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6 - Brotherband
AGRADECIMENTOS...
Nossos merecidos agradecimentos vão a toda nossa equipe de tradução da .mafia
dos livros. e de seu Departamento#01 que esteve empenhada na conclusão de mais
esse projeto.
Obrigado a vocês, tradutores, revisores e organizadores que desprenderam de seu
tempo para uma atividade na qual não esperam nada além de respeito e admiração e
é esse o sentimento que temos para com vocês, por isso e graças a vocês somos uma
equipe tão forte!
Parabéns por terem nos presenteado com tamanha dedicação e para alguns casos
destaco um comprometimento incrível...
Parabéns e Obrigado...
Aos Revisores: Everton Mack, Igor José da Silva, Jeremias silva, Diana S., Walter
Montefusco, Felipe Gomes, Dayze Campany, nina lobato, Paulo Henrique Rabello,
Gabriela Silva, Thalita Griffo, Nina, Adriano Santana, Caio César, Lilly, Jussara
Flores Arbues, Dany Silva, Breno da Fonseca, Lilian Boaventura, Aline, Carolina
Anapaz, Augusto Palmeira, Thais Alves, Guilherme Munaretto. – Muito Obrigado!
Os Invasores - 7
ATENÇÃO: Cuidado com a página falsa com o nome da
“máfia dos livros” no facebook. Existe uma falsa usando
o nosso nome para angariar membros, copiando nossas
traduções e lançando na página falsa como se fossem
eles que as fizeram, tentando se passar por nós. Estão
ludibriando e enganando muitas pessoas desta maneira!
8 - Brotherband
BROTHERBAND
CHRONICLES
BOOKS 2
The INVADERS
Os Invasores - 9
RANGER’ APPRENTICE
BROTHERBAND
CHRONICLES
10 - Brotherband
LIVRO 2: OS INVASORES
JOHN FLANAGAN
Os Invasores - 11
TAMBÉM POR JOHN FLANAGAN
The Ranger’s Apprentice Epic
Livro1: As Ruínas de Gorlan
Livro 2: Ponte em Chamas
Livro 3: Terra do Gelo
Livro 4: Folha de Carvalho
Livro 5: Feiticeiro do Norte
Livro 6: Cerco de Macindaw
Livro 7: Resgate de Erak
Livro 8: Os Reis de Clonmel
Livro 9: Halt em Perigo
Livro10: O Imperador de Nihon-Ja
The Lost Stories
Brotherband Chronicles
Livro 1: Os Exilados
12 - Brotherband
Para meu irmão Pete, que fez as melhores espadas de
madeira que existem!
Os Invasores - 13
14 - Brotherband
Glossário de termos náuticos
N ossa narrativa envolve barcos a vela. Por isso, parece-me útil explicar alguns
dos termos náuticos encontrados neste livro.
Fique tranquilo, entretanto. Não exagerei nos detalhes técnicos, de
maneira que, mesmo que você não tenha familiaridade com navegação, entenderá tudo
o que se passa. Um pouco de terminologia náutica é necessária, não obstante, para que
a história fique realista.
Seguem em ordem alfabética:
Adriça
Cabo usado para içar e sustentar a vela no mastro.
Amurada
A parte da lateral do barco acima do convés.
Arribar
Girar a proa, afastando-a da linha do vento.
Barlavento
O lado de onde o vento sopra ou o bordo da embarcação atingido por ele.
Bicha
Um dos cabos que controla a tensão de uma vela.
Bombordo e estibordo (ou boreste)
Os lados esquerdo e direito do barco. Como lembrar qual é qual? Fácil. Quando
olhamos um mapa, o "leste" ou "este" está sempre à direita. Associe isso com o fato
de que estibordo ou boreste representam o lado direito de uma embarcação.
Bordo
A lateral do barco.
Brandal
Cabo que fixa o mastro à lateral da embarcação.
Cabeço
Pino de madeira utilizado para dar voltas ou amarrar cabos.
Cambar
Mudar o barco de direção, cortando com a proa a linha do vento, e colocando
um ou outro bordo contra ele. É importante saber que nenhum veleiro é capaz, por
motivos óbvios, de navegar diretamente contra o vento. Conforme sua estrutura,
porém, um barco a vela consegue navegar mais ou menos próximo da linha do vento.
Se o vento sopra de norte, por exemplo, e queremos navegar para nordeste, é preciso
fazer uma cambagem, de forma a apontar o barco para nordeste. Se, entretanto, fosse
preciso navegar para o norte, teríamos que executar uma série de cambagens curtas,
Os Invasores - 15
num zigue-zague, cortando a direção do vento a cada vez, para então lentamente
progredir no rumo desejado.
Cambar de roda ou jibe
Na cambagem, o barco muda de rumo, cortando com a proa a linha do vento.
No jibe, ou quando camba de roda, a embarcação muda de direção afastando a proa
dessa linha e perfazendo um arco muito maior, em sentido contrário, para a manobra.
Nos navios vikings, essa era a forma mais segura para mudar de rumo.
Cana do leme
O punho da pá do leme ou do leme.
Casco
O corpo da embarcação.
Biruta
Bandeirola presa ao mastro que serve para indicar a direção do vento.
Cavilha do remo
Haste de metal ou madeira que dá suporte ao remo na lateral da embarcação.
Enrizar
Diminuir a área de vela, enrolando-a na verga, para proteger a ela e ao mastro,
sobretudo em ventos fortes.
Escota
Cabo que regula o ângulo da vela em relação ao vento. Numa emergência, pode
surgir a ordem “Liberar escoras!”; o que afrouxa as velas e faz com que a embarcação
perca velocidade e pare.
Estai
Cabo de sustentação do mastro. Os estais de vante e ré amarram mastros à proa
e à popa.
Orçar
Girar a proa na direção do vento.
Pá do leme
Em embarcações antigas, como os navios escandinavos, um remo longo,
montado a estibordo, na popa do barco, fazia o papel de leme. Usaremos tanto essa
expressão, como também simplesmente "leme" para nos referirmos a ele.
Popa
A parte de trás do barco.
Proa
A frente do barco.
Quilha
A espinha dorsal do barco.
Ré
A parte traseira da embarcação.
Rizes
Cabos curtos passados através de ilhoses nas velas usados para recolher pano,
diminuindo a área de vela exposta ao vento.
Sotavento
16 - Brotherband
O lado para onde o vento sopra ou o bordo da embarcação contrário à direção
de onde o vento vem.
Vante
Parte dianteira da embarcação.
Vento de través
Quando sua direção forma um ângulo de 90° com a quilha.
Verga
Viga presa ao mastro para dar sustentação à vela.
Bem, agora você já sabe tudo o que precisa do jargão náutico. Bem-vindo a
bordo ao mundo de Brotherband!
John Flanagan
Os Invasores - 17
PARTE 1
BAÍA DO ABRIGO
18 - Brotherband
Capítulo um
20 - Brotherband
marinheiro estendeu o braço direito diminuído, apontando com o gancho de madeira
que Hal lhe havia fabricado.
— Ali está!
Stig e Hal se entreolharam rapidamente. Não havia necessidade de dar ordens a
Stig. O contramestre se adiantou com dificuldade, acenando para que Stefan e Jesper
se reunissem a ele junto às velas enrizadas e esticadas por causa do vento. Quando Hal
virou o navio a bombordo, fazendo com que o vento o atingisse por trás, os três
membros da tripulação afrouxaram a vela para que ela ficasse posicionada em um
ângulo quase reto em relação ao casco.
O Garça-Real, agora com o vento e o mar atrás dele, começou a se precipitar
como uma gaivota sobre as ondas altas. A sensação era estimulante, mas Hal manteve
o olhar atento para alguma onda traiçoeira. Se uma delas viesse com maior violência e
rapidez, o navio poderia facilmente ser inundado pela parte posterior. Nessas
condições, era impossível relaxar.
Depois de vários minutos, ele viu Thorn encará-lo com uma pergunta
estampada no rosto, e assentiu. Eles tinham se aproximado o bastante da costa
parapoder virar e retomar o curso que os levaria para a baía. Enquanto o skirl
empurrava a cana do leme e virava a proa a estibordo, Stig e os outros dois puxavam a
vela, esticando-a para receber o vento. O movimento do navio mudou novamente,
parando de investir e se precipitar para além do vento e voltando aos impactos
ondulantes e sobressaltados provocados pelas ondas que o atingiam de bordo. Hal
olhou à frente e avaliou a declinação do navio — à distância em que o vento o
empurrava na direção que soprava e fora do curso. Ele ajustou a direção da
embarcação até poder ver que atingiria a entrada da baía com facilidade.
Eles deslizaram para o interior da baía. Como os altos penhascos que a
circundavam os protegiam do vento e das ondas, o navioa navegou mais ereto,
cortando as águas calmas com suavidade. Os rapazes relaxavam à medida que o
movimento amansava. Eles se estenderam nos bancos dos remadores, largando os
baldes que vinham usando para tirar água. Somente nesse momento, ao encará-los,
Hal se deu conta do quanto se aproximaram da exaustão total e decidiu procurar um
abrigo imediatamente.
Na extremidade da baía havia uma faixa de praia arenosa atrás da qual se
erguiam colinas arborizadas. Hal apontou o navio em sua direção e o Garça-Real
reagiu à onda que batia na proa casquinando de encontro ao casco, agora audível
graças à diminuição do ruído provocado pela tempestade.
— Bem-vindo à baía do Abrigo — ele disse a Stig.
— Esse é o seu nome? — Stig indagou.
Hal lhe esboçou um sorriso cansado.
— Agora, é. — ele respondeu.
Os Invasores - 21
Inicialmente, o grupo dormiu a bordo do navio ancorado, com a pesada lona
esticada como uma barraca para protegê-losdas intempéries. Eles tinham passado os
dez dias anteriores preparando-se para suportar os violentos movimentos do Garça-
Real, mesmo enquanto dormiam. Relaxar totalmente foi uma mudança bem-vinda,
sem ter que se prevenir contra movimentos repentinos que pudessem lança-los contra
o sólido madeirame do casco. Contudo, na segunda manhã, começaram a construir um
abrigo mais permanente, semelhante à barraca armada para o treinamento dos Irmãos
em Armas.
Quando retiraram as armas e os bens pessoais do acampamento, Stig teve um
lampejo de inspiração. Ele tinha tirado a cobertura de lona usada como teto e a
enrolou, guardando-a a bordo do Garça-Real.
— A gente nunca sabe quando vai ser útil — ele disse.
Mais tarde, Hal e os outros deram valor à sua atitude. Eles cortaram e apararam
árvores novas da floresta para montar a estrutura das paredes e do telhado, e então
estenderam a lona no topo para formar um teto que lhes proporcionasse conforto. As
paredes eram mais baixas do que a barraca original, mas o teto baixo lhes fornecia
amplo espaço interior. O reboco, de lama nas paredes laterais de galhos entrelaçados
se mostrou bastante eficaz para impedir que o pior do tempo os atingisse, embora,
invariavelmente, houvesse frestas que deixavam entrar o vento feroz quando os
alcançava com toda a sua força. Mas eles eram jovens e algumas correntes de ar não
eram suficientes para diminuir-lhes o entusiasmo.
Thorn decidiu dormir no barco. Com os outros acomodados na barraca, ele teria
bastante espaço para si mesmo. Os garotos respeitaram seu desejo de privacidade. Ele
tinha passado muitos anos sozinho e se acostumara à solidão. Além disso, apesar de
gostar da tripulação do Garça-Real, a maior parte era formada por garotos
adolescentes, cuja tendência natural era discutir, falar em voz alta e contar piadas que
imaginavam ser novas, sem saber que gerações antes deles já as contavam.
Uma vez organizada a área de dormir, Hal, ajudado pelo eternamente prestativo
Ingvar, construiu uma pequena cobertura que lhe servisse de oficina. Em seguida, ele,
Ingvar e Stig entraram na floresta para escolher uma árvore nova que substituísse a
verga quebrada. Depois de várias horas, Hal encontrou uma que o agradou e fez um
gesto para Stig.
— Corte-a. — ele pediu.
Ingvar carregou a árvore de volta para o acampamento, arrancou a casca e a
deixou para secar por alguns dias, removendo a seiva que se acumulava na superfície.
Mais tarde, Hal cortou-a e aparou-a até que atingisse a forma desejada. Em seguida,
prenderam o tronco na vela de estibordo. Só então o capitão foi invadido por uma
sensação de alívio. Ele se deu conta de que o fato de estar na praia com um navio
semidanificado vinha corroendo a sua mente. Agora o Garça-Real estava totalmente
preparado para o mar caso ocorresse alguma emergência.
22 - Brotherband
O skirl elaborou uma lista de tarefas a serem realizadas no acampamento e cada
garoto se revezava na cozinha. Isso não durou muito. Após várias refeições preparadas
por Stig, Ulf e Wulf, Edvin bateu o pé.
— Não estou nesta viagem para morrer de intoxicação alimentar — ele afirmou
com aspereza. — De hoje em diante, eu cozinho.
E, considerando que o rapaz já tinha demonstrado alguma habilidade na área, os
outros ficaram satisfeitos em lhe passar a tarefa. Por outro lado, Hal o liberou de
outras obrigações no acampamento, como recolher lenha e água. Após alguns dias,
Edvin procurou Hal com mais um pedido.
— Ternos muitas provisões e alimentos desidratados — ele falou. — Mas
poderíamos usar carne e peixe fresco.
Os peixes fervilhavam na baía e Stig e Stefan eram pescadores eficientes. Eles
se comprometeram a manter um suprimento constante de bremas e linguados. Hal e
Jesper entraram na floresta em busca de caça de pequeno porte. Mais urna vez, Ingvar
seguiu Hal corno urna sombra leal. Infelizmente, ele era um pouco mais barulhento do
que urna sombra, passando disparatado por entre as árvores e pisando nos galhos
caídos sem tornar cuidado. Assim, enquanto os dois caçadores viam inúmeros sinais
de pequenos animais — coelhos, lebres e aves de caça — não chegaram a ver nenhum
espécime real. Por fim, Hal teve que colocar a mão no braço do rapaz imenso para
fazê-lo parar.
— Sinto muito, Ingvar, mas você está fazendo barulho demais. — advertiu Hal.
— Não estou fazendo de propósito — justificou-se o rapaz.
O jovem skirl assentiu.
— Eu sei, mas está assustando toda a caça. Quero que se sente aqui e espere
pela gente, tudo bem? — Hal sugeriu.
Ingvar ficou desapontado. Desde que se unira à tripulação de Hal, tinha sido
invadido por urna sensação nova de ousadia e determinação. Em sua curta vida antes
disso, ninguém jamais o procurara para contribuir ou esperara muito dele. Mas corno
membro da irmandade Garças tinha participado de seus sucessos e vitórias contra
outros grupos. Hal tinha sido a primeira pessoa a acreditar nele, e ele detestava
desapontar seu skirl — embora, bem no fundo, soubesse que Hal estava certo. Ele era
desajeitado e barulhento demais para ajudar na caçada. E agora que todo o trabalho
pesado de construção tinha terminado, não tinha nada para fazer.
— Tudo bem, Hal. Se é o que você quer... — ele se abaixou e se recostou no
tronco de urna árvore. Hal viu o descontentamento no rosto do rapaz.
— Ingvar, não se preocupe. Estou pensando em um trabalho para você. E será o
único capaz de realizá-lo. Tenha paciência. — pediu Hal.
Deixando Ingvar um pouco mais tranquilo, Hal e Jesper continuaram a penetrar
na floresta. Quase imediatamente, a ausência de Ingvar deu frutos. Eles não andaram
Os Invasores - 23
nem cinquenta metros quando viram um coelho gorducho mordiscando musgo na base
de um tronco caído na extremidade oposta de urna clareira.
Jesper colocou a mão no braço do skirl e apontou. Com cuidado, Hal tirou a
besta do ombro. Com um dos pés no estribo, ele puxou a pesada corda para trás com
as duas mãos até ouvir o clique do mecanismo do gatilho.
Cauteloso, o coelho olhou para cima por causa do som e os dois rapazes
congelaram. O focinho do animal pequeno e gordo estremecia enquanto testava o ar, e
as longas orelhas balançavam para a frente e para trás, procurando outros ruídos
desconhecidos. Por puro acaso, eles tinham se aproximado a favor do vento. Então,
prendendo a respiração, ficaram ali esperando até que o animal achasse que era seguro
continuar a comer.
Lentamente, Hallevou a besta ao ombro e levantou a mira traseira. Eles se
encontravam a menos de vinte metros do coelho, portanto seria um tiro horizontal sem
necessidade de elevação. Ele posicionou a marca inferior da mira em oposição ao pino
do ponto de mira, soltou o ar dos pulmões, inspirou brevemente e prendeu a
respiração.
E então apertou o gatilho.
Seguiu-se o feio craque habitual, quando os braços do arco saltaram para frente
e o dardo curto disparou pela clareira.
— Acertei! — exclamou Hal triunfante. Ele saiu correndo em direção à clareira,
seguido um pouco mais lentamente por Jesper,
— Acertou mesmo — Jesper comentou secamente ao alcançar o atirador
vitorioso. — A pergunta é... onde ele está?
O pesado dardo com ponta de ferro, projetado para penetrar em cotas de malha,
tinha destruído totalmente o coelho. A besta podia ser uma arma eficiente em batalhas,
mas para caçar pequenos animais era lamentavelmente ineficaz.
— Talvez a gente deva construir algumas armadilhas.
24 - Brotherband
Capítulo dois
Thorn e Stig podiam ouvir suas vozes marchando para o campo, de volta de
uma patrulha do bosque atrás da praia. Como um velho guerreiro, Thorn nunca esteve
confortável, com suas costas para o mar e para o navio encalhado, ele sabia que não
havia inimigo em potencial nas proximidades. Ele olhou em volta, procurando por
Hal.
Mas ele e Ingvar estavam ocupados na oficina de tenda que ele montou a certa
distância. Eles estavam construindo algo, Thorn sabia. Mas ele não tinha idéia do que
era.
— Ah, você sabe, não é? E como você sabe disso? — Desafiou Jesper.
— Porque todo mundo sabe que você é um la... — Stefan parou na hora certa.
— Um? — Jesper disse sua voz ainda mais furiosa. — O que quer dizer, um
“la...”? Talvez você fosse dizer ladrão?
— Oh, pelo amor de Gorlog! — Stig murmurou. Ele empurrou a tela de lona de
lado e entrou na tenda.
Ulf, Wulf e Edvin estavam deitados em seus sacos de dormir. Stefan e Jesper se
enfrentaram no centro da tenda. Ambos estavam com os rostos vermelhos de raiva.
— Será que vocês dois podem parar? — Stig disse cansado. — Vocês estiveram
discutindo dia inteiro. O que é agora?
Os Invasores - 25
— Jesper roubou minha pedra de amolar! — Disse Stefan.
— É, mas eu sei que você pegou. Você... pega as coisas. Todo mundo sabe
disso.
Tarde demais, Stig percebeu que ele não havia termindo discussão. Ele tinha
apenas levado de volta ao ponto de partida. — Olhe, deixe-o...
— Como se você pudesse falar! As suas coisas estão sempre espalhadas por
todo o meu espaço de dormir! — Na verdade, no dia anterior, ele havia encontrado
uma das meias de Ulf ao lado de seu saco de dormir. Desde que era uma meia
excelente, ele teve de se apropriar dela, mas, aos seus olhos isso não altera o fato de
que estava infringindo seu espaço.
— Talvez se você não ocupasse mais espaço do que deveria, isso não
aconteceria! — gritou Ulf.
— Bem, eu não deixo minha pedra de amolar “espalhada por aí”, como você
falou. Então você deve ter pegado.
— Por que eu? Por que não outra pessoa? — Jesper gritou. — Por que não Ulf
ou Wulf?
— Você está dizendo que eu peguei? — Wulf disse. Ele teve um momento
fugaz de culpa. Talvez Jesper o tivesse visto guardar a meia de Ulf em sua mochila.
Stig olhou ao redor da tenda para os rostos raivosos. Ele encontrou o olhar
firme de Edvin. Edvin recostou-se em seu travesseiro, fechando os olhos.
26 - Brotherband
— Eu não poderia estar mais de acordo — disse ele. Virando-se para marchar
através à grama molhada para oficina de Hal. Enquanto ele ia, as vozes furiosas na
tenda continuavam, acusações encontrando contra acusações.
— O que você está fazendo aí? — Thorn perguntou. Hal deu de ombros e virou
um pedaço de lona sobre a engenhoca para cobri-lo de vista.
— Bem, fazendo o que quer que esteja fazendo, você pode estar interessado em
saber que sua tripulação está se desmantelando.
— Eles estão entediados. Eles não têm nada para se ocupar. E estão começando
a brigar entre si. Stefan acusou Jesper de pegar sua pedra de amolar.
Hal encolheu os ombros. — Isso? Bem, isso não é muito grave. Acho que é
natural que eles estejam um pouco entediados. Assim que voltar para o mar, as coisas
vão ficar bem de novo — disse ele descuidadamente.
Thorn balançou a cabeça. — Isto é sério, Hal. Já ocorreu a você que Zavac tem
uma tripulação de mais de cinquenta homens, todos eles piratas e guerreiros
endurecidos? Enquanto você tem uma equipe de garotos que estão gastando seu tempo
brigando sobre assuntos totalmente sem importância?
Zavac era o pirata que havia roubado o Andomal de debaixo de seus narizes.
Por um momento, Hal não disse nada. Talvez Thorn tivesse razão, pensou ele. Thorn
prosseguiu implacável.
— Isso é, se algum momento alcançar Zavac! Quando você for para o mar
novamente, todo o trabalho em equipe, todo o sentido de agir como uma tripulação
terá corroído. Você pode muito bem tê-los todos mortos no primeiro mar revolto.
Você sabe que um navio viking não é lugar para ciúmes ou disputas. Eles têm que
trabalhar juntos!
— Muito bem. Mas eles não vão ser muito úteis para você sem uma tripulação!
Faça-os levantarem os traseiros e os ponha para fazer algo útil! Aí então você pode
voltar para o suas engenhocas.
— Se você diz assim... — Hal começou, mas Thorn ergueu gancho de madeira
para detê-lo.
—Não se eu digo. Se você disser que sim! Isso tem que vir de você. Deixe-os
saber você ainda é o skirl.
— Você tem certeza que é tão ruim quanto você dizendo? — Hal perguntou.
— Deixe-me colocar desta forma — disse ele. — Ontem, Ulf e Wulf estavam
discutindo sobre seus espaços de dormir.
Hal fez um gesto de desprezo. — Bem, isso não é nada. Ulf e Wulf estão
sempre discutindo. É o que eles fazem de melhor.
28 - Brotherband
— Isso é um problema — ele concordou. — É melhor a gente ir e resolver isso.
Vamos, Ingvar.
Colocou suas ferramentas de volta para os seus lugares em uma prateleira atrás
da bancada, ele saiu da oficina, com o imenso Ingvar o seguindo atrás dele como um
urso treinado.
Os Invasores - 29
Capítulo três
em, não admira que eu não pudesse vê-lo! — Stefan estava gritando
— B quando Hal entrou na cabana. — Meu espaço fica muito longe da
entrada. É escuro e é abafado. Está tudo certo para você! Você
consegue bastante ar fresco e luz onde você está!
—Você tem de reclamar! Eu estou bem na entrada. Está frio e venta, e na noite
passada alguém pisou em mim quando se dirigiu ao banheiro!
— Eu suponho que você ache que era eu — disse Wulf, sempre pronto a se
ofender quando seu irmão falava.
Ulf olhou para ele. — Provavelmente era. É o tipo de coisa que você faria.
Mas sua voz foi abafada por uma explosão de brigas de Ulf, Wulf, Stefan e
Jesper. Os gêmeos continuaram a debater se Wulf tinha ou não ido para o banheiro;
Ulf sustentava que, mesmo se ele não tivesse ido, ele não iria colocar de lado o fato de
que seu irmão simplesmente pisou encima dele para passar. Stefan e Jesper,
entretanto, tinham se lançado em uma discussão sobre a inadequação do espaço de
dormir de Stefan, duramente escorada contra parede traseira da cabana. Hal,
percebendo que sua voz jamais iria sobrepor suas palavras acaloradas, virou-se para
Ingvar e fez um gesto para ele dar um passo adiante.
O menino grande assentiu. Hal sabia desde seu período de treinamento com os
Brotherband que o peito enorme de Ingvar podia produzir um volume de som
30 - Brotherband
ensurdecedor. Ele se afastou quando viu o menino grande tomar uma respiração
profunda.
— O que em nome Gorlog está acontecendo aqui? Vocês estão loucos? O que
estão discutindo?
— A área da minha cama não é boa — disse Stefan. — É escura e é muito perto
da parte de trás da tenda. É abafada. E todo o fedor de meias podres se concentra lá
atrás.
— Você deveria tentar ficar na entrada onde estou! — Ulf disse. — Está muito
frio!
Hal olhou para ele, franzindo a testa. Ele ficava no espaço em frente ao de Ulf e
gostava do fato de que havia bastante ar fresco. Se ventasse um pouco, era uma
simples questão de puxar os cobertores e se encolher debaixo deles. Hal, de fato,
gostava muito disso.
— Bem, se eu soubesse que ia ser tão perto da porta, eu teria sorteado uma
diferente.
Ulf recuou meio passo, desconcertado com a raiva na voz de Hal. Hal era seu
skirl. A tripulação o havia elegido, por unanimidade, para a posição e ele se provou
mais do que digno. Ele tinha ganhado seu respeito e lealdade. Durante o treinamento
dos Brotherband, ele tinha mostrado uma capacidade de pensar, planejar e enganar
seus adversários. Ele era um exímio timoneiro e navegador — qualidades altamente
estimadas por todos os escandinavos. Além disso, ele tinha outra qualidade indefinível
— um ar natural de autoridade e liderança. Todas essas coisas combinadas ganharam
o respeito e deferência de Ulf. Como resultado, quando Hal ficava com raiva, como
Os Invasores - 31
estava agora, Ulf tendia a recuar. Se Hal era um líder natural, Ulf era um seguidor
natural.
— Qualquer pessoa tem um problema com seu espaço para dormir? — Ele
exigiu.
Edvin, Wulf e Jesper todos murmuraram em acordo. Atrás dele, Hal ouviu o um
profundo ribombar de Ingvar.
— E eu também — disse Hal, voltando seu olhar sobre Ulf e Stefan. — Assim
restam apenas os dois, correto?
Stefan olhou ao redor da tenda, assim como Ulf. Nenhum deles viu qualquer
apoio ou simpatia de seus companheiros.
Hal mudou seu olhar para Ulf. — E você? Você não está feliz também, não é
mesmo?
— Trocar de área. Você pega a do Ulf. Ele paga a sua. Façam isso agora.
32 - Brotherband
— Mas... — Ulf começou. Na verdade, ele estava relativamente contente com o
seu espaço na entrada. Ele tinha se queixado simplesmente para ter algo a dizer. E
Stefan pensava a mesma coisa. Seu lugar na parte de trás da cabana era quente e
aconchegante. Podia ficar entupido ocasionalmente, mas que era uma questão pequena
neste tempo frio.
— Eu posso pedir a Ingvar trocar os lugares, caso queiram — Hal propôs, e isso
foi o suficiente para fazê-los se moverem. Eles sabiam que se Ingvar trocassem seus
pertences de lugar, ele deixaria suas coisas caírem e as dispersaria através de toda a
cabana. Eles trocaram de lugar, movendo seus sacos de dormir, as pequenas pilhas de
pertences e suas roupas para os novos lugares.
Quando Stefan desdobrou seu saco de dormir, uma rajada de vento gelado
balançou a cabana. O retalho de lona na entrada fez pouco para pará-lo. Ele olhou
relutantemente de volta para o seu antigo lugar acolhedor na parte de trás, onde Ulf
agora estendia seu próprio saco de dormir. Ele suspirou. Ele supôs que devesse sentir
ressentimento para com Hal, mas ele era honesto o suficiente para admitir que fosse
tudo culpa sua. Como Ulf, ele só tinha se queixado porque era uma das poucas
atividades disponíveis para eles. Hal tinha feito nada mais do que pagado para ver seu
blefe.
Hal assistiu, de pé, com os braços cruzados sobre o peito, enquanto os dois
rapazes trocaram de lugar. Os outros deitaram em seus sacos de dormir, apoiados em
seus cotovelos e assistindo com sorrisos largos. Eles admiravam o modo que Hal
puxado o tapete dos dois tripulantes resmungões. Seus sorrisos diminuíram quando a
troca foi concluída e a voz de Hal disparou um novo comando.
— Muito bem, todo mundo! Levem seus traseiros para fora! Imediatamente!
Eles levantaram-se incertos. Jesper franziu o cenho quando olhou para fora
através da entrada e de volta em direção a seu saco de dormir.
— Está chovendo — disse ele. — Por que nós temos que ir lá fora?
— Porque o seu skirl disse! — Stig disse a ele, sorrindo ferozmente. — Agora,
vamos!
Os Invasores - 33
Stig foi o último a sair. Ele parou ao lado de Hal enquanto ia.
