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II - PRELIMINARMENTE
Cabe destacar Excelencia que devido à Pandemia de Corona Vírus que começou em
março de 2020 a autora não conseguiu retornar À Bolivia para dar seguimento aos tramites
legais para a expedição do diploma acadêmico.
Cabe ainda destacar excelencia que a autora já pagou as taxas referente a expidição do
DIPLOMA estando o mesmo pronto para ser retirado e dar seguimento aos tramites nacionais .
Ocorre que após a retirada, a impetrante ainda precisará legaliza-lo nos órgãos
competentes (que atuam em regime muito mais moroso que o comum devido à Pandemia), e
após isso, leva-lo à La Paz e realizar o apostilamento que demorará mais alguns meses, e todo
esse processo moroso e burocrático é, O QUE IMPOSSIBILITARA A REALIZAÇÃO DO
APOSTILAMENTO DE HAIA DENTRO DO PRAZO DE INSCRIÇÔES.
Insta salientar que se o cronograma tivesse seguido a normalidade, a parte autora já
possuiria toda a documentação exigida.
Como é de conhecimento de todos, enfrentamos (Brasil, Bolívia e inúmeros outros
países), a PANDEMIA (SarS COVID 19) que acarretou em medidas sanitárias de prevenção,
como exemplo cita-se: o fechamento de órgãos, repartições públicas dentre outros não menos
importantes, inclusive o fechamento de fronteiras.
Diante deste cenário, a impetrante ainda tenta realizar os trâmites para cumprir os itens
do edital, porém, como já citado, muitos dos órgãos Bolivianos ainda estão fechados, atendendo
em horário reduzido e com demanda acumulada (visto que desde o ano de 2020 os estudantes
vêm tendo dificuldade na obtenção de sua documentação), o que acarreta em extrema
morosidade e dificuldade (se não a impossibilidade) na obtenção de tais documentos dentro do
prazo de inscrições.
Ou seja, mesmo a impetrante sabendo que cumpre com todos os requisitos estabelecidos
em edital, POR MOTIVOS ALHEIOS A SUA VONTADE PODERÁ SOFRER DANO
IRREPARÁVEL dado a exigência de mero detalhe burocrático que será certamente sanado no
decorrer do processo de revalidação, uma vez que antes de ter seu diploma revalidado, precisa
submeter-se e ser aprovada em prova de conhecimentos, e somente após isso é que escolherá
uma Instituição Brasileira para revalidar seu diploma acadêmico, como se nota no item 17.2:
“17.2 Após a divulgação dos resultados individuais da 1ª Etapa do
Revalida 2022/1, somente os participantes aprovados poderão
candidatar-se à inscrição na 2ª Etapa (prova de habilidades
clínicas), cujas diretrizes, procedimentos e prazos serão publicados
posteriormente em edital específico.” (grifo nosso)
Ademais, com exceção do único edital de 2020, a última prova do Revalida ocorreu em
2017, e caso a impetrante não consiga realizar essa, não se sabe quando terá outra oportunidade,
o que acarreta em prejuízo não só para a impetrante mas para toda a coletividade que se
beneficiaria com um profissional a mais na área da saúde.
Excelência, reitero que o fato da requerente não possuir toda a documentação neste
momento (É APENAS POR MOTIVO DE CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR), que
fogem do controle e vontade da parte autora), portanto, não se faz justo motivo para negar a ela
a oportunidade de participar do pleito, uma vez que assim que possível isso será facilmente
sanado, ou seja, a impetrante somente requer garantir sua inscrição podendo entregar a
documentação faltante em momento posterior, assim que legalizados pelos vizinhos Bolivianos
(vez que tal documentação já está em trâmite, sendo apenas questão de tempo).
Importante se faz mencionar que a impetrante possui praticamente todos os documentos
solicitados, e serão protocolados no momento da inscrição, e mesmo após a inscrição ainda se
faz necessário a aprovação no exame, reforçando ainda mais o fato de que NÃO HAVERÁ
PREJUÍZO À PARTE RÉ no caso do deferimento da tutela.
