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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA VARA

CÍVEL FEDERAL DE PORTO VELHO - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE RODÔNIA

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE


– URGENTE!! URGENTÍSSIMA!!!

xxxxxxxxxxxxxxx, brasileira, solteira, graduada em medicina, com


cédula de identidade RG: 854776-SSP-RO, inscrita no CPF/MF sob nº:
xxxxxxxxxxxxxxx, residente e domiciliada à Avenida Guaporé, nº: xxxx, Bairro: Setor
xx, xxx-/xx, CEP: xxxxxxxx, por intermédio de seu Advogado que esta subscreve
(instrumento de mandato em anexo), com escritório profissional à profissional à Avenida
Juscelino Kubitschek, nº 2336, Setor 04, 2º Andar, CEP: 76873-500, nesta cidade de Ariquemes
(RO), onde recebe intimações, vem respeitosamente à douta presença de Vossa Excelência
impetrar o presente:

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE

Em face de ato ilegal e abusivo emanado da autoridade coatora, Presidente -


INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS – INEP -
Brasília, com endereço institucional na Setor de Rádio e TV Sul, 701, quadra 3, bloco M, CEP
70340-909, em Brasília – Distrito Federal, CEP 70.070-120, telefones: (61) 3799-3000, com
fundamento no artigo 5º, LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil e na Lei
12.016 de 2009, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I - DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA


A parte Impetrante requer o deferimento do BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA nos termos
Artigo 98 do Código de Processo Civil, bem como, diante de sua situação fragilizada. Nota-se
que, a parte Impetrante é médica (sem documentação completa) em país estrangeiro, encontra-se
sem remuneração, seus rendimentos mínimos produzidos são esgotados em mantimentos básicos
para sua subsistência. Por tudo demonstrado, a parte Impetrante não possui condições financeiras
mínima de arcar com custas judiciais, para tanto, faz juntada do documento necessário -
declaração de pobreza.

II - PRELIMINARMENTE

O presente mandado do segurança é impetrado em CARÁTER PREVENTIVO, cuja


admissibilidade tem acolhimento na jurisprudência e doutrina. A propósito o então Supremo
Tribunal Federal, ao julgar o MS nº 97.362-PR, 4ª T, Rel. então Min. Hugo Machado, DJU, de
30-6-1988, p. 16.275, decidiu que:

Mandado de Segurança preventivo em matéria Tributária.


É cabível mandado de segurança preventivo em matéria tributária,
desde que objetivamente demonstrada a ameaça de lesão a direito
líquido e certo.” Trata-se, in casu, de impetração contra ameaça
concreta, real, atual e objetiva (Celso grícola Barbi, do Mandado de
Segurança 3ª Ed. – Forense-Rio, p. 107). Castro Nunes, in Do
Mandado de Segurança, 8ª edição, Forense – Rio, p. 81 – nota 19,
doutrina a respeito do cabimento do mandado de segurança
preventivo. (Grifo nosso)

Primeiramente, informa-se a Vossa Excelência que o Edital nº 3 de 06 de janeiro de 2022


– Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação
Superior Estrangeira – REVALIDA 2022 (INEP), fora publicado no Diário Oficial da União no
dia 6 de janeiro de 2022, tendo como período de inscrições iniciando no dia 17 de janeiro de
2022 até o dia 21 de jameiro de 2022.
Ocorre que de acordo com o item 5.3.4 do referido edital, se faz requisito indispensável
à inscrição, a juntada do Diploma Original com reconhecimento de órgão brasileiro no país de
origem, ou com o denominado: Apostilamento de Haia (conforme item 1.8.3 do Edital), sob
pena de INDEFERIMENTO e/ou CANCELAMENTO de inscrição e consequentemente a
impossibilidade de participar da etapa seguinte (conforme item 5.3.4.4).
Excelência, a autora concluiu seu internato em 05 de setembro de 2018 (uma das
últimas fases de sua graduação), voltando ao pais em 13 de agosto de 2019 para fazer o
“EXAME DE GRADO”( DEFESA DE CONCLUSÃO DE CURSO) que se deu no dia 13
de setembro de 2019 ( documento em anexo).

Cabe destacar Excelencia que devido à Pandemia de Corona Vírus que começou em
março de 2020 a autora não conseguiu retornar À Bolivia para dar seguimento aos tramites
legais para a expedição do diploma acadêmico.

Cabe ainda destacar excelencia que a autora já pagou as taxas referente a expidição do
DIPLOMA estando o mesmo pronto para ser retirado e dar seguimento aos tramites nacionais .
Ocorre que após a retirada, a impetrante ainda precisará legaliza-lo nos órgãos
competentes (que atuam em regime muito mais moroso que o comum devido à Pandemia), e
após isso, leva-lo à La Paz e realizar o apostilamento que demorará mais alguns meses, e todo
esse processo moroso e burocrático é, O QUE IMPOSSIBILITARA A REALIZAÇÃO DO
APOSTILAMENTO DE HAIA DENTRO DO PRAZO DE INSCRIÇÔES.
Insta salientar que se o cronograma tivesse seguido a normalidade, a parte autora já
possuiria toda a documentação exigida.
Como é de conhecimento de todos, enfrentamos (Brasil, Bolívia e inúmeros outros
países), a PANDEMIA (SarS COVID 19) que acarretou em medidas sanitárias de prevenção,
como exemplo cita-se: o fechamento de órgãos, repartições públicas dentre outros não menos
importantes, inclusive o fechamento de fronteiras.
Diante deste cenário, a impetrante ainda tenta realizar os trâmites para cumprir os itens
do edital, porém, como já citado, muitos dos órgãos Bolivianos ainda estão fechados, atendendo
em horário reduzido e com demanda acumulada (visto que desde o ano de 2020 os estudantes
vêm tendo dificuldade na obtenção de sua documentação), o que acarreta em extrema
morosidade e dificuldade (se não a impossibilidade) na obtenção de tais documentos dentro do
prazo de inscrições.
Ou seja, mesmo a impetrante sabendo que cumpre com todos os requisitos estabelecidos
em edital, POR MOTIVOS ALHEIOS A SUA VONTADE PODERÁ SOFRER DANO
IRREPARÁVEL dado a exigência de mero detalhe burocrático que será certamente sanado no
decorrer do processo de revalidação, uma vez que antes de ter seu diploma revalidado, precisa
submeter-se e ser aprovada em prova de conhecimentos, e somente após isso é que escolherá
uma Instituição Brasileira para revalidar seu diploma acadêmico, como se nota no item 17.2:
“17.2 Após a divulgação dos resultados individuais da 1ª Etapa do
Revalida 2022/1, somente os participantes aprovados poderão
candidatar-se à inscrição na 2ª Etapa (prova de habilidades
clínicas), cujas diretrizes, procedimentos e prazos serão publicados
posteriormente em edital específico.” (grifo nosso)

