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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA


DISCIPLINA HERMENÊUTICA

II EXERCÍCIO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO

Texto-base:
SCHLEIERMACHER, F. D. E. Introdução à hermenêutica. In: SCHLEIERMACHER, F. D. E.
Hermenêutica e linguagem. São Paulo, Clandestina, 2016.
Texto complementar:
SCHLEIERMACHER, F. D. E. Hermenêutica. Arte e técnica da interpretação. Petrópolis:
Vozes, 2003.

Objetivos:
a) Aprofundar as atitudes elementares para a leitura e interpretação de um texto
(filosófico), tendo como referências alguns conselhos e regras da arte hermenêutica
segundo a filosofia de Shcleiermacher;

b) Exercitar-se na leitura e interpretação de um texto cuja modalidade é um discurso


filosófico, medindo-se de modo experiencial com as dificuldades e exigências da leitura
e interpretação de textos desse gênero;

c) Exercitar-se na arte de ler um texto e interpretá-lo na perspectiva de um interesse


específico, por exemplo, apreender alguns conselhos e procedimentos básicos para a
arte da interpretação.

Passo 1: Criar familiaridade com o texto.


Entre os conselhos valorosos para aprender e praticar a arte de ler e interpretar, que nos dá a
filosofia de Schleiermacher, encontra-se a orientação de iniciar a interpretação por meio da
obtenção de uma visão geral da obra ou texto a ser lido. A visão do todo deve preceder a
interpretação mais precisa” (SCHLEIERMACHER, 2016, p. 69), recomenda-nos o autor do
texto-base desse exercício. Pois cada parte do texto ou da obra é atravessada pelo sentido que
unifica todas as partes num todo. Nessa direção, não vamos entender o todo apenas como a
soma de todas as partes. É necessário, certo, adquirir de início uma visão que abranja todas as
partes, apreendendo o conteúdo ou o tema de cada uma das partes e, principalmente, os nexos
lógico-temáticos que ligam uma parte a outra. Mais importante ainda é tentar captar a tese ou a
ideia principal que domina toda a obra ou texto e que, portanto, está presente em cada frase,
parágrafo, parte, articulando-as desde um sentido interno. Portanto, não apenas ligando-as por
nexos externos, por exemplo, o encadeamento de uma parte a outra a partir da explicitação do
conteúdo ou temas que o desenvolvimento do conteúdo exige. Essencialmente, o todo não é a
soma, a totalidade articulada das partes. Antes, o todo é principalmente o sentido interno que
faz compreensível o uno que interliga todas das partes a partir de dentro.

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Para treinar o olhar que abrange o todo, seja na perspectiva de um encadeamento externo das
partes, seja de um sentido interno, proceda com o seguinte exercício:
a) Primeiramente, realize uma leitura do texto, do início ao fim. Comece com a primeira
palavra do título e termine com a última da conclusão. Ouça-as com atenção, uma por
uma e cada uma no seu conjunto. Preguiçosamente, não escolha partes que, por suspeita,
poderiam ser as principais. Contudo, leia tudo sem pretensão de tudo compreender já na
primeira leitura. Por enquanto, não anote nada, a não ser suas perguntas e inquietações.
Apenas deixe ser levado pelo texto, encaminhado por ele nas fluxo de suas ideias. Faça
pequena pausas ao final de cada parte e tente recompor, mentalmente, os encadeamentos
das ideias principais e secundárias da parte lida. Nesse momento, caso falte o
entendimento de uma palavra desconhecida, é salutar procurar o significado da palavra
em léxicos e dicionários. E, depois de decidido pelo significado mais adequado da
palavra no contexto do texto, faça o exercício mental de recomposição do movimento
da apresentação do conteúdo e desenvolvimento dos temas. Siga, sem muitas
interrupções, senão esses com esses exercícios de fixação do conteúdo e argumentação
na mente da parte lida, até chegar ao fim do texto.
b) Finalizada esta primeira leitura, que lhe dará uma familiaridade com o texto a partir de
uma visão global, realize uma segunda. Dessa vez, leia parte por parte. No final de cada
parte, faça pausas longas, para fazer um exercício de síntese das partes e, ao mesmo
tempo, de estruturação de uma visão global do texto, como se descreve a seguir.
Aproveite as subdivisões do texto para delimitar o início e o fim dessas partes. No caso
do texto-base, há 23 partes, numeradas sequencialmente. Cada parte é subdivida em
parágrafos, que também recebem números. Nessa segunda leitura, recomponha o texto
na sua integralidade. Para tanto, proceda do seguinte modo: para cada uma das 23 partes
maiores, ao final da leitura de cada uma delas, resuma-as em uma ou duas frases que
apresentem o que por elas é enunciado e discutido. Faça o esforço de ser sintético, sem
perder de vista a precisão nessa apresentação breve e resumida da parte. Exemplo:

