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EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DA __* VARA DO TRABALHO DE BRASILIA —DF CONFEDERACAO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM TURISMO E HOSPITALIDADE - CONTRATUH, entidade sindical de grau superior e area de atuagdo em todo o territério nacional, registrada no Ministério do Trabalho e Emprego sob o niimero 24000.001526/90, portadora do CNPJ n° 03.656.998/0001-75, com sede no SRTVS, Quadra 701, Conj.-D, Lote 05, Bloco B, Salas, 227 a 234, Edificio Centro Empresarial Brasilia, CEP: 70340-907, Bresilia-DF, representada por seu presidente Sr. Moacyr Roberto Tesch Auersvald, consoante previsto na ata de posse e no estatuto social e, na qualidade de litisconsortes em razao da comunhao de interesses, nos termos do artigo 46 do Cédigo de Processo Civil, as seguintes entidades sindicais: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM HOTEIS, APART HOTEIS, MOTEIS, FLATS, PENSOES, HOSPEDARIAS, POUSADAS, RESTAURANTES, CHURRASCARIAS, CANTINAS, PIZZARIAS, BARES, LANCHONETES, SORVETERIAS, CONFEITARIAS, DOCERIAS, BUFFETS, FAST FOODS E ASSEMELHADOS DE SAO PAULO E REGIAO - SINTHORESP, entidade sindical de trabalhadores, insctito no CNPJ n. 62.657.168/0001-21, situada na Rua Tagué, n° 282, Liberdade, Séo Paulo/SP, CEP 01508-010, Brasil, com atos constitutivos devidamente arquivados perante 0 6° Cartério de Registro Civil das Pessoas Juridicas de Séo Paulo/SP sob o n° 143.167, representado por seu Diretor Presidente, Francisco Calasans Lacerda que outorga poderes aos advogados que constam no instrumento de procurago ancxa; ¢ FEDERACAO DOS EMPREGADOS EM TURISMO E HOSPITALIDADE DO ESTADO DO PARANA - FETHEPAR, entidade sindical com personalidade juridica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° 80.043.011/0001-98, com sede na Rua Voluntirios da Pétria, n° 233, 2° andar, Centro, CEP: 80.020-000, Curitiba-PR, neste ato representada por seu Diretor Presidente, Sr. Wilson Pereira, FEDERAGAO INTERESTADUAL DOS TRABALHADORES HOTELEIROS DE SAO PAULO E MATO GROSSO, entidade sindical com personalidade juridica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° 10.488.490/0001-70, com sede na Rua Fagundes, n° 228/226, Liberdade, CEP: 01508-030, Sao Paulo/SP, neste ato representada por seu Diretor Presidente, Sr. Cicero Lourenco Pereira; bem como, na qualidade de assistente das autoras, nos termos do artigo 50 do Cédigo de Processo Civil, NOVA CENTRAL SINDICAL DE TRABALHADORES ~ NCST, pessoa juridica de direito privado, inserita no CNPJ sob 0 n° 07.542,094/0001-70, com sede no SAF Sul, Quadra 02, Bloco D, Sala 102, Térreo, Ed. Via Esplanada, CEP: 70.070-600, Brasilia-DF, neste ato representada pelo seu Diretor Presidente, Sr. José Calixto Ramos; vém, respeitosamente, perante Vossa Exceléncia propor a presente cumutada com pedido liminar de obrigacao de fazer e danos morais coletivos em face de ARCOS DOURADOS COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA., pessoa juridica insorita no CNPJ n° 42.591.651/0001-43, com sede na Alameda Amazonas, n° 253, Alphaville, Barueri/SP, CEP 06454-070, conforme fundamentos expostos em seguida. 1 -PRELIMINARMENTE 1.1 — Sintese da demanda Hi anos as entidades sindicais autoras vem alertando as autoridades quanto a0 comportamento empresarial. da ré, que adota padrdes sisteméticos de violagdes 208 direitos trabalhistas de seus funcionétios como estratégia de auferir maiores luctos obter vantagem sob a concorréncia. Essas condutas de delinquéneia patronal da empresa Arcos Dourados sto conhecidas visceralmente pelas entidades sindicais autoras que, em conjunto com a SEIU (“SERVICE EMPLOYEES INTERNATIONAL UNION"), tratou de providenciar pesquisas processuais no ambito nacional dos ultimos 03 (trés) anos para serem utilizados como amostragem (DOC._). No Ambito da categoria profissional representada nacionalmente pela CONTRATUH, a qual incui os trabalhadores da empresa Arcos Dourados, houver diversas demincias apuradas por entidades sindicais filiadas, as quais ocasionaram pedidos de providéncias junto as Delegacias Regionais do Trabalho, bem como diversas ages judiciais. O SINTHORESP, por exemplo, requereu, no ano de 1995, providéncias diretamente ao Ministério do Trabalho e Emprego, por meio de sua Delegacia Regional do Trabalho da 2* Regio, informando as condigGes insalubres sem o respectivo pagamento do adicional aos trabalhadores (DOC._}, 0 que culminou no ajuizamento de agdes posteriores mencionadas mais adiante. Nas pesquisas realizadas pelas autoras com 0 apoio do SEIU (realizadas por amostragem) foram constatadas idénticas praticas de ilegalidades cometidas pela ré espalhadas por todos os estados federativos, pormenorizados em t6picos especificos ao longo desta peticao inicial, e que ora sao indicados: 1. aciimulo e desvio de fungdes; exercicio de atividades insalubres sem 0 devido fornecimento de EPIs; I. _fraudes nos controles de ponto de jomada; auséncia de recolhimento regular do FGTS; salério inferior a0 minimo legal e/ou previsto em norma coletiva de trabalho; VI. supresstio do intervalo intrajomadas, alimentago no local de ‘trabalho com sanduiches fornecidos pela prépria lanchonete: ‘Vil, auséncia de pagamento das verbas rescisérias, de entrega das guias para levantamento de FGTS e¢ seguro-desemprego e de homologagao da TRCT perante a entidade sindical ou autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego; <38 Da narragio € comprovagio destes fatos decorre a caracterizagao da delinquéncia patronal e dumping social que culmina néo somente danos aos direitos de trabalhadores de abrangéncia nacional, mas afeta — igualmente — a manutengo da ordem econdmica vigente. A conduta empresarial de supressio de direitos trabalhistas é nacional © a ré realiza a abertura de novas lojas mantendo o mesmo padrio de desvirtuamento de aplicagao dos preceitos contidos na Consolidagtio das Leis do Trabalho. E de bom alvitre ressaltar que toda e qualquer empresa instalada no Brasil deve cumprit com sua fungdo social e respeito & legislactio nacional: constitucional, civel, tabalhista, tributéria e demais. Nao o fazendo, hé que ser limitada a atividade empresarial em razio de interesse piblico que se sobrepe concemente 20 respeito dos direitos individuais e coletivos. 