Portanto, demonstra-se que a propositura do presente Mandado de Segurança se justifica


no justo temor objetivo e no fundado receio concreto de lesão a direito líquido e certo da
impetrante uma vez que por motivos de FORÇA MAIOR (Pandemia de SaRs-Covid 19) ainda
não está de posse de todos os documentos exigidos no edital, faltando apenas o Diploma
Original com o Apostilamento de Haia, regulamentado pela Convenção de Apostila da Haia
(seguindo tratado internacional promulgado pelo Brasil por intermédio do Decreto n. 8.660, de
29 de janeiro de 2016). Saliento que o apostilamento logo estará disponível, muito antes do final
das etapas do presente concurso.
Excelência, analise o caso, a impetrante é uma BRASILEIRA, filha de nossa pátria, que
tomou a decisão de ir para outro país e passar (longos) anos distante de sua família (isso porque
as possibilidades de cursar medicina em nosso país são pequenas, além de possuir um custo
extremamente elevado), na busca de realizar o sonho de ajudar pessoas.
Diante disso, indaga-se: SE FAZ JUSTO CERCEAR O DIREITO DA
IMPETRANTE DE TENTAR RETORNAR PARA CASA UTILIZANDO-SE DE MERO
DETALHE BUROCRÁTICO NADA RAZOÁVEL?
A resposta é imediata: NÃO!! Isso sem somar o fato de que nosso país possuí déficit de
médicos, que facilmente se verifica nesse combate contra a pandemia que vivenciamos. Ou seja,
oportunizar o ingresso de mais profissionais nesta nobre área, além de vantajoso se faz
necessário!!
O deferimento do pleito, não acarretará prejuízo à parte ré, uma vez que TODOS os
documentos do autor serão apresentados antes do parecer da Instituição de Ensino superior que
efetuará a revalidação do Diploma, ou seja, antes da segunda etapa, ou em caso remoto com
antecedência mínima de 30 dias antes da finalização do processo de revalidação, ocorre que o
edital no item 5.3.4.4 dispõe que o não atendimento aos procedimentos estabelecidos no edital
(protocolar a cópia do Diploma Original com o devido apostilamento de Haia) implicará o
cancelamento da inscrição do candidato, ou seja, a impetrante pode ser severamente prejudicada
pela burocracia imposta, que não se faz flexível ainda mais diante do cenário atual (medidas
sanitárias restritivas para o combate da Pandemia de Corona Vírus) que atrasou a documentação
de centenas, se não milhares de estudantes que se encontram na mesma situação.
Salienta-se que o deferimento do pedido não trará nenhum prejuízo à parte ré, muito
pelo contrário, trará mais receita (maior número de inscritos pagantes) e um padrão mais alto de
notas que elevará as notas de corte e consequentemente, teremos profissionais muito mais
qualificados.

Ademais, com exceção do único edital de 2020, a última prova do Revalida ocorreu em
2017, e caso a impetrante não consiga realizar essa, não se sabe quando terá outra oportunidade,
o que acarreta em prejuízo não só para a impetrante mas para toda a coletividade que se
beneficiaria com um profissional a mais na área da saúde.
Excelência, reitero que o fato da requerente não possuir toda a documentação neste
momento (É APENAS POR MOTIVO DE CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR), que
fogem do controle e vontade da parte autora), portanto, não se faz justo motivo para negar a ela
a oportunidade de participar do pleito, uma vez que assim que possível isso será facilmente
sanado, ou seja, a impetrante somente requer garantir sua inscrição podendo entregar a
documentação faltante em momento posterior, assim que legalizados pelos vizinhos Bolivianos
(vez que tal documentação já está em trâmite, sendo apenas questão de tempo).
Importante se faz mencionar que a impetrante possui praticamente todos os documentos
solicitados, e serão protocolados no momento da inscrição, e mesmo após a inscrição ainda se
faz necessário a aprovação no exame, reforçando ainda mais o fato de que NÃO HAVERÁ
PREJUÍZO À PARTE RÉ no caso do deferimento da tutela.
Por fim, o Art. 1º Caput, da Lei 12016/2009, prevê que o mandado de segurança é
admissível tanto antes como depois da prática do ato ou omissão. Assim é plenamente possível a
obtenção de tutela inibitória impugnado por meio de MANDADO DE SEGURANÇA, evitando-
se a prática ilegal ou praticada como abuso de direito.

III - DOS FATOS

Excelência, a impetrante iniciou seus estudos no curso de medicina no segundo semestre


de 2011 na Universidad Nacional Ecológica no município de Santa Cruz de La Sierra – Bolívia,
concluindo os dez semestres de maneira regular bem como seu Internato Rotatório, e
posteriormente realizou o Serviço Social de Saúde Rural Obrigatório – SSSRO concluindo tudo
em 13 de agosto de 2019 apresentando sua defesa de grado no dia 13 de setembro de 2019.
Porém por motivos pessoais a impetrante teve que voltar ao Brasil, deixando as taxas de
empedição do DIPLOMA pagas, como demonstrado em documento em anexo.
Cabe salientar, que a impetrante tinha programado sua volta a Bolivia para buscar seu
DIPLOMA para abril de 2020, sendo impossibilitada pela PANDEMIA DA COVID 19.
Como já mencionado, a impetrante já concluiu todas as etapas para a obtenção do
DIPLOMA, faltando apenas a retirada do mesmo e o apostilamento nos orgão competentes da
Bolivia, porém, por caso fortuito e de força maior (Estado de Emergência Sanitária), se viu
impedida de realiza-lo.
O Estado de emergência sanitária fora decretado em 17 de março de 2020 por meio do
Decreto Supremo (Boliviano) nº 4196, e posteriormente foi acrescido e prorrogado pelos
Decretos nª 4199 de 21 de março de 2020, nº 4214 de 14 de abril de 2020, Decreto Supremo nº
4229 de 29 de abril de 2020 e o último, o Decreto Supremo nº 4236 de 14 de Maio de 2020 (em
anexo) sendo este o motivo que acarretou no atraso de toda a documentação inerente à
conclusão do curso (Principalmente o Diploma), sendo esta, a documentação necessária para a
realização do processo de revalidação ora mencionado.
Excelência, mesmo diante de todas as dificuldades e barreiras que vem surgindo ao
longo desses ultimos dois anos, a parte autora se recusa a “baixar a guarda” e continua na busca
por sua documentação completa, uma tarefa árdua e com resultado moroso por fatos alheios a
sua vontade.
Não bastando o fato da pleiteante não poder retirar sua documentação junto aos órgãos
competentes, ainda sofre com a possibilidade de não participar do processo de Revalidação de
Diploma, (que não ocorre sempre, verificado no fato de que com exceção do último, não ocorria
tal pleito desde o ano de 2017) uma vez que o edital exige que se anexe o Diploma Original
devidamente reconhecido, documento este que se encontra em um moroso trâmite na Bolívia
por conta das medidas impostas para conter a Pandemia de Corona vírus. (conforme edital em
anexo) O Edital nº 3 de 06 de janeiro de 2022 – Exame Nacional de Revalidação de Diplomas
Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira – REVALIDA
2022/1,dispõecomo requisitos para participação e inscrição do candidato o seguinte:

