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zV'I

30-3 1
~

MARRAIO

Revista interdisciplinar de psicanálise com crianças

J
Formações Crl · t . .
do Campo Laca ·
Rio de Ja ___ ro
EM CONFLITO COM A LEI: O GRANDE
ADOLESC ENTES
OUTRO EO TRAFICO

Nathan Barbosa Silva

Te ndo em vista O ali ciam e nto d e ad o lescentes pel o tráfi co e, não

menos al .,1.,n ante um sistem a d e dire itos d esatento à ressocializaça- 0


O . · ' . ,

a comunidade acad ê1nica urge em procura de soluções para diminuir


os danos causados à infân cia brasileira. E m relação a esta temática,
a psicanál ise tem construtos indispensáveis para nutrir este debate e
contribuir na retificação dos inúmeros engodas sociais que envolvem
a crianca e o adolescente em conflito com a lei. A lei simbólica, tra-
balhad~ pela psicanálise como modo de interdição do sujeito diante
de suas pulsões, revela a adolescência como uma etapa, por inerência,
transgressora, tanto para o sujeito que já infringiu a lei penal, quanto
para o que jamais o fez. É certo que a infância apresenta, ao longo
da história, diversos significados, características e conceitos atribuídos
aos que nela se enquadraram. Sendo assim, não há como investigar a
odisseia da atual adolescência sem antes contextualizá-la com o que a
precedeu num período máis longínquo. Tal contextualização respeita,
sob retudo, os aspectos sociais, isto é, aquilo que se viu sobre a criança
acerca de seu m odo gregário.
Na Grécia antiga, por volta do século V a.C., a visão acerca da
criança indicava uma forte demanda funcional para as diversas tare-
fas réqueridas na vida adulta. Segundo os estudos de En1erson (1 878)
~(Jbrt.
Plucarco , filó sor10 grego qu e registrava
· os ha'b'ttos soe1a1s
· · d a epoca,
'
a cnan ça réctm-n . ·d
asei ·ª passava po r um grupo d e an c1.aos
~
que den·d·1a,
U Jrn b~t na rob 5 -· - ,d . b . . ,
. . u ctz t sau e, so re sua vida , pois ao se pa utarem nes te'
cn V () ga.r-~"' n u a-~t a' co ·d J . , · ,
l
) (Jffl t n l t , '
muni a e grega a qualichde d e se us exe rc1ws. ~
l '-
1 . •

a.p(J ~ o ~teulo X V J - . J. ._ . , ·
g)uJ O ~e, illf - . . ª cu penado 610 o
t UI .1 1econhece u nesse
anu i, abanJon- J . , ~ . f. , . J .
, ue <)u Lro r a O t ,
<1
. an ° ª con ce11,, ·ao emoc1on-dmenre
' n g 10d
Jn anupou j) r . . . . , .
Lan Lu o~ 1no . ccoctnH.:n l e. Nesse m o m enro h1s ro n co,
, Ctl)~ O~ eJ U CJ I j . , ,
ª Lc.: r granJ e ,. ·I . : . vos l jlt anto a sa ude d a criança passaram
t t van ua so .. ·. 1 S .
ua · · cgundo Aries (1 981 [1 975]: 5), uma
11 6
IVll\liHAIO, Rio d J .
e ane 1ro, deze b
m ro 201 5 - junho2016,(30-31),p. 116-l 24
PESQUISA