2 Por essa razo é que a presente Agdo Civil Pablica tem por objeto a condenagdo da ré em reparar os danos a coletividade, bem como 0 cumprimento de obrigagao de nao fazer a fim de que, caso nao seja cumprida a determinacao judicial, seja impedida de abrir novas lojas — filiais ou franquias — colimando-se estancar a disseminagéo dos danos trabalhistas de abrangéncia nacional que se afere. 1.2 ~ Competéncia material da Justica do Trabatho Como visto acima, a presente ago versa sobre a garantia da seguranga e sobre a preservagdo da satide dos empregados em estabelecimentos de “restaurantes ¢ lanchonetes” em seu ambiente de trabalho (arts. 5., 6.°, e 7.°, XXII da CF/88). Tais bens juridicos esto sendo FREQUENTEMENTE e REITERADAS VEZES lesados por atos manifestamente ilicitos praticados pela Ré ao longo de muitos anos, conforme comprova a anexa lista de agdes trabalhistas movidas contra a Ré (DOC._)e as cépias de cada uma das iniciais dessas agdes trabalhistas (DOC._), ajuizadas recentemente nos anos de 2012, 2013 e 2014 nas principais cidades do pais, onde a Ré ‘mantém lanchonetes “McDonald's”, Como veremos adiante, a Ré insiste ousadamente em afrontar a legislacdo trabalhista brasileira, o que vem a lesar nao apenas os trabalhadores da categoria que trabalham nas lojas Me Donald ‘s, mas a propria economia nacional que consagra a livre concorréncia da iniciativa privada e coibe expressamente 0 abuso do poder econdmico. Ademais, como se denota, a presente ago civil piblica contém cariter coletivo, justificando-se a legitimidade das Autoras (DOC.__) — entidades sindicais, pessoas juridicas com natureza de associacio civil, constituidas hd muito mais do que um ano e que incluem, dentre suas finalidades institucionais', a defesa dos interesses coletivos de sua categoria, inclusive por meio da busca de melhorias nas condigdes de vida e de trabalho de seus representados ~ para o seu ajuizamento sob 0 rito da Lei n.°7.347/85, bem. como de seu assistente” (DOC._). Atualmente, no apenas é cabivel a agao civil piblica ajuizada pelo ente sindical para a defesa dos interesses da categoria no que diz respeito & garantia das relagdes de trabalho, como também é da Justiga do Trabalho a competéncia para processé- las ¢ julgé-las (art. 114, I da CF/88). Nas palavras do Eminente Juiz, Jorge Luiz Souto Maior: “Nem se diga que faltaria 4 Justica do Trabalho competéncia para aplicar todas essas regras, @final a politica econdmica, 0 consumo e as relagdes de trabalho esto ligadas de forma indissolivel & mesma légica. Além disso, os efeitos juridicos dos ilicitos constados fazem parte da competéncia derivada. Lembre-se, a propésito, que a Emenda Constitucional 45 de 2004 atribuiu & Justica do Trabatho competéncia para todas as repercussbes juridicas relativas exploragao do trabatho humano no contexto produtivo, conferindo-the, " Esatuto Sosil de CONTRATUB: ‘Ant 2°, Sao prevogativs da Confedres2o: b) Protas, por tos os meios so seu sleance, os dcéitos ¢ interesses das caegoras proissonas de sua represents erate as Autoridades consis Estatuto Social do SINTHORESP! ‘Ast 2*~ Consul finaidade presipua do Sindiceto:vser melborias pas condictes de vida « de trabalho de. seus representados: defender a independéncia e atonomia da representagdosindial;e auar na manutengio © na dfesa das insiuigdes demoeriticas bracts.) ‘ct. #~Consituem preogaivas edeveres do Sindicats 5) representa prane a atocdadesadinistrativas seus astecladas, nos termos dos poderes que The s20 ris os inferesosserais de sus categoria cos interesces individuals de los pelo inciso do argo 8." da Constituisto Federal inclusive, a tarefar de executar as contribui¢des previdencidrias decorrentes das suas decisbes. Ha quem diga, com razdo, que mesmo a competéncia penal relativa as questées trabathistas foi conduzida & Justiga do Trabalho, sendo relevante destacar que também 0 direito penal preocupou-se com o desrespeito & ordem juridica trabalhista, definindo como crime a conduta de “Frustrar, mediante fraude ou vioiéncia, direito assegurado pela legislagdo do trabalho” (art. 203), com pena de “detengdo de um ano a dois anos, e mulza, além da pena correspondente a violéncia” (PROCESO TRT/15a. No. 0049300-51-2009- 5-15-0137). Por fim, 0 Supremo Tribunal Federal, no julgamento do recurso extraordinétio RE-206220/MG, tendo como relator © Ministro Marcos Aurélio, reconheceu a competéncia da Justiga do Trabalho para conhecer e julgar pedidos de Agao Civil Publica, desde que verse acerca das condigdes do trabalho e meio ambiente do trabalho, em defesa dos interesses coletivos dos trabalhadores. 1.3 - Competéncia territorial para apreciacdo da lide Preconiza o art. 2° da Lei n° 7.347, de 24.07.1985, que disciplina a Agdo Civil Publica: As acdes previstas nesta Lei serGo propostas no foro do local onde ocorrer 0 dano, cujo juizo terd competéncia funcional para processar e julgar. Como mencionado inicialmente, ¢ comprovado pelos documentos anexados, os danos causados pela ré sto de abrangéncia nacional o que enseja a competéncia concorrente das Varas do Trabalho das sedes dos Tribunais Regionais do Trabalho do pais a guisa da Orientagdo Jurisprudencial n° 130 da SDI2: 130, ACHO CIVIL PUBLICA. COMPETENCIA. LOCAL DO DANO. LEI N* 7.347/1985, ART. 2° CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, ART. 93 (redagdo alterada na sessio do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) — Res, 186/2012, DEIT divulgado em 25, 26 ¢ 27.09.2012 I-A competéncia para a.Aca0 Civil Pdblica fixa-se pela extensdo do dane, I~ Em caso de dano de abrangéncia regional, que atinja cidades sujeitas @ Jurisdigao de mais de uma Vara do Trabaiho, a competéncia seré de qualquer das varas das lacalidades atingidas, ainda que vinculadas a Tribunais Regionals do Trabalho distntes. UL=Em_caso de dano de abrangéncia_suprarregional ox nacional. ha competéncia concorrente para a Acdo Civil Piblica das ¥ srabath sedes das Tribunais Regionais do Trabalho, IV ~ Estard prevento o julzo a que a primeira asfio howver sido distributda. (en) Tendo em vista essa competineia concorrente para dirimir eventuais alegagGes em que se deve respeitar 0 preceito contido na Lei de Agao Civil Piiblica tem-se que o inciso II do art. 93 da Lei n° 8.078/90 que se encontra no Titulo ITT e, por corolario légico, aplica-se no caso em aprego por forga do art. 21 da Lei 7.347/85: Art. 93, CDC. Ressalvada a competéncia da Justiga Federal, competente para a causa a justiga local: I I no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de Ambito nacional ou regional aplicando-se as regras do Cédigo de Processo Civil aos casos de competéncia concorrente. (g.n.) Art. 21, LACP. Aplicam-se & defesa dos direitos ¢ interesses dlfusos, colettvos e Iindividuais, no que for cabivel, os dispositives do Titulo IIT da Lei que insttuiu o Cédigo de Defesa do Consumidor. Como o dano € de Ambito nacional e considerando que a CONTRATUK, representante nacional dos trabalhadores da empresa Ré, possui sede nesta capital federal, evidente a competéncia de uma das Varas do Trabalho de Brasilia-DF para a distribuigao da presente Ago Civil Publica. 