“1.8 Os requisitos para participação no Revalida são:


1.8.1 ser brasileiro ou estrangeiro em situação legal no Brasil;
1.8.2 possuir diploma de graduação em medicina expedido por
Instituição de Educação Superior Estrangeira, reconhecida no
país de origem pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente,
autenticado pela autoridade consular brasileira, ou pelo processo
de Apostilamento da Haia, regulamentado pela Convenção de
Apostila da Haia, tratado internacional promulgado pelo Brasil por
intermédio do Decreto nº 8.660, de 29 de janeiro de 2016.
(...)
5.3 Na inscrição, o participante deverá:
5.3.1 Informar o número de seu CPF e a sua data de nascimento.
(...)
5.3.2 Informar endereço de e-mail único e válido, e número de
telefone fixo ou celular válido.
5.3.2.1 O Inep poderá utilizar o e-mail cadastrado para enviar ao
participante informações relativas ao Exame. No entanto, todas as
informações referentes à inscrição do participante estarão disponíveis
para consulta na Página do Participante, no
endereço <revalida.inep.gov.br/revalida/inscricao>.
5.3.3 Informar dados da Instituição de Educação Superior Estrangeira
de origem do diploma médico e o ano de conclusão do curso de
medicina.
5.3.4 Anexar e enviar o diploma, frente e verso, em formato PDF,
PNG ou JPG, com o tamanho máximo de 2MB.
5.3.4.1 O resultado da análise do diploma deverá ser consultado no
endereço
<http://revalida.inep.gov.br/revalida/inscricao>, a partir de 9 de
outubro 2020.
5.3.4.2 Em caso de reprovação do diploma anexado, o participante
poderá solicitar recurso, das 10h do dia 12 de outubro às 23h59 do dia
16 de outubro de 2020 (horário de Brasília-DF), pelo endereço
<http://revalida.inep.gov.br/revalida/inscricao> e inserir novo diploma
para análise.
5.3.4.3 O resultado do recurso do diploma deverá ser consultado no
endereço <http://revalida.inep.gov.br/revalida/inscricao>, a partir do
dia 19 de outubro de 2020.
5.3.4.4 Caso o diploma enviado não esteja em conformidade com o
item 5.3.4 deste Edital, o participante não terá sua inscrição
confirmada, mesmo que tenha realizado o pagamento da taxa de
inscrição.
5.3.5 Indicar a cidade onde deseja realizar a 1ª Etapa do Exame,
conforme item 1.6 deste Edital.
(...)
5.3.8.2 A inscrição do participante implicará ciência e aceitação das
condições estabelecidas neste Edital, das quais o participante não
poderá alegar desconhecimento.” (grifo nosso)

Ainda de acordo com o Edital, o item 5.6 dispõe que o não atendimento aos
procedimentos estabelecidos no edital (protocolar a cópia apostilada do Diploma) implicará o
cancelamento da inscrição do candidato, vide:

“5.6 O participante que prestar qualquer informação falsa ou inexata,


durante a inscrição, ou que não satisfizer todas as condições
estabelecidas neste Edital e nos demais instrumentos normativos
será eliminado do Exame a qualquer tempo.” (grifo nosso)

Ocorre que o processo de revalidação é constituído por 2 etapas, ou seja, após efetuar a
inscrição (somente válida com o Diploma apostilado em anexo), os candidatos realizarão prova
objetiva em que se faz necessário atingir determinada pontuação, sendo que após isso irão para a
próxima fase que consiste na prova de habilidades clínicas, ainda, após essas duas fases é que
ocorre a entrega da documentação à Instituição de Ensino Superior brasileira que verificará a
autenticidade dos documentos e somente após tal trâmite é que será revalidado o diploma.
Frisa-se que a segunda fase ocorrerá após divulgação de edital próprio que será
publicado apenas após o resultado final da primeira etapa que dá no mês de Novembro de 2021,
conforme o edital impugnado.
Sendo assim, o fato da impetrante não possuir a documentação completa exigida por
motivos que vão muito além de sua capacidade e vontade, não deveria impedi-la de participar
deste pleito, uma vez que a ausência desta documentação será sanada, sem sombra de dúvidas,
antes da divulgação do Edital da segunda etapa que se dará apenas em maio de 2022, e apenas
após a conclusão da prova de habilidades clinicas, é que se faz realmente necessária a entrega
de toda a documentação pois é quando escolherão a Instituição de Ensino Superior brasileira
que revalidará o diploma.
Diante dos fatos, resta evidente que a autora pode ser prejudicada por mero detalhe
burocrático, que mesmo ausente, não traria e nem trará qualquer prejuízo à impetrada, muito
pelo contrário, A GRANDE MAIORIA dos estudantes que colariam/colaram grau este ano
estão na mesma situação, e o aceite destas inscrições gerará mais receita à impetrada, bem
como, aumentará o nível intelectual da prova elevando até mesmo a nota de corte, que
consequentemente habilitará profissionais muito mais preparados para o exercício nobre da
medicina em nosso país que já sofre com o déficit de profissionais da área.
Portanto, suplico a Vossa Excelência que conceda a liminar pleiteada, por ser medida
justa e de justiça, por ato que consiste de força maior, não sendo razoável ser a Impetrante
prejudicada.

