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A - QUE É O DIREITO COMO CIÊNCIA

1 – O QUE É TEORIA DO DIREITO?

R.: O conjunto das leis suscetíveis de uma legislação exterior.

2 – O QUE É CIÊNCIA DO DIREITO POSITIVO?

R.: Quando a legislação a que se sucedem as leis da teoria do direito existem.

3 – O QUE É A CIÊNCIA DO DIREITO JUSTO?

R.: É a simples ciência do direito, na falta de um jurisconsulto que conheça as leis exteriores
de um modo exterior.

B – O QUE É O DIREITO EM SI

1 – O QUE É O DIREITO?

R.: O que prescreve ou prescreveu as leis de determinado lugar ou tempo.

2 – O QUE PERMITE RECONHECER O JUSTO E O INJUSTO?

R.: Deixar à parte os princípios empíricos e buscar a origem dos juízos na razão somente, a
fim de estabelecer fundamentos para uma legislação positiva possível.

3 – O QUE KANT PENSA DA CIÊNCIA PURAMENTE EMPÍRICA DO DIREITO?

R.: Que é como uma cabeça bela sem cérebro.

4 – QUAL A RELAÇÃO ENTRE DIREITO E OBRIGAÇÃO?

R.: A noção de direito relaciona-se à obrigação pela noção moral da última. E, além disso,
direito é faculdade de obrigar ao que se opõe ao seu livre exercício.

C – PRINCÍPIO UNIVERSAL DO DIREITO

1 – QUAL É O PRINCÍPIO UNIVERSAL DO DIREITO?

R.: É justa toda ação que, por sua máxima, não constitui um obstáculo à conformidade do
arbítrio de todos com a liberdade de cada um segundo as leis universais.

2 – O QUE A MORAL EXIGE DO DIREITO?

R.: Exige que se adote por máximo a conformidade das ações com o direito.

3 – QUAL É A LEI UNIVERSAL DO DIREITO?

R.: Age exteriormente de modo que o livre uso de teu arbítrio possa se conciliar com a
liberdade de todos.

D – O DIREITO É INSEPARÁVEL DA FACULDADE DE OBRIGAR


1 – O QUE É INJUSTO?

R.: O que contraria a liberdade.

2 – POR QUE O DIREITO É INSPERÁVEL DA FACULDADE DE OBRIGAR?

R.: Pois, se algum uso da própria liberdade constitui um obstáculo à liberdade, deve haver
outra força – que obrigue, portanto – agindo contrariamente ao obstáculo que se impôs. Tal
força é o direito.

E – O DIREITO ESTRITO PODE TAMBÉM SER REPRESENTADO COMO A


POSSIBILIDADE DE UMA OBRIGAÇÃO MÚTUA UNIVERSAL, CONFORME COM A
LIBERDADE DE TODOS SEGUNDO LEIS GERAIS

1 – QUAL É O OBJETO DO DIREITO?

R.: O que concerne aos atos exteriores.

2 – NO QUE ESTÁ FUNDADO O DIREITO ESTRITO?

R.: O direito estrito está apoiado no princípio da possibilidade de uma força exterior
conciliável com a liberdade de todos, segundo leis gerais.

3 – A FORÇA QUE SE ESTENDE A TODOS PODE SUBSISTIR COM A LIBERDADE


GERAL?

R.: Sim, pois ela é a única capaz de sujeitar toda a sociedade ao direito, assim também
garantindo a liberdade geral.

4 – QUAL A RELAÇÃO ENTRE DIREITO E FACULDADE DE OBRIGAR?

R.: O direito e a faculdade de obrigar são a mesma coisa, visto que seria ineficaz a
existência de leis sem que houvesse a possibilidade de coagir a população ao seu
cumprimento.

5 – O QUE É DIREITO EM SUA EXPOSIÇÃO NUMA INTUIÇÃO A PRIORI?

R.: A lei de uma obrigação mútua que se conforma necessariamente com a liberdade de
todos é a construção de uma noção do direito, ou seja, sua exposição numa intuição pura a
priori.