1. Definição da Hermenêutica como arte de compreender e começo da definição de


seu âmbito de ação.
Apresente o resultado desse exercício, fazendo um elenco numérico a respeito do
conteúdo e temas principais de cada parte, apresentados de forma sintética e precisa.
Escolha bem as palavras que traduzem os conceitos, temas e objetivos principais de
cada parte. Enuncie cada uma das partes com clareza. Com isto, no final, você terá um
esboço ou esqueleto de todo o texto.
c) Por fim, faça uma terceira leitura do texto. Dessa vez, você será auxiliado pela
apresentação sintética, que é o resultado da tarefa anterior. Mas lembre-se que este
resultado é uma visão do todo, bem esquelética. Apenas um esboço! Por isso, antes de
fazer a terceira leitura, leia atentamente frase por frase que você utilizou para sintetizar
cada uma das partes. Concentre-se e analise com atenção e reflexivamente o esboço que
você mesmo elaborou. Relendo-o, tente reestabelecer a conexão temática entre as partes
e, sobretudo, tente adivinhar o a ideia principal que as “costura” por dentro com uma
linha invisível. Anote a sua intuição a respeito dessa ideia principal, do sentido interno.
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Em seguida faça a terceira leitura, tentando buscar uma confirmação e/ou um


preenchimento de sua intuição, da sua adivinhação. Pode ser que a terceira leitura não
preencha nem confirme a sua intuição, mas o texto mesmo pode fazer uma correção do
que você supôs ser a ideia principal. No final, enuncie, mesmo que provisoriamente,
essa ideia principal. Escreva-a com a maior clareza possível e, a seguir, construa um
pequeno parágrafo, justificando e/ou explicitando essa ideia principal. Nesse momento,
você pode se apoiar nas formulações do autor, para elaborar o seu parágrafo. Só não se
esqueça de colocá-las entre aspas e fazer das devidas referências.

Passo 2: Conhecer o autor, interna e externamente.


Se você fez bem as tarefas do passo acima, deu-se conta de outro valoroso conselho de
Schleiermacher: é preciso não só conhecer bem o vocabulário do autor interpretado, o que
pressupõe um domínio da língua materna dele. Alerta-nos o filósofo que é importante ler o autor
como se fôssemos, o máximo possível, um de seus leitores originários, que o lê na sua língua
materna e, ademais, como dele fosse um contemporâneo. Igualmente, somos alertados que é
necessário conhecer o autor a partir de sua vida, de suas obras, de suas circunstâncias históricas
e, sobretudo, o que e como ele como pensa. Em relação a esse último aspecto, o pensamento do
autor lido, é muito importante para bem interpretá-lo compreender o seu projeto filosófico, ir a
fundo quanto possível na questão que foi a causa de sua obra e pensamento ao longo de sua
vida. Desse modo, o exercício do segundo passo é procurar o conhecer o autor, internamente e
externamente, e seu vocabulário. O presente passo possui três tarefas:
a) Comecemos com a tarefa mais fácil, que consiste em conhecer a vida do autor de um
ponto de vista externo. Trata-se de recompor a sua trajetória filosófica e/ou literária e,
dentro de certos limites, as circunstâncias históricas de sua vida. Em termos de
circunstâncias, entre todos os aspectos (cronológicos, biográficos, políticos, culturais,
sociais e outros), prefira o contexto espiritual, identificando com quais posições
filosóficas o autor se embate e porque com elas se confronta, assumindo-as e as
desenvolvendo, bem como rejeitando-as. Para fazer essa reconstrução, vá até às
bibliotecas físicas e virtuais e consulte compêndios e manuais sérios acerca da história
do pensamento filosófico. Depois de consultar alguns capítulos dessas obras, escreva
com as suas palavras um parágrafo que tenha por tema a vida, a obra de Schleiermacher,
sem deixar de ressaltar o âmbito cultural e, sobretudo, filosófico de sua época.