mudança considerável alterou o estado das coisas no século XVI, já


que as relações de aprendizagem entre crianças e adultos, que antes
eram estritamente íntimas através da fi gura de um tutor, foram substi-
tuídas pela escola, lugar habitado prioritari amente por outras crianças.
Com isso, assume-se a ideia de irracionalid ade infantil, de que seria
preciso construir adultos socialmente compl etos, desejantes e racio-
nais (LEVIN, 1997).
Freud (1980 [190 5]) apresentou à comunidade científica a pri-
meira versão da teoria sobre a sexualidade infantil, uma obra debruçada
sobre as pulsões sexuais presentes na infância, na qual discorreu sobre
as perversões e a inexistência de um objeto sexual pré-determinad o.
Devido à estreita relação entre infância e moralidade, a discussão sobre
a sexualidade infantil permanência, até então, velada. Lançar uma teo-
ria que colocava a criança no centro de uma trama sexual foi provo-
cante para o conservadorismo da época, afinal, tal conservadorism o
surrupiava o saber infantil e lhes tomava como indivíduos desprovidos
de saber e desejo. A psicanálise, portanto, produziu um saber acerca da
criança que lhes imputou responsabilidade desde o início, ao mesmo
tempo em que declarou à sociedade uma criança cheia de desejos sexu-
ais. Freud apresentou a criança e sua sexualidade ligada às relações de
desejo, estabelecidas através de seu primeiro grupo social: a família.
Foi através da evolução da teoria do trauma para a teoria da fantasia
que Freud (1986 [1887]) identificou os primeiros passos teóricos do
complexo de Édipo, pois nada de real havia no discurso dos pacientes
ao comunicarem o vitimismo da sedução, mas sim uma construção
imaginária acerca da relação com seus próximos parentais. Na carta de
21 de setembro de 1897 destinada a Fliess, Freud confessa que os atos
pervertidos generalizados contra as crianças não seriam muito prová-
veis, fazendo sua primeira correlação entre "a verdade e a ficção cate-
quizadas pelo afeto'' (1986 [1887]: 310), ou seja, o inconsciente carece
de indicações à realidade. Abrir mão da teoria do trauma modificou
as análises do austríaco, porém manteve o ponto nodal de que tais fan-
tasias sexuais tinham os pais como tema, reverberando a posterior cana
de 15 de outubro de 1897 na qual Freud menciona Oedipus Rex1 e afirma

1 Édipo Rei na língua inglesa e latina.

NATHAN BARBOSA SILVA IAdolescentes em conflito com a lei: o grande Outro e O tráfico 117
. a1 aixão pela mãe e o ciúme do pai, engend ramento este
como ha b1tu a P l' . . . , • ,
• da na infância. A rantas1a ong1na na e, portanto
que fora reca1 cad o am '
inconsciente e edípica. .
O Édipo se configura, no menino , qua~do o sei~ ma~erno des-
bJ' eto de investimento. O deseJO pela mae se intensifica
ponta como o , , .
pai como obstacu lo para sua continu a sansfação·
a ponto d e eleger O ,. . . . '
para sua contínua permanenc1a neste deseJO- ~_m~et (2~15: 17) exalta
termo "terceiro lesado" ao falar que para deseJar e preciso haver três,
0
isto é, 0 homem só deseja quando há outro homem que pode reivin-
dicar seus direitos de posse, ao passo que "a estrutur a edípica fornece
a condição do desejo, pois o terceiro lesado não é outro senão o pai".
Para este processo, Freud (2010 [1930]: 200) indicou as seguintes saí-
das: "quando o menino se identifica com o pai, ele quer ser como pai;
quando o faz objeto de sua escolha, ele quer tê-lo, possuí-lo; no pri-
meiro caso seu Eu é modificado segundo o modelo do pai, no segundo
isso não é necessário." Essa cena vislumb ra o processo de identifica-
ção, tendo como base "o assemelhamento de um Eu a outro, em que
o primeiro Eu se compor ta como o outro em determi nados aspectos,
imita-o, de certo modo o assimila" (FREU D, 2010 [1930]: 200). O
destino deste complexo, segundo Freud, é que a referência da primeira
identificação será abandonada, mas que esses investim entos objetais
abandonados "repetir-se-ão depois frequen temente na vida da criança"
(2010 [1930]: 202).
A adolescência é um momen to cujo tempo biológico varia para
cada cultura. Na psicanálise, assume-se a puberda de como um fenô-
~eno q_ue_ respeita um tempo lógico, de tal forma que sua organiza-
çao subJetlva aponta para o Outro (SADALA; GARRITANO, 2010).
Em Lacan, ª categoria de Outro implica, sobretu do, "a ordem que
s ' 'd
. , adulto encarna para o er recem-aparec1 o na cena de um mundo
este
Ja humano , social e cultural" (ELIA' 2004 ·. 35 ). D esta rorma,
i:
o con-
. d' ·
fl uo e 1p1co culmina no desli d os pais da infância, quando se
d . . gamento
a mue no 0 urro pnmordial sua msu . fi . ,. .
"d . ~ . c1enc1a, sendo, portant o, uma
etermmaçao mconsciente que 0 . . ~
não deixa d 'd . , SUJetto nao reconhece como eu e que
e ter s1 o constttuido . d .
infância" (ALBERT! 201 . ª parnr a incorporação dos pais da
' O. 9), fazendo d separaça~ o um momen to
marcado pela elab ~ d LJ a
oraçao a raita no Outro.