1.4 — Legitimidade ativa ad causam Segundo 0 nosso sistema legal, 0 dano para ser indenizdvel requer legitimidade do individuo lesado, eis que a reparago s6 pode ser pleiteada pelo titular do direito violado. Entretanto quando esse dano & coletivo, torna-se necessério reparar uma categoria ou uma coletividade indefinida atingidas pelo ato ilicito praticado pelo infrator (0 causador do dano), sobre o qual recaird a responsabilidade civil extracontratual nos termos do art. 404, pardgrafo tnico do Cédigo Civil pela aplicacdo do art. 8°, §uinico da CLT, que estabelece que o direito comum sera fonte subsidiéria do direito do trabalho, desde que seja compativel. Assim, a Lei n.° 7347/1985 possibilita 0 ajuizamento de ago civil piblica, na forma de substituigao processual, quando se tratar de lesio que atinja um niimero expressivo de pessoas, denominado de “direitos individuas homogéneos”, que permite a sua tutela coletiva. O E.STF j4 se manifeston no sentido de que a legitimidade das entidades sindicais ¢ ampla e irrestrita: “concluido julgamento de wma série de recursns extraordinértos nos guats se discutia sobre o ambito de incidéncia do inciso III do art. 8° da CFIS8 (‘a0 sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questées judiciais e adminisrativas') (..), conheceu de recursos ¢ thes dew provimento para reconhecer que 0 referido dispositive assegura ampla legitimidade ativa ad causam dos sindicatos como substitutes rocessuais das categorias que representam na defesa de direitos e interesses coletivas ou individuais de seus integrantes” (RE 193.503/SP, RE 193.579/SP, RE 208.983/SC, RE 210.029/RS, RE 211.874/RS, RE '213.11U/SP, RE 214.668/ES, Rel. orig. Min. Carlos Velloso, Rel. p/ acdrdtio Min. Joaguim Barboca, 12.06.2006) Ou seja, associages € entidades sindicais esto legalmente legitimadas para, em nome proprio, defender direitos individuais da categoria dos trabalhadores, requerendo em jufzo a condenagao do infrator pela indenizag#o por dano moral coletivo, que deverd ser revertida para um fundo, conforme estabelecido pela Lei n° 7,347/1985, que consagrou 0 procedimento especial para a agao civil piblica, a fim de possibilitar a tutela coletiva dos direitos ¢ interesses transindividuais, seja de forma preventiva, reparatéria ou cautelar. Ademais, segundo o art. $°, III da CF/88 ¢ de iniciativa dos entes sindicais as agdes coletivas, cuja legitimidade é ampla, abrangendo além da fase de conhecimento, liquidagio e execugdo dos oréditos trabalhistas, sendo prescindivel qualquer autorizagao dos seus trabalhadores substituidos. Assim, tém legitimidade para propor a ago civil piblica na Justiga do Trabalho, tanto 0 Ministério Piblico do Trabalho, conforme consta na Constituicéo Federal, art. 129, IIL, quanto as entidades sindicais, nos termos da Constituigo Federal, art. 129, 1°; art. 8°, IIL Enfim, considerando-se a gravidade da situaggo e a relevancia dos bens jiucidicos em questo, 0 Autor vem por meio da presente demanda pleitear ordem judicial para obrigar a Ré a cumprir a legislagao trabalhista vigente, como veremos a seguir. 5 1.5 - Qbjeto da acéo Na qualidade de substituto processual dos empregados em estabelecimentos de “restaurantes ¢ lanchonetes” de sua base territorial, a CONTRATUH, em conjunto com as entidades a cla filiadas ¢ a assistente NCST, vém, por meio da presente demanda coletiva, buscar tutela_jurisdicionai “colefiva_que garanta_a preservacio das relacdes de trabalho (arts. 5, 6.°, e 7.°, XXII da CF/88) e que todas as_irregularidades aqui expostas sejam _sanadas sob pena de multa, ou, Sucessivamente, no caso de desobediéncia, seja determinada obrigacio de nfo fazer para que a Ré seja impedida de abrir novas Jojas Mc Donald ‘s no territério nacional como ser4 visto adiante, bem como condenar a Ré a reparar os prejuizos morais coletivamente causados aos seus empregados ¢ ex-empregados, em razio de seus atos ilicitos praticados ao longo de décadas e que configuram verdadeiro “dano social”, como também restara comprovado adiante. 2-DOS FATOS Conforme j4 mencionado, as entidades autoras possuem um longo histérico de combate as irregularidades e violagSes aos dircitos trabalhistas cometidos pela ré, sendo que, recentemente, com 0 intuito de constar nestes autos como amostragem, efemaram o levantamento de ages individuais trabalhistas proposta por trabalhadores das lanchonetes “Mc Donald ‘s”, nos anos de 2012 a 2014, em face de Arcos Dourados Comércio de Alimentos Lida. - principal franqueadora e que também figura como franqueada da maioria dessas lanchonetes no Brasil -, nas principais cidades das 24 regidies, do Tribunal Regional do Trabalho (TRTs) e constatou as mesmas violagdes a direitos fandamentais trabalhistas, de forma sistémica e padronizada. Quando se afirma que a Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda. figura como franqueadora da rede Mc Donald ‘s no Brasil, esté se tomando por base 2 70* alterago do seu contrato social e outros instrumentos societarios e contratuais anexos (DOC._), que impée regras para este sistema de franquias e estabelece obrigagdes € direitos entre frangueados e a franqueadora ora Ré. Ja quando se afirma que a Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda. também figura como “franqueada”, toma-se por base as dezenas e dezenas de agdes trabalhistas que hoje esto sendo exclusivamente ajuizadas em face da prépria Ré, que inclusive vem promovendo em seu proprio nome a anotagdo dos contratos