Nome: Sacuro Romao Docente: dr.

Amisse Muamede Cadeira: Didáctica de Português IV

Bibliografia: FIGUEIREDO, Maria Jorge Vilar de & BELO, Maria Teresa. Curso de Licenciatura em Ensino de
FICHA DE
Comentar um texto literário. Editorial Presença, Lda. 4ª ed. Lisboa, 1993. Português com Habilidades em Inglês
SINTESE
Página
s COMENTAR UM TEXTO LITERÁRIO.
Quando se comenta um texto, deve ter-se sempre presente que os dois objectivos fundamentais são:
 Precisar o que diz o texto;
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 Mostrar como o diz.
O texto - o fundo e a forma
 Fundo e forma constituem o texto. São designações escolares, auxiliares da linguagem com que se lê.
 Aquilo a que chamamos o fundo pode designar o assunto, o tema, o conteúdo, as ideias, os pensamentos, os
sentimentos, o sentido da frase ou do verso tomados no seu conjunto, o valor de uma ou outra palavra no seio
dessa frase ou desse verso, que se põem em relevo.
 Aquilo a que chamamos a forma pode querer dizer o vestido que envolve o fundo: o léxico, a frase, a figura de
estilo, as imagens, as sonoridades das palavras, os ritmos em que as frases ou versos se organizam, a própria
concepção do texto.
N.B: Poder-se-á pensar que um bom processo para comentar um texto será começar pela análise do fundo e passar,
em seguida, para a análise da forma. É um processo errado. O comentário tem de incidir, simultaneamente, no fundo
e na forma.
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O que não é um comentário de texto
Comentar não é:
 Expor uma reacção subjectiva, temperamental e superficial.
  Considerar o texto como pretexto para um exercício de redacção;
 Explorar pormenores, por vezes apenas anedóticos, que nada tem haver com o texto a não ser por se situarem
na sua periferia;
11  Fazer uma paráfrase;
 Fazer um resumo;
 Inventar elementos estilísticos, sem considerar o porque e o como da sua utilização.
O que é um comentário de texto?
 Comentar um texto é ir reflectindo, pouco a pouco, no porque do que está escrito, e faze-lo com maior ou
menor profundidade, de acordo com os conhecimentos que possuímos e também com a nossa própria
experiencia que, embora limitada, em alguns casos, deve vir sempre em primeiro lugar.
 Comentar um texto, é, pois, ir dando conta do que um autor disse e da maneira como disse. Mas não existe um
comentário único ou único processo de comentário. Contudo, serão bons todos os comentários que, de uma
forma razoável, estabeleçam uma relação clara entre o fundo e a forma de um texto. Seja qual for a
profundidade do comentário, o texto deve constituir sempre a sua base e a sua razão única e dele não pode
desviar-se quem pretender analisá-lo.
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O que é preciso para comentar um texto?
O método que propomos aos nossos alunos e apenas um, entre os vários que poderão ser adoptados, “que é de
possuir-se um conjunto de conhecimentos que se vão adquirindo na escola”, a saber: conhecimentos históricos da
língua, da literatura e métrica.
Os momentos num comentário de texto
Comentar um texto exige a ordenação de todas as observações feitas, respeitando os vários momentos em que se
processa. Assim propõe-se os seguintes:
  Leitura atenta do texto;
 Localização do texto;
 Determinação do tema;
13  Determinação da estrutura métrica (quando se trata de um texto em verso;
 Análise da forma partindo do tema.
Momento I
Leitura atenta do texto
Qualquer comentário deve começar com a leitura do texto. Nesta fase preparatória do comentário, não nos
contentaremos, pois, com uma leitura rápida do texto.
Depois, vamos reler o texto assinalando todos elementos que possam não ser acessíveis imediatamente a nível
vocabular sintáctico, morfológico, semânticos ou que, embora o pareça, nos causem uma certa estranheza.
