contribuirá a indispensável releitura de todo texto redigido. A ocorrência de trechos
obscuros e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua
correção.
Na revisão de um texto, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que
adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes
faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite,
desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e abreviações e os
conceitos específicos que não possam ser dispensados.
O oposto de clareza é a ambiguidade. Assim, conhecer a ambiguidade nos leva a evitá-la
para deixar o texto mais claro.
A ambiguidade ocorre quando há mais de uma possibilidade de interpretação de um trecho
do texto.
A ambiguidade pode ser um vício gramatical ou fruto de uma intenção do autor, como em
textos literários, publicitários, etc. Assim, a ambiguidade deve ser evitada somente nos casos em
que sua ocorrência seja involuntária e prejudique a clareza de um texto que necessite de apenas
uma interpretação, como em correspondências oficiais, declarações etc.
A ambiguidade pode ser de natureza semântica (polissêmica) ou estrutural. No primeiro
caso, ela apresenta mais de um sentido; no segundo caso, ocorre devido a problemas de
construção.
A ambiguidade derivada da polissemia do vocábulo pode ser evitada pelo esclarecimento
maior do contexto ou pela substituição do vocábulo polissêmico por outro de sentido equivalente.
Já, quanto às causas estruturais, mais comuns são indicadas a seguir:
a) Difícil distinção entre agente e paciente:
A preparação da empresa não atingiu as expectativas.
(A empresa se preparou mal ou foi mal preparada?)
b) Mau uso da coordenação:
Pedro e Paulo vão desquitar-se.
(Era uma união homossexual desfeita ou cada um se desquitou de sua mulher?)
c) Má colocação de palavras:
O aluno enjoado saiu da sala.
(O aluno é chato ou ficou com enjoo?)
d) Mau uso de pronomes relativos:
Conheci o prefeito e o local de que gosto.
(Gosto somente do local ou do prefeito e do local?)
e) Não distinção de pronome relativo e conjunção integrante:
O jogador falou com a secretária que mora perto daqui.
(Ele falou que mora perto daqui ou é a secretária que mora perto daqui?)
f) Mau uso de possessivos:
João encontrou Maria e lhe disse que sua prima estava doente.
(A prima era de João ou de Maria?)
Observação: esta é a forma mais cobrada em concurso.
Uma leitura atenta normalmente elimina a maioria dos problemas de ambiguidade no texto,
os quais são solucionados pelo deslocamento ou substituição de segmentos. Assim, o texto fica
mais claro e objetivo. Vamos praticar um pouco:
Respostas:
a) Viaje com a Companhia de aviação que gosta de viajar.
Viaje na companhia de alguém que lhe seja agradável.
b) Na velocidade dos carros de hoje, apoiem-se!
Na velocidade dos carros de hoje, façam seguro.
c) Qualidade que se saboreia! Qualidade que se comprova!
d) Vá de sapatos à escola. Vá com entusiasmo à escola.
e) Aqui damos importância ao povo (ao gosto popular)!
Aqui damos importância ao tipo de comida mais popular da Itália.
i) Encha seu filho de bofetadas!
Encha seu filho de biscoitos!
3. Uma forma de evitar a ambiguidade semântica é criar uma expectativa de sentido que
reduza a possibilidade de dupla significação.
Tomemos como base a seguinte frase:
“O rapaz esqueceu a lima na mesa.”
Naturalmente, ficaríamos na dúvida: lima seria uma fruta ou uma ferramenta? Somente a
ampliação do contexto ou uma mudança de palavras poderia evitar tal ambiguidade.
Assim, se, em lugar de rapaz (hiperônimo: sentido geral), colocarmos feirante (hipônimo:
sentido específico), nenhum leitor entenderá aí o sentido de ferramenta, concorda????
Se quiséssemos mostrar que lima seria a ferramenta, poderíamos trocar rapaz por
marceneiro.
(“O feirante esqueceu a lima na mesa/balcão.”: lima=fruta)
(“O marceneiro esqueceu a lima na mesa/bancada.”: lima=ferramenta)
Respostas: a) O ministro demitiu ou foi demitido? b) O ministério criou algo ou foi criado? c)
Eu indiquei alguém ou fui indicado? d) O personagem criou algo ou o personagem foi criado?
e) A tribo dividiu ou foi dividida? f) A empresa preparou algo ou foi preparada? g) O Iraque
invadiu ou foi invadido? h) Ele descreveu ou foi descrito?
6. Indique as ambiguidades das frases a seguir, causadas pelo uso indevido da coordenação.
a) João e Maria vão casar-se.
b) Eu e ela viemos de carro.
c) João e Pedro são amigos.
d) José e ela compraram uma bicicleta.
e) Costa e Silva e Carvalho jogarão hoje.
Respostas: a) Casam-se um com o outro ou cada um com seu par? b) Em um só carro ou cada
um no seu? c) Ambos são meus amigos ou são amigos um do outro? d) Cada um comprou
uma bicicleta ou os dois compraram uma bicicleta em conjunto? e) São três nomes? (Costa,
Silva, Carvalho) ou dois? (Costa e Silva, Carvalho / Costa, Silva e Carvalho).
