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- As Américas - Cristóvão Colombo - Primeira Viagem -

Portugal abriu caminho mar adentro, rumo à Era das Explorações. Mas foi o apoio da
coroa espanhola que permitiu a realização das viagens de Cristóvão Colombo,
fundamentais para encontrar e definir o Novo Mundo.

O explorador genovês Cristóvão Colombo acreditava que poderia chegar mais


rápido/encontrar um rota mais rápida as famosas Índias Orientais navegando pelo
Oeste, ao invés de contornar a África, como era de costume na época. A única coisa
que o separava das lendárias terras de riquezas incalculáveis era o dinheiro. Para
realizar suas expedições, seria necessário encontrar um patrocinador que aceitasse
financiar suas viagens em troca de uma parte dos possíveis lucros e dos tesouros
que ele poderia encontrar. Durante muitos anos, a Europa manteve uma relação
distante, porém lucrativa com o Oriente, especialmente a China.
Os comerciantes europeus percorriam uma passagem relativamente segura que na época
estava sob o domínio do poderoso Império Mongol, conhecida como Rota da Seda. Mas
agora que Constantinopla havia caído, este trajeto estava infestado pela pirataria,
o que o tornava muito perigoso, mesmo para os viajantes mais experientes. Colombo
buscava uma nova rota marítima para alcançar as Índias e as riquezas da Ásia. Seu
plano era navegar rumo à Oeste através do Mar Oceano (nome dado ao Oceano Atlântico
nos séculos XV e XVI). Mas essa não era simplesmente uma questão de virar seus
navios e afastar-se do litoral. Como uma parte do mapa permanecia indefinida nas
cartas ocidentais, a visão dos estudiosos, geógrafos e navegantes estava
distorcida. Teorias de que a Terra era um disco plano persistia entre alguns. Havia
interpretações equivocadas e especulações sobre a distância entre a Europa e a
Ásia, bem como o tamanho real dos continentes e rumores sobre ilhas misteriosas
além dos oceanos atormentados por tempestades. Mesmo as teorias do explorador eram
imprecisas, mas sua intensidade e persistência o destacaram entre seus pares. Ele
eventualmente garantiu o patrocínio dos monarcas, Fernando II de Aragão e Isabel I
de Castela, que concordaram em financiar seus planos de estabelecer um rota
comercial direta com o Oriente em nome de uma Espanha unificada e católica. Em 3 de
agosto de 1492, Cristóvão Colombo partiu do Porto de Palos com um contingente de
duas caravelas - Ninã e Pinta - e uma nau - Santa Maria. As ondas calmas ajudam os
navios a rasgar o mar e alcançar as Ilhas Canárias em poucos dias. Após reabastecer
os suprimentos, a pequena frota segue viagem enfrentando ventos violentos e
tempestades tropicais que se chocam sobre as águas com as quais esses navegantes
tem pouca experiência. Por volta do dia 11 de outubro, a moral das tripulações
estava baixa. Homens envoltos em dificuldades, enfrentando fome e sede, mastros
quebrados pelos vendavais e até mesmo a ameaça de um pequeno motim.

(1. Santa Maria - A nau capitânia, que era o maior dos três navios e o comando
direto de Colombo.
2. Pinta - Uma das caravelas que acompanhavam a expedição.
3. Niña - A segunda caravela que também fazia parte da frota).