individuais do trabalho dos empregados das lojas Mc Donald ‘s em todo territério nacional. Pois bem. As agdes trabalhistas pesquisadas e analisadas pelos Autores demonstram a pritica reiterada das mesmas infragdes aos direitos dos trabalhadores nas lojas e lanchonetes Mc Donald ‘s, que vem sendo insistentemente cometida pela Arcos Dourados e suas franqueadas ao longo de décadas, 0 que demonstram © descaso e até mesmo a contumécia na supressto dos direitos de seus empregados, certamente no intuito de garantir uma maior rentabilidade do seu negécio, causando enormes prejuizos a esfera juridica individual de cada um de seus empregados, indo de encontro com o préprio interesse coletivo e social. No mesmo sentido, verifica-se que a empresa ré no sanou as irregularidades e violagdes trabalhistas constatadas nos autos da Agdo Civil Pablica n° 0001040-74.2012.5.06.0011, proposta pelo Ministério Péblico do Trabalho com a assisténcia da CONTRATUH, isto embora a ré tenha firmado acordo judicial 6 comprometendo-se a sanar as referidas irregularidades, inclusive no tocante @ extingdo da denominada Jornada Mével e Variavel. Alids, o mencionado descumprimento foi objeto de petigéo da Confederagtio autora no sentido da execuglio do acordo judicial firmado (@oc_). Ainda no tocante A contumécia das infragdes cometidas pela ré, importante notar as diversas agées e dentincias promovidas pelo SINTHORESP no ambito de sua representagao, tais como: © Aedo de Cumprimento n° (0012369620145020201 que tramita perante a I Vara do Trabalho de Barueri, referente a ficazto de horérios nos ‘contratos de trabalho de seus empregados; Aga resciséria n° 00148762720135020000 que tramita perante 0 E.TRT 2* Regio, no qual € pleiteado passivo trabathista da jornada méyel ¢ varivel de periodo anterior ao acordo celebrado com o SINTHORESP: + Execugdo de acordo homologado nos autos da Agio Civil Piblioa nr? '05289009820065020080, no tocante & protegdo ao Meio Ambiente do Trabalho; © Reclamagto Trabalhista por substituigo _processual (03136003720085020201 que tramita perante a 1° Vara do Trabalho de Barueri, em relagéo & contratagao de pessoas com deficiéncia fisica na empresa; © Reclamagdo apresentada perante a Organizagdo Internacional do Trabalho informando a conduta antissindical decorrente do processo ‘rabalhista no tépico anterior sem mumeracdo recebida até o momento; © Reclamagio Trabalhista por substituigdo_processual ni 00019782420145020201 que tramita perante a I° Vara do Trabatho de Barueri, na qual & pleiteado melhoria e cumprimento da Participacdo nos Lucros e Resultados com 0 respeito as formalidades da Lei n° 10.101/00: © Reclamagdo Trabalhista por substituicdo —_processual (00029335520145020201 que tramita perante a 1° Vara do Trabalho de Barueri, em relacio & retengiio dolosa dos salérios, litigado nos autos da; + Demincias perante 0 MPT: 1) n° 2638/2013 em face de problemas advindos com a inscrigo da empresa no Programa de Alimentagao do Trabalhador, demonstrando que o valor nutritive das refeigdes fornecidas aos trabalhadores & inferior aos detentos do sistema prisional de Sao Paulo; 2) em relacdo ao trabalho escravo existente na cadeia produtiva da rede Me Donald's, autuado sob o n° 000672.2013.02.000/0; 9) constatagéio de assédio sexual dentro de estabelecimentos da empresa que supostamente adotou conduta negligéncia a0 permitir que isso acorresse no interior das lofas, autuado sob o n* 003430.2012.02.000/0; 4 noticia de que os trabathadores eram submetides ao actimulo de Fungbes e violagdo ao descanso semanal remunerado, autuado sob 0 n® 001426.2012.02.000/0; © Denivicia perante 0 Ministério Piiblico Federal: axtuada sob on? 1.34.001.007159/2013-34 em relagdo & suposta retencdo dolasa dos saléries dos empregados oriundo da andlise dos holerites em que a Somatéria de vencimentos nao corresponde a0 valor total dos vencimentos dos trabalhadores; Isto significa que @ postura infratora da Ré, nfo apenas gera prejuizos individuais aos seus trabalhadores, como também desafia audaciosamente a propria legislago trabalhista em vigor no Brasil - que regulamenta os direitos dos trabalhadores em geral - e estimula que outros empregadores do mesmo setor adotem tais préticas, principalmente pelo sentimento de impunidade, pois, seguindo este mau exemplo, estas outras redes do ramo de gastronomia certamente nfo ficaro em desvantagem em relapdo a sua principal concorrente de mercado, hoje a Me Donald ‘s. Observe-se que um estudo (DOC._) efetuado pelas autoras com o apoio do “SEIU” (“SERVICE EMPLOYEES INTERNATIONAL UNION”) entidade sindical que opera nos Estados Unidos da América, evidencia que a rede “Me Donald ‘s” insiste em tais praticas ilegais e violagSes a legislagao brasileira, uma vez que tem como objetivo forcar a implementagio do modelo trabalhista americano aqui no pais, que consiste basicamente na economia com a remuneragaio dos trabalhadores. Certamente, a economia que a Ré vem obtendo em relagio A redugdo de custos com encargos trabalhistas, inclusive configura o denominado de “Dumping Social”, pois no ha dividas de que esta miliondria economia, pelo no pagamento de direitos trabalhistas, gera uma concorréncia desleal de mercado com aquelas ‘empresas que procuram honrar com seus compromissos trabalhistas e fiscais na forma da lei. A exemplo disto, com relagio ao sistema de “horas efetivamente trabalhadas”, note-se que apesar do ordenamento juridico brasileiro ser incompativel com esse sistema, por consagrar 0 sistema de horas & disposiga0, a Ré, apés anos insistindo com 2 malfadada “jornada mével varidvel”, estabelecida nos contratos individuais de seus trabalhadores denominado de “contrato de trabalho por hora” ou de “horista”, hoje proibida expressamente pelo acordo judicial firmado nos autos da ago civil publica (ACP) n2 0001040-74.2012.5.06-0011, movida pelo Ministério Publico da 6° Regitio com a assisténcia da Confederagao autora (CONTRATUH), que tramita perante a 11° Vara do Trabalho do Recife/PE, ainda assim continua insistindo em tal pritica, como se denota na dentincia por peticdo protocolada recentemente pela CONTRATUK, assistente do MPT na referida ACP, agora com a suspeita de manipular e fraudar o sistema de controle de ponto de jornada de trabalho de seus empregados na lojas Mc Donald ‘s, conforme_demonstram_as _inumeras acées_individuais_trabalhistas_recentemente ajuizadas perante a Justica do Trabalho. A ré adota um comportamento contumaz de ludibriar as autoridades, empregados, sindicato e entidades publicas. A empresa tenta manter a jornada mével ¢ varidvel nos contratos de trabalho sob outra mancira, afrontando os termos firmados judicialmente na ago acima mencionada. E dizer, nos autos do processo n° 0001040-74.2012.5.06-0011 a CONTRATUH peticionou aquele Juizo da 11* Vara do Trabalho (DOC._) demonstrando que a empresa tenta esquivar-se da obrigagio de extinguir a jornada mével ¢ varidvel, previsto no Termo de Ajuste de Conduta buscando alterar 0 conceito desta: “ds partes, no ato da assinatura do acordo, sabiam exatamente a extensdo dos termas do acordo e aguilo que assinavam. Contudo, no entendimento do Requerente encontra respaldo em manifestagées da empresa gue vem aplicando de forma habil 0 acordo, reafirmando-o somente naguilo que Ihe interess. Go) Enquanto sobre a jornada 0 acordo devou expressa a obrigaeéo da empresa em ‘se abster de pratica-la, no que tange ao salério propriamente dito, o Ministério Puibiico do Trabalho e a empresa detearam claro que a empresa continuard com © pagamento do acardo com as horas trabathadas, nos exatos termas da OJ 358 do TST. Com a devida vénia, conjecturando que a boofé tenha de fato habitado as intengées da empresa com a assinatura do acordo, mas a relusdncia em aceitar © pagamento salarial minimo faz parte de uma extratégia salarial para coabitar com o fim da jornada mével e varlévele surtir oefeito de uma vaivula de escape para eventuais interpretacdes seménticas sobre o acordo judicial entabulade nesta Justiga do Trabatho. Os exemplos abaixo devem servir de alerta aos 8 acordantes, antes que o tempo atue ¢ transforme wma conquista em um pesadelo. © Requerente acionon a empresa na Justica do Trabalho de Sao Paulo requerendo a rescisao de uma sentenca, prolatada em sede de aco chil piblica, cio mérito foi favordvel a legalidade da Jornada Mével e Varidvel, Intimada, a empresa apresentou a defesa, refitando a agao resciséria calcada ‘muna série de argumentos, inclusive citando que 0 acordo entabulado nesta Vara do Trabalho teria fins rescisérios e, portanto, fltava interesse ao Autor. ‘Mas entre todos, um tépico em especial, casot certa apreensio ao Reqrerente Apesar do acordo assinado, a jornada mével e varidvel ainda poderia ser ‘considerada valida, Oo A afirmagao da empresa causa espanto, pois na pritica a empresa relega 0 ‘acordo a um segundo plano, prevalecendo-o apenas para o mise-em-scéne institucional cobrado pela sede nas Estados Unidos. © argumento baseia-se muma premissa perigosa que até 0 momento nto teria sido aventada: que 0 pagamento do salério praticado pela empresa nao encontra dbice na diminuigéo no total da remunerasdo, mas 10 somente na redtuedo do valor pago no valor-hore. Combinada a novel argumentagdo com 0 dispasto no acordo, a empresa traga o eaminko perigoso do viés semantico para roduzir condigoes favor dveis para eventual descumprimento.. Ademais, a despeito de Arcos Dourados Comércio de Alimentos ‘Ltda. ¢ sua franqueadas terem assinado 15 (quinze) TACs (Termo de Ajuste de Conduta) perante as procuradorias regionais do trabalho em diversas regides, malgrado terem softido ages civis piblicas por iniciativa do préprio Ministério Piblico do Trabalho ¢ a despeito de terem firmado acordos judiciais com vigéncia em Ambito nacional, conforme documentos anexos, a_Ré insiste incansavelmente nas_mesmas_praticas ilegais ¢ abusivas em relacko aos seus empregados, em desrespeito aos TACs e a0 acordo judicial firmado nos autos da ACP que tramite em Pernambuco, Como veremos adiante, dentre as principais violagdes aos direitos dos trabalhadores da categoria estio: insalubridades, acimulo de fungées, pagamento de salério abaixo do minimo legal ¢ convencional; fraudes dos controles de ponto de jornada; Auséncia de recolhimento regular do FGTS; supressio do intervalo_intrajornada; alimentago no local de trabalho com sanduiches fornecidos pela propria lanchonete: auséncia de pagamento das verbas rescisérias, entregas das guias para levantamento do FGTS ¢ do seguro-desemprego ¢ de homologagio do TRCT perante 0 Sindicato ou Ministério do Trabalho e Emprego. ‘Vejam-se as principais ilegalidades cometidas contra Direitos dos Trabalhadores nas lanchonetes Mc Donald ‘s, identificadas nas pesquisas e levantamentos. de ages trabalhistas em ambito nacional: 2.1 ~ Actimulo e desvio de funcées Conforme podemos observar pelo teor das petigdes iniciais das ages trabalhistas individuais ajuizadas em 2013 e 2014, nao apenas nesta regio, mas nas demais regides do pais, existem intimeras reclamagGes trabalhistes de que os empregados das lanchonetes “Mc Donald ‘s” acumulam fungSes sem receber a devida remuneragéo adicional para tanto. E tal violagdo também nao € um privilégio desta regido, pois, como podemos notar na relagio de agdes trabalhistas individuais ajuizadas nas outras reeides do pais, tal pritica € comum em outras cidades de outros estados em que a Ré figura como empregadora. © acumulo de fungao é uma prética absolutamente reprovavel pelo nosso sistema trabalhista, pois, além de desvirtuar o préprio contrato de trabalho, sobrecarrega os empregados do estabelecimento por excesso de servico, uma vez que os empregados passam a executar funedes para as quais nfo foram contratados e isso pode _gerar inclusive problemas de relacionamento interpessoal_no ambiente do trabalho entre os funcionsrios, aumento dos riseos de acidente do trabalho e também consequéncias de ordem emocional e psicolégica aos empregados, Tanto isso & verdade que na grande maioria das agdes individuais trabalhistas pesquisadas nos anos de 2013 e 2014, as peticbes iniciais relatam constantes brigas, desentendimentos, xingamentos, humilhages verbais e etc., entre os funciondrios das lojas Mc Donald *s, que muitas vezes levam a demissdes por justa causa e motivam pedidos de indenizagdes por assédio moral e danos morais. Aligs, tal prética em obrigar os empregados @ exercerem vérias fangdes para as quais nao foram contratados, também _reduz a contratacdo de novos funciondrios para os demais cargos que deveriam estar disponiveis nas lanchonetes “Me_Donald_‘s”, cujas