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Livro Eletrônico

Aula 07

Redação Legislativa p/ ALAP (Técnico Legislativo) - Pós-Edital

Décio Terror Filho


Décio Terror Filho
Aula 07

Retórica e teoria da argumentação.


Fundamentos de retórica. Teoria da
argumentação: formas de raciocínio; raciocínio
e argumento; dedução e indução; o raciocínio
categórico-dedutivo. Vícios de raciocínio:
tautologia; generalização falsa; conclusão não
decorrente; analogia improcedente; ausência de
conclusão; sofisma.
Sumário
1 – Retórica e teoria da argumentação............................................................................ 2
Fundamentos de retórica .............................................................................................................. 2
Organização retórica: generalização, exemplificação, descrição, definição, especificação. ........... 4
Teoria da argumentação: formas de raciocínio; raciocínio e argumento; dedução e indução; o
raciocínio categórico-dedutivo .................................................................................................... 10
2 - Vícios de raciocínio: tautologia; generalização falsa; conclusão não decorrente;
analogia improcedente; ausência de conclusão; sofisma. ...............................................19
3 – Lista de questões para revisão .................................................................................42
4 – Gabarito ..................................................................................................................50

Olá, pessoal!
Trabalhamos em aula anterior a interpretação de texto e sua estrutura. Muita coisa vista
naquela aula vai ajudar no entendimento

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1 – RETÓRICA E TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO


A Retórica é a disciplina que estuda o modo como comunicamos persuasivamente com os
outros. A persuasão pode ser definida como “o processo simbólico no qual os comunicadores
procuram convencer outras pessoas a alterar as suas atitudes ou comportamento em relação a um
assunto através da transmissão de uma mensagem, num ambiente de liberdade” (Perloff,2003: 8).
A Retórica é a arte de falar bem, de se comunicar de forma clara e conseguir transmitir ideias
com convicção.
A retórica é uma área relacionada com a oratória e dialética e remete a um grupo de normas
que fazem com que um orador comunique com eloquência. Tem como objetivo expressar ideias de
forma mais eficaz e bonita, sendo também responsável pelo aumento da capacidade de persuasão.
Como depende em grande parte da capacidade mental do orador, a retórica corresponde à
formulação de um pensamento através da fala. Ela era ensinada em várias escolas da Antiguidade,
que abordavam os seus diferentes estilos, que se alteram dependendo do tipo de discurso em
questão.
Durante bastante tempo, a retórica foi uma das bases da educação de jovens e, durante a
Idade Média, era ensinada nas universidades, fazendo parte das três artes liberais, juntamente com
a lógica e a gramática. A retórica teve também uma forte influência em áreas como a poesia e
política.
Na Grécia Antiga, a linguagem corporal do orador também era muito importante, mais
concretamente a postura, os gestos e a própria voz do orador. Na Grécia Clássica, Protágoras e Tísias
contribuíram para o progresso da retórica, sendo que para isso se basearam na conhecida obra de
Aristóteles, intitulada Retórica.
Na Idade Média, a retórica não era contemplada na sua vertente prática, sendo usada quase
exclusivamente para o estudo de textos. Durante o Renascimento e o Barroco, a retórica teve grande
preponderância no discurso literário e era um elemento essencial no estudo das humanidades
(Filosofia, Gramática, etc.).
No Séc. XX, com o renascer das democracias Ocidentais, a Retórica sofreu um processo de
reabilitação e revalorização a que se chamou Nova Retórica.

FUNDAMENTOS DE RETÓRICA

O ressurgimento da Retórica trouxe também o questionamento sobre a sua natureza racional,


tendo em vista que a possibilidade de manipulação, as ideologias, a propaganda e a publicidade
vieram progressivamente alterar as formas retóricas da persuasão.
Podemos identificar genericamente dois usos principais da Retórica:

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a) uma má Retórica: a que visa aproveitar-se e ludibriar os espíritos fazendo passar por
verdadeiros ou verossímeis os discursos desprovidos de verdade;
b) uma boa Retórica: a que, pelo contrário, torna-se transparente ao usar os argumentos
como método para problematizar, questionar e, no fim, atingir um desfecho que beneficie todas as
partes envolvidas.
O Caráter Retórico
Já que a boa e a má Retórica fazem parte da nossa realidade, é primordial delinear os seus
atributos fundamentais de forma a encontrarmos, por detrás do conjunto discordante de
manifestações da persuasão, a racionalidade e especificidade que funda a diversidade da arte
Retórica.
Técnica
Em primeiro lugar, a Retórica é uma técnica no sentido de um conjunto de preceitos que se
podem pôr em prática com o fim de convencer o auditório. É uma competência característica que
consiste no emprego da oratória e da eloquência segundo alguns padrões discursivos. Assim, possui
um conjunto de regras sobre as quais se explana o método de determinar, em cada, caso, os
melhores elementos de persuasão.
Aprendizagem
Em segundo lugar, a Retórica possui os seus próprios ensinamentos. Ela pode ser transmitida
de geração em geração e ensinada entre um especialista e os seus instruendos.
A Retórica é, assim, uma aprendizagem que requer constante prática e que pode ser exercida
sob duas formas:
a) A primeira é exercida em forma de imitação, em que o indivíduo toma como exemplos os
gestos, os discursos, a oratória e a argumentação de reputados oradores consagrados (ex: Martin
Luther King). Trata-se da aprendizagem mais espontânea mas também a mais sutil, já que, expostos
aos bons exemplos, tendemos a adotá-los naturalmente. Essa forma acontece em todos os
momentos da nossa vida quotidiana e verifica-se quando o aluno imita o seu professor, ou quando
alguém concebe a sua oratória de acordo com exemplos que tenha observado.
b) A segunda forma de aprendizagem é aquela desenvolvida em contextos institucionais, seja
de ensino regular, como no ensino médio, nas faculdades, seja em cursos específicos ou
treinamentos de profissionais liberais. Assim, a Retórica é aprendida com seus aspectos conceituais,
históricos, com um estudo aprofundado dos matizes que incitam a reprodução catedrática dos seus
princípios.
Científica
Em terceiro lugar, a Retórica é uma área científica. Barthes (1970: 173) chama-lhe uma
protociência. Isso significa que é uma área do saber humanístico: pode ser adquirida através do
estudo e prática sistemáticos a partir de algumas crenças tidas por certas.

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A Retórica é uma disciplina cientifica na medida em que é dotada de um campo autônomo de


observação – os efeitos da linguagem e do discurso – cujos fenômenos observados são classificados
e organizados.
Moral
O quarto atributo fundador da Retórica diz respeito à normatividade que rege a sua finalidade
prática. Ela articula um conjunto de prescrições acerca da relação entre o orador e o seu auditório
(se quisermos, a relação persuasiva entre dois interlocutores). Neste sentido, a Retórica é um código
de prescrições morais que rege o modo como o orador deve, ou não, suscitar a adesão do auditório.
Ou seja, enquanto método da persuasão, a Retórica afirma um conjunto de procedimentos
vantajosos e benéficos, mas também proíbe que o orador se aproveite do seu auditório para o
ludibriar, manipular ou enganar. Tal como Aristóteles alerta, a Retórica não é inerentemente boa ou
má; os seus usos e intenções é que podem prejudicar e beneficiar aqueles a quem se dirige. Ela
possui a capacidade de conferir os maiores benefícios quando utilizada com propriedade e correção,
e infligir enormes danos se empregada de forma errônea.
Prática Social
A Retórica é, também, uma prática discursiva onipresente em todos os momentos da vida
social. A linguagem contém em si um poder: o poder de chegar aos outros e comunicar-lhes as ideias,
ambições e necessidades. A Retórica, enquanto atividade comunicativa, comunga deste poder ao
permitir que os outros compreendam essas ações e ideais, e que as partilhem conosco.
Ela é praticada por todos, desde a criança inocente que pretende que o pai lhe compre um
chocolate, até ao mecânico de oficina que pretende convencer o cliente que o atraso na reparação
do automóvel é perfeitamente aceitável.

ORGANIZAÇÃO RETÓRICA: GENERALIZAÇÃO, EXEMPLIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO, DEFINIÇÃO,


ESPECIFICAÇÃO.

A retórica é a arte de argumentar bem, com lógica e persuasão. Assim, pensemos a retórica
aqui como a boa organização argumentativa. Há diversos processos, mas, qualquer que seja ele, a
preocupação maior do autor deve ser sempre a de fundamentar de maneira clara e convincente as
ideias que defende ou expõe, servindo-se de recursos costumeiros, tais como a enumeração de
detalhes, comparações, analogias, contrastes, aplicação de um princípio, regra ou teoria, definições
precisas, exemplos, ilustrações, apelo ao testemunho autorizado, e outros.

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Enumeração ou Descrição de Detalhes:


Tópico frasal: Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão
Declaração
inicial parecia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras
escaldavam; as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes
diamantes; as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das
árvores nem se mexiam; as carroças d'água passavam ruidosamente a todo o
Desenvolvimento: instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas
Descrição de
detalhes [calças] arregaçadas, invadiam sem cerimônia as casas para encher as banheiras
e os potes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; tudo estava
concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para o jantar, ou
andavam no ganho.

O desenvolvimento por enumeração ou descrição de detalhes é dos mais comuns. Ocorre de


preferência quando há uma declaração inicial, uma ideia-núcleo, o chamado tópico frasal, e a ideia
em seguida é desenvolvida ou especificada através dos pormenores: as pedras, os lampiões, as
paredes, as folhas, etc. São detalhes que tornam mais viva a generalização "era um dia abafadiço e
aborrecido".
Observe-se como o autor, por meio de certos detalhes, consegue nos transmitir uma ideia
suficientemente clara do que ele considera como emoção estética, parte da declaração geral contida
no tópico frasal.

Confronto (refutação):
Processo muito comum e muito eficaz de desenvolvimento é o que consiste em estabelecer
confronto entre ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Suas formas habituais são o contraste
(baseado nas dessemelhanças), e o paralelo (que se assenta nas semelhanças). A antítese é, de
preferência, uma oposição entre ideias isoladas. A analogia, que também faz parte dessa classe,
baseia-se na semelhança entre ideias ou coisas, procurando explicar o desconhecido pelo conhecido,
o estranho pelo familiar.

Tópico frasal: Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma
Declaração
inicial com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuam. A política é a
arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas,
ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de o explorar a benefício de
interesses pessoais. Constitui a política função, ou conjunto das funções do
Desenvolvimento organismo nacional: é o exercício no das forças de uma nação consciente e
por contraste
senhora de si mesma. A politicalha, contrário, é o envenenamento crônico dos
povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A
política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos
povos de moralidade estragada.

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Vê-se logo na declaração inicial a indicação de um contraste entre política e politicalha. Em


seguida, o autor insere uma ampliação, detalhes que nos mostram o antagonismo entre esses dois
conceitos.

