Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Texto-base:
SCHLEIERMACHER, F. D. E. Introdução à hermenêutica. In: SCHLEIERMACHER, F. D. E.
Hermenêutica e linguagem. São Paulo, Clandestina, 2016.
Texto complementar:
SCHLEIERMACHER, F. D. E. Hermenêutica. Arte e técnica da interpretação. Petrópolis:
Vozes, 2003.
Objetivos:
a) Aprofundar as atitudes elementares para a leitura e interpretação de um texto
(filosófico), tendo como referências alguns conselhos e regras da arte hermenêutica
segundo a filosofia de Shcleiermacher;
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
DISCIPLINA HERMENÊUTICA
Para treinar o olhar que abrange o todo, seja na perspectiva de um encadeamento externo das
partes, seja de um sentido interno, proceda com o seguinte exercício:
a) Primeiramente, realize uma leitura do texto, do início ao fim. Comece com a primeira
palavra do título e termine com a última da conclusão. Ouça-as com atenção, uma por
uma e cada uma no seu conjunto. Preguiçosamente, não escolha partes que, por suspeita,
poderiam ser as principais. Contudo, leia tudo sem pretensão de tudo compreender já na
primeira leitura. Por enquanto, não anote nada, a não ser suas perguntas e inquietações.
Apenas deixe ser levado pelo texto, encaminhado por ele nas fluxo de suas ideias. Faça
pequena pausas ao final de cada parte e tente recompor, mentalmente, os encadeamentos
das ideias principais e secundárias da parte lida. Nesse momento, caso falte o
entendimento de uma palavra desconhecida, é salutar procurar o significado da palavra
em léxicos e dicionários. E, depois de decidido pelo significado mais adequado da
palavra no contexto do texto, faça o exercício mental de recomposição do movimento
da apresentação do conteúdo e desenvolvimento dos temas. Siga, sem muitas
interrupções, senão esses com esses exercícios de fixação do conteúdo e argumentação
na mente da parte lida, até chegar ao fim do texto.
b) Finalizada esta primeira leitura, que lhe dará uma familiaridade com o texto a partir de
uma visão global, realize uma segunda. Dessa vez, leia parte por parte. No final de cada
parte, faça pausas longas, para fazer um exercício de síntese das partes e, ao mesmo
tempo, de estruturação de uma visão global do texto, como se descreve a seguir.
Aproveite as subdivisões do texto para delimitar o início e o fim dessas partes. No caso
do texto-base, há 23 partes, numeradas sequencialmente. Cada parte é subdivida em
parágrafos, que também recebem números. Nessa segunda leitura, recomponha o texto
na sua integralidade. Para tanto, proceda do seguinte modo: para cada uma das 23 partes
maiores, ao final da leitura de cada uma delas, resuma-as em uma ou duas frases que
apresentem o que por elas é enunciado e discutido. Faça o esforço de ser sintético, sem
perder de vista a precisão nessa apresentação breve e resumida da parte. Exemplo:
Apenas uma advertência para a realização dessa tarefa: lembre-se que os dados para a
elaboração desse parágrafo são facilmente obtidos por meio da internet, estão
disponíveis em diversos sítios. No entanto, decidir pelo caminho mais fácil de somente
colar e copiar esses dados é fazer uma péssima declaração acerca de si mesmo. Quem o
faz declara ser um leitor acrítico, preguiçoso e dependente de dados já prontos,
infinitamente multiplicados, na maioria das vezes, sem fonte segura.
b) A segunda tarefa já é um pouco mais difícil: conhecer o autor internamente, isto é, desde
o núcleo e motivo de sua obra. Para isso, precisamos adentrar na experiência de
pensamento do autor. Necessitamos saltar para dentro do seu projeto filosófico e tentar
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
DISCIPLINA HERMENÊUTICA
compreender a sua questão e os problemas filosóficos que ele enfrentou, como ele tentou
resolvê-los para desenvolver a sua questão. Isso só será plenamente possível por meio
da interpretação do próprio autor, no confronto com o seu texto, não fora desse trabalho
árduo de compreendê-lo a partir dele mesmo, de sua palavra e do conjunto de sua obra.