Stig assentiu, ainda sorrindo, e seguiu os outros para fora no aberto. Hal
esperou alguns segundos, tomou uma respiração profunda, em seguida, saiu para se
juntar a eles.
— Perdemos nossa vantagem — disse Hal, e viu alguns deles o olhar com
curiosidade. — Passamos três meses em treinamento com os Brotherband para
ficarmos aptos, aprendendo a criar armas e marinharia. O melhor de tudo, nós
aprendemos a operar como uma irmandade — trabalhar juntos como uma equipe e
ajudar um ao outro. Agora isso parece ter evaporado. Nós nos tornamos estranhos
outra vez.
Os meninos trocaram olhares e ele podia ver seu acordo relutante com o que ele
tinha dito. Edvin deu um meio passo a frente.
— Nós estamos entediados — disse ele. — É simples assim. Não há nada para
fazer aqui, a não ser ficar parado o dia todo.
— Isso está certo. — disse ele. — E isso vai mudar. A partir de amanhã, vamos
voltar ao treinamento.
Houve uma reação mista para isso. Stig, Edvin e Stefan assentiram em
aprovação imediata. Os gêmeos consideraram por alguns segundos e depois acenaram
com a cabeça também. Jesper, previsivelmente, foi o único a levantar uma objeção.
34 - Brotherband
— Treinamento? Que tipo de treinamento?
— Nós fizemos isso por três meses. Três meses! Você acha que sabe tudo
depois de um período tão curto? E nós estamos planejando enfrentar o Corvo e sua
tripulação de cinquenta piratas. Eles são guerreiros que passaram toda a sua vida
lutando e matando. Você acha que o treinamento de três meses nos preparou para
enfrentá-los? Porque eu não. E eu quero ganhar o Andomal de volta quando enfrentá-
los, e não ser morto na tentativa. — Ele virou-se para Thorn, ainda sentado no tronco
caído.
Stig levantou a mão para chamar a atenção de Hal. — Hal, você disse que ia
praticar marinharia e manejo de vela. Como podemos fazer isso enquanto estas
tempestades continuam soprando?
Hal acenou com a apreciação de questão. — Nós vamos montar um mastro aqui
em terra e fraudar as velas e vergas nele. Nós vamos fazer com que Ingvar possa girá-
lo de acordo com o vento, e nós vamos trabalhar em nossas habilidades de manusear e
montar a vela. Se houver uma calmaria, vamos montar no mar, ou fazer o treinamento
na baía.
Stig pensou na resposta, com a cabeça inclinada para um lado. — Boa ideia —
disse ele.
Hal sorriu. — Eu pensei que fosse. — Então, como outra mão foi levantada, ele
voltou-se um pouco cansado para Jesper. — Sim, Jesper. O que foi agora?
— Bem, sem querer ofender — ele começou, e Hal teve um momento para
refletir que sempre que as pessoas começaram com “sem ofensa” que,
invariavelmente, era extremamente ofensivo. — Mas o que qualifica Thorn para nos
treinar? Eu quero dizer... Ele é Thorn, apesar de tudo. Sem ofensa — repetiu ele.
Thorn sorriu para ele, mas o sorriso não alcançou seus olhos.
Os Invasores - 35
Hal virou-se para ele. — Thorn, gostaria de mostrar Jesper o quanto você está
qualificado?
— São muito boas — ele arfou sem fôlego. — Muito boas, de fato.
36 - Brotherband
Capítulo quatro
— Que luz do dia? — Stig resmungou, com os olhos turvos. — Eu não vejo
nenhuma luz do dia.
— Há muito dele nas estepes orientais — Thorn disse a ele. É claro, mais ao
leste, o sol teria subido horas atrás. Então, ele sorriu maldosamente a Stig. — E se
você não se mexer, eu vou te deixar vendo estrelas.
— Que bando de velhas tagarelas que vocês são! — Seu olho caiu em Hal, que
estava com as mãos nos joelhos, em busca de suas roupas, sem saber que elas estavam
escondidas sobre os cobertores que Thorn tinha arrastado de cima dele. Ele bocejou,
então o bocejo se transformou em um grito quando Thorn lhe deu uma batida não
muito suave no traseiro com o bastão de nogueira.
Os Invasores - 37
Em poucos minutos, os Garças estavam de pé em uma linha irregular fora da
tenda, alguns deles ainda fechando suas calças e jaquetas, todos eles de cabelos
desgrenhados e tremendo na fria e fraca manhã. O brilho tênue sobre as copas das
árvores era agora um vermelho muito mais definido. Stefan olhou com inveja para sua
cama quente. Apesar das previsões de Ulf que ele congelaria em seu novo e gelado
lugar, ele dormiu profundamente e feliz, até Thorn, o louco, aparecer gritando e
batendo, assustando-o.
Stig, próximo na linha de Hal, murmurou com o canto da boca enquanto ele
saltou no ar e bateu palmas.
— Acho que preferia quando ele era um velho bêbado. Este Thorn reabilitado é
um pouco difícil... OW!
A exclamação veio quando Thorn, que havia se aproximado sem Stig se dar
conta, colocou um pouco de veneno extra em uma pancada em seu traseiro. Ardido
pelo golpe, Stig pulou um tanto mais alto do que ele havia planejado, e Thorn riu.
— Esse é o caminho, menino Stig! Alto e mais duro! Mostre aos outros como
fazê-lo!
Stig reprimiu uma réplica, irritado e continuou a pular e bater palmas. Enquanto
o fazia, percebeu que já estava se aquecendo. O sangue estava fluindo livremente
através de seus braços e pernas e aquecendo suas extremidades. E, como respirava
profundamente com o exercício, o oxigênio que estava entrando em seus pulmões
estava levando a sonolência para longe.
Ao lado dele, Hal sorriu para ele sem simpatia. As pessoas sempre acham
divertido quando vêem um amigo sofrendo, Stig pensava.
Hal tinha certeza de que Thorn havia se afastado de trás deles. Agora ele
percebeu que o velho e surrado lobo do mar tinha, furtivamente, passado para suas
38 - Brotherband
costas, despercebido. Não pela primeira vez, ele ficou maravilhado em como
silencioso e rapido Thorn podia se mover nestes dias.
— Devia estar dando um exemplo melhor, skirl! — Thorn deu uma gargalhada.
Alguns dos outros Garças riram também. Lentamente, esfregando seu traseiro
ardido, Hal refletia sobre as táticas de Thorn. Punindo o skirl, ele se certificou de que
não poderia haver acusações de favorecimento feitas a ele. E isso definitivamente
levantou o ânimo dos outros por verem Hal saltar, em choque - exatamente como
haviam aplaudido quando isso aconteceu a Stig.
Thorn se moveu para trás da linha, parando atrás de Ingvar. O menino grande
mal estava saindo do chão. Seu rosto foi definido em linhas determinadas e tentou
lançar-se mais alto acima do chão com cada salto. Era seu tamanho que o mantinha
preso a terra. Mas ele estava tentando. Thorn o observava com aprovação por vários
segundos, acenando com a cabeça para si mesmo. Havia muito valor em Ingvar,
pensou, míope ou não. O senso de lealdade de Ingvar para com Hal significava que ele
era sempre o primeiro a se oferecer quando havia uma tarefa a ser feita.
— Não me bata, Thorn — Ingvar disse, algum sexto sentido avisando-o que
Thorn estava atrás dele. — Estou saltando o mais alto que posso.
— Eu posso ver que sim, Ingvar — Thorn disse suavemente. Ele moveu-se,
casualmente sacudindo o bastão de nogueira no traseiro de Ulf conforme andava.
— Ai! — Ulf chorou. — Por que você fez isso? — Ele tinha estado pulando e
batendo palmas tão alto e forte quanto podia.
— Erro meu — disse Thorn. — Eu pensei que você fosse o seu irmão.
Ele esperou até que eles olhassem e depois acenou com a cabeça, eles viam.
— Bem, não iremos correr nisso, não é? Nós estamos indo correr na areia,
desagradável, macia e seca acima da marca d'água alta. Muito melhor para nós.
Thorn olhou para ele, uma luz de diversão em seus olhos. — Bem, agora, o que
você acha?
Stefan encolheu os ombros com resignação. — Eu acho que você vai ficar aqui.
— E quem disse que você era lento pra pensar? — Thorn respondeu. Então ele
fez um gesto enxotando-os. — Podem ir. E lembrem-se, nada de andar. Eu estarei
observando vocês todo o caminho.
Edvin abandonou o grupo e voltou para onde Thorn estava, com a cabeça
inclinada, curioso.
Thorn balançou a cabeça. — Nem um pouco. Acenda uma fogueira. Faça chá e
tenha um pouco de bacon e pão pronto para eles quando voltarem. Eles vão precisar
de um bom café da manhã.
Havia um calor e um nível de preocupação em sua voz que desmentia seu jeito
indiferente, espreitando os meninos enquanto faziam aquecimento. Edvin, colocando
gravetos secos em uma pilha, na forma de pirâmide, na lareira, observou o velho
guerreiro astutamente.
40 - Brotherband
Thorn olhou friamente. — Oh, sim, eu sou — respondeu ele. — E você vai
descobrir o quão significa que eu posso ser, se você contar a alguém de outra forma.
Thorn bateu o bastão em sua perna. Talvez houvesse algo que ele pudesse fazer
sobre isso, pensou ele.
Então, distraidamente, ele bateu um pouco mais forte do que ele pretendia.
— Ai! — murmurou, fazendo uma nota mental para não fazer isso de novo. Ele
olhou para cima e viu que vários dos Garças, agora comendo pão quente e bacon,
estavam sorrindo para ele. Franziu a testa e os sorrisos desapareceram.
Mas ele sabia que aqueles sorrisos ainda estavam lá, abaixo da superfície, e ele
estava contente com o fato. Ele não os queria intimidados e ressentidos. Ele precisava
construir seus espíritos e ajudá-los a recuperar o espírito de equipe que tinham perdido
durante os dias longos e chatos em campo.
— Então a coloque para um lado para se manter aquecida. É a sua vez de dar
uma corrida agora.
Ele fez uma pausa enquanto Edvin avaliava o que foi dito e, lentamente,
assentiu com a cabeça relutante.
Os Invasores - 41
Thorn deu um tapinha no ombro dele. — Além disso, desta forma você pode
ver que eu sou realmente como a maioria diz — ele disse. Então, ele arruinou o efeito
dessa declaração, apontando para um pequeno bosque de árvores no meio da praia.
— Thorn — disse ele — não se preocupe. Eu não vou dizer a ninguém que
você não é malvado.
— Faz bem ao meu coração ouvir isso —, Thorn disse a ele. Então ele fez o
mesmo movimento de enxotar e Edvin partiu para a praia, observado com curiosidade
pelos outros meninos. Eles tinham acabado de comer e estavam inclinados para trás,
relaxando, com o resto do último de seus chás quentes. O relaxamento não durou
muito tempo com Thorn forçando-os a ficar de pé.
— Esta geringonça que está construindo — disse ele, apontando para oficina na
tenda de Hal. Hal assentiu. — É importante, ou é apenas alguma grande idéia,
semelhante à rede de água que você construiu na cozinha de sua mamãe?
Thorn empurra para fora o lábio inferior, pensativo, em seguida, olhou para
Stig. — O que você acha, Stig?
— Nem eu — disse Thorn. Ele se voltou para Hal. — Bem, o que você dizia?
42 - Brotherband
— Sim. Ele está me ajudando com isso.
Thorn olhou para Ingvar e fez um gesto com o polegar. — Tudo bem, Ingvar,
você fica e ajuda Hal. O restante de vocês venha comigo.
— Vamos reunir vinhas e mudas de faias jovens para fazer corda. Muitas
cordas.
— Por que queremos muitas cordas? — Wulf perguntou, e seu irmão fez uma
careta para ele. Ele ia fazer essa pergunta.
— Porque quando você faz uma rede, você precisa de muita corda — Thorn
respondeu. Então, vendo várias bocas abertas, ele antecipou a próxima pergunta. — E
ninguém pergunte por que precisamos de uma rede.
Os Invasores - 43
Capítulo cinco
Assim como os outros barcos na praia, ele tinha um longo toldo de lona sobre o
casco aberto para manter longe o pior do vento e do spray. Erak inspecionou-o
pensativo.
Svengal assentiu pacientemente. Era apenas a décima vez que Erak lhe fazia
aquela pergunta na semana que havia passado.
— Até onde ele possa estar. Há alguns produtos perecíveis que nós iremos
colocar a bordo no último minuto: pão, carne e água fresca; E há outro equipamento
que eu não quero encharcado pela chuva e spray. Mas uma vez que essa tempestade
acabar, estaremos prontos para ir em uma hora.
44 - Brotherband
Erak resmungou, mal-humorado, olhando para o mar mais uma vez e farejando
o ar.
— Uma vez que essa tempestade acabar — ele repetiu. — Quando quer que
isso aconteça.
— Não pode durar muito mais tempo — Svengal falou otimista. — Tem caído
por dez dias seguidos.
— Conheci uma tempestade quando era garoto que caiu sem parar por um mês
— Erak respondeu.
Erak olhou de soslaio para seu antigo imediato, refreando o que ele viu como
um insulto implícito.
— Não faz tanto tempo assim — ele falou rigidamente. — Eu não estou
exatamente com o pé na cova.
Svengal rolou seus olhos para o céu. — Você não está na flor da juventude,
tampouco.
— É mesmo? — Erak deu meio passo para mais perto de Svengal, seu peito
estendendo-se agressivamente. O peito de Erak era uma questão substancial e havia
homens que poderiam ter se intimidado diante de um desafio tão óbvio. Svengal,
contudo, não era um deles. Ele era tão grande quanto Erak e conhecia o Oberjarl há
muitos anos. Eles navegaram juntos, invadiram juntos, celebraram juntos e
lamentavelmente perderam companheiros de navio juntos. Ele não iria ser intimidado
por ele agora só porque ele tinha um título extravagante.
— Chefe, eu não estou preocupado com sua idade avançada — ele falou, e viu
os olhos de Erak estreitarem-se. — O ponto em que estou querendo chegar é de que
você era um garoto quando aquela tempestade estendeu-se por um mês. E isso foi há
Os Invasores - 45
muitos, muitos anos atrás. Então não é o tipo de coisa que acontece frequentemente,
não é?
— Então, as chances de que esta tempestade não vá durar muito são boas, não?
— Svengal persistiu.
— Eu pensei que sua querida velha tia era chamada Winfreda? — Erak
desafiou.
Svengal encolheu os ombros. — Tia Bessie era sua irmã mais nova. Uma
mulher amável, ela era.
Svengal sorriu ironicamente para ele. — Ela gostava de dizer, Nós podemos
mudar nossos calções. Nós podemos mudar nossas mentes. Mas nós não podemos
mudar o tempo.
— Talvez, mas isso não faz com que seja menos verdade. Ou menos sábio. O
fato é, quando a tempestade finalmente perder suas forças, nós estaremos prontos para
ir em uma hora.
Ele olhou para as nuvens impulsionadas pelo vento correndo através do céu.
Não havia sinal de qualquer redução.
— Será apenas a minha sorte se essa for realmente à primeira vez que dure um
mês desde que eu era um garoto — ele murmurou.
46 - Brotherband
Svengal considerou aquele pensamento. — Eu acho que quando você pensa
sobre isso, o fato de que não tenha acontecido em muito tempo possa fazer com que
seja mais provável acontecer novamente agora.
Erak franziu as sobrancelhas para ele. — Você é de grande ajuda — ele falou.
Então ele se virou em direção ao caminho que conduzia de volta ao Salão Principal.
— Não há sentido permanecer aqui fora na chuva. Vamos dar uma olhada nos mapas
e ver se podemos descobrir onde eles podem ter ido.
Eles entraram com passos largos no Salão Principal. O mal tempo significava
que havia mais homens reunidos ali do que o usual, bebendo e contando histórias
exageradas para passar o tempo. Eles olharam sem curiosidade para Erak e seu
primeiro imediato e alguns disseram cumprimentos. Muitos deles podiam adivinhar
onde os dois homens haviam estado.
— Nós estamos tentando descobrir o quão longe Hal e sua tripulação podem ter
ido antes que tivessem de parar em alguma costa — ele explicou.
Gort inclinou-se para frente, seus olhos estreitando enquanto ele estudava o
mapa. Verdade seja dita, navegação estimada não era um de seus pontos fortes. Ele
Os Invasores - 47
havia instruído os garotos em náutica e construção de armas. Mas essa era uma
questão relativamente simples.
Erak olhou para ele. — Obviamente, se você pode conseguir uma vantagem
sobre o Zavac, vá atrás dele. Mas há uma boa chance de que os garotos possam ter
alguma ideia de onde ele foi. Eles foram atrás dele quase que imediatamente e a trilha
ainda estava quente.
Erak balançou sua cabeça. — Ajude eles — ele falou. — Há apenas nove deles
contra a tripulação do Zavac. Eles irão precisar de você.
Gort olhou para ele. — E o que tem Thorn? — ele perguntou. — Ele é apenas
um velho bêbado quebrado, não é? — Ele lembrou que Sigurd, o instrutor sênior dos
Brotherband, uma vez deu a entender que havia mais em Thorn do que o olho podia
ver. Mas a conversa havia sido interrompida.
Erak e Svengal trocaram um olhar e Erak fez um gesto para Svengal explicar.
— Ele era mais do que apenas um guerreiro — Erak contou para ele. — Thorn
era o Maktig.
— Por três anos seguidos — Svengal adicionou, e aquilo fez Gort sentar
novamente.
48 - Brotherband
Svengal, e não tinha nenhuma memória dos dias antes que Thorn tivesse perdido sua
mão direita. Os outros dois assentiram sombiramente
— Ninguém nunca tinha feito aquilo — Erak falou. — Então mesmo sem uma
mão, ele ainda é uma força a ser contada.
— Particularmente desde que Hal fez aquele braço falso para ele — Svengal
falou. — Você viu? Um grande porrete incrustado de metais no final de um braço
falso. — Ele balançou sua cabeça. — Ele é um garoto e tanto, aquele ali.
Erak assentiu lentamente. — É por isso que quero que você os encontre e os
ajude.
— Eu sei — Erak falou. — Eu tinha que ter visto para fazer aquilo. Eles
cometeram um erro terrível deixando o Andomal ser roubado, por isso tive que punir
eles. Mas eu também tive que dar uma chance para eles se redimirem. A única
esperança deles para qualquer espécie de futuro era recuperarem aquilo que haviam
perdido.
— Você sabia que eles iriam zarpar atrás do Zavac? — Svengal perguntou.
Erak nunca havia admitido aquilo para ele antes.
— Eu esperava que eles fossem. Não podemos nos dar o luxo de perder pessoas
assim. Eles têm muito potencial. Hal é praticamente um gênio quando se trata de
design de barcos, mesmo que a verga do Garça-Real pendesse um pouco para o lado.
E ele já é um timoneiro e navegador experiente.
Gort balançou sua cabeça. — E ele recuperou-se disso. Ele lidou com o
problema brilhantemente improvisando. Todos podem cometer um erro, Svengal. É o
que eles aprendem disso e como se recuperam que mostra seu verdadeiro valor.
— Acredito que isso seja verdade — Svengal falou. Ele inclinou-se sobre o
mapa novamente. — Bem, vamos ver onde eles podem ter ido, e onde eles poderiam
ter se abrigado.
Ele fez um gesto circular sobre a seção do litoral com seu indicador.
— Eles partiram aproximadamente dez dias antes que aquela tempestade tenha
se tornado realmente desagradável — Svengal falou. — Eu imagino que eles tenham
percorrido mais ou menos essa distância.
Mas Gort estava balançando sua cabeça mais uma vez. — Em um navio viking
normal, talvez. Mas o Garça-Real é rápido. Ele é um verdadeiro pássaro. E com o
vento em sua viga desse jeito, ele poderia muito bem ter ido a seu ponto de vela mais
rápido - mesmo com a vela rizada.
Ele pausou, apertando seus lábios em concentração enquanto movia seu dedo
mais longe abaixo na costa em relação ao ponto que Svengal havia indicado.
— Eles podem muito bem ter percorrido essa distância — ele falou, e os três
homens inclinaram-se para perto, estudando o mapa.
— Se eles não tiverem afundado por causa da tempestade — Erak falou, mas
Gort fez um jesto negativo.
50 - Brotherband
— Eles não afundaram. Hal é um marinheiro muito bom. E o Garça-Real tem
uma boa tripulação. — Ele olhou desculpando-se para o Oberjarl. Erak tinha ordenado
que nenhuma referência jamais fosse feita para a Irmandade dos Garças — Desculpe.
— Então é lá que irei procurar por eles — Svengal falou, estudando o mapa
intensamente e imprimindo em sua memória os detalhes.
Svengal sorriu ironicamente para ele. — Minha querida e velha tia Tabitha sabe
um pouco sobre o tempo — ele falou. — Irei ver o que ela pensa.
Gort franziu as sobrancelhas para ambos. — Sua querida e velha tia Tabitha? —
Ele não estava ciente de nenhuma senhora em Hallasholm com aquele nome. —
Quem diabos é ela?
Erak lhe lançou um olhar resignado. — Não pergunte — ele falou. — Apenas
não pergunte.
Os Invasores - 51
Capítulo seis
A
irmandade Garça gastou o resto do dia fazendo metros de fortes cordas,
torcendo jovens mudas de bétulas finas e trepadeiras juntas e então as
enrolando. No final do dia, seus dedos e pulsos doíam com o esforço de
torcer e entrelaçar os resistentes fios. Hal e Ingvar continuaram o trabalho na tenda
pequena. Os sons de cortes, conversas e martelar chegavam aos outros claramente.
Alguns deles queriam que os dois garotos parassem.
— Quando Hal estiver pronto ele nos dirá — Stig disse. — Ele não gosta de
mostrar seu trabalho muito cedo.
Apenas após o pôr do sol, Thorn deu uma pausa aos fazedores de corda e os
enviou em outra corrida pela praia enquanto Edvin preparava o jantar.
Ele os pôs no ritmo, agitando os braços e saltando alto no ar até que eles
estivessem perfeitamente aquecidos, então os enviou praia abaixo mais uma vez,
enquanto Edvin preparava a refeição.
Thorn não falou nada. Garotos e suas perguntas, ele pensou consigo mesmo.
52 - Brotherband
— Uma grande e bonita malha —, Stefan comentou. — O que nós vamos pegar
com isto? Ursos?
— Não. Nós estamos atrás de uma presa até mais horrível —, ele disse. Então,
como Stefan bateu cabeça com a questão, ele adicionou, — Garotos adolescentes. Eles
não são tão ferozes quanto ursos, mas cheiram pior.
Thorn olhou pra ele com suspeita. — Eu tomei banho apenas cinco semanas
atrás — ele disse, então decidiu que não havia um ponto em trocar palavras com o
jovem skirl.
— Amarrem as interseções da rede juntas — ele disse. Então ele gesticulou pra
Ulf e Wulf. — Vocês dois, cortem um feixe de estacas de meio metro. Aparem-nas e
afiem as pontas.
Eles partiram para a floresta. No momento que eles retornaram com o feixe de
estacas, os outros terminaram rapidamente de juntar a rede. Thorn inspecionou,
puxando alguns nós. Mas todos os garotos tinham trabalhado com barcos, cordas e nós
desde pequenos e todos os nós estavam apertados.
— Muito bem —, ele disse. — Eu quero esta rede suspensa trinta centímetros
acima do chão naquelas estacas. Coloquem uma estaca em cada canto, e outra no meio
ao longo de cada lado. Puxem a rede até ficar bem apertada. Não a quero afundando.
Os Invasores - 53
— Derrubar ursos — Thorn falou pra ele. Ele parecia estar completamente sério
e Stefan fechou a cara. Ele parecia lembrar-se de ter ouvido sobre “Derrubar ursos”
em algum lugar antes.
— Pequenos ursos com uma membrana clara entre os braços e pernas que os
permite planar por quilometros pelo ar. Quando eles ficam cansados, eles caem do céu
— Thorn disse pra ele. — Desta forma, estaremos preparados para pegar um.
— Tão logo ele considere cair neste lugar em particular — Hal disse.
Stefan sentiu um sorriso em sua voz e virou rapidamente. Ele viu os outros
Garças tentando esconder sorrisos e percebeu que ele era o alvo da piada.
— Oh — ele disse. Ele considerou pegar a ofensa, então percebeu que não
havia um ponto pra isso. A piada de Thorn não foi maliciosa. Ele sorriu por sua vez,
então desafiou os outros.
— Mas se vocês são tão espertos, talvez um de vocês possam me dizer para o
quê serve aquela rede na horizontal?
Então Thorn riu. — Bom ponto, Stefan —. Ele olhou para os outros. — Bem,
algum dos gênios tem alguma ideia de pra quê isto serve? — Todos eles olharam
apropriadamente repreendidos. — Então vamos descobrir. Armas e escudos e
informem de volta aqui. Em duplas!
Assim que eles correram para a tenda para pegar suas armas, Thorn sorriu para
si mesmo. Esta pequena brincadeira entre Stefan e os outros era um bom sinal. Um dia
atrás, a troca teria sido sarcástica e uma briga poderia ter começado. Hoje, depois de
um dia de exercícios físicos e trabalho duro, seguido de uma boa noite de sono e mais
exercícios acima de tudo, a atmosfera no acampamento já estava melhorando. O tédio
estava sendo aliviado e os garotos estavam ansiosos para ver para quê servia a rede.
Havia um senso de propósito no grupo mais uma vez. Thorn sentiu uma pequena
descarga de prazer por saber que estava ajudando a criar isto.
— Stig. Venha aqui. Coloque seus dois pés dentro da rede. Deixe um intervalo
de um quadrado entre eles.
Intrigado, Stig fez como ele falou, pisando dentro de dois espaços ao longo da
borda da rede. Ele olhou para Thorn.
54 - Brotherband
— Agora — disse o velho guerreiro, — Eu vou dizer as direções e você as
segue. Você vai avançar e voltar, ir à direita e à esquerda como eu falar pra você. Eu
irei dizer pra você quantos passos dar a cada vez. Você entendeu?
— Tudo certo. Escudo pra cima. Machado pronto. Olhos pra cima - há um
selvagem Magyaran encarando você. Agora comece a se mover. Avance três... direita
dois... volte um... esquerda dois...
Enquanto ele dizia os movimentos, Stig realizava as ações, levantando alto seu
pé para limpar a rede e pisando levemente. A princípio, as instruções eram lentas e
constantes, mas conforme Stig ganhava confiança, Thorn aumentou o ritmo,
acrescentando meio à esquerda e meio à direita, então o garoto se movia
diagonalmente. Conforme Stig se movia, o rosto dele ficava mais sério estudando em
concentração, Thorn emitia outros comandos, relembrando Stig de manter o escudo
alto e os olhos para cima.
Cabisbaixo, Stig subiu a seus pés. Mas ele foi recompensado por um aceno de
aprovação de Thorn, que então virou para inspecionar o resto do grupo.
O grupo acenou com bom humor. Mas Jesper - porque era sempre Jesper, Hal
pensou - teve que questionar Thorn.
— Hummm. Bom ponto. Eu posso fazer isso? Já faz um longo tempo. Eu posso
ter esquecido. Porém, vamos ver — Ele estendeu seu gancho de madeira para Stig —
Escudo — Ele disse, e Stig o ajudou a deslizar a correia sobre seu braço direito,
observando com interesse como Thorn fixou o engenhoso grampo na alça do escudo e
apertando isso.
— Machado — Ele disse, quando o escudo estava seguro. Ele pegou o machado
em sua mão esquerda e aprumou no seu ombro.
— Volte-um-esquerda-dois-direita-três-meia-a-esquerda-avance-um...
Então, ignorando a próxima série de ordens, Thorn girou de modo que estava
encarando-os e eles poderiam ver que ele estava com os olhos fechados. A voz de Hal
silenciou-se conforme Thorn executava um intrincado padrão de passos, seus pés
nunca tocando as cordas enquanto ele se movia. Então, seus olhos abriram
instantaneamente e ele avançou a frente para grupo de garotos que observavam,
correndo em grade velocidade e finalmente saltando no chão com os dois pés
abandonando a rede e agachando na terra a frente deles, o escudo pra cima e o
machado puxado pra trás da cabeça dele.
Thorn ajeitou de sua posição, abaixou o machado ao chão e sorriu para Jesper.
56 - Brotherband
Jesper acenou varias vezes. Ele estava impressionado - muito impressionado. A
ele fez um nota mental de não desafiar Thorn com muita frequência no futuro.
— Sim — ele disse. — E diria que você ainda consegue tudo certo.
— Thorn — Hal disse — pode nos dizer qual a função deste exercício?
Thorn olhou para ele e acenou. Hal tinha um bom entendimento dos princípios
de comandar um grupo, ele pensou. Algumas vezes, quando você primeiro impõe
disciplina, pode ser necessário exigir obediência cega. Mas existiam ocasiões que
havia real valor na explicação. Homens - e ele pensou no grupo agora como homens –
desenpenhavam melhor quando eles entendiam o porquê eles estavam sendo pedidos
para realizar uma tarefa. Com este exercício, ele queria mais do que obediência cega.