118
MARRAIO, Rio de Janeiro d
' ezembro 2015 - junho 2016, (30-31 ), p. 116-124
PESQUISA

Na psicanálise, di z-se que tod a demand a é d em~nda de amor ao


Outro, ou seja, é demanda de rcconh cci mcnto, pois «é aquil o que, a
partir d e uma necessidade, passa po r meio do signih cante diri gjdo ao
Outro'' (LAC AN , 1999 l19 '5 7-1958] : 91) . /\ di ~lética cio desejo e da
demanda , exaltando qu e o de,ç;ejo do sujeito é aquilo qu e se quer co m
a separação, constitui -se a partir da id cntih cação ao desejo do Outro.
É neste mo m ento que as co mpl ex id ades surge m , e uma das d iversas
possibilidades ao qu al o adolescente reco rre é a transgressão penal.
Quinet (201 5: 21) afirm a qu e o supereu «ex ige do suj eito [.. . ] o cum -
prim ento da lei e sua transgressão, qu e lh e envia orde ns contraditó-
rias ('seja assim' e 'não seja assim') [... J. O supereu é a instân cia da
herança trágica do complexo de Édipo". Em outras palavrasl Freud
( (2010 [1930]: 201) diz que "o Super-eu ap arece como herdeiro dessa
ligação afetiva tão importante na infância". Isto se apresen ta como o
elo necessário entre o Outro falado por Lacan e o substitu to dessa pri-
meira identificação exaltado por Freud, no qual o tráfi co, em um a
perspectiva que confirma sua presença social, pode ser considerado
como Outro a quem se pode apelar, ou como meio de separação do
imaginário paterno ou como continuidade desta alienação.
De qualquer forma, aos pais é razoável que não abra.m mão de
seus parâmetros, mesmo que diante das reações adversas dos filhos , a
fim de deixá-los com alguma referência, pois é isso que lhes possibili-
tará alternativas para serem escolhidas.
Isso não significa que qualquer parâmetro lhes convém ; se trata,
antes de tudo, de uma herança que possibilita o crivo da esco lha,
repassada para o filho. Se os pais conseguem triar boas escolhas dent ro
de parâmetros claudican tes, os filhos também terão essa chance, então
"escolherão segui-los ou não, ou segui-los não todos ou até mesmo
assumir como próprias as escolhas dos pais" , o que na prática sign i-
fica que "nem todas as referências dos pais servirão para os filhos"
(ALBERT !, 2010: 12). Se o qu e os pais compo rtam para os filhos
jamais poderá ser di to completamen te, o manual do bom pai o u do
bom filho sempre será incompleto, não acomodando rodas as poss ibi-
lidades nem admidndo qu e todas darão certo. 17, desse remanescente
que surge a possibilidad e de os filhos filiarem-se ao crime mesmo co m
pais honestos, tendo em vista a complexidade <lcssa relação primordial.