Após uma viagem de dez semanas pelo Atlântico, Colombo relatou em seu diário que no
dia 11 de outubro, por volta das dez da noite, estando no castelo da popa da nau
Santa Maria, avistou luzes à sua frente, mas não conseguiu identificá-las. Por
volta das
2 da madruga do dia 12 de outubro, o marinheiro Rodrigo de Triana que viajava na
caravela Pinta e ia à frente da nau do almirante, por esta ser mais veloz, fez os
sinais para indicar que havia avistado terra. Ao amanhecer, eles acabam encontrando
uma ilha que os habitantes deste lugar chamavam de Guanahani - uma das muitas no
arquipélago das Antilhas - nas Bahamas, que o explorador nomeou de "San Salvador".
Após encontrarem a ilha, Cristóvão Colombo e sua tripulação ancoraram os navios
próximos à costa, e ficaram maravilhados com a beleza e a exuberância da paisagem
desconhecida, desembarcando em seguida e reivindicando-a para a glória da Espanha.
Seu diário descreve o encontro com os nativos da região, os Taínos, como um momento
de curiosidade e descoberta mútua. Eles receberam os europeus de forma amigável e
foram presenteados com alguns gorros coloridos, miçangas e outras coisas de pouco
valor. Este evento marcou um importante momento de encontro entre culturas, levando
ao início de uma nova era de exploração e interação entre o Velho e o Novo Mundo,
alterando para sempre o curso da história. Apesar das tentativas iniciais de
comunicação, as diferenças linguísticas dificultaram uma compreensão mais profunda,
porém, com uso de gestos e sinais, eles foram capazes de entender um ao outro. Um
dos escritos revela que os nativos não conheciam e não andavam com armas, apenas
varas de madeira com pontas feitas de dente de peixe, e inclusive, quando lhes foi
mostrada uma espada, um deles a pegou pelo fio, e por ignorância, se cortou com
ela. Percebeu também que eram bastante inteligentes. Repetiam logo tudo que lhe
diziam e talvez se tornariam cristãos com facilidade, pois provavelmente não
possuíam religião alguma. Além disso, ressaltou que, com ajuda 50 homens armados,
poderia facilmente subjugar todos os habitantes da região. Esse encontro
relativamente Pacífico abriu caminho para futuras relações entre europeus e os
povos nativos das Américas. Devido ao pouco tempo que tinham, os exploradores
buscavam encontrar Cipango, o Japão de Marco Polo, então, resolveram ir à outras
ilhas em busca de ouro e pedras preciosas. Cristóvão Colombo capturou cerca de sete
nativos, dos quais ele chamou de índios - pois pensava que havia chegado às Índias
Orientais - para levá-los à Espanha, para que aprendessem a falar e levá-los de
volta à ilha ou talvez mantê-los cativos. Os europeus viam esses povos menos como
pessoas e mais como mercadorias com as quais poderia levar de volta à Espanha.
Esse tipo de atitude, embora insensível, foi bastante comum, impulsionando e
mantendo o comércio de escravos por centenas de anos. Com os passar dos dias, a
expedição continuou a explorar as águas no mar do Caribe, eventualmente alcançando
a costa de Cuba em 28 de Outubro, antes de desembarcarem na costa da ilha de
Hispaniola, a qual os nativos chamavam de Bohío - atual Haiti e República
Dominicana - por volta do dia 5 de Dezembro de 1492. Os nativos das outras regiões
próximas tinham medo dos habitantes de Hispaniola, pois havia boatos de que eram
canibais. A ilha era bem maior do que a primeira que avistaram, San Salvador. Com
um mar calmo e histórias de um reino rico em ouro e outros tesouros, Colombo está
confiante de que encontrou o início de seu próprio legado. Em questão de semanas, o
almirante navegou nas águas ao redor da ilha, estabeleceu algumas relações com
povos que habitavam nela e na noite de 25 de dezembro, o marinheiro que pilotava a
nau Santa Maria, provavelmente Juan de La Cosa, foi deitar-se, e também a
tripulação, deixando o comando da embarcação nas mãos de um rapaz sem experiência,
algo que Colombo já havia proibido. Então, por volta da meia-noite, a nau encalhou
em um banco de areia, no local hoje conhecido por Baía do Caracol.
A tripulação tentou fugir em barcos para outra embarcação e o almirante mandou
cortar os mastros do navio, retirando de bordo tudo o que pudessem para tentar
desprendê-la. Não havendo outra opção, mandou o meirinho da armada, Diego de Arana
e o resposteiro da Casa Real, Pedro Gutiérrez, buscarem ajuda do cacique
Guacanacari, chefe dos Taínos na ilha de Hispaniola. Com auxílio dos nativos,
transportaram o que restava da Santa Maria para La Niña, e com os destroços da nau,
construiu o forte Navidad, entre Dezembro de 1492 e Janeiro de 1493, dando origem
ao primeiro assentamento europeus nas Américas.
Neste lugar, ficaram 39 tripulantes da expedição de Colombo, com autorização do
chefe local da tribo local, Guacanacari, com bastante munição e suprimentos,
enquanto este retornava à Espanha. A frota, agora com duas caravelas, busca deixar