Ele queria que entendessem, sabendo que conduziriam ao maior compromisso e, ao
longo disso, às habilidades que poderiam salvar as vidas deles.
— Isto foi sobre velocidade e agilidade — ele disse. — Eles serão seus maiores
trunfou quando nós lutarmos com a tripulação do Corvo. Eles têm a experiência ao
lado deles da balança. Eles vêm assaltando e lutando por anos. Nós não temos isso.
Mas vocês são jovens. Seu principal trunfo será sua velocidade e agilidade quando
vocês lutarem. É o que nós estaremos trabalhando enquanto estivermos aqui.
Velocidade e agilidade. Nós treinaremos até nós as levarmos ao mais alto grau
possível para cada um de vocês. E se nós trabalharmos nisso, elas podem salvar suas
vidas.
Ele parou e olhou ao redor em suas faces, de repente sombrias de acordo com o
que eles pensavam sobre o que ele havia dito. Eles podiam ver além do bizarro
exercício com uma rede entre seus pés. Eles estavam vendo um momento quando o
tipo de agilidade e velocidade de movimentos que Thorn demonstrou poderia ser a
diferença entre vencer e perder. Viver ou morrer.
Os Invasores - 57
Capítulo sete
A
manhã foi passando, e o resto da tripulação tiveram sua vez na rede,
com diferentes graus de sucesso.
Como Thorn esperava, Stig era o melhor neste exercício, e ele
melhorou cada vez que entrava na rede e fazia sua tentativa. Mas o velho guerreiro
ficou agradavelmente surpreso ao ver que Hal não estava muito atrás dele, e Jesper foi
praticamente igual ao Hal. Claro, Jesper era um ladrão e os ladrões tendem a ser ágil e
ter pés leves - bem como dedos leves. E Hal sempre teve um ótimo senso de
percepção espacial. Era uma das qualidades que fizeram dele um excelente exemplo
de timoneiro.
Ulf e Wulf foram bem, embora cada um tendia a zombar do desempenho do
outro — ridículo tendo em vista que um era igual ao outro. Stefan era capaz, mas
Edvin teve problemas com os buracos, muitas vezes efiando o pé neles e caindo antes
que tivesse avançado três ou quatro passos. Ele franzia a testa e tentava novamente -
invariavelmente tentando mover-se muito rapidamente e ficando triste novamente.
— Devagar — Thorn disse ele. — Você tem que trabalhar com isso para deixá-
lo se tornar instintivo. Andar antes de poder correr. — Edvin olhou para ele, face
vermelha e irritada com o que viu com o que via em seu próprio fracasso.
— Quaisqueres outros clichês que você gostaria de compartilhar comigo? —
Disse.
Thorn respirou fundo antes de responder. Seu primeiro instinto foi o de socar
Edvin na parte de trás da cabeça por ser tão insolente. Mas ele percebeu que o garoto
estava tentando. Na verdade, ele estava tentando muito. Ele podia ver os outros
realizando os movimentos com relativa facilidade e ele queria desesperadamente
combiná-los. Ele não tinha a mesma coordenação que os outros e estava tentando
compensar a fato indo rápido demais.
— Ouça minha contagem e desacelere — Thorn disse a ele. — Eu prometo a
você, você vai conseguir. Mas é algo que você tem que construir para cima. Você não
pode simplesmente entrar na rede e fazê-lo perfeitamente a cada vez.
— Stig pode. — Edvin respondeu.
Thorn balançou a cabeça. — Stig não pode — disse ele. — Ele foi melhor do
que você, porque ele é um pouco melhor coordenado e equilibrado do que você é. Mas
você pode fazer para isso. Você simplesmente tem que praticar. E construir a sua
velocidade. Não tente igualar a ele cada vez. Trabalhe em seu próprio ritmo e deixá-lo
construir. Tudo bem?
58 - Brotherband
— Tudo bem — Edvin concordou com relutância, e Thorn acenou a frente para
a rede mais uma vez.
— Agora, ouça minha contagem. Não tente chegar à frente de mim. Quando eu
ver que você está melhorando, eu vou acelerar. Entendido?
O rosto de Edvin foi definido em linhas determinados. Ele balançou a cabeça,
seus lábios se movendo sem palavras enquanto esperava comando da Thorn.
Desta vez, Edvin ficou com a contagem. Thorn ordenava os passos mais
lentamente do que antes e os outros meninos espreiguiçaram-se na grama e
observaram Edvin enquanto ele se movia, passos largos e com um cuidado exagerado
desta vez, com ritmo que Thorn ditava. Quando ele viu que o garoto estava
administrando o ritmo mais lento, Thorn imperceptivelmente aumentou a taxa da sua
orientação.
— Mantenha seus olhos para cima —, gritou repentinamente. Edvin deixava
cair o olhar para a rede a seus pés e isso era quase certamente um precursor de uma
queda. O garoto tinha de sentir o ritmo e a proximidade das cordas em torno de seus
pés. Se ele tentasse olhá-las, ele nunca iria acompanhar as orientações, mesmo com a
lenta velocidade que atualmente Thorn estava utilizando.
Thorn aumentou o ritmo um pouco mais e ainda assim Edvin se manteve de pé.
Finalmente, Thorn interrompeu o exercício e Edvin ergue-se, descansando a sua
espada em seu ombro, deixando o braço do escudo cair. Thorn bateu-lhe no ombro.
— Muito melhor —, disse ele.
Edvin balançou a cabeça. — Stig foi muito mais rápido do que isso — disse ele.
— Assim como Hal e Jesper.
— E você também será — Thorn disse a ele. — Quanto mais você trabalhar
nisso, mais rápido você vai conseguir. Confie em mim.
— Tão rápido quanto Stig? — perguntou Edvin. Thorn abriu a boca para
responder, em seguida, decidiu honestidade seria o melhor curso.
— Provavelmente não — disse ele, e viu uma luz raiva começar a arder nos
olhos de Edvin. — Mas você vai ser rápido o suficiente para salvar a sua vida no
campo de batalha, e isso não é tão ruim. Encare Edvin, todos nós temos diferentes
níveis de habilidade. O que devemos fazer é aproveitar ao máximo o que temos.
— Acho que sim — disse Edvin. Mas sua voz não tinha convicção.
Thorn olhou atentamente por alguns segundos, depois disse: — Eu sei o que
você está pensando. Você está pensando que se você praticar bastante e duro o
suficiente, você vai me mostrar que estou errado, que você pode ser tão rápido quanto
Stig. Correto?
O queixo de Edvin subiu e ele coloriu ligeiramente. Então ele respondeu,
desafiadoramente: — Sim. Isso é exatamente o que Eu estou pensando.
Os Invasores - 59
— Então, bom para você! — Thorn disse, e lhe deu um tapa com vontade nas
costas. O impacto foi tal que Edvin quase foi rolando ao longo da rede. Ele cambaleou
e, enquanto fez isso, deu vários passos largos para se recuperar.
— Boa escapada. — disse Thorn. — Agora, faça uma pausa. Você pode
praticar novamente mais tarde.
Ele viu quando o menino caminhou alguns passos de distância a partir da rede,
deixe o deslizamento escudo pesado de seu braço e caiu no gramado. Edvin iria
assumir o desafio, ele sabia. O menino tinha algo a provar para si mesmo, tanto
quanto para qualquer outra pessoa. Se isso lhe deu o incentivo que precisava para
melhorar o seu desempenho, tanto melhor. Como Thorn havia apontado, isso poderia
salvar sua vida um dia.
Finalmente, ele se virou para Ingvar e assentiu.
— Tudo bem — disse ele. — Vamos ver você.
Houve um murmúrio de expectativa a partir do resto do grupo. Até agora,
Ingvar não tinha tentado a rede. Ninguém esperava que Thorn fosse pedir-lhe para
tentar.
Ingvar se levantou, olhou na direção de Thorn e hesitou.
— Você tem certeza, Thorn?
— Sim, eu tenho certeza — Thorn disse irritado. — Eu não digo que as coisas
se eu não tenho certeza. Passo em frente para a rede.
Ingvar moveu-se desajeitadamente em frente para a borda da rede. Enquanto ele
ia para entrar nele, o seu dedo do pé esquerdo prendeu em uma das vertentes, e ele
cambaleou incerto, agitando os braços para manter o equilíbrio e soltando seu enorme
porrete no processo.
Alguém riu. Thorn se virou rapidamente e viu Stefan esconder um sorriso por
trás de sua mão.
Os olhos de Thorn se estreitaram.
— Rindo de um marujo, Stefan? — Disse ele, em tom enganosamente suave.
Stefan rapidamente assumiu uma forma mais expressão séria.
— Está tudo bem, Thorn — afirmou Ingvar. — Eu estou meio que acostumado
com isso.
— Bem, eu não estou. — Thorn dirigiu suas palavras ao grupo que assistia. —
No meu livro, nós nunca rimos ou tiramos sarro de um marujo que está tentando o seu
melhor.
— Yeah. Não seja idiota, Stefan — disse Ulf, e para surpresa de todos, Wulf
reiterou o pensamento de seu irmão.
— Isso mesmo. Cale a boca.
60 - Brotherband
As sobrancelhas de Thorn subiram em surpresa. Talvez a Grande Baleia Azul
voe até o sol, pensou.
— Desculpe — disse Stefan. Não era tanto a nota de advertência na voz de
Thorn que fez isso. Foi o fato que Ulf e Wulf, pela primeira vez em sua memória,
concordaram em alguma coisa. E esse algo foi o fato de que ele, Stefan, era um idiota.
Era um pensamento preocupante.
— Obrigado, companheiros — disse Ingvar.
— Não foi nada — disse Wulf.
E Ulf em coro: — Nada mesmo.
Então Wulf voltou para Thorn. — Continue, Thorn — disse ele
magnanimamente, fazendo um gesto com a mão direita.
Thorn balançou a cabeça. — Oh, muito obrigado — disse ele, e os outros
garotos todos sufocaram seu riso enquanto Wulf sorriu para eles.
— Isso foi bem dito — Ulf inclinou-se e disse-lhe.
Wulf assentiu satisfeito. — Eu sei.
— Na verdade, foi tão bem disse, eu estou surpreso que eu não disse isso — Ulf
continuou.
Wulf, que estava recostado sobre um cotovelo na grama, agora endireitou
abruptamente e olhou para seu irmão.
— Você está é? — Disse. — Bem, eu com...
— Deixem disso! — A voz de Hal cortou como um chicote e Wulf voltou-se
para ele.
— Deixar o quê? — Perguntou ele.
Hal abanou a cabeça em aborrecimento. — O que quer que você planeje dizer.
Só deixá para lá. Você conseguiu um riso de todos, pare enquanto você está ganhando.
— Mais como para enquanto você está perdendo. — Ulf riu, e Hal voltou seu
olhar para ele.
— Você deixe disso também — ele estalou e ficou surpreso quando Ulf parecia
bastante castigado.
— Sim, Hal — disse humildemente.
Hal voltou para Thorn e repetiu o gesto anterior de Wulf. — Continue, Thorn.
— Você tem certeza? — Thorn respondeu, com a voz cheia de sarcasmo. —
Ninguém tem nada a dizer? Vocês todos estarão satisfeitos por eu continuar, não é?
— Ele deixou o olhar viajar ao redor deles. Ninguém falou. — Bem, nesse caso, eu
acho que eu vou. Ingvar, você está pronto?
— Eu não tenho certeza, Thorn — Ingvar disse a verdade. Ele certamente não
sentia-se muito pronto.
Os Invasores - 61
— Tudo bem, então. Agora, você viu o que estava fazendo Edvin, correto?
— Ummm... não muito claramente. Houve um pouco de salto e braço acenando
acontecendo, não é mesmo?
Thorn reprimiu um sorriso. — Sim, pulando e acenando o braço é uma boa
descrição do que toda a gente vem fazendo —, disse ele. Edvin olhou devidamente
insultada pela descrição, mas ele não disse nada. Ele suspeitava que fosse uma
descrição bastante precisa do que ele estava fazendo.
— Muito bem, vamos tentar devagar, Ingvar. Pronto?
— Eu acho que sim.
— Eu gostaria que você saiba isso — Thorn disse ele.
O garotão assentiu várias vezes, lambendo os lábios nervosamente. — Tudo
bem. Eu sei que sim. — Mas ele não fez parecer convencido.
— Então, aqui vamos nós. Uma frente... dois para a direita... cuidado!
Este último comentário veio como Ingvar enganchou seu dedo do pé esquerdo
na rede e balançava precariamente. Com uma grande dose de dificuldade, ele
recuperou o equilíbrio e virou-se, olhando na direção de Thorn. Thorn esperou até ele
estava de pé uniformemente novamente e continuou.
— Bom. Agora, dois à frente... uma esquerda ... três certo ... uma ... ajuda-lo,
você vai, Stig?
Ingvar tinha prendido seu pé novamente e caiu em campo. No fim de Thorn,
Stig saltou para seus pés e soltou Ingvar vertical.
— Obrigado, Stig — disse Ingvar. Então ele se virou para Thorn. — Eu acho
que estamos perdendo tempo aqui, Thorn. Eu sou apenas nada de bom nisso.
Thorn coçou o queixo, pensativo. Ele notou que, como Ingvar movido, ele
estava olhando para baixo na net e aos seus pés. Foi uma reação natural. Na verdade,
ele tinha a dizer um par de os meninos não para fazê-lo, mas em vez de manter seus
olhos para cima e sentido em que seus pés estavam indo. Ele caminhou em direção
Ingvar agora.
— Ingvar, você pode ver a rede? — ele perguntou.
Ingvar encolheu os ombros com tristeza. — Está muito borrada.
— Eu acho que pode ser o problema. Você pode vê-la. Mas você não vê-la bem
o suficiente, e que está causando sua perda de equilíbrio. Você está tenso porque você
é incerto. Vamos tentar algo. Feche os olhos para mim.
Ingvar obedeceu.
— Agora respirar muito firmemente — disse Thorn. — Dentro e fora. Dentro e
fora. — Ele observou ombros do menino subindo e descendo. — Agora relaxe...
Agora imagine que você pode ver na net. Vê-lo no olho da sua mente.
62 - Brotherband
— Olhos da mente? — Jesper comentou baixinho para os outros. — O que é
isso?
— No seu caso — Hal respondeu secamente — é um olho bem pequeno.
Jesper foi responder, percebi que ele não tinha nada para cobri esse comentário
e fechar a boca.
— Você pode ver a rede agora, Ingvar — perguntou Thorn.
Ingvar, olhos fechados, acenou com a cabeça.
— Tudo bem. Então, com os olhos fechados e vendo a rede em sua mente,
vamos começar de novo. Uma volta... dois esquerda... três... dois para a frente
direita...
Os outros meninos com espanto, que Ingvar começou a seguir as instruções de
Thorn confiança e cuidado. O ritmo era lento, é claro. Mas ele estava pisando certo e a
tendência para balançar os braços descontroladamente e gangorra fora de equilíbrio
estava quase no fim. Uma vez, seu pé direito pegou um fio de rede e Thorn,
observando como um falcão, pediu imediatamente para ele parar.
— Fique em pé! — Ele ordenou. Ingvar fez e respirou fundo quando ele
recuperou seu equilíbrio. Em seguida Thorn começou novamente e Ingvar continuou
seus movimentos lentos e cuidadosos.
Cuidado, Hal notado, mas não mais cauteloso e falta de confiança. Ele balançou
a cabeça e murmurou baixinho para Stig. — Ele é incrível, não é?
Stig sorriu. — Quem teria pensado Ingvar poderia fazer isso, mesmo que
lentamente, como ele está se movendo?
Finalmente, Thorn chamado para Ingvar para parar e abrir os olhos. O garotão
estava no meio da rede, rosto corado de prazer.
— Muito bem, Ingvar. Vamos ter você correndo pela rede que antes de
conhecê-lo.
Ingvar balançou a cabeça, mas seu sorriso largo mostrou que estava muito
contente com seu progresso.
— Talvez não, em nenhum momento, Thorn. Mas me dê quatro ou cinco anos e
eu poderia trabalhar até andando ritmo.
O grupo reunido riu. Mas desta vez eles estavam rindo com o seu companheiro
de tripulação, e não para ele.
— Bom garoto — Thorn disse a ele. — Agora, saia da rede. Não! — Ele gritou
rapidamente Ingvar olhou cautelosamente para baixo para ver onde colocar os pés. —
Mantenha seus olhos para cima! Veja a rede em sua mente.
E para o espanto de quem está assistindo, Ingvar, cabeça erguida e olhos para a
frente, andou corretamente para fora da rede, pisando alto e de forma limpa, sem tanto
como um tropeço.
Os Invasores - 63
Então, infelizmente, quando ele pisou no solo claro, ele pegou o dedo contra um
tufo de grama e caiu de cara no chão. Desta vez, ele riu com os outros como ele pôs-se
de pé. Mas nada poderia diminui seu sentimento de realização.
— Eu acho que eu não vi isso na minha mente — ele disse, e todos riram
novamente. Thorn balançou a cabeça, sorrindo para o menino.
— Apenas continue praticando — disse ele. — Prática e prática e prática.
Quanto mais você pratica, melhor você vai se sair.
64 - Brotherband
Capítulo oito
O
treinamento continuava a cada dia e os membros da tripulação melhoravam
suas performances na rede, até mesmo Ingvar – apesar de ele estar ainda
muito atrás dos outros. Após vários dias ele podia se mover na rede até
mesmo com os olhos abertos.
E mesmo que ele não conseguisse se igualar às performances dos outros, ele
estava se movendo com muito mais segurança do que jamais se movera na vida. Ele
nuca poderia ser chamado de ágil, mas seu senso de balanço e movimento havia
melhorado notavelmente.
O que o deixaria em boas condições quando tivessem voltado para o mar,
pensou Hal, e ele tinha de se mover ao redor de acordo com o balanço, lançando-se
através do convés do Garça-Real. Ele ia precisar de Ingvar para a ideia em que estava
trabalhando, e ele saudou a melhoria que o treinamento de Thorn tinha trazido.
Após trabalhar com os rapazes na rede por uma semana, Thorn introduziu uma
mudança no seu treinamento. Ele os fez treinar um combate simulado, com armas de
madeira, um contra o outro. E quando fez isso, ele rapidamente notou um problema
em suas técnicas.
— Não é de se surpreender — ele disse para Hal. A tripulação havia passado a
manhã inteira trabalhando duro, e Hal e Thorn estiveram sentados discutindo o seu
progresso.
— Apesar de tudo, os seus instrutores no Brotherbands não eram peritos. Eles
eram razoavelmente competentes, mas estavam ensinando apenas o básico, não os
pontos principais.
Hal sorriu para ele — Eu acho que nenhum deles foi um Maktig — ele disse.
Thorn balançou a cabeça, encolhendo os ombros. — Eu acho que não. Mas eu
me sinto frustrado quando vejo meninos praticando uma técnica ruim. Isso só tende a
consolidar maus hábitos, e eles são muito mais difíceis de esquecer.
— Então os mostre onde estão errando — Hal sugeriu.
Thorn franziu os lábios. — Você tem certeza? Você é o skirl, não eu. Eu não
quero minar a sua autoridade.
Hal riu. — Eu sou o skirl quando nós estamos no mar, eles irão me obedecer.
Eu sei disso. Mas como skirl, eu escolhi você como nosso treinador de batalha. Você é
o mais qualificado para o trabalho. Certamente não estou qualificado para o trabalho.
Eu mesmo ainda estou aprendendo.
Os Invasores - 65
— Estou feliz em ouvir isso de você — falou Thorn. — Eu só queria ter
certeza.
— Apenas uma coisa — falou Hal, então hesitou. Ele não tinha muita certeza
em como tocar no assunto. Então decidiu que a melhor maneira era simplesmente ser
direto. — Alguns deles estão imaginando quem é você, aquela demonstração na rede
os pegou de surpresa. Eles estão se perguntando de onde toda aquela habilidade e
conhecimento viera.
Thorn estava balançando a cabeça antes mesmo de ele terminar a frase. — Eu
não quero que os outros saibam sobre...
Mas Hal o interrompeu. — Eles não são os outros. Eles são sua tripulação.
Thorn, eu entendo que quando você estava em Hallasholm, você não queria as pessoas
olhando e dizendo, Viu o quanto Thorn decaiu? Ele era o Maktig. Mas os meninos
não pensam assim. Eles o admiram. Eles não estão o comparando com o que você
alguma vez foi. Eles o veem como você é agora e o admiram.
— Eles me admiram? — Thorn disse, com ceticismo em sua voz.
Hal balançou a cabeça empaticamente. — Mas é claro que sim. E ainda mais,
eu imagino que isso possa aumentar muito sua confiança sabendo que foram treinados
por um perito real. E confiança será importante quando eles forem enfrentar a
tripulação do Corvo.
Thorn encolheu os ombros com relutância. — Talvez você esteja certo — Ele
disse. — Deixe-me pensar sobre isso.
— Eu sei que estou certo, — Hal disse. Então sorriu. — Afinal de contas, eu
sou o skirl. Agora, o que você tem em mente para melhorar suas técnicas?
— Eu te mostrarei esta tarde, — Thorn disse.
Após a pausa para o almoço, Thorn chamou os rapazes e pediu para que se
juntassem ao redor dele. Ele os fez sentar em um semicírculo e caminhou para trás e
na frente deles, batendo o bastão de nogueira contra sua bota enquanto procurava as
palavras que queria dizer.
Finalmente ele decidiu que uma demonstração seria o melhor meio de abordar o
assunto. Ele pigarreou uma ou duas vezes, tentando ignorar o semicírculo de rostos
curiosos, então apontou o bastão para Stig.
— Stig, em pé, e busque sua arma e escudo de treino. Traga um escudo para
mim também.
Stig hesitou. — Apenas um escudo? Você não quer um machado de treino?
Thorn chacoalhou a cabeça e balançou o bastão de madeira no ar. — Isto será
suficiente. Agora busque os equipamentos.
Assim que o alto rapaz correu para buscar dois escudos e o machado de
treinamento na área de treinamento, Thorn voltou-se para os meninos que estavam
esperando.
66 - Brotherband
— Nós temos trabalhado em agilidade e balanço, — ele começou, — e todos
vocês melhoraram notavelmente. Até mesmo Ingvar. — Ele sorriu para o grandalhão.
— O problema é, que tudo isso sai para visitar sua vovó quando você começa a
praticar com armas.
Ele olhou para cima assim que Stig voltou com o equipamento. Ele pegou o
escudo e o deslizou sobre o braço direito, então assistiu enquanto Stig arrumava o seu
no braço esquerdo, e brandiu o machado de treinamento de madeira. Thorn manteve
seu bastão de nogueira na mão esquerda.
— Certo Stig — ele disse. — Vamos ver o seu estilo.
Eles encararam um ao outro, e ambos ficaram na mesma pose de agachada. Os
olhos de Stig ficaram semicerrados ferozmente concentrados na figura desgrenhada á
sua frente. Apesar da barba e cabelos grisalhos emaranhados, e as esfarrapadas, roupas
remendadas, Thorn com uma arma na mão era um assunto completamente diferente de
Thorn, o velho abandonado e desalinhado. Os anos pareceram cair de seus ombros
enquanto ele se movia leve e confiante enquanto eles se circulavam. O escudo estava
alto e preparado, enquanto o bastão de nogueira descrevia pequenos círculos no ar.
Exceto por Hal, Stig era o único membro da tripulação que estava bem avisado do
passado de Thorn. Ele sabia que estava enfrentando um guerreiro experiente, e não
tinha pressa de se jogar nele. A maneira leve e confiante de Thorn o fazia ficar ainda
mais relutante sobre isso.
— Hyyaaah! — Thorn gritou, saltando para frente e levantando o bastão para
um golpe por cima. Stig pulou para trás com um grito involuntário de surpresa. Seu pé
ficou preso em uma raiz e ele tropeçou, mal conseguindo ficar em pé.
Uma onde de risos correu através dos espectadores e Stig percebeu que o ataque
de Thorn era apenas uma finta. O velho lobo do mar estava sorrindo para ele e rolando
os olhos. Atirando a cautela aos ares, Stig atacou.
Ele martelou o escudo de Thorn com o machado de madeira, fazendo chover
golpe após golpe, batendo com cada grama de sua força. A arma de madeira rachou
contra o escudo, que sempre aparecia em posição justamente no tempo certo para
prevenir Stig de arrancar a cabeça do seu oponente de cima dos ombros.
Os meninos faziam gritos de encorajamento enquanto Thorn começava a perder
terreno com Stig indo sempre para cima dele, dobrando seus esforços.
Então, num piscar de olhos, tinha acabado.
Stig lançou um ultimo e massivo ataque contra Thorn. Dessa vez, ao invés de
bloquear o ataque, Thorn deixou ser pego pelo lado curvo de seu escudo e defletindo o
ataque. Sem encontrar nenhuma resistência real ao seu ataque, Stig cambaleou para
frente, sem nenhum equilíbrio, expondo seu flanco direito enquanto caia.
Desse jeito, Thorn estocou dolorosamente as suas costelas, rápido como o bote
de uma cobra.
— Auuu! — Stig gritou, recuando com o feriamento a cada impacto.
Os Invasores - 67
Instantaneamente, Thorn recuou. — É isso ai. Acabou!
Com isso Stig, completamente furioso, se preparou para lançar outro ataque,
Thorn levantou o bastão no nível do rosto e o apontou advertindoo.
— É isso ai Stig — ele falou claramente. — Acabou! — E manteu os olhos
fixados no menino. Gradualmente ele viu a raiva indo embora, e então o rapaz deixou
seu machado e escudo caírem no chão. Houve um tempo em que o temperamento de
Stig teria inflamado fora de controle, mas o treinamento dos Brotherband tinha o
ajudado a controlar isso. Ele esfregou suas costelas gentilmente.
— Isso dói, Thorn. — ele reclamou. Thorn balançou a cabeça, soltando o seu
gancho do puxador do escudo e deixando-o deslizar para fora do braço.
— Isso teria doido muito mais se isso fosse uma espada — ele disse, brandindo
seu bastão. Ele viu o entendimento aparecer nos olhos de Stig, e em seguida, ele deu
um sorriso envergonhado.
— Eu não tinha pensado por esse lado. — ele admitiu.
— Pense nisso. — Thorn falou. Então ele se virou para incluir os outros
membros da tripulação, que estavam assistindo em silêncio. A velocidade da mão de
Thorn, e a facilidade com que ele tinha lidado com os ataques de Stig, os tinham
pegado de surpresa.
— Todos vocês, pensem sobre isso — ele repetiu. Deixando seu olhar viajar
sobre os rostos de repente de expressão muito séria abaixo dele. — Imaginem que
fosse uma espada entrando pelas costelas de Stig. Nós estaríamos ocupados contando
histórias de como ele era um bom companheiro durante sua curta e colorida vida, e
quanto todos nós sentíamos sua falta. — ele fez uma pausa. — Ou talvez não.
O que trouxe uma pequena onda de diversão sobre o grupo, então ele
continuou.
— Stig é provavelmente o melhor de vocês com um machado — ele disse. E
olhou para eles procurando algum sinal de discordância, mas tudo que viu foram
pequenos acenos, confirmando sua declaração. — Mas seu treinamento tem sido
tristemente deficiente.
— Seu treinamento no Brotherband? — perguntou Edvin.
Thorn concordou. — Seus instrutores ensinaram apenas os movimentos mais
básicos. E eles os encorajavam a bater nas almofadas de treino e uns nos outros o mais
forte que podiam. Estou certo?
Novamente ele fez uma pausa e novamente foi recebido com acenos de cabeça.
— O ponto é que a maioria dos guerreiros escandinavos são muito capazes com
o machado. Mas apenas muito poucos são os melhores. E apenas um número muito
menor são os peritos. Seus instrutores eram apenas guerreiros medianos.
Ele fez uma pausa, vendo algumas carrancas. — Eu não estou falando isso com
desrespeito. É um fato. Eles apenas deveriam lhes ensinar o básico. E eles apenas
68 - Brotherband
tinham uns poucos meses para trabalhar com vocês, e neste tempo eles também tinha
que lhes ensinar um monte de outras habilidades básicas. O treinamento Brotherband
é apenas o início. E não ensina para vocês tudo. Não é possível. Os instrutores
simplesmente não têm tempo para mostrar-lhes os pontos mais delicados. Quando
vocês estavam praticando habilidades com armas, o comando que eu mais ouvia era,
Bata mais forte, deem tudo que têm! Você chama isso de bater? Este tipo de coisa.
Estou certo?
Alguns sins murmurados puderam ser ouvidos em resposta.
— Agora, isso é muito bom quando você quer construir músculos e se cansar
para dormir bem à noite. Mas isso não é bom o suficiente em uma luta.
— Pense desse jeito. Você está em uma batalha. Você balança seu machado em
alguém o mais forte que conseguir. Se você acertá-lo, você o abre ao meio mais ou
menos até aqui. — Ele indicou um ponto no meio do seu peito. — Agora, se você não
bate tão forte nele, você pode chegar apenas até aqui.