6 – QUAL O FUNDAMENTO PURAMENTE FORMAL – A PRIORI – DESSA


CONSTRUÇÃO DO DIREITO?

R.: O fundamento para a construção do direito, a priori, é a noção de uma obrigação igual,
mútua, universal, em conformidade com a noção de direito e submetida a uma regra geral.

DIREITO PÚBLICO

SEÇÃO I – DO DIREITO DE CIDADANIA


1 – O QUE É DIREITO PÚBLICO?

R.: É o conjunto das leis, as quais exigem uma promulgação geral para produzir um estado
jurídico.

2 – O QUE É UM POVO?

R.: Uma multidão de homens, que reunidos sob uma lei única exercem, uns sobre os
outros, influência mútua.

3 – O QUE É O ESTADO CIVIL?

R.: É o estado jurídico onde os homens do povo exercem influência uns sobre os outros e
estão sob uma influência única – a da constituição –, a fim de serem partícipes no direito.

4 – O QUE É A COISA PÚBLICA?

R.: É o sentido mais amplo de cidade – civitas –, onde se reúnem os cidadãos pelo seu
interesse comum e por um estado jurídico.

5 – O QUE É UMA NAÇÃO?

R.: É um povo em relação ao outro.

6 – COMO SE DIVIDE O DIREITO DAS NAÇÕES?

R.: Em direito das gentes e direito cosmopolítico ou de cidadão de mundo.

7 – PODEMOS TOMAR DA EXPERIÊNCIA O FATO DE QUE OS HOMENS TÊM POR


MÁXIMA A VIOLÊNCIA?

R.: Certamente não tomamos da experiência que os homens tenham por máxima a
violência e que sua maldade os leve inevitavelmente a se fazer guerra antes de haver
constituído um poder legislativo exterior.

8 – COMO DESCREVE A IDEIA RACIONAL A PRIORI DE UM ESTADO NÃO JURÍDICO?

R.: Tal ideia implica na falta de total falta de segurança contra a violência antes da reunião
dos homens em povos, e desses em estados, e desses em nações.

9 – QUAL É O PRIMEIRO PRINCÍPIO QUE DEVE SER DECRETADO SE O HOMEM NÃO


QUER RENUNCIAR A TODAS AS SUAS NOÇÕES DE DIREITO?

R.: Preciso sair do estado natural, no qual cada um age em função de seus próprios
caprichos, e convencionar com todos os demais em submeter-se a uma limitação exterior,
publicamente acordada, determinada pela lei, e assim, entrar em um estado civil.

10 – COMO KANT CARACTERIZA O ESTADO DE NATUREZA?


R.: Não é necessariamente um estado de injustiça, mas de justiça negativa, no qual não há
juiz competente para julgar uma sentença legítima. E a passagem desse estado para uma
sociedade juridicamente organizada não é uma necessidade, mas sim um dever.

11 – POR QUE NO ESTADO CIVIL SE DÃO AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A


EXECUÇÃO DA LEI NATURAL DE CONFORMIDADE COM A JUSTIÇA DISTRIBUTIVA?

R.: No estado civil se dão as condições necessárias para a execução da lei natural da
conformidade com a justiça distributiva, pois ele tem as leis que as garantem.

12 – O QUE É, PARA KANT, A CIDADE EM IDEIA?

R.: A cidade em Idéia é aquela que segue os moldes dos princípios do direito puro,
caracterizada por leis que surgem espontaneamente da vontade em geral da noção de
direito exterior.

13 – QUAIS SÃO OS PODERES QUE UMA CIDADE ENCERRA?

R.: O poder soberano, na pessoa do legislador; o poder executivo, na pessoa do


governador; e o poder judicial, na pessoa do juiz.

14 – QUEM SÃO OS CIDADÃOS?

R.: Os membros reunidos da sociedade civil para legislação, que possuem atributos
jurídicos: a liberdade legal não obedecer a nenhuma outra lei além daquelas que a tenham
dado seu sufrágio, igualdade civil e o atributo da independência civil.

15 – QUEM SÃO OS MEMBROS ATIVOS DE UMA SOCIEDADE?