Analogia e Comparação
A analogia é uma semelhança parcial que sugere uma semelhança oculta, mais completa. Na
comparação, as semelhanças são reais, sensíveis expressas numa forma verbal própria, em que
entram normalmente os chamados conectivos de comparação (como, quanto, do que, tal qual),
substituídos, às vezes, por expressões equivalentes (certos verbos como "parecer", "lembrar", "dar
uma ideia", "assemelhar-se":
Exemplo de comparação:
Esta casa parece um forno, de tão quente que é.
Tanto a casa quanto o forno são elementos concretos e conhecidos. A intenção com essa
comparação não foi explicar o que é o forno, mas simplesmente mostrar a característica que envolve
ambos os elementos concretos, evidenciando, com certo exagero, é claro, quão quente está a casa.
Assim, a comparação é um meio de se considerar a característica do primeiro elemento pelo
segundo já conhecido.
Isso é o que ocorre também com a metáfora, por ser uma comparação ideológica:
Aquele professor é uma máquina de produzir conteúdo!
Ora, há dois elementos concretos (“professor” e “máquina”) e queremos dar destaque à
forma ágil, produtiva, continuada de produção de conteúdo desse professor. Assim, há comparação
do professor com uma máquina, pois sabemos que uma máquina normalmente apresenta as
características subentendidas de trabalho ágil, continuado, produtivo. Assim, demonstramos o
primeiro por conhecermos essas características do segundo elemento.
Veja outro exemplo de metáfora (comparação ideológica):

Charge: NEF. (jornaldebrasilia.com.br)

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Nessa charge, há o primeiro elemento comparativo e concreto (“o sistema carcerário


brasileiro) e o segundo elemento concreto é a relação com a imagem da panela de pressão, a qual
beira ao estouro, pelas expressões faciais e ao aspecto de agitação da panela. Assim, entendemos
uma crítica, por meio de uma comparação ideológica, a qual manifesta as condições sub-humanas
nos presídios, beirando o caos.
Na analogia, as semelhanças são apenas imaginárias. Por meio dela, tenta-se explicar o
desconhecido pelo conhecido, o que nos é estranho pelo que nos é familiar; por isso, tem grande
valor didático. Sua estrutura gramatical inclui com frequência expressões próprias da comparação
(como, tal qual, semelhante a, parecido com, etc.). Para dar à criança uma ideia do que é o Sol como
fonte de calor, observe-se o processo analógico adotado pelo autor do seguinte trecho:
O Sol é muitíssimo maior do que a Terra, e está ainda tão quente que é como uma
enorme bola incandescente, que inunda o espaço em torno com luz e calor. Nós aqui
na Terra não poderíamos passar muito tempo sem a luz e o calor que nos vêm do Sol,
apesar de sabermos produzir aqui mesmo tanto luz como calor. Realmente podemos
acender uma fogueira para obtermos luz e calor. Mas a madeira que usamos veio de
árvores, e as plantas não podem viver sem luz. Assim, se temos lenha, é porque a luz
do Sol tornou possível o crescimento das florestas.
(Oswaldo Frota Pessoa, Iniciação à ciência, p. 35)
Sol tão quente, que é como uma enorme bola incandescente é, quanto à forma, uma
comparação, mas, em essência, é uma analogia: tenta-se explicar o desconhecido (Sol) pelo
conhecido (bola incandescente), sendo a semelhança apenas parcial (há outras, enormes, diferenças
entre o Sol e uma bola de fogo).
Vamos a outro trecho, em que o autor torna mais clara a ideia de “paixão da verdade”
(elemento abstrato, desconhecido), estabelecendo uma analogia com a de “cachoeiras da serra”
(elemento concreto, conhecido):

A paixão da verdade semelha, por vezes, as cachoeiras da serra. Aqueles


Descrição do
elemento
borbotões d’água, que rebentam e espadanam, marulhando, eram, pouco
concreto, atrás, o regato que serpeia, cantando pela encosta, e vão ser, daí a pouco, o
conhecido:
“cachoeiras da fio de prata que se desdobra, sussurrando, na esplanada. Corria murmuroso e
serra”. descuidado; encontrou o obstáculo: cresceu, afrontou-o, envolveu-o, cobriu-o
e, afinal, o transpõe, desfazendo-se em pedaços de cristal e flocos de espuma.
Descrição do A convicção do bem, quando contrariada pelas hostilidades pertinazes do erro,
elemento do sofisma ou do crime, é como essas catadupas da montanha. Vinha
desconhecido e
abstrato:
deslizando, quando topou na barreira, que se lhe atravessa no caminho. Então
“paixão da remoinhou arrebatada, ferveu, avultando, empinou-se, e agora brame na voz
verdade”,
“convicção do do orador, arrebata-lhe em rajadas a palavra, sacode, estremece a tribuna, e
bem”. despenha-se-lhe em torno, borbulhando.
(Rui Barbosa, op. cit., p. 77)

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O tópico frasal (primeiro período) assume a forma gramatical de uma comparação, mas o
desenvolvimento se faz por analogia (explicar elemento abstrato, desconhecido, associando
semelhanças com elemento concreto, conhecido). Na primeira parte do parágrafo, que vai até
“espuma”, o autor descreve, em linguagem parcialmente metafórica, os “borbotões d’água”:
“Aqueles borbotões d’água, que rebentam e espadanam, marulhando, eram, pouco atrás, o regato
que serpeia, cantando pela encosta, e vão ser, daí a pouco, o fio de prata que se desdobra,
sussurrando, na esplanada. Corria murmuroso e descuidado; encontrou o obstáculo: cresceu,
afrontou-o, envolveu-o, cobriu-o e, afinal, o transpõe, desfazendo-se em pedaços de cristal e flocos
de espuma.”.
Nessa linguagem metafórica, imaginamos a água caindo do precipício fazendo espuma após
a queda. Esse é o primeiro termo da analogia, o termo conhecido, familiar, por meio do qual se vai
tornar mais clara a ideia do segundo, o desconhecido, o menos familiar: “a paixão da verdade”, “a
convicção do bem”:
“A convicção do bem, quando contrariada pelas hostilidades pertinazes do erro, do sofisma ou do
crime, é como essas catadupas da montanha. Vinha deslizando, quando topou na barreira, que se
lhe atravessa no caminho. Então remoinhou arrebatada, ferveu, avultando, empinou-se, e agora
brame na voz do orador, arrebata-lhe em rajadas a palavra, sacode, estremece a tribuna, e
despenha-se-lhe em torno, borbulhando.”.
Aqui é importante analisar o processo de analogia, em que o elemento concreto, o conhecido
(“os borbotões d’água”) corre natural em seu curso, é calmo, silente, tranquilo (“Corria murmuroso
e descuidado”). Porém, ao encontrar um obstáculo, reage, afronta-o, transpõe-no: “encontrou o
obstáculo: cresceu, afrontou-o, envolveu-o, cobriu-o e, afinal, o transpõe, desfazendo-se em
pedaços de cristal e flocos de espuma”.
Por analogia, o mesmo ocorre com o elemento abstrato e desconhecido: a “paixão da
verdade”, isto é, a “convicção do bem”. Ela vinha deslizando, corrente, quando topou com uma
barreira, que se lhe atravessou no caminho: contrariada pelas hostilidades pertinazes do erro, do
sofisma ou do crime. Da mesma forma como ocorreu com essas catadupas da montanha, a água em
queda na cachoeira, a paixão pela verdade remoinhou arrebatada, ferveu, avultando, empinou-se,
e agora brame na voz do orador, arrebata-lhe em rajadas a palavra, sacode, estremece a tribuna,
e despenha-se-lhe em torno, borbulhando.
Como se vê, a semelhança aparente é parcial, mas oculta uma outra mais completa,
concebida apenas como abstração e não como realidade sensível. E é isso exatamente o que
distingue a analogia da comparação, como já assinalamos. Note-se ainda que, entre o termo
desconhecido e o conhecido, o autor aponta somente as semelhanças, e não os contrastes ou
diferenças. Por isso é analogia. A esse tipo de analogia chamavam os retóricos “comparação
oratória”. Na realidade, comparação e analogia são em geral consideradas, se não como sinônimas,
pelo menos como equivalentes.
Exemplificação:
O exemplo é um tipo de argumento bem convincente, pois traz situações reais aos fatos
defendidos, aumentando a credibilidade da opinião do autor.

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Vamos supor que o autor quisesse argumentar sobre o seguinte tema: PARA CONVENCER OU
PERSUADIR É PRECISO TER ÉTICA?. Talvez a sua resposta seja: "não, não é preciso ter ética para
persuadir alguém". Assim, tal autor deve partir para o convencimento do leitor sobre essa opinião
e, nesse caso, a técnica por exemplificação é perfeita.
Penemos em Hitler, uma figura bem emblemática e marcante de nossa história. Ele nunca
agiu de modo ético. Afinal, o Holocausto não tem nada de ético ou moral, não é verdade? Porém,
Hitler, mesmo sendo um genocida que queria conquistar o mundo, conseguiu arrastar multidões e
colecionar admiradores usando apenas o poder da palavra, o poder do discurso. Ou seja: ele foi
persuasivo, foi convincente, chegou ao poder, foi adorado como um deus pelos alemães da época e
os convenceu de que eles eram, de fato, a "raça ariana", tudo isso atropelando princípios éticos e
morais.
Assim, empregando na argumentação o exemplo de Hitler, pode-se convencer o leitor de que
realmente se pode persuadir mesmo sem ter ética.
Definição:
A definição é um importante princípio da argumentação, tendo em vista que se pode partir
de um conceito para ampliar a informação e chegar ao convencimento. Ao argumentarmos sobre
ética, por exemplo, podemos conceituá-la, para que o leitor se lembre de seus princípios, da
moralidade, para, a partir daí, realizarmos as considerações do homem e sua ética na sociedade.
Vejamos o exemplo abaixo:
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é
derivada do grego e significa aquilo que pertence ao caráter, palavra tão forte e tão distante da
prática nos dias atuais. Vê-se na política brasileira uma perfeita usurpação do dinheiro público, mas
também se vê no dia a dia pequenos vícios que nos mostram que a falta de ética é um mal que assola
o país de uma forma geral.
Pergunta retórica:
Uma pergunta retórica é aquela que nem sempre exige uma resposta. Muitas vezes, a pessoa
que faz a pergunta retórica pretende simplesmente enfatizar alguma ideia ou ponto de vista. Por
exemplo:
"Você acha que eu nasci ontem?"
Neste caso, a pessoa que ouve a pergunta já sabe a resposta; no entanto, a pergunta é feita
apenas para causar um impacto. Nesse contexto, a pessoa que pergunta pretende informar ao
ouvinte que ela não é burra ou ingênua e que não pode ser enganada facilmente.
Veja outro exemplo:

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Brasil-Manifestação-2013-Charge-Pergunta retórica-Charge de Nani

Nesse outro exemplo, a pergunta já responde por si só, por isso o interlocutor enfatiza que
nem precisa responder. Assim, normalmente usamos a pergunta retórica para interagir com o leitor,
fazendo com que ele mesmo já tenha a resposta de maneira enfática.
Como falamos que a retórica é a arte de argumentar bem, com lógica e naturalmente
persuasão, é claro que um discurso parlamentar se vale de muitos desses princípios para bem se
posicionar.
Assim, pensemos a retórica aqui como a boa organização argumentativa. Há diversos
processos, mas, qualquer que seja ele, a preocupação maior do autor deve ser sempre a de
fundamentar de maneira clara e convincente as ideias que defende ou expõe, servindo-se de
recursos costumeiros, tais como a enumeração de detalhes, comparações, analogias, contrastes,
aplicação de um princípio, regra ou teoria, definições precisas, exemplos, ilustrações, apelo ao
testemunho autorizado, e outros.

Especificação e generalização:
Para falarmos da especificação e generalização, é importante aprofundarmos nos fundamentos da
argumentação:

TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO: FORMAS DE RACIOCÍNIO; RACIOCÍNIO E ARGUMENTO; DEDUÇÃO


E INDUÇÃO; O RACIOCÍNIO CATEGÓRICO-DEDUTIVO

Uma argumentação se sustenta por duas ou mais premissas (afirmações a respeito de algo)
que levam a uma conclusão. Existem regras para estabelecer de forma correta as operações do

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pensamento e identificar as argumentações não válidas. Desse modo, a lógica nos ajuda a evitar
contradições.
Exemplo 1:
O mercúrio não é sólido. (premissa maior)
O mercúrio é um metal. (premissa menor)
Logo, algum metal não é sólido. (conclusão)

Estamos diante de uma argumentação composta de três proposições em que a última,


a conclusão, deriva logicamente das duas anteriores, chamadas premissas.
Também é importante entender que inferir é concluir a partir de proposições.