Ele apontou um lugar no meio de suas sobrancelhas. Novamente, acenos
concordando. Alguns acenos de cabeça confusos, mas ainda assim, eram acenos.
— Ele está de algum modo menos morto? — Ele perguntou, e viu algumas
faces mostrando entendimento. — Você tem que aprender a controlar sua força, — ele
continuou. — Mantenha balanceado quando atacar. Não se exija demais. Vocês viram
como foi fácil para eu desviar o ataque do Stig e o desequilibrar. E aquilo o abriu
inteiro para um contra ataque.
— Amanhã, iremos começar um novo treinamento, que irá os ensinar como
bater de um modo balanceado.
Os garotos trocaram olhares, e ele pode ver que tinha fisgado sua imaginação.
Eles estavam pensando em como esse novo treinamento seria.
Bom, ele pensou. Se eles estavam imaginando, isso significava que eles
estavam interessados.
— Isto é tudo por hoje. Vocês podem voltar para sua tenda e descansar.
Amanhã será um dia duro.
Foi Jesper quem fez a pergunta. Hal podia ter adivinhado que seria ele.
Os garotos estavam descansando em seus sacos de dormir, remendando roupas
e equipamentos, afiando armas ou conversando calmamente entre si, quando o ex-
ladrão expressou o pensamento que estava na mente de muitos.
— Como Thorn sabe tanto sobre lutas? — ele disse. — Afinal, até onde eu
lembro, ele era o bêbado da cidade. — Alguns dos outros concordaram, e ele
continuou, com seu olhar procurando Hal.
— Eu quero dizer, todos nós o vimos hoje, quando ele derrubou Stig. E ele fez
parecer tão fácil. — Stig relanceou rapidamente quando ouviu isso, e Jesper
apressadamente fez um gesto de desculpas. — Sem ofensas, Stig. Nós sabemos que
Os Invasores - 69
você não é um oponente fácil de ser vencido. Mas como Thorn conseguiu isso? E
você tem que admitir, ele realmente fez parecer fácil, mesmo se não fosse.
Hal e Stig trocaram um olhar rápido, com Stig fazendo uma pergunta sem falar.
E Hal finalmente acenou.
— Está na hora de eles saberem — ele disse. — Você pode ir buscar Thorn?
Stig concordou e ficou em pé. Assim que ele saiu da tenda, ele ouviu uma
tempestade de perguntas saírem de seus companheiros e sorriu sozinho. Eles teriam
uma grande surpresa.
Thorn puxou para o lado as abas da lona que cobria a entrada da barraca e
entrou através da abertura de luz. Assim que ele fez isso os murmúrios que vinham de
dentro dela pararam abruptamente, e cada olho se voltou para ele. Stig entrou por trás
dele e tomou o seu lugar em seu saco de dormir, sorrindo de expectativa.
Thorn escaneou o circulo de faces incrédulas e estacou em Hal.
— Eu imagino que você falou para eles?
Hal balançou a cabeça. — Era hora de eles saberem — ele respondeu.
Thorn mastigou as pontas de seu bigode por vários segundos, sem saber o que
dizer em seguida. Finalmente ele começou a ser virar e ir para a porta.
— Muito bem — ele disse. — Então vocês sabem.
Houve então uma tempestade de protestos quando os garotos perceberam que
ele ia ir embora.
— Só um momento! — era Jesper, obviamente. — Você não pode ir embora,
fale para nós sobre isso!
— Sobre o que? — Thorn respondeu.
Dessa vez, foi Stefan quem respondeu. — Sobre ser o Maktig — ele disse.
E Edvin adicionou — Três vezes!
— Bem, exigiu muito trabalho duro — Thorn falou incerto. Falar sobre si
mesmo nunca fora um ponto forte.
— Em quais eventos você competiu? — Hal o incitou. Ele podia ver que Thorn
precisava de uma pequena ajuda para continuar. O velho guerreiro olhou para o
infinito, pensando nos dias do concurso para se tornar Maktig.
— Oh... luta livre. Combate simulado com machado e espada. Arremesso de
lança. Corridas a pé. Testes de resistência...
— Como o que? — perguntou Ingvar, e um olhar pensativo tocou as faces
enrugadas de Thorn.
— Como passar a noite na montanha no inverno com nada além de minhas
cuecas.
— E como foi isso? — Ulf perguntou.
70 - Brotherband
Thorn se permitiu um leve sorriso enquanto respondia.
— Frio — ele disse sinceramente. — Muito frio. Quase congelei meu traseiro,
na verdade. — Uma onda de riso correu através dos garotos. Eles estavam sentados o
assistindo. Prestando atenção em cada palavra. E ele olhou de soslaio para Hal.
— Eu não vou sair daqui tão cedo, não é? — Ele disse, e Hal balançou a cabeça
devagar.
Thorn assentiu e se abaixou para se sentar em uma posição com as pernas
cruzadas no chão da barraca. Estranhamente, após todos estes anos tentando enterrar o
passado, ele descobriu que era vagamente agradável falar disso com estes meninos de
olhos arregalados, e ver a admiração imparcial em seus olhos.
— Poderia então ficar um pouco mais confortável então — ele disse, e assim
fez um gesto encorajador. — Muito bem, podem falar.
— As pessoas ficaram surpresas quando você venceu a segunda e a terceira
vez? — Stefan perguntou.
Thorn olhou para ele com um sorriso amarelo — Bem, eu certamente fiquei.
Novamente os meninos riram, e ele sentiu-se mais a vontade, mais em casa.
— Quem foi seu oponente mais forte? — Stig perguntou.
Thorn nem teve que pensar a respeito quando respondeu.
— O pai de Hal — ele disse, e todos os olhares se voltaram para ele, que corou
de prazer. Então Thorn adicionou — Seu pai era muito bom também, Stig. Ele chegou
às semifinais no meu segundo ano.
— Meu pai? — disse Stig, surpreso.
— Ele era um guerreiro muito poderoso. Muito bom com um machado. Você
tem um monte de seu talento.
Stig olhou para baixo, tentando esconder as lagrimas repentinas que saiam de
seus olhos. Em toda sua curta vida, ele nunca havia ouvido alguém falar bem de seu
pai, que havia desaparecido após ter roubado de seus companheiros. Ele ficou feliz
quando Jesper chamou a atenção dos outros.
— Quantos combates simulados você teve que lutar?
Thorn deu um grande suspiro enquanto calculava a resposta para aquela
pergunta.
E foi assim por mais de quarenta minutos, com os meninos ansiosamente
fazendo perguntas, e Thorn respondendo cada uma delas — hesitantemente no inicio,
mas gradualmente ganhando fluência quando percebeu que nenhum de seus jovens
companheiros estava olhando para critica-lo ou deprecia-lo. Muito pelo contrário, na
verdade. Eles estavam contentes por tê-lo como membro da tripulação, felizes por ele
os estar treinando. Orgulhosos de serem seus companheiros e estudantes. Hal estava
Os Invasores - 71
certo, ele pensou; sabendo de suas conquistas poderia fazer deles mais inclinados a
prestar atenção e trabalhar em suas habilidades.
E melhor de tudo, eles não estavam comparando o que ele é agora com quando
ele fora o Maktig. Isso fora antes de suas memórias. Eles estavam comparando-o com
o jeito que ele tinha sido quando ele era um abandonado bêbado trôpego, e a
admiração em seus olhos quando olhavam para ele agora era tudo muito óbvio.
Quando Hal finalmente pediu uma pausa para a discussão, afirmando que o
Maktig pessoal dos Garças tinha um grande dia planejado para eles na manhã
seguinte, Thorn sentiu como se um grande peso fosse tirado de seus ombros — um
peso que estivera lá por muitos longos anos. Ele sabia que esses garotos o admiravam
e respeitavam, e sabia que pela primeira vez em muito tempo, ele tinha uma razão
para se sentir orgulhoso de si mesmo.
Ele acenou com a cabeça boa noite e se levantou para ir embora. Assim que ele
pisou para fora da porta, houve um silêncio momentâneo, em seguida, Jesper o
quebrou.
— Obrigado, Thorn — ele disse simplesmente, e os outros do mesmo jeito
repetiram seus agradecimentos em coro.
Ele saiu na noite e olhou para as estrelas no céu gelado acima. E deu uma
profunda respiração.
— Quem iria imaginar? — ele disse para si mesmo. — Quem iria imaginar?
72 - Brotherband
Capítulo nove
A
tacar! Defender! Atacar! Desviar! Levante-se, Ulf!
— —Sou Wulf — disse o irmão gêmeo com o rosto vermelho.
— Seja como for — Thorn disse a ele. — Só não balance
tanto. Controle-se! Mantenha o equilíbrio! Você também, Wulf —, ele acrescentou
quando o outro gêmeo passou e caiu no chão também.
— Sou Ulf! — O segundo gêmeo protestou quando se levantou, esfregando
suas costas machucadas.
— Diga para alguém que se preocupa, — Thorn disse, olhando para longe com
o som de outro grito e vendo Stefan cair de costas no chão com as pernas para o ar. —
Eu te disse! — Ele gritou para o grupo em geral. — Não balance tanto que você perde
o equilíbrio. Comece aos poucos e gradualmente aumente o balançar. Vá com calma!
Os oito Garças estavam tentando dominar a nova técnica de Thorn na prática.
Enquanto estavam em sua corrida matinal pela praia, ele montou oito obstáculos
baixos. Em cada um, um galho redondo resistente foi apoiado cerca de vinte
centímetros do chão por uma forquilha em cada extremidade. As forquilhas foram
lubrificadas para que o galho rolasse e girasse facilmente nelas. O resultado foi uma
plataforma altamente instável para a prática de movimentos básicos de combate. Cada
um dos meninos tomou uma posição sobre um dos obstáculos e tentou manter o
equilíbrio enquanto praticava golpes de machado e defesas com o escudo.
Como Ulf, Wulf e agora Stefan já tinham descoberto, se eles balançassem
muito perderiam o equilíbrio, o galho redondo iria rolar sob os seus pés e eles cairiam
no chão.
No caso de Ingvar, Thorn tinha decidido deixar o garotão simplesmente praticar
equilíbrio no galho, sem tentar qualquer golpe simulado com o seu porrete.
— É tão pesado que nunca irá conseguir manter sua posição se você balançar
isto — disse a Ingvar. Agora Ingvar, a ponta de sua língua aparecendo através de seus
dentes, estava balançando precariamente em seu poleiro, braços estendidos ao bater no
ar para manter o equilíbrio.
— Relaxe — Thorn disse enquanto ele passava. — Se você ficar tenso, nunca
vai recuperar o seu equilíbrio. Solte os músculos e mantenha seus movimentos
contidos.
Enquanto ele falava, Ingvar oscilou para trás, o galho virou e ele caiu, mal
conseguindo impedir de se estatelar no chão.
Os Invasores - 73
— Mais contidos do que isso — Thorn disse a ele. Ingvar balançou a cabeça e
voltou devagar para o obstáculo, balançando e agitando os braços para manter-se
equilibrado. Ele forçou seus músculos tensos á relaxar e sorriu para Thorn quando
sentiu o pé firme.
— É muito melhor — disse ele, e imediatamente caiu para frente, batendo no
chão com um baque que fez Thorn estremecer. O velho guerreiro seguiu em frente
quando Ingvar se levantou novamente.
Os meninos estavam com variados graus de sucesso neste exercício. Hal e Stig
tinha dominado a técnica de forma relativamente rápida. Mesmo que tivessem caído,
eles poderiam controlar o movimento para que pousassem em seus pés. Jesper tinha o
dom também. Thorn franziu ligeiramente a testa, enquanto observava ele. Jesper era
um espertinho e tendia a ser preguiçoso - o que era uma pena, pois ele tinha muito
talento atlético natural.
Ulf e Wulf estavam deixando o seu mau humor habitual causar-lhes problemas.
A cada queda, eles lutavam furiosamente para voltar às barras transversais e começar
de novo. Mas sua frustração estava fazendo-os mover-se muito rápido, e em poucos
segundos, eles perdiam o equilíbrio e caiam no chão novamente. Era quase como se
sentissem que, movendo-se rapidamente de volta para o poleiro, eles iriam apagar o
fato de que tinham caído em primeiro lugar. Seria melhor esperar alguns segundos,
tranquilizar-se, então acelerar com cuidado.
Pelo menos eles tinham aprendido a não tentar recuperar o equilíbrio a todo
custo. Isso apenas levaria a uma queda mais grave quando a peça transversal girasse
de repente e jogasse fora seu ocupante. Agora, uma vez que os gêmeos sentissem o
equilíbrio chegando, eles aceitariam o inevitável e desceriam. Então, eles bufaram e
começaram de novo - geralmente lançando um insulto para o outro, como fizeram.
— Movam-se lentamente — Thorn exortou-os mais uma vez. Mas ele tinha
pouca esperança de que prestassem atenção nele. Ele deu de ombros. Eventualmente,
iriam aprender da maneira mais difícil a serem mais cautelosos em seus movimentos.
Ele deixou a sessão de treino continuar por mais alguns minutos, em seguida,
mandou parar. Cansados, os Garças desceram, ou, em alguns casos, tropeçaram de
seus poleiros e sentaram na grama. Alguns deles esfregavam os músculos da
panturrilha com cãibras, os tornozelos doloridos e os tendões do calcanhar. Tentando
ficar equilibrados em uma vara tão incerta colocava grande pressão sobre os músculos
e articulações, Thorn sabia.
Ele sorriu para eles. — Difícil, não é? — Havia concordância ao redor. —
Vocês vão pegar o jeito da coisa em pouco tempo.
— O que acontece quando fizermos? —, perguntou Edvin. Ele e Stefan tinham
passado razoavelmente sobre os obstáculos. Eles não eram excepcionalmente bons,
nem eram excepcionalmente ruins. O que praticamente resumiu os dois nos exercícios
físicos. Eles eram de nível médio. Ainda assim, Thorn pensou consigo mesmo, ele iria
trabalhar para torná-los acima da média.
74 - Brotherband
Ele olhou para Edvin ao respondeu. — Quando você puder ficar sobre as traves
sem cair por dois minutos, vamos combiná-lo com lutas práticas.
— Naqueles gloriosos poleiros? — Edvin disse incrédulo. E quando Thorn
assentiu, ele balançou a cabeça. — Nós nunca vamos conseguir.
— Você pode se surpreender — Thorn disse a ele. — Agora, quando você tiver
alguns minutos de descanso, que tal começar a fazer o almoço?
— Ulf e Wulf — Hal disse — vocês podem ajudar Edvin. Acenda o fogo para
ele Ulf. Wulf, você pode buscar água fresca e casca de algumas verduras. Qualquer
outra coisa que você precise fazer Edvin?
Edvin balançou a cabeça. — Isso deve bastar. Nós temos um pouco de veado
frio sobrando, e assei um pão na noite passada.
Thorn ouviu o dialogo. Era interessante, pensou, como Hal rapidamente
reassumiu o controle quando os treinos acabaram. Enquanto eles estavam trabalhando
em suas habilidades de combate, Thorn estava indiscutívelmente no comando. E ele
notou que, desde a sua conversa na noite anterior, os meninos pareciam prestar mais
atenção às suas instruções do que antes. Mas no momento em que a disciplina e
tarefas do acampamento voltaram ao normal, Hal assumiu novamente sem parecer
pensar sobre isso. Não pela primeira vez, Thorn refletiu que o menino era um líder
natural.
Hal levantou de onde havia se esparramado na grama, esfregando os músculos
da panturrilha ferida, e atravessou até Thorn. Ele estava mancando um pouco com os
músculos com cãibras e nós.
— O que você tem em mente para esta tarde? — ele perguntou. Thorn acenou
na direção do artefato, que estava suspenso acima do chão nas proximidades.
— Eu vou dar-lhes outra sessão na rede — disse ele. — Eles vão achar que é
muito mais fácil depois daqueles rolos lubrificados.
— Você pode poupar Ingvar e a mim? —, perguntou Hal.
Thorn assentiu. — Por que não? Se você sentir que está ficando para trás,
sempre pode se juntar a ele em uma de suas sessões de treino de meia-noite.
Hal ergueu as sobrancelhas para isso. — Oh, você já o viu também, não é?
Thorn olhou de relance para Ingvar, que estava sorrindo e conversando com
Stig e Stefan. — Ele quer muito ser um membro valioso da tripulação.
Hal seguiu seu olhar. — Ele vai ser — disse ele. — Quando você vir no que
temos estado trabalhando, saberá o que quero dizer. Ele vai fazer um trabalho que
nenhum dos outros conseguiria.
— Bom. Todo mundo precisa sentir que ele está contribuindo com a equipe e é
fácil para alguém como Ingvar se tornar alvo de piadas. Então, quando é que vamos
começar a ver esta maravilhosa engenhoca nova de vocês? — perguntou Thorn.
Os Invasores - 75
Hal considerou a questão. — Se tudo correr bem, esta tarde. Nós temos alguns
ajustes finais a fazer.
— Nenhum pequeno detalhe negligenciado? — Thorn disse, quase conseguindo
conter o sorriso que queria sair em seu rosto.
Hal suspirou. — Eu achei que você e Stig tinham superado isso.
Thorn assumiu um olhar de preocupação. — Você gostaria que parássemos de
dizer isso?
Hal deu-lhe um olhar duro. — Sim. Por uma questão de fato, eu gostaria.
Thorn finalmente deixou o sorriso aflorar.
— Não vai acontecer — disse ele alegremente.
— Não pensei que fosse.
Depois de quarenta minutos de trabalho duro no artefato, Thorn parou para um
período de descanso e os meninos caminharam de volta para suas tendas para se
esticar em seus sacos de dormir e relaxar. Thorn tomou um assento em um toco de
árvore perto da lareira e fez uma caneca de café. Seu suprimento de grãos de café era
limitado e decidiu esperar até que os meninos não estivessem por perto antes de
fazer outra panela.
— Não há sentido em desperdiçá-lo com eles —, disse a si mesmo, substituindo
por um saco de feijão do esconderijo que Edvin não tinha idéia de que ele conhecia.
Ele ficou satisfeito com o progresso dos meninos nos exercícios de agilidade
que inventara para eles. Em poucos dias, começou a trabalhar sobre os melhores
pontos de técnicas de combate. Ele também ficou satisfeito com a mudança da
atmosfera no acampamento. Não havia nada como o trabalho duro e músculos
doloridos ao final do dia para manter os meninos ocupados, pensou. Mas, mesmo que
tivesse esse pensamento, percebeu que ele e Hal teriam de continuar a tocar as
mudanças e criar novas maneiras de aumentar as habilidades da tripulação.
— Se o tempo facilitasse, poderíamos levar o navio para o mar —, disse
consigo mesmo. — Um período remando e o manuseio com as velas faria maravilhas
para eles.
Mas mesmo que tivesse havido algumas calmarias nos últimos dias, nenhuma
delas durou muito tempo e sempre havia o risco de ser pego em mar aberto, quando as
tempestades retomavam. Eles podem sempre praticar remo nas águas calmas de Baía
do Abrigo. Mas tal exercício seria bastante inútil. Eles tinham estado em torno de
barcos e navios por toda sua vida e sua técnica de remo era perfeita. Simplesmente
remar para cima e para baixo na baía não prenderia sua atenção por muito tempo.
Enquanto ele estava meditando sobre isso, se tornou consciente de um som
muito fraco. Uma voz? Não, duas vozes.
Ele se levantou e olhou para a praia. Com certeza, as figuras distantes de Hal e
Ingvar estavam olhando para trás em direção ao acampamento. Ele podia ver as faces
76 - Brotherband
pálidas de seus rostos. Em seguida, eles levantaram as mãos em concha em torno da
boca, e alguns segundos depois, ele ouviu o som fraco de novo, levado pelo vento.
— Tho-o-orn!
— Já era tempo — ele murmurou. Ele acenou para eles, deixando-os saber que
ele tinha ouvido, em seguida, jogou os restos de seu café no fogo. Ele estava
arrumando a caneca de boca para baixo quando um pensamento lhe ocorreu. Edvin
talvez possa identificar os restos de seu café no pote. Ele inclinou a água fresca do
balde em pé ao lado da lareira, girou ao redor até que não havia nenhum traço ou
cheiro de café deixado, e jogou-a fora.
Então, ele caminhou a passos largos para a tenda onde os meninos estavam
relaxando, alguns falando em voz baixa, vários cochilando e outros trabalhando na
reparação de roupas e equipamentos rasgados ou danificados. Aqueles que estavam
acordados olharam para cima quando se aproximou. Ele apontou o polegar em direção
à praia.
— Se algum de vocês estiver interessado —, disse ele, — o grande inventor
está pronto para mostrar-nos o seu mais recente trabalho.
Isso definitivamente ganhou o interesse. Desde que tinham visto o sucesso do
projeto da vela revolucionário de Hal, os Garças tenderam a tratar as capacidades
inventivas de Hal com grande respeito. Thorn e Stig, que tinham visto uma ou duas de
suas idéias geniais darem desastrosamente errado ao longo dos anos, estavam um
pouco mais céticos.
Mas agora, com os meninos saindo ansiosamente para fora da tenda, indo para a
praia em grupos irregulares, Thorn sentiu um pequeno arrepio de antecipação. Na
maioria das vezes, as idéias de Hal funcionaram, e funcionaram bem. Sem perceber,
ele encontrou-se apressando o passo para acompanhar os meninos.
O que quer que Hal tenha para mostrar-lhes, ele não queria ser o último a vê-lo.
Os Invasores - 77
Capítulo dez
— É uma besta — disse Stig, sacudindo a cabeça com espanto, enquanto olhava
para o dispositivo.
— Como você vai atirar?— Ulf perguntou. — Você nunca conseguirá levantá-
lo.
— Engenhoso — Stig disse, e ele sorriu para o amigo com admiração. — Você
já testou? Ele dispara bem?
Hal mostrou ao seu amigo um sorriso frio. Ele estava esperando a inevitável
questão sobre os pequenos detalhes e suspeitava que esse pudesse ser um prelúdio
para isso.
— Ele dispara muito bem — disse ele. — Nós o testamos esta manhã. Ele
consegue lançar um desses por quase quatrocentos metros.
— Eu não consigo — disse Hal. — E duvido que algum de vocês possa. Mas
Ingvar consegue.
Ele gesticulou para Ingvar demonstrar. O menino grande deu um passo à frente,
sorrindo, e um pouco envergonhado por ser o centro das atenções. Havia duas
alavancas, um conjunto de cada lado, inclinado para frente e chegando logo abaixo da
corda. Elas foram unidas por uma haste que atravessa o transporte, sob o corpo da
proa.
Ele puxou a alavanca para cima e para trás, e como elas viraram, pegou as
alavancas e a corda e começou a desenhá-lo de volta.
— Se você assim quiser — disse ele, sorrindo. Ingvar mudou-se para um lado
para dar-lhe acesso ao arco e tomou-o se detendo sobre eles.
E parou.
O sorriso sumiu de seu rosto quando ele percebeu que tinha movido a corda só
na metade do caminho antes que pudesse movê-lo para mais longe. Ele fez força e
poderosamente a cadeia mudou para mais alguns centímetros. Então, sacudindo
cabeça, ele deixou as alavancas para baixo novamente e fez um gesto para Ingvar.
— Mostre-nos como se faz — disse ele. Ele suspeitava que Hal tivesse
arranjado a demonstração não para tirar sarro dele, mas para indicar capacidade única
de Ingvar para seus companheiros. Ingvar entrou em cena novamente, aproveitou a
alavancas e arrastou-os por todo o caminho de volta em um movimento suave, até que
a corda fosse envolvida em uma trava definida no corpo do arco e estivesse apertada,
totalmente armada. Ele substituiu as alavancas em sua posição original, abaixo do
corpo principal do arco.
Os Invasores - 79
Houve um murmúrio de apreciação dos Garças reunidos. Stig era mais forte do
que qualquer um deles, exceto de Ingvar. Se ele não conseguisse armar o arco enorme,
eles sabiam que nenhum deles seria capaz de fazer isso. Hal chamou a atenção de Stig
e acenou para ele, confirmando a suspeita antes de Stig.
— Eu queria que vocês vissem isso — disse Hal. — Sem Ingvar, este arco seria
inútil. Ele vai carregar o arco para mim enquanto eu estiver atirando.
Houve um coro geral de aprovação e entusiasmo de sua equipe. Era uma idéia
verdadeiramente radical, mas eles esperavam ideias radicais de seu skirl. Até mesmo
Thorn parecia impressionado.
— Você pretende armar o navio — disse ele. Era algo que os Escandinavos
nunca tinham feito. Eles usaram os próprios navios como uma maneira de chegar a
uma batalha, não como uma forma de combatê-la.
— É isso mesmo. O navio se tornará nossa arma. Se ficar muito perto do Corvo,
eles chegarão a nós. Desta forma, poderemos manter a nossa distância e emaga-los. —
Ele olhou para Stig. — Você vai ter que tomar o leme enquanto estivermos lutando
contra ele. — acrescentou.
80 - Brotherband
Ele voltou seu olhar sobre Ulf e Wulf. — E isso significa que os dois vão ter
que trabalhar juntos sem a habitual briga de vocês — disse ele firmemente. — Nossas
vidas vão depender de cooperação. Se vocês dois não puderem cooperar, eu vou ter
que mandar Ingvar jogá-los ao mar.
— E eu farei isso. — disse Ingvar muito sério. A tripulação sentiu que Ingvar
faria qualquer coisa que Hal lhe pedisse. E, depois de ter visto a exibição recente de
sua força incrível, ninguém duvidava de sua capacidade para realizar tal ordem.
— Nós não vamos desaponta-lo, Hal. Você tem a minha palavra —, disse Ulf.
— O mesmo vale para mim — acrescentou Wulf. — E não é apenas por causa
da ameaça de Ingvar - embora eu saiba que ele pode fazê-lo.
— E todos nós sabemos que ele faria isso — Ulf concordou. — Mas também
sei que você está certo. Todas as nossas vidas dependerão do manuseio rápido das
velas e do trabalho em equipe.
Hal olhou de um para o outro, olhando fundo nos olhos deles. Ele podia ver que
sua mensagem tinha obtido sucesso. Houve um novo olhar de determinação sobre os
gêmeos.
— Bom — disse ele. —Estou feliz em ouvir isso. — Então, como Ulf levantou
uma mão hesitante, ele continuou: — Sim, Ulf, o que é isso?
— Nós temos que parar de brigar quando não estivermos lutando contra o
Corvo? Quer dizer, em tempos normais como este? Não temos que parar de brigar
agora né?
— Seria bom se vocês não brigassem — disse ele. — Mas eu suspeito que
possa ser um pouco demais para fazer.
— Acho que sim — disse Ulf, que Hal havia anteriormente assumiu ser Wulf.
— Nós somos meio que... acostumados com isso, eu suponho.
— Devo dizer, estou aliviado — disse Stig. — Não seria a mesma coisa se não
estiverem constantemente criticando um ao outro.
— Sim, não seria a mesma coisa — Edvin concordou, — mas seria uma
mudança agradável. — Ele disse que em um tom cansado, mas não havia nenhum
sentido subjacente de bom humor ou de risadinhas em meio às palavras.
— Está tudo muito bem e bom — disse ele. — Mas nada disso importa se esta
máquina monstruosa não funciona. — Ele apontou o polegar para a besta enorme,
encostada em seu carro como uma ave de presa com suas asas abertas. — Você acha
que você pode ser capaz de nos mostrar o que ela pode fazer?
Hal assentiu e se mudou para ficar atrás da arma enorme. Ele agachou-se e
avistou-os rapidamente para fazer um comprimento, em seguida, olhou para Ingvar.
Ingvar começou a tocar na extremidade da alavanca com sua mão direta dando
curtas batidinhas, golpes afiados que moviam a besta alguns centímetros de cada vez.
Finalmente, Hal levantou o braço e Ingvar parou.
82 - Brotherband
— É isso aí — disse Hal. Ele ficou para trás e virou-se para os outros. —
Quando eu colocá-lo em um suporte giratório, será muito mais fácil de transportar de
um lado para outro — disse-lhes. — No momento, estamos usando o que Ingvar pode
fazer com poder dos músculos. — Ele sorriu para o jovem gigante, que sorriu de
volta.
—... formou as atrações para aqueles alvos na praia esta manhã. Nós andamos a
distância e os configuramos com um intervalo de 50 passos. O mais próximo fica a
cem passos de distância.
Agora, como os outros olharam na direção que ele estava apontando, eles
puderam fazer uma série de cinco alvos de madeira criado em postes cravados na
areia. Thor olhou para o mais próximo. Tinha a forma de um quadrado, feito de ramos
grossos pregados em uma moldura de madeira. Os lados da estrutura pareciam ser de
cerca de um metro de comprimento.
— Isso indica uma faixa de cem metros — disse ele. — Quando eu alinhar esta
marca com o cordão da mira terei a elevação correta para o tiro.
— Isso é como a visão sobre sua besta pequena — disse Stig, reconhecendo o
sistema.
— É isso mesmo. Eu pensei que se funcionava corretamente lá, daria certo aqui.