R.: Os membros ativos são aqueles que dependem tão-somente da sua própria vontade
(proprietários e funcionários do governo); são os únicos que podem participar da formação
das leis.

16 – QUEM SÃO OS CIDADÃOS PASSIVOS?

R.: Já os cidadãos passivos são aqueles que dependem de outros, como os empregados.
Os passivos não participam da formação do estado, são simplesmente associados civis.

17 – A DEPENDÊNCIA DOS CIDADÃOS É OPOSTA AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE?

R.: Não.

18 – A DEPENDÊNCIA DOS CIDADÃOS É OPOSTA AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE?

R.: Não. As leis não privilegiam e nem prejudicam nenhum segmento da sociedade: todos
são iguais e livres perante a lei e nenhuma lei pode contrariar o princípio da liberdade.

19 – QUAL É O DIREITO QUE NÃO PODE SER NEGADO AOS CIDADÃOS


DEPENDENTES?

R.: Que trabalhem para elevar sua condição: de cidadãos passivos para ativos.
20 – O QUE É CONTRATO PRIMITIVO?

R.: É o ato pelo qual o povo se institui em uma cidade, bem como a própria ideia desse ato
– segundo a qual se pode unicamente conceber a legitimidade do próprio ato.

21 – O HOMEM NA SOCIEDADE SACRIFICA PARTE DE SUA LIBERDADE?

R.: Não, ele não sacrifica parte de sua liberdade natural, mas abandona-a para encontrar
sua liberdade a dependência legal no estado jurídico, que é oriunda da sua vontade
legislativa própria.

22 – COMO KANT DEFINE A VONTADE DO LEGISLADOR, O PODER EXECUTIVO E A


SENTENÇA DO JUIZ SUPREMO?

R.: A primeira é irrepreensível; a segunda, é irresistível; e a terceira, é sem apelação.

23 – QUEM É O GOVERNADOR DO ESTADO?

R.: É a pessoa – moral ou física – que está investida do poder executivo.

24 – QUEM É O LEGISLADOR?

R.: É o agente do Estado, incumbido de fazer as leis.

25 – QUEM É O JUIZ?

R.: Concidadãos do povo livremente eleitos e representantes do povo para julgar às


controvérsias.

26 – QUAIS SÃO OS TRÊS PODERES ATRAVÉS DOS QUAIS UMA CIDADE TEM SUA
AUTONOMIA?

R.: Legislativo, executivo e judiciário.

DOS EFEITOS JURÍDICOS QUE DERIVAM DA NATUREZA DA ASSOCIAÇÃO CIVIL

SEÇÃO I

1 – COMO KANT CARACTERIZA A ORIGEM DO PODER SUPREMO?

R.: Inescrutável. Isto é, o povo não deve raciocinar sobre sua origem, devendo somente
respeitá-la; não pode nem deve julgar de outra maneira senão daquela que agrade ao poder
soberano existente.

2 – PARA KANT, DEVEMOS QUESTIONAR SE HOUVE – OU NÃO – UM CONTRATO


PRIMITIVO?

R.: Não, pois mesmo sendo disputas vãs para o povo, são perigosas para o Estado.

3 – PODE HAVER, NA CONSTITUIÇÃO, ALGUM ARTIGO QUE CONCEDA O DIREITO DO


SÚDITO DE SE OPOR AO SOBERANO?
R.: Não pode haver nenhum artigo na constituição que conceda o direito do súdito de se
opor ao soberano no caso de esse violar a constituição, pois aquele que reprime deve ter
pelo menos o poder daquele que é reprimido. E uma constituição que exigisse um freio do
poder executivo seria vã. Como o soberano acumula mais poderes que os súditos, não é
possível contrariá-lo.

4 – QUAL É A RAZÃO DO DEVER DO POVO DE SUPORTAR ATÉ O ABUSO DO PODER


SOBERANO?

R.: O fato de que a sublevação contra o poder legislativo soberano sempre deve ser
considerada como contrária à lei, e mesmo subversiva de toda constituição legal.