Respostas: a) Julgou errado; outro réu. b) Professora inglesa; literatura inglesa. c) Piloto
chato; levantou voo passando mal. d) Comprou rapidamente; o carro é rápido. e) A sala já
estava vazia; a sala ficou vazia. f) Criticou com critério arbitrário; exibida com critério
arbitrário. g) Guarda fiel e valente; cachorro fiel e valente.
8. Indique as ambiguidades das frases a seguir, decorrentes do mau uso dos pronomes
relativos.
a) Vi o livro e a autora de que gosto.
b) Tenho um trabalho para entregar ao professor, que me deixa preocupado.
c) Estou fazendo um livro para a editora, que me ocupa o dia inteiro.
d) Há um ano comprei uma casa com um vistoso portão, que venderei agora.
e) Trata-se de um estudo sobre Machado de Assis, cuja leitura recomendo.
f) Falo de Pedro, filho de nosso vizinho, que você conhece bem.
a) Metáfora
b) Hiperonímia
c) Ambiguidade
d) Metonímia
e) Conotação
Comentário: A atribuição de mais de um sentido a uma palavra ou expressão pode gerar confusão
de intenção comunicativa, isto é, gera pouca clareza comunicativa: ambiguidade. Assim, a
alternativa que preenche a lacuna é a (C).
Gabarito: C
(CAMARGO, J. E.; SOARES, L. No país das placas malucas. São Paulo: Panda Books, 2011. p.7.)
40.
É correto afirmar que o problema da placa reside
a) na inadequação da concordância verbal, explorada também nos versos.
b) na ambiguidade do pronome, que pode se referir ao animal ou ao condutor.
c) no mau uso da crase, explorado e corrigido nos versos.
d) na ambiguidade provocada pela inversão das orações.
(CAMARGO, J. E.; SOARES, L. No país das placas malucas. São Paulo. Panda Books, 2011. p.23.)
41.
Com base nos textos, assinale a alternativa correta.
a) Com a supressão da informação sobre o nome da cidade, poderia ser dito que há na faixa mais
de uma ambiguidade.
b) O fato de o pronome da frase estar no masculino indica que o dia é de São Cristóvão,
desfazendo a ambiguidade.
c) O fato de o pronome da faixa ter sido utilizado no masculino é responsável pela ambiguidade na
faixa.
d) A ambiguidade deixaria de existir na faixa se o termo “mulheres” fosse substituído por
“devotas”.
e) O nome da cidade é decisivo para criar ambiguidade na faixa.
Comentário: A informação do nome da cidade (São Cristóvão) e do estado (SE) faz o leitor
entender que a expressão “de São Cristóvão” se refere à cidade, e não ao santo. Assim, não
havendo a informação sobre a cidade após os versos, naturalmente ocorre uma primeira
ambiguidade.
42.
Com base na placa, na faixa e nos poemas, considere as afirmativas a seguir.
I. Tanto nos versos sobre a placa quanto nos versos sobre a faixa, há referências a ambiguidades.
II. Nos dois conjuntos de versos, o poeta ridiculariza a distância entre as intenções dos autores da
placa e da faixa e os textos produzidos.
III. Os versos iniciados por “só não sei...”, em ambos os poemas, apontam a solução para uma
das ambiguidades presentes tanto na placa quanto na faixa.
IV. O uso indevido do gênero (masculino/feminino) e do número (singular/plural) do pronome
possessivo trouxe, a ambos os textos, ambiguidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Comentário: Note que esta questão englobou tanto a placa e os versos da penúltima questão
quanto a faixa e os versos da última questão.
A frase I está correta, pois percebemos facilmente que os versos das duas questões
anteriores comentam com bom humor a ambiguidade da placa e da faixa, respectivamente.
A frase II está correta, pois justamente há humor por comentar que a intenção do autor da
placa e da faixa foi uma, mas levou a mais outra interpretação. Assim, há um distanciamento entre
a intenção comunicativa e os textos produzidos na placa e na faixa.
A frase III está errada, pois a expressão “só não sei” indica que há ambiguidade, e não sua
solução.
A frase IV está errada, pois os pronomes “suas” e “seu” estão corretamente flexionados por
concordarem com seus substantivos posteriores “fezes” e “dia”, respectivamente.
Assim, a alternativa (A) é a correta.
Gabarito: A
A frase II está correta, pois podemos entender que há dois complementos para o verbo
“têm”, que são os termos “mais árvore” e “uma planta exclusiva”.
A frase III está correta, pois este slogan utilizou a ambiguidade intencionalmente, a fim de
transmitir dois sentidos ao substantivo “planta”: “árvore” e “representação gráfica de uma
projeção arquitetônica” (tema do anúncio).
A frase IV está errada, pois se entende da primeira frase (“Nossos bosques têm mais
árvore.”) que a valorização ecológica do empreendimento imobiliário é um recurso também
utilizado pelos concorrentes do ramo. Porém, este empreendimento é ainda melhor neste quesito.
Assim, a alternativa (D) é a correta.
Gabarito: D
alternativa não afirmou nada sobre mudança de sentido original, como ocorreu na alternativa
anterior. Por isso está correta.
A alternativa (D) está errada, pois, para ser sintaticamente subordinado ao substantivo
“futuro”, o vocábulo “presente” tem que ser adjetivo, como ocorreu na alternativa anterior.