E funciona.
Ele agachou-se e concentrou-se mais uma vez na imagem avistada. Ele viu a
corda da mira em linha com a meta, mas um pouco abaixo da marca graduada na mira.
Sua mão foi para roda dentada de madeira que os meninos tinham notado antes e
fechou-o lentamente. A frente do arco começou a subir quando ele fez isso. Então ele
parou, marcada mais uma vez e acenou com a cabeça para si mesmo. Ele pegou o
projétil pesado que estava deitado no chão ao lado dele e colocou-o em águas rasas da
Os Invasores - 83
calha cortando no topo do arco, a montagem de um entalhe na sua extremidade para o
cabo de espessura.
— Não admira que ele saia da mira quando você atira — Stig murmurou.
— Certo... bem... bem... fácil agora. Um pouco pra direita. Um pouco mais. Um
pouco mais. Pare!
Seu braço voou em um sinal para parar. Ingvar colocou o polo de lado e ficou
com Hal por ferir a roda de elevação e a frente do arco veio mais e mais para cima.
Hal olhou para as vistas, fez outro pequeno ajuste para cima.
Mais uma vez, houve o barulho maciço da madeira batendo em madeira, e mais
uma vez, a besta contraiu com o recuo. Desta vez, os observadores puderam
acompanhar o voo do projétil mais facilmente, enquanto voava através de uma
distância maior e com um arco ligeiramente superior de voo.
Hal estava sorrindo, aliviado a manifestação que tinha ido tão bem. Stig
avançou e bateu-lhe no ombro.
— Você fez de novo! — Disse. — Isso é brilhante - e não podemos deixar que
os pequenos detalhes sejam esquecidos — Ele acrescentou com um sorriso gigante e
outro tapa caloroso na parte de trás. Hal aceitou um tanto filosoficamente. Stig passou
a mão ao longo da madeira alisando a besta enorme e admirando a obra que tinha ido
para ele. Não havia nada ornamentado nela. Era simplesmente uma máquina bem
trabalhada.
— Eu mal posso esperar para ver o rosto de Zavac quando você começar a fazer
grandes buracos em seu navio! — Disse.
— Eles pularão no mar! — Ulf concordou, e todos riram com eles enquanto se
reuniam em volta do besta para admirá-la.
Wulf bufou com desdém. — Você quer dar-lhe um nome de mulher — ele
zombou.
Ulf ficou vermelho. Às vezes, ele desejava que ele pudesse se lembrar de
pensar duas vezes antes de falar. Ou até mesmo uma vez.
— Que tal o Martelo de Gorlog? — Edvin sugeriu. Os outros olharam para ele,
franzindo a testa.
Os Invasores - 85
— Naaah. Ainda muito clássico — disse Stig. — Nós queremos um bom nome
sanguinário para ele.
— Eu gosto nome que Thorn chamou — disse ele. Eles olharam para ele com
curiosidade, e então os lembrou. — O Mangler.
— Esse será o nome dele então, tudo bem — Ulf colocou, e até mesmo seu
irmão teve de concordar com isso.
Hal sorriu Stig. — Bem, o que você acha? É sanguinário o suficiente para você?
— Stig acenou, sorrindo amplamente por sua vez.
86 - Brotherband
Capítulo onze
O
Garça-Real navegava pela Baía do Abrigo.
Hal riu, virou-se e fez seu caminho até a proa. Ele passou por Ulf e Wulf, que
estavam agachados junto à grande vela enrolada. Acenaram para ele com rostos
sérios, e ele acenou de volta, sabendo que estavam obedecendo à regra de não discutir
a bordo. Ele abaixou-se sob as saias laterais do suporte do mastro e juntou-se a Ingvar
ao lado do Mangler.
Os Invasores - 87
A besta enorme agora estava montada sobre uma plataforma de madeira que
girava num ângulo de quarenta e cinco graus para ambos os lados da proa. Hal
adicionou ao suporte um pequeno banco para que ele pudesse observar o horizonte à
medida que Ingvar movesse a arma para os lados. Ele agachou-se sobre ela agora,
vendo o alvo em terra.
Virou-se então para Edvin, que estava esperando para retransmitir suas
instruções para Stig, e apontou para estibordo.
— Vamos para estibordo! — Edvin gritou, e assim que Stig deu um puxão no
leme, a proa começou a balançar, e o vento veio pela popa, Ulf e Wulf deixaram a
vela solta de modo que ela se projetou do casco. Foi uma manobra previamente
combinada que eles haviam discutido na noite anterior e todos sabiam a sua parte.
Thorn avançou pelo convés e ficou de costas para o mastro para observar o tiro.
— Pare — ele falou assim que a paisagem se alinhou com o alvo. Ingvar já
tinha engatilhado e carregado à arma enquanto Hal foi caminhando para a frente. A
mira ainda estava abaixo da meta, mas à medida que o Garça-Real se aproximava da
costa, foi gradualmente subindo. O navio estava lançando-se com as ondas, de modo
que a paisagem começou a mover-se ligeiramente acima da mira, e em seguida, descia
de novo. Ele teria que compensar isso, Hal pensava. Ele esperou até que o alvo
estivesse no meio do campo de visão, e puxou o cordão do gatilho.
SLAM!
— Errou — disse Thorn. Ele podia ser o mais velho membro da tripulação, mas
seus olhos ainda eram mais afiados do que os de qualquer outro.
— É cedo ainda — disse ele. — Não é fácil atirar a partir de uma plataforma
móvel.
88 - Brotherband
— Retornar — disse Hal para Edvin, que repetiu a ordem a Stig. Estavam
chegando muito perto da praia. Hal não conseguiu esconder a decepção em sua voz.
Ele esperava por um tiro perfeito na primeira vez.
— Chegou perto? — Ingvar perguntou. Claro, Hal pensou, ele não conseguiu
ver o resultado.
Hal encolheu os ombros. Pelo menos isso era alguma coisa, pensou. Ele olhou
para Thorn.
Mas o sucesso continuou a iludir Hal. Eles tentaram mais quatro vezes. Na
terceira, o dardo bateu na lateral direita do alvo. Em todos os outros, passou perto —
ou acima, ou abaixo, ou ao lado. Hal ficou com apenas um dardo para a besta.
— Nós vamos ter que chegar mais perto — disse ele. — Estamos lançando e
rolando e o Corvo vai fazer o mesmo. Cem metros é muito longe para a precisão.
Vamos levar o Garça-Real a cinquenta metros para o último tiro.
Hal abriu as mãos em um gesto impotente. — Não é bom ficar longe, se não
posso acertar.
Thorn assentiu relutante. — Você vai ficar bem na linha de tiro, se algum deles
for arqueiro — ressaltou.
Os Invasores - 89
As sobrancelhas de Hal uniram-se em frustração. — Vamos lidar com isso mais
tarde — disse. — Vamos ver se conseguimos acertar o alvo a 50 metros.
Ele fez um rápido cálculo mental ao voltar para a proa. A configuração mínima
para a pontaria era cem metros, e o dardo voou praticamente plano nessa distância. Se
ele ajustar a pontaria um pouco abaixo da meta, deve ser suficiente.
— Carregue-a — disse ele para Ingvar. Assim que o menino grande soltou o
cabo de volta e colocou o último dardo em seu encaixe, ele disse o que estavam
planejando. A boca de Ingvar curvou-se numa expressão pensativa.
Hal assistiu a subida e descida da mira. Permitindo o ligeiro atraso entre a puxar
o gatilho e liberação da besta, ele precisaria estar um pouco abaixo de seu ponto
selecionado de pontaria.
SLAM!
— Mantenham distância! — Falou, e Stig virou a proa mais uma vez. Hal caiu
em sua cadeira. A tensão dos últimos minutos o tinha esgotado. Os outros meninos
estavam dando vivas. Jesper e Stefan estavam dançando uma jiga no convés entre os
bancos de remo. Mesmo Ulf e Wulf davam tapinhas nas costas um do outro.
Thorn lhe deu um tapa no ombro. — Bom trabalho! — Disse ele, com um
sorriso largo no rosto. Hal revirou os olhos.
90 - Brotherband
— Talvez. Mas você estava certo. Nós vamos ficar muito perto deles. Vou ter
que descobrir como lidar com isso.
Mas 50 metros era uma distância perigosa, como Thorn tinha apontado. Além
do risco de flechas ou outros projéteis sendo disparados do Corvo, não havia margem
para quaisquer erros na manipulação do navio.
Ele discutiu o problema com Stig e Thorn tarde da noite, quando os outros já
tinham se recolhido para seus beliches.
— Não é tão ruim quanto você pensa, — Stig disse. — Afinal, o Corvo é muito
maior do que um alvo de um metro. Se você atirar a uma distância de cem metros,
você não vai errar o tiro completamente.
— Por isso, precisamos chegar perto — disse Thorn e, quando Hal olhou para
ele, continuou. — Nós sempre poderemos montar nossos escudos numa altura maior
sobre os baluartes para proteger a tripulação. E Edvin poderia cobrir você e Ingvar
com um escudo.
— E isso não é uma qualidade pela qual eles são reconhecidos — Thorn disse.
Apesar de não haver nenhuma prova, ele estava convencido de que o Corvo estava por
Os Invasores - 91
trás do desaparecimento de uma pequena frota de comércio escandinavo muitas
semanas atrás.
Hal franziu os lábios, pensativo. — Nós ainda vamos precisar usá-los em algum
lugar — disse. — E eles têm uma boa percepção para o manejo da vela, você não
acha, Stig?
— Sim — Stig concordou. — É uma coisa meio que instintiva fazer exatamente
o certo para obter o melhor desempenho do navio. Eles têm tato para isso. Eu não
tenho que ficar falando para eles ajustarem isso ou aquilo. Eles fazem certo já na
primeira vez.
— Eu não acho que precisamos nos preocupar com isso. Eles sabem que suas
vidas dependem disso.
Houve um breve silêncio enquanto consideravam isso. Então Hal tomou uma
decisão.
Thorn olhou intensamente para ele por alguns segundos. Não havia nenhum
traço de dúvida na voz de Hal, ou em seus olhos. Finalmente, o guerreiro maltrapilho
assentiu.
— Tem mais uma coisa que eu quero trazer à tona —, disse Hal. — Você disse
que a chave para ganharmos a luta é a velocidade e a agilidade.
92 - Brotherband
à sua velocidade máxima. E precisamos fazer com que ele volte e mude de curso o
mais rápido que ele puder.
— Acho que podemos deixá-lo mais rápido —, disse Hal. Ele olhou para
Thorn. — O que você acha Thorn? Você acha que ele é mais rápido do que o Corvo?
— Na maioria das vezes, sim —, disse ele. — Se houver um vento bom. Mas,
se o vento diminuir e o Corvo baixar os remos, ele vai ser mais rápido. E vai girar
mais rapidamente. Tudo o que Zavach precisará fazer é remar para trás de um lado,
para frente do outro e girar em seu próprio eixo. Qual é a sua ideia?
Hal fez uma pausa, ordenando seus pensamentos. — Dois anos atrás, fui a uma
viagem comercial com Anders — disse ele. — Ele estava comprando corda e
madeira e fomos para vários portos do Sonderland. Eu vi algumas de suas grandes
embarcações de comércio lá. Eles tinham enormes placas de madeira de cada lado do
navio que eles poderiam levantar ou baixar como quisessem. — Ele olhou
interrogativamente para Thorn, que assentiu.
Thorn concordou com ele. — Essas balsas de Sonderland são de laje maciça
dos lados — disse ele. — O Garça-Real tem uma construção muito mais leve e o
casco é curvo. Não haveria lugar para colocar placas - não há estrutura para apoiá-las.
—E como você vai montá-la lá? — Thorn ainda estava tentando fazer sua
mente captar essa idéia.
Os Invasores - 93
— Só um momento! —Stig protestou. — Você está planejando cravar uma
prancha ao lado da quilha?
Thorn ergueu as sobrancelhas. Como regra geral, ele confiava nas ideias de Hal,
mas esta parecia extrema.
Mas Hal não foi muito longe antes de Stig interrompê-lo de novo.
Stig jogou as mãos para cima novamente. — Bom, é uma questão bastante
óbvia, não é? Você com certeza deve ter alguma recordação da água entrando onde
não deve.
Thorn decidiu que talvez fosse hora de intervir. Pelo menos, pensou ele, Hal
deveria ter chance de explicar a sua idéia.
94 - Brotherband
— Quem está interrompendo? — Stig disse. Então, captando o olhar de aço de
Thorn, ele amenizou. — Ah... tá, bem. Acho que eu estou.
— Isso seria bom — disse Hal. Ele fez uma pausa, para ver se seu amigo não
tinha mais nada a dizer. Como ele não disse nada, Hal continuou. — Veja bem, a água
busca seu próprio nível...
— Isso é o que eu estou dizendo! Você faz um buraco e ela vai buscar o seu
próprio nível. Ela virá para o barco e vai afundá-lo e todos nós vamos nos afogar. —
Ele parou e balançou a cabeça para Hal. — Mas a sua maneira de colocar é muito
mais científica.
— Stig — disse Thorn, — se você não calar a boca por cinco minutos, eu vou
te levar para a praia e te afogar agora mesmo. Você não terá que esperar o barco a
afundar.
Stig encontrou os olhos de Thorn e viu um brilho desagradável lá. Ele sentiu
que o velho lobo do mar não estava fazendo uma ameaça vã.
— Tudo bem — ele disse muito sem graça. — Eu vou calar a boca.
— Se desse para creditar nisso — Hal começou. Mas Thorn cortou irritado.
— Não comece ou eu vou afogar vocês dois! Vamos em frente com este seu
esquema louco.
— Ah! — Disse Stig, sentindo que ele foi justificado pelas palavras de Thorn.
Thorn lançou-lhe um olhar furioso.
— Tudo bem. Stig, você está certo, se eu fosse fazer um buraco no fundo do
barco, estaríamos em apuros. — Ele levantou a mão para parar as palavras que
saltavam aos lábios de Stig. — Mas eu não vou fazer isso. Eu vou remover uma seção
de prancha ao lado da quilha, e então eu vou construir uma ensecadeira em volta dela.
Os Invasores - 95
— Ensecadeira — Hal o corrigiu. — É como uma barreira contra a água - uma
caixa reforçada em torno da abertura nas tábuas, que se estende além da linha da água.
A água vai subir até a linha de água do navio, e então vai parar.
Stig franziu a testa, sem entender. Thorn parecia um pouco mais convencido,
mas ele não tinha cem por cento de certeza.
— Porque ela atinge o seu próprio nível. Ela atinge o nível fora do casco e não
vai além disso.
— Você tem certeza? — Thorn perguntou. Tudo parecia muito teórico. Mas, na
sua experiência, as teorias nem sempre funcionam na prática.
— Nós vamos olhar de manhã, então — ele concordou. — Por enquanto, vamos
dormir.
— Um dia, seus joelhos vão ranger também — disse-lhes. Stig olhou para ele e
revirou os olhos.
96 - Brotherband
Capítulo doze
O
modelo era uma simples caixa retangular, um metro e meio de
comprimento, meio metro de largura e aberto no topo.
No centro da parte inferior, Hal talhou um furo retangular
estreito. Ele havia inserido outra caixa de quatro lados para isso, aberta na parte
superior e inferior, posicionando-a para que ela se elevasse a quase metade da altura
dos lados da maior caixa. Ingvar carregou a estrutura de madeira para a beira da água.
Eles haviam escolhido piscina natural feita de rochas para o experimento. Ao gesto de
Hal, Ingvar colocou a caixa grande na água.
Stig esticou-se a frente rapidamente, com a expectativa de ver a água
transbordando através da caixa menor e fluindo fora para a maior. Ele franziu a testa
em decepção quando viu que nada disso estava acontecendo. A caixa grande larga
flutuava serenamente sobre a superfície da água. A água subiu um centímetro ou dois
dentro da caixa menor, depois parou.
— A grande caixa está atraindo cerca de dois centímetros de água —, disse Hal.
— E isso é tanto quanto a água vai chegar através da caixa menor. Coloque algumas
rochas, Ingvar.
Havia uma grande quantidade de pedras disponíveis e Ingvar começou carregá-
las cuidadosamente na caixa. Ela afundou na água, enquanto o peso extra era
adicionado, até que a água tivesse atingido uma marca Hal tinha feito no lado.
— Verifique agora — disse ele.
Tanto Thorn quanto Stig avançaram na água, na altura do joelho, e olharam
para a caixa central e mais estreita. A água tinha subido para a segunda marca que Hal
tinha feito no interior.
— Essa marca corresponde à marca do lado de fora do casco — explicou Hal.
— Enquanto o barco começa a afundar, a água vai subir no interior - mas apenas na
medida em que faz do lado de fora.
— Fascinante — Thorn disse, balançando a cabeça enquanto olhava para a
caixa. — Acho que é lógico, quando você o vê. Mas você sabia que isso iria
acontecer, não é?
Hal hesitou, depois decidiu verdade era a melhor opção.
— Eu pensei que poderia trabalhar assim, mas eu não podia ter certeza. — Ele
sorriu para Stig. — Afinal de contas, parece ser tentar o destino colocar um buraco no
fundo de um barco. É por isso que eu pensei que eu deveria testá-lo.
Os Invasores - 97
— Eu não achei fosse dar certo também — disse Ingvar. — Mas Hal parece
saber sobre essas coisas.
— Sua fé em mim é tocante, Ingvar — Hal disse, e olhou significativamente
para Stig.
Seu amigo deu de ombros, imperturbável. — Isso é porque ele nunca viu o que
aconteceu com aquele barril na parede da cozinha — disse ele. — Mas eu tenho que
admitir que você está certo desta vez. Agora, diga-me, qual é o ponto de fazer esta,
artimanha se puder chamar assim?
— Tudo bem — disse Hal, de repente, estava todo rápido e eficiente
novamente. — Vamos supor que estamos velejando e o vento está vindo do lado. Nós
cortar com a vela hasteada, e o barco se inclina sobre a pressão do vento, certo?
Thorn e Stig assentiram. Hal apontou para Ingvar e ele empurrou para baixo de
um dos lados da caixa, inclinando-a para representar um barco à vela.
— Agora, quanto mais forte puxarmos a vela, mais rápido nós vamos. Mas...
quanto mais tensão aplicarmos, mais o barco se inclina.
Ingvar inclinou mais até que a água estava na borda do lado da caixa. Um ou
dois litros derramados no caixa.
— Eventualmente, podemos começar a tirar água para o lado, por isso temos de
deixar a vela para fora. O barco vem mais na vertical... — Ingvar permitiu a caixa de
retomar uma posição mais ereta. — E nós perdemos velocidade.
Hal olhou para eles para confirmação e ambos assentiram em entendimento.
— Mas, se pudéssemos manter a vela esticada e tensa sem deixar o barco
tombar, teríamos mais aceleração.
Enquanto falava, ele nadou de volta para a borda da piscina de pedra e pegou
uma pequena prancha que Ingvar tinha deixado lá. Ele inseriu a prancha para baixo na
caixa central e mais estreita. Coube perfeitamente e ele empurrou-o todo o caminho
até à prancha saliente abaixo da parte inferior da caixa.
— Agora, como o vento tenta inclinar o barco, há resistência extra da placa
abaixo da linha d'água. Essa resistência extra vai impedir o barco de inclinar até o
momento. O resultado final é, podemos manter a vela aparada e tensa e nós vamos ir
mais rápido.
— É como uma grande nadadeira abaixo da água —, disse Stig. Inicialmente
cético, ele havia sido conquistado pela demonstração. Ele olhou para seu melhor
amigo, admiração em seus olhos.
— Você fez de novo — disse ele. — Primeiro, a vela, agora esta grande
nadadeira retrátil. O que você acha, Thorn?
— Certamente parece lógico para mim — disse ele. — Às vezes, quando
Wolfwind estava inclinado demais, Erak faria a equipe sente-se no trilho de barlavento
98 - Brotherband
para ajudar a mantê-lo na posição vertical. Isso teria um efeito similar. Só não me faça
assistir enquanto você corta um buraco no fundo do Garça-Real.
Eles começaram a trabalhar na modificação naquela tarde. Stig supervisionou o
resto da tripulação enquato eles esvazivavam o convés do navio e as pedras de lastro
que estavam abaixo do convés. Ele sorriu desculpando-se pelo Thorn.
— Eu temo que você tenha que encontrar outro lugar para dormir por algumas
noites — disse ele.
Thorn resmungou. — Eu vou montar uma barraca sob as árvores. Qualquer
coisa para escapr de vocês. Eu não consigo permanecer perto do garoto mau cheiroso.
Stig levantou uma sobrancelha para isso. —Você não é exatamente um ramo de
flores, você sabe — disse ele, mas Thorn bufou com desdém.
— Aqui vamos nós outra vez... Não há nada de errado com a maneira que eu
cheiro — disse ele. — Eu tenho um cheiro maduro, isso que tenho.
— O queijo também — Stig disse ele.
Como Thorn não podia pensar em uma resposta esmagadora, ele se afastou,
deixando Stig sorrindo atrás dele.
Enquanto o resto da tripulação esvaziava o navio, Hal levou Ulf com ele para a
floresta para escolher uma árvore adequada para a barbatana. Eles encontraram um
jovem pinheiro com um tronco de cerca de cinquenta centímetros de diâmetro. Eles a
derrubaram, cortaram, começaram a serrar uma seção de um metro e meio de
comprimento. Quando a arrastassem de volta ao acampamento, Hal usaria suas
ferramentas para talhar progressivamente o exterior, as bordas curvas do tronco,
deixando um retângulo plano unilateral da madeira do interior com quinze centímetros
de espessura. Ele faria os cortes finais e modelagem com uma enxó.
No momento em que ele e Ulf retornaram ao acampamento, arrastando o tronco
pesado com eles, o navio tinha sido esvaziado. A corda foi fixada no topo do mastro.
Ingvar e Wulf puxavam, enquanto os outros ajudavam empurrando para rolar o casco
para o lado, e o escorando nessa posição, de modo que Hal teria acesso ao fundo do
navio.
Hal marcou uma seção de tabuá ao lado da quilha e entre duas ranhuras
semelhantes a nervos, do navio e, trabalhou rapidamente com sua broca de mão e
serra, cortando um pedaço fora.
— Vai ser um pouco fora do centro — disse ele. — Mas não podemos cortar a
quilha em si - que é a espinha dorsal do navio. Além disso, dessa maneira eu posso
prender a caixa interna com firmeza na quilha para dar-lhe a força extra.
Thorn e Stig assentiram sabiamente, como se eles entendessem tudo o que ele
estava dizendo. Então, ele acrescentou pregos adicionais nas extremidades cortadas da
tabuá, fixando-os de forma mais segura em duas partes do casco. A luz tinha quase
acabado no momento em que ele havia terminado e se levantou de sua posição
agachada e gesticulou para os apoios serem removidos.
Os Invasores - 99
— Você pode baixar o casco, por enquanto — ele disse. — Eu vou trabalhar
dentro do casco durante os próximos dias.
Cautelosamente, a tripulação afrouxou a corda e removeu os apoios, permitindo
que o Garça-Real rolasse para a posição vertical mais uma vez. Hal tirou o pó de suas
mãos, satisfeito com bom dia de trabalho.
— Agora vamos ver o que Edvin tem pronto para a o jantar. — disse ele.
Nos próximos dias, o resto da tripulação voltou para sua formação de combate
sob a direção de Thorn, enquanto Hal cuidava dos detalhes da montagem da nova
barbatana. Ele cortou e moldou a barbatana em si, em seguida, construiu a caixa à
prova d'água que ela iria deslizar para cima e para baixo dentro. Ele montou a caixa
no lugar, encaixando-a no buraco cortado e fixando-a firmemente à quilha em um
lado, com amarras na sua frente e a trás. Seu interior foi forrado com couro e pele de
carneiro para impedir a barbatana de deslizar e para impermeabilizar a própria caixa.
Hal lançou um olhar crítico as suas, cada vez menor, opções de materiais.
Quando eles deixaram Bearclaw Creek, ele tinha pegado todas as suas ferramentas,
além de seus suprimentos de madeira, cordas, pregos, lona e ferro a partir de sua
oficina.
Agora ele estava acabando.
— Eu vou precisar reabastecer em breve — ele murmurou. Ele verificou seus
mapas e sabia que havia um porto comercial de um dia de vela para o sul. Uma vez
que o clima abrandasse, eles poderiam tomar o Garça-Real para testar sua nova
barbatana e ele poderia pegar suprimentos. Ele estava particularmente em falta de tiras
de ferro que ele precisava reforçar os pontos de parafusos do Mangler e que ele
precisava preparar um bom estoque desses. Ele já tinha perdido um terço de seus
suprimentos durante os treinos.
Ele suspirou. Ele iria enfrentar esse problema quando o vento diminuisse, ele
pensou.
Ele endireitou-se momentaneamente, aliviando as dores musculares nas costas.
Então ele ao trabalho de colagem e pregar, e encalçar a nova junta com pedaços de
corda lubrificada e lã. Finalmente, como a última luz se apagou, ele calçou uma última
peça de lã lubrificada em seu lugar e sentou-se.
— Isso deve ser o bastante. — disse ele. — Amanhã, vamos ver se funciona.
Hal acordou de repente, mais tarde naquela noite. Ele ficou deitado por um
momento, imaginando o teria acordado, ouvindo os sons fracos dos outros meninos
dormindo. Alguém estava roncando baixinho, provavelmente Ingvar, pensou.
Outro dos meninos estava murmurando incompreensivelmente algumas vezes.
Mas não foram esses ruídos que tinham despertado nele. Ele levantou a aba de lona na
entrada da tenda e olhou para fora. A lua se pôs, então ele sabia que devia ser depois
de meia-noite. Silenciosamente, ele rolou para fora de seus cobertores, vestiu o colete
de pele de carneiro e foi para fora.
100 - Brotherband
O vento tinha morrido.
Isso era o que ele tinha acordado. O vento, uivando em do sudoeste, havia sido
um fator constante nas suas vidas o tempo todo em que tinham estado aqui na Baía do
Abrigo. Ele jogou as copas das árvores no alto dos promontórios em torno da baía, a
criação de um som como de surf em uma praia.
Quando ele se afastou da tenda, ele percebeu que ele ainda podia ouvir as ondas
fora da baía, quebrando nas cabeceiras de proteção. Levaria um tempo para que as
ondas dispersassem, ele sabia, mas as árvores não balançavam e, quando ele olhou
para cima, ele podia ver as estrelas, sem a nuvem usual tempestiva cobrindo eles. O
céu estava claro.
— Eu acho que a pior parte acabou.
Hal despertou com o som. Ele virou-se para encontrar Thorn a poucos metros
atrás dele.
— Por que você não faz barulho algum quando você anda atrás de alguém —
ele perguntou com um pouco de petulância.
— Apenas hábito — Thorn disse, sorrindo. Então ele olhou para as estrelas,
brilhante na escuridão do céu. — Nós provavelmente poderiamos colocar no mar
amanhã — disse ele. — Eu acho que a tempestade tem soprado para longe - ao menos
por um alguns dias.
Hal cheirou o ar. Ele não tinha ideia do por que. Ele tinha visto os marinheiros
mais velhos fazê-lo, mas não tinha nenhuma ideia do que eles cheiravam que os
ajudassem a determinar qual o tempo ira fazer.
— Eu acho que você pode estar certo — disse ele. Ele não tinha nenhuma base
para saber se Thorn estava certo ou não, exceto que ele confiava nos instintos do
homem mais velho. Thorn tinha passado muitos anos no mar e ele entendia os padrões
climáticos. — Eu preciso de alguns suprimentos. Vamos pegar Garça-Real amanhã e
partir para costa. Vi uma cidade no mapa, cerca de um dia velejando para o sul.
Chamada Skegall.
Thorn balançou a cabeça, em seguida, agitou os braços, batendo-os contra seu
corpo. Ele estava vestindo calça e uma camisa de lã, sem casaco. Agora que a
cobertura de nuvens foi embora, a temperatura havia caído consideravelmente.
— Está frio — ele murmurou. — Não consegui encontrar o meu colete de pele
de carneiro. Você o viu?
Hal hesitou. — Quando? —, Ele perguntou.
Thorn olhou para ele com um olhar irritado. — Quando você acha? Hoje!
Hal abanou a cabeça. — Não. Eu não a vi hoje. — Ele olhou para longe,
evitando os olhos de Thorn. Thorn estremeceu novamente.
— Um maldito incômodo. Eu estou congelando.
Os Invasores - 101
— Talvez você possa comprar um novo em Skegall — Hal sugerido, mas Thorn
bufou, irritado.
— Eu não quero um novo. Eu gosto do meu velho.
— Ele era muito surrado e esfarrapado — disse Hal.
— É por isso que eu gosto. Ele combina comigo — respondeu Thorn. Então,
depois de uma pausa, ele perguntou: — Por que você diz que era velho e esfarrapado?
— Bem... era. E é. Onde quer que esteja. Vou voltar para a cama.
E ele correu de volta para seus cobertores, com Thorn olhando com suspeita
para ele.
102 - Brotherband
Capítulo treze
O
Corvo estava no mar.