NATHAN BARBOSA SILVA IAdolescentes em conflito com a lei: o grande Outro e o tráfico 119
. de Ou tro faz referência a um a alterida de isto e,, urna.
. . . '
O conceito do qual, além
ele preeXJste,
distinção entre o própri~ s~Jeito e o que aA
. t. lo e' a "instanc1a a qual o beb e pod e apelar no seu d esarn_
d e preexis 1- , o se fala em pracesso
enta l" (ALBERT!, 2010: 13). Qu, and . .
paro fun dam a, em ver dad e, e a idea liza ção de p'li
,., 0 , 0 que sai de cen ,, ,., . . <uS sem
d e separaça
na~ se lim ita a um a figura,
falta, levando em conside:açao ~~e esse Ou tro
soe1al pod e ocorrer através
pois O processo que ind m o suJetto na ord em
e ao apelo do sujeito nas ten-
da família ou de um sub stit uto que resp ond
tativas de sup orta r o des amp aro (ELIA, 200
4). Sen do assim, a separação
er a per da do am or dos pais
ocorre à medida que o sujeito deixa de tem
orp ora r sua herança.
para, através de suas próprias experiências, inc
inc ons cien te, já que
Este Ou tro , pos teri orm ent e, se jun tará ao
suj eito na cul tura , mas de
se trata não som ent e de um a ime rsã o do
das figuras idenficiatórias.
uma transmissão da ling uag em por me io
imp reg na através da trans-
Portanto, a her anç a dos pai s é isso que se
o suj eito ado lesc ent e agir
missão, e "que servirá com o rec urs o par a
!, 2010: 14). Se este Ou tro
con form e suas pró pria s decisões" (AL BE RT
retu do, um a ling uag em que
não se limita a um a figura e abr ang e, sob
orm ent e, o tráfico enq uan to
preexiste o sujeito e que o imp reg na pos teri
des pon ta com o um a refe-
instituição - ou o traf ican te enq uan to líd er-
o lug ar dessa arc a de signifi-
rência par a o ado lesc ent e que virá ocu par
cantes cha ma da de gra nde Ou tro .
dro gas : Alb erti (2010)
É possível fazer um par alel o com o uso de
ara r-se do Ou tro qua ndo ,
considera que seu uso ind ica o eng ano de sep
um gru po, já imp lica um
na verdade, pelo fato de ser pro pos ta por
, tom ado com o um a ten ta-
inst rum ent o de alienação. O uso de dro gas
a tran sgr ess ão que aliena o
tiva fracassada de separar-se do Ou tro , é um
a o des am par o fun dam en-
adolescente à me did a que esta ação disf arç
a um a dife ren ciaç ão ent re
tal. D e acordo com a aut ora , ate nta ndo par
pod e ser con sid era do um
0
Ou tro parental e o Ou tro social, o tráf ico
atra vés de um a cila da pela
O utro social que aparece par a o ado lesc ent e d
, a de sep araçao
tent,,ativ ·
,., d o O urr o par ental , isto e,' se o pro ces so e sepa-
raçao e' p or 1·nerenc1a, um a transgressão, esta tran sgr ess ão pod e oco rrer
A •

em um nível distante da lei mo ral.


,
Por tanto ' no qu e t ange o tra'fi co, trat a-se , tam bem , de um sup orte
ui.
aiico. A adversidad e d O ad O 1escente com os pais e até me sm o com as

120 Rio de Jane· d ), p. 116-124


iro, ezembro 2015 - junh o 2016, {30-31
MARRAIO,
figuras que normalmente assume1n sua autoridade se deve ao fato de
não encontrarem mais suporte fálico que lhes garanta uma imagem
satisfatória, cheia de uma irreverência que é peculiar à lógica adoles-
cente. Há uma revolta contra os valores aos quais foram submetidos
durante a infância; valores que fazetn cotn que busquem essa referên-
cia de itnagem junto aos c01npanheiros de idade mais próxima, numa
tentativa de ocupar o vão deixado pela família acerca da falta no Outro.
É essa falta no O utro que se busca admitir no adolescente, e que não se
tem nesse caso, como quando a droga surge através de uma cilada para
a separação, que só reafirma a alienação (NAZAR et. al., 2008). Pois
ben1, adn1itir a falta no Outro é o que alguns adolescentes se furtam de
fazer, o que se difere do suporte fáJico que procuram e não encontram.
O consumo aparece, então, como uma - talvez a principal - das
vias que o sujeito utiliza para se furtar de reconhecer a falta no O utro,
uma via que "substitui o questionamento sobre as demandas que veicu-
lam um caminho para o desejo" (NAZAR et. al., 2008: 32). Eis o que
Lacan (1992 [1969-1970]: 153) disse sobre os objetos que são consumidos
atualmente, numa sociedade em que a ciência administra a produção: são
"pequenos objetos a que vão encontrar ao sair, no pavimento de todas as
esquinas, atrás de todas as vitrines, na proliferação desses objetos feitos
para causar o desejo de vocês, na medida em que agora é a ciência que o
governà'. Sendo assim, quais são os atuais objetos que figuram a tentativa
de tamponar a falta do sujeito? O dinheiro, como significante da falta,
possibilita o consumo e dá acesso aos gadgets, definidos por Lacan (1980
[1974]) como objetos fabricados pela ciência e evidentes sintomas.
Que quer dizer um adolescente que diz ser respeitado apenas
quando está com uma arma? Seguindo este pensamento, é possível
observar o uso de objetos fora da lei com o mesmo suporte dos gad-
gets. Trata-se da importância que o objeto, o gadget, assume para o
sujeito; um sintoma que tem como base o usufruto de um universo
de objetos. Em outras palavras, Soler (1998: 167) afirma que "o objeto
é função dos discursos em ação, é função dos discursos que definem a
civilização" e o que está por trás da impossibilidade dos mesmos obje-
tos simbólicos serem usufruídos por todos os sujeitos é a articulação
do consumo ao discurso capitalista, à pulsão e à ética (LACAN, 1978
[1972]). Os atuais objetos são definidos pelos discursos que o regem,