A alternativa (E) está errada, pois o texto não tem a intenção de ironia, pois há uma
propaganda e tal inversão traria uma desvalorização do produto. Veja:
“O presente está aqui, futuro pra você. Emissora Y Digital, sinal de qualidade pra você.”
De acordo com esta inversão, quem comprasse este produto estaria no passado!!!!! Então,
não poderia haver “qualidade”, concorda??? Por isso, não cabe a inversão com intenção irônica.
Gabarito: C
Pela placa acima já conseguimos perceber que prolixo é o oposto da concisão, ou seja, é
falar demais, em excesso. É ser bem pouco objetivo ao que se fala ou escreve.
É também conhecida como verborragia e consiste não apenas em explicitar em demasia, em
detalhar superfluamente, em acrescentar ideias já claramente expressas (pleonasmo propriamente
dito) ou implicitamente subentendidas, logicamente deduzíveis, mas também em sobrecarregar a
frase com adjetivos e advérbios, com acumulação de sinônimos e repetição de palavras sem
qualquer efeito enfático.
A tendência deste tipo de produção é abusar da escrita, da prorrogação desnecessária do
discurso, é a superabundância de argumentos e de palavras. Isso não é bom, pois o texto fica
confuso, monótono, entediante.
O escritor não sabe a hora de parar, de pontuar, tampouco consegue organizar as ideias de
maneira concisa e clara.
É óbvio que não devemos omitir informações importantes ao leitor, fundamentais para a
compreensão do assunto abordado. Mas a falta de objetividade ocasiona repetição de vocábulos e
de ideias que, consequentemente, originam o texto prolixo.
Não enfatizamos aqui a quantidade, mas sim a qualidade textual!
A seguinte frase, por exemplo, é abusivamente, ingenuamente redundante:
Conforme a última deliberação unânime de toda a Diretoria, a entrada, a frequência e a
permanência nas dependências deste Clube, tanto quanto a participação nas
suas atividades esportivas, recreativas, sociais e culturais, são exclusivamente privativas dos seus
sócios, sendo terminantemente proibida, seja qual for o pretexto, a entrada de estranhos nas
referidas dependências do mesmo.
Fazendo uma exclusão dos elementos desnecessários, poderíamos ter o seguinte:
Conforme a última deliberação da Diretoria, a entrada nas dependências deste Clube são privativas
dos seus sócios.
Note que a afirmação de a decisão ser unânime não é importante para quem lê. O que
importa é a proibição e neste caso com base na decisão da diretoria do clube.
Além disso, se é unânime, contou com a decisão de todos. Assim, a expressão “toda a” é
redundante.
7 – OBJETIVIDADE TEXTUAL
Vimos anteriormente a prolixidade e a verbosidade, vícios que são opostos à objetividade textual.
Escrever com objetividade não se vincula somente à rapidez na composição da mensagem, mas
também à maneira como expomos nossas ideias. Ser objetivo significa ser preciso no uso de
termos, evitando assim ambiguidades e excessos linguísticos.
Os clichês, chavões e frases feitas, sobre os quais comentaremos adiante, são recursos aos quais
frequentemente recorremos. Quando fazemos isso, dificilmente analisamos a real eficiência desses
“cacoetes” para a trama do texto, os quais são, na maioria das vezes, estruturas incipientes e
vazias de sentido.
O texto objetivo é aquele que prima pela eficiência da informação mais diretamente
possível, evitando alongamentos desnecessários. Enfim, objetividade textual é ir diretamente ao
foco, ao ponto central da informação textual. Complementamos isso com o tópico seguinte.
Na terceira frase, há uma crítica aos políticos, os quais são chamados de corruptos. Mas será
que todos os são? Será que isso ajuda na credibilidade do argumento, que deve ser impessoal,
racional e objetivo? Atacar ofensivamente não é uma forma inteligente de argumentar. Deve-se
atentar quanto aos fatos, de forma racional e comprobatória. Aí sim se dá peso à argumentação.
Ao final desta terceira frase, o autor emprega a expressão categórica “só o que se vê é
descaso”. Será que é só isso que é visto mesmo? Sabemos do caos na política pública de saúde,
mas não se pode generalizar como se nada estivesse sendo feito. Isso demonstra uma fragilidade
na argumentação, pois o ponto de vista do autor se mostra mais pela emoção do que pela razão.
O arremate do parágrafo, isto é, o segmento “a esperança é a última que morre” é uma
frase pronta, feita, a qual serve para usar para várias e várias situações. Assim, ela é considerada
clichê, vazia de comprovações, de fundamentação argumentativa.
O clichê pode se manifestar de várias maneiras. Veja:
1. Frases prontas: são as frases e construções repetidas à exaustão. Exemplos: “fechar com chave
de ouro”, “obra faraônica”, “voltar à estaca zero”, “era uma vez”.
Também são incluídos os ditos populares, como “a pressa é inimiga da perfeição”.
2. Expressões: Não necessariamente são escritas sempre do mesmo modo, mas a ideia é sempre a
mesma. Exemplos: “a população precisa ser conscientizada”, “a natureza deve ser preservada”, “o
homem deve parar de fazer guerras”.
3. Senso comum: são as ideias prontas, já muito batidas, mas transmitidas como verdade
incontestável. Entram aqui os estereótipos. Exemplo: “todos os políticos são corruptos”, “asiáticos
são inteligentes”.