IV – DOS FUNDAMENTOS

- DA PARALISAÇÃO MUNDIAL COMO MEDIDA PREVENTIVA DA EXPANSÃO DO


CORONAVIRUS E DA DECISÃO DA IMPETRADA EM MANTER O PERÍODO DE
INSCRIÇÃO MESMO COM O MUNDO INTEIRO DECLARANDO ESTADO DE
EMERGÊNCIA E CALAMIDADE PÚBLICA – FORÇA MAIOR E/OU CASO FORTUITO

Infelizmente, o mundo inteiro decretou estado de emergência e calamidade pública em


decorrência da disseminação do Novo Corona Vírus, denominado tecnicamente como SaRs-
Covid-19.
A Bolívia está ainda nesse momento praticamente paralisada, demonstrado pelos
decretos que se iniciaram no dia 17 de março de 2020, declarando emergência sanitária, que
foram sendo retificados e que permanece até o presente momento.
Com a publicação do referido Decreto, inúmeras repartições públicas reduziram os
serviços prestados à população, considerados não essenciais. Sendo que ainda não voltaram
completamente às atividades normais.
Diante disso, muitos médicos que concluíram o curso de medicina na Bolívia e em
outros países, necessitam legalizar seus documentos expedidos pelas Universidades Estrangeira
para atender o disposto do Edital nº 3 de 06 de janeiro de 2022 – Exame Nacional de
Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira
– REVALIDA 2021 em apreço, encontram-se impedidos de reconhecer firma dos diretores das
Universidades que assinam seus respectivos documentos no Ministério da Educação (MEC) da
Bolívia e posterior Legalização (apostilado de Haia), no Ministério das Relações Exteriores
(MRE) da Bolívia, ou seja, tal documentação não se encontra disponível por motivo de FORÇA
MAIOR.
Durante estes acontecimentos e modificações de rotina acelerados, assim como para
buscar solução administrativa e evitar o abarrotamento de demandas como esta perante o Poder
Judiciário, a Impetrante entrou em contato com a Impetrada via e-mail, solicitando informações
quanto a possibilidade de estender o prazo para protocolo dos documentos inerentes a inscrição,
explicando a problemática relatada em linhas alhures, no entanto a Impetrada até o momento
não respondeu tal solicitação.
Trago a seguir algumas decisões que corroboram o entendimento de que a impetrante
está tendo seu direito liquido e certo violado pela instituição:

MANDADO DE SEGURANÇA – PLEITO DE REALIZAÇÃO DE


MATRÍCULA EM CURSO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
(USP), SEM APRESENTAÇÃO DE CERTIFICADO DE
CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO NA DATA ESTIPULADA –
DOCUMENTO QUE NÃO PÔDE SER EMITIDO POR MOTIVO
DE FORÇA MAIOR – GREVE DE PROFESSORES E
FUNCIONÁRIOS – COMPROVAÇÃO PELO CANDIDATO, ORA
IMPETRANTE, POR MEIO DE OUTRO DOCUMENTO DE QUE
ESTAVA MATEMATICAMENTE APROVADO NO ENSINO
MÉDIO – POSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DA MATRÍCULA,
NO CASO CONCRETO. Não é razoável e proporcional impedir o
impetrante de realizar matrícula em Universidade em virtude de
não apresentação de certificado de conclusão do ensino médio,
visto que tal ausência foi causada por greve de professores e
funcionários, motivo considerado de força maior. R. SENTENÇA
QUE CONCEDEU A SEGURANÇA MANTIDA. RECURSO DE
APELAÇÃO DA USP DESPROVIDO. REEXAME NECESSÁRIO
DESPROVIDO.
(TJ-SP - APL: 10015252920158260566 SP 1001525-
29.2015.8.26.0566, Relator: Flora Maria Nesi Tossi Silva, Data de
Julgamento: 16/12/2015, 13ª Câmara de Direito Público, Data de
publicação: 18/12/2015) (grifo nosso)

ADMINISTRATIVO. MATRÍCULA. CURSO SUPERIOR. PERDA


DO PRAZO E AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE
DOCUMENTOS POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR. FURTO DE
OBJETOS. COMPROVAÇÃO NOS AUTOS. POSSIBILIDADE DE
REALIZAÇÃO EM DATA POSTERIOR. RAZOABILIDADE.
HONORÁRIOS REDUZIDOS. RECURSO E REMESSA
NECESSÁRIA PARCIALMENTE PROVIDOS. - Cinge-se a
controvérsia à verificação da possibilidade de a autora efetuar
regularmente sua matrícula no curso de Artes Cênicas (Indumentária)
ministrado pela UFRJ, apesar de não ter apresentado os documentos
necessários em virtude de ter sido furtada na véspera da data
designada para a pré-matrícula. - Comprovação nos autos, por meio de
Registro de Ocorrência, de que a autora foi vítima de furto no interior do
veículo, em 02/02/2011, véspera da data designada para a pré-
matrícula, sendo- lhe na ocasião, subtraídos a Certidão de Nascimento,
o Comprovante de Conclusão do Ensino Médio, a Impressão de
Inscrição de Prova da Faculdade UFRJ, a impressão da inscrição do
THE, CPF, Título de Eleitor e Termo de Rescisão do Trabalho. - Não
se configura razoável a negativa da Administração em aceitar a
pré-matrícula da demandante, tendo em vista a sua aprovação no
certame e a demonstração, por meio de documentos hábeis, do
motivo de força maior para o descumprimento do calendário
previsto pela Instituição de Ensino. - Apesar de ser certo que o
Edital do certame vincula as partes, a observância das disposições
nele contidas não podem ser consideradas de maneira absoluta. A
Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade,
todavia, deve guiar-se por outros princípios, dentre os quais os
princípios da finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade.
- Conforme salientado pelo Juízo a quo •a obediência à legalidade não
se furta ao crivo da proporcionalidade, entendida esta como
coeficiente para aferição da necessidade, adequação e
proporcionalidade em sentido estrito dos atos administrativos. Diante
do quadro fático sob análise, não se afigura proporcional ao fim a que
a norma se destina - definir um cronograma de matrícula que atenda
aos interesses e necessidades da Universidade e dos estudantes recém
aprovados - o meio utilizado pela ré, consubstanciado na eliminação
tout court da autora, que, mesmo ostentando todos os requisitos legais
para regular inscrição, seria obrigada a se submeter, após um ano de
espera, a novo certame.– - Em atenção ao princípio da isonomia, a
parte autora deverá apresentar a documentação exigida pelo Edital nº
66, de 01 de setembro de 2010, para Acesso aos Cursos de Graduação
2011, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, para a
realização de sua pré-matrícula, assim que seja regularizada a situação
relativa ao furto de seus documentos. -
•Vencida a Fazenda Pública, a fixação dos honorários não está adstrita
aos limites percentuais de 10% e 20%, podendo ser adotado como
base de cálculo o valor dado à causa ou à condenação, nos termos do
art. 20,
§ 4º, do CPC, ou mesmo um valor fixo, segundo o critério de
equidade– (REsp 1155125/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 10/03/2010, DJe 06/04/2010). - Fixação da verba
sucumbencial em 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa. -
Recurso e remessa necessária parcialmente providos tão somente para
reduzir o quantum fixado a título de honorários advocatícios para 5%
(cinco por cento) do valor da causa e para esclarecer a necessidade de
a autora apresentar a documentação exigida pelo Edital nº 66 de 01 de
setembro de 2010, para Acesso aos Cursos de Graduação 2011, da
UFRJ, para a realização de sua pré-matrícula, assim que seja
regularizada a situação relativa ao furto de seus documentos.