a ilha de Hispaniola no dia 4 de Janeiro de 1493 e Colombo viajava à bordo da
caravela Niña. No entanto, no dia 13 de Janeiro, ainda circulando Hispaniola,
provavelmente devido à alguns problemas na embarcação como vazamentos de água e
falta de ventos favoráveis, a tripulação lançou âncora em algum ponto da ilha e
foram de barco até a praia à procura de alho para comer. Encontraram alguns índios
Ciguaios - Taínos - que habitavam as serras da região e à primeira vista julgaram
ser canibais.
Os marinheiros conseguiram dois arcos e algumas flechas dos nativos, enviaram um
deles à caravela para falar com o almirante que lhe presenteou com comida, panos
coloridos e algumas miçangas, de que gostavam muito, e o enviou de volta à praia.
Porém, após isso, não quiseram trocar mais nada e se inflamaram contra a
tripulação, causando o primeiro conflito entre indígenas e europeus.
No dia 16 de Janeiro, Colombo tinha intenção de visitar uma ou duas ilhas,
principalmente à de Matinino para capturar algumas índias e levá-las à Europa.
Porém, devido à quantidade de água que entrava nas caravelas, - Pinta e Niña - os
marinheiros provavelmente temiam que as embarcações naufragassem. Colombo queixava-
se dos calafates do Porto de Palos, pois dizia que vedavam mal as embarcações.
Assim, com os ventos favoráveis, o almirante decidiu seguir caminho em direção à
Espanha. Entre os dias 3 e 4 de Março, enfrentaram grandes tempestades. O almirante
pensou estar perdido por causa das grandes ondas, dos ventos fortes e as chuvas
torrenciais que caíam sobre eles. Pela manhã, avistou terra, e navegou pelo rio
Tejo, desde a vila de Cascais, na foz, e ali ancorou. Uma hora depois, passou por
Restelo e escreveu o almirante ao rei de Portugal e Algarves,
Dom João II, conhecido como "O Príncipe Perfeito", pedindo autorização para navegar
até Lisboa pois temia ser roubado.
No dia 6 de Março, o comandante da nau grande do rei, que também estava ancorada em
Restelo Bartolomeu Dias de Lisboa, veio de batel até a caravela de Colombo. Ordenou
que o ele embarcasse e prestasse contas aos administradores do reino. Porém, o
almirante recusou-se e disse que não se achava obrigado à prestar contas à eles e
nem me só deixar sua embarcação, a não se que fosse obrigado à força. Bartolomeu
Dias ordenou então que mandasse embarcar a mestre da caravela, mas Colombo mesmo
assim recusou-se a mandar alguém no lugar dele, pois isso seria o mesmo que ir ele
mesmo ao batel. Ainda acrescentou que isso era costume dos almirantes de Castela e
que preferia morrer ao invés de entregar um membro da tripulação. Então, Bartolomeu
ao pedir que mostrasse as cartas dos Reis de Castela, se as tivesse, o Almirante
prometeu mostrá-las e então, algum marinheiro da nau do rei comunicou isto ao
capitão, Álvaro Dama, que com muita pompa, foi até a caravela e falou com Colombo,
e com tambores e clarins, prontificando-se à fazer o que o almirante pedisse. Entre
os dias 6 e 7 de Março, verdadeiras multidões foram até a caravela para ver Colombo
e os índios. Cavaleiros e administradores do reino rendiam graças à Deus pelo
engrandecimento que concedeu aos reis de Castela. No dia seguinte, o rei D. João II
ordenou a seus administradores que dessem à Colombo e sua tripulação tudo que
necessitassem, sem cobrar nada. No dia 8 de março, o rei enviou uma carta ao
almirante, pedindo para encontrá-lo e no dia seguinte, o explorador encontrou-se
com ele no Vale do paraíso, uma freguesia no município da Azambuja, localizada há
alguns quilômetros de Lisboa. Chegando neste lugar à noite devido à forte chuva,
mandou recebê-lo com grandes honras por membros da Casa Real, acolhendo-o ele
próprio, oferecendo-lhe tudo que necessitasse e agradasse os reis de Castela. No
dia 11 de Março, o almirante despediu-se e dirigiu-se à um mosteiro para visitar à
rainha consorte de Portugal, Leonor de Viseu, para lhe fazer prestar reverências. A
monarca, que se encontrava na companhia do Duque e do Marquês, o recebeu com
máxima consideração. Ao entardecer, despediu-se e foi passar a noite não muito
longe dali. No dia seguinte, partiu de volta à caravela, e um escudeiro do rei foi
encontrar-se com o Colombo para lhe oferecer montaria se por acaso desejasse seguir
até Castela por terra. Entregou-lhe duas mulas, uma para si e outra para o piloto,
e também ofereceu à este último, vinte espadins, uma antiga moeda portuguesa. Já
era noite quando chegaram à embarcação. Pela manhã bem cedo, os marinheiros
levantaram âncora e partiram rumo à Espanha. Seguiram pelo sul, passando pelo Cabo
de São Vicente, e depois à leste em direção à Palos de la Frontera. Ao raiar do dia
em 15 de Março de 1493, a tripulação alcança a ilha de Saltes, e finalmente, por
volta do meio-dia, a caravela avança para o interior do mesmo porto de onde havia
partido quase um ano antes.

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