Por fim, o Art. 1º Caput, da Lei 12016/2009, prevê que o mandado de segurança é
admissível tanto antes como depois da prática do ato ou omissão. Assim é plenamente possível a
obtenção de tutela inibitória impugnado por meio de MANDADO DE SEGURANÇA, evitando-
se a prática ilegal ou praticada como abuso de direito.
Ainda de acordo com o Edital, o item 5.6 dispõe que o não atendimento aos
procedimentos estabelecidos no edital (protocolar a cópia apostilada do Diploma) implicará o
cancelamento da inscrição do candidato, vide:
Ocorre que o processo de revalidação é constituído por 2 etapas, ou seja, após efetuar a
inscrição (somente válida com o Diploma apostilado em anexo), os candidatos realizarão prova
objetiva em que se faz necessário atingir determinada pontuação, sendo que após isso irão para a
próxima fase que consiste na prova de habilidades clínicas, ainda, após essas duas fases é que
ocorre a entrega da documentação à Instituição de Ensino Superior brasileira que verificará a
autenticidade dos documentos e somente após tal trâmite é que será revalidado o diploma.
Frisa-se que a segunda fase ocorrerá após divulgação de edital próprio que será
publicado apenas após o resultado final da primeira etapa que dá no mês de Novembro de 2021,
conforme o edital impugnado.
Sendo assim, o fato da impetrante não possuir a documentação completa exigida por
motivos que vão muito além de sua capacidade e vontade, não deveria impedi-la de participar
deste pleito, uma vez que a ausência desta documentação será sanada, sem sombra de dúvidas,
antes da divulgação do Edital da segunda etapa que se dará apenas em maio de 2022, e apenas
após a conclusão da prova de habilidades clinicas, é que se faz realmente necessária a entrega
de toda a documentação pois é quando escolherão a Instituição de Ensino Superior brasileira
que revalidará o diploma.
Diante dos fatos, resta evidente que a autora pode ser prejudicada por mero detalhe
burocrático, que mesmo ausente, não traria e nem trará qualquer prejuízo à impetrada, muito
pelo contrário, A GRANDE MAIORIA dos estudantes que colariam/colaram grau este ano
estão na mesma situação, e o aceite destas inscrições gerará mais receita à impetrada, bem
como, aumentará o nível intelectual da prova elevando até mesmo a nota de corte, que
consequentemente habilitará profissionais muito mais preparados para o exercício nobre da
medicina em nosso país que já sofre com o déficit de profissionais da área.
Portanto, suplico a Vossa Excelência que conceda a liminar pleiteada, por ser medida
justa e de justiça, por ato que consiste de força maior, não sendo razoável ser a Impetrante
prejudicada.
IV – DOS FUNDAMENTOS
Assim sendo, é evidente o direito da autora em participar do pleito sem qualquer óbice
que o impossibilite de pelo menos tentar.
CAPÍTULO III
DOS DIPLOMAS DE GRADUAÇÃO
Art. 14 - Refugiados estrangeiros no Brasil, que não estejam de posse
da documentação requerida para a revalidação e outros casos
justificados e instruídos por legislação ou norma específica,
poderão ser submetidos a prova de conhecimentos, conteúdos e
habilidades relativas ao curso completo, como forma exclusiva de
avaliação destinada ao processo de revalidação. Parágrafo único -
Para fins do disposto neste artigo, o requerente deverá comprovar sua
condição de refugiado por meio de documentação específica,
conforme normas brasileiras, anexando ao processo a documentação
comprobatória dessa condição, emitida pelo Conselho Nacional de
Refugiados do Ministério da Justiça - CONAREMJ. Art. 15 - As
provas e os exames a que se referem os arts. 13, § 3º, e 14, deverão ser
ministrados em português, organizados e aplicados pela instituição
revalidadora, salvo nos casos em que a legislação indicar a
organização direta por órgãos do MEC.” (Grifo Nosso)
Ou seja, pode-se retirar do texto que além dos refugiados, é possível a realização do
processo sem os documentos probantes em casos justificados, o que se amolda perfeitamente no
caso em questão, onde sendo necessário, a impetrante está apta e disposta a realizar qualquer
meio de prova ou teste para que demonstre sua total aptidão e habilitação para o exercício legal
da medicina. Concluo indagando: SE UM REFUGIADO TEM ESTA OPÇÃO, POR QUE
UMA FILHA DE NOSSA PÁTRIA, BRASILEIRA NATA NÃO TERIA, UMA VEZ QUE
TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI?