Os Invasores - 103
prateleira ao lado da cabine, fixada em um ângulo para cima, para evitar que seu
conteúdo derramasse enquanto o navio rmanobrava. Ele estendeu a mão para ele e
acariciou um saco de camurça aninhado nele, como fazia toda vez que deixava a
cabine. Ele sentiu a forma redonda dura dentro do saco e sorriu consigo mesmo.
— Oh, Oberjarl Erak, você não gostaria de ter isso de volta? — ele disse
suavemente. Em seguida, ainda sorrindo, ele deslizou a escotilha e subiu para o
convés. Andras, seu primeiro companheiro, cumprimentou-o com um aceno de cabeça
enquanto olhava o horizonte.
— Alguma mudança? — perguntou Zavac, e seu capanga balançou a cabeça.
— O vento pode ter moderado um pouco — disse ele.
Zavac acenou com a cabeça, pensativo. — Isso vai nos convir.
Andras, uma mão no leme, apontava com sua mão livre.
— Viper ainda está na estação — disse ele. Zavac tinha visto o pequeno navio
quando examinou primeiro o horizonte.
Havia sido a primeira coisa que ele procurou, na verdade. Ele estava a meio
quilômetro de distância, subindo e descendo sobre as ondas que continuavam a varrer
em direção a eles. Como o Corvo, ele estava usando remos, com a vela abaixada até o
convés, assim ele seria menos visível para os outros navios.
Originalmente chamado de Lion Sea, ele tinha sido uma das pequenas frotas de
negociação escandinava que ele havia capturado alguns meses antes. Zavac ordenou a
seus homens que o queimassem com os outros navios comerciais. Mas poucos
minutos depois, ele havia rescindido o pedido. O Sea Lion, ou Viper, como tinha sido
renomeado, era um navio em condições de navegar, com abundância de espaço de
carga para o comércio de mercadorias, e ele pensou que poderia colocá-lo em boa
utilização.
Não que Zavac o usaria para o transporte de mercadorias do comércio. Mas, o
espaço de carga também poderia ser usado para ocultar quinze a vinte homens, e ao
contrário do Corvo, o Viper parecia relativamente inofensivo. A maioria dos capitães
de negociação se fosse sensato, iria virar e fugir com a visão do longo e baixo Corvo.
Mas o Viper era um assunto diferente.
Se ela parecesse estar desativado ou naufrágando, as chances eram boas de que
um navio viria em seu socorro. Uma vez que estavam ao lado, os piratas escondidos
sairiam de seus esconderijos e oprimiriam aqueles que seriam seus salvadores. Os
comerciantes transportavam relativamente pequenas equipes, como Zavac sabia muito
bem. E, claro, o Corvo pairando sobre o horizonte, poderia precipitar-se e terminar o
trabalho.
— Não há sinal dele? — Perguntou Zavac.
Andras balançou a cabeça. — Nada até agora. Mas ainda é cedo.
104 - Brotherband
Zavac resmungou. Seu primeiro oficial estava certo. Eles estavam no mar há
menos da metade de um dia. Ainda assim, ele estava impaciente. Eles passaram
semanas ancorados em um abrigo na enseada da costa de Stormwhite - um ponto
conhecido apenas para si mesmo e vários outros capitães piratas Magyaran - e ele se
ressentia do tempo improdutivo. Seus homens eram leais a ele - mas apenas enquanto
ele pudesse abastecê-los com ouro e prata e outro montante. Ele sabia que tinha uma
reputação de um capitão de sorte, mas isso poderia mudar depois de algumas semanas
de navegação sem encontrar quaisquer vítimas. Zavac era supersticioso e ele meio que
acreditava que se não encontrasse um navio para caçar hoje, eles teriam colheitas
magras ao longo dos próximos meses.
Ele olhou para baixo, para a linha dupla de remadores, observando-os se
inclinar para frente, juntando seus pés, então puxando de volta. Os remos subiam e
desciam de cada lado do navio como as asas de um pássaro, cada um deixando um
círculo de espuma branca na água quando o navio passava.
— Você quer levá-lo? —, perguntou Andras, indicando o leme. Mas Zavac
balançou a cabeça. A maioria dos capitães sentia uma afinidade com seus navios e
gostava da sensação de comando. Mas Zavac não tinha grande prazer em dirigir seu
navio. Ele era um meio para um fim, uma maneira de ir do ponto A ao ponto B, nada
mais.
Andras fez uma careta. Ele estava no leme por quase seis horas, enquanto
Zavac tinha dormido, e as fortes ondas atuais e íngremes do mar-cruzado tornava
difícil trabalhar para manter o navio no curso. A equipe de remo tinha mudado há dez
minutos. Eles mudavam a cada duas horas. Mas ele não teve descanso. Andras se
ressentia com Zavac e ele estava ansioso pelo dia em que tivesse poupado o suficiente
de seu saque para comprar seu próprio navio.
Ele também sentiu que o desinteresse de Zavac no Corvo fazia dele menos que
um especialista ao lidar com um navio. Na opinião de Andras, um capitão tinha que
estar completamente em sintonia com seu navio, para entender suas nuances e
idiossincrasias. Dessa forma, ele seria equipado para obter o melhor desempenho do
mesmo. A falta de sensação instintiva em relação ao navio de Zavac poderia custar-
lhes caro um dia. Até agora, ele tinha sido bem sucedido, porque ele era muito rápido,
mesmo que não fosse tratado tão bem quanto poderia ser. Mas nunca foi desafiado por
um navio que poderia combinar com sua velocidade, Andras sabia.
— Sinalização do Viper!
A razão da procura estalou a mente de Andras ao voltar ao assunto em questão.
Tanto ele como Zavac se esticaram para ver ao longo do comprimento do casco do
Corvo. A visão em frente estava relativamente sem restrições com a vela retraída. Eles
viram um clarão de luz partir da popa do Viper quando um dos tripulantes lá usou um
espelho para piscar os raios do sol em direção ao Corvo.
— Responda — Zavac estalou.
Os Invasores - 105
O vigia na proa pegou um pedaço polido de metal e, inclinando-o para o sol,
enviou uma série de flashes aleatórios de volta para o Viper. Não houve necessidade
de uma mensagem nesta fase. O simples ato de piscar a luz para o outro navio deixava
o capitão do Viper saber que eles estavam vendo, esperando que o outro navio se
comunicasse usando o código simples que Zavac tinha inventado.
Houve um lampejo solitário na popa do outro barco. Em seguida, uma longa
pausa, em seguida, outro único flash.
Um. Um navio. Só podia ser um navio. Não havia mais nada aqui fora para o
Viper sinalizar.
— Responda! — Zavac ordenou novamente. O vigia mandou outra série
aleatória de flashes através do oceano, dizendo por sinalização que o Corvo tinha
entendido a mensagem, até agora, e ele podia agora passar para a próxima parte, o que
seria para indicar o curso de seu alvo pretendido.
A luz piscou rapidamente do outro navio. Zavac e Andras ambos contendo suas
respirações.
— Oito — disseram eles ao mesmo tempo em que a luz parou de piscar. Houve
uma pausa, e então ele começou novamente. Novamente, ambos contaram oito
flashes. Zavac olhou para seu imediato para confirmação.
— Ele está se dirigindo a noroeste — Andras confirmou.
Em seu código simples, os principais pontos da bússola eram indicados por
números, com um sendo o norte, dois sendo nordeste, sendo três do leste e assim por
diante. Oito flashes significava noroeste. Como eles consideravam isso, a luz começou
suas rápidas piscadas novamente. O remetente iria continuar até que eles
reconhecessem que haviam recebido a sua mensagem.
— Responda maldito! — Zavac retrucou irritado ao vigia. O marinheiro revirou
os olhos. Não era competência dele reconhecer qualquer um dos sinais do Viper até
que foi instruído a fazê-lo. Zavac não tinha nenhuma necessidade de desabafar sua
raiva contra ele. Agora, ele inclinou a placa de aço através do sol em um movimento
de vai-e-vem para enviar uma série de retornos de flashes.
Zavac pensou por um momento. O vento saiu do sul, virando ocasionalmente
para o sudoeste. Estando a noroeste, o navio desconhecido estaria sob vela, com o
vento vindo do seu bombordo.
— Sinalizar três — ele falou para o vigia. O homem acenou com a cabeça e
começou a enviar uma série de lentos flashes, três de cada vez. Ele continuou até o
Viper respondeu com um sinal de rápidas piscadas, indicando que eles tinham
recebido a mensagem.
Zavac, com os olhos fixos no Viper, falou com o canto da boca para Andras. —
Pare de remar.
106 - Brotherband
Quando o primeiro imediato transmitiu a ordem, os homens levantaram os
remos paralelos à superfície do oceano e descansaram os cotovelos sobre eles. Aos
poucos, o trajeto do baixo navio negro diminuiu e ele balançou e parou nas ondas.
A bordo do Viper, a tripulação foi apressadamente empurrando um emaranhado
de vela, corda e um mastro quebrado mais a estibordo, para o casco listado
pesadamente. Então, quando um dos tripulantes na popa acendeu um pote pequeno de
ferro cheio com trapos oleosos, uma coluna de fumaça negra começou a ir para cima.
Em poucos minutos, o navio pouco guarnecido havia assumido a aparência de
danificado - e um em situação desesperadora.
— Levem-no ao porto — Zavac disse, e Andras ordenou a tripulação para
começar a remar novamente, subindo ao leme para que o Corvo começasse uma longa
volta para o nordeste. Gradualmente, o Viper desceu abaixo do horizonte, até que
todos pudessem ver era dela a coluna de fumaça, flutuando na brisa moderada.
— Espere-o aqui — disse Zavac.
Andras emitiu ordens para os remadores alternadamente remar e arribar de
modo que o Corvo manteve sua posição.
— Elevar o chicote de proa! — Zavac gritou, e vários tripulantes ficaram
ocupados, levantando um mastro esguio e anexando-o ao posto de proa. O vigia
rapidamente escalou o poste estreito. Ele balançou sob seu peso, mas manteve-se
firme. Havia uma peça transversal perto do topo e ele se estabeleceu nele, envolvendo
os braços e as pernas ao redor do mastro vertical.
— Eu tenho Viper à vista — ele chamou.
Zavac acenou com a cabeça, satisfeito. No mastro fino o vigia estava imóvel e
seria muito menos visível do que no mastro grosso e convés do. As chances eram da
vítima nunca veria a figura do vigia, suspenso logo acima do horizonte.
Eles esperaram. Minutos se passaram sem maiores relatório do mirante.
Finalmente, Zavac chamou em exasperação.
— Você está vendo alguma coisa?
— Apenas o Viper — foi à resposta.
Andras olhou para o capitão com desprezo suave. — Ele diria se tivesse visto
— ele murmurou.
Zavac virou para ele. — Não me ensine o meu trabalho — ele rosnou. —
Apenas certifique-se que você está fazendo o seu!
O seu e o meu, Andras pensava. Mas ele sabiamente não disse mais nada.
Mais espera. A mão de Zavac fechou e abriu no punho da sua espada, sua
bainha atravessava o cinturão pesado em sua cintura. Ele amaldiçoou sob sua
respiração, imaginando o que estava acontecendo além do horizonte. O navio
desconhecido pode ter cheirado um rato e se afastou. Seu código de sinal
apressadamente concebido não era suficientemente sofisticado para o Viper enviar-lhe
Os Invasores - 107
uma nota minuto a minuto. Ele poderia dizer-lhe quantos navios havia e de que forma
eles estavam indo, pouco mais.
— Vigia! — Ele estalou. — Você está vendo alguma coisa?
Houve uma pausa, enquanto o vigia consideradava gritar de volta Se eu visse,
eu diria a você, não é? Mas ele descartou a idéia. Zavac tinha um temperamento
incerto e o vigia tinha visto homens mortos por insubordinação muito mais suave do
que isso. Em vez disso, ele respondeu como antes.
— Apenas o Viper.
Houve outra pausa, enquanto Zavac caminhava no convés, e para trás,
franzindo a testa em fúria. Andras estava tentado a salientar que, se sua presa havia
zarpado, Viper não estaria mantendo-se a aparência de um navio em perigo. O fato de
que a fumaça ainda flutuava acima do horizonte indicava que ele estava fazendo isso.
— Capitão! — Gritou o vigia.
A cabeça de Zavac vociferou.
— Há outro navio à vista! Um mercante bom, espaçoso, pela aparência dele. E
ela está indo para o Viper!
108 - Brotherband
Capítulo quatorze
— Ela está chegando ao lado de Viper... quase lá. Agora ela está ao lado... Ha!
Lá vão as cordas do Viper!
Aos poucos os outros dois navios escalaram o horizonte quando Corvo navegou
para a batalha. Em alguns minutos, Zavac poderia dizer detalhes de seus próprios
homens populando ao longo dos baluartes no navio mercante, tripulação remando na
proa quando eles se forçaram para trás ao longo do convés. Os números negros de
piratas pareciam cobrir o convés do outro navio. Zavac poderia dizer não mais oito do
que na tripulação mercante. Possivelmente menos.
Os Invasores - 109
Andras assentiu e pegou o leme. O Corvo balançou até que ele estivesse a
caminho, então se firmou.
— Mais rápido! — Zavac gritou, e o líder dos remadores pesado chamou uma
nova cadência, aumentando o ritmo dos remos. O Corvo parecia saltar para frente.
Eles estavam perto o bastante para ouvir os gritos dos feridos e do choque de espadas
contra espadas, pontuada pelas maçantes batidas pesadas de eixos atingindo escudos
de madeira. Ocasionalmente, como um golpe foi para casa, eles podiam ouvir sons se
quebrando.
Estavam próximos aos dois navios e agora Zavac havia dado um aviso.
— Em remos!
Havia apenas quatro tripulantes do mercante deixados vivos agora. À vista dos
números esmagadores enfrentádos, eles soltaram gritos de desespero e depois em
resposta a um que era, obviamente, o seu capitão, eles deixam cair suas armas para o
convés com um barulho. O gesto de rendição já estava tarde demais para uma delas,
quando a lança de um pirata já estava empurrando para frente. Levando-o no meio do
corpo e levando-o de volta. Ele gritou e caiu no convés, a lança ainda transfixando-o
quando o pirata lutou para libertá-lo.
Não foi feito por qualquer senso de misericórdia. Ele observou o capitão, que
tinha dado a ordem para render-se, era um dos sobreviventes. Zavac queria tempo para
interrogá-lo. Às vezes, a negociação de capitães poderia fornecer informações muito
valiosas.
110 - Brotherband
Os três grandes homens passaram pela tripulação do Viper, empurrando-os para
fora do caminho. Eles chegaram ao lanceiro assim quando ele libertou sua arma do
corpo do marinheiro. Seus olhos estavam selvagens e ele ainda estava olhando sua
outra vítima. Um dos grandes homens o atordoou com um golpe na cabeça. Foi tão
esplicito, tão casualmente brutal, quase uma reflexão tardia. O lanceiro se contorceu e
caiu do convés.
O homem olhou para ele com desprezo em seus olhos. Em seguida, cuspiu no
convés.
Ambos eram marinheiros comuns. Suas roupas lisas, rostos e mãos ásperas, eles
resistiam e se debatiam como rabo de porco obviamente como suas vitimas tinham.
Eles tinham pouca informação útil. Zavac gesticulou para eles com sua espada.
— Matem os dois.
Dois dos grandes homens que o seguiram a bordo pegaram o capitão por um
braço de cada lado e escoltaram para a popa do navio. Ao sinal de Zavac, eles
atiraram o capitão para o convés. Zavac inclinou contra o baluarte perto do leme,
olhando com curiosidade para o capitão.
— Agora, vamos ver o que o seu navio está levando — ele disse suavemente.
Os Invasores - 111
— Você foi rápido fora da marca — Zavac disse alegremente enquanto
inspecionava a pequena pilha de bens permanecidos de comércio e arrastou-se a partir
do espaço de carga. Havia alguns barris de vinho e cerveja, alguns jarros de argila,
óleo e vários fardos de lã.
— Qualidade muito ruim — ele chamou. Zavac assentiu. Eles devem ter sido
incapaz de encontrar um comprador para a lã, ele pensou.
— Então, você negociou todos os seus bens — disse ele para o capitão. O
homem olhou para ele, parecendo não compreender, até a fina camada de bom humor
de Zavac foi deixado de lado.
— Não brinque comigo! — Zavac gritou, atraindo uma longa adaga de uma
bainha em seu cinto. — Você fala a língua comum! Você é um comerciante!
Rápido como uma cobra dando o bote, ele passou a lâmina fina do punhal no
rosto do Gallican, a imposição abrir um corte longo. As mãos do homem voaram para
seu rosto, em seguida, ele olhou, sem compreender, na coloração de sangue em suas
mãos. O ataque de Zavac tinha sido tão rápido e sua lâmina tão afiada, que o capitão
mal tinha sentido o corte. Agora ele registrou a dor, uma sensação de queimação no
rosto acompanhado do sangue escorrendo em suas roupas.
— Fale comigo — Zavac exigiu, sua voz calma mais uma vez.
O capitão com uma mão ainda pressionado sob o corte em seu rosto, respondeu
devagar.
— Você vendeu sua carga. Isso significa que seu bolso está cheio de dinheiro e
de ouro. Onde ele está?
Uma vida inteira saqueando outras naves disse-lhe que em algum lugar haveria
um cofre escondido, onde o ouro que tinha ganhado seria mantido. É claro, seus
homens poderiam encontrá-lo, eventualmente, se dividiriam e o enviariam separados.
Mas o ouro era relativamente fácil de esconder e era geralmente mais simples de ter
suas vítimas dizendo a ele onde estava o cofre.
112 - Brotherband
O gallican, porém, balançou a cabeça.
— Não há ouro — disse ele. — A negociação foi ruim. O navio foi danificado
nas tempestades e eu tive que pagar por reparos. Não há mais nada, eu juro. — Zavac
olhou para o punhal na mão, parecia chegar a uma decisão e reembainhou. Ele
suspirou profundamente, olhando para o céu, em vez da figura ranzinza do capitão no
convés na frente dele.
Agora, ele deixou seu olhar cair sobre o capitão. O homem ainda estava
pressionando seu rosto ferido, embora o sangue estava a começar a congelar e não
mais fluir livremente. O capitão olhou para o pirata com medo em seus olhos. Zavac
levou-o a responder a sua pergunta.
— Eles estavam todos mentindo. Cada um deles. Então, por que eu acho que
você é diferente?
— Eu... — o capitão começou. Em seguida, ele se calou. Ele sentiu que era
inútil falar com este homem. Ele sabia que sua vida estava perdida e a única vingança
possível que ele poderia ter era negar a Zavac o conhecimento que ele estava
procurando. Zavac olhou para ele com piedade fingida. Então ele fez um gesto de
desprezo.
— Eu posso ver que você não vai me dizer — disse ele. Ele se virou e foi
embora, voltando para o arco. Ele não tinha ido mais de três passos antes de se voltar
para seus dois capangas grandes.
Os Invasores - 113
olho. Era isso que finalmente o convenceu a dar a boca dos dentes Mesmo que,
logicamente, ele sabia que estava indo para morrer, o pensamento de perder o olho
tinha sido muito horrível.
Zavac entrevistou com interesse profissional, então sorriu para seus dois
assistentes musculosos.
— É incrível o que você pode conseguir em poucos minutos com apenas um par
de lâminas afiadas — disse ele. Então ele caiu de joelhos ao lado do capitão, que
estava deitado de bruços em uma poça de seu próprio sangue, respirando
ruidosamente passando um nariz quebrado.
Ele teve que se curvar mais perto para ouvir a resposta, arrastado e sem fôlego
com a dor como estava.
— Devemos acabar com ele? — ele perguntou, mas Zavac balançou a cabeça.
— Espere até ver se ele está dizendo a verdade — disse ele. — Talvez eu tenha
que fazer mais perguntas.
Mas o cofre estava onde o capitão havia dito, escondido atrás de um painel
falso. Não houve bloqueio.
— Olá — disse ele, intrigado. — De onde você acha que estes vieram?
Ele repetiu a pergunta para o capitão que balançou a cabeça cansado, incapaz
de reunir forças para responder. Zavac foi tentado por um momento para acertá-lo,
sacudi-lo e forçar a resposta dele. Mas ele percebeu que isso seria a abordagem errada.
Em vez disso, ele caiu de joelhos, inclinou-se e sussurrou para ele.
114 - Brotherband
— Diga-me de onde as esmeraldas vieram. E eu vou fazer a dor parar.
Limmat era um porto comercial para o sul de onde eles estavam agora. Zavac
franziu a testa. Ele nunca tinha ouvido falar de esmeraldas em uma parte da costa.
— Não minta para mim — advertiu ele, o sorriso desaparecendo de seu rosto.
Mas o Galicana balançou a cabeça obstinadamente.
— Eu não os culpo — disse ele. — Se ele era bem conhecido, pode atrair a tipo
errado de pessoas.
Ele se levantou, uma expressão pensativa no rosto. Ele precisa de mais homens
se ele ia tomar Limmat. Era uma cidade bastante grande e seus habitantes,
presumivelmente, estariam prontos para lutar para salvar a sua mina de esmeralda.
Mas Zavac sabia onde poderia encontrar reforços. Havia uma baía algumas léguas de
distância, na costa que servia como um ponto de reunião para os navios Magyaran.
Era uma prática padrão para os piratas para chamar em suas viagens de ida, a
verificação de palavra de um alvo de ameixa como este. Qualquer capitão que tinha
que se deparar com uma oportunidade como essa e precisava de mais homens
poderiam encontrar reforços dispostos lá.
Ele ia lá, pensou ele, e ver se alguns de seus compatriotas estavam lá. Se não,
ele ia esperar alguns dias. Nesta época do ano, com a temporada de caça de partida,
um navio quase certamente chegaria ao próximo futuro. Ele começou a andar para
longe, imerso em pensamentos, quando o capitão o chamou.
— Você prometeu...
Os Invasores - 115
Zavac virou-se, franzindo a testa.
— Será que eu o fiz? —, Disse ele, então ele sorriu enquanto ele parecia se
lembrar. — Então eu fiz. — Ele se voltou para o capitão e puxando a espada curva,
correu o homem completamente.
Então ele se virou para seus cúmplices e apontou o polegar para o capitão
morto.
— Jogue-o ao mar.
116 - Brotherband
Capítulo quinze
O navio estava singrando as águas de Baía do Abrigo como uma gaivota, a uns
qinze metros da costa. Logo, eles veriam se a nova barbatana de Hal funcionaria ou
não.
— Desça-a!
Os Invasores - 117
Ele olhou para Stig, que o observava, ansiosamente da porta, ao lado do banco
do remo traseiro.
— Levante a barbatana Thorn. — Ele queria que Stig sentisse a diferença com a
barbatana abaixada e fazendo efeito.
— Oh, couro e alguma pele de carneiro — disse Hal distraidamente. Ele não
percebeu o olhar penetrante de Thorn quando ele disse pele de carneiro. Stig estava de
pé ao lado dele, ansioso para tomar o leme. Hal o entregou e chamou Thorn
novamente.
Mas Hal estava observando o rosto de Stig quando ele sentiu o efeito. Um
sorriso largo combinou com a sua própria percepção sobre as características de seu
amigo.
— Tente uma vez — Hal sugeriu. Mais uma vez, a barbatana nova mostrou o
seu valor quando Stig puxou o leme em direção a ele e o navio girou ordenadamente e
imediatamente, sem derrapar.
Eles foram mais ao longe, na baía e agora o vento soprava mais forte. Hal
tomou o leme e gritou para os gêmeos.
118 - Brotherband
— Tragam a vela rígida.
— Incrível! — Stig disse. Hal estava muito feliz para dizer qualquer coisa. Seu
sorriso enorme disse tudo por ele. Ulf e Wulf olharam para a plataforma do leme. Ulf
balançou a cabeça em descrença.
— Surpreendente! — Disse. — Nós nunca poderíamos ter feito isso aqui antes!
Thorn e Stig trocaram de lugar. Stig esperou até que Ulf e Wulf havia
afrouxado consideravelmente a vela, em seguida, soltou a barbatana mais uma vez.
— Ah... — disse ele sem jeito. — Desculpe, Thorn. Eu não sabia que era o seu
colete de pele de carneiro... eu meio que encontrei... e eu...
— Você assume que uma ovelha morreu e deixou-lhe o seu colete? — Thorn
disse com sarcasmo. — Só escorregou dele e deixou por aí para você encontrar?
Os Invasores - 119
— Certo. Vamos ver como esta belezinha de vocês funciona.
Mais uma vez, eles passaram a sequência de ações para testar o efeito da
barbatana, e como Stig, e Hal antes dele, Thorn foi surpreendido com a diferença que
fez para o desempenho do navio.
Hal riu. — Eu estive pensando sobre isso. Não tenho certeza se eu posso fazê-lo
funcionar... ainda.
Ao testar a barbatana, foram para trás e para frente dentro de Baía do Abrigo.
Agora, eles estavam indo para a entrada novamente. Hal estudou o mar fora da baía.
As ondas eram maiores, mas nada com o qual não poderia lidar com o Garça-Real.
Ele olhou para Thorn.
— Você acha que esse tempo vai continuar? —, Perguntou. Thorn olhou para o
céu, seus olhos se estreitaram concentrados.
— Eu diria que ele está limpo agora. Devemos estar bem por um par de dias,
pelo menos.
— Então vamos nos dirrigir para a costa, para o comércio da aldeia —, disse
Hal. — Há suprimentos que quero comprar.
Hal assentiu várias vezes. — Bem, é claro. Esse é o primeiro item da lista.
Hal bateu na testa com um dedo. — Está tudo aqui na minha cabeça — disse
ele. — Mas o colete de pele de carneiro é o primeiro item lá. Confie em mim.
120 - Brotherband
PARTE 2
OS INVASORES
Os Invasores - 121
Capítulo dezesseis
A
Cidade de Limmat estava no lado leste de um pequeno porto, situada
na costa ocidental de uma ampla e profunda baía. Uma paliçada de
madeira cercava a cidade.
Era uma excelente posição de defesa, Zavac pensou enquanto observava o porto
da plataforma do Corvo. O navio, longo e baixo cruzou, a remos, quatrocentos metros
da costa. Ele podia ver o movimento nas torres de vigia. Os defensores o viram. Ela
era, obviamente, um navio de guerra, não um navio comerciante, e o alarme logo seria
acionado.
Olhando para a entrada estreita do porto, ele poderia fazer uma linha imaginária
na água branca. Ele apontou para Andras.
122 - Brotherband
movessem como um registro, abrindo-a para a entrada dos navios que eles queriam e
fechando-a novamente para barrar os visitantes menos bem-vindos.
— Eles nos viram — disse Andras para Zavac. — Nós perdemos o elemento
surpresa.
E uma guarnição prevenida e nervosa era uma porca muito mais difícil de
quebrar do que uma complacente que se sente segura e protegida dentro de sua
fortaleza.
Zavac sorriu para ele. — Eu quero que eles nos vejam — disse ele. — Eu quero
que eles saibam que estamos na aqui. Eu tenho um tipo diferente de surpresa para eles.
Agora, vamos dar-lhes um show.
Ele mediu a distância. Eram cento e cinquenta metros que faltavam agora e o
som de gritos e choque de armas era mais alto que cada golpe dos remos. De repente,
ele levantou seu braço.
— Arribar! — Ele gritou. Os remadores lutaram contra seus remos para reverter
a pressão. Ele sentiu o Corvo travar, de repente, e cambaleou um passo à frente antes
de recuperar o equilíbrio.
Os Invasores - 123
cambaleou, em uma curva difícil, adernando abruptamente fazendo a água correr ao
longo das amuradas portuárias.
— Ah, sim. Amanhã, eles vão nos receber de braços abertos — disse Zavac, em
seguida, acrescentou, com um encolher de ombros, — Bem, com a barragem aberta,
pelo menos.
A tensão entre os guardas era alta. O número foi dobrado desde que o navio
pirata tinha sido avistado no dia anterior, e estavam prontos para um ataque.
124 - Brotherband
O comandante seguiu o braço apontando e franziu a testa. Era um pequeno
navio de comércio e estava definitivamente com pressa. Seus oito remos venciam a
água rapidamente. Mesmo à distância, ele pensou que podia sentir o pânico em seus
movimentos. Eles não estavam remando suavemente em um ritmo coordenado.
Além de seus oito remos, o pequeno navio tinha o seu conjunto velas quadradas
que subia seguindo o vento. Quando chegaram mais perto, o comandante pôde ver que
a vela era velha, estendida de forma tosca pelos anos de uso. Velas eram caras e a
maioria dos capitães de navios comerciais iria escolher, para economizar dinheiro, não
substituí-las, ou apenas tê-las reformadas, até perderem a sua eficiência. Eles
economizariam dinheiro até um dia, como o de hoje, quando o navio tem que correr,
por sua vida, do perigo.
E havia perigo agora. Dois quilômetros atrás do navio de comércio, uma forma
escura, sinistra moldou-se facilmente através do horizonte.