Termo e proposição
A proposição é um enunciado no qual afirmamos ou negamos um termo (um conceito) de
outro.
Por exemplo, se afirmamos que “Todo cão é mamífero” (Todo C é M), temos uma proposição
em que o termo “mamífero” afirma-se do termo “cão”. Então toda e qualquer espécie de cão é um
mamífero.
a) Qualidade e quantidade
As proposições podem ser distinguidas pela qualidade e pela quantidade.
Quanto à qualidade, elas podem ser afirmativas ou negativas:
Todo C é M
ou
Nenhum C é M
Quanto à quantidade, elas podem ser gerais (universais ou totais) ou particulares. Estas
últimas podem ser singulares caso se refiram a um só indivíduo:

Todo C é M
Algum C é M
Este C é M

Vamos exercitar:

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A proposição “Todo cão é mamífero” é universal, tendo em vista o emprego do termo geral
“Todo”, e é afirmativa, pois declara algo (“é mamífero”), não havendo qualquer elemento de
negação.
A proposição “Nenhum animal é mineral” é universal, tendo em vista o emprego do termo
geral “nenhum”, e ao mesmo tempo tal termo apresenta valor de negação, por isso é uma
proposição negativa.
A proposição “Algum metal não é sólido” é particular, tendo em vista o emprego do termo
específico “Algum”, e é negativa, pois apresenta o advérbio de negação “não”.
A proposição “Sócrates é mortal” é singular, pois se refere a um indivíduo. Veja a diferença
para o pronome indefinido “algum”, o qual especifica, mas o seu valor de indefinição não
individualiza, não se refere a um indivíduo específico. A proposição é afirmativa, pois declara algo
(“é mortal”). Note que não há elemento linguístico de negação.
b) Extensão dos termos
A extensão é a amplitude de um termo, isto é, a coleção de todos os seres que o termo
designa no contexto da proposição.
É fácil identificar a extensão do sujeito, mas a do predicado exige maior atenção. Observe os
seguintes exemplos:
Todo paulista é brasileiro (Todo P é B)
Nenhum brasileiro é argentino (Todo B não é A)
Algum paulista é solteiro (Algum P é S)
Alguma mulher não é justa (Alguma M não é J)
Para melhor visualizar, vamos representar as proposições por meio dos chamados diagramas
de Euler.
Na primeira proposição, Todo P é B, o termo “paulista” tem extensão total (está distribuído,
referindo-se a todos os paulistas); mas o termo “brasileiro” tem extensão particular (não é tomado
universalmente), ou seja, uma parte dos brasileiros é composta de paulistas.

Na segunda proposição, “Todo B não é A”, o termo “brasileiro” é total, porque se refere a
todos os brasileiros; e o termo “argentino” também é total, porque os brasileiros estão excluídos do
conjunto de todos os argentinos.

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Na terceira proposição, “Algum P é S”, ambos os termos têm extensão particular, a qual é
comum a ambos:

Na quarta proposição, “Alguma M não é J”, o termo “mulher” tem extensão particular e o
termo “justa” tem extensão total, ou seja, existe uma mulher que não é nenhuma das pessoas justas:

Com base no que vimos, chegamos ao conceito de silogismo. Para tanto, observe novamente
o exemplo 1:
O mercúrio não é sólido. (premissa maior)
O mercúrio é um metal. (premissa menor)
Logo, algum metal não é sólido. (conclusão)

Silogismo é um argumento dedutivo constituído de três proposições declarativas que se


conectam de tal modo que, a partir das duas primeiras, é possível deduzir uma conclusão.
Há uma ligação de dois termos por meio de um terceiro, e podemos dizer que há o termo
médio (aquele que aparece nas premissas e faz a ligação entre os outros dois), termo maior (é o
predicado da conclusão) e o termo menor (é o termo sujeito da conclusão).
Dessa forma, “mercúrio” é o termo médio, por ser o termo que aparece nas premissas maior
e menor, ligando “sólido” e “metal”.
A palavra “sólido” é o termo maior, por ser o predicado da premissa maior e o predicado da
conclusão.
A palavra “metal” é o termo menor, por se encontrar na premissa menor e no sujeito da
conclusão.

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Vamos a mais alguns exemplos de silogismos:

Exemplo 2:
Todos os cães são mamíferos.
Todos os gatos são mamíferos.
Logo, todos os gatos são cães.
Nesse silogismo, as premissas são verdadeiras, mas a conclusão é falsa: a argumentação é
inválida. É isso que muitas vezes é cobrado nas provas, e temos que eliminar alternativas com esse
tipo de conclusão.
A palavra “mamíferos” é o termo médio, pois se encontra nas duas premissas. A palavra
“cães” é o termo maior e deve se encontrar na conclusão, a palavra “gatos” é o termo menor e deve
se encontrar na conclusão.
Assim, mesmo havendo a estrutura do silogismo, entendemos que o argumento não é válido,
pois sua conclusão não é consequência lógica de suas premissas.

Exemplo 3:
Todos os homens são louros.
Pedro é homem.
Logo, Pedro é louro.
Estamos diante de um argumento logicamente válido, isto é, que não fere as regras do
silogismo, mesmo sabendo que a primeira premissa (Todos os homens são louros) é falsa.

Exemplo 4:
Todo inseto é invertebrado.
Todo inseto é hexápode (tem seis patas).
Logo, todo hexápode é invertebrado.
Nesse caso, todas as proposições são verdadeiras. No entanto, a inferência é inválida.

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Verdade e validade:
Diante do que vimos anteriormente, é preciso notar quando os argumentos, aparentemente
válidos, são inválidos e vice-versa. Primeiramente, vamos distinguir os conceitos verdade e validade
a fim de identificar verdadeiro/falso e válido/inválido.
Apenas as proposições podem ser identificadas como verdadeiras ou falsas. Uma proposição
é verdadeira quando corresponde ao fato que expressa: por isso a proposição “Todos os homens
são louros” é falsa.
Apenas os argumentos podem ser considerados válidos ou inválidos (e não verdadeiros ou
falsos). Um argumento é válido quando sua conclusão é consequência lógica de suas premissas.
Reveja este exemplo 3:

Exemplo 3:
Todos os homens são louros.
Pedro é homem.
Logo, Pedro é louro.
Apesar de ter a primeira proposição falsa (Todos os homens são louros), constitui um
raciocínio correto, como poderemos constatar com as regras do silogismo.

As oito regras do silogismo nos auxiliam a identificar se um argumento é válido ou inválido.


Vejamos quais são elas:

1. O silogismo só deve ter três termos (o maior, o menor e o médio).


2. De duas premissas negativas nada resulta.
3. De duas premissas particulares nada resulta.
4. O termo médio nunca entra na conclusão.
5. O termo médio deve ser pelo menos uma vez totalizador.
6. Nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser total nas premissas.
7. De duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa.
8. A conclusão segue a premissa mais fraca (se nas premissas uma delas for negativa, a
conclusão deve ser negativa; se uma for particular, a conclusão deve ser particular).

Agora, vamos retomar os quatro argumentos que serviram de exemplos a fim de comentá-los,
começando pelos não válidos (2 e 4).

Exemplo 2:
Todos os cães são mamíferos.

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Todos os gatos são mamíferos.


Logo, todos os gatos são cães.
O termo médio, que aparece na primeira e na segunda premissa, é “mamíferos” e faz a ligação
entre “cães” e “gatos”. Segundo a regra 5 do silogismo, o termo médio deve ter pelo menos uma vez
extensão totalizadora, mas, nas duas proposições, o termo “mamíferos” tem extensão particular
(todos os cães e todos os gatos são alguns dos vários mamíferos).

Exemplo 4:
Todo inseto é invertebrado.
Todo inseto é hexápode (tem seis patas).
Logo, todo hexápode é invertebrado.

Os três termos são “inseto”, “hexápode” e “invertebrado”. O termo menor, “hexápode”, tem
extensão particular na premissa menor: “Todo inseto é hexápode” (mas nem todos os hexápodes
são insetos), porém, na conclusão, é tomado em toda extensão (todo hexápode). Portanto, fere a
regra 6.

Tradicionalmente, consideramos os seguintes tipos de argumentos: a dedução, a indução e a


analogia.
Dedução:
Os quatro silogismos examinados anteriormente são exemplos de dedução. O silogismo
válido é um raciocínio que parte de pelo menos uma proposição geral e cuja conclusão pode ser uma
proposição geral ou uma proposição particular.

Nos exemplos válidos a seguir, a primeira dedução parte de premissas gerais (“Todo...”) e
chega a uma conclusão também geral (“Todo...”); no segundo caso, a conclusão é particular
(“Algum...”):
Todo brasileiro é sul-americano.
Todo paulista é brasileiro.
Todo paulista é sul-americano.

Todo brasileiro é sul-americano.


Todo brasileiro é índio.
Algum índio é sul-americano.

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A dedução é um modelo de rigor, mas é estéril, na medida em que não nos ensina nada de
novo, apenas organiza o conhecimento já adquirido. Isso significa que a conclusão nada acrescenta
àquilo que foi afirmado nas premissas.
No entanto, se a dedução não inova, não significa que não tenha valor algum, pois sempre
fazemos deduções para extrair consequências e é preciso investigar quando essas inferências são
válidas ou não.
Indução:
A indução por enumeração é uma argumentação pela qual, a partir de diversos dados
singulares constatados, chegamos a proposições universais. Enquanto na dedução as premissas
constituem razão suficiente para se derivar a conclusão, na indução, ao contrário, chega-se à
conclusão a partir de evidências parciais.
Nesse tipo de argumento, ocorre uma generalização indutiva, que pode ser de dois tipos:
a) A indução completa é aquela em que cada um dos argumentos de um conjunto apresenta
condições de ser examinado, como no seguinte caso:
“A visão, o tato, a audição, o gosto, o olfato (os quais chamamos sentidos) têm um órgão corpóreo.
Portanto, todo sentido tem um órgão corpóreo.”
b) A indução incompleta é aquela em que de alguns elementos conclui-se a totalidade.
Veja:
Esta porção de água ferve a cem graus, e esta outra, e esta outra...; logo, a água ferve a cem graus.
O cobre é condutor de eletricidade, e o ouro, o ferro, o zinco, a prata também. Logo, todo metal é
condutor de eletricidade.
Diferentemente do argumento dedutivo, o conteúdo da conclusão da indução incompleta
excede o das premissas. Por isso, a conclusão da indução tem apenas probabilidade de ser correta.
Ainda assim, é preciso examinar se a amostragem é significativa e se existe número suficiente de
casos que permita a passagem do particular para o geral.
Por exemplo: ao fazer uma pesquisa de intenção de voto, um instituto consulta amostras
significativas de diversos segmentos sociais, segundo metodologia científica. Ao considerar que,
entre os eleitores da amostra, 25% votarão no candidato X e 10% no Y, conclui que a totalidade dos
eleitores votará segundo a mesma proporção da amostragem pesquisada.
Apesar da aparente fragilidade da indução, trata-se de uma forma muito fecunda de pensar.
Ela é responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos conhecimentos na vida diária e
de muita valia para as ciências experimentais. Além disso, a indução é utilizada em previsões, quando
partimos de alguns casos da experiência presente e inferimos que ocorrerão com a mesma
regularidade futuramente.
Cabe ao lógico especificar as condições sob as quais devemos tomar a indução como correta.

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Analogia:
Já vimos a analogia anteriormente, mas vamos aqui aprofundar numa relação argumentativa.
Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita. Por meio da
analogia, passamos de um ou de alguns fatos singulares para uma outra enunciação singular ou
particular. Da comparação entre objetos ou fenômenos diferentes, inferimos pontos de semelhança.
Observe: “Paulo sarou de suas dores de cabeça com este remédio. Logo, João há de sarar de suas
dores de cabeça com este mesmo remédio”; “O macaco foi curado da tuberculose com tal soro;
logo, os seres humanos serão curados da tuberculose com o mesmo soro”.
É claro que o raciocínio por semelhança fornece apenas probabilidade, e não certeza. Mas
desempenha papel importante na descoberta ou na invenção, tanto no cotidiano como na ciência,
na tecnologia e na arte. Grande parte de nossas conclusões diárias baseia-se na analogia. Por
exemplo:
“Li um bom livro de Graciliano Ramos. Vou ler outro desse autor, pois deve ser igualmente bom.”
“Fui bem atendido nesta loja. Voltarei a comprar aqui, pois serei bem atendido novamente.”

Quando as explicações de determinado fato nos parecem complexas, costumamos recorrer a


comparações, que na verdade são analogias:
“Quem não está habituado a ler, sofre como um nadador iniciante, engole água e perde o fôlego”.
Igualmente, o texto literário é enriquecido pela metáfora, que é uma forma de estabelecer
semelhança:
“Amor é fogo que arde sem se ver” (de um soneto de Camões)

Convém observar, porém, se os diferentes objetos comparados obedecem ao critério de


relevância para chegar a uma conclusão. Assim, as analogias podem ser fortes ou fracas,
dependendo da relevância das semelhanças estabelecidas.

O fator de relevância determinou que a primeira comparação foi fraca, pois o texto brinca
com a ideia de que Armando não tinha muita relação com os elementos comparativos “amor” e

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“flor”. Assim, para tornar relevante e por conseguinte a comparação ser forte, a mulher de Armando
usa termos mais próximos ao gosto dele, que são “motor de carro”, “óleo”, “mecânica”.
Assim, quanto à relevância, no primeiro quadrinho, a analogia é fraca, e, no segundo
quadrinho, a analogia é forte.
Outros exemplos:
Quando as conclusões de experiências biológicas feitas em cobaias são estendidas a seres
humanos, geralmente a analogia é forte. Embora a fisiologia de ambos os seres não seja idêntica, as
semelhanças tornam a analogia adequada e fecunda.
A analogia é fraca quando a conclusão se baseia em considerações irrelevantes, por exemplo:
desejo comprar uma nova geladeira que funcione bem e com recursos sustentáveis, tal como a do
meu vizinho. Se eu levar em conta as semelhanças de cor e espaço interno, a analogia será fraca.
Será forte se, ao contrário, considero a marca e o modelo. Aí sim, haverá semelhança com as
características de funcionalidade do equipamento, concorda?

