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GRUPO I
Educação Literária
PARTE A
Leia o texto.
João da Cruz entrou com uma carta que recebera da pobre do costume.
Enquanto Simão leu a carta escrita do convento, Mariana fitou os seus grandes olhos
azuis no rosto do académico, e, a cada contração do rosto dele, angustiava-se-lhe a
ela o coração. Não teve mão da sua ânsia, e perguntou:
5 – É notícia má? […]
– E não se enganou – tornou o doente, voltando-se para o ferrador. – O pai
arrastou Teresa ao convento.
– Sempre é patife duma vez! – disse o ferrador, fazendo com os braços
instintivamente um movimento de quem aperta entre as mãos um pescoço.
1 Neste lance, um observador perspicaz veria luzir nos olhos de Mariana um clarão
0 de inocente alegria.
Simão sentou-se, e escreveu sobre uma cadeira, que Mariana espontaneamente
lhe chegou, dizendo:
– Enquanto escreve, vou olhar pelo caldinho, que está a ferver.
“É necessário arrancar-te daí – dizia a carta de Simão. – Esse convento há de ter
1 uma evasiva. Procura-a, e diz-me a noite e a hora em que devo esperar-te. Se não
5 puderes fugir, essas portas hão de abrir-se diante da minha cólera. Se daí te
mandarem para outro convento mais longe, avisa-me, que eu irei, sozinho ou
acompanhado, roubar-te ao caminho. É indispensável que te refaças de ânimo para
te não assustarem os arrojos da minha paixão. És minha! Não sei de que me serve a
vida, se a não sacrificar a salvar-te. Creio em ti, Teresa, creio. Ser-me-ás fiel na vida
2 e na morte. Não sofras com paciência; luta com heroísmo. A submissão é uma
0 ignomínia, quando o poder paternal é uma afronta. Escreve-me a toda a hora que
possas. Eu estou quase bom. Diz-me uma palavra, chama-me e eu sentirei que a
perda do sangue não diminui as forças do coração.”
Simão pediu a sua carteira, tirou dinheiro em prata, deu-o ao ferrador, e
recomendou-lhe que o entregasse à pobre com a carta.
2 Depois ficou relendo a de Teresa, e recordando-se da resposta que dera.
5 Luís Amaro de Oliveira, Amor de Perdição (memórias de uma família), de Camilo Castelo Branco
(Edição didática), Porto, Porto Editora, 2017, pp. 95-96 (texto com supressões)
Marca a página 11 Teste de avaliação (AC) – Unidade 3
Na carta que Simão escreve a Teresa, a personagem revela uma atitude muito .
Assim, através da metáfora, presente no segmento , o narrador salienta as ideias de
impulsividade e de agressividade, características que definem Simão como herói romântico.
PARTE B
Leia o texto.
Telmo (só) – Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo homem. Tinha
um pressentimento do que havia de acontecer… parecia-me que não podia deixar de
suceder… e cuidei que o desejava enquanto não veio. Veio, e fiquei mais aterrado, mais
confuso que ninguém! Meu honrado amo, o filho do meu nobre senhor, está vivo… o filho
5 que eu criei nestes braços… Vou saber novas certas dele, no fim de vinte anos de o
julgarem todos perdido; e eu, eu que sempre esperei, que sempre suspirei pela sua
vinda… – era um milagre que eu esperava sem o crer! – eu agora tremo… É que o amor
destoutra filha, desta última filha, é maior, e venceu… venceu… apagou o outro…
Perdoai-me, Deus, se é pecado. Mas que pecado há de haver com aquele anjo? Se ela
10 me vivirá, se escapará desta crise terrível? Meu Deus, meu Deus (ajoelha), levai o velho
que já não presta para nada, levai-o, por quem sois! (Aparece o Romeiro à porta da
esquerda, e vem lentamente aproximando-se de Telmo, que não dá por ele). Contentai-
vos com este pobre sacrifício da minha vida, Senhor, e não me tomeis dos braços o
inocentinho que eu criei para vós, Senhor, para vós… mas ainda não, não mo leveis
15 ainda. Já padeceu muito, já traspassaram bastantes dores aquela alma; esperai-lhe com a
da morte algum tempo!
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, Porto, Porto Editora, 2019, p. 116
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5. Explicite o estado de espírito em que se encontra Telmo, tendo em conta os seus conhecimentos sobre
a obra.
PARTE C
6. A leitura da “Introdução” de Amor de Perdição responde à curiosidade que os leitores sempre têm sobre
o motivo que leva um autor a escrever uma determinada obra.
Baseando-se na sua experiência de leitura de Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco,
escreva uma breve exposição sobre a história narrada pelo escritor, que, embora romanceada, teve
uma existência real.
GRUPO II
Leitura e Gramática
Leia o texto.
2. A referência ao “amor romântico” (segundo parágrafo, linha 11) tem como objetivo pôr em destaque
(A) um sentimento ultrapassado.
(B) um exemplo de inocência sentimental.
(C) um modelo de domínio, entre outros.
(D) uma crítica ao amor verdadeiro.
5. As palavras destacadas no segmento “Há dias dei por mim a pensar nisso” (terceiro parágrafo, linha 15)
são deíticos
(A) pessoais, nos dois casos.
(B) temporais, nos dois casos.
(C) pessoal e temporal, no primeiro caso, e pessoal, no segundo caso.
(D) pessoal, no primeiro caso, e temporal e pessoal, no segundo caso.
7. Identifique o tipo de modalidade e o respetivo valor presente na frase “Já está a acontecer há anos”
(último parágrafo, linhas 29 e 30).
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GRUPO III
Escrita
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e
cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a presença do amor como ligação
entre todos os seres humanos e enquanto fator de desenvolvimento pessoal.
No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
FIM