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Como Analisar um Texto

O ato de analisar um texto implica a pesquisa e avaliação sobre os elementos que o


compõem, sua estrutura, suas partes, chegando a uma classificação e a conclusões a
respeito do seu significado, importância, referências e conteúdo. A análise textual
permite uma compreensão mais aprofundada do texto e o estabelecimento de uma
relação mais próxima entre o leitor e o autor.

Análise textual
A análise textual é a primeira conexão do leitor com o texto. Nesse primeiro contato,
embora rápido, o leitor já realiza uma análise preambular do conteúdo e da estrutura –
tanto em termos visuais quanto semânticos. Quando analisamos um texto, devemos ir
além dessas primeiras impressões. Logo de início, no primeiro contato, precisamos:

 Colher as impressões iniciais e identificar palavras e expressões


desconhecidas
 Verificar o nome do autor, o tema da obra e o teor do vocabulário
utilizado
 Esquematizar as ideias que norteiam a obra e a narrativa, identificando a
forma com que o texto foi estruturado
 Identificar o contexto ao término da primeira leitura, desenvolvendo uma
visão geral sobre o tema abordado

Análise temática
Após o primeiro contato com o texto (análise textual), é preciso realizar uma análise
temática. A temática do texto compreende uma avaliação mais profunda do conteúdo.
Nesse ponto, precisamos tentar compreender qual a ideia global que o texto pretende
discutir ou transmitir. Somente desse modo conseguiremos não apenas identificar onde
o texto quer chegar, mas também até que ponto obtém sucesso ao transmitir os
conceitos que o autor pretendia transmitir. Nesse ponto da análise, é muito útil realizar
algumas perguntas a respeito do conteúdo textual:
 O que é principalmente retratado no texto e qual a sua ideia central?
 Como o autor se posiciona em relação à problemática que pretende
discutir, qual o seu ponto de vista e como ele o aborda?
 Além do ponto central do texto, que outros tópicos secundários reforçam
ou complementam a ideia central?
 O que mantém a estrutura global e orienta sua a finalidade do texto?

Análise interpretativa
As duas primeira etapas de análise têm mais a ver com o conteúdo geral do texto e sua
estrutura. Contudo, na terceira etapa, a análise interpretativa, o objetivo deixa de estar
no emissor, ou seja, no autor da obra ou nela própria, e passa a estar centrado no
receptor. A análise interpretativa preocupa-se com a forma com que o leitor de fato
compreende o texto e como ele estabelece (ou não) um diálogo com o autor.

A interpretação não subentende apenas a compreensão, mas um juízo de valor em


relação ao texto. A compreensão e interpretação depende não apenas apenas do
repertório do autor, mas também do repertório do leitor. Afinal, as intenções e pontos de
vista do autor podem ser particulares, e quando submetidos a um leitor com uma cultura
e visão completamente diferentes, poderão dar origem a interpretações diversas. A
análise interpretativa, em outras palavras, é uma análise crítica e conceitual.

Por exemplo, um texto escrito no Brasil, quando traduzido, poderá levar a interpretações
diferentes no Japão. Essas diferenças de tradução têm a ver com a forma – a análise
inicial do texto. Por outro lado, algumas interpretações diferentes não estarão
relacionadas com a tradução em si – mas sim com o fato do leitor japonês possuir
crenças e uma cultura totalmente diferentes. Isso dará origem a uma interpretação
completamente fora daquela pretendida pelo autor – e mais crítica.
Diferença entre análise e interpretação
A análise é um processo que, ao menos em sua pretensão, é isento de pessoalidade. Na
análise de um texto, buscamos identificar até que ponto o autor foi capaz realmente de
transmitir as ideias que pretendia e com que sucesso a temática é de fato desenvolvida,
independente da visão do autor.

A interpretação é, por definição, algo mais pessoal. Ela depende de características


individuais do leitor e não está relacionada necessariamente com a qualidade do texto.
Textos bons podem ser mal interpretados, e textos ruins nem tanto. A questão da crítica
na análise tende para algo mais técnico: forma, objetivos, desenvolvimento dos temas.
Não se trata de juízo – mas sim de uma tentativa de avaliar o texto em seu valor
produtivo.

Referências

 MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia


científica. São Paulo: Editora Atlas, 2004.
 MEDEIROS, João Bosco. Comunicação escrita: a moderna prática da
redação. Paulo: Atlas, 1992.

Por: Carlos Artur Matos

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