funcdes_na_pratica estio sendo_executados por outros funcionArios contratados para outros cargos, evidenciando inclusive uma redugao dos encargos trabalhistas 4s custas dos trabalhadores, que sequer recebem a devida remuneragdo adicional para execugo de tarefas inerentes a outros cargos que estariam vagos na loja. Apesar das lojas Me Donald ‘s ndo possufrem quadro de carreira homologado pelo MTE, as pesquisas realizadas perante a Justiga do trabalho revelam que as Ianchonetes da Denunciada possuem basicamente os seguintes cargos: atendente, caixa, auxiliar de cozinha e gerentes. Mas na pritica existem evidencias de que no existe Gistingdio de fungdes entre estes cargos, pois tanto os gerentes como caixas, atendentes (restaurante, balc&o e saldo) e auxiliares de cozinha realizam praticamente todas as fungies dentro da lanchonete, sem distingéo, E o que se verifica no relatério da Fundacio Getilio Vargas (DOC, __) a empresa afirma que seus empregados produzem 06 (seis) vezes mais que os demais estabelecimentos comerciais. O documento denominado McOnomics, em suas ils. 30/42, demonstra que: “Em 2007, a cada furciondrio do MeDonald’s correspondeu a RS 32,3 mil de valor adictonado, 0 equivalente a RS 20 por hora trabalhada 6) Tomando-se apenas o segmento de bares e restaurantes, o contraste & ainda ‘maior: un empregado desse setor gerou RS 8,8 mil em 2007, ou a8 3,40 por hora trabalhada. Isso significa que um funcionirio do McDonald's é seis vares mais produtivo, em média, que um -empregado desse segmento.” (Trecho extraido do encarte institucional do Medonald's, inttulado "McOnornics de 2009") Hé uma dicotomia causada pela empresa em face de scus trabalhadores que produzem seis vezes mais, porém — ao contrério - recebem seis vezes ‘menos, ou seja, 2 empresa vale-se do suor do trabalhador e conta como vantagem frente aos seus concorrentes. Essa quantidade de funcdes cumuladas € propalada pelo Mc Donald’s como critério de superioridade em relago aos concorrentes. Alids, as pesquisas realizadas na Justiga do Trabalho nos anos de 2013 ¢ 2014 (DOC._) evidenciam que nfo existe um cargo especifico ¢ definido para auxiliar de limpeza ou faxineira, estoquista, carga e descarga de mercadorias, ou soja, estas 10 fungGes de limpeza da cozinha, saléo e banheiros; organizag4o, contagem e controle de estoque e recebimento de mercadorias (carga e descarga) sto executadas por todos os funciondrios das lojas Mc Donald ‘s. Curioso € que basta uma pesquisa na internet, inclusive no préprio site oficial do Me Donald ‘s, pata que se constate que 20 longo dos tiltimos anos as contratagSes de funciondrios sempre so relacionadas as vagas de atendentes apenas, nunca esto disponiveis vagas para gerentes e/ou cargos relacionados a limpeza, estoque, carga e descarga de mercadorias. Isto porque @ Ré efetua a contratagtio de empregados para os cargos de atendentes (restaurante, saléo e balcdo), mas na prética estes funcionérios acabam executando outras fungdes na loja, como as de caixa, faxineiro, estoquista, carga e descarga de mercadorias, chapista, fritador de batatas e ete. A aparente desorganizagao na eleigdo de cargos © fungdes nas lojas Mc Donald ‘s na verdade nao passa de uma proposital_para_que_os funciondrios, em principio _contratados para determinada funcdo, passem a executar outras funcdes, cujo resultado é a economia com a reducio de custos trabalhistas. As c6pias das iniciais das ag6es individuais trabalhistas anexas, assim como a lista de reclamagses trabalhistas localizadas em outras regides nos revelam, que na prética as Janchonetes possuem as principais atividades: atendimento a0 piiblico consumidor em balcdo e salio, caixa, auxiliar de cozinha (subdividido em: montagem de sanduiches, operador de chapa de hambiirgueres ¢ fritador de batatas), auxiliar de limpeza, estoquista (organizacao e controle de estoque) e carga e descarga de alimentos. Entretanto, nfo existe uma distribuigdo destas atividades ou fungdes por cargo especifico, pois na pritica o que se vé é que os atendentes contratados e registrados acabam executando todas estas atividades ou fungdes durante a sua jomada de trabalho, o que caracteriza acimulo de fungdo ou até mesmo desvio de fungio, priticas estas vedadas pelo direito do trabalho, e que devem ser investigas, coibidas ¢ punidas pelo Poder Judiciério. ‘Ao deixar de realizar uma discriminago ocupacional especifica de cada cargo desempenhado por seus trabalhadores, com denominago de carreiras e suas subdivisdes, ha uma extensio do desgaste obreiro e transferéncia do risco empresarial a0 trabalhador. A ré determina que os seus empregados desempenhem fungées especificas, mas que, por sua vez, competem a cargos diferentes. Cargo ¢ fungao ndo se confundem. Nos ensinamentos de Amauri Mascaro Nascimento’: “Cargo € a denominagao dada 2o conjunto de atribuigdes exercidas pelo empregado, ¢ fungdes so especificamente as atividades que ele execula em decorréncia do cargo”. ‘As fimg6es desempenhadas pelos trabalhadores nfio so convergentes para os mesmos cargos. A ré exige de seus empregados o desempenho de fangdes de contetidos ooupacionais distintos. Referem a cargos diversos, a saber, ilustrativamente: a limpeza acarreta em contato com agentes insalubre e exige 0 pagamento de adicional (Stimula n° 448, TST); 0 trabalho em caixa requer © pagamento do adicional de qnebra de caixa (Precedente Normativo n° 103, C.TST); a fungio desempenhada na cozinha pode ensejar o pagamento de adicional (Portaria NR-15, Anexo 03, do Ministério » NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Dirito do Trabalho. 