2 - VÍCIOS DE RACIOCÍNIO: TAUTOLOGIA; GENERALIZAÇÃO FALSA;


CONCLUSÃO NÃO DECORRENTE; ANALOGIA IMPROCEDENTE; AUSÊNCIA DE
CONCLUSÃO; SOFISMA.

A falácia, ou paralogismo, é um tipo de raciocínio incorreto, apesar de aparência de correção.


A falácia é conhecida também como sofisma, embora a esse respeito alguns estudiosos façam
distinção: a falácia seria um engano involuntário, enquanto o sofisma teria a intenção de enganar o
interlocutor.
São inúmeros os tipos de falácia, por isso vamos nos restringir a alguns poucos, mas que ajudam a
entender perfeitamente os casos de falácia.
Falácias formais:
As falácias formais ocorrem quando as regras do raciocínio correto são contrariadas ou não se
atende às regras da inferência válida. Lembremos os quatro exemplos de argumentos analisados
anteriormente.

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Vimos que os exemplos 2 e 4 eram inválidos, por infringirem, respectivamente, as regras números 5
e 6. Já no exemplo número 3, apesar de formalmente correto, a conclusão deriva de premissa falsa.
Portanto, os exemplos 2,3 e 4 são falácias.
As falácias quanto à matéria (quanto ao conteúdo, e não quanto à forma) são as que
constituem um argumento formalmente correto, mas cuja conclusão deriva de premissa falsa.
Veja o exemplo a seguir:
Exemplo 5:
Todos os homens são louros. premissa falsa
Ora, eu sou homem.
Logo, eu sou louro.
Falácias não formais:
As falácias não formais são de diversos tipos: muitas decorrem da irrelevância das premissas, que
não estabelecem a conclusão; outras são generalizações apressadas, que partem de falsas causas ou
se baseiam em preconceitos; e assim por diante. Geralmente exercem a função psicológica de
convencer, ao mobilizar emoções como entusiasmo, medo, hostilidade ou reverência.

Veja algumas:
O argumento de autoridade é importante desde que a autoridade seja um especialista no
assunto. Mas torna-se irrelevante se, por exemplo, recorrermos à autoridade de um cientista para
justificar posições religiosas ou à de um jogador de futebol para fundamentar política. Trata-se de
um recurso muito comum na publicidade, quando artistas famosos “vendem” desde sabonetes até
ideias, como as propostas políticas de um candidato. Assim, há, de certa forma, uma autoridade,
mas há desvio de assunto, de especificidade.
O argumento contra o homem é um tipo de argumento de autoridade às avessas, no sentido
de ser pejorativo e ofensivo. Ocorre quando não aceitamos uma conclusão por estar baseada no
testemunho de alguém que depreciamos. Ao questionar, atacamos quem fez a afirmação. Por
exemplo, se desvalorizamos o trabalho da polícia de um estado porque um policial cometeu um
crime quando no ato de suas funções; ou desconsideramos o Congresso Nacional porque, em
determinado país, o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Senado Federal são
acusados de corrupção; ou ainda, desvalorizamos um evento esportivo de nível mundial se as obras
de infraestrutura foram superfaturadas e políticos e empresários se enriqueceram ainda mais com
elas e as obras ainda não ficaram prontas para o evento.
A falácia de acidente ou de generalização apressada é um tipo de falácia indutiva: diante de
um erro médico, concluímos apressadamente que a medicina é inútil. Ocorre também quando uma
regra geral é aplicada em circunstâncias particulares e acidentais em que seria inaplicável. Um
exemplo: pessoas excessivamente legalistas que julgam a partir da letra fria das normas e das leis,
independentemente da análise cuidadosa das circunstâncias específicas dos acontecimentos.

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A falácia da conclusão irrelevante consiste em se afastar da questão, desviando a discussão.


Um advogado habilidoso, que não tem como negar o crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, bom
marido, trabalhador etc.; um vereador acusado de realizar gastos sem autorização da Câmara põe
em relevo a importância e a urgência das despesas; o deputado que defende o governo acusado de
corrupção não se detém aos fatos devidamente comprovados, mas discute questões formais do
relatório da comissão de inquérito ou enfatiza o pretenso revanchismo dos deputados
oposicionistas. Este último está sendo amplamente utilizado na Câmara dos Deputados, na comissão
de ética.
As falácias de petição de princípio ou círculo vicioso supõem conhecido o que é objeto da
questão. “Tal ação é injusta porque é condenável; e é condenável porque é injusta”. Nesse exemplo
é fácil perceber o erro, mas o mesmo não ocorre neste outro, relatado por Irving Copi: “Permitir a
todos os homens uma liberdade ilimitada de expressão deve ser sempre, de um modo geral,
vantajoso para o Estado; pois é altamente propício aos interesses da comunidade que cada indivíduo
desfrute de liberdade, perfeitamente ilimitada, para expressar os seus sentimentos”.
Nas falácias de ambiguidade também chamadas semânticas ou de equívoco, os conceitos
ou enunciados não são suficientemente esclarecidos ou os termos são empregados com sentidos
diferentes nas diversas etapas da argumentação. No exemplo seguinte o termo "fim" é usado em
dois sentidos diferentes como se fosse o mesmo:
"O fim¹ de uma coisa é a sua perfeição; a morte é o fim² da vida; logo a morte é a perfeição da vida."
fim¹ = finalidade
fim² = término
As falácias de falsa causa (ou post hoc) são muito comuns e representam as inúmeras
inferências que fazemos no cotidiano ao tomarmos como causa o que não é a causa real. Por
exemplo: "Não levo minha namorada em jogo do meu time porque da última vez que a levei, meu
time perdeu: ela é 'pé frio’”.
A falácia de falso dilema consiste em apresentar apenas duas opções, quando, na verdade,
existem mais. Exemplos:
"- Brasil: ame-o ou deixe-o".
- "Você prefere uma mulher cheirando a alho, cebola e frituras ou uma mulher sempre
arrumadinha?"
-" Você não suporta seu marido? Separe-se!"
- "Quem não está a favor de mim está contra mim".

Tautologia: Etimologicamente, a palavra “tautologia” (do grego tautó =o mesmo, e logos =


palavra) significa dizer o mesmo.

Tautologia é a denominação, na retórica, a um termo ou texto que é a mesma ideia expressa


de formas diferentes, dizer a mesma coisa em termos diferentes. Diz-se que um argumento é
tautológico quando se explica por ele próprio, às vezes redundante ou falaciosamente. Por exemplo,
dizer que "o mar é azul porque reflete a cor do céu e o céu é azul por causa do mar" é uma afirmativa

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tautológica. Um exemplo de dito popular tautológico é "tudo o que é demais sobra". Da mesma
forma, um sistema é caracterizado como tautológico quando não apresenta saídas à sua própria
lógica interna.
Vamos praticar um pouco?

1. (FCC / CLDF Taquígrafo 2018)


O nascimento da retórica é tradicionalmente atribuído ao siciliano Córax e remonta ao século
V a.C., a um período histórico caracterizado pela transição de um governo tirânico para um regime
democrático. Nesse período, inúmeros conflitos judiciários foram travados por cidadãos que,
despojados de seus bens pela tirania, recorriam à justiça na tentativa de reavê-los. Contudo, não se
conhecia a figura do profissional da advocacia como se conhece nos dias atuais, de forma que os
cidadãos que buscassem a solução de seus conflitos no judiciário deveriam providenciar por si
mesmos a sustentação de suas teses.
Atentos a essa crescente necessidade prática de elaboração discursiva, Córax e seu discípulo
Tísias, por volta de 465 a.C., lançaram o primeiro tratado metódico sobre a arte da palavra – um
manual que apresentava, de forma didática, lições de como bem sustentar uma tese em juízo, com
vistas a vencer qualquer demanda. Nesse momento, a retórica, entendida como a arte de persuadir,
adquiria cada vez mais prestígio, pois existia a crença de que aquele que dominasse suas técnicas
seria capaz de convencer qualquer pessoa de qualquer coisa.
Da Sicília, então dominada pelos gregos, a retórica migrou para Atenas e lá encontrou terreno
fértil para o desenvolvimento de seus postulados, com o florescimento da polis grega, onde as
decisões políticas eram tomadas mediante ampla participação popular.
Considerando esse contexto em que nasceu e se desenvolveu a retórica, torna-se plenamente
compreensível o realce que os pesquisadores dão a seu caráter sociocultural de instrumento de
exercício da cidadania.
(Adaptado de: PAULINELLI, Maysa de Pádua Teixeira. Retórica, argumentação e discurso em
retrospectiva. Linguagem em (Dis)curso – LemD. Tubarão, SC, v. 14, n. 2, p. 391-409, maio/ago.
2014, p. 394. Disponível em: www.scielo.br)
O texto organiza-se de acordo com o raciocínio
(A) dedutivo, já que os primeiros parágrafos expõem generalizações que são avaliadas de maneira
criteriosa no último parágrafo.
(B) indutivo, considerando que o último parágrafo apresenta uma conclusão geral a partir de fatos
particulares expostos em parágrafos anteriores.
(C) sofista, pois as relações entre os eventos encerram uma causalidade apenas aparente, o que
redunda em uma contradição.
(D) antitético, tendo em vista que logo no primeiro parágrafo o emprego de Contudo sinaliza a
oposição entre dois argumentos conflitantes.

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(E) categórico-dedutivo, pois as asserções iniciais são apresentadas como verdades universais,
provadas e, portanto, inquestionáveis.
Comentário: O primeiro parágrafo apresenta o nascimento da retórica, ambientando-o num período
histórico caracterizado pela transição de um governo tirânico para um regime democrático na qual
inúmeros conflitos eram travados por cidadãos, os quais deveriam providenciar por si mesmos a
sustentação de suas teses, por não haver à época a figura do profissional da advocacia.
O segundo parágrafo explora a consequência dessa falta, afirmando que com isso houve o
tratado metódico sobre a arte da palavra, e isso confirma o que fora dito no parágrafo anterior sobre
o cidadão providenciar por si mesmo a sustentação de sua tese. Daí o valor da retórica para o cidadão
e a relevância e prestígio da retórica.
O terceiro parágrafo afirma que, por uma evolução natural, a retórica migrou para Atenas e
lá prosperou.
Veja que até aqui o texto mostrou a origem da retórica, particularizando seu nascimento, a
sua necessidade e o motivo de ter prosperado. Notou que tais aspectos são elementos
particularizantes na argumentação?
Note que o primeiro período do último parágrafo é uma retomada das ideias particularizantes
do texto (nascimento e desenvolvimento da retórica) para em seguida haver uma conclusão geral: a
de que é plenamente compreensível o realce que os pesquisadores dão a seu caráter sociocultural
de instrumento de exercício de cidadania. Confirme pelo esquema:
Retórica:
Dados particulares: nascimento, desenvolvimento (causa e consequência natural)
Conclusão generalizante: sua importância no exercício de cidadania

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Comentário: A alternativa (A) está errada, pois é afirmado no primeiro período que não há motivos
para tristeza, não que ela deva ou não ser acalentada. Assim, houve extrapolação da informação do
texto.
A alternativa (B) está errada, pois, segundo a afirmação do primeiro período, é a sensação de
dever cumprido (e não o coração) que confirma não haver razão para tristeza.
A alternativa (C) está errada, por transmitir certeza (“a colheita é segura”) num contexto em
que há apenas possibilidade.
Note que o texto afirma que “Essa Casa sempre foi para mim uma terra fértil.”. Em seguida
afirma que há o desejo de que a sua colhida “possa ter saciado o desejo de democracia, soberania,
justiça do povo brasileiro”. Assim, não há certeza, há desejo, possibilidade.
A alternativa (D) está errada, pois a expressão “todo político” transmite uma generalização
da característica de um político (“humildade é dever de todo político”), mas o contexto nos mostra
que essa característica é dita como particularizante desse político: “Ainda que eu tenha cultivado a
humildade de reconhecer que fiz menos do que poderia e muito menos do que desejei fazer.”.
A alternativa (E) é a correta, pois, segundo o primeiro período, “Não há razão para tristeza
quando o coração tem a sensação de dever cumprido.” Assim, não haver razão para tristeza é o
mesmo que haver razão para contentamento. Por conseguinte, o dever cumprido promove grande
contentamento. Confirme:
Não há razão para tristeza¹ quando o coração tem a sensação de dever cumprido².
O dever cumprido² promove grande contentamento¹.
Gabarito: E

3. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


“Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega-se a ser
injusto até mesmo com os malfeitores”.
Indução é um processo lógico que parte do particular para o geral, como ocorre no seguinte
raciocínio:
(A) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar também;
(B) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter chovido durante toda a noite;
(C) A torcida do Corinthians está presente em todos os jogos; domingo não deve ser diferente;
(D) O estacionamento do restaurante está cheio de carros; o lucro desse restaurante deve ser alto;
(E) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o meu automóvel enguiçou ontem.
Comentário: Na alternativa (A), há um processo dedutivo, pois se parte do geral (“Todos os dias”)
para o particular (“hoje”).
Na alternativa (B), há um processo dedutivo, pois se parte do geral (“Após as chuvas”, isto é,
uma regularidade temporal) para o particular (“hoje”, um dia específico).