— São os pirata! — Alguém gritou. — O navio negro que tentou nos atacar
ontem!
Obviamente, tinham ido à busca de presas mais fáceis, atrás de algum navio que
estivesse indo para Limmat para comercializar.
— Ele está ganhando! — Um soldado gritou. Não é preciso dizer qual navio ele
quis dizer. Em contraste com as irregulares ações espasmódicas dos remadores do
comerciante, os bancos gêmeos de remos do navio negro moviam-se para baixo, para
trás, para cima, para frente e para baixo novamente no tempo perfeito. Ele estava
cruzando a água, diminuindo rapidamente à distância para o navio mercante.
Os Invasores - 125
— Outro pirata, eu vou ser preso — disse o comandante. Mas o novo
participante estava longe demais da popa para afetar o resultado da corrida
desesperada diante deles. Ele olhou para o navio comercial. Podia ver mais detalhes
agora. Os lados do casco foram enfeitados com setas e havia vários corpos
esparramados imóvel no convés.
A vela, velha e disforme como era, foi ainda mais afetada por um rasgo grande
que corria de um lado, permitindo que o vento espalhasse.
Ele olhou para o navio pirata negro. Definitivamente ganhava velocidade, mas
o navio comercial estava se aproximando, e muito, da entrada do porto. Estava sendo
uma perseguição, mas depois de alguns minutos, ele pode ver que o comerciante
queria apenas levar seu navio para segurança em tempo.
A torre vibrou com a corrida dos homens que desceram as escadas para
obedecer-lhe. Ele os seguiu, demorando alguns minutos para medir as velocidades
relativas e distância dos dois navios envolvidos na corrida de vida ou morte.
126 - Brotherband
centena- de metros ou menos. Então, como ele teria conseguido escapar? E como ele
tinha conseguido uma liderança tão grande em cima do navio negro?
Ele correu para frente quando percebeu o que estava acontecendo, gesticulando
para as suas tropas ao homem do molinete deste lado da boca do porto que traria a
barreira fechada novamente.
Ele sacou a espada e correu para tentar empurrá-los de volta. Já os seus homens,
apanhados de surpresa, estavam caindo. Alguns conseguiram juntar forças e montar
uma defesa. Mas eles eram lamentavelmente poucos.
Ele viu um homem alto, moreno pendurado para trás e gritando ordens para os
piratas e mudou de direção, indo para ele. Se pudesse matar seu líder, a cidade poderia
ter uma chance. Pelo canto do olho, podia ver o navio preto se aproximando mais
perto da boca do porto aberto. Teria que agir rapidamente, percebeu.
O líder dos piratas estava de costas e ele puxou sua espada para atacar.
Alguns segundos antes do Viper colidir com a lateral do muro do porto, Zavac
abriu a escotilha de carga e gritou para os homens agachados lá embaixo.
— Vamos lá!
Quando ele chegou ao cais, Zavac ficou de lado e deixou a primeira onda de
homens atrás dele passar. Gritando e urrando, eles caíram sobre os membros da
guarnição desorganizados, alguns dos quais tinham começado a tentar operar o
guincho gigante e fechar a barreira novamente. Zavac desembainhou sua longa e
curva espada, e apontou para frente.
— Parem eles! — Ele gritou, e meia dúzia de seus homens inclinados para fora
em direção ao molinete, cortavam os membros da guarnição antes que eles tivessem a
Os Invasores - 127
oportunidade de se defender. Ele acenava o resto para frente, onde um pequeno grupo
de defensores estavam juntos, tentando desesperadamente conter a onda de piratas que
enxameava ao longo do cais.
Ele olhou por cima do ombro. O Corvo estava quase na boca do porto. Como
tinha sido instruído, Andras garantiria seu lado mais distante do cais de dentro do
porto e enviaria o resto dos homens do Corvo para a terra numa corrida. Uma vez que
a guarnição da torre tivesse sido eliminada, Zavac e seus homens teriam, de cabeça
para baixo, o dique a se juntar a eles.
Ele respirou fundo para gritar outra ordem, então sentiu um movimento atrás
dele. Instintivamente, abaixou-se e sentiu o assobio de uma lâmina de espada passar
perto, logo acima de sua cabeça. Sem olhar, girou sobre seu pé direito e empurrou
violentamente a lâmina longa e curva com a mão. Sentiu uma resistência
momentânea, pausa, em seguida, penetrar.
Só agora, ele olhou, e viu a sua espada no fundo da barriga de um dos oficiais
da guarnição, a julgar por suas roupas e armaduras. A estocada de Zavac tinha parado
logo abaixo do peitoral altamente polido que o homem usava. Os olhos do policial
estavam totalmente abertos com o choque. Sua boca se abriu, movendo-se
silenciosamente. Então, suas pernas vacilaram e ele caiu de lado, apoiado por um
momento pela lâmina de Zavac, no fundo de seu corpo, em seguida, caindo, conforme
o pirata arrancou-a, deixando-o livre.
Então o sorriso desapareceu, e uma raiva negra veio sobre ele, dirigida a este
cidade pequena, que tinha quase acabado com a vida de Zavac, com um golpe de sorte
de sua lâmina.
Ele colocou o pé no o soldado caído e o rolou para a borda do cais e para dentro
das águas do porto.
128 - Brotherband
Capítulo dezessete
O
cervo entrou delicadamente na clareira, fez uma pausa, em seguida, avançou
alguns passos para uma moita de capim grosso, exuberante. Parou, girou a
cabeça, orelhas levantadas para o menor ruído, narinas contraídas para
detectar qualquer cheiro estranho, dado a ele pela brisa leve.
Mas Lydia estava a favor do vento e nenhum traço do seu cheiro atingiu o
animal. Ele abaixou a cabeça para a grama, começou a pastar, e de repente levantou
novamente e correu, em busca das árvores que circundam a clareira à direita do local
onde Lydia ficou de pé, imóvel, à sombra de uma árvore.
Ele contava, agora, com suas magras economias, e tudo o que ele conseguia
ganhar fazendo biscates no estaleiro em Limmat. Sua esposa estava morta há muitos
anos e o ponto brilhante em sua vida era Lydia. Embora, paradoxalmente, enquanto
ele estimava sua companhia, sentiu a responsabilidade por seu bem-estar como um
fardo.
Ela sorriu ironicamente. Primeiro matar o veado, pensou, então você pode
contar o dinheiro que vai fazer vendendo-o.
Lydia estava com dezesseis anos. Ela era um pouco mais alta do que outras
meninas de sua idade, possivelmente por causa de anos de atividade e exercício na
floresta. Ela poderia correr mais que a maioria dos garotos da cidade e era uma
Os Invasores - 129
perseguidora muito melhor do que qualquer um deles. Era magra, com longas, mas
bem musculosas pernas, e ombros levemente mais amplos do que a maioria das
meninas - de novo, provavelmente o resultado de uma vida de exercício.
De todo, ela era uma garota muito bela, embora fosse totalmente inconsciente
do fato. Seu avô, Tomas, muitas vezes disse isso a ela, é claro. Mas ela deu de ombros
modestamente. Todos os avós achavam que suas netas eram lindas. Ou, pelo menos,
disseram-lhe assim.
O veado, seus medos dissipados para o momento, baixou a cabeça para a grama
e começou a pastar a sério. Movendo-se com cuidado infinito, Lydia equipou o dardo,
que ela estava carregando em sua atlatl1, à vara que deu força extra e velocidade para
sua lança.
Ela havia escolhido o atlatl e seus dardos, longas setas parecidas com flechas,
como sua arma de caça, após longa consideração. A maioria dos garotos da Limmat
usavam arcos. Mas os meninos tendem a ser mais pesados e com músculos mais
construídos, e Lydia não poderia igualar sua força. Assim, um arco, com um pesado
desenho, estava além de suas capacidades. Ela poderia, é claro, optar por um arco de
baixa potência, mas de alguma forma a idéia de usar uma arma inferior não recorreu.
Em vez disso, ela escolheu o atlatl, uma arma que poderia reforçar sua própria
capacidade natural para lançar um projétil.
Uma vez que tinha escolhido a arma, começou a dominá-la com sua habitual e
simples mentalidade objetiva, praticando por horas e horas até que ela pudesse lançar
um dardo com a mão, com precisão e uma força surpreendente. A vara de lançamento
tinha cerca de quarenta centímetros de comprimento. Um pequeno esporão em forma
1
Atlatl – é uma vara com um gancho na ponta utilizado para aumentar a alavancagem ao atirar
uma lança.
130 - Brotherband
de gancho numa extremidade, encaixada num entalhe correspondente na parte de trás
do dardo. Quando ela lançou o dardo, o atlatl atuou como uma alavanca,
multiplicando a força do arremesso muitas vezes.
Ela saiu, suavemente, de trás da árvore. Velocidade era essencial agora, quando
o cervo, provavelmente, sentiria qualquer movimento. Com calma e destreza, levantou
seu braço direito e o inclinou para trás, o cervo levantou a cabeça.
Lydia já estava a poucos passos de atravessar a clareira em que ele caiu. Ela
sabia, quando lançou o dardo, que era um bom lançamento. O veado estava do seu
lado, os olhos abertos, mas sem ver. Uma perna tremeu violentamente em uma reação
nervosa, mas ela sabia que já estava morto quando se ajoelhou ao lado dele.
Os Invasores - 131
Ela revirou o cervo em suas costas e se preparou para fazer a primeira incisão
cuidadosa, antes de estripá-lo.
Ela podia sentir o cheiro de fumaça. Essa nunca foi uma sensação bem-vinda
quando alguém estava no meio da floresta, entre milhares de pinheiros, que iriam
incendiar-se, iguais a muitas tochas caso um incêndio se alastrasse. Nervosa, ela
examinou as árvores ao seu redor. Não havia nenhum sinal de incêndio, mas o cheiro
estava mais forte agora e o vento estava vindo da direção da própria cidade, Limmat.
Franzindo a testa, levantou-se, deslizando o atlatl na bainha ao lado da faca de esfolar,
e deixou a carcaça do cervo onde estava, dando passos longos até uma pequena
inclinação para a esquerda, para um cume que ela sabia que levantaram para limpar o
terreno, com vista para a cidade abaixo.
Agora ela podia ver uma coluna de fumaça subindo além das árvores. O fogo,
definitivamente, vinha da cidade. E agora havia algo mais. Fraco, quase inaudível,
mas a brisa carregava com ela. Vozes. Vozes gritando.
Ela ficou no topo da colina e olhou para baixo. Abaixo, na queda acentuada, a
cidade de Limmat, com o seu porto e sua paliçada, espalhados abaixo dela. O fogo
chamou sua atenção em primeiro lugar. Concentrou-se na construção da guarnição
sobre a extremidade interna do cais. O edifício estava queimando ferozmente, e vários
edifícios menores perto de casas e lojas, pegou fogo também. Fumaça e chamas
saindo deles.
Mas ninguém parecia estar tentando manter o fogo sobre controle. Quando ela
olhou, viu homens correndo ao longo do cais, espalhando-se para as ruas que levavam
ao interior da cidade. Ela viu a luz solar piscar em armas e seu coração sacudiu com
medo. O povo de Limmat viveu com a preocupação de que o segredo da mina de
esmeralda, fora da paliçada, em face do cume que subia, abruptamente, por trás da
cidade, um dia seria descoberto. Quando esse dia chegasse, os invasores e piratas não
estariam longe dele.
Lançando seu olhar mais amplo, ela viu um navio estrangeiro no porto – um
comprido e esguio navio negro que fora amarrado ao cais interior. Olhando para trás,
para as torres de vigia e da barreira, ela avistou um pequeno navio, ancorado no ponto
onde a barreira deve fechar. E outro navio de guerra, este um verde escuro, foi
encalhado no final do interior do porto.
132 - Brotherband
— Piratas — ela murmurou para si mesma. Então, de repente, com medo, ela
olhou para a parte da cidade onde a casa de seu avô se levantou. Por um momento, ela
não conseguiu ver nada. As ruas estreitas restringiam sua visão do que estava
acontecendo. Então ela percebeu figuras correndo e viu as armas subindo e descendo.
Os invasores chegaram à parte da cidade onde ela morava. Vários pequenos incêndios
começaram a surgir. Um deles parecia estar ameaçadoramente perto da rua onde a
casa de Tomas estava. Mas ela não podia ter certeza. Sob esse ângulo, as ruas eram
estreitas demais e muito misturadas.
Uma coisa que ela sabia. Se os atacantes tinham penetrado tão longe para
dentro da cidade, seu avô seria um dos primeiros a correr para a rua para tentar levá-
los de volta. Mas ele era um homem mais velho agora, e a velocidade e o poder que
ele tinha gostado, de anos atrás, haviam o deixado. Ele seria páreo para um pirata
jovem, em forma, sanguinário e enlouquecido?
Ela hesitou. A queda diretamente diante dela era muito íngreme para negociar.
Havia uma trilha de corrida até a cidade, sinuosa para frente e para trás, descendo a
colina íngreme. Mas ficava a várias centenas de metros de distância, para o leste.
Não havia tempo a perder. Ela partiu, em direção ao longo do cume, seus
longos passos, devorando a distância até o ponto em que o caminho começou o seu
percurso descendente. O início da trilha era uma porta de entrada sombria entre as
árvores e ela mal notou o ritmo quando mergulhou e começou o caminho longo e
torcido, para baixo.
Ela tropeçou uma vez, mal conseguindo parar de cair e acabar, com força,
contra um pinheiro. Percebeu que muita velocidade era contraproducente. Se caísse e
se ferisse no caminho, seria inútil para seu avô. Ela diminuiu o ritmo para uma
corrida, escoriações na necessidade, mas sabendo que isso devia ser feito.
Pare, ela disse para si mesma. Esse tipo de pensamento não vai ajudar Tomas.
Ela acelerou novamente. Caiu, rolou, levantou-se, continuou, a imagem ainda
terrivelmente clara em sua mente.
Os Invasores - 133
A paliçada estava diretamente à sua frente. À sua direita, a cerca de 300 metros
de distância, havia um portão secundário. O portão principal, que levava à praia, era
mais longe. Mas foi na direção da casa de Tomas. Então, depois de um momento de
hesitação, ela virou à esquerda e começou a correr novamente.
O barulho de luta dentro da cidade era muito mais alto agora, intercalados com
gritos que só poderia ter vindo de mulheres. Ela aumentou seu passo.
Algo bateu violentamente no chão ao lado dela. Era uma lança, atirada por um
dos homens atrás dela. Eles tinham, obviamente, conseguido quando ela olhou para
trás, diminuindo seu ritmo. Por um momento, ela brincou com a ideia de parar e
enviar de três a quatro eixos atlatl arremessado para eles. Mas, três ou quatro dardos
não iriam parar todos eles. E ela seria oprimida e levada.
Ela virou para a esquerda, com o coração batendo forte, sua mente correndo.
Ela não tinha ideia para onde ir, como escapar. Todo o pensamento de chegar à casa
de seu avô tinha ido embora agora. Ela estava irremediavelmente se desviando
daquela direção.
134 - Brotherband
A menos!
Ela lembrou que Benji, um rapaz com quem ela teve um pequeno romance, às
vezes, deixava seu barco de pesca atracado sobre uma pequena praia em algum lugar
ao longo deste riacho.
Mas onde? Onde estava ela agora, e onde ficava a pequena praia de areia em
relação à sua posição atual? Ela não tinha certeza, mas o seu senso inato de direção e
instinto caçador disse a ela para a direita. Ela inclinou para esse lado, esperando, além
de toda a esperança, de que o barco estaria lá. O riacho estava, de repente, à sua
frente, e ela foi novamente à direita, andando em paralelo com seus bancos. Atrás, ela
ouviu gritos e o som de corpos pesados caindo através da vegetação rasteira.
Soluçando agora com esforço, e dobrando com uma pontada agonizante em seu lado,
ela andou cegamente ao longo da margem do riacho, seus olhos procurando os
arbustos e árvores à sua frente.
Então ela percebeu que deveria puxá-lo para a água levantando a popa
bruscamente, limpando a areia para que ele se movesse. Ela correu para o outro lado,
agarrou, levantou e puxou. O barco deslizou meio metro antes dela ser forçada a
deixá-lo cair.
Mais uma vez, ela levantou e soltou, desta vez mantendo o esforço até que o
barco tinha movido um metro inteiro e meio antes dela ter que soltá-lo mais uma vez.
As vozes e o som de pés correndo estavam mais perto agora. O terror deu-lhe a
força extra. Soluçando com esforço e medo, ela levantou e soltou, cambaleando quatro
passos, cinco, seis, com o barco a correr atrás dela, movendo-se mais facilmente
quando ela chegou a areia firme abaixo da linha da maré.
Os Invasores - 135
— Por aqui! Por aqui! Eu o encontrei!
Havia dois remos deitados no fundo do barco. Ela se atrapalhou para ajeitá-los
nos toletes e manter o barco em movimento. Mas ela estava exausta e eles eram
pesados e de difícil controle. E agora o pirata percebeu seu erro. Ele mergulhou da
margem para a areia e correu atrás dela. Ela levantou os remos, procurou seu curso
com eles e caranguejou o barco para o lado. Em seguida, ele foi com água até a
cintura e quase até ela. A água mais profunda desacelerou-o, e por um momento, ela
pensou que ela havia fugido. Então ele agarrou a popa, o barco parou de se mover.
Ela desviou um dos remos e apontou para ele, visando a mão que segurava a
popa. Ele gritou de dor, liberando o barco. Mas em seguida, pegou o remo e começou
a puxá-la, como um pescador que bobina um peixe. Ela levantou novamente o remo,
tentando arrancá-lo de suas mãos.
Por um segundo ou dois, eles lutaram pela posse. Ele era mais forte do que ela e
não tinha corrido montanha abaixo antes deles começarem sua disputa mortal.
Aos poucos, ele foi ganhando a competição, transportando o barco de volta para
águas mais rasas. Em desespero, ela lançou suas forças sobre o remo, dando um
último empurrão contra ele.
Surpreso, ele cambaleou para trás e caiu, ficando completamente submerso sob
o impulso de seu empurrão final, o barco deslizou para longe em águas profundas. O
pirata voltou para a superfície, pragejando e cuspindo, e viu que o barco estava agora
dezenas de metros de distância. Seus companheiros surgiam das árvores agora e
gritavam ameaças atrás dela acenando armas para o ar. Ela ficou aliviada ao ver que
não tinha armas de projétil. Nenhum arco, ou lanças de arremesso.
Rapidamente, ela tirou um dardo da aljava, levou o atlatl de sua bainha em seu
cinto, e montou os dois juntos.
Ela mirou rápidamente para o homem que quase a pegou, então lançou. Seus
companheiros foram surpreendidos quando ele gritou e jogou os braços para cima, em
seguida, caiu para trás de novo na água, indo abaixo da superfície mais uma vez.
Quando ele reapareceu, eles viram o dardo enterrado em seu peito, e a bandeira de
sangue vermelho se afastando na água.
136 - Brotherband
Em pânico, eles voltaram e aos tropeções saíram da água, empurrando uns aos
outros de lado enquanto se esforçavam para colocar distância entre si e a figura do
esquife.
Mas Lydia não estava interessada em atirar mais dardos neles. Ela entrou em
colapso na parte inferior do barco. Tardiamente, ela percebeu que tinha apenas um
remo. Ela empurrou-o desajeitadamente sobre o lado do barco, usando-o como uma
pá. Era pesado e complicado e o barco respondeu lentamente a seus esforços. Mas ele
começou a caranguejar lentamente a jusante. A maré estava vazante, e depois de um
minuto ou mais, o barco foi pego por ele, movendo-se com velocidade crescente em
direção à baía, então Lydia continuou inábil, remando ineficazmente. Ela estava
exausta, física e mentalmente, mas os homens que a tinham perseguido agora estavam
fora da vista conforme o barco passava por uma curva. Devidamente, ela percebeu que
a maré iria levá-la para fora do riacho, para a baía, e depois para fora da baía, para o
oceano.
O que seria dela então, não tinha idéia. Mas trouxe o remo a bordo e ele caiu,
sacudindo, no assoalho do barco.
Ela se preocuparia em obter de volta mais tarde. Por enquanto, ela tinha que ir
embora.
Os Invasores - 137
Capítulo dezoito
S
kegall era uma pequena vila de pescadores, a meio dia de navegação ao
sul de Baía do Abrigo. Com o vento em seu bombordo, Hal estabeleceu a
rota do Garça-Real ao longo da costa. Como tinham decidido quando
testaram, a barbatana nova lhes permitiu fortalecer a vela, com muito menos
inclinação, eo barco moveu-se sensivelmente mais rápido.
Stig estava estudando o gráfico por vários minutos. Ele emergiu sob o abrigo
pequeno de tela e se moveu para ficar ao lado de Hal. Por alguns minutos, ele
observou o movimento do navio, varrendo a superfície das ondas que rolaram num
constante desde o oeste, e depois deslizando para baixo, do outro lado, para cortar a
água verde e espalhar gotículas para o alto, de cada lado da proa. A tripulação, sem
nada para fazer no momento, deitaram nos bancos de remo, aproveitando o sol.
Apenas Ulf e Wulf permaneceram alertas, no caso de haver uma necessidade
inesperada para ajustar a vela. Stig inclinou a cabeça para eles.
Hal assentiu. — Eles ainda brigam como cão e gato, quando estamos em terra
— disse ele. — Mas nenhum deles quer perder sua posição como um aparador de
vela.
— É por isso que eu o escolhi — disse Hal. — Eu não quero anunciar a nossa
presença no caso do Corvo estar em algum lugar na área. Quanto mais as pessoas nos
verem, mais as línguas vão comentar sobre isso.
138 - Brotherband
— Um pequeno mercado irá atender às nossas necessidades — disse Hal. —
Nós não queremos nada de exótico. Edvin quer alguns grampos, como farinha, sal e
café. E eu preciso de corda, ferro, pregos e madeira.
Os olhos Thorn permaneceram fechados. — Apenas tenha certeza que você não
esquecerá.
— Nós vamos remar — disse ele. — Eu não sei se Zavac já viu Garça-Real sob
vela. Mas se ele fez, não há sentido em deixá-lo saber que estamos aqui.
Com o mesmo pensamento em mente, Hal teve Ingvar cobrir a balestra gigante
com uma lona, e amarrá-la para baixo apertado.
— Não há sentido em todo mundo saber tudo sobre nós — comentou a Hal, que
assentiu com a cabeça.
Hal se perguntou por um momento se ele realmente queria ser skirl deste grupo.
Às vezes, ele pensou, manuseá-los era como pastorear gatos.
— Thorn, talvez seja melhor se todos nós fingirmos que você é o skirl. Se
Zavac estiver na área e a notícia chegar até ele sobre um navio capitaneado e tripulado
por meninos, ele pode simplesmente somar dois mais dois.
Thorn assentiu. — Boa ideia — disse ele. — Eu também vou ficar de olho no
mercado para uma pele de carneiro agradável e cara.
Hal revirou os olhos. — Você faz isso — disse ele. Ele percebeu que Ulf estava
franzindo a testa para ele.
— Porque é que Wulf tem que ir com Edvin e eu tenho que ficar aqui? — Ulf
reclamou.
Hal olhou firmemente por alguns segundos, sabendo que Ulf já sabia a resposta.
Então, ele respondeu: — Porque nós não estamos no mar e se eu deixar você e Wulf
juntos, vocês vão brigar.
Ulf fez beicinho, em seguida, tentou mais uma vez. — Eu quero comprar algo
no mercado. Eu estou com fome.
Hal suspirou. Ele olhou de um gêmeo para o outro. Eles realmente eram
impossíveis de distinguir, pensou ele.
— Olha, eu não me importo qual de vocês fica e qual vai. Atire uma moeda
para decidir.
140 - Brotherband
Na verdade, Thorn era o único entre eles que tinha dinheiro. Ele rapidamente
distribuiu umas poucas coroas para cada um dos meninos, dando extra para Edvin e
Hal, que teriam que comprar suprimentos.
— Jesper — disse Hal, — Encontre uma barraca de comida e consiga uma torta
ou uma salsicha para Ulf. Compre. Não roube — acrescentou. Jesper pareceu
ofendido, mas não disse nada. Na verdade, ele tinha planejado "liberar" uma torta para
Ulf e poupar algum dinheiro. Ele não considerou que pegar comida seria estar
roubando. Todo mundo faz isso, pensou ele. Ele só fazia isso melhor do que a maioria.
— Tudo bem — disse Hal. — Vamos nos dividir e nos encontrar aqui em uma
hora.
Quando saiu, ele e Ingvar demoraram um pouco mais do que uma hora para
conseguir o que precisavam. O estaleiro foi capaz de suprí-los com madeira, pregos e
cordas. Mas eles não acham os lingotes de ferro pequenos que Hal queria. Dirigiram-
seu a forja de ferreiro, do outro lado da vila, onde compraram um bom suprimento.
— Trouxe-lhe uma torta — Thorn disse Hal, apontando para o pacote. Hal
assentiu com a cabeça em agradecimento e afundou na areia, pegando o bolo ainda
quente. Ele percebeu que estava faminto.
O rosto de Ingvar se iluminou. — Bem, isso vai servir para uma boquinha antes
do jantar — disse ele, acrescentando, após uma pausa apreciável — Quando é o
jantar?
Hal engoliu o primeiro bocado enorme de torta que estava mastigando e limpou
a boca.
Os Invasores - 141
— Alguém descobriu alguma coisa? — Disse ele, olhando em volta enquanto
Edvin entrega-lhe uma caneca de café quente. Ele pegou e bebeu um gole.
— Ninguém pode nos dizer — disse Thorn. — Ele estava muito longe para
verem os detalhes. Eles disseram que ela tinha um casco de cor escura, mas qualquer
navio na distância parece ter um casco escuro.
— Os barcos de pesca não ficam rodeando para ver melhor — disse Jesper. —
Uma vez que o avistaram, voltaram ao porto.
— Acho que sim — disse Hal, relutantemente encarando os fatos. Foi frustrante
ter tão pouca informação. De certa forma, desejou não ter ouvido nada sobre o navio
estranho. Ele olhou para Edvin.
O outro rapaz assentiu. — Até mesmo café extra. Parece que estamos passando
por isso as custas de uma taxa prodigiosa. — Ele olhou acusadoramente para Thorn
quando disse isto, e o velho lobo do mar assumiu um ar de inocência absoluta.
— Eu não sei o que quer dizer prodigiosa — disse ele, e Edvin bufou em
descrença.
142 - Brotherband
— Tudo bem então — Disse Hal, chegando a uma decisão. — Não há razão
para ficarmos aqui por mais tempo. Vamos voltar para Baía do Abrigo.
— Tem uma coisa — Thorn disse, levantando um dedo. Hal olhou com
curiosidade e ele continuou.
Ele levantou uma pele de carneiro nova. Hal teve que admitir que fosse de
excelente qualidade, e bem feita.
— Eu decidi que deveria deixar você compra-lo para mim. Eram dez coroas.
Ele estendeu a mão esquerda, palma para cima. Hal balançou a cabeça,
perplexo.
Hal deu.
Hal fez isso, desconfiado de toda esta alta finança. Ele percebeu que Thorn
estava estalando os dedos, impaciente.
Intrigado, Hal o fez, deixando cair as moedas na palma da mão aberta de Thorn.
Thorn balançou a cabeça em satisfação e guardou-as em sua bolsa.
— Agora nós estamos quites — disse ele. — Só que você me deve dez coroas.
— Eu o que?
Thorn ergueu seu gancho para parar uma discussão mais aprofundada.
Thorn sorriu inocentemente para ele. — Talvez. Mas eu só queria ter que te
entregar algum dinheiro.
Hal coçou a cabeça, tentando entender o pensamento de Thorn. Ele decidiu que
era uma tarefa impossível.
— Está tudo bem para você se sairmos agora? — Disse ele cedendo, e Thorn
fez um gesto magnânimo, movendo sua mão esquerda em direção ao mar aberto.
— Você pode muito bem levá-lo — disse ele, e Stig cumpriu com entusiasmo.
Verdade seja dita, Hal estava relutante em entregar o controle do navio. Ele era seu e
adorava dirigi–lo, adorava a sensação de controle e resposta que lhe dava. Mas Stig
estaria no leme quando eles fossem para a batalha, por isso fazia sentido para ele estar
completamente familiarizado com a sensação do navio.
144 - Brotherband
Seu amigo pareceu sentir seu humor e sorriu tranqüilizador para ele. — Não se
preocupe. Eu vou cuidar dele. Mas ele sabe quem é seu real mestre.
Foi Jesper que estava de vigia, na proa. Ele correu agilmente para trás agora e
escalou as mortalhas para a posição de vigia no topo do mastro.
Assim que ouviu a primeira chamada, Thorn ficou de pé num salto e se juntou a
Stig e Hal na plataforma de comando. Sem qualquer necessidade de discuti-lo, Stig
entregou o leme para Hal.
— Será que nos viram? — Hal falou. Mesmo Jesper estando no alto do mastro,
eles poderiam reconhecer a sua linguagem corporal incerta enquanto ele protegia os
olhos e tentava ver mais claramente.
