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30-3 1
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MARRAIO
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Formações Crl · t . .
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Rio de Ja ___ ro
EM CONFLITO COM A LEI: O GRANDE
ADOLESC ENTES
OUTRO EO TRAFICO
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ua · · cgundo Aries (1 981 [1 975]: 5), uma
11 6
IVll\liHAIO, Rio d J .
e ane 1ro, deze b
m ro 201 5 - junho2016,(30-31),p. 116-l 24
PESQUISA
NATHAN BARBOSA SILVA IAdolescentes em conflito com a lei: o grande Outro e O tráfico 117
. a1 aixão pela mãe e o ciúme do pai, engend ramento este
como ha b1tu a P l' . . . , • ,
• da na infância. A rantas1a ong1na na e, portanto
que fora reca1 cad o am '
inconsciente e edípica. .
O Édipo se configura, no menino , qua~do o sei~ ma~erno des-
bJ' eto de investimento. O deseJO pela mae se intensifica
ponta como o , , .
pai como obstacu lo para sua continu a sansfação·
a ponto d e eleger O ,. . . . '
para sua contínua permanenc1a neste deseJO- ~_m~et (2~15: 17) exalta
termo "terceiro lesado" ao falar que para deseJar e preciso haver três,
0
isto é, 0 homem só deseja quando há outro homem que pode reivin-
dicar seus direitos de posse, ao passo que "a estrutur a edípica fornece
a condição do desejo, pois o terceiro lesado não é outro senão o pai".
Para este processo, Freud (2010 [1930]: 200) indicou as seguintes saí-
das: "quando o menino se identifica com o pai, ele quer ser como pai;
quando o faz objeto de sua escolha, ele quer tê-lo, possuí-lo; no pri-
meiro caso seu Eu é modificado segundo o modelo do pai, no segundo
isso não é necessário." Essa cena vislumb ra o processo de identifica-
ção, tendo como base "o assemelhamento de um Eu a outro, em que
o primeiro Eu se compor ta como o outro em determi nados aspectos,
imita-o, de certo modo o assimila" (FREU D, 2010 [1930]: 200). O
destino deste complexo, segundo Freud, é que a referência da primeira
identificação será abandonada, mas que esses investim entos objetais
abandonados "repetir-se-ão depois frequen temente na vida da criança"
(2010 [1930]: 202).
A adolescência é um momen to cujo tempo biológico varia para
cada cultura. Na psicanálise, assume-se a puberda de como um fenô-
~eno q_ue_ respeita um tempo lógico, de tal forma que sua organiza-
çao subJetlva aponta para o Outro (SADALA; GARRITANO, 2010).
Em Lacan, ª categoria de Outro implica, sobretu do, "a ordem que
s ' 'd
. , adulto encarna para o er recem-aparec1 o na cena de um mundo
este
Ja humano , social e cultural" (ELIA' 2004 ·. 35 ). D esta rorma,
i:
o con-
. d' ·
fl uo e 1p1co culmina no desli d os pais da infância, quando se
d . . gamento
a mue no 0 urro pnmordial sua msu . fi . ,. .
"d . ~ . c1enc1a, sendo, portant o, uma
etermmaçao mconsciente que 0 . . ~
não deixa d 'd . , SUJetto nao reconhece como eu e que
e ter s1 o constttuido . d .
infância" (ALBERT! 201 . ª parnr a incorporação dos pais da
' O. 9), fazendo d separaça~ o um momen to
marcado pela elab ~ d LJ a
oraçao a raita no Outro.
118
MARRAIO, Rio de Janeiro d
' ezembro 2015 - junho 2016, (30-31 ), p. 116-124
PESQUISA
NATHAN BARBOSA SILVA IAdolescentes em conflito com a lei: o grande Outro e o tráfico 119
. de Ou tro faz referência a um a alterida de isto e,, urna.
. . . '
O conceito do qual, além
ele preeXJste,
distinção entre o própri~ s~Jeito e o que aA
. t. lo e' a "instanc1a a qual o beb e pod e apelar no seu d esarn_
d e preexis 1- , o se fala em pracesso
enta l" (ALBERT!, 2010: 13). Qu, and . .
paro fun dam a, em ver dad e, e a idea liza ção de p'li
,., 0 , 0 que sai de cen ,, ,., . . <uS sem
d e separaça
na~ se lim ita a um a figura,
falta, levando em conside:açao ~~e esse Ou tro
soe1al pod e ocorrer através
pois O processo que ind m o suJetto na ord em
e ao apelo do sujeito nas ten-
da família ou de um sub stit uto que resp ond
tativas de sup orta r o des amp aro (ELIA, 200
4). Sen do assim, a separação
er a per da do am or dos pais
ocorre à medida que o sujeito deixa de tem
orp ora r sua herança.
para, através de suas próprias experiências, inc
inc ons cien te, já que
Este Ou tro , pos teri orm ent e, se jun tará ao
suj eito na cul tura , mas de
se trata não som ent e de um a ime rsã o do
das figuras idenficiatórias.
uma transmissão da ling uag em por me io
imp reg na através da trans-
Portanto, a her anç a dos pai s é isso que se
o suj eito ado lesc ent e agir
missão, e "que servirá com o rec urs o par a
!, 2010: 14). Se este Ou tro
con form e suas pró pria s decisões" (AL BE RT
retu do, um a ling uag em que
não se limita a um a figura e abr ang e, sob
orm ent e, o tráfico enq uan to
preexiste o sujeito e que o imp reg na pos teri
des pon ta com o um a refe-
instituição - ou o traf ican te enq uan to líd er-
o lug ar dessa arc a de signifi-
rência par a o ado lesc ent e que virá ocu par
cantes cha ma da de gra nde Ou tro .
dro gas : Alb erti (2010)
É possível fazer um par alel o com o uso de
ara r-se do Ou tro qua ndo ,
considera que seu uso ind ica o eng ano de sep
um gru po, já imp lica um
na verdade, pelo fato de ser pro pos ta por
, tom ado com o um a ten ta-
inst rum ent o de alienação. O uso de dro gas
a tran sgr ess ão que aliena o
tiva fracassada de separar-se do Ou tro , é um
a o des am par o fun dam en-
adolescente à me did a que esta ação disf arç
a um a dife ren ciaç ão ent re
tal. D e acordo com a aut ora , ate nta ndo par
pod e ser con sid era do um
0
Ou tro parental e o Ou tro social, o tráf ico
atra vés de um a cila da pela
O utro social que aparece par a o ado lesc ent e d
, a de sep araçao
tent,,ativ ·
,., d o O urr o par ental , isto e,' se o pro ces so e sepa-
raçao e' p or 1·nerenc1a, um a transgressão, esta tran sgr ess ão pod e oco rrer
A •
NATHAN BARBOSA SILVA IAdolescentes em conflito com a lei: o grande Outro e o tráfico 121
e 1 orde nada pelo desej o, estan do
1
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MARRAIO Rio de Ja · d
' neiro, ezembro 2015 - junho 2016, (30-31 ), P· 11 -
PESQUISA
Referências bibliográficas
NA
:tHAN BARBOSA SILVA I Adolescentes em conflito
• 1·
com a ei.• 0 gra nde Ou tro e o tráfico 123