(TRF-2 - AC: 201151510016190, Relator: Desembargadora Federal


VERA LUCIA LIMA, Data de Julgamento: 16/05/2012, OITAVA
TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: 23/05/2012) (grifo
nosso)

Assim sendo, é evidente o direito da autora em participar do pleito sem qualquer óbice
que o impossibilite de pelo menos tentar.

- DA AUSÊNCIA DO DIPLOMA APOSTILADO NO ATO DA INSCRIÇÃO

Excelência, a impetrada impõe por meio do Edital a obrigatoriedade de o candidato


anexar seu Diploma Médico Original reconhecido por órgão Brasileiro no país em que fora
concluída ou com o Apostilamento de Haia, conforme disposto abaixo:

“1.8.2 possuir diploma de graduação em medicina expedido por


Instituição de Educação Superior Estrangeira, reconhecida no
país de origem pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente,
autenticado pela autoridade consular brasileira, ou pelo processo
de Apostilamento da Haia, regulamentado pela Convenção de
Apostila da Haia, tratado internacional promulgado pelo Brasil por
intermédio do Decreto nº 8.660, de 29 de janeiro de 2016.” (grifo
nosso)

Ocorre que como já mencionado na presente, vivemos um período excepcional não só


no Brasil, mas no mundo todo por conta da Pandemia de Covid-19, o que acarretou no atraso e
indisponibilidade da documentação exigida pela impetrada não somente para com a impetrante,
mas centenas, se não milhares de outros estudantes que estão sendo prejudicados por este edital
NADA RAZOÁVEL que exige documentação no momento da inscrição.

Excelência, qualquer cidadão com o mínimo de capacidade cognitiva, estaria disposto a


desembolsar “a bagatela” de R$ 3.660,43 (R$ 330,00 (Trezentos e trinta reais) para realizar a
inscrição na primeira fase, e se aprovado, mais R$ 3.330,43 (Três mil trezentos e trinta reais e
quarenta centavos) na segunda etapa do pleito, (valores retirados do Art. 2º, §5º, II e III da Lei
13.959/2019)), para realizar uma prova sem ter a documentação necessária para entregar AO
FINAL DO PLEITO? Com toda a certeza pode se afirmar que NÃO!!!
Nesse ponto, verifica-se que o Edital Impugnado fere o princípio da
RAZOABILIDADE e da PROPORCIONALIDADE que regem nosso direito Administrativo,
uma vez que a exigência de documentação apenas para se tornar candidato, antes de passar
sequer pela etapa de conhecimento (Prova Objetiva) onde o candidato demonstrará se está
realmente apto a exercer sua profissão é medida DESPROPORCIONAL E DESARRAZOADA!
Ainda neste sentido podemos citar nossa Carta Maior que traz em seu rol de Direitos
Fundamentais, o Livre Exercício de qualquer oficio ou profissão, mais especificamente em seu
Artigo 5º inciso XIII, que dispõe:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
(Grifo Nosso)

Ou seja, o impetrante ao se inscrever para realizar a revalidação de seu diploma está


buscando atender as qualificações exigidas para o exercício legal da medicina em nosso país
(sua terra natal), e saliento que já exerce legalmente a medicina no país em que se formou,
auxiliando com louvor principalmente no combate à Pandemia de Corona Vírus e no auxílio de
pacientes acometidos com a doença.
Excelência, nossa Carta Maior também dispõe em seu Artigo 5º inciso II que:
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei”, bem
como em seu Artigo 22 que ilustra a competência para legislar sobre algumas matérias, perceba:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar


sobre:..)
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para
o exercício de profissões.
Logo, resta evidente que a Carta Maior remeteu à legislação o estabelecimento de
condições para o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, impossibilitando a
imposição desses limites por qualquer outro ato normativo, ou seja, não pode um edital impor
exigências para que um candidato participe do pleito que garantirá o exercício legal de sua
profissão (AINDA MAIS EM SEU PAÍS DE ORIGEM).
Ainda se faz importante mencionar a Portaria Normativa Nº 22, de 13 de dezembro de
2016 que dispõe sobre normas e procedimentos gerais de tramitação de processos de solicitação
de revalidação de diplomas de graduação estrangeiros e ao reconhecimento de diplomas de pós-
graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), expedidos por estabelecimentos estrangeiros de
ensino superior dispondo em seu Capitulo II que caso a documentação se encontre incompleta ,a
instituição revalidadora procederá, no prazo de trinta dias, a exame preliminar do pedido e
emitirá despacho saneador acerca da adequação da documentação exigida ou da necessidade de
complementação, como se pode notar:

CAPÍTULO II DA SOLICITAÇÃO DA REVALIDAÇÃO E DO


RECONHECIMENTO DE DIPLOMAS
Art. 6º - O pedido de revalidação/reconhecimento de diplomas de
cursos superiores obtidos no exterior deverá ser admitido a qualquer
data pela instituição revalidadora/reconhecedora e concluído no prazo
máximo de até cento e oitenta dias.
§ 1º - A instituição revalidadora deverá, dentro do prazo previsto no
caput, proceder ao exame do pedido, elaborar parecer circunstanciado,
bem como informar ao requerente o resultado da análise, que poderá
ser pelo deferimento total, deferimento parcial ou indeferimento da
revalidação do diploma.
§ 2º - A instituição reconhecedora deverá, dentro do prazo previsto no
caput, proceder ao exame do pedido, elaborar parecer circunstanciado,
bem como informar ao requerente o resultado da análise, que poderá
ser pelo deferimento ou indeferimento do reconhecimento do diploma.
Art. 7º - Após recebimento do pedido de revalidação ou de
reconhecimento, acompanhado da respectiva documentação de
instrução, a instituição revalidadora/reconhecedora procederá, no
prazo de trinta dias, a exame preliminar do pedido e emitirá
despacho saneador acerca da adequação da documentação exigida
ou da necessidade de complementação, bem como da existência de
curso de mesmo nível ou área equivalente.