— Não tem como saber — ele falou, depois de uma breve pausa. — Mas não
está vindo diretamente para nós e não alterou o curso. Então, provavelmente não.
— Eles têm o pôr do sol por detrás — Thorn disse, pensativo. — Estamos
contra a massa escura da terra. Provavelmente não nos viu ainda.
Hal concordou e chegou a uma decisão. — Tragam a vela para baixo! — Ele
ordenou. — Salte nelas! Stig, dê uma mão!
A tripulação correu para os bancos de remo e colocou os remos para fora. Stig
assumiu o controle dos remadores.
Os Invasores - 145
— Lá está! — Thorn disse, protegendo os olhos quando ao olhar pra cima a
estibordo. Hal seguiu a linha de seu olhar e viu um pequeno retângulo de cor clara,
apenas elevando-se acima do horizonte - a vela de outro navio, pegando os últimos
raios do sol.
— Eu naveguei nele por vinte anos — disse Thorn. — É ele, tudo bem. Eu me
pergunto o que está fazendo por estas bandas?
Hal hesitou, pensando. Se ele continuasse a dirigir para o norte, de volta ao seu
acampamento em Baía do Abrigo, aumentaria a chance do Wolfwind vê-los. Havia
realmente apenas uma escolha. Ele tinha que chegar o mais longe do outro navio
possível. Ele se inclinou na cana do leme, definindo o Garça-Real em um curso longo
e curvo até que estava indo para longe do Wolfwind.
146 - Brotherband
Capítulo dezenove
O
sol se pôs e os Garças levantaram a vela novamente, acelerando ao sul,
longe do curso que o Wolfwind vinha seguindo. Thorn, Stig e Hal
estavam em um pequeno grupo junto à cana do leme, lançando olhares
ansiosos à ré. Depois de uma hora, a lua voltara, lançando um caminho de prata
brilhante para baixo, no mar. Não havia nenhum sinal de um navio seguindo-os.
— Eles não devem ter nos visto — Stig disse esperançoso. Os outros não
estavam tão certos, mas não disseram nada. Hal tinha aprendido ao longo dos anos
que expressar suas esperanças, muitas vezes o levou a tê-las frustradas. Depois de
mais alguns minutos, Thorn respondeu.
— Nós vamos continuar — disse ele. — E vamos ver como as coisas são ao
raiar do dia.
Os Invasores - 147
— Vê alguma coisa? — Ele perguntou.
Edvin virou-se para ele. — Nada. Muito escuro lá fora. Não posso ver além da
popa do navio.
O sono iludiu Hal. Ele estava deitado no convés duro, sentindo o movimento do
Garça-Real através de seu corpo inteiro. Foi uma sensação calmante, e os rangidos e
gemidos do mastro e do aparelhamento foram amigos familiares. Mas o pensamento
de Wolfwind atrás deles, e o sentido devastador de desespero, que sentiria se ele o
encontrasse e o forçasse a voltar para Hallasholm, pesou em sua mente.
Zavac estava em algum lugar por perto. Hal podia sentir isso. E essa seria a
melhor oportunidade de encontrá-lo e ter de volta o Andomal.
O que ele faria se Wolfwind os apanhasse? Eles não podiam lutar com a
tripulação de Erak. Ele sabia disso. Eles eram Escandinavos. Eles eram conterrâneos.
Seu curso foi apenas para iludir o Wolfwind - usar qualidades de navegação
superiores do Garça-Real para escapar dele. Mas o tempo que passou fazendo isso foi
o tempo que Zavac poderia estar escorregando para mais e mais longe deles. Até
agora, o clima predominante ruim manteve o Corvo confinado a uma área
relativamente previsível, em algum lugar na costa sudeste do Stormwhite. Mas agora
o tempo estava melhorando e ela podia desviar em qualquer direção, não deixando
nenhuma pista atrás dela, nenhum vestígio de seu paradeiro.
148 - Brotherband
Ele rolou e tentou relaxar os músculos tensos, esperando que o ritmo constante
de sobe e desce do navio o acalmasse. Mas o pensamento amargo de fracasso corroia
sua mente e dissipou o calmante esquecimento do sono, hora após hora.
Hal tocou no ombro de seu amigo em gratidão. — Não faço muito isso —
admitiu.
Ele olhou para trás. Stig seguiu seu olhar. — Ainda está muito escuro para ver
qualquer coisa — disse ele. — Mas estou com torcicolo de vigiar a noite toda.
Wulf puxou sua mão para trás a tempo e afastou-se. Thorn estava obviamente
acordado, ele pensou.
Para o leste, uma estreita faixa de luz cinzenta estava aparecendo acima do
horizonte. Não havia nenhum sinal de terra, mas a luz vermelha estava refletindo ao
longe, num banco de nuvens baixas. O mar sibilava atrás deles, a água branca de seu
Os Invasores - 149
rastro mostrando-se contra a escuridão. Aos poucos, a luz começou a crescer e eles
poderiam ver mais detalhes. As formas escuras deslocando em torno da parte dianteira
do navio se tornou reconhecível como membros da tripulação.
Entregando o leme para Stig, Hal subiu o trilho pelo posto de popa e equilibrou-
se com uma mão sobre o estai. Ele examinou o mar atrás deles sob a luz crescente. O
nó de ansiedade que estava em seu intestino durante toda a noite aliviou quando viu
um horizonte vazio. Stig estava olhando para ele, à espera de seu relatório. Ele sorriu
para o rosto ansioso.
— Nada a vista — disse ele, e viu os ombros de Stig relaxar. Ele caiu
levemente para o convés, sentindo-se melhor do que estava por algumas horas. Os
dois amigos trocaram sorrisos aliviados.
Edvin tinha começado a preparar um pequeno almoço frio para a tripulação. Ele
se moveu para a popa agora, equilibrando três pratos e canecas, e colocou-os no
convés ao lado de Hal e Stig. Ele olhou para a forma encolhida de Thorn.
— Eu vou deixar o seu aqui — ele disse, e fez o seu caminho para frente
novamente. Edvin não era tolo.
A refeição foi pão duro, frios, bacon cozido e um pedaço de salsicha temperada.
Não era a comida mais apetitosa, Hal pensou. Mas ele estava faminto após a longa
noite e ele devorou-o com gratidão. Stig teve pouco trabalho com o dele também,
lambendo os dedos para ter certeza de que tinha toda a última parte da gordura do
bacon saboroso.
Eles lavaram tudo com água fria. Hal ansiava por uma bebida quente. Uma
caneca de café seria como o céu, pensou ele. Mesmo um chá de ervas teria sido
aceitável. Ou apenas água quente, pensou mal-humorado. Mas, claro, não havia
nenhuma maneira de acender um fogão e cozinhar a bordo do navio, de modo que
teve de se contentar com água fria.
150 - Brotherband
Thorn, finalmente, se agitou. Ele se levantou e esticou os dois braços sobre a
cabeça. Hal observou ociosamente que Thorn havia retirado seu braço falso quando
ele dormia.
— Esta é a refeição do lobo do mar — ele disse aos seus dois jovens amigos. —
Uma esticada, uma coçada e uma boa olhada em volta.
Ele já tinha esticado. Agora, ele aplicou-se à segunda parte da fórmula, coçar-se
livremente e com entusiasmo.
— Cuidado para não rasgar aquela linda e nova pele de carneiro em pedaços —
disse Hal secamente. — Eu não comprarei outra pra você.
Sua primeira sensação foi de alívio. Seja o que for que Thorn tinha visto, não
foi o Wolfwind. Era uma forma pequena e escura a vários quilômetros de distância.
Quando ele olhou mais de perto, pensou que poderia perceber movimento.
Instintivamente, ele foi para o balançar da proa em direção ao objeto, então parou
quando percebeu que o mastro e a vela iriam bloquear sua linha de visão, se ele assim
o fizesse. Além disso, não foi sempre aconselhável correr atrás diretamente para um
objeto desconhecido no mar, pensou. Ele manteve seu curso, visando um ponto de
cerca de vinte graus para a direita do objeto. A forma escura aparecia e desaparecia
regularmente conforme o Garça-Real subia e descia sobre as ondas.
Ele sentiu que Stig e Thorn estavam pensando a mesma coisa. Eles trocaram
olhares, nenhum deles querendo expressar a idéia. Hal atingiu a palma da mão
esquerda contra a cana do leme, como se incitando o barco a maior velocidade.
Medida que se aproximavam, Hal podia ver que o barco era um barco de um
homem só. Seu ocupante estava de pé, acenando com um pedaço de pano na ponta de
uma vara - possivelmente um remo.
— Jesper! Desce. Prepare-se para baixar a vela com Stefan — Ele gritou. A
figura empoleirada no posto de vigia acenou com a mão, em seguida, deslizou numa
das mortalhas para o convés.
— Escotas soltas. Descer vela! — Ele ordenou. Ulf e Wulf deixam a vela solta,
Jesper e Stefan puxaram rapidamente para baixo, reunindo suas dobras e arrumando-
as livremente como eles o sabem. Aos poucos, a velocidade começou a aumentar fora
do navio e Hal viu que ele havia programado a quase perfeição. O Garça-Real estava
mal se movendo quando o barco saiu de sua vista a bombordo da proa e Edvin se
inclinou para ele com o gancho de barco. Hal sentiu um baque leve quando o barco
encostou ao lado do Garça-Real e os dois cascos se juntaram.
152 - Brotherband
— Cuidado — ele murmurou, irritado. Stig, ao seu lado, olhou para ele e sorriu.
Sabia que Hal odiava qualquer coisa batendo contra seu navio, mesmo um inofensivo
barquinho como este.
— Você é tão ruim quanto Erak — disse ele calmamente. Hal ignorou.
— Pegue uma linha no esquife — ele chamou. — Nós vamos rebocá-lo para
trás de nós.
Os Invasores - 153
Capítulo vinte
E
le era uma garota de fato, Hal pensava. E quando ela fez seu caminho de volta,
seguida pelos membros curiosos da tripulação, ele percebeu que ela era uma
menina incrivelmente linda. Era magra e em forma, com a pele bronzeada e
longos cabelos negros amarrados para trás com uma fita simples.
Estava vestida com roupas de caça - um gibão de camurça sobre uma camisa de
lã e caneleiras trançadas na calça apertada. Ela tinha uma aljava com o que parecia ser
flechas penduradas sobre suas costas, embora ela não tivesse arco. Uma longa adaga e
um estranho cabo de madeira entalhado pendurado no cinto de couro largo. Ela era
mais alta do que a média, que colocava seus olhos no mesmo nível com o seu próprio.
Atrás dela, Ingvar estava sussurrando, numa voz completamente audível, para Edvin.
Thorn jogou a cabeça para trás e riu. — Não eu, minha cara! Eu sou mais
parecido com o gato do navio. — Ela franziu a testa, e ele explicou. — Eu sou um
pouco como um animal de estimação para o capitão. Ele eu mantém ao redor para seu
próprio divertimento. Este é ele. Seu nome é Hal.
Suas sobrancelhas se ergueram enquanto ela estudava Hal, vendo sua face
jovem, um pouco mais velho do que ela.
— Sério? — disse ela um pouco cética. Hal estava à beira de se ofender, então
percebeu que sua reação era natural.
154 - Brotherband
Enquanto falava, ele ficou vermelho brilhante. Hal sorriu sozinho. Stig, alto e
bonito como ele poderia ser, tendem a ser um pouco desajeitados com as garotas de
boa aparência. Ele iria tornar-se um gago ou tagarelar inconscientemente.
Obviamente, este foi um dia para tagarelar.
Ela apertou sua mão e o sorriso tocou suas feições novamente, mas apenas por
alguns instantes.
Stig, ainda ruborizado, engoliu várias vezes, então percebeu que ainda estava
segurando a mão dela e liberou-a abruptamente, quase a empurrando para longe, na
pressa de fazê-lo.
— Ummm... er... Deixe-me saber se eu posso fazer alguma coisa para deixar
você mais confortável. Você sabe... o que for. Estarei encantado... apenas, você sabe...
deixe-me saber... — Ele percebeu que era a segunda vez que ele disse encantado e sua
voz foi sumindo incerta. A menina fingiu não perceber a sua falta de jeito.
Stig acenou várias vezes para si mesmo, limpou a garganta novamente para
uma boa medida, em seguida, deu um passo atrás, tropeçando em um rolo de corda e
rapidamente equilibrou-se para não cair.
Hal avançou. — Eu não entendi o seu nome — disse ele, e ela virou seu olhar
de volta para ele. Olhos castanhos, ligeiramente inclinados para cima. Aparência
impecável. Ele percebeu que ela havia respondido a sua pergunta e ele não tinha
ouvido uma palavra.
Os Invasores - 155
— Então, Lydia Demarek, o que fez você ficar à deriva aqui no mar? Vocês
naufragaram?
Ela balançou a cabeça. — Não. Eu vim de Limmat. A cidade foi tomada por
piratas. Consegui escapar. Mas eu perdi um dos meus remos e estive à deriva.
Mas ela balançou a cabeça mais uma vez. — Eu não tenho idéia. Eu estava nas
colinas, caçando, quando eles atacaram. Eu vi e consegui fugir. Alguns deles me
perseguiram, mas consegui chegar ao esquife e derivei na baía. A maré levou-me para
fora. Em seguida, a corrente me levou mais longe.
Ela olhou para ele. — Ontem, por volta do meio-dia. — Sua voz falhou e uma
carranca tocou suas feições quando ela olhou para trás para Hal. — Eu poderia ter um
pouco de água? — Disse ela, com um pouco de censura. — Estou absolutamente seca.
Ela sorriu agradecida à sua súbita preocupação e fez um gesto negativo. — Não
agora. Mas eu realmente preciso de um pouco de água. Eu não tinha nenhuma no
esquife.
Edvin voltou com um copo grande de água fria. Ela tomou dele, sorrindo em
agradecimento, e bebeu profundamente, finalmente abaixando o copo com um
suspiro.
— Oh, isso é muito melhor! — Disse ela, e afundou-se com gratidão para o
banco, ainda segurando o copo meio cheio. Ela tomou um gole de novo, mais devagar
agora que sua sede inicial tinha sido apagada.
— Limmat — Hal a levou. — Você disse que foi atacada por piratas.
156 - Brotherband
E ela balançou a cabeça, seus olhos nublando enquanto se lembrava da cena, a
fumaça saindo da queima dos edifícios, os gritos das pessoas da cidade. Pela
centésima vez, ela se perguntou se seu avô estava bem.
— Eles devem ter forçado seu caminho através da barragem — disse ela. —
Havia um pequeno navio ancorado contra o cais, de modo que a barragem não poderia
fechar. Dois outros tinham começado a entrar no porto. Um navio verde escuro e o
maior dos três - o navio negro.
— Meu avô ainda está lá — disse ela. — Eu tenho que voltar e me certificar de
que está tudo bem. Você pode me levar?
— É claro que pode! — Stig disse impulsivamente. Mas Lydia olhou para Hal.
Ele era o comandante, jovem como possa parecer. A decisão seria dele. Stig, também,
virou-se para olhar para o seu amigo. Hal estava esfregando o queixo pensativo.
— Eu acho que nós temos que ver se este é o navio que estamos procurando —
disse ele. — Nós vamos levar você de volta. Mas você pode não gostar do que vai
encontrar. E vai ser perigoso.
Os Invasores - 157
Lydia pensou por um momento. — Há um pântano a sudoeste da cidade. Nós
poderíamos desembarcar lá, fora de vista, e tomar um bote para chegar mais perto.
— É claro.
Eles tiveram bom tempo na volta para a costa, depois viraram ao sul em direção
à Limmat. Muito antes de a cidade em si entrar em seu campo de visão, eles podiam
ver o manto pesado de fumaça que ainda pairava sobre ela.
Por fim, ela voltou de novo. Seu rosto estava composto e seus modos estavam
calmos. Ela indicou o litoral raso.
— Devemos encalhar aqui o seu navio e ir ao esquife — disse ela. — Uma vez
que circularmos no próximo ponto, vamos estar à vista da cidade.
Hal virou o navio para a costa. Lydia observou com interesse enquanto Thorn
retirou a barbatana, permitindo que o navio passasse por águas rasas e suavemente rm
direção da praia. Stefan e Jesper saltaram em terra e ancoraram o navio rapidamente
com a âncora de praia. Eles tinham vindo rebocando o esquife de Lydia pela popa. Hal
desatou a linha que o prendia e arrastou-a pelo lado do navio para a praia.
Hal assentiu. — Você, eu e Stig — ele disse a ela. — O barco não vai ter mais
nada.
Ele olhou para Thorn. — Você fica no comando aqui, Thorn — disse ele, e o
homem mais velho acenou com a cabeça.
158 - Brotherband
Hal sorriu para ele, agradecido que Thorn não protestou por ter sido deixado
para trás.
Uma volta ao ponto, não havia nada além do solo baixo por vários quilômetros.
Além, eles podiam ver as duas torres e os edifícios mais altos da cidade, elevando-se
acima do pântano de gramíneas e arbustos baixos. Um pequeno riacho corria para o
pântano e Stig remou para ele. Uma vez que estavam entre derivantes ilhas de grama e
altos juncos, eles ficavam praticamente fora da vista da cidade. Eles só tinham
vislumbres ocasionais das torres.
Eles seguiram por curvas, canais irregulares através do pântano, divergindo, por
vezes, mas sempre conseguindo retornar ao seu curso básico. Depois de uma hora de
remo, Lydia indicou para Stig a cabeça de um baixo espeto de areia, coberta de
árvores raquíticas e grama do pântano.
— Eles não vão vê-lo da cidade — disse Lydia. — Mas ele vai marcar o local
onde o barco está para nós.
Os Invasores - 159
da água e da, escorrendo no fundo lama mole do pântano impedia conversa fiada.
Finalmente, Lydia sinalizou a parada e indicou uma corcunda ilha, coberta de
vegetação rasteira e subindo mais do que os pântanos circundantes.
Hal abanou a cabeça com admiração. Mesmo com seu senso instintivo de
direção, ele sabia que teria se tornado irremediavelmente perdido neste emaranhado
inexpressivo e os canais sinuosos inumeráveis.
— Você certamente sabe o caminho de volta aqui — disse ele, e ela lhe deu um
sorriso rápido.
— Eu cacei e pesquei nesses pântanos desde que tinha nove anos de idade —
disse ela por alguns instantes.
— Então agora sabemos o que aconteceu com o navio mercante. — Hal disse,
apontando mais para baixo do porto.
Lá, ancorado contra o molhe interior, estava uma forma preta, longa que ambos
reconheceram.
Hal não disse nada, olhando para o navio mal-encarado com um ódio súbito em
seu coração. Depois de semanas de buscas e esperança, aqui estava sua presa, a menos
de um quilômetro de distância. Quase a contragosto, ele tirou os olhos dele e estudou
o resto da cidade.
Ele tinha visto o que precisava. Agora tinha que ir para cima com um caminho
para a sua pequena tripulação enfrentar e derrotar os cinqüenta e tantos piratas que
tripulavam o navio preto. Até agora, ele evitou fazer quaisquer planos concretos. Não
parecia haver qualquer ponto, até que encontraram o Corvo. Mas agora o problema
tinha de ser resolvido. E rapidamente. Não havia como dizer quanto tempo ficaria no
porto. Ele deslocou de volta do cume baixo nos cotovelos.
Ele espirrou em seu caminho de volta através da água barrenta, Lydia liderando
o caminho mais uma vez. Depois de meia hora, Hal viu a lâmina do remo de pé em
cima dos juncos em uma ilha próxima e se dirigiu a ele. Ele olhou para Lydia em
aprovação. Ela era uma pessoa útil para ter por perto, pensou. Ele nunca teria
reconhecido aquela ilha em particular novamente. Eles aportaram em terra e, enquanto
Stig soltou o barco na água, Hal pegou o remo.
— Quer que eu reme por um tempo? — Ele ofereceu. Mas Stig balançou a
cabeça.
— Eu estou bem. E eu sou um remador mais rápido do que você. Vamos voltar
para o navio mais cedo.
— Você poderia — disse uma voz atrás deles e eles se viraram, assustados,
quando uma dúzia de homens levantou-se dos juncos e canas, movendo-se
rapidamente para cercá-los. — Mas neste momento, ninguém vai a lugar nenhum.
Os Invasores - 161
Capítulo vinte e um
H al e Stig haviam deixado suas armas no navio, sabendo que teriam que
se deslocar através dos pântanos. Mas ambos usavam suas facas
saxônicas enquanto se viravam para enfrentar o homem que havia
falado, suas mãos caíram instintivamente para o punho de suas pesadas facas.
— Esqueça isso, Stig — Hal disse gentilmente. Não havia por que lutar. Eles
estavam em uma grande desvantagem numérica. Ele se levantou da posição agachada
em que havia estado e afastou a mão da sua faca saxônica. Stig, olhando enraivecido
ao redor do circulo de homens que os enfrentavam, chegou à mesma decisão que seu
amigo alguns segundos depois.
Hal estudou o homem que havia falado. Ele era um pouco mais velho que
ambos os Garças, talvez vinte ou vinte e um anos. Ele era de uma altura média, porém
atarracado, com um rosto largo e cabelo na altura dos ombros. Ele estava bem
barbeado e seu nariz parecia ter sido quebrado e mal cicatrizado, de modo que estava
um pouco desalinhado, com um pequeno inchaço no meio. Ele estava armado com
uma espada curta e um pequeno escudo redondo de metal. Ele segurava suas armas
com facilidade, obviamente acostumado a usa-las.
Confuso, Hal abriu sua boca para responder. Mas Lydia bateu nele por isso. Ela
tinha estado atrás de Hal e Stig quando o homem começou a emboscada. Ela havia se
movido entre os dois e tinha dado um passo a frente para enfrentar seu beligerante
captor.
— Lydia? É você? É sim! Toda coberta de lama e sujeira, mas com certeza é
você!
Stig sentiu a mudança na atitude e se encheu de raiva. Ele deu meio passo
adiante, com sua mão caindo involuntariamente para o cabo da faca saxônica
novamente.
Hal pôs a mão em seu antebraço. — Calma, Stig, — ele disse suavemente.
Após alguns segundos, ele se sentiu aliviado ao ver os ombros de seu amigo relaxando
lentamente, e a mão de Stig movendo-se para longe da faca saxônica novamente.
Barat havia notado o movimento impulsivo e cruzou seu olhar com o de Stig. O
desagrado entre os dois era quase palpável.
Hal apertou o antebraço do seu amigo. Mas desta vez, Stig não mordeu a isca.
Ele mudou, pensou Hal. O antigo Stig teria cedido ao seu temperamento explosivo e
feito algo precipitado.
— Pare com isso, Barat, — Lydia disse furiosa. — Eles são meus amigos e me
resgataram. Eles provavelmente salvaram minha vida, para dizer a verdade. Então
saíram de seus caminhos para me trazer aqui.
Os Invasores - 163
— Nós estamos procurando apenas uma coisa — Hal disse calmamente. — Que
é o barco negro ancorado em seu porto. Nós estamos atrás dele há semanas. Quando
Lydia disse que estava aqui, viemos para ver por nós mesmos.
— Eu pensei que...
— Você não pensou! — o homem disse. Ele era um pouco mais velho, alto e
musculoso que Barat. — Você é um bom comandante, mas você sempre deixa sua
língua solta demais. Está na hora de você aprender a ficar quieto. Se Lydia diz que
esses meninos são amigos, isso é suficiente para mim!
— Então, Jonas, o que todos vocês estão fazendo nos pântanos? — Ela
perguntou para o homem que havia silenciado Barat. Ele encolheu os ombros.
164 - Brotherband
Hal decidiu que era hora de consertar algumas coisas, então ele fez a próxima
pergunta para Barat.
— Então você acha que eles estão aqui para ficar? — ele perguntou. — Existem
quantos deles lá?
Hal fez um vago gesto na direção do porto. — O pequeno navio. Ele foi tomado
pelo Corvo algum tempo atrás. Era de um comerciante escandinavo.
— Boa pergunta, — ele disse. — Quando eu descobrir, você vai ser o primeiro
a saber.
Barat olhou para os dois jovens marinheiros. Ele teve a graça de olhar um
pouco envergonhado.
— Nós temos um inimigo em comum — Hal disse. — Zavac roubou algo que é
nosso e eu quero de volta. Você o quer fora de sua cidade. Se nós trabalharmos juntos,
talvez ambos podemos conseguir o que queremos.
— Isso soa bem para mim — disse. Eles balançaram as mãos, então Barat
ofereceu sua mão para Stig e os dois também se cumprimentaram, embora ainda
houvesse uma reserva perceptível entre eles. Quem sabe tinha alguma coisa a ver com
a garota, Hal pensou.
Os Invasores - 165
— Devemos voltar ao nosso navio enquanto ainda há luz — disse ele, olhando
para o oeste, onde o sol estava deslizando cada vez mais para o oceano. — Como é
que você esta de alimentos em seu acampamento?
Barat franziu os lábios. — Nós estamos com muito pouco — ele disse. —
Existem peixes e algumas aves silvestres nos pântanos, mas não o suficiente para
alimentar uma grande quantidade de pessoas. E nós não trouxemos nada conosco.
Temo que não possa oferecer nada a vocês.
Hal balançou a cabeça, — Não era isso que eu estava perguntando. Nós temos
bastantes suprimentos no nosso navio. E mais ainda no acampamento mais acima na
costa. Se dois de seus homens vierem para o navio com a gente, nós dividiremos tudo
o que tivermos de sobra. Então subiremos à costa, pegamos o nosso equipamento, e
mais comida, então voltaremos aqui. Até lá, eu terei pensado em um plano de ação.
Rapidamente ele passou as ordens para o resto de seus homens. Ele e mais
outros dois iriam voltar para o Garça-Real e coletar os suprimentos que Hal tinha
oferecido, enquanto o restante voltaria para o acampamento no pântano. Stig lançou o
bote e fixou os remos nas cavilhas, e Barat e seus dois companheiros pegaram um
bote de artesanato parecido, em algum esconderijo que estava entre os juncos.
Hal olhou para aquilo, levantando uma sobrancelha. — De onde veio isso?
Assim que Barat arrastou e nivelou o seu barco com o deles, ela se andou pela
praia em direção a ele. Foi falar, mas hesitou, então juntou determinação e continuou.
— Eu não tive a chance de perguntar, — ela disse, com a voz cheia de medo. —
Você tem alguma ideia do que aconteceu com meu avô? Ele conseguiu escapar?
A face de Barat já havia dito a resposta, antes mesmo de ele falar algo.
— Ele foi morto, Lydia. Me desculpe. Ele tentou lutar com os piratas - você
sabe como ele era.
166 - Brotherband
mataram. — Ele fez uma pausa, olhando para ela. A sua faze estava inexpressiva,
mostrando nenhuma emoção.
— Eu não pude fazer nada para ajuda-lo Lyd. Eu tentei, mas eu não consegui
chegar a tempo. Então mais piratas chegaram e eu tive que fugir. Não havia nada que
eu pudesse fazer. Realmente.
Ela tocou o seu braço e deu um sorriso amarelo. — Eu sei, - ela disse. — Ele
nunca iria se render a eles. Ele não percebeu que estava velho.
Eles remaram para o raso e ele saiu para orientar o barco em terra. Barat e os
outros dois Limmatans os seguiam de perto. Hal puxou o bote para a praia e olhou ao
redor. Para sua surpresa, ele viu que os Garças estavam todos armados. Seus escudos
haviam sido removidos da amurada do barco e eles estavam todos os usando. A luz
das estrelas brilhou nas cabeças de machados e lâminas de espadas.
Thorn, ele percebeu, estava usando o seu maltratado velho capacete com
chifres, e tinha mudado o braço falso do dia-a-dia, com o gancho de fixação, para o
porrete de guerra que Hal tinha feito para ele. Ele deu um passo frente então.
Hal sorriu para ele. — Nós estamos bem. Eles homens são aliados. Lydia os
conhece. Eles vão nos ajudar a atacar o Corvo.
Os Invasores - 167
Houve um ligeiro ruído de armas enquanto os meninos as colocavam para
baixo. Hal apresentou Barat e seus companheiros e explicou onde tinham vindo e sua
necessidade de abastecimento. Edvin concordou e se moveu rapidamente para o navio
para empacotar a comida. Os dois amigos de Barat o seguiram. Poucos minutos
depois, eles voltaram carregando duas pesadas sacolas.
Barat apertou sua mão, então se virou, chamando por cima de seus ombros.
Mas Lydia hesitou sem jeito, sem se mover em direção ao bote. Barat se virou,
um pouco confuso e irritado.
Lydia olhou para baixo, fazendo pequenos círculos de areia com o pé.
— Eu acho... que vou ficar com os Garças — ela disse, então olhou
rapidamente para Hal. — Se estiver tudo bem para você?
Ele abriu as mãos em um gesto de surpresa. — Está tudo bem por mim.
Barat deu-lhe um olhar azedo, então fez um gesto categoricamente para os dois
botes.
— Não seja boba, Lydia. Eles não são o seu povo. Venha conosco. Agora.
Ela levantou os olhos. Havia uma luz de determinação neles e ela