Vejamos como devera ser feita a leitura de um texto em função da sua posterior análise:
 Leitura de contacto com o texto;
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 Segunda leitura, assinalando todos os vocábulos que não sejam imediatamente acessíveis;
 Procura, no dicionário, do significado das palavras que envolve dificuldade de compreensão.
Momento II
Localização do texto
Este segundo momento pode iniciar-se pela determinação do género literário a que o texto pertence.
A consideração de certas características que levam a inserir um texto num determinado género literário, permite-nos
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perceber melhor até que ponto e de que modo a obra de um autor e única.
No entanto, e necessário ter sempre em conta que tal como as palavras têm várias conotações, cada género literário
contem em si inúmeras associações que o autor pode ou não utilizar.
 Determinado o género literário a que o texto pertence, passaremos ao alargamento da sua localização.
Antes de mais teremos de verificar se trata de:
i. Um texto independente
ii. Um excerto de uma obra
No primeiro caso, inseri-lo-emos na generalidade de obra do seu autor.
No segundo caso, inseri-lo-emos, primeiro na generalidade da obra do autor, e, depois, na obra a que pertence. Dado
tratar se de um excerto, poderemos ter de nos confrontar com uma das três hipóteses seguintes:
i. O texto e um excerto de uma obra que conhecemos integralmente;
ii. O texto é um excerto de uma obra de que apenas conhecemos a parte a que o texto pertence
iii. O texto é um excerto de uma obra que não conhecemos.
O texto e um excerto de uma obra que conhecemos
Como localiza-lo?
20 i. Começaremos por situar a obra a que o texto pertence na generalidade da obra do seu autor. Para o efeito,
servirmo-nos-emos do manual de história da literatura onde encontraremos dados - que deverão ser sempre
muito breves - sobre a obra do autor, o ambiente ideológico e artístico em que vive ou viveu.
ii. Situaremos, em seguida, o texto na obra de que é um excerto, relatando muito sucintamente o argumento ou
assunto da obra e assinalando o ponto em que o texto se encerre.
O texto pertence a uma obra de que conhecemos apenas uma parte
Como poderemos localiza-lo?
Inseri-lo-emos na obra do autor e na obra a que pertence e, seguidamente, relataremos muito sucintamente o assunto
do excerto que conhecemos e de que este texto faz parte.
 O texto pertence a uma obra que não conhecemos
Como poderemos localiza-lo, se não conhecemos nada da obra a que pertence?
Procuraremos, no manual de literatura, todos dados que nos permitam inseri-los na generalidade da obra do seu
autor.
Momento III
O Tema
Tema e a ideia fundamental, o eixo em redor do qual gira todos os elementos que, agrupados, constituem o texto.
20 Como procederemos, pois, para determinar o tema de um texto ou, tendo o determinado para testar aquilo que por
nos foi deduzido?
Do assunto ao tema
O assunto de um texto é uma versão reduzida dos textos que contem, todavia, os seus pormenores mais
significativos.
O tema determina se reduzindo os elementos do assunto a noções ou conceitos.
Momento IV
24 A Estrutura
Estrutura é, assim, a organização das partes ou unidades de um texto numa ordem coerente e significativa em termos
de conteúdo do texto como um todo.
Os momentos do texto
Designaremos por momento de um texto cada uma das partes que nele podemos detectar. A divisão de um texto em
momentos visa demonstrar como foram articuladas as ideias do autor.
 Momento V
Análise da forma a partir do tema
Para exprimir o tema, o autor utiliza os meios e os processos linguísticos que lhe parecem os mais adequados. Daí
que seja imperioso existir uma estreita ligação entre a forma e o tema.
30 Como se encontra no texto a relação forma/tema?
Comentar um texto, é, pois, justificar cada elemento formal como uma exigência do tema. Contudo, cada elemento
temático é também uma exigência da forma.
Aplicação Prática
Entre o material de apoio necessário ao comentário de texto, deve figurar:
1. Um bom dicionário de Língua Portuguesa;
33 2. Manual de Literatura Portuguesa;
3. Um dicionário de Literatura;
4. Um Dicionário de termos Literários;
5. Um Guia de estilística;