É preciso ficar atento, porque às vezes o senso comum e a generalização podem reproduzir
preconceitos: “muçulmanos são terroristas”, “portugueses são burros”, “mulheres dirigem mal”.
O uso dos chavões deixa o texto vazio, com pouco sentido, e demonstra falta de habilidade
do autor em formular seu próprio argumento.
Othon Moacir Garcia, em seu livro Comunicação em Prosa Moderna, fala bastante a
respeito da boa argumentação e suas formas, justamente para evitar o pensamento superficial e a
frágil argumentação.
Declarações, apreciações, julgamentos, pronunciamentos expressam opinião pessoal,
indicam aprovação ou desaprovação. Mas sua validade deve ser demonstrada ou provada. Ora, só
os fatos provam; sem eles, que constituem a essência dos argumentos convincentes, toda
declaração é gratuita, porque infundada, e, por isso, facilmente contestável.
O pronunciamento “Fulano é ladrão” vale tanto quanto a sua contestação: “Não, Fulano não
é ladrão”. E nenhum dos dois convence. Limitando-se apenas a afirmar ou negar sem
fundamentação, isto é, sem a prova dos fatos, que são, grosso modo, especificações em que se
apoiam as generalizações traduzidas em pronunciamentos, os interlocutores acabam travando um
“bate-boca” estéril. Nenhum dos dois convence porque ambos expressam opinião pessoal,
certamente não isenta de prevenções ou preconceitos.
Respeitável ou não, essa opinião ou julgamento terá de ser posta de quarentena... até que
seja provado o que se nega ou se afirma. Sua validade é muito relativa; num caso como esse, nem
se pode invocar aquilo que se costuma chamar de “testemunho autorizado”, vale dizer, uma
opinião abalizada, uma opinião de quem, pela reputação baseada no saber e na experiência,
merecesse tal crédito, que a prova dos fatos se tornasse desnecessária ou supérflua. Nenhum dos
interlocutores seria mais convincente se declarasse que “Fulano é ladrão porque Beltrano disse
que é”. Se, entretanto, afirmasse que “Fulano é ladrão porque foi preso em flagrante quando
assaltava a Joalheria Esmeralda, na madrugada de anteontem”, sua declaração teria muito maior
grau de credibilidade, pois estaria apoiada num fato observado, comprovado ou comprovável. Isso
é prova, isso é que constitui a evidência dos fatos. Só isso convence e põe fim ao pingue-pongue
do “é ladrão”, “não é ladrão”.
Em suma: toda declaração (ou juízo) que expresse opinião pessoal ou pretenda estabelecer
a verdade só terá validade se devidamente demonstrada, isto é, se apoiada ou fundamentada na
evidência dos fatos, quer dizer, se acompanhada de prova. Mas há certas ordens de declarações
que prescindem de prova:
I quando a declaração expressa uma verdade universalmente aceita;
II quando é evidente por si mesma (axiomas, postulados);
III quando tem o apoio de autoridade (testemunho autorizado).
I - Relações textuais de reiteração por procedimentos de repetição por meio de recursos como:
paráfrase, paralelismo ou repetição propriamente dita de unidades do léxico e gramatical.
II - Relações textuais de substituição gramatical com os recursos coesivos de retomada por
pronomes ou advérbios.
III - Relações textuais de substituição lexical por meio da retomada: por sinônimos, hiperônimos e
caracterizadores situacionais.
IV - Relações textuais de substituição por elipse.
V - Por associação por procedimentos de seleção lexical e substituição de palavras
semanticamente diferentes e distantes.
Está CORRETA a alternativa:
(a) III, IV e V.
(b) II, III e IV.
(c) I, II, III e IV.
(d) II, IV e V.
(e) I, IV e V.
4. (UNIFAP / UF AM Revisor de Textos – 2013)
O processo de coesão textual também pode ocorrer por estabelecimento de relações sintático
semânticas entre termos, orações, períodos, parágrafos e blocos supraparágrafos. Essa conexão
pode ocorrer por meio dos mais diversos conectores textuais e discursivos (KOCH, 2002).
De acordo com essa afirmação, NÃO é correto utilizar, como recurso, nesse processo:
(a) Preposições.
(b) Conjunções.
(c) Apenas conjunções e preposições.
(d) Advérbios.
(e) Locuções adverbiais.
5. (UNIFAP / UF AM Revisor de Textos – 2013)
Sobre coerência textual e discursiva NÃO se pode afirmar que:
(a) Ocorre por repetição, pois passa a ideia intuitiva que temos acerca da continuidade do texto;
por progressão semântica e por não-contradição, pois está relacionada aos “quadros
cognitivos”.
(b) O limite da coerência é a funcionalidade do que é dito, os efeitos pretendidos, em função dos
quais se escolhe as formas enunciativas de dizer.
(c) A coerência é uma propriedade que tem a ver com as possibilidades de o texto funcionar como
um elemento comunicativo por meio da interação.
(d) Não se pode avaliar a coerência de um texto sem levar em conta a forma como as palavras
aparecem, ou a ordem de organização dos segmentos.
(e) É uma propriedade estritamente linguística, que tem por bases unicamente determinações
gramaticais da língua.
6. (UFG / Assembleia Legislativa GO Taquígrafo – 2013)
Analise o parágrafo que segue, retirado do livro 1889, de Laurentino Gomes.