Pois o estado jurídico somente se dá pela submissão à vontade legislativa. Não permitindo
assim rebeliões nem sedições contra a pessoa do soberano, mesmo ocorrendo abusos de
poder.

5 – COMO PODE OCORRER A ALTERAÇÃO DE UMA CONSTITUIÇÃO PÚBLICA?

R.: Através do soberano, por meio de uma reforma – e não do povo.

6 – PARA QUE SE REÚNE A VONTADE UNIVERSAL DO POVO?

R.: Reúne-se a fim de conservar a sociedade, que se submete ao poder público interno, já
que os membros dessa sociedade não bastam a si mesmos.

7 – O QUE TEM, POR OBJETO, O DO DIREITO DO SOBERANO NO ESTADO?

R.: O direito do soberano tem por objetivo a manutenção dos salários através da
distribuição dos empregos, a conservação da dignidade dos súditos, e o direito de punir.

8 – NO ESTADO, ALGUM HOMEM PODE CARECER DE TODA DIGNIDADE?

R.: Em um estado homem nenhum pode carecer de toda dignidade, pois teria ao menos a
dignidade de cidadão, dado que dignidade é a faculdade de estar sujeito apenas a uma lei
da razão, está associada à responsabilidade de cada um. Conclui-se então que a ausência
de cidadania implica a ausência de dignidade.

9 – ALGUÉM, POR MEIO DO CONTRATO, PODE OBRIGAR-SE A UMA DEPENDÊNCIA


PELA QUAL DEIXE DE SER UMA PESSOA?

R.: Ninguém, por meio de contrato, pode obrigar-se a uma dependência pela qual deixe de
ser uma pessoa; porque somente na qualidade de pessoa pode-se contratar.

SEÇÃO II – DO DIREITO DAS GENTES

1 – QUAIS SÃO OS ELEMENTOS DO DIREITO DAS GENTES?

R.: São: 1º) que as cidades, os Estados considerados em suas relações mútuas externas
estão naturalmente num estado não-jurídico; 2º) que este é um estado de guerra, ainda que
não haja na realidade sempre guerra e hostilidade; essa condição é injusta e os Estados
limítrofes são obrigados a sair delas; 3º) que é necessário que haja um pacto internacional
concebido segundo a ideia de um contrato social primitivo e pelo qual os povos se obriguem
respectivamente a não se imiscuírem nas discórdias internas de uns e outros, porém,
garantindo-se mutuamente dos ataques estrangeiros; 4º) que a aliança não deve supor
nenhum soberano, mas somente uma federação, que pode ser renovada e renunciada.

2 – O QUE PROVOCA A LESÃO ATIVA DE POVO CONTRA OUTRO?

R.: Dá, ao povo lesado, o direito de fazer guerra contra o primeiro, que visa exigir satisfação
e usar represália, sem uso de vias pacíficas.

3 – O QUE É O DIREITO DEPOIS DA GUERRA?

R.: É o que consiste no seguinte: o vencedor impõe as condições sob as quais costumam
ser celebrados os tratados e a paz com os vencidos, e não as condições que poderiam
resultar de não sei que direito fundado na lesão pela qual entendia ter sido atingido, porém
apoiado principalmente em sua força.

4 – O QUE É O DIREITO DA PAZ?

R.: É o direito da neutralidade, o direito de garantia e a união mútua para a garantia de


vários Estados, para defesa em comum.

5 – QUAL É O FIM ÚLTIMO DE TODO DIREITO DAS GENTES?

R.: A paz perpétua.

SEÇÃO III – DIREITO COSMOPOLÍTICO

1 – COMO KANT DEFINE A IDEIA RACIONAL DE UMA COMUNIDADE PACÍFICA


PERPÉTUA?

R.: Como um princípio de direito, visto que a natureza colocou todos sob o mesmo espaço,
do qual ninguém é dono, mas em que todos são convidados a viver.

2 – O QUE É O DIREITO COSMOPOLÍTICO?

R.: É a convivência pacífica de todos os povos em torno de leis universais de seu comércio
possível.

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