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Prova de História do Liberalismo

1) Disserte sobre os germes do liberalismo democrático


No fim do século XVII a ideologia de aristocrática sobre o homem virtuoso de
Santo Agostinho (o buscador de glórias que resistia aos três principais pecados) já
começava a declinar, diversos autores começariam a demolir o herói, elencando as
virtudes cavalheirescas como covardes formas de autopreservação. No entanto, segundo
Hiscirman, não havia um plano pronto para ethos burguês tomar a hegemonia, pelo
contrário, essa mudança se daria através de um longo e complexo processo.

A natureza e a individualidade do homem passariam ser o foco desses novos


pensadores, era preciso ver “os homens como são e as lei como poderiam ser” dizia
Rousseau, pois a moral religiosa não era mias suficiente para segurar os pecados (ou
paixões destrutivas do homem). Foi a partir de uma inflexão do pensamento agostiniano
que surgiram duas importantes linhas argumentativas para frear as paixões humanas.
Agostinho acreditava que se a ânsia de poder fosse usada pelo bem comum (defender a
pátria, por exemplo). Dessa forma, a primeira linha argumentativa defende a
transformação de paixões destrutivas em virtudes (segundo Hischirman não se explica a
condição para essa mudança), enquanto a segunda seria a utilização de uma paixão para
frear uma paixão mais destrutiva ainda. O contrapeso entre duas paixões foi evoluindo
ao longo das décadas, principalmente sobre a questão da acumulação de dinheiro, se
transformou em interesse, e cada vez mais sua nocividade para a sociedade foi sendo
diminuída, chegou ao ponto de ser inofensiva e posteriormente vital para toda sociedade
evoluída.

A corrente que veio a substituir o absolutismo foi posteriormente chamada de


liberalismo, cujo principal principio é a liberdade. Há uma infinidade de autores
liberais, tendo cada um deles suas próprias características e influências, todavia, o que
os coloca no mesmo grupo são: Direito á vida e á propriedade através de um contrato
social, igualdade civil e liberdade econômica. Os liberais podem ser divididos entre
democráticos e conservadores, nos ateremos aos primeiros.

No liberalismo democrático todo homem nasce livre. As sociedades são


formadas racionalmente através de um contrato coletivo (como uma soma de
indivíduos) a partir do estado de natureza, um mundo em que o homem tem liberdade
total, mas está sujeito á diversas inseguranças, pois não nele não havia uma garantia de
justiça e proteção. A principal função desse contrato seria proteger a vida e a
propriedade privada através de um código de leis, que também garanta a igualdade civil
e a justiça. Essas leis limitam a liberdade do homem em comparação ao estado natural,
mas é um pequeno preço a pagar pelas benesses incluídas.

Além disso, essa explicação deslegitimava as monarquias absolutas, pois uma vez que
o homem nasce livre, todo o sistema de escravidão ou servidão seria inválido e como o
contrato teria o consentimento de todos os participantes, o poder do rei viria da escolha
do povo, não de uma intervenção divina. O soberano deve comanda seguindo os
desígnios do povo, pois aquele que usa a força e medo para ser obedecido desrespeita o
contrato e só terá poder enquanto puder continuar a opressão do povo, que por usa vez
têm o direito de se rebelar contra a tirania.

A propriedade privada é considerada vital para a existência da sociedade


contratual, logo, existe no estado de natureza e é obtida pelo trabalho nela investido,
mesmo que seja o trabalho de um criado do proprietário, no caso da terra, o trabalho lhe
dá uma função social e apenas a terra trabalhada pode ser considerada. Ainda em Locke,
os proprietários se uniriam voluntariamente para formar uma sociedade mais
confortável e segura, a comunidade formada seria um único corpo político podendo
agor apenas segundo as direções da maioria através de assembléias legitimadas pelas
leis positivas cuja qualquer contestação seria inválida, uma vez que esta seria respaldada
pelas lei natural e da razão, da mesma forma, a escolha do líder seria naturalmente a do
mais apto, cabendo a ele um único direito imperativo , o da guerra. Locke coloca que a
compra do trabalho alheio é bom para a sociedade, pois uma propriedade maior e com
mais empregados poderia produzir mais, dessa forma sustentando os empregados com
pagamento e ajudando no bem comum ao aumentar a riqueza da nação.

O contrato de Rousseau se dá por um pacto coletivo quando um grupo de


pessoas passa a se entender como povo, no entanto, a sociedade civil não torna o
homem necessariamente melhor, o homem natural é impulsivo e regado por suas
paixões e é a sociedade da razão que faz aflorar nele os sentimentos ruins ao oprimi-lo.
A única maneira de superar esse estado é através da organização política do povo, que
por sua vez é atingida através da educação que os tornará cidadãos, assim o povo pode
exprimir sua vontade geral, que deve ser seguida á risca pelo soberano. A vontade geral
tende a concordar vontades particulares, pois tudo o que beneficiar o grupo vai
beneficiar o individuo, esta só está sujeita a erro quando associações de vontade
particular no contexto crescem demais e se realizam, pois o que a faz geral não é o
número de vozes, mas o interesse que os une. Rousseau considera a propriedade como
mercadoria, logo, esta pode ser trocada e vendida livremente, critica as grandes
propriedades fundiárias quando sua existência impede o sustento de terceiros.

Smith defende que a sociedade se formou pela busca de vantagens individual


(não necessariamente econômica) do homem ao perceber que seria muito mais fácil
viver numa sociedade, pois ao invés de conseguir todos os elementos necessários para o
sustento sozinho, o homem poderia focar numa só atividade e trocar o que tem de sobra
pelo que ele precisa, logo, essa sociedade seria pautada na relação de interesses
individuais, em que as diferenças de costumes e habilidades seriam úteis para o bem
comum, formando uma divisão social do trabalho, que se complexifica conforme a
comunidade evolui. A sociedade próspera de Smith é aquela em que a maioria é
próspera, usando da astúcia para perceber as necessidades da comunidade e se mover
para ocupá-las, ou seja, a busca pelos interesses individuais seria uma virtude, tornando
a sociedade mais rica e próspera, por esse motivo Adam Smith não acredita na
corrupção, pois toda busca de interesse é para o bem comum. Aqueles que não
conseguissem prosperar não teriam se esforçado o suficiente para tal. Logo, não é
surpresa que ele ache justo que o empresário fique com o lucro, pois este tomou o risco
do empreendimento e pagou tudo adiantado.

O estado para Smith é um órgão racional legitimado pelo povo, que deve não
deve intervir muito na economia, sendo responsável apenas pela justiça e pela garantia
de um ambiente estimulante á ação individual, ou seja com o investimento em obras
públicas caras demais para o empresário, inclusive escolas, que deveriam ser gratuitas
para todos, pois assim, o povo teria uma chance de se tornar um empreendedor sem que
possíveis interesses privados interfiram/limitem seu potencial.

Estes foram os autores escolhidos para representar os democráticos, pois


defendem uma ampla participação do povo na política, rejeitam a escravidão, assim
como governos autoritários. Estes autores vêem o povo como uma solução para os
problemas, não como uma força perigosa que não deve tocar na arte da política, feita
pelos “select man”, que muitas vezes toleram a escravidão (Thomas Jefferson) ou
preferem uma ditadura á ver as massas na política (Augusto Comte).

(Falar sobre naturalização da desigualdade? Meter uma conclusão menos


“desolação de Smaug”?)

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