“Em 1800, uma viagem oceânica entre a Inglaterra e a Índia, contornando o cabo da Boa
Esperança, no sul da África, demorava sete meses. No final do século, graças aos navios a vapor
inventados em 1807 pelo americano Robert Fulton e à abertura do canal de Suez, no mar
Vermelho, em 1869, esse tempo havia se reduzido para apenas duas semanas. Às vésperas da
Primeira Guerra Mundial, em 1914, a extensão de ferrovias nos quatro principais países envolvidos
no conflito ─ Grã-Bretanha, França, Alemanha e Rússia ─ era de aproximadamente 200 mil
quilômetros, equivalente à metade da distância entre a Terra e a Lua. Nessa mesma época, o
número de carros e caminhões trafegando pelas estradas do continente europeu era superior a 2
milhões.”
A ordenação de ideias adotada pelo autor para explicar a evolução dos meios de transporte é feita
por meio da combinação de duas formas, que são:
(A) contraste e enumeração.
(B) tempo e espaço.
(C) causa e consequência.
(D) enumeração e espaço.
7. (FGV / TCE SE – Analista de Tecnologia – 2015)
Exigências da vida moderna
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo
potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para
prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o
dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é,
mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de
vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja,
para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo
isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
(Luiz Fernando Veríssimo)
“Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do
tempo”.
O segundo parágrafo do texto 2 entra em coesão com o anterior pela:
(E) Dividir o dia em três partes é uma criação engenhosa, mas dividirem-no assim atende a
interesses dos patrões.
10. (VUNESP / UNESP Assistente Administrativo – 2016)
Uma palavra que substitui a expressão destacada em – A iniciativa começou com frutos e legumes,
mas, pouco a pouco, está se expandindo. –, sem alteração de sentido, é:
a) subitamente.
b) paulatinamente.
c) repentinamente.
d) provavelmente.
e) impreterivelmente.
11. (VUNESP / UNESP Assistente Administrativo – 2016)
Fragmento do texto: Quando a economia muda de direção, há variáveis que logo se alteram,
como o tamanho das jornadas de trabalho e o pagamento de horas extras, e outras que
respondem de forma mais lenta, como o emprego e o mercado de crédito. Tendências negativas
nesses últimos indicadores, por isso mesmo, costumam ser duradouras.
Daí por que são preocupantes os dados mais recentes da Associação Nacional dos Birôs de
Crédito, que congrega empresas do setor de crédito e financiamento.
Segundo a entidade, havia, em outubro, 59 milhões de consumidores impedidos de obter novos
créditos por não estarem em dia com suas obrigações. Trata-se de alta de 1,8 milhão em dois
meses.
Causa consternação conhecer a principal razão citada pelos consumidores para deixar de pagar
as dívidas: a perda de emprego, que tem forte correlação com a capacidade de pagamento das
famílias.
Na passagem do 4º parágrafo – Causa consternação conhecer a principal razão citada pelos
consumidores... –, o termo em destaque é sinônimo de
a) indignação
b) irritação.
c) resignação.
d) comoção.
e) satisfação.
12. (FGV / Funarte – Assistente Administrativo – 2014)
“Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas de Hitler invadiram
o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem tentasse fugir do nazismo.
Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de uma morte certa. Pagou bem caro pela
sua atitude humanitária”.
sentimento tranquilo que não parece amor e algo assustador que talvez seja, muitas vezes ficamos
com o primeiro. Somos românticos de meia-pataca. Não achamos que o sofrimento é sublime. Os
românticos do século XVIII estavam dispostos a morrer pelo que sentiam. Achavam lindo. Nós
também, nos filmes. Na vida real, queremos estar dispostos na manhã de segunda-feira para
correr e trabalhar. Somos gente prática.
O medo de amar é coisa mais séria e sutil. Talvez devêssemos procurar por ele em nós
mesmos e nas pessoas com quem nos envolvemos. Sempre me lembro de um amigo que tinha
uma namorada, mas achava que não tinha. A moça estava lá o tempo inteiro, como parte da vida
dele, mas ele insistia que aquilo não era sério. Quando a moça se desencantou e partiu, o mundo
do cara veio abaixo. Claro. Ele estava apaixonado, mas, por alguma razão, queria imaginar que não
era o caso. Quando o comportamento evasivo é recorrente, quando histórias como essa se
repetem, talvez tenhamos medo de amar. Ou talvez estejamos lidando com uma pessoa que tem.
O que se chama por aí de dedo podre pode ser apenas uma _________ inconsciente por gente
incapaz de se entregar aos sentimentos.
Eu gosto da ideia de ter o coração roubado, mas percebo que já fui mais corajoso quanto
..... isso. Com o passar do tempo e o acúmulo de desilusões – quem não as tem? –, a pessoa se
torna mais cuidadosa. Sinto que hoje eu me protejo mais do que fazia no passado, e talvez haja
nisso alguma sabedoria. Não se deve permitir que qualquer um nos roube o coração. Alguém que
nos terá emocionalmente de joelhos deve ser digno desse privilégio. Que seja uma pessoa íntegra
e generosa, ao menos. Que seja ela mesma capaz de amar. Quem nos rouba o coração não deveria
ter o seu protegido .... sete chaves. Acontece, mas não é justo.