Ademais, o caso em tela SE TRATA DE UMA EXCEPCIONALIDADE devido ao
período em que vivemos, e é somente em decorrência das adversidades vividas que a impetrante
não possuí no momento, a documentação exigida (mas logo será suprida), o que demonstra que
ela está sendo prejudicado por mera questão burocrática, e nesse sentido, se pode mencionar a
decisão proferida pelo TRF 3ª Região, Apelação Nº 0001158-11.2004.4.03.6118/SP abaixo
aduzido:
Logo, se nota que já há entendimento em sentido semelhante, sendo que não se pode
prejudicar o candidato por mera questão burocrática, ou seja, não aceitar a certidão de conclusão
de curso, ou até mesmo o diploma sem o apostilamento, uma vez que possuem a mesma força
probatória, ainda mais com o fato irrefutável de que tão logo sejam disponibilizados ao
impetrante, serão protocolados junto à impetrada.
Também pode-se aplicar por analogia o enunciado da Súmula 266 do STJ, como já
aplicado para os casos de Exame de Ordem dos Advogados e do Exame Nacional do ensino
Médio (ENEM):
“Súmula 266, STJ - O diploma ou habilitação legal para o exercício
do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso
público.”
- DA PROBABILIDADE DO DIREITO
Ou seja, o deferimento da liminar não trará prejuízo para impetrada uma vez que a
impetrante terá seus conhecimentos testados e somente terá o diploma revalidado após ser
aprovado na primeira fase. Isso pode ser observado na Lei nº 13.959 de 18 de dezembro de
2019, que foi elaborada para regulamentar o Revalida, vejamos:
Logo, entende-se que é possível a concessão da medida liminar que não restará prejuízo
à impetrada e garantirá à impetrante a tentativa de revalidar seu diploma e exercer seu ofício
sem impedimentos em NOSSO PAÍS, que também É O VERDADEIRO LAR DA
IMPETRANTE.
- DO PERIGO DE DANO
Como já exposto, Excelência, com exceção do ultimo processo de revalidação, tal pleito
não ocorria desde o ano de 2017, e não se sabe quando será o próximo, ou seja, se igualar o
prazo que passou, a impetrante somente terá outra chance no ano de 2024, ficando assim, no
mínimo três anos sem poder exercer sua profissão, prejudicando seu sustento e de sua família,
bem como, suas habilidades por falta de prática e vivência na área.
O período de inscrição para a primeira etapa, segundo o Edital, se dá do dia 17 de
janeiro a 21 de janeiro de 2022, um curto período que já é iminente, razão pela qual se afigura
presente o requisito do periculum in mora, uma vez que a autora pode perder o período de
inscrições, e até mesmo a realização da segunda etapa.
Nesse sentido é totalmente viável garantir à parte demandante o direito de inscrever-se
e de entregar posteriormente a documentação exigida, pois caso não entregue, não concluirá o
processo em nenhuma hipótese.
De acordo com o art. 7º, III da Lei 12.016/09, poderá ser concedida medida liminar
quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida.
Em uma análise analógica da Sumula 266 do STJ temos que: exigir o diploma no ato da
inscrição em concurso público fere o dispositivo constitucional, logo, exigir a anexação do
diploma original apostilado em um período que se sabe das medidas sanitárias adotadas para
contenção e combate à Pandemia de Corona Vírus, e que tal exigência poderia impossibilitar (e
impossibilitou) a obtenção destes documentos à inúmeros candidatos é LEVIANO E
DESPROPORCIONAL.
O fato de que é previsível que tão logo se finde as medidas sanitárias, a documentação
será disponibilizada à Impetrante e entregue à impetrada, caracteriza o requisito do Fumus boni
Juris.