Custa-nos anos de dedicação e pesquisa para fazer esse passo com profundidade e
elaboramos de forma autônoma um conhecimento do autor que surja do interno da sua
experiência de pensamento. No entanto, apenas para fins pedagógicos, vamos utilizar
de alguns recursos que podem nos ajudar na aproximação do autor e de familiarização
com o seu projeto filosófico mediante a compreensão de sua questão: a leitura de
estudiosos e comentadores, assim como de prefácios e dicionários. Por isso, seguindo
ainda aquele conselho de obter uma visão geral do autor, leia os seguintes textos,
fazendo anotações de informações e intuições importantes para reconstruir o projeto
filosófico de Schleiermacher e compreender os problemas por ele afrontados:
Por fim, passe à leitura de algumas páginas (apenas o tópico “b” do item 1.1.1, da
segunda parte) de uma obra fundamental para o estudo da Hermenêutica, que é a
seguinte:
GADAMER, H-G. Verdade e método I. Traços fundamentais de uma hermenêutica
filosófica. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 208-306.
Faça a leitura rigorosa desses textos, procurando compreender com precisão os
argumentos, as elucidações acerca do pensamento de Shcleiermacher. Porém, faça-o
com um interesse bem delimitado: compreender os traços fundamentais ou linhas
mestras, a partir dos quais você poderá reconstruir o projeto filosófico do autor a partir
de suas questões e do desenvolvimento de problemas internos. A partir de suas
anotações, formule com suas palavras, de maneira mais autônoma possível, o sentido
do projeto de Schleiermacher. Sinteticamente, explicite-o em parágrafos que ocupem a
extensão não menos de uma e, no máximo, duas laudas. Se precisar utilizar as
formulações dos autores acima, citando trechos de suas obras ou textos, não se esqueça
do cuidado de reproduzi-las literalmente entre aspas e, em seguida, referenciar.
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
DISCIPLINA HERMENÊUTICA
Antes de cumprir as três tarefas acima descritas, leia e tenha em mente a seguinte
advertência, apresentada com as palavras do autor que queremos compreender:
1
Por exemplo, o Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano. Disponível em:
https://marcosfabionuva.files.wordpress.com/2012/04/nicola-abbagnano-dicionario-de-filosofia.pdf. Acesso em:
18 abr. 2023.
5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
DISCIPLINA HERMENÊUTICA
Se há dúvidas como realizar cada uma dessas etapas com as suas específicas tarefas, não há
outra saída: retornar ao primeiro roteiro e reler a descrição delas. Mesmo que você não teve
muitas dificuldades na execução desse passo, é recomendável a releitura desse passo no roteiro
anterior. Certamente, relendo-o, um novo e mais profundo entendimento será obtido, o que lhe
ajudará muito. No entanto, é refazendo as tarefas que esse entendimento ficará mais nítido. A
expertise arte de compreender e, com ela, a liberdade e autonomia na leitura e interpretação só
chegam com o passar do tempo, conquistam-se mediante infindas tentativas de apropriar-se
dessa arte e dar-lhe um tom pessoal. Como o artista que se exercita diariamente na sua arte para
alcançar sua melhor expressão, ela exige do leitor treino repetitivo.
Apresente a sua obra, o resultado de sua arte inacabada, para cada uma das etapas acima.
geral e filosóficos. Depois da leitura e rigorosa que se fez no passo anterior, a leitura nesse viés
é possível, sem ferir a obra com objetivos instrumentalistas, imediatistas, alcançáveis por meio
de leituras rasas de leitores contentes com sua superficialidade. Ora, com esse exercício final
não se quer forjar o texto, procurando nele apressadamente algo que se possa “aplicar na
prática”. Essa é uma postura de um leitor preguiçoso e indisposto para reflexão, que não quer
compreender o sentido do texto. Apenas quer uma teoria pronta e acabada que funcione como
uma ferramenta para atingir sua pretensão de tirar dos textos uma informação útil ou uma receita
para transformar a realidade, porque aplicável, produtora de efeitos de maneira rápida. Leitores
desse tipo não dialogam com o texto e não compreendem ao seu sentido, para a ele responder
e, nesta resposta, abrir sua existência em nova e mais larga compreensão de mundo que o texto
resguarda. Eles não experimentam a vida que nele se esconde. Enfim, não são leitores que não
dispostos a se transformarem por meio das leituras que fazemos durante a vida e ao longo de
nossa constante formação intelectual. Noutra atitude, respondendo ao núcleo significativo do
texto, depois de ter feito sério esforço de tentar compreender a palavra do autor por ele mesmo
e no desejo de transformar-se em melhor leitor do sentido da vida humana e de tudo que compõe
as circunstâncias, do mundo, releia o texto na perspectiva de resumi-lo em regras e conselhos
que te ajudaram nas futuras leituras de textos ao longo de sua formação. Procure ouvir o autor
e o que ele propõe e, ao mesmo tempo, as suas circunstâncias de aprendiz na arte de ler e
interpretar enquanto estudante de filosofia. Por fim, resuma os conselhos e regras, que você
aplicará a você mesmo, em uma lista de dez.