Portanto, verifica-se a possibilidade e legalidade de complementação da documentação


faltante em período posterior, demonstrando que negar ao impetrante o direito de realizar o
processo revalidatório por mero detalhe burocrático se faz justa medida.
O capítulo III da Portaria Normativa nº 22 de 13 de dezembro de 2016 ainda traz a
possibilidade de revalidação sem a posse da documentação requerida para refugiados e outros
casos justificados, como se vê:

CAPÍTULO III
DOS DIPLOMAS DE GRADUAÇÃO
Art. 14 - Refugiados estrangeiros no Brasil, que não estejam de posse
da documentação requerida para a revalidação e outros casos
justificados e instruídos por legislação ou norma específica,
poderão ser submetidos a prova de conhecimentos, conteúdos e
habilidades relativas ao curso completo, como forma exclusiva de
avaliação destinada ao processo de revalidação. Parágrafo único -
Para fins do disposto neste artigo, o requerente deverá comprovar sua
condição de refugiado por meio de documentação específica,
conforme normas brasileiras, anexando ao processo a documentação
comprobatória dessa condição, emitida pelo Conselho Nacional de
Refugiados do Ministério da Justiça - CONAREMJ. Art. 15 - As
provas e os exames a que se referem os arts. 13, § 3º, e 14, deverão ser
ministrados em português, organizados e aplicados pela instituição
revalidadora, salvo nos casos em que a legislação indicar a
organização direta por órgãos do MEC.” (Grifo Nosso)

Ou seja, pode-se retirar do texto que além dos refugiados, é possível a realização do
processo sem os documentos probantes em casos justificados, o que se amolda perfeitamente no
caso em questão, onde sendo necessário, a impetrante está apta e disposta a realizar qualquer
meio de prova ou teste para que demonstre sua total aptidão e habilitação para o exercício legal
da medicina. Concluo indagando: SE UM REFUGIADO TEM ESTA OPÇÃO, POR QUE
UMA FILHA DE NOSSA PÁTRIA, BRASILEIRA NATA NÃO TERIA, UMA VEZ QUE
TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI?
Ademais, o caso em tela SE TRATA DE UMA EXCEPCIONALIDADE devido ao
período em que vivemos, e é somente em decorrência das adversidades vividas que a impetrante
não possuí no momento, a documentação exigida (mas logo será suprida), o que demonstra que
ela está sendo prejudicado por mera questão burocrática, e nesse sentido, se pode mencionar a
decisão proferida pelo TRF 3ª Região, Apelação Nº 0001158-11.2004.4.03.6118/SP abaixo
aduzido:

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO


PÚBLICO. EDITAL. COMPROVAÇÃO DE REQUISITO PELO
CANDITADO. APRESENTAÇÃO DE CERTIDÃO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. RAZOABILIDADE POSSIBILIDADE. DO
VALOR ARBITRADO NA SENTENÇA
1. O autor não pode ser prejudicado por questões burocráticas,
principalmente quando comprova os requisitos acadêmicos
exigidos pelo edital do concurso, mediante apresentação de
Certidão de Conclusão de Curso fornecida por Instituição Pública
Estadual de Ensino
2. Não se trata de flexibilização dos critérios estabelecidos no
edital pela Administração Pública, mas admitir que a condição
exigida pelo concurso seja comprovada através de documento que
tenha a mesma força probatória
3. Considerando o valor da causa de R$ 10.000,00, o zelo profissional,
a natureza e a importância da causa, nos termos dos §§ 3º e 4º do
artigo 20 do CPC, reconheço o acerto da sentença que fixou a verba
honorária em 10%, que se mostra suficiente para remunerar o trabalho
desenvolvido, pelas circunstâncias do caso concreto.
4. Apelação e remessa oficial desprovidas. (TRF 3ª Região, Apelação
Nº 0001158-11.2004.4.03.6118/SP, Rel. Des. Fed. Marli Ferreira,
Pub. 15/03/2015 – grifo nosso).

Logo, se nota que já há entendimento em sentido semelhante, sendo que não se pode
prejudicar o candidato por mera questão burocrática, ou seja, não aceitar a certidão de conclusão
de curso, ou até mesmo o diploma sem o apostilamento, uma vez que possuem a mesma força
probatória, ainda mais com o fato irrefutável de que tão logo sejam disponibilizados ao
impetrante, serão protocolados junto à impetrada.
Também pode-se aplicar por analogia o enunciado da Súmula 266 do STJ, como já
aplicado para os casos de Exame de Ordem dos Advogados e do Exame Nacional do ensino
Médio (ENEM):
“Súmula 266, STJ - O diploma ou habilitação legal para o exercício
do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso
público.”

Mesmo com o fato de que as Universidades Federais possuam autonomia didático-


científica, a Impetrante, médica graduada no exterior, de posse dos protocolos de solicitação do
diploma legalizado, possuindo inúmeros documentos probantes que foram reunidos ao longo de
sua graduação, deve ter o direito à inscrição no processo de revalidação de diploma estrangeiro,
haja vista não se mostrar razoável a exigência da apresentação do Diploma Apostilado logo no
início do pleito (ainda mais considerando o momento atual que suspendeu e/ou reduziu as
atividades em órgãos públicos de vários países, incluindo Bolívia e Brasil), ou seja, no ato da
inscrição via sistema, uma vez que mesmo aprovado deverá entregar a documentação na terceira
etapa para análise de autenticidade sob pena de não adquirir o reconhecimento pelo processo de
Revalidação, isso somado ao fato de que a não disponibilidade imediata da documentação se dá
por motivos de FORÇA MAIOR alheios à vontade da impetrante.
É manifesta a afronta ao Princípio da legalidade, sendo que as disposições legais que
regem a matéria não trazem essa previsão, podendo ser citado o trecho do livro de Direito
Administrativo da Ilustre professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

“...se a decisão é manifestadamente inadequada para alcançar a


finalidade legal, a Administração terá exorbitado dos limites da
discricionariedade e o Poder Judiciário poderá corrigir a ilegalidade”.

Assim sendo, a decisão de limitar a participação no pleito a pessoas que já possuam a


documentação (que somente se faz realmente necessária na terceira etapa), evidencia a ausência
de objetivo em alcançar a finalidade legal, que é reconhecer diplomas estrangeiros para agregar
profissionais ao mercado profissional brasileiro.
No presente caso, o perigo de dano é manifesto, sendo a apreciação da tutela não
impedida, portanto, passa-se a demonstrar os requisitos da aparência do direito alegado e do
risco de dano irreparável ou de difícil reparação necessários à concessão da medida liminar.

- DA PROBABILIDADE DO DIREITO

O Edital nº 21 de 06 de Maio de 2021 – Exame Nacional de Revalidação de Diplomas


Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira – REVALIDA 2021, traz
em seu texto a disposição de que o processo de revalidação é composto de 2 fases além da
inscrição (que possui requisitos a serem cumpridos sob pena de indeferimento e ou
cancelamento da inscrição), e posteriormente, uma Instituição de Ensino Superior brasileira
efetuará a revalidação do Diploma, como se pode visualizar no próprio edital, mas também no
Art. 2º § 5º I e II da Lei 13.959/2019, vejamos:

“Art. 2º O Revalida tem os seguintes objetivos:


(...)
§ 3º O Revalida, referenciado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais
do Curso de Graduação em Medicina e coordenado pela
Administração Pública federal, compreenderá, garantida a
uniformidade da avaliação em todo o território nacional, estas 2 (duas)
etapas:
I - exame teórico;
II - exame de habilidades clínicas.”