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Na alternativa (C), há um processo dedutivo, pois se parte do geral (“todos os jogos”, isto é,
uma regularidade temporal) para o particular (“domingo”, um dia específico).
A alternativa (D) é a correta, pois se chega a uma conclusão genérica (o lucro do restaurante),
baseando-se num dado específico: o estacionamento estar cheio de carros. Assim, com base numa
parte do restaurante, chega-se ao resultado geral: o lucro desse restaurante.
Na alternativa (E), há um processo dedutivo, pois se parte do geral (“Os carros brasileiros”)
para o particular (“meu automóvel”).
Gabarito: D

4. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


Observe o seguinte diálogo:
A – Não há justiça sobre a terra.
B – Por acaso, existe no céu?
Sendo esse um texto argumentativo, o segundo argumentador apela para a seguinte estratégia:
a) emprega um argumento de autoridade religiosa;
b) utiliza-se de uma opinião pessoal como argumento;
c) foge do assunto, apresentando uma pergunta;
d) constrói um círculo vicioso;
e) opõe-se ao primeiro, com apelo ao bom senso.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não houve menção a uma autoridade religiosa, mas
simplesmente foi empregada a palavra “céu”, em oposição ao plano terrestre, à terra. Mas isso não
significa haver menção a uma autoridade religiosa.
A alternativa (B) está errada, pois não foi expressa uma opinião, muito menos pessoal: a
pergunta do interlocutor foi evasiva, não tem ligação direta com a afirmação anterior.
A alternativa (C) é a correta, pois se esperava que o interlocutor apresentasse argumentos
contrários sobre o assunto justiça na terra; porém ele se esquiva desse tema, fazendo a pergunta
“Por acaso, existe no céu?”, mudando de assunto, a fim de deixar para o locutor a responsabilidade
de apresentar possíveis argumentos.
Muitas vezes utilizamos essa estratégia argumentativa no dia a dia, por exemplo, quando um
dos cônjuges está na sala quase pronto para sair e questiona por que o outro ainda não está pronto.
Então, a resposta não é “estou pronto” ou “não estou pronto”, mas a seguinte pergunta: Por acaso
eu já deixei você esperando? Assim, entendemos que houve fuga da resposta para transferir a
responsabilidade para o outro responder.
A alternativa (D) está errada, pois não se entende aí uma relação viciosa em que, não havendo
justiça na terra, automaticamente não haveria justiça no céu ou vice-versa.

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A alternativa (E) está errada, pois não há qualquer vestígio de que haveria supostamente uma
relação de bom senso. Na realidade, essa expressão foi utilizada para o candidato perceber a
extrapolação da afirmação e a eliminar.
Gabarito: C

5. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


“As leis existem, mas quem as aplica?”
Esse pensamento de Dante Alighieri critica:
(A) a má elaboração das leis;
(B) o excesso de leis;
(C) o rigor excessivo da polícia;
(D) a fraqueza humana;
(E) o controle demasiadamente rigoroso das leis.
Comentário: Esta é mais uma questão que tem fundamento estratégico na pergunta.
Afirma-se que as leis existem, porém a pergunta “mas quem as aplica?” é uma crítica a quem
julga, quem aplica, quem executa: o ser humano. Assim, o autor admite que o problema não está na
formulação das leis, mas na sua execução: não adianta criar mais leis, basta cumprir as que já temos
em nosso ordenamento jurídico.
Com base nisso, entendemos que a crítica do autor se refere à fraqueza humana, a quem
deve zelar pelo seu fiel cumprimento.
Portanto, a alternativa (D) é a correta.
Gabarito: D

6. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


“Sem instrução, as melhores leis tornam-se inúteis”.
Esse pensamento deve ser entendido do seguinte modo:
(A) Se não houver educação dos cidadãos, as leis tornam-se inúteis;
(B) Se as leis não forem acompanhadas de instruções de funcionamento, tornam-se inúteis;
(C) Caso as leis não possuam instruções claras, elas se tornam inúteis;
(D) Só com a educação dos juízes, as leis podem tornar-se úteis;
(E) Se os juízes não forem pessoas cultas, as leis se tornam inúteis por não serem claras.
Comentário: No período “Sem instrução, as melhores leis tornam-se inúteis”, entendemos que, se
não houver instrução (educação) aos cidadãos, não haverá compreensão dos limites legais e de nada
adiantarão as leis.
Assim, a alternativa (A) é a correta.

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Observe que as demais alternativas extrapolam as informações possíveis a partir dessa


afirmação, pois a expressão “Sem instrução” não se refere especificamente às leis (instruções de
funcionamento, instruções claras das leis), muito menos há menção à educação dos juízes ou à sua
cultura.
Gabarito: A

7. (FGV / Prefeitura de Salvador BA Agente de Trânsito e Transporte 2019)


Um jornal carioca publicou a seguinte manchete nas páginas esportivas:
Vasco obtém empréstimo para acertar pagamentos
Dessa manchete deduz-se que
(A) os pagamentos do Vasco estavam atrasados.
(B) haviam ocorrido erros nos pagamentos de salários.
(C) o Vasco teve dificuldades para obter empréstimo.
(D) os salários pagos pelo Vasco precisavam de aumento.
(E) os clubes de futebol passam por dificuldades financeiras.
Comentário: Ora, se o Vasco recebe empréstimo para acertar pagamentos, naturalmente isso
significa que o clube passa por dificuldades de pagamento. Assim, a alternativa (A) é a correta.
A alternativa (B) está errada, pois o empréstimo ocorre a quem precisa de recurso financeiro,
e não por ter havido algum erro no pagamento. Tanto que, se houvesse erro e o clube tivesse
recursos, não precisaria de empréstimo.
A alternativa (C) está errada, pois o fato de se afirmar que o Vasco obtém empréstimo para
acertar pagamentos não apresenta vestígio algum que faça subentender dificuldade de obter esse
empréstimo.
A alternativa (D) está errada, pois o fato de se afirmar que o Vasco obtém empréstimo para
acertar pagamentos não apresenta vestígio algum que faça subentender a necessidade de aumento.
A alternativa (E) está errada, pois a afirmação da questão refere-se pontualmente ao Vasco,
e não a outros times.
Gabarito: A

8. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


A frase abaixo que NÃO se estrutura com base numa oposição é:
(A) A tortura é um meio seguro de absolver os criminosos robustos e condenar os fracos inocentes;
(B) Muitos primeiros virão a ser os últimos;
(C) A glória deve ser conquistada; a honra, por sua vez, basta que não seja perdida;
(D) Nenhuma lei se adapta igualmente bem a todos;
(E) Infeliz é aquele discípulo que não supera seu mestre.

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Comentário: Uma das estratégias argumentativas é o confronto, a oposição. Essa questão apresenta
4 alternativas com oposições e devemos encontrar aquela que não apresenta esse recurso.
Na alternativa (A), há oposição entre “criminosos robustos” e “fracos inocentes”.
Na alternativa (B), há oposição entre “primeiros” e “últimos”.
Na alternativa (C), há oposição entre “deve ser conquistada” e “basta que não seja perdida”.
A alternativa (D) é a que devemos marcar, pois não há oposição entre “nenhuma” e “todos”,
pois tais vocábulos não se referem ao mesmo elemento. O vocábulo “nenhuma” refere-se a uma
“lei” e “todos” refere-se a pessoas.
Na alternativa (E), há oposição entre “discípulo” e “mestre”.
Gabarito: D

9. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


Sêneca, um filósofo latino, a respeito da autoria de crimes, declarou o seguinte princípio: “Cometeu
o crime quem dele recebeu benefícios”.
Considerando-se que o crime aludido seja um assassinato, segundo esse pensamento:
(A) todo assassino recebe pagamento por um crime cometido;
(B) os assassinos cometem os crimes por razões pessoais;
(C) todo crime traz benefícios ao assassino;
(D) os assassinatos retiram bens materiais das vítimas;
(E) todos os assassinatos encobrem interesses materiais.
Comentário: A alternativa (A) está errada, por haver certa imprecisão. Note que a palavra
“benefícios” não significa especificamente “pagamento”. Este é apenas um dos possíveis benefícios
e não encontra respaldo no texto.
A alternativa (B) está errada, pois “por razões pessoais” apresenta valor geral e impreciso em
relação a “benefícios”.
A alternativa (C) é a correta, pois há correta correlação entre os termos. Note que quem
“cometeu o crime” é o “assassino”. Além disso, perceba que a palavra “benefícios” foi repetida na
alternativa. Veja:
“Cometeu o crime¹ quem² dele recebeu benefícios³”
todo crime¹ traz benefícios³ ao assassino²
Assim, entendemos da questão a cobrança do método de raciocínio indutivo, pois, a partir de
uma perspectiva particular “o crime”, chegamos à perspectiva geral: “todo crime”.
A alternativa (D) está errada, pois retirar “bens materiais” é uma informação muito específica
em relação a “benefícios” e não encontra respaldo no texto. Retirar “bens materiais” seria apenas
um dos possíveis benefícios.

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A alternativa (E) está errada, pois encobrir “interesses materiais” é uma informação muito
específica em relação a “benefícios” e não encontra respaldo no texto. Encobrir “interesses
materiais” seria apenas um dos possíveis benefícios.
Gabarito: C

10. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)


“Não se enforca um homem por ele ter roubado cavalos, mas para que cavalos não sejam roubados”.
Segundo esse pensamento:
(A) as penas não devem exceder a maldade do crime;
(B) as punições devem servir de exemplo social;
(C) algumas penas por pequenos roubos são exageradas;
(D) nem sempre as penas aplicadas são justas;
(E) as leis penais foram elaboradas de forma equivocada.
Comentário: Ao se afirmar que não se enforca um homem por ele ter roubado cavalos, mas para
que cavalos não sejam roubados, observa-se que a punição ocorre para que o crime não seja
repetido.
Com base nisso, entendemos que a alternativa (B) é a correta.
É importante frisar que a questão partiu de uma perspectiva particular (“enforcar um
homem” e “cavalos não sejam roubados”) e chegou a uma perspectiva geral (“punições” e “exemplo
social”), respectivamente. Dessa forma, a questão cobrou, além da inferência textual, o método de
raciocínio indutivo.
Gabarito: B

11. (FGV / MP RJ Analista do Ministério Público 2019)


Todos os jogadores são elegantes
Eduardinho é jogador
Eduardinho é elegante
O texto acima é um exemplo de silogismo que apresenta uma falha estrutural, que é:
(A) ocorre uma relação de causa e efeito defeituosa;
(B) é feita uma simplificação exagerada;
(C) estabelece-se uma falsa analogia;
(D) a premissa inicial não é verdadeira;
(E) a conclusão não é fundamentada nas premissas.
Comentário: O que ocorre nesta questão é o mesmo que vimos no exemplo 3 de nossa teoria.
Coloquei abaixo tanto o silogismo do exemplo 3 quanto o da questão:

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Exemplo 3: Questão:
Todos os homens são louros. Todos os jogadores são elegantes
Pedro é homem. Eduardinho é jogador
Logo, Pedro é louro. Eduardinho é elegante

Note que a primeira premissa do exemplo 3 generalizou algo que não é cabível pelo nosso
conhecimento de mundo, pois sabemos que nem todo homem é louro.
O mesmo ocorre na primeira premissa da questão, pois sabemos, pelo nosso conhecimento
de mundo, que nem todo jogador é elegante.
Assim, a primeira premissa de cada silogismo acima é falsa, e, mesmo havendo um
argumento logicamente válido, pois não fere as regras do silogismo, houve uma falha estrutural.