Em relação à ocorrência de pronomes no texto, analise as seguintes assertivas:
I. O pronome ‘ele’ (l.7) retoma ‘outro’ (l.6).
II. O pronome ‘o’ (l.13) retoma ‘amor’ (l.12).
III. O pronome ‘as’ (l.29) retoma ‘desilusões’ (l.29).
IV. O pronome ‘ela’ (l.33) retoma ‘alguém’ (l.32).
Quais estão corretas?
A) Apenas I e IV.
B) Apenas II e III.
C) Apenas III e IV.
D) Apenas I, II e III.
E) I, II, III e IV.
22. (Funcab / CFRO – Assistente Administrativo – 2015)
O pronome relativo destacado em: “Ele é um mosquito de origem africana, QUE chegou ao Brasil
via navios negreiros, na época do comércio de escravos.” funciona como elemento de coesão que,
no texto, retoma o termo:
a) africana.
b) escravos.
c) navios.
d) mosquito.
e) origem.
23. (FGV / DPE RO – Analista Contábil – 2015)
“Mesmo quanto às sanções previstas no estatuto, antes de se chegar à internação, há uma série de
outras menos severas, como a advertência, a prestação de serviços à comunidade e a liberdade
assistida, que (1) são frequentemente ignoradas, passando-se diretamente à privação de
liberdade, mesmo em casos em que (2) isso não se justifica”.
Nesse segmento do texto, o elemento que NÃO estabelece coesão formal com nenhum termo
anterior é:
(A) outras;
(B) advertência;
(C) que (1);
(D) que (2);
(E) isso.
24. (FGV / Funarte – Assistente Administrativo – 2014)
Desta vez, trago-vos algumas histórias e fico grato pelo tempo que possa ser dispensado à sua
leitura. Falam-nos de gratidão e poderão fazer-nos pensar no quanto a gratidão fará, ou não, parte
das nossas vidas. Estou certo de que sabereis extrair a moral da história.
No primeiro parágrafo há um conjunto de pronomes que se referem a elementos do texto ou da
situação. O elemento referido está corretamente indicado em:
(A) trago-vos – o autor e leitores do texto;
(B) que possa – o leitor individual do texto;
(C) Falam-nos – os leitores do texto;
(D) sua leitura – leitura do texto da prova;
(E) nossas vidas – vidas dos livros lidos.
25. (FGV / Prefeitura de Recife Assistente Administrativo – 2014)
“O século XX foi marcado por grandes guerras de repercussão mundial em razão de seu alcance e
do número de países envolvidos. Já o século XXI apresenta guerras locais ou regionais, mas que de
certa forma se tornam mundiais pelo número de espectadores. Isso se dá graças à tecnologia de
informação, que envolve direta ou indiretamente cidadãos de quase todo o mundo”.
Nesse segmento do texto 2, os vocábulos que estabelecem coesão com algum termo anterior são:
(A) seu / países / guerras; (B) países / guerras / espectadores;
Tem saído nos jornais: chuvas deixam São Paulo no caos. É verdade que os moradores estão
sofrendo além da conta, quer estejam circulando pela cidade com seus carros ou nos ônibus e
metrô, quer estejam em casa ou no trabalho. Três fatores criam a confusão: semáforos desligados;
alagamentos nas ruas; falta de energia. Então, tudo culpa da chuva, certo?
Errado.
Semáforos, por exemplo. Eles poderiam ter a fiação enterrada ou a fonte de energia e os
sistemas de controle automático protegidos por caixas blindadas. Isso não é nenhuma maravilha
da tecnologia, algo revolucionário. Existe em qualquer cidade organizada. E tanto é acessível que já
há projetos para a instalação desses equipamentos em São Paulo. Se não avança, é culpa dos
administradores – não da chuva.
Quanto aos alagamentos, ocorrem por falta de algum serviço ou obra, esta já prevista.
Podem reparar. Sempre aparece alguma autoridade municipal ou estadual dizendo que a enchente
aqui será resolvida com um piscinão, ali com a canalização de um córrego, em outra rua com a
simples limpeza dos bueiros, e assim vai. De novo, sabe‐se o que é preciso fazer, mas não se faz.
Também não é culpa da chuva.
(Carlos Alberto Sardenberg. O Globo, 28/02/2013)
Os termos “aqui” e “ali” indicam lugares
(A) citados anteriormente.
(B) escolhidos como exemplos.
(C) reconhecidos pelos leitores.
(D) citados indeterminadamente.
(E) certamente distantes.
30. (Cesgranrio / CITEPE Médio – 2011)
Fragmento do texto: Ela, ao tentar puxar a ponta de fio do casulo, fez com que fino fio de seda se
desenrolasse, amolecido pela água quente do chá. Diz ainda a lenda que a imperatriz fez um fino
manto de seda para o imperador.
Em “Diz ainda a lenda que a imperatriz fez um fino manto de seda para o imperador.”, o elemento
destacado é um conector de
(A) inclusão (B) oposição (C) comparação
(D) explicação (E) retificação
31. (CESPE / EBC – nível médio – 2011)
Fragmento de texto: Meios de comunicação de massa financiados por dinheiro público e
livres do controle privado comercial têm sido um modelo de comunicação bastante explorado e
consolidado na maioria das democracias modernas. Trata-se de algo tão antigo quanto o próprio
surgimento da TV e do rádio. Diversos países sustentam hoje robustas corporações de mídia
pública que concentram substancial fatia da audiência e são reconhecidas pela qualidade no
conteúdo que produzem e transmitem.