2% ed. So Plo: Saraiva, 2013, pig. 683, 11 do Trabalho e Emprego). Ou seja, afere-se que a fungiio desempenhada e 0 cargo dos trabalhadores no s4o correlatos. Atribuir uma denominagdo genérica de “atendente”, tal como a ré faz, 6 tentar suprimir os direitos de trabalhadores. A ré abusa de seu Poder Diretivo (art. 187, CPC) e acumula fungdes de seus empregados sem o devido pagamento de sua contraprestacdo. Necessério, pois, que seja imposta a obrigacdo de nao fazer a ré a fim de que se abstenha de contratar trabalhadores sob a denominagao genérica de “atendentes”. Sucessivamente, requer-se que seja imposta a obrigagdo de fazer no sentido de realizar uma disctiminacdo ocupacional especifica de cada cargo desempenhado por seus trabalhadores, com denominaeao de carreiras e suas subdivisdes a fim de evitar-se a utilizagao indevida de um mesmo tabalhador para diversas atividades intemas da empresa sem que receba o seu acréscimo salarial para o cumprimento de cada mister, tal como preconizado pela Portaria n° 02/2006 do MTE. Tal imposi¢ao judicial tem por finalidade dar seguranga juridica e evitar que um mesmo trabalhador desempenke fungdes incompativeis com cargos para os quais foi contratado. A fixaedo de um Quadro de Carreira homologado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, nos termos da Portaria 02/2006 MIE e Simula 06 do C.TST, contando com a participagdo das entidades sindicais respectivas de cada municipio espalhados pelo territério nacional (Convengo Internacional n° 158 da OIT) garantiria 0 Patamar Minimo Civilizatério dos empregados, com os respectivos pagamentos dos adicionais inerentes a cada fungao desempenhada. Ao Ministério do Trabalho © Emprego compete homologar o Quadro de pessoal em carreira nos termos da Simula n° 06, item I, C.TST. Essa atribuigao imposta pelo C.TST ao Ministério do Trabalho ¢ Emprego permite-Ihe zelar por adequadas relagdes laborais, elidindo eventuais ilegalidades ¢ abusos por parte da empresa. Ante 0 abuso de direito do Poder Diretivo da ré, requer que a ‘empresa seja condenada a obrigagio de ndo fazer a fim de que se abstenha de contratar trabalhadores sob a denominagao genérica de “atendentes”, bem como a obrigagio de fazer para que realize uma discriminago ocupacional especifica de cada cargo desemperhado por scus trabalhadores, com denominagio de carreiras e suas subdivisées, se necessério, por meio da adocdo de Quadro de Carreiras a ser homologado ou néo pelo MTE, contando, ainda, com a participagdo de entidades sindicais dos respectivos locais de trabalho 2.2 - Exercicio de atividades lubres, sem o devido uso de EPIs Pelo teor das peticionais iniciais das ag0es individuais trabalhistas, temos que as fungées de operador de chapa de hambirgueres (“chapista”), “fritador de batatas”, auxiliar de limpeza ou faxina (banheiros e cozinha) e organizago e limpeza de camara fria e carga e descarga, so atividades consideradas como insalubres, mas a Ré no efetua o pagamento do respectivo adicional de insalubridade na forma do art. 192 da CLT, tampouco fornece ou obriga os funcionarios das suas lanchonetes ao uso dos EPIs. Como relatado nas dezenas ¢ dezenas de ages ajuizadas entre 2013, € 2014, bem como de periodo mais remotos detalhados acima no histérico de atuagdio, as fimgdes exercidas na cozinha, “chapista” e “fritador de batatas”, sfo atividades que expde © funcionério a altas temperaturas e a0 risco de queimaduras na pele; jé as atividades 12 exercidas em cémara fria, estoquista, carga e descarga ¢ limpeza, expoe os empregados frequentemente a baixas temperaturas ¢; as atividades de limpeza de banheiros e cozinha, ‘expe 03 empregados ao contato com agentes quimicos e biolégicos. A exemplo disto, o laudo téenico pericial (DOC._) produzido em 04 de setembro de 2014 nos autos do processo n.° 0000497-03.2014.5.06.0011 em trémite perante a 11° Vara do Trabalho de Recife/PE, concluiu_pela_insalubridade de um “atendente de restaurante” em grau médio, demonstrando que, além da atividades insalubre exercida_pelo Reclamante, este realizava as funcées de limpeza geral do restaurante (mesas, cadeiras e etc.) limpeza de sanitérios piblicos ¢ patio da loja de forma habitual, atendente de caixa, yaracao_de lanel eracio de maquinas, recebia ¢ entregava mercadorias ¢ produtos da loja, adentrava frequentemente em Amara fria ena cAmara de congelados . operava chapas quentes. No referido laudo técnico pericial o Perito Judicial também observou que os funciondrios da lanchonete Me Donald ‘s ficavam expostos a agentes quimicos pelo contato com produtos céusticos para limpeza e agentes biolégicos pelo contato direito com fezes, escarro, urina ¢ outros dejetos humanos de forma habitual SEM USO DOS FPIs, NAO TENDO A RE COMPROVADO 0 FORNECIMENTO DE LUVAS DE BORRACHA E MASCARAS RESPIRADORAS, inclusive. Junta-se também nesta inicial mais 02 laudos técnicos periciais, além do citado no t6pico anterior, so eles: i) proceso n.° 0001937-11.2013.5.20.0001 em tramite perante a O1* Vara de Aracaji/SE, laudo produzido em 16/07/2014, em que o Perito Judicial concluiu que o Reclamante, apesar de constar formalmente na funcéio de “coordenador de qualidade de servico”, de fato exercia atividades insalubres, tais como: operador de chapa_quente ¢ estoquista em c4mara frigorifica, sem uso de EPIs ¢ sem ter recebido o adicional de insalubridade; ii) processo n.° 0000521-472014.5.20.0009 em tamite perante a 09 Vara de Aracaji/SE, laudo produzido em 23/07/2014, em que o Perito Judicial concluiu que o Reclamante, apesar de constar formalmente na funcio de_“atendente de restaurante” de fato exercia atividades insalubres, tais como: limpeza de maquinas ¢_ambientes (banheiros, lixeiras, chapas, piso ¢ etc.), operava maquina de fritar batata, estoque em cdmara fria e de congelados, auxiliar de cozinha sem uso de EPIs € sem ter recebido o adicional de insalubridade. Neste laudo ficou esclarecido “que TODOS OS _FUNCIONARIOS ESTAVAM AUTORIZADOS A ADENTRAR AS (CAMARAS DE CONGELADOS E/OU RESFRIADOS”, Caberia a Ré regularizar esta situa, que perdura ha décadas, para que passe a forecer e obrigar o uso dos EPIs aos empregados que exercem estas funedes, mas também definir por meio de plano ou uma politica mais clara de cargos ¢ fungdes na empresa, preservando assim o direito a seguranga e a satide no meio ambiente do trabalho. Com isto, haveria uma melhor divisio. de cargos por fungo, seja pare instituicdo de novos cargos para as fungdes insalubres, seja para estabelecer ¢ organizar melhor, por exemplo, os dias em que um auxiliar de cozinha deveré operar a chapa de hambirgueres e/ou de fritar batatas, atividades estas que requerem maior cuidado no manuseio e 0 uso de EPIs, com o pagamento do adicional de insalubridade em holerite. 