Apenas uma advertência para a realização dessa tarefa: lembre-se que os dados para a
elaboração desse parágrafo são facilmente obtidos por meio da internet, estão
disponíveis em diversos sítios. No entanto, decidir pelo caminho mais fácil de somente
colar e copiar esses dados é fazer uma péssima declaração acerca de si mesmo. Quem o
faz declara ser um leitor acrítico, preguiçoso e dependente de dados já prontos,
infinitamente multiplicados, na maioria das vezes, sem fonte segura.

b) A segunda tarefa já é um pouco mais difícil: conhecer o autor internamente, isto é, desde
o núcleo e motivo de sua obra. Para isso, precisamos adentrar na experiência de
pensamento do autor. Necessitamos saltar para dentro do seu projeto filosófico e tentar
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compreender a sua questão e os problemas filosóficos que ele enfrentou, como ele tentou
resolvê-los para desenvolver a sua questão. Isso só será plenamente possível por meio
da interpretação do próprio autor, no confronto com o seu texto, não fora desse trabalho
árduo de compreendê-lo a partir dele mesmo, de sua palavra e do conjunto de sua obra.
Custa-nos anos de dedicação e pesquisa para fazer esse passo com profundidade e
elaboramos de forma autônoma um conhecimento do autor que surja do interno da sua
experiência de pensamento. No entanto, apenas para fins pedagógicos, vamos utilizar
de alguns recursos que podem nos ajudar na aproximação do autor e de familiarização
com o seu projeto filosófico mediante a compreensão de sua questão: a leitura de
estudiosos e comentadores, assim como de prefácios e dicionários. Por isso, seguindo
ainda aquele conselho de obter uma visão geral do autor, leia os seguintes textos,
fazendo anotações de informações e intuições importantes para reconstruir o projeto
filosófico de Schleiermacher e compreender os problemas por ele afrontados:

Comece pelo prefácio da obra em que se encontra o texto-base. Em geral, os prefácios


são muito úteis para elaborar a visão prévia e geral por nós procurada.
NASCIMENTO, L. F. dos S. O estranho e o comum – linguagem e interpretação em
Shcleiermacher. In: SCHLEIERMACHER, F. D. E. Hermenêutica e linguagem. São
Paulo, clandestina, 2016. p. 9-35
Em seguida, passe para a leitura de um segundo estudo, que lhe ajudará a compreender
o sentido da tarefa da Hermenêutica na época de Schleiermacher, bem como a recompor
o seu projeto, inclusive visualizando como sua questão se prolongou em outras vias e
por meio de outros problemas no projeto de um autor subsequente;

BRAIDA, C. R. A ideia de uma hermenêutica geral. In: BRAIDA, C. R. Inciciação à


hermenêutica: das ações ao sentido. Gurapuava: Apolodoro Virtual Edições, 2021. p.
69-86.

