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NOVO PLURAL 12 – LIVRO DO PROFESSOR

Português • 12.º Ano • Ensino Secundário


TESTES SUMATIVOS
NOME: ________________________________________________________________________ ANO: ______ TURMA: ______ N.º ______

TESTE 4 «Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca + Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente Unidade
2

GRUPO I
Apresente as respostas de forma bem estruturada.

Texto A

Leia o texto.

Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria de ouvir-se. Iam todos, de novo, recuar para muito 1
longe, lá para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido. Foi a primeira noite em que os homens saíram
da venda mudos e taciturnos. Fora esperava-os o negrume fechado. E eles voltavam para a escuridão; iam
ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço
e pela noite. Mais nada que o abandono e a solidão. A esperança de melhor vida para todos que a voz 5
poderosa do homem desconhecido levava até à aldeia apagava-se nessa noite para não mais se ouvir.
Dentro da venda, o Batola está tão desalentado como os ceifeiros. O mês passou de tal modo veloz que se
esqueceu de preparar a mulher. Sobe ao balcão, desliga o fio e arruma o aparelho. Um pouco dobrado
sobre as pernas arqueadas, com o chapeirão a encher-lhe a cara de sombra, observa magoadamente a
preciosa caixa. Assim está, quando um pressentimento o obriga a voltar a cabeça; junto da porta que dá 10
para os fundos da casa, a mulher olha-o com um ar submisso. «Que terá acontecido?» pensa o Batola,
admirado de a ver ainda levantada àquela hora.
− António − murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda − Eu queria pedir-te uma coisa…
Suspenso, o homem aguarda. Então, ela desabafa, inclinando o rosto ossudo, onde os olhos negros
brilham com uma quase expressão de ternura: 15

− Olha… Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia neste deserto.
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas, Lisboa,
Editorial Caminho, 2011.

1. «Iam todos, de novo, recuar para muito longe, lá para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido.» [ll. 1-2)
Esta citação faz referência a dois tempos – um passado recente, ainda que longo, e o futuro próximo. Explique o que há de
comum entre estes dois tempos.

2. Exponha o motivo do estado de espírito evidenciado pela personagem coletiva.

3. Batola fica admirado, expectante, ao ver a mulher na venda àquela hora tardia. Tendo em conta o que conhece das
personagens, interprete esta reação do Batola.

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Texto B
Leia o texto.
1
Inês – Oh que nova tão suave! Lianor – Filha, não tomeis tristura,
desatado é o nó. 20 Que a morte a todos gasta.
s’ eu por ele ponho dó, O que havedes de fazer?
o diabo me arrebente! Casade-vos, filha minha.
Pera mim era valente, Inês – Jesu! Jesu! Tão asinha!
5
e matou-o um mouro só! Isso me haveis de dizer?
Guardar de cavaleirão, Quem perdeu um tal marido,
barbudo, repetenado, 25
Tão discreto e tão sabido,
que em figura de avisado E tão amigo de minha vida?
é malino e sotrancão. Lianor – Dai isso por esquecido,
Agora quero tomar E buscai outra guarida.
10 pera boa vida gozar, Pêro Marques tem, que herdou,
um muito manso marido. Fazenda de mil cruzados.
não no quero já sabido, Mas vós quereis avisados...
pois tão caro há de custar. 30 Inês – Não! já esse tempo passou.
Sobre quantos mestres são
Experiência dá lição.
Vem Lianor Vaz, e ela finge-se muito
Lianor – Pois tendes esse saber
15 anojada:
Querei ora a quem vos quer
Lianor – Como estais, Inês Pereira? Dai ò demo a opinião.
Inês – Muito triste, Lianor Vaz. […] 35

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira,


in As Obras de Gil Vicente, vol. II, dir. científica José Camões,
Centro de Estudos de Teatro da FLUL e INCM, 2002.

4. Explique o que finge Inês Pereira e por que o faz.

5. Lianor Vaz acredita na sinceridade de Inês? Apresente a sua opinião, devidamente justificada.

GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e da letra que identifica a opção escolhida.

Leia o texto.

A televisão
1 Historicamente a televisão a sério, comercial e competitiva, nasce empoleirada na rádio, usando os
seus processos de organização interna e o seu capital para se implantar e popularizar. As networks1 de