O requisito do periculum in mora se encontra no cancelamento e/ou indeferimento da
inscrição do candidato que não anexe os documentos exigidos pela parte impetrada. Vale
ressaltar que tão logo disponibilizados, a impetrante cumprirá com o requisito.
Ainda se deve considerar que além de anexar os documentos se faz necessária sua
aprovação nas demais etapas, e a não concessão da liminar ora pleiteada exclui totalmente as
chances de o impetrante participar do processo de revalidação de diplomas ofertado pelo INEP,
além de trazer prejuízo irrecuperável para sua vida profissional, vez que não se sabe quando terá
outra chance (visto que o ultimo ocorreu há três anos).
Excelência, caso a medida liminar não seja concedida, sendo posteriormente concedida
a segurança, já restará configurado o dano, vez que o processo já terá avançado e com ele muito
provavelmente a primeira etapa já tenha sido realizada sem sua participação, ou seja, de nada
adiantará!
É IRREFUTÁVEL que na forma em que está, o prejuízo à impetrante será
demasiadamente exorbitante pois afeta várias áreas de sua vida, como o pessoal o funcional e
até o emocional uma vez que já o privou do convívio com sua família por todo o período de sua
graduação, e agora, mesmo com tudo finalizado (com as dificuldades de ter que aprender em
outro idioma) não saiba quando poderá exercer o ofício de seus sonhos devido a imposição de
mero detalhe burocrático que pode ser sanado posteriormente.
Encontram-se no presente caso, todos os elementos necessários ao deferimento da
medida liminar requerida uma vez que OFENDE DIREITO LÍQUIDO E CERTO, e há os
requisitos do Fumus boni Juris (uma vez que os documentos serão apresentados assim que
disponíveis) e do Periculum in Mora (uma vez que é iminente a realização das inscrições e da
primeira etapa do processo), SENDO A MATÉRIA DE CARÁTER URGENTE por este fato.
Por fim, imperioso se faz reiterar que a concessão da liminar não trará quaisquer
prejuízos à impetrada, uma vez que a impetrante cumpre com todos os requisitos constantes no
edital, apenas momentaneamente sofre com a indisponibilidade de seu diploma por questões de
caráter fortuito e excepcional, mas tão logo se resolva essa situação, serão apresentados e
protocolados TODOS os documentos exigidos em edital.
Portanto, pleiteia-se a concessão da medida liminar com o intuito de resguardar
plenamente o direito da parte autora, assegurando assim sua inscrição no processo de
Revalidação de Diploma de Médico graduado no Exterior nos termos do Edital nº 3 de 06 de
janeiro de 2022– Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por
Instituição de Educação Superior Estrangeira – REVALIDA 2022, ficando condicionado a
apresentação de tais documentos no momento da efetiva revalidação ou até mesmo com
antecedência mínima de 30 dias antes da finalização do processo de revalidação, assim que
estabilize o funcionamento dos órgãos públicos na Bolívia, bem como no Brasil, como medida
de lídima e escorreita JUSTIÇA!
V - DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, comprovado o direito líquido e certo que assiste à Impetrante,
de ter assegurada a sua inscrição no processo de Revalidação de diploma de médico graduado
no exterior 2022, conforme preconiza a Constituição de 1988, juntamente com todos os
princípios que regem um Estado Democrático de Direito, a legislação infraconstitucional, bem
como a jurisprudência que alicerçam o pedido, e contando ainda, com os doutos conhecimentos
jurídicos de Vossa Excelência, frente à conduta ilegal e arbitrária da autoridade coatora, INEP,
diante da paralização mundial, devido a Pandemia de Corona Vírus, REQUER-SE:
h) A Impetrante não tem condições de arcar com as custas judiciais, taxas, emolumentos
e demais despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento e da família (CF art. 5º,
LXXIV, c/c a Lei nº 1.060/1950, e art. 98 e ss, do CPC), requer, em razão deste fato, os
benefícios da gratuidade da Justiça, por ser pessoa economicamente pobre na acepção jurídica
do termo;
Nestes termos,