Com base nisso, notamos que a alternativa (D) é a correta.

A alternativa (A) está errada, pois a relação de causa e efeito se baseia nas duas premissas
para se chegar a uma conclusão. Tal conclusão é válida, pois não fere as regras do silogismo.

A alternativa (B) está errada, pois houve uma generalização equivocada na primeira premissa,
e não uma simplificação exagerada.

A alternativa (C) está errada, pois não houve analogia, isto é, uma forma de comparação, mas
um silogismo.

A alternativa (E) está errada, pois a conclusão é válida, tendo em vista que não fere as regras
do silogismo.
Gabarito: D

12. (FGV / MP RJ Analista do Ministério Público 2019)


Observe o raciocínio a seguir.
O médico recomendou-me este xarope. Vou ficar bom logo.
Sempre que passamos de uma premissa diretamente a uma conclusão, assumimos como verdadeira
uma ideia intermediária.
A ideia intermediária desse raciocínio é:
(A) o médico é bastante competente;
(B) o xarope é um medicamento tradicional;
(C) o xarope vai ser tomado na dosagem certa;
(D) o exame foi demorado e meticuloso;
(E) o remédio é de criação recente.

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Comentário: Esta questão nos cobra o conhecimento do silogismo com a visão subjetiva do autor, o
seu posicionamento de acordo com sua crença.
Há uma primeira premissa de que o médico recomendou um xarope e o resultado, a
conclusão, é o de que o paciente ficará bom logo. Então devemos achar o termo intermediário.
Ora, sabemos que, quando o remédio é tomado na dose certa e é um remédio tradicional,
natural e possivelmente o paciente se cura da doença.
Assim, temos uma visão objetiva, não levando em consideração o que julga o paciente. Veja
que, se a conclusão fosse assim objetiva, por exemplo, “Devo ficar bom”, “possivelmente ficarei
bom”, certamente as alternativas B (“o xarope é um medicamento tradicional”) e C (“o xarope vai
ser tomado na dosagem certa”) estariam corretas, concorda?
Porém, a conclusão apresenta uma visão subjetiva, pessoal. O paciente não diz simplesmente
que vai ficar bom. Ele acredita que ficará bom rapidamente, logo. Isso é uma consideração com base
naquilo que ele acredita.
Assim, a alternativa (A) é a correta, pois o fato de ele acreditar que o médico é realmente
muito competente o faz julgar que ficará bom rapidamente.

As alternativas (D) e (E) estão erradas, pois as informações de o exame ter sido demorado e
meticuloso e de o remédio ser de criação recente não encontram vestígios na primeira premissa ou
na conclusão. Assim, extrapolam a informação.
Gabarito: D

13. (FUNCAB / EMSERH Auxiliar Administrativo 2016)


Considere que as seguintes afirmações são verdadeiras:
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que:
a) Algum maranhense pescador não é trabalhador
b) Algum maranhense não pescar não é trabalhador
c) Todo maranhense trabalhador é pescador
d) Algum maranhense trabalhador é pescador
e) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
Comentário: Vamos utilizar esta questão para praticar os termos vistos acima.
A palavra “maranhense” é o termo médio, o qual se encontra nas duas premissas. A palavra
“pescador” é o termo maior, por estar no predicado da premissa maior e deve estar na conclusão.
A palavra “trabalhador” é o termo menor, por estar no predicado da premissa menor e deve
estar na conclusão.

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A alternativa (C) está errada, porque nega as duas premissas. Segundo elas, todo maranhense
é nordestino e todo nordestino é brasileiro. Assim, não podemos afirmar que é possível existir um
maranhense que não seja brasileiro.
Conforme a explicação inicial e da alternativa (B), notamos que a alternativa (D) está errada.
A alternativa (E) está errada, porque claramente o grupo de brasileiros é bem maior que o
grupo de maranhenses, o que invalida a afirmação.
Gabarito: B

15. (ESAF / MF Assistente Técnico-Administrativo 2012)


Em uma cidade as seguintes premissas são verdadeiras:
Nenhum professor é rico.
Alguns políticos são ricos.
Então, pode-se afirmar que:
a) Nenhum professor é político.
b) Alguns professores são políticos.
c) Alguns políticos são professores.
d) Alguns políticos não são professores.
e) Nenhum político é professor.
Comentário: Primeiramente, devemos entender que as alternativas (A) e (E) transmitem a mesma
informação: a de que nenhum professor é político e vice-versa. Assim, elas se excluem.
O mesmo ocorre nas alternativas (B) e (C), pois foi afirmado que alguns professores são
políticos e vice-versa. Assim, essas também se excluem.
Agora, veja os grupos abaixo:

ricos políticos professores

No grupo de ricos, não há professores; mas há alguns políticos.


O fato de nenhum professor ser rico e de alguns políticos serem ricos não elimina a
possibilidade de interseção entre os grupos de políticos e professores. Veja bem: não elimina a
possibilidade, mas também não há como ter certeza de que haja alguns professores políticos ou
políticos professores. Veja: isso é apenas uma suposição, pois, com base nas premissas, não se pode
ser categórico na interseção desses dois grupos.

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Assim, confirmamos a alternativa (D) como a correta, pois realmente alguns políticos não são
professores. Isso é categórico!
Gabarito: D

16. (FGV /CODEMIG Analista de Apoio 2015)

A charge acima, da autoria de Newton Silva, considerando-se ter sido feita em setembro de 2015,
tem por principal objetivo:
(A) condenar a influência de Maquiavel nos atos dos governos;
(B) criticar os frequentes atos de corrupção na política brasileira;
(C) ironizar a má preparação intelectual dos nossos políticos;
(D) mostrar fraquezas presentes na teoria política dos regimes democráticos;
(E) demonstrar a urgente necessidade de ser revisto nosso sistema eleitoral.
Comentário: Esta questão ambienta o contexto para falarmos sobre falácia argumentativa, da
mesma forma como cairá na sua prova.
A alternativa (A) está errada, porque não é a influência de Maquiavel que gera os maus atos
do governo, mas a má índole de alguns políticos. Isso é notório na fala deles e na expressão facial.
A alternativa (B) é a correta, pois fica claro que a charge critica a má índole de alguns políticos.
Veja a argumentação falaciosa do segundo político.
A alternativa (C) está errada, pois a má índole de alguns políticos não é simplesmente gerada
pela falta de preparação intelectual, mas pelo caráter.

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A alternativa (D) está errada, pois os políticos da charge apenas apresentam a falácia
argumentativa como forma de debochar, zombar da situação. Assim, a fraqueza não é da suposta
teoria, mas da má índole.
A alternativa (E) está errada, porque efetivamente o texto não apresenta elementos que nos
façam entender que uma revisão no sistema eleitoral extirparia políticos de má índole.
Gabarito: B

17. (FGV /CODEMIG Analista de Apoio 2015)


“Assaltar os cofres públicos é um ato democrático porque o dinheiro é poder e o poder emana do
povo”.
A frase mostra uma estrutura argumentativa, que teria validade, mas não verdade, na seguinte
forma:
(A) o poder emana do povo / o dinheiro é poder / assaltar os cofres públicos é um ato democrático;
(B) o dinheiro é poder / o poder emana do povo / assaltar os cofres públicos é um ato democrático;
(C) assaltar os cofres públicos é um ato democrático / o poder emana do povo / o dinheiro é poder;
(D) o dinheiro é poder / assaltar os cofres públicos é um ato democrático / o poder emana do povo;
(E) o poder emana do povo / assaltar os cofres públicos é um ato democrático / o dinheiro é poder.
Comentário: Como vimos na teoria, a falácia é um tipo de raciocínio incorreto, apesar de aparência
de correção. O pedido da questão já nos mostrou que há erro na estrutura argumentativa.
Haja vista o pedido da questão, vamos revisar o que vimos sobre verdade e validade:
Apenas as proposições podem ser identificadas como verdadeiras ou falsas. Uma proposição
é verdadeira quando corresponde ao fato que expressa: por isso vimos que a proposição “Todos os
homens são louros” é falsa.
Apenas os argumentos podem ser considerados válidos ou inválidos (e não verdadeiros ou falsos).
Um argumento é válido quando sua conclusão é consequência lógica de suas premissas.
Para que haja uma consequência lógica, devemos observar a estrutura de cada premissa e sua
conclusão.
Dessa forma, vamos destacar cada segmento e observar os termos médio, maior e menor:
“Assaltar os cofres públicos é um ato democrático porque o dinheiro é poder e o poder emana do
povo.”
Na estrutura argumentativa, os termos se repetem, porém nessa frase ocorrem sinônimos
contextuais e vamos mostrar cada um:
A expressão “cofres públicos” tem relação semântica com “dinheiro” e a expressão “ato
democrático” tem relação semântica com “emana do povo”.
Assaltar os cofres públicos é um ato democrático
O dinheiro é poder

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O poder emana do povo


Assim, a premissa maior deve possuir o termo médio, o qual se apresenta também na
premissa menor. Dessa forma, a palavra “poder” é o termo médio. Assim, já sabemos que as
premissas são:
O dinheiro é poder
O poder emana do povo
Como o termo médio não pode aparecer na conclusão, já eliminamos as alternativas (C), (D)
e (E).
A diferença entre a alternativa (A) e a alternativa (B) decorre apenas da ordenação das
premissas, pois a conclusão é a mesma.
Assim, devemos recorrer a quem é o termo maior, o qual se encontra no predicado da
premissa maior e no predicado da conclusão e quem é o termo menor, o qual se encontra na
premissa menor e na conclusão. O predicado da conclusão é a expressão “um ato democrático”, o
qual tem relação semântica com a expressão “emana do povo”, o qual é o predicado da premissa
maior.
Assim, a alternativa correta é a (A), pois a ordenação das premissas e a conclusão apresentar-
se-ão da seguinte forma:

Veja que a estrutura apresenta as premissas maior (afirmação verdadeira) e menor


(afirmação verdadeira) e a conclusão válida, conforme o pedido da questão; porém, há de se
ressaltar que ela não é lógica. Por isso há uma falácia argumentativa formal.
Cuidado: é bem possível cair na sua prova uma questão desse tipo!
Gabarito: A

18. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)


O site Cracked separou sete coisas que ninguém sabia sobre os celulares. São várias teorias sobre a
nocividade dos aparelhos sobre o corpo humano. Quer saber quais são elas? Então vamos à lista:
1. Celulares são responsáveis pela destruição de famílias
Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis. Atualmente, a grande maioria dos
casos de adultério é combinada por telefones pessoais, pois dessa forma não há tanto risco de outra
pessoa atender às ligações. Isso sem falar em reuniões familiares, que são constantemente