Por fim, passe à leitura de algumas páginas (apenas o tópico “b” do item 1.1.1, da
segunda parte) de uma obra fundamental para o estudo da Hermenêutica, que é a
seguinte:
GADAMER, H-G. Verdade e método I. Traços fundamentais de uma hermenêutica
filosófica. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 208-306.
Faça a leitura rigorosa desses textos, procurando compreender com precisão os
argumentos, as elucidações acerca do pensamento de Shcleiermacher. Porém, faça-o
com um interesse bem delimitado: compreender os traços fundamentais ou linhas
mestras, a partir dos quais você poderá reconstruir o projeto filosófico do autor a partir
de suas questões e do desenvolvimento de problemas internos. A partir de suas
anotações, formule com suas palavras, de maneira mais autônoma possível, o sentido
do projeto de Schleiermacher. Sinteticamente, explicite-o em parágrafos que ocupem a
extensão não menos de uma e, no máximo, duas laudas. Se precisar utilizar as
formulações dos autores acima, citando trechos de suas obras ou textos, não se esqueça
do cuidado de reproduzi-las literalmente entre aspas e, em seguida, referenciar.
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c) A terceira tarefa aprofunda a anterior, isto é, ajuda a compreender o sentido do projeto


filosófico do autor. Porém, por meio da familiarização com o seu vocabulário. Partindo
da leitura realizada no primeiro passo e baseando-se nos estudos acima, identifique de
três a seis palavras ou conceitos fundamentais do autor. Esses são aqueles norteadores
para o esclarecimento do seu projeto. O bom leitor é aquele que desenvolve a
sensibilidade de perceber tais conceitos e não se perde em percepções e encantamentos
com palavras e noções secundárias, geralmente dando vazão àquilo que lhe parece
interessante, fácil de compreender, sem muito esforço de crítica e análise do essencial.

Essas palavras ou expressões norteadoras podem ser de cunho geral, expressando


noções filosóficas básicas, por exemplo, psiquê, psicológico, arte ou técnica,
interpretação, retórica. No entanto, são imprescindíveis as palavras que compõe de
maneira única o vocabulário do autor, as quais expressam a singularidade de seu
pensamento.

Em seguida, construa com as suas próprias palavras um pequeníssimo léxico do


pensamento do autor, escrevendo verbetes com as palavras escolhidas. Entre as
palavras, essas não podem ser excluídas: interpretação gramatical, interpretação técnica
ou psicológica, adivinhação e a tese “compreender o autor melhor que ele mesmo”. Para
se inspirar e se ajudar na construção desse léxico, visite e procure ajuda em bons
dicionários filosóficos1.

Antes de cumprir as três tarefas acima descritas, leia e tenha em mente a seguinte
advertência, apresentada com as palavras do autor que queremos compreender:

No número 21.2 do texto-base, o autor alerta com a sabedoria de quem é bem


experimentado na arte de compreender:
“O principiante tem de dar os primeiros passos apoiando-se naqueles
meios auxiliares, mas uma interpretação autônoma só pode se basear na
aquisição relativamente autônoma dos conhecimentos preliminares.
Pois todas as determinações sobre a língua nos dicionários e em
observações provém de uma interpretação particular e frequentemente
incerta” (SCHLEIERMACHER, 2016, p. 67).

E acrescenta no número 22.1:


“... o intérprete rigoroso deve haurir tudo pouco a pouco da própria
fonte, e exatamente por isso sua operação, nessa perspectiva, pode
progredir do mais fácil ao mais difícil. A dependência se torna, porém,
tanto mais prejudicial, se se introduzem nos prolegômenos informações
que somente podem ser hauridas da própria obra a ser interpretada”
(SCHLEIERMACHER, 2016, p. 68).

1
Por exemplo, o Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano. Disponível em:
https://marcosfabionuva.files.wordpress.com/2012/04/nicola-abbagnano-dicionario-de-filosofia.pdf. Acesso em:
18 abr. 2023.
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Enfim, em um discurso posterior, de outubro de 1929, o autor afirma:


“... todos esses meios auxiliares [índices, resumos e outros auxílios que
apresentam previamente a totalidade da obra] sofrem em parte de uma
completa carência de visão intuitiva, para serem capazes de avivar o
poder divinatório, que é o que mais importa aqui. Do mesmo modo, ali
onde se trata de compreender a obra, por um lado, a partir da literatura
aparentada, e por outro, a partir da inteira atividade do autor, pouco se
encontra de consolação e ajuda em tudo o que se costuma realizar nos
prolegômenos e comentário, para substituir o conhecimento de um e de
outro” (SCHLEIERMACHER, 2003, p. 54)

Passo 3: Retornar às fontes, confrontando-se pacientemente com o seu autor.