Ou seja, o deferimento da liminar não trará prejuízo para impetrada uma vez que a
impetrante terá seus conhecimentos testados e somente terá o diploma revalidado após ser
aprovado na primeira fase. Isso pode ser observado na Lei nº 13.959 de 18 de dezembro de
2019, que foi elaborada para regulamentar o Revalida, vejamos:

Art. 2º O Revalida tem os seguintes objetivos:


I - verificar a aquisição de conhecimentos, habilidades e competências
requeridas para o exercício profissional adequado aos princípios e às
necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS), em nível equivalente
ao exigido nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Medicina no Brasil; e
II - subsidiar o processo de revalidação de diplomas de que trata o art.
48 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
§ 7º A participação do candidato na etapa de habilidades clínicas
tem como pré-requisito sua aprovação na etapa teórica. (grifo
nosso)

Portanto, é regulamentado a necessidade de aprovação na etapa teórica, evidenciando o


não prejuízo à parte impetrada.
Neste sentido, REITERO, permitir a realização da prova à impetrante e a qualquer outro
estudante que se encontre na mesma situação, trará um maior nível à prova, elevando a nota de
corte, e consequentemente “filtrará” profissionais mais qualificados para o exercício da
medicina em nosso país, atendendo assim o tão importante Princípio da Supremacia do Interesse
público.
Afinal, o objetivo do exame Revalida é integrar mais profissionais ao quadro efetivo, e
isso além de óbvio, está previsto na própria Lei 13.959/2019 em seu Artigo primeiro:

Art. 1o Esta Lei institui o Exame Nacional de Revalidação de


Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior
Estrangeira (Revalida), com a finalidade de incrementar a
prestação de serviços médicos no território nacional e garantir a
regularidade da revalidação de diplomas médicos expedidos por
instituição de educação superior estrangeira e o acesso a ela. (Grifo
nosso)

Neste dispositivo, evidencia-se o INTERESSE PUBLICO neste pleito, pois utilizando-


se de matemática básica e senso político, temos que mais médicos é igual a mais pessoas
atendidas e medicadas, logo, menos enfermidades agravadas e menos mortes, o que corrobora
com um país mais saudável e melhor de se viver.
O não prejuízo da impetrada na concessão do pedido, verifica-se uma vez que o
candidato deverá entregar a documentação solicitada à Instituição de Ensino Superior que
revalidará o Diploma, ou seja, a falta da documentação no momento da inscrição será sanada e
verificada neste momento, tão logo, não haveria motivos para que a impetrante faltasse com a
verdade no momento da inscrição uma vez que seria necessária a posterior entrega dos
documentos para conclusão do processo.
Insta salientar que já há decisões favoráveis no sentido de que se pode postergar a
entrega da documentação em casos excepcionais, o que certamente se encaixa no presente caso,
vejamos:
DIREITO ADMINISTRATIVO. PARTICIPAÇÃO NO EXAME DE
APTIDÃO PROFISSIONAL. REVALIDA. ÓBICE NA
APRESENTAÇÃO DE DIPLOMA. MITIGAÇÃO DA EXIGÊNCIA.
RAZOABILIDADE. APLICAÇÃO DA TEORIA DO FATO
CONSUMADO. PRECEDENTES. PROCEDÊNCIA. 1. Pretensão em
que se busca participação em exame REVALIDA, postergando a
exigência quanto à apresentação do Diploma de conclusão do curso. 2.
Sob a ótica da razoabilidade e proporcionalidade, a exigência de
apresentação de documento para participação em exame de
Revalidação de Diploma pode ser eventualmente mitigada, de
acordo com as circunstâncias do caso concreto, sob pena de
cerceamento ao livre exercício profissional, tutelado
constitucionalmente. 3. Possibilidade de aplicação analógica de
precedentes judiciais que postergam apresentação de diplomas em
diversas situações, a exemplo de inscrição em Conselhos Profissionais
e participação em concursos públicos, sem que isso importe em
violação à Separação de Poderes. 4. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
(TRF 5, 4ª Vara Federal, JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO,
PROCESSO Nº: 0803009- 87.2014.4.05.8400 – grifo nosso)

Logo, entende-se que é possível a concessão da medida liminar que não restará prejuízo
à impetrada e garantirá à impetrante a tentativa de revalidar seu diploma e exercer seu ofício
sem impedimentos em NOSSO PAÍS, que também É O VERDADEIRO LAR DA
IMPETRANTE.

- DO PERIGO DE DANO

Como já exposto, Excelência, com exceção do ultimo processo de revalidação, tal pleito
não ocorria desde o ano de 2017, e não se sabe quando será o próximo, ou seja, se igualar o
prazo que passou, a impetrante somente terá outra chance no ano de 2024, ficando assim, no
mínimo três anos sem poder exercer sua profissão, prejudicando seu sustento e de sua família,
bem como, suas habilidades por falta de prática e vivência na área.
O período de inscrição para a primeira etapa, segundo o Edital, se dá do dia 17 de
janeiro a 21 de janeiro de 2022, um curto período que já é iminente, razão pela qual se afigura
presente o requisito do periculum in mora, uma vez que a autora pode perder o período de
inscrições, e até mesmo a realização da segunda etapa.
Nesse sentido é totalmente viável garantir à parte demandante o direito de inscrever-se
e de entregar posteriormente a documentação exigida, pois caso não entregue, não concluirá o
processo em nenhuma hipótese.

- DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

De acordo com o art. 7º, III da Lei 12.016/09, poderá ser concedida medida liminar
quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida.
Em uma análise analógica da Sumula 266 do STJ temos que: exigir o diploma no ato da
inscrição em concurso público fere o dispositivo constitucional, logo, exigir a anexação do
diploma original apostilado em um período que se sabe das medidas sanitárias adotadas para
contenção e combate à Pandemia de Corona Vírus, e que tal exigência poderia impossibilitar (e
impossibilitou) a obtenção destes documentos à inúmeros candidatos é LEVIANO E
DESPROPORCIONAL.
O fato de que é previsível que tão logo se finde as medidas sanitárias, a documentação
será disponibilizada à Impetrante e entregue à impetrada, caracteriza o requisito do Fumus boni
Juris.
O requisito do periculum in mora se encontra no cancelamento e/ou indeferimento da
inscrição do candidato que não anexe os documentos exigidos pela parte impetrada. Vale
ressaltar que tão logo disponibilizados, a impetrante cumprirá com o requisito.
Ainda se deve considerar que além de anexar os documentos se faz necessária sua
aprovação nas demais etapas, e a não concessão da liminar ora pleiteada exclui totalmente as
chances de o impetrante participar do processo de revalidação de diplomas ofertado pelo INEP,
além de trazer prejuízo irrecuperável para sua vida profissional, vez que não se sabe quando terá
outra chance (visto que o ultimo ocorreu há três anos).
Excelência, caso a medida liminar não seja concedida, sendo posteriormente concedida
a segurança, já restará configurado o dano, vez que o processo já terá avançado e com ele muito
provavelmente a primeira etapa já tenha sido realizada sem sua participação, ou seja, de nada
adiantará!
É IRREFUTÁVEL que na forma em que está, o prejuízo à impetrante será
demasiadamente exorbitante pois afeta várias áreas de sua vida, como o pessoal o funcional e
até o emocional uma vez que já o privou do convívio com sua família por todo o período de sua
graduação, e agora, mesmo com tudo finalizado (com as dificuldades de ter que aprender em
outro idioma) não saiba quando poderá exercer o ofício de seus sonhos devido a imposição de
mero detalhe burocrático que pode ser sanado posteriormente.
Encontram-se no presente caso, todos os elementos necessários ao deferimento da
medida liminar requerida uma vez que OFENDE DIREITO LÍQUIDO E CERTO, e há os
requisitos do Fumus boni Juris (uma vez que os documentos serão apresentados assim que
disponíveis) e do Periculum in Mora (uma vez que é iminente a realização das inscrições e da
primeira etapa do processo), SENDO A MATÉRIA DE CARÁTER URGENTE por este fato.
Por fim, imperioso se faz reiterar que a concessão da liminar não trará quaisquer
prejuízos à impetrada, uma vez que a impetrante cumpre com todos os requisitos constantes no
edital, apenas momentaneamente sofre com a indisponibilidade de seu diploma por questões de
caráter fortuito e excepcional, mas tão logo se resolva essa situação, serão apresentados e
protocolados TODOS os documentos exigidos em edital.
Portanto, pleiteia-se a concessão da medida liminar com o intuito de resguardar
plenamente o direito da parte autora, assegurando assim sua inscrição no processo de
Revalidação de Diploma de Médico graduado no Exterior nos termos do Edital nº 3 de 06 de
janeiro de 2022– Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por
Instituição de Educação Superior Estrangeira – REVALIDA 2022, ficando condicionado a
apresentação de tais documentos no momento da efetiva revalidação ou até mesmo com
antecedência mínima de 30 dias antes da finalização do processo de revalidação, assim que
estabilize o funcionamento dos órgãos públicos na Bolívia, bem como no Brasil, como medida
de lídima e escorreita JUSTIÇA!

V - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, comprovado o direito líquido e certo que assiste à Impetrante,
de ter assegurada a sua inscrição no processo de Revalidação de diploma de médico graduado
no exterior 2022, conforme preconiza a Constituição de 1988, juntamente com todos os
princípios que regem um Estado Democrático de Direito, a legislação infraconstitucional, bem
como a jurisprudência que alicerçam o pedido, e contando ainda, com os doutos conhecimentos
jurídicos de Vossa Excelência, frente à conduta ilegal e arbitrária da autoridade coatora, INEP,
diante da paralização mundial, devido a Pandemia de Corona Vírus, REQUER-SE:

a) Que seja concedida a medida LIMINAR, inaudita altera parte, em CARÁTER DE


URGÊNCIA, uma vez que o fim das inscrições para o certame se aproxima, de maneira a
determinar que a autoridade coatora defira a inscrição da Impetrante no processo de Revalidação
de diploma de médico graduado no exterior, conforme do Edital nº 3 de 06 de janeiro de 2022 –
Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação
Superior Estrangeira – REVALIDA 2021 - INEP, independentemente da apresentação dos
documentos elencados no subitem 5.3.2; se não houver nenhum outro impedimento, ficando
condicionada a apresentação de tais documentos em momento oportuno, ou em prazo razoável a
ser fixado pelo juízo sendo observado a excepcionalidade do momento uma vez que enfrenta-se
uma Pandemia mundial;
b) Após a concessão da liminar, que seja notificada a autoridade coatora, para que, nos
termos do art. 7°, inciso I, da Lei n° 12 016/2009, preste as informações necessárias;

c) A oportuna oitiva do representante do Ministério Público Federal nos termos do


Artigo 12 da Lei 12.016/2009;

d) Que seja ao final, em sentença, julgado totalmente procedente o pedido, concedendo


a segurança de maneira a tornar definitiva a liminar pleiteada e deferida, garantindo à
Impetrante a inscrição no processo de Revalidação de diploma de médico graduado no exterior,
conforme do Edital nº 3 de 06 de janeiro de 2022 – Exame Nacional de Revalidação de
Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira – REVALIDA
2022 - INEP, independentemente da apresentação dos documentos que contam nos subitens
5.3.2; se não houver nenhum outro impedimento, ficando condicionada a apresentação de tais
documentos em momento oportuno, ou em prazo razoável a ser fixado pelo juízo sendo
observado a excepcionalidade do momento uma vez que enfrenta-se uma Pandemia mundial;

e) A prova pré-constituída do alegado encontra-se em anexo, sendo de inteira


responsabilidade da Impetrante a autenticidade das cópias;

f) seja estabelecido prazo razoável para o cumprimento da decisão judicial, destacando-


se a urgência que a questão requer, impondo-se multa diária para o caso de descumprimento, a
ser fixado por Vossa Excelência.

g) a condenação da Impetrada, ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios a serem fixados com base no art. 20, § 3º e 4º do Código de Processo Civil.

h) A Impetrante não tem condições de arcar com as custas judiciais, taxas, emolumentos
e demais despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento e da família (CF art. 5º,
LXXIV, c/c a Lei nº 1.060/1950, e art. 98 e ss, do CPC), requer, em razão deste fato, os
benefícios da gratuidade da Justiça, por ser pessoa economicamente pobre na acepção jurídica
do termo;

J) A remessa de cópia autenticada do mandado notificatório ao Ministério ou órgão a


que a impetrada é subordinada, bem como, ao Advogado Geral da União nos termos do Artigo
9º da Lei 12.016/2009;
Dá a causa o valor de R$ 1.100,00 (mil e quarenta e cinco reais) para efeitos meramente
de direito.

Nestes termos,

Pede e aguarda deferimento.

Ariquemes 13 de janeiro de 2022

Bryan Erikson Camargo Ribeiro


OAB/RO 9490

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