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Questão de aula 12
Nome Ano Turma N.o
A chegar à gruta
(Muitos anos depois o rei Leandro e o Bobo caminham pela estrada. Vestem farrapos e
vão cansados da longa jornada)
REI: Meu pobre tonto... e eu aqui sem te poder ajudar em nada... De tanto chorar, cegaram os
meus olhos. De tanto pensar, tenho a memória enfraquecida. De tanto caminhar, esvaem-se
em sangue os meus pés... E dizer que eu sou rei...
10 BOBO: Rei?! Quem foi que aqui falou em rei? Aqui não vejo rei nenhum...
REI: Não provoques a minha ira, que eu ainda tenho poder para...
BOBO (interrompe-o): Poder? Falaste em poder? Que poder tens tu, que nem uma mísera côdea
gritando, dando ordens, senhor do mundo! Nessa altura – há tantos anos que isso foi! –, nessa
altura aquele homem era rei. Escorraçado pelas filhas, mendiga agora um bocado de pão,
pede por amor de Deus um telhado para se abrigar das chuvas e dos ventos...
REI (murmura): Eu sou Leandro, o rei de Helíria... […]
20 BOBO (id.): Tinha um manto e já não tem. Tinha uma coroa e entregou-a a outros. Tinha um
cetro e deixou-o em mãos alheias. Assim se faz e desfaz um rei. Assim passa o poder neste
mundo...
REI (murmura): Eu sou Leandro, o rei de Helíria...
BOBO: Assim se transforma um soberano na mais insignificante das criaturas. […] (ainda para
25 a assistência): Às vezes olho para ele e não sei se o meu coração se enche de uma pena
imensa ou de uma raiva sem limites...
REI: Que resmungas tu?
BOBO: Nada, senhor, falava com as pedras do caminho...
1. miserável
a. «farrapos» 2. roupas muito velhas e rotas
b. «escorraçado» 3. coroa
c. «cetro» 4. bastão curto
5. expulso
a. b. c.
3.3 Apesar da atual situação, o Rei mantém uma postura de superioridade porque
4. Quando o Bobo se dirige à assistência, dá informações que nos permitem perceber o que
acontecera anteriormente.
5. «Eu sou Leandro, o rei de Helíria...» é uma frase repetida várias vezes pelo Rei.