Uma das mais antigas em operação é a BBC do Reino Unido, criada nos anos 20 do século
passado. A BBC tem servido como modelo para muitas outras experiências que surgiram durante
todo o século passado.
Julgue a afirmativa com C (CERTA) e E (ERRADA)
No trecho “Uma das mais antigas” (linha 8), a elipse da expressão “corporações de mídia pública”
funciona como recurso coesivo.
32. (CESPE / Assembleia Legislativa ES – nível médio – 2011)
Fragmento de texto: Na verdade, idealiza-se o que fazer (e que dificilmente acontece),
esquecendo-se do presente. Geralmente, as expectativas centradas nesse futuro refletem uma
insatisfação com a situação presente, tanto no nível pessoal como no profissional.
Julgue a afirmativa com C (CERTA) e E (ERRADA)
No final do parágrafo, está implícita a palavra nível antes do termo “profissional”.
33. (Funcab / ANS – Técnico – 2015)
Fragmento do texto: A criação literária, porém, que se faz à sombra da comunidade humana,
aproximou-me sempre daqueles cujas experiências pessoais eram vizinhas no ato de escrever. Por
isso, desde a infância, senti-me irmanada aos jornalistas no uso das palavras e na maneira de
captar o mundo. E a tal ponto vinculada aos jornais que nos vinham a casa, já pelas manhãs, que
disputava com o pai o privilégio de lê-los antes dele. De aproximar-me destas páginas vivazes que,
arrancando-me da sonolência, proclamavam que a vida despertara antes de mim. O drama
humano não tinha instante para começar, precedera-me há horas, há milênios.
“E a tal ponto vinculada aos jornais que nos vinham a casa, já pelas manhãs, que disputava com o
pai o privilégio de lê-los antes dele."
No período transcrito, a correlação discursiva entre a expressão “a tal ponto" com o conectivo
“que" foi usada para exprimir o sentido de:
a) proporcionalidade.
b) causa.
c) concessão.
d) consequência.
e) comparação.
34. (FGV / Pref Recife – Analista – 2014)
O perigo da intolerância religiosa
A tolerância religiosa no Brasil nunca foi pura e simplesmente uma medida imposta por decreto. É
antes disso um aspecto cultural. Por um lado, foi preciso incluir na Constituição artigo
resguardando a liberdade de culto e proteção contra a discriminação, porque tais garantias não
seriam naturais; por outro, a convivência entre credos distintos foi facilitada pela formação do
povo. A miscigenação e a intimidade entre a casagrande e a senzala resultaram em mecanismos de
acomodação, como o sincretismo que uniu religiões aparentemente tão diferentes quanto o
catolicismo e o candomblé.
(O Globo, 17/8/2014)
“É antes disso um aspecto cultural.”
A expressão “antes disso” mostra valor semântico de
(A) oposição.
(B) tempo.
(C) conclusão.
(D) explicação.
(E) modo.
35. (NCE / Eletrobrás Superior – 2003)
É sabido que o fato novo assusta os indivíduos, que preferem o mal velho, testado e vivido, à
experiência nova, sempre ameaçadora. Se você disser ao cidadão desprevenido que o leite, por ser
essencial, deve sair das mãos dos particulares para cooperativas ou entidades estatais, se você
disser que os bancos, vivendo exclusivamente das poupanças populares, não têm nenhuma razão
de estar em mãos privadas, o cidadão o olhará com olhos perplexos de quem vê alguém propondo
algo muito perigoso. Mas, se, ao contrário, você advogar a tese de que a água deveria ser
explorada por particulares, todos se voltarão contra você pois – com toda razão – jamais poderiam
admitir essa hipótese, tão acostumados estão com essa que é uma das mais antigas realizações
comunitárias do homem: a água é direito e serventia de todos. Por isso o cidadão deve ficar alerta,
sobretudo para com os malucos, excepcionais e marginais, pois estes, quase sempre, são os que
trazem as mais espantosas propostas de renovação contra tudo o que foi estabelecido.
(Millôr Fernandes, Livro vermelho dos pensamentos de Millôr)
A conclusão global do texto é a de que:
(A) a água é direito e serventia de todos;
(B) todos os cidadãos se voltarão contra você;
(C) o cidadão deve ficar alerta para com malucos, excepcionais e marginais;
(D) os malucos, os excepcionais e os marginais são os que trazem as mais espantosas propostas de
renovação;
(E) a água deveria ser explorada por particulares.
36. (NCE / AGU Superior - 2006)
Há um caminho simples: proibir. Há o caminho correto: educar. Pois cidadãos responsáveis e
consumidores conscientes se forjam com informação.
O texto é do tipo argumentativo e a tese apresentada por seu autor pode ser resumida do seguinte
modo:
(A) educar, sim; proibir, não;
(B) proibir é melhor que educar;
(C) educar é mais fácil que proibir;
(D) educar é proibir;
(E) proibir, segundo a lei.