13 ‘No que diz respeito a cémara fria ou congelada que cada loja possui para armazenamento de alimentos, seria necessétio a criagdo de um novo cargo de “estoquista” para a fungi previamente estabelecida em contrato individual do trabalho, a fim de que este profissional passe a ser o responsavel exclusivo pela organizagio e controle de estoque neste local, passe a utilizar os EPIs necessérios para a sua protegdo e passe também a receber 0 adicional e insalubridade. Com relagdo a “carga e descarga” de caminhao que fomece insumos para a manipulagdo e revenda dos alimentos na loja, necessirio se faz que os emptegados da lanchonete no executem mais estas atividades, pois ndo apenas caracteriza um desvio ou actimulo de funga0, mas também porque tais atividades séo extremamente exaustivas e muitas vezes obrigam os fimcionérios em cargos de atendente de baledio ou saldo a carregarem peso acima do permitido pela lei (artigos 198 ¢ 390 da CLT e balizadas pela NR n° 17 do MTE (Portaria GM n.° 3.214, de 08 de junho de 1978), que muitas vezes podem prejudicar a saride do trabalhador, provocando doengas do trabalho em atividade para a qual estes funcionsrios ndo possuem registro e nao foram contratados. 2.3 - Fraudes dos controles de ponto de jornada Em relacdo a jornada de trabalho de seus empregados, pelo teor das petiedes iniciais ora acostadas, existe a suspeita de fraudes ao sistema de controle de ponto de jornada de trabalho de seus empregados nas lojas Mc Donald ‘s, Qu__seja, as imimeras __aedes__individuais _trabalhistas recentemente ajuizadas perante a Justica do Trabalho (2013 e 2014), nao apenas no Ambito local, mas _em Ambito nacional, apontam que a Ré esta manipulando os controles de ponto de jornada de trabalho, pois muitas destas acdes coincidem no relato de que os ex-empregados da Ré anotam 0 hordrios de saida, mas continuam trabalhando na loja, sem reeeber a remuneraeio devida pela prorrogacso habitual da jornada diaria de trabalho. Ao que tudo indica a empresa ¢ redundante em suas irregularidades € a proibigdo da “jormada mével varidvel” em ambito nacional, conduziria a Ré a adotar uma nova pritica para obter vantagem econémica sobre seus empregados, forgando-os a anotar uma jomada irreal de trabalho de trabalho, prorrogando-a ilegalmente e deixando de efetuar o pagamento da remunerago desta hora extra trabalhada, com a incidéncia dos respectivos adicional ¢ reflexos nas demais verbas trabalhistas, nos termos da CLT. Portanto, além das petigbes iniciais das agdes trabalhistas individuais ora acostadas demonstraram que tal pritica vem sendo adotada pela Ré em todas as regides do pais, seria imprescindfvel inclusive que Arcos Dourados a apresente em juizo os controles de pontos de jornada de suas lojas Me Donald ‘s dos tiltimos 03 meses, bem como a edpia do livro de registro de funcionérios de suas lanchonetes, para que inclusive alguns deles possam ser convocados a prestarem seus depoimentos em juizo, a fim de esclarecer tais fatos, em homenagem ao prinefpio da primazia da realizada. 2.4 — Auséncia de recothimento regular do FGTS Hl As asées individuais trabalhistas relacionadas na lista anexa, devidamente acompanhadas das cépias das petigGes iniciais, demonstram que a Ré nao costuma efetuar o depésito integral em conta vincula na Caixa Econémica Federal do percentual legal de 08% que deveria ser descontado sobre a folha de pagamento de seus empregados. 14 Tal pritica vem ocorrendo no apenas com os empregados das lojas, Me Donald ‘s de propriedade da Ré nesta regio, como também em outras regides, conforme consta na lista anexa, que catalogam os mimeros dos processos ajuizados, os nomes dos Reclamantes ¢ a regio. ‘Nao bastasse isso, 0 Ministério Puiblico do Trabalho da 21* Regi do Estado do Rio Grande do Norte, com base nesta mesma constatagdo, propds agdo civil publica, processo n.° 0000952-82.2013.5.21.0011, em tramite perante a 01* Vara do Trabalho de Mossoré/RN em face de Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda. em 31/07/2013, uma vez que a Ré nfo teria apresentado os documentos solicitados pelos Auditores-Fiscais do Trabalho para comprovagao do regular recolhimento do FGTS dos ‘empregados do Mc Donald ’s no periodo de agosto a dezembro de 2012 e janeiro de 2013. Portanto, com base nestas provas documentais de que a Denunciada vem deixando de recolher regularmente o FGTS de seus empregados, requer inclusive que 2 Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda, apresente em juizo: a cépia do livro de registro de seus funciondrios registrados em carteira que trabalham nas lojas Me Donald ‘s de sua propriedade, com a comprovacao da regularidade dos recolhimentos do FGTS por funciondrio, anexando aos autos os extratos analiticos mensais de cada empregado do periodo de janeiro a dezembro de 2014. 2.5 ~ Saldvio Inferior ao minimo legal e/ou previsto em norma coletiva Nesta a regitio, a exemplo do que vem ocorrendo nas demais regides de modo reiterado, muitos empregados da Ré ainda recebem salério inferior a0 minimo legal ou ao minimo estabelecido em norma coletiva da categoria. Antes isto ocorria devido ao “contrato por hora” (efetivamente trabalhada) que empregados firmavam com a Ré ao serem contratados para determinado cargo. Com a entrada em vigor do acordo judicial nos autos da ago civil piblica n.° 0001040-74,2012.5.06-0011 em trémite perante a 11° Vara do Trabalho de Recife/PE, isto nfo deveria estar mais ocorrendo. No entanto, as petigées iniciais anexas demostram que funciondrios que deixaram recentemente seus empregos na Ré, ainda continuam recebendo saldrios inferiores ao minimo legal ou convencional. Tanto isso é verdade que_a CONTRATUH, assistente_do Ministério Piiblico_na_acio_civil_ pa * 0001040-74.2012.5.06-0011, denunciou naquele juizo, o descumprimento do acordo judicial, afirmando que a Ré Arcos Dourados “continua realizando a contratagiéo de funcionérios por hora, bem como aplicando a Jornada mével varidvel... bem como a remuneragfio varidvel e abaixo do minimo legal.” A referida petigfo de denincia (DOC._), inclusive, anexa aos autos da referida ACP alguns holerites e cartées de pontos do ano de 2014, que comprovam a utilizag#o da “hora normal projetada” e alguns contratos individuais de trabalho de 2014 confeccionados sem a indicagio do valor do salério mensal ou dos hordrios fixos da jomada de trabalho, em total desrespeito a0 acordo judicial avencado & homologado pelo MM. Juizo da 11* Vara do Trabalho de Recife/PE.

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