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atrapalhadas (ou ignoradas) por filhos e filhas que preferem as mensagens de texto às conversas
com os pais.
2. Ele põe sua vida em risco
No Brasil, falar ao celular enquanto se está no volante é uma infração de trânsito. Isso acontece
porque o telefone realmente tira a atenção dos motoristas. Mas há relatos de que a distração
causada pelos celulares vai muito mais além: até mesmo quando estamos caminhando, ficamos mais
suscetíveis a acidentes quando estamos em ligações.
3. Seu telefone é uma colônia de bactérias
Um dos principais problemas dos celulares são os micróbios. Muitos utilizam os aparelhos no
banheiro, o que pode infectá-los com bactérias dos mais variados tipos. Sujeiras dos bolsos, chão e
mesas também afetam os telefones. Em suma, os celulares são verdadeiras colônias de germes e
outros pequenos vilões da saúde humana.
4. Mensagens estão em nosso subconsciente
Um estudo alemão mostrou que grande parte das pessoas de até 30 anos está com os caminhos
para a digitação de mensagens gravados no subconsciente. Isso significa que, mesmo sem um
teclado visível, os usuários conseguem saber onde estão as letras de seus celulares. Parece que o
mesmo acontece com os teclados de computadores, mas nos experimentos somente os números
eram mostrados e, incrivelmente, as pessoas envolvidas conseguiam decifrar os códigos mais
rapidamente.
5. Você está perdendo seus sentidos
Em uma velocidade muito baixa, mas isso está acontecendo. Possivelmente os celulares estejam
fazendo com que seus olhos sejam afetados (a radiação faz com que eles sejam aquecidos). Além
disso, a audição pode estar sendo afetada por volumes muito altos em fones de ouvido.
6. Eles deixam as crianças malcriadas
Estudos mostram um dado curioso. Mulheres que usam celular durante a gravidez e durante os
primeiros anos de vida de seus bebês têm 50% a mais de chances de terem filhos com sérios
problemas comportamentais. A causa disso? A radiação por celulares estaria estimulando a
liberação de melatonina (um hormônio que regula várias funções corporais).
7. Celulares podem causar esterilidade
Segundo apontam cientistas, celulares emitem radiação eletromagnética. É ela que, supostamente,
causa danos ao cérebro. Novas teorias apontam para o fato de que essa mesma radiação poderia
ser responsável por afetar também o sistema reprodutor dos homens. Como os celulares ficam
muito tempo nos bolsos, isso poderia ser uma causa da esterilidade.
“São várias teorias sobre a nocividade dos aparelhos sobre o corpo humano”.
A teoria citada que é inadequada em relação a essa observação inicial do texto é:
(A) Celulares podem causar esterilidade;
(B) Você está perdendo seus sentidos;

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(C) Ele põe sua vida em risco;


(D) Mensagens estão em nosso subconsciente;
(E) Seu telefone é uma colônia de bactérias.
Comentário: Esta questão cobra a inadequação argumentativa. Isto é, um erro de argumentação,
conforme vimos nas falácias. Esta é uma forma também de se cobrar o assunto falácia na prova, pois
simplesmente devemos perceber a incoerência na argumentação.
O texto apresenta teorias a respeito do dano dos aparelhos ao corpo humano. Assim,
devemos verificar qual, dentre as alternativas, não apresenta relação lógica com a nocividade em
relação ao corpo humano.
A alternativa (A) apresenta teoria adequada, pois o fato de celulares poderem causar
esterilidade tem relação com a radiação do celular afetar o sistema reprodutor dos homens.
A alternativa (B) apresenta teoria adequada, pois o fato de perder os sentidos tem relação
com a radiação, que faz com que os olhos sejam aquecidos e os fones de ouvidos afetarem a audição.
A alternativa (C) apresenta teoria adequada, pois o celular põe a vida em risco, pois a
distração ao celular pode levar a acidentes.
A alternativa (D) é a inadequada em relação ao dano ao coporo humano, pois o fato de as
mensagens estarem em nosso subconsciente não afeta o corpo, apenas se mostrou que a tecla das
letras e números fica gravada na memória. Assim, tal afirmação não tem relação lógica com a
expressão inicial do texto “São várias teorias sobre a nocividade dos aparelhos sobre o corpo
humano”.
A alternativa (E) apresenta teoria adequada, pois o fato de o telefone ter bactérias, o que
pode provocar problemas na saúde do corpo.
Gabarito: D

19. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)


A primeira teoria informa que “Celulares são responsáveis pela destruição de famílias”. Trata-se de
uma:
(A) informação fundamentada em pesquisa;
(B) constatação a partir de fatos;
(C) opinião profundamente exagerada;
(D) observação baseada em preconceitos;
(E) afirmação criada por mentes conservadoras.
Comentário: Vamos analisar esse trecho do texto:
Celulares são responsáveis pela destruição de famílias
Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis. Atualmente, a grande maioria dos
casos de adultério é combinada por telefones pessoais, pois dessa forma não há tanto risco de outra

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pessoa atender às ligações. Isso sem falar em reuniões familiares, que são constantemente
atrapalhadas (ou ignoradas) por filhos e filhas que preferem as mensagens de texto às conversas
com os pais.

Ao lermos essa “teoria”, já ficamos encabulados em pensar como os celulares poderiam


destruir famílias. Na primeira frase do texto, fala-se que, antes dos celulares, os casais eram muito
mais fiéis. Será? Como se pode comprovar isso? Veja que não há lógica nessa afirmação, pois o fato
de haver casos de adultério tramados nos celulares não é base de comparação para afirmar que
antes os casais seriam muito mais fiéis. As tramas de adultério apenas foram otimizadas, facilitadas,
mas isso não exclui a possibilidade de os casos de adultério também serem grandes anteriormente.
Além disso, o fato de os filhos possuírem celulares não significa que as reuniões familiares seriam
“constantemente” atrapalhadas.
Dessa forma, os argumentos foram exagerados, estão além da realidade.
Por isso, a alternativa correta é a (C).
A alternativa (A) está errada, pois não houve fundamentação em pesquisa neste trecho do
texto.
A alternativa (B) está errada, pois não houve fatos que realmente levariam a constatações,
comprovações.
A alternativa (D) está errada, simplesmente porque não há elementos neste trecho que
subentenderiam preconceitos.
A alternativa (E) está errada, pois não se pode confirmar que esses argumentos seriam
realizados por mentes conservadoras. Releia as expressões! Elas não fazem subentender que as
afirmações seriam feitas por pessoas conservadoras.
Gabarito: C

20. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)


Ao dizer que “Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis”, o autor do texto 1:
(A) comete um erro argumentativo, pois o telefone celular só facilita a infidelidade e não a cria;
(B) mostra uma preocupação moralizante digna de aplauso;
(C) indica um problema que, de fato, não existiria se não existissem os celulares;
(D) destaca uma relação perfeita de causa e consequência: telefone celular/infidelidade conjugal;
(E) aponta uma crítica aos casamentos modernos, de mais liberdade entre os cônjuges.
Comentário: Com base no que vimos no comentário da questão anterior, houve um erro
argumentativo. Assim, a alternativa (A) é a correta.
As demais alternativas mostram que haveria uma relação de causa e efeito, uma relação
lógica entre as informações, o que sabemos ser errado.
Gabarito: A

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21. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)


O mito da maioridade penal
Marcelo Freixo, O Globo, 02/04/2015
“Quando falo sobre redução da maioridade penal, costumo dizer que a sociedade precisa decidir em
que banco quer ver a juventude. Se no banco da escola ou no banco dos réus. Anteontem, o
Congresso Nacional sinalizou que prefere a segunda opção. A Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados aprovou a constitucionalidade da PEC que reduz a maioridade penal de 18
para 16 anos”.
O autor do texto apela para algumas estratégias argumentativas; a estratégia identificada de forma
correta e adequada ao texto é:
(A) a criação de autoridade para os seus argumentos ao citar a Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara dos Deputados;
(B) o aumento da força de seus argumentos ao colocar as opiniões em primeira pessoa do singular;
(C) o apelo à intimidação do leitor, antecipando os perigos sociais de uma parte delinquente de
nossa juventude;
(D) a utilização de um falso argumento “ou um ou outro”, ao dizer “no banco da escola ou no banco
dos réus”;
(E) o uso de argumento apoiado em pública autoridade ao indicar a preferência do Congresso
Nacional pela redução da maioridade penal.
Comentário: As alternativas (A) e (E) estão erradas, pois o autor não empregou as expressões
“Congresso Nacional” e “Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados” como
reforço de seus argumentos, mas como crítica a um posicionamento contrário ao dele. É possível
inferir que o autor prefere a primeira opção, já “Congresso Nacional” e “Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara dos Deputados” preferem a segunda.
A alternativa (B) está errada, porque se aumenta a força argumentativa quando se emprega
a impessoalidade ou, quando houver primeira pessoa, esta deve ser a de um especialista, uma
autoridade no assunto, algo que não ocorre neste texto.
A alternativa (C) está errada, porque não se depreendem do texto elementos linguísticos que
comprovem uma intimidação do leitor.
A alternativa (D) é a correta, pois houve um falso argumento, conforme vimos num dos tipos
de falácia, pois não há apenas essas duas saídas para os jovens. Não há apenas uma opção dentre
“banco da escola” ou “banco dos réus”. Há outras. Com esse falso argumento, o autor canaliza o
leitor a condenar a opção do Congresso Nacional e valorizar a sua opção: a do banco da escola.
Gabarito: D

Abraço.
Terror.

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3 – LISTA DE QUESTÕES PARA REVISÃO

1. (FCC / CLDF Taquígrafo 2018)


O nascimento da retórica é tradicionalmente atribuído ao siciliano Córax e remonta ao século
V a.C., a um período histórico caracterizado pela transição de um governo tirânico para um regime
democrático. Nesse período, inúmeros conflitos judiciários foram travados por cidadãos que,
despojados de seus bens pela tirania, recorriam à justiça na tentativa de reavê-los. Contudo, não se
conhecia a figura do profissional da advocacia como se conhece nos dias atuais, de forma que os
cidadãos que buscassem a solução de seus conflitos no judiciário deveriam providenciar por si
mesmos a sustentação de suas teses.
Atentos a essa crescente necessidade prática de elaboração discursiva, Córax e seu discípulo
Tísias, por volta de 465 a.C., lançaram o primeiro tratado metódico sobre a arte da palavra – um
manual que apresentava, de forma didática, lições de como bem sustentar uma tese em juízo, com
vistas a vencer qualquer demanda. Nesse momento, a retórica, entendida como a arte de persuadir,
adquiria cada vez mais prestígio, pois existia a crença de que aquele que dominasse suas técnicas
seria capaz de convencer qualquer pessoa de qualquer coisa.
Da Sicília, então dominada pelos gregos, a retórica migrou para Atenas e lá encontrou terreno
fértil para o desenvolvimento de seus postulados, com o florescimento da polis grega, onde as
decisões políticas eram tomadas mediante ampla participação popular.
Considerando esse contexto em que nasceu e se desenvolveu a retórica, torna-se plenamente
compreensível o realce que os pesquisadores dão a seu caráter sociocultural de instrumento de
exercício da cidadania.
(Adaptado de: PAULINELLI, Maysa de Pádua Teixeira. Retórica, argumentação e discurso em
retrospectiva. Linguagem em (Dis)curso – LemD. Tubarão, SC, v. 14, n. 2, p. 391-409, maio/ago.
2014, p. 394. Disponível em: www.scielo.br)
O texto organiza-se de acordo com o raciocínio
(A) dedutivo, já que os primeiros parágrafos expõem generalizações que são avaliadas de maneira
criteriosa no último parágrafo.
(B) indutivo, considerando que o último parágrafo apresenta uma conclusão geral a partir de fatos
particulares expostos em parágrafos anteriores.
(C) sofista, pois as relações entre os eventos encerram uma causalidade apenas aparente, o que
redunda em uma contradição.
(D) antitético, tendo em vista que logo no primeiro parágrafo o emprego de Contudo sinaliza a
oposição entre dois argumentos conflitantes.
(E) categórico-dedutivo, pois as asserções iniciais são apresentadas como verdades universais,
provadas e, portanto, inquestionáveis.

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2. (FCC / AL MS Redator e Revisor de Debates 2016)


− Não há razão para tristeza quando o coração tem a sensação de dever cumprido. Ainda que eu
tenha cultivado a humildade de reconhecer que fiz menos do que poderia e muito menos do que
desejei fazer. Aqui não só plantei, colhi. Essa Casa sempre foi para mim uma terra fértil. Que a minha
colhida possa ter saciado o desejo de democracia, soberania, justiça do povo brasileiro – disse o
político, na largada do discurso.
(Adaptado de: Zero Hora zh.clicrbs.com.br/.../simon-faz-discurso-de-despedida-da-carreira-
politica-4660469.ht...)
No raciocínio desenvolvido no trecho, é reconhecível a seguinte premissa:
(A) A tristeza não deve ser acalentada.
(B) O coração repele a tristeza.
(C) Em terra fértil, a colheita é segura.
(D) A humildade é dever de todo político.
(E) O dever cumprido promove grande contentamento.
3. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
“Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega-se a ser
injusto até mesmo com os malfeitores”.
Indução é um processo lógico que parte do particular para o geral, como ocorre no seguinte
raciocínio:
(A) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar também;
(B) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter chovido durante toda a noite;
(C) A torcida do Corinthians está presente em todos os jogos; domingo não deve ser diferente;
(D) O estacionamento do restaurante está cheio de carros; o lucro desse restaurante deve ser alto;
(E) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o meu automóvel enguiçou ontem.
4. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
Observe o seguinte diálogo:
A – Não há justiça sobre a terra.
B – Por acaso, existe no céu?
Sendo esse um texto argumentativo, o segundo argumentador apela para a seguinte estratégia:
a) emprega um argumento de autoridade religiosa;
b) utiliza-se de uma opinião pessoal como argumento;
c) foge do assunto, apresentando uma pergunta;
d) constrói um círculo vicioso;

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e) opõe-se ao primeiro, com apelo ao bom senso.


5. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
“As leis existem, mas quem as aplica?”
Esse pensamento de Dante Alighieri critica:
(A) a má elaboração das leis;
(B) o excesso de leis;
(C) o rigor excessivo da polícia;
(D) a fraqueza humana;
(E) o controle demasiadamente rigoroso das leis.
6. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
“Sem instrução, as melhores leis tornam-se inúteis”.
Esse pensamento deve ser entendido do seguinte modo:
(A) Se não houver educação dos cidadãos, as leis tornam-se inúteis;
(B) Se as leis não forem acompanhadas de instruções de funcionamento, tornam-se inúteis;
(C) Caso as leis não possuam instruções claras, elas se tornam inúteis;
(D) Só com a educação dos juízes, as leis podem tornar-se úteis;
(E) Se os juízes não forem pessoas cultas, as leis se tornam inúteis por não serem claras.
7. (FGV / Prefeitura de Salvador BA Agente de Trânsito e Transporte 2019)
Um jornal carioca publicou a seguinte manchete nas páginas esportivas:
Vasco obtém empréstimo para acertar pagamentos
Dessa manchete deduz-se que
(A) os pagamentos do Vasco estavam atrasados.
(B) haviam ocorrido erros nos pagamentos de salários.
(C) o Vasco teve dificuldades para obter empréstimo.
(D) os salários pagos pelo Vasco precisavam de aumento.
(E) os clubes de futebol passam por dificuldades financeiras.
8. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
A frase abaixo que NÃO se estrutura com base numa oposição é:
(A) A tortura é um meio seguro de absolver os criminosos robustos e condenar os fracos inocentes;
(B) Muitos primeiros virão a ser os últimos;
(C) A glória deve ser conquistada; a honra, por sua vez, basta que não seja perdida;
(D) Nenhuma lei se adapta igualmente bem a todos;

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(E) Infeliz é aquele discípulo que não supera seu mestre.


9. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
Sêneca, um filósofo latino, a respeito da autoria de crimes, declarou o seguinte princípio: “Cometeu
o crime quem dele recebeu benefícios”.
Considerando-se que o crime aludido seja um assassinato, segundo esse pensamento:
(A) todo assassino recebe pagamento por um crime cometido;
(B) os assassinos cometem os crimes por razões pessoais;
(C) todo crime traz benefícios ao assassino;
(D) os assassinatos retiram bens materiais das vítimas;
(E) todos os assassinatos encobrem interesses materiais.
10. (FGV / TJ CE Técnico-Judiciário 2019)
“Não se enforca um homem por ele ter roubado cavalos, mas para que cavalos não sejam roubados”.
Segundo esse pensamento:
(A) as penas não devem exceder a maldade do crime;
(B) as punições devem servir de exemplo social;
(C) algumas penas por pequenos roubos são exageradas;
(D) nem sempre as penas aplicadas são justas;
(E) as leis penais foram elaboradas de forma equivocada.
11. (FGV / MP RJ Analista do Ministério Público 2019)
Todos os jogadores são elegantes
Eduardinho é jogador
Eduardinho é elegante
O texto acima é um exemplo de silogismo que apresenta uma falha estrutural, que é:
(A) ocorre uma relação de causa e efeito defeituosa;
(B) é feita uma simplificação exagerada;
(C) estabelece-se uma falsa analogia;
(D) a premissa inicial não é verdadeira;
(E) a conclusão não é fundamentada nas premissas.
12. (FGV / MP RJ Analista do Ministério Público 2019)
Observe o raciocínio a seguir.
O médico recomendou-me este xarope. Vou ficar bom logo.

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Sempre que passamos de uma premissa diretamente a uma conclusão, assumimos como verdadeira
uma ideia intermediária.
A ideia intermediária desse raciocínio é:
(A) o médico é bastante competente;
(B) o xarope é um medicamento tradicional;
(C) o xarope vai ser tomado na dosagem certa;
(D) o exame foi demorado e meticuloso;
(E) o remédio é de criação recente.
13. (FUNCAB / EMSERH Auxiliar Administrativo 2016)
Considere que as seguintes afirmações são verdadeiras:
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que:
a) Algum maranhense pescador não é trabalhador
b) Algum maranhense não pescar não é trabalhador
c) Todo maranhense trabalhador é pescador
d) Algum maranhense trabalhador é pescador
e) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
14. (FUNCAB / EMSERH Auxiliar Administrativo 2016)
Se todos os maranhenses são nordestinos e todos os nordestinos são brasileiros, então pode-se
concluir que:
a) é possível existir um maranhense que não seja nordestino.
b) é possível existir um nordestino que não seja maranhense.
c) é possível existir um maranhense que não seja brasileiro.
d) todos os nordestinos são maranhenses.
e) todos os brasileiros são maranhenses.
15. (ESAF / MF Assistente Técnico-Administrativo 2012)
Em uma cidade as seguintes premissas são verdadeiras:
Nenhum professor é rico.
Alguns políticos são ricos.
Então, pode-se afirmar que:
a) Nenhum professor é político.

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b) Alguns professores são políticos.


c) Alguns políticos são professores.
d) Alguns políticos não são professores.
e) Nenhum político é professor.
16. (FGV /CODEMIG Analista de Apoio 2015)

A charge acima, da autoria de Newton Silva, considerando-se ter sido feita em setembro de 2015,
tem por principal objetivo:
(A) condenar a influência de Maquiavel nos atos dos governos;
(B) criticar os frequentes atos de corrupção na política brasileira;
(C) ironizar a má preparação intelectual dos nossos políticos;
(D) mostrar fraquezas presentes na teoria política dos regimes democráticos;
(E) demonstrar a urgente necessidade de ser revisto nosso sistema eleitoral.
17. (FGV /CODEMIG Analista de Apoio 2015)
“Assaltar os cofres públicos é um ato democrático porque o dinheiro é poder e o poder emana do
povo”.
A frase mostra uma estrutura argumentativa, que teria validade, mas não verdade, na seguinte
forma:
(A) o poder emana do povo / o dinheiro é poder / assaltar os cofres públicos é um ato democrático;
(B) o dinheiro é poder / o poder emana do povo / assaltar os cofres públicos é um ato democrático;
(C) assaltar os cofres públicos é um ato democrático / o poder emana do povo / o dinheiro é poder;

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(D) o dinheiro é poder / assaltar os cofres públicos é um ato democrático / o poder emana do povo;
(E) o poder emana do povo / assaltar os cofres públicos é um ato democrático / o dinheiro é poder.
18. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)
O site Cracked separou sete coisas que ninguém sabia sobre os celulares. São várias teorias sobre a
nocividade dos aparelhos sobre o corpo humano. Quer saber quais são elas? Então vamos à lista:
1. Celulares são responsáveis pela destruição de famílias
Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis. Atualmente, a grande maioria dos
casos de adultério é combinada por telefones pessoais, pois dessa forma não há tanto risco de outra
pessoa atender às ligações. Isso sem falar em reuniões familiares, que são constantemente
atrapalhadas (ou ignoradas) por filhos e filhas que preferem as mensagens de texto às conversas
com os pais.
2. Ele põe sua vida em risco
No Brasil, falar ao celular enquanto se está no volante é uma infração de trânsito. Isso acontece
porque o telefone realmente tira a atenção dos motoristas. Mas há relatos de que a distração
causada pelos celulares vai muito mais além: até mesmo quando estamos caminhando, ficamos mais
suscetíveis a acidentes quando estamos em ligações.
3. Seu telefone é uma colônia de bactérias
Um dos principais problemas dos celulares são os micróbios. Muitos utilizam os aparelhos no
banheiro, o que pode infectá-los com bactérias dos mais variados tipos. Sujeiras dos bolsos, chão e
mesas também afetam os telefones. Em suma, os celulares são verdadeiras colônias de germes e
outros pequenos vilões da saúde humana.
4. Mensagens estão em nosso subconsciente
Um estudo alemão mostrou que grande parte das pessoas de até 30 anos está com os caminhos
para a digitação de mensagens gravados no subconsciente. Isso significa que, mesmo sem um
teclado visível, os usuários conseguem saber onde estão as letras de seus celulares. Parece que o
mesmo acontece com os teclados de computadores, mas nos experimentos somente os números
eram mostrados e, incrivelmente, as pessoas envolvidas conseguiam decifrar os códigos mais
rapidamente.
5. Você está perdendo seus sentidos
Em uma velocidade muito baixa, mas isso está acontecendo. Possivelmente os celulares estejam
fazendo com que seus olhos sejam afetados (a radiação faz com que eles sejam aquecidos). Além
disso, a audição pode estar sendo afetada por volumes muito altos em fones de ouvido.
6. Eles deixam as crianças malcriadas
Estudos mostram um dado curioso. Mulheres que usam celular durante a gravidez e durante os
primeiros anos de vida de seus bebês têm 50% a mais de chances de terem filhos com sérios
problemas comportamentais. A causa disso? A radiação por celulares estaria estimulando a
liberação de melatonina (um hormônio que regula várias funções corporais).

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7. Celulares podem causar esterilidade


Segundo apontam cientistas, celulares emitem radiação eletromagnética. É ela que, supostamente,
causa danos ao cérebro. Novas teorias apontam para o fato de que essa mesma radiação poderia
ser responsável por afetar também o sistema reprodutor dos homens. Como os celulares ficam
muito tempo nos bolsos, isso poderia ser uma causa da esterilidade.
“São várias teorias sobre a nocividade dos aparelhos sobre o corpo humano”.
A teoria citada que é inadequada em relação a essa observação inicial do texto é:
(A) Celulares podem causar esterilidade;
(B) Você está perdendo seus sentidos;
(C) Ele põe sua vida em risco;
(D) Mensagens estão em nosso subconsciente;
(E) Seu telefone é uma colônia de bactérias.
19. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)
A primeira teoria informa que “Celulares são responsáveis pela destruição de famílias”. Trata-se de
uma:
(A) informação fundamentada em pesquisa;
(B) constatação a partir de fatos;
(C) opinião profundamente exagerada;
(D) observação baseada em preconceitos;
(E) afirmação criada por mentes conservadoras.
20. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)
Ao dizer que “Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis”, o autor do texto 1:
(A) comete um erro argumentativo, pois o telefone celular só facilita a infidelidade e não a cria;
(B) mostra uma preocupação moralizante digna de aplauso;
(C) indica um problema que, de fato, não existiria se não existissem os celulares;
(D) destaca uma relação perfeita de causa e consequência: telefone celular/infidelidade conjugal;
(E) aponta uma crítica aos casamentos modernos, de mais liberdade entre os cônjuges.
21. (FGV / TJ PI Analista Judiciário 2015)
O mito da maioridade penal
Marcelo Freixo, O Globo, 02/04/2015
“Quando falo sobre redução da maioridade penal, costumo dizer que a sociedade precisa decidir em
que banco quer ver a juventude. Se no banco da escola ou no banco dos réus. Anteontem, o
Congresso Nacional sinalizou que prefere a segunda opção. A Comissão de Constituição e Justiça da

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Câmara dos Deputados aprovou a constitucionalidade da PEC que reduz a maioridade penal de 18
para 16 anos”.
O autor do texto apela para algumas estratégias argumentativas; a estratégia identificada de forma
correta e adequada ao texto é:
(A) a criação de autoridade para os seus argumentos ao citar a Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara dos Deputados;
(B) o aumento da força de seus argumentos ao colocar as opiniões em primeira pessoa do singular;
(C) o apelo à intimidação do leitor, antecipando os perigos sociais de uma parte delinquente de
nossa juventude;
(D) a utilização de um falso argumento “ou um ou outro”, ao dizer “no banco da escola ou no banco
dos réus”;
(E) o uso de argumento apoiado em pública autoridade ao indicar a preferência do Congresso
Nacional pela redução da maioridade penal.

4 – GABARITO

1. B 8. D 15. D
2. E 9. C 16. B
3. D 10. B 17. A
4. C 11. D 18. D
5. D 12. D 19. C
6. A 13. D 20. A
7. A 14. B 21. D

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