Para evitar aquela dependência a interpretação de outrem, é hora de retornar ao texto-base. É
hora de volta à fonte mesma e desenvolver um saber autônomo a partir de um confronto o seu
autor, buscando compreendê-lo, talvez, melhor que ele mesmo. Para tanto, sugere-se o caminho
ou método já descrito no passo 5 do primeiro exercício de interpretação. A seguir, recordamos
as etapas e tarefas que compõe esse método:
a) Suspensão dos dogmatismos;

b) Leitura do teor literal do texto:

c) Identificação da estrutura do texto e das ideias primárias e secundárias;

d) Leitura a partir do núcleo significativo de todas as ideias.

Se há dúvidas como realizar cada uma dessas etapas com as suas específicas tarefas, não há
outra saída: retornar ao primeiro roteiro e reler a descrição delas. Mesmo que você não teve
muitas dificuldades na execução desse passo, é recomendável a releitura desse passo no roteiro
anterior. Certamente, relendo-o, um novo e mais profundo entendimento será obtido, o que lhe
ajudará muito. No entanto, é refazendo as tarefas que esse entendimento ficará mais nítido. A
expertise arte de compreender e, com ela, a liberdade e autonomia na leitura e interpretação só
chegam com o passar do tempo, conquistam-se mediante infindas tentativas de apropriar-se
dessa arte e dar-lhe um tom pessoal. Como o artista que se exercita diariamente na sua arte para
alcançar sua melhor expressão, ela exige do leitor treino repetitivo.
Apresente a sua obra, o resultado de sua arte inacabada, para cada uma das etapas acima.

Passo 4: Aprender com o texto regras e conselhos de leitura e interpretação


O último passo é um exercício enviesado, na medida que é uma interpretação do texto-base em
vista de um interesse bem definido: retirar dele conselhos e regras para a leitura de textos em
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geral e filosóficos. Depois da leitura e rigorosa que se fez no passo anterior, a leitura nesse viés
é possível, sem ferir a obra com objetivos instrumentalistas, imediatistas, alcançáveis por meio
de leituras rasas de leitores contentes com sua superficialidade. Ora, com esse exercício final
não se quer forjar o texto, procurando nele apressadamente algo que se possa “aplicar na
prática”. Essa é uma postura de um leitor preguiçoso e indisposto para reflexão, que não quer
compreender o sentido do texto. Apenas quer uma teoria pronta e acabada que funcione como
uma ferramenta para atingir sua pretensão de tirar dos textos uma informação útil ou uma receita
para transformar a realidade, porque aplicável, produtora de efeitos de maneira rápida. Leitores
desse tipo não dialogam com o texto e não compreendem ao seu sentido, para a ele responder
e, nesta resposta, abrir sua existência em nova e mais larga compreensão de mundo que o texto
resguarda. Eles não experimentam a vida que nele se esconde. Enfim, não são leitores que não
dispostos a se transformarem por meio das leituras que fazemos durante a vida e ao longo de
nossa constante formação intelectual. Noutra atitude, respondendo ao núcleo significativo do
texto, depois de ter feito sério esforço de tentar compreender a palavra do autor por ele mesmo
e no desejo de transformar-se em melhor leitor do sentido da vida humana e de tudo que compõe
as circunstâncias, do mundo, releia o texto na perspectiva de resumi-lo em regras e conselhos
que te ajudaram nas futuras leituras de textos ao longo de sua formação. Procure ouvir o autor
e o que ele propõe e, ao mesmo tempo, as suas circunstâncias de aprendiz na arte de ler e
interpretar enquanto estudante de filosofia. Por fim, resuma os conselhos e regras, que você
aplicará a você mesmo, em uma lista de dez.

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