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televisão americanas, CBS, ABC e NBC 2, todas surgidas nos anos 50, tornaram-se em poucos anos o
principal meio para os anunciantes e nenhuma outra tecnologia até então se impusera tão depressa. Em dez
anos, a televisão chegava a mais de 35 milhões de lares, quando o telefone precisara de oitenta anos e o
automóvel de cinquenta.
Durante décadas a televisão reinou sozinha, apesar de uma certa má reputação que foi ganhando,
pouco fazendo para contrariar a ideia de ser um meio de massas, obcecada com as audiências. […] Todos
adoramos ler, ver teatro, admirar pintura mas ninguém que queira impressionar o próximo admite ser um
10 espectador frequente de televisão, pelo menos daquela a que chamamos linear e que, ouve-se, poderá
morrer em breve, vítima da tecnologia do digital.
Não é difícil ver ou prever que as novas gerações estão a ver menos televisão generalista nos
televisores. Não tanto pela qualidade (ou falta dela) dos programas, mas porque olhar fixamente para um
televisor, seja na sala seja no quarto, é menos confortável do que andar com um dispositivo (computador,
15 tablet, telemóvel) atrás. E porque os jovens são mais ou menos alérgicos à companhia dos adultos e
preferem descobrir o mundo por si próprios. Ou porque, com a produção maciça de conteúdo premium3,
há sempre uma «série nova de que toda a gente fala para ver» […]
Um estudo da ERC4 acerca das «Novas Dinâmicas do Consumo Audiovisual em Portugal», de 2016,
revela que «deixar de ver televisão» é a atividade que os inquiridos mais dificuldade teriam em fazer
20 (65,5%). «Deixar de navegar na internet» posiciona-se em segundo lugar (26,7%). Outro dado, 99% dos
inquiridos afirmam ver televisão de uma forma regular e apenas 6,9% usam o VOD 5. Finalmente, 60,8%
ligam o televisor assim que chegam a casa.
Queiramos ou não, o fluxo da televisão, ou seja, o encadeamento dos programas, funciona em milhões
de lares em todo o mundo e é impossível negar que a dinâmica familiar e social é ritmada e facilitada pela
25 televisão. Muita gente janta a ver o telejornal. A família vê a novela ou aquele programa de domingo à
noite em conjunto. Os amigos combinam ver a final da taça com cerveja e amendoins. Discute-se televisão
nas redes sociais e no dia seguinte no escritório ou na escola. As pessoas, acreditem, até os anúncios veem
porque nem toda a vida passa no tablet.
Pedro Boucherie Mendes, Expresso, 31.12.2016.

________________________________________________________________________________________
1. rede (de televisão); 2. estações de televisão americanas; 3. de grande procura; 4. entidade reguladora de comunicação; 5. vídeo on demande.

1. Nos anos 50, as networks de televisão americanas tornaram-se o principal veículo publicitário porque
(A) atingiam as elites de todo o mundo.
(B) divulgavam os anúncios de forma rápida e gratuita.
(C) era a tecnologia de difusão mais apelativa para a comunicação com as massas.
(D) se impuseram tão rapidamente como a rádio.

2. A reputação que foi adquirindo de ser um meio de massas


(A) melhorou a qualidade dos seus programas.
(B) preocupou seriamente as cadeias de televisão.
(C) teve menos relevância para as estações de televisão do que as audiências.
(D) foi exagerada porque os conteúdos foram sempre melhorando.

3. «Todos adoramos ler, ver teatro, admirar pintura…» Esta afirmação é


(A) incontestável.
(B) absurda.
(C) banal.
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(D) irónica.

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4. As novas gerações estão a ver menos televisão generalista nos televisores


(A) porque preferem conteúdos de que os pais não gostam.
(B) porque os dispositivos móveis dão maior autonomia e permitem um acesso mais rápido aos conteúdos selecionados.
(C) porque as séries que estão na moda só passam na televisão por cabo.
(D) para não ter de estar sentados ou deitados à mesma hora no mesmo sítio.

5. No último parágrafo, o autor do texto


(A) manifesta dúvidas sobre as conclusões do estudo da ERC.
(B) procura explicar os dados apresentados pelo estudo da ERC.
(C) acrescenta percentagens diferentes das que o estudo da ERC apresenta.
(D) manifesta a sua discordância em relação ao estudo da ERC.

6. Classifique o processo de formação das seguintes palavras: networks (l. 2), CBS, ABC e NBC (l. 3), tablet (l.15), ERC (l.18),
internet (l.20), navegar (l.20), VOD (l.21).

7. Identifique o campo lexical em que se poderão inserir todas elas.

8. Identifique a função sintática da expressão sublinhada nesta transcrição – «nenhuma outra tecnologia até então se impusera
tão depressa».

9. «Todos adoramos ler« (ll.8-9); «ouve-se» (l.10)


Classifique os sujeitos de cada uma destas orações.

10. «Finalmente, 60,8% ligam o televisor assim que chegam a casa.» (ll.21-22)
Divida e classifique as orações desta frase.

GRUPO III
A televisão é um meio áudio visual que, gostemos ou não, invade a esmagadora maioria das nossas casas.
Considerando a relação, próxima ou distante, que mantém com ela, reflita sobre o papel que tem tido na sua vida a televisão ao
longo dos anos, organize as suas ideias e elabore um texto de opinião, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras,
subordinado ao tema

«A televisão e eu – a nossa relação nos últimos dez anos.»

OBSERVAÇÕES:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (ex.:/2015/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 300 palavras –, há que atender ao seguinte: – um desvio
dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido; – um texto com extensão
inferior a 80 palavras é classificado com zero pontos.
FIM

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