37. (Polícia Rodoviária Federal – 2008)
Fragmento do texto: Houve uma época em que os homens viviam bem mais próximos do céu. E o
céu, dos homens. Imagine um mundo sem luz elétrica, esparsamente povoado, um mundo
praticamente sem tecnologia, fora os arados dos campos e os metais das ferramentas e das
espadas. Nesse mundo, o céu tinha um significado muito diferente do que tem hoje. A
sobrevivência das pessoas dependia de sua regularidade e clemência.
Assinale a opção em que é apresentado resumo do parágrafo acima de acordo com a técnica de
resumo de frases e textos.
A Em um mundo sem energia elétrica e quase sem tecnologia, os homens atribuíam ao céu o
poder de lhes determinar a sobrevivência, o que os tornava mais próximos do céu do que são
atualmente.
B Nos primórdios da humanidade, quando os homens usavam apenas arados, espadas e algumas
ferramentas, os homens sabiam que, diferentemente do que ocorre hoje, dependiam da
clemência do céu e da regularidade das tempestades.
C Há muitos e muitos anos, quando ainda não estava disponível a energia elétrica e quando a
tecnologia era muito atrasada e pouco útil, os homens valorizavam muito o que observavam de
regularidade no céu porque era ele que lhes indicava se a sobrevivência deles corria risco.
D Os homens já viveram mais próximos do céu do que vivem nos dias atuais. Isso aconteceu
porque não se usava luz elétrica nem havia toda a tecnologia atual. Naquela época, os homens
respeitavam o céu, porque não sabiam defender-se de tempestades.
E Num passado remoto, as únicas tecnologias que os homens dominavam eram o arado e metais
de ferramentas e espadas. Não havia luz elétrica nessa época e, por isso, o céu era observado
apenas à noite, quando os homens temiam os fenômenos inesperados. Isso os aproximava e
garantiu a sobrevivência da espécie humana.
38. (CESPE / CLDF Consultor Técnico Redator – 2006)
Nosotros
Descobertos por povo marítimo e povo marítimo nós mesmos (sempre tivemos as costas largas),
era natural que medida marítima, o nó náutico, nos fosse tão importante. Como, daí em diante,
foram importantíssimos pra nós os nós da madeira do pau-brasil que exportávamos com nó na
garganta (sabendo já que exportávamos meio ambiente), ameaçados pelo nó da forca portuguesa.
(CAMARGO, J. E.; SOARES, L. No país das placas malucas. São Paulo: Panda Books, 2011. p.7.)
40.
É correto afirmar que o problema da placa reside
a) na inadequação da concordância verbal, explorada também nos versos.
b) na ambiguidade do pronome, que pode se referir ao animal ou ao condutor.
c) no mau uso da crase, explorado e corrigido nos versos.
d) na ambiguidade provocada pela inversão das orações.
e) na ambiguidade resultante do uso da crase facultativa.
(CAMARGO, J. E.; SOARES, L. No país das placas malucas. São Paulo. Panda Books, 2011. p.23.)
41.
Com base nos textos, assinale a alternativa correta.
a) Com a supressão da informação sobre o nome da cidade, poderia ser dito que há na faixa mais
de uma ambiguidade.
b) O fato de o pronome da frase estar no masculino indica que o dia é de São Cristóvão,
desfazendo a ambiguidade.
c) O fato de o pronome da faixa ter sido utilizado no masculino é responsável pela ambiguidade
na faixa.
d) A ambiguidade deixaria de existir na faixa se o termo “mulheres” fosse substituído por
“devotas”.
e) O nome da cidade é decisivo para criar ambiguidade na faixa.
42.
Com base na placa, na faixa e nos poemas, considere as afirmativas a seguir.
I. Tanto nos versos sobre a placa quanto nos versos sobre a faixa, há referências a ambiguidades.
II. Nos dois conjuntos de versos, o poeta ridiculariza a distância entre as intenções dos autores da
placa e da faixa e os textos produzidos.
III. Os versos iniciados por “só não sei...”, em ambos os poemas, apontam a solução para uma das
ambiguidades presentes tanto na placa quanto na faixa.
IV. O uso indevido do gênero (masculino/feminino) e do número (singular/plural) do pronome
possessivo trouxe, a ambos os textos, ambiguidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
43. (UEL COPS / UEL– Cirurgião Dentista – 2010)
Observe o slogan referente a anúncio de apartamento e responda à questão:
“Nossos bosques têm mais árvore. E uma planta exclusiva.”
Considere as afirmativas a seguir.
I – O slogan possui uma intertextualidade com um trecho do hino nacional, sem repetir
integralmente o verso do hino.
II – Pela organização das frases, a expressão “planta exclusiva” é complemento do verbo “ter” na
primeira frase.
III – O termo “planta” é deliberadamente ambíguo: refere-se tanto ao sentido da primeira frase
quanto ao tema do anúncio.
IV – A primeira frase induz a ideia de que a valorização ecológica do empreendimento imobiliário é
um recurso descartado pelos concorrentes do ramo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as frases I e II são corretas.
10 – GABARITO
1. C 16. E 31. C
2. D 17. B 32. C
3. C 18. B 33. D
4. C 19. C 34. A
5. E 20. A 35. C
6. B 21. D 36. A
7. A 22. D 37. E
8. C 23. B 38. C
9. B 24. C 39. C
10. B 25. E 40. B
11. D 26. B 41. A
12. B 27. B 42. A
13. E 28. A 43. D
14. C 29. D 44. C
15. B 30. A 45. D