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UNIDADE I

Métodos Alternativos e
Resolução de Conflitos:
Arbitragem
Me. Dr. Augusto Lewin
Objetivos gerais da disciplina

 Apresentar os meios alternativos não estatais para a solução de conflitos, especialmente, a


Arbitragem. Capacitar o aluno para a correta forma de sua utilização, com o fito de promover
a pacificação social, de acordo com os fundamentos legais vigentes, apresentando os
métodos extrajudiciais de resolução de conflitos com o conhecimento técnico e a aplicação
ética, com a finalidade de ampliar e garantir o acesso à justiça.
Regra clássica – Resolução de conflitos

Acesso à justiça em seu conceito clássico/tradicional:

 “Acesso à justiça” como “inafastabilidade da jurisdição”, em que se adota como premissa a


possibilidade dada a qualquer pessoa de ter o seu litígio apreciado pelo Estado. Tal ideia
decorre, especialmente, da ênfase dada à estatalidade da justiça e da primazia do Poder
Judiciário como o solucionador de conflitos. Assim, os estudos dessa natureza se vinculam a
identificar os instrumentos pelos quais a população pode (pelo menos, em teoria) acessar o
Poder Judiciário.
Regra clássica – Resolução de conflitos – Jurisdição Estatal

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, da ONU, de 1948, definiu,


expressamente, em seus artigos 8 e 10, que:
 “Art. 8. Toda pessoa tem direito a um recurso efetivo perante as jurisdições nacionais
competentes contra os que violam os direitos fundamentais que lhe são reconhecidos pela
constituição e pela lei;
 Art. 10. Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja ouvida
equitativa e publicamente por um tribunal independente e imparcial, que decidirá, seja de
seus direitos e obrigações, seja da legitimidade de toda a acusação em matéria penal dirigida
contra ela”.
Regra clássica – Resolução de conflitos à luz da Jurisdição Estatal

 Acesso à Justiça clássico/tradicional, na Constituição Federal de 1988, também denominado


por processualistas de “Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição Estatal”:

 “Art. 5° (...)

 XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

 XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção”.


Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

Mudanças de paradigma graduais do acesso à Justiça no Brasil:


 Lei 9.099/95 – Juizados Especiais Cíveis e Criminais;
 Lei 9.307/96 – Lei de Arbitragem;
 Lei 9.958/00 – Comissões de Conciliação Prévia;
 Lei 13.105/15 – Novo CPC e a Conciliação;
 Lei 13.129/15 – Arbitragem em órgãos Públicos.
Problema do acesso à Justiça pelo seu conceito clássico/tradicional -
Jurisdição Estatal
 Verificava-se que os altos custos envolvidos para que se pleiteassem direitos sem resultado
econômico expressivo era um obstáculo na Justiça, reconhecida pela litigância de causas de
grande vulto econômico. Na medida em que uma ou ambas as partes deviam suportar o
ônus da demanda, isso resultou numa importante barreira ao acesso à Justiça.
Sedimentação do acesso à Justiça no Brasil fora do Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal julga constitucional a Lei de Arbitragem (12/12/2001)

 “Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou hoje (12/12) um
recurso em processo de homologação de Sentença Estrangeira (SE 5206), considerando
constitucional a Lei de Arbitragem (Lei 9307/96). A lei permite que as partes possam escolher
um árbitro para solucionar litígios sobre direitos patrimoniais, sendo que o laudo arbitral
resultante do acordo não precisa ser mais homologado por uma autoridade judicial.
Sedimentação do acesso à Justiça no Brasil fora do Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal julga constitucional a Lei de Arbitragem (12/12/2001)

 “Esse é o caso piloto (leading case) sobre a matéria. Trata-se de uma ação movida a partir
de 1995. A empresa, de origem estrangeira, pretendia homologar um laudo de sentença
arbitral dada na Espanha, para que tivesse efeitos no Brasil. A princípio, o pedido havia sido
indeferido. Entretanto, em 1996, foi promulgada a Lei 9307, que dispensaria a homologação
desse laudo na justiça do país de origem. Durante o julgamento do recurso, o ministro
Moreira Alves levantou a questão da constitucionalidade da nova lei.”
Sedimentação do acesso à Justiça no Brasil fora do Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal julga constitucional a Lei de Arbitragem (12/12/2001)

