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ESTRATÉGIAS DE LEITURA

MATERIAL ELABORADO PELA PROFESSORA MICHELINE LAGE

Base de estudo:

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São
Paulo: Editora Atlas S.A, 2014.

MOLINA, Olga. Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: EPU,
1992.

Ninguém discute a importância da leitura nos dias de hoje. Sabe-se que é prática de suma
importância para várias atividades na vida em sociedade. Mas, haveria alguma estratégia,
alguma técnica (ou técnicas) que poderiam ser aplicadas para um melhor aproveitamento do
texto? A resposta é SIM.

Com base nos estudos e pesquisas de Olga Molina (1992) que, por sua vez, baseou-se na técnica
SQ3R, de Morgan e Deese1, propomos que a leitura seja feita levando-se em consideração os
seguintes passos:
1) Visão geral dos capítulos (no caso da leitura de um livro) ou visão geral do artigo.
2) Questionamento despertado pelo texto.
3) Estudo do vocabulário.
4) Linguagem não verbal.
5) Essência do texto.
6) Síntese do texto.
7) Avaliação (crítica).

1) VISÃO GERAL DO TEXTO

O leitor deve fazer uma leitura de “sobrevoo” no texto. Verificar a estrutura do texto, os títulos
e subtítulos. Observará ainda: (grifos, itálico, tamanho das letras, estilo das fontes, enfim o que
lhe chamar a atenção nesse primeiro momento de leitura). Deve também observar se há
gráficos, esquemas, tópicos. É uma leitura do tipo inspecional, ou seja, faz-se uma vistoria geral
no texto.

2) QUESTIONAMENTO DESPERTADO PELO TEXTO

Nesse estágio, faz-se um levantamento de perguntas, sem buscar respondê-las. Ensina Molina
(1992, p. 36): “Para engajar-se numa leitura ativa é muito importante que o estudante saiba
fazer perguntas, a fim de fortalecer a expectativa que forma em relação ao que vai encontrar
[no texto]”. Títulos e subtítulos podem se transformar em perguntas. Por exemplo: você tem o

1
DEESE, James; MORGAN, T. Clifford. Como estudar. 13. Ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990.
seguinte título em um texto: “Características do sol” – Transforme este título em uma pergunta:
“Quais são as características do sol”?

Você também pode se perguntar: “O que já sei sobre esse assunto”? Ou ainda:

“O que acho que vou descobrir”?

3) ESTUDO DO VOCABULÁRIO

Para ampliarmos o nosso vocabulário, recomenda-se: a valorização do dicionário, o emprego de


palavras novas e a análise das palavras. O estudante não deve consultar o dicionário
imediatamente e atropeladamente. Inicialmente, fará esforço para compreender a palavra
desconhecida dentro do contexto.

Se o contexto e a análise das palavras não explicitam o significado, recorre-se ao dicionário.


Lembre-se, porém, de analisar o verbete até o final dele, escolhendo uma acepção que se
encaixa no contexto em que a palavra aparece. Recuse-se, pois, o comportamento de consulta
mecânica e da utilização inadequada da primeira palavra do verbete pesquisado.

4) LINGUAGEM NÃO VERBAL


Um texto pode, às vezes, oferecer outras informações apresentadas por ilustrações (fotos,
mapas, quadros, gráficos, tabelas). Ora, não se pode passar por elas superficialmente; é preciso
observá-las com atenção para entendê-las.

5) ESTUDO DO TEXTO OU DESCOBRINDO A ESSÊNCIA DO TEXTO

A busca do conteúdo profundo de um texto só se concretiza após realizados os passos


anteriores: visão panorâmica do texto, estudo do vocabulário, estudo da linguagem não verbal,
questionamento do texto.

Nessa nova fase de leitura mais profunda, o leitor identifica as ideias principais do texto e situa
o autor (ou a autora) em um contexto histórico/ideológico. São exigências desse estágio de
leitura:

 Apreender as principais proposições do autor (ou da autora);


 Conhecer os argumentos utilizados;
 Identificar a tese do texto (ou seja, o posicionamento assumido pelo autor/autora
acerca de determinado assunto);
 Avaliar as ideias expostas.

É nessa etapa que o leitor deve sublinhar o texto, e sempre com parcimônia, com economia.
Não é bom sair sublinhando tudo na primeira leitura, dando a impressão de que tudo é
relevante. Para sublinhar um texto com qualidade atente-se para:

 Compreender as ideias de todos os parágrafos. Cada parágrafo tem uma ideia central
sendo desenvolvida. Encontre o tópico frasal de cada parágrafo, ou seja, a informação
mais importante dele.
Vamos encontrar o tópico frasal no exemplo seguinte:

“O assim chamado best-seller suscita todo tipo de indagação. Alguns fatos parecem
suficientemente sólidos. Ele é produto de pelo menos três circunstâncias: a alfabetização quase
universal nos países ricos, a industrialização editorial propiciadora de imensas tiragens, e uma
necessidade, que, se não natural, é extremamente antiga, de narrativa, própria aos seres
humanos”.

(ASCHER, Nelson. Nunca tantas pessoas leram tanto à beira da piscina. Folha de São Paulo, São
Paulo, 25 de maio, 1991, p. 6-3)

O tópico frasal é o trecho que sublinhamos. Qual é a ideia-chave do parágrafo apresentando?


As ideias expostas giram em torno do conceito de best-seller. O autor busca esclarecer o
fenômeno, expondo suas causas.

Poderíamos colocar do lado desse parágrafo uma chave (esse símbolo: } ). Do lado da chave a
palavra central do parágrafo, por exemplo, best-seller. Ou uma frase, por exemplo, “O fenômeno
best-seller.

Quando fazemos isso ao longo de todo o texto, parágrafo por parágrafo, conseguimos fazer uma
leitura muito mais proveitosa.

6) A SÍNTESE DO TEXTO (OU O RESUMO DO TEXTO)

Resumo aqui tem o sentido de recriação do texto original, e só pode ser realizado por quem
analisou o texto, dividiu-o em parágrafos, compreendeu cada parágrafo, e sabe distinguir o
essencial do não essencial. A análise exige compreensão profunda do texto.

A síntese pode ser feita oralmente e por escrito. Quando o leitor fala para alguém o que
entendeu do texto e, além disso, depois faz por escrito uma síntese do que apreendeu, o
aproveitamento da leitura é superior.

Para Molina (1992, p. 51), “a exposição oral deve ser a oportunidade para que ele [o leitor]
coloque em ordem suas ideias e teste esta ordenação ao passá-la para seus colegas”. Dois são
os objetivos aqui: testar a retenção do texto estudado e treinar a linguagem oral.

7) AVALIAÇÃO

Esta é a fase de leitura crítica, em que o leitor tem independência no seu pensar. O estudante
transforma-se em autor de sua aprendizagem. A etapa de avaliação engloba tanto a resposta às
questões feitas pelo leitor no início do estudo do texto quanto às oferecidas pelo próprio texto.
Pergunte-se:

- Que perguntas permanecem sem resposta?

- Como o autor (ou a autora) construiu suas ideias? A linguagem é direta (denotativa) ou indireta
(metafórica, conotativa)?
- Os argumentos utilizados foram convincentes?

Podemos concluir que o estudo de um texto se completa quando se descobrem as ideias do


autor (ou autora) e as teses que defende; quando o leitor enuncia suas próprias questões e
avalia cuidadosamente o que foi dito no texto podendo concordar ou discordar do autor ou da
autora.

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