NATHAN BARBOSA SILVA IAdolescentes em conflito com a lei: o grande Outro e o tráfico 121
e 1 orde nada pelo desej o, estan do
1

. 1 ,. dO 1101 nem com a. ia ta e• r,stau ra o sim. 6,o 1·tco (INEM,


Por isso a re açao
I' d o à Lei que i
este intrin secam ente iga a O SUJet . . não enco ntra satis fação plena
f; . to
2001). De qualqu er ·oi mfaz' perco ' ... de um a outro , e que venh a o
Os
11e1. .
nesses objetos, o que . . Fica claro que esses adole scent es
' . . e depois mais um.
scent es
prox1mo , o segu mte uma neces_st'd ad e física sexu al; esses adole
· discu rso capit alista , seja
repro duze m mais qu e . te
1 . no discurso v1gen ' O i pode m
dema n d am um ,.ugaiPor isso pergu nta-s e.. os atos fora- da-le
al
alista pode
pela mor ou nao. d'isclll.so' cap italista? O discu rso capit
1 ta dos pelo pode m
ser sup an d . . l' dade? O tráfic o e o. trafic ante
res aldar os objet os a cnm ma i · , . ?

oc: ar o lugar do Outr o enqu anto um bau de s1g111ficanr:s-


. e grandes mud ança s na conc epça
. _o troux
. .11zaça
PA c1v1 . . o da
. ,
mfan -
· da maiores que os. que persi stira m dura, nte
• e com e1as d esafi os am
eia,
, 1os. A conte mpo raneidade , embo ra esteJa num esfor ço
secu . cont inuo .
,. entre a infân cia e a mod . , ernid
. ade, ainda
para enten d er a nova relaça0
ana. Os
demo nstra estorvos trazidos pelo prog resso da h1sto na hum
l acerca da
adolescentes em conflito com a lei, com base no furor socia
deiro s
punição, se enco ntram no epice ntro desse vórti ce, com o verda
justiça.
bodes expiatórios de uma sociedade com uma sede estér il de
A transgressão em relação ao Outr o, possível via que rege
a sepa-
pont e para
ração e faz o sujeito bancar o seu desejo, tanto pode ser a
alienação.
a alteridade, como tamb ém a cilada para o seu negativo: a
ocorre, o
É na tentativa de bancar o próp rio desejo que a transgressão
perm ita o
que, no entanto, não significa que qualq uer transgressão lhe
gride a
acesso à alteridade. Antes de assumir-se que um sujei to que trans
r que este
lei moral o faz para provocar algo no Outr o, deve-se cons idera
ificação
O utro é o motivo da própria transgressão, isto é, através da ident
por uma
a um traficante, o adolescente em conflito com a lei é banh ado
s cir-
li nguagem que o impregna com significantes mort ífero s. Nessa
do tráfico.
cunstáncias, o O utro será possivelm ente cham ado de Outr o
Não obsta nte, ~ própri a droga pode ser uma via que metaforiz O
a Outr o
cilada
paren tal a parti r de novo s ideais, e este uso é, na verdade, uma
- po de -se consi-
que, ao tenta r separar-se do Outr o , implt'c·l, ,1 a1·1enaçao.
, f' l d 'fi · o
derar que não é diferente gu and se °
a a e um Outr o do tra co,Ovi 5 c
que este pode despo ntar co urro
· mo uma tentativa de separação ao ·al
parental, mas que representa . d d
uma c1 1a a e alienação ao Outr o soei ·

122 6 124
MARRAIO Rio de Ja · d
' neiro, ezembro 2015 - junho 2016, (30-31 ), P· 11 -
PESQUISA

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:tHAN BARBOSA SILVA I Adolescentes em conflito
• 1·
com a ei.• 0 gra nde Ou tro e o tráfico 123

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