 “Apesar de todos os ministros terem votado pelo deferimento do recurso, no sentido de


homologar o laudo arbitral espanhol no Brasil, houve discordância quanto ao incidente de
inconstitucionalidade. Sepúlveda Pertence, o relator do recurso, bem como Sydney Sanches,
Néri da Silveira e Moreira Alves entenderam que a lei de arbitragem, em alguns de seus
dispositivos, dificulta o acesso ao Judiciário, direito fundamental previsto pelo artigo quinto,
inciso XXXV, da Constituição Federal.”
Sedimentação do acesso à Justiça no Brasil fora do Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal julga constitucional a Lei de Arbitragem (12/12/2001)

Noção atual de Acesso à Justiça ampliada

 “A corrente vencedora, por outro lado, considera um grande avanço a lei e não vê nenhuma
ofensa à Carta Magna. O ministro Carlos Velloso, em seu voto, salientou que se trata de
direitos patrimoniais e, portanto, disponíveis. Segundo ele, as partes têm a faculdade de
renunciar a seu direito de recorrer à Justiça. “O inciso XXXV representa um direito à ação, e
não um dever.”
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

Aplicação do Direito Quântico ao Acesso à Justiça:


 Diversas possibilidades de solução de um litígio fora do Poder Judiciário não invalidam o
Direito ou a Constituição para se atingir a tão almejada Justiça.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

Direito Quântico Niels Bohr


 Bohr desenvolveu um modelo atômico no qual ele propôs que os níveis de energia dos
elétrons são discretos e que os elétrons revolucionam em órbitas estáveis em torno do
núcleo atômico, sendo capazes de "saltar" de um nível de energia (ou uma órbita) para outro.
Apesar de o modelo atômico de Bohr ter sido suplantado por outros modelos, alguns de seus
princípios fundamentais permanecem válidos.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

Direito Quântico Niels Bohr


 Ele concebeu o princípio da complementaridade: que objetos poderiam ser analisados
separadamente com propriedades contraditórias, comportando-se como uma onda ou um
fluxo de partículas. A noção de complementaridade dominou o pensamento de Bohr tanto na
ciência quanto na filosofia.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

Direito Quântico Niels Bohr


 A sua teoria para a explicação do modelo atômico proposto por Rutherford em 1911, levando
em conta a teoria quântica (formulada por Max Planck em 1900), não foi inicialmente levada
a sério. Depois, no decorrer e depois da década de 1920, vários físicos ajudaram a criar o
modelo existente hoje. Entre estes físicos podem ser citados, entre outros, Albert Einstein,
Louis de Broglie, Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg e Wolfgang Pauli.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

A luz é onda ou partícula?


 A luz se comporta como uma partícula e como uma onda. Desde os dias de Einstein, os
cientistas têm tentado observar diretamente ambos os aspectos da luz ao mesmo tempo. A
mecânica quântica nos diz que a luz pode se comportar simultaneamente como uma
partícula ou uma onda. – Teoria da Complementaridade de Bohr
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

Goffredo Teles Junior


Direito Quântico
Ensaio sobre o fundamento da ordem jurídica
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos e o Acesso à Justiça

Conclusão
 A partir do Direito Quântico, fundamentado pela Física Quântica, verifica-se que a premissa
de acesso à justiça não se interpreta de forma restritiva quanto ao princípio da
inafastabilidade do Poder Judiciário previsto no art. 5°, incisos XXXV e XXXVI da
Constituição Federal, mas com o uso do princípio da complementaridade a legitimar os
métodos alternativos de resolução de conflitos reconhecidos pelo Estado tais como a
conciliação, mediação, negociação e arbitragem, como veremos adiante.
Interatividade

Baseado nos seus conhecimentos da disciplina adquiridos nesse bloco, assinale a alternativa
incorreta:
a) Métodos alternativos de resolução de conflitos se limitam ao Poder Judiciário.
b) Arbitragem, negociação, conciliação e mediação são métodos alternativos de resolução de
conflitos aos processos com sentença e recursos do Poder Judiciário.
c) Não há conflito de normas entre a arbitragem e o princípio da inafastabilidade do poder
judiciário previsto no art. no art. 5°, incisos XXXV e XXXVI da CF, segundo julgado do STF.
d) O princípio da complementaridade demonstra a inexistência de conflito aparente de normas
entre a CF e a legislação pertinente à arbitragem.
e) O STF julgou constitucional a lei de arbitragem num caso
concreto.
Resposta

Baseado nos seus conhecimentos da disciplina adquiridos nesse bloco, assinale a alternativa
incorreta:
a) Métodos alternativos de resolução de conflitos se limitam ao Poder Judiciário.
b) Arbitragem, negociação, conciliação e mediação são métodos alternativos de resolução de
conflitos aos processos com sentença e recursos do Poder Judiciário.
c) Não há conflito de normas entre a arbitragem e o princípio da inafastabilidade do poder
judiciário previsto no art. no art. 5°, incisos XXXV e XXXVI da CF, segundo julgado do STF.
d) O princípio da complementaridade demonstra a inexistência de conflito aparente de normas
entre a CF e a legislação pertinente à arbitragem.
e) O STF julgou constitucional a lei de arbitragem num caso
concreto.
Autocomposição e Heterocomposição

Há duas diferentes formas de composição:

 autocomposição e;

 heterocomposição, que se divide entre estatal e paraestatal.


Autocomposição e Heterocomposição

1) A autocomposição é a forma de solução de disputas, em que as partes, por si mesmas,


põem fim às suas pendências. Não há, na autocomposição, como sugere o próprio nome, a
intervenção de um terceiro mediador.

 As próprias partes, por meio de discussões e debates, buscam seus direitos, chegando a
bom termo”.
Autocomposição e Heterocomposição

2) Heterocomposição

 A heterocomposição, que tanto pode ser estatal ou paraestatal, surge quando um terceiro
intervém na disputa, por meio do julgamento togado, da arbitragem, da mediação e da
conciliação, para tentar pôr termo à lide.

 Na heterocomposição existe intervenção jurisdicional do Estado, que pode se materializar


frente a um juiz togado, ou árbitro que, embora seja terceiro particular equidistante entre as
partes, conta com o amparo legal, inclusive na aplicação de sanções.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

 Na Justiça do Trabalho do DF, por exemplo, um processo em fase de execução contra o


empresário Marco Fernando Ottoline de Oliveira foi mais rapidamente solucionado por meio
da negociação direta entre as partes. Após mais de 20 anos, ele conseguiu colocar um ponto
final às pendências trabalhistas de sua antiga empresa, que constavam no processo movido
por ex-empregados para o pagamento de verbas rescisórias. Intermediada pela juíza do
trabalho Roberta de Melo Carvalho em abril deste ano, a negociação entre Marco e os seus
ex-empregados solucionou o litígio em apenas 20 dias, permitindo que o empresário
pudesse voltar a deitar no travesseiro com a consciência tranquila.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.1) Negociação Direta

 Ausente à negociação direta, a morosidade levará a tais injustiças:

 “Supremo coloca fim a processo de 125 anos, iniciado pela Princesa Isabel”
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.1) Negociação Direta

 Depois de 125 anos de idas e vindas, chegou ao fim um dos processos mais longos de que
se tem notícia no Judiciário brasileiro. A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que
o Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, pertence à União, e não à antiga família real
brasileira, que reivindicava sua posse. A ação foi apresentada em 1895 por Isabel de Orleans
e Bragança, que passou à posteridade como a Princesa Isabel.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.2) Conciliação

Maria Helena Diniz conceitua a conciliação no direito processual civil e processual penal, nos
seguintes termos:
 Encerramento da lide feito pelas partes, no processo, por meio da autocomposição e hetero
composição daquela;
 é o método de composição em que um especialista em conflito faz sugestões para sua
solução entre as partes; não é adversarial e pode ser interrompida a qualquer tempo.”
(DINIZ, 2005, p.887).
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.2) Conciliação

 Há na Conciliação, uma característica importante é a atuação de um terceiro que participa de


forma a incentivar as partes à busca da solução consensual, analisando apenas aspectos
objetivos do conflito, se limitando a manter e auxiliar no diálogo entre os indivíduos, sem
forçar a vontade destes, mas sempre supervisionando e estimulando a busca de um
denominador comum entre os sujeitos.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.2) Conciliação

 A Conciliação é uma forma de solução não adversarial, na qual um terceiro busca e aponta
soluções possíveis para o conflito.

 Esta forma é antiga e comumente aplicada para ajudar o cenário atual. Deve ser melhor
aproveitada, aplicada e difundida, com profissionais que se empenhem e busquem sempre
seu aperfeiçoamento nas técnicas de intermediação, bem como nos meios para abordar e
conduzir os litigantes, para assim melhor desempenharem suas funções.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.3) Mediação

Neste assunto, leciona Bacellar:


 “Poderão os mediadores atuar na mediação comum independente — ad hoc —, que é
aquela mediação privada e extrajudicial que já ocorre na prática, e pode ser conduzida por
qualquer pessoa que tenha a confiança dos interessados; ao lado dela pode haver uma
mediação comum institucional conduzida por pessoas jurídicas que, nos termos de seus
estatutos, dediquem-se ao exercício da mediação.” (BACELLAR, 2003, p.210-211).
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.3) Mediação

 Como a “conciliação”, na “mediação” também teremos um terceiro atuando, porém de forma


a apenas estabelecer o diálogo entre as partes, sem interferência direta no mérito da
questão, as conduzindo para um possível acordo que seja agradável a ambos os envolvidos.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.3) Mediação

 Tanto é o incentivo pela busca das soluções alternativas para a solução de conflitos, que o
Novo Código de Processo Civil (art.334 e seguintes, do Código de Processo Civil), criou a
audiência de conciliação e mediação prévia, buscando antes mesmo do conflito se tornar um
processo, uma forma das próprias partes, por intermédio de um terceiro, estar procurando
resolver tal impasse.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.3) Mediação

 Fato é que a mediação é um processo cooperativo, que leva em conta também o estado
psicológico dos sujeitos, bem como a forma que está a comunicação entre estes, tendo em
vista que as diferenças são sempre existentes e não podem ser “atropeladas”, pois terão
total influência no que diz respeito ao cumprimento futuro e comprometimento da parte em
adimplir o que ficou acordado.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.3) Mediação

 Desta forma, necessário é que os participantes sejam plenamente capazes de decidir, tendo
sua manifestação da vontade de forma livre, pautada na boa-fé, bem como na livre escolha
do mediador, no respeito, na cooperação, no tratamento do problema e na confidencialidade.
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos

3.3) Mediação

 A “conciliação” e a “mediação” num primeiro momento parecem institutos similares, e de fato


são. Até mesmo porque doutrinas de outros países não fazem distinção delas, onde uma
contêm a outra. Contudo, no ordenamento brasileiro existe essa dicotomia, o que não
desvirtua cada um desses métodos, que bem estruturados e respeitados são ótimos
elementos capazes de ajudar imensamente tanto as partes, quanto o Estado.
Interatividade

Segundo o posicionamento dos tribunais, qual dos seguintes métodos alternativos de resolução
de conflitos representa a acordo judicial em direito indisponíveis atingido pelo intermédio de um
terceiro que envolvendo o trabalho de um terceiro equidistante às partes numa
heterocomposição?

a) Sentença em processo judicial com trânsito em julgado.


b) Conciliação.
c) Mediação.
d) Negociação.
e)Transação.
Resposta

Segundo o posicionamento dos tribunais, qual dos seguintes métodos alternativos de resolução
de conflitos representa a acordo judicial em direito indisponíveis atingido pelo intermédio de um
terceiro que envolvendo o trabalho de um terceiro equidistante às partes numa
heterocomposição?

a) Sentença em processo judicial com trânsito em julgado.


b) Conciliação.
c) Mediação.
d) Negociação.
e)Transação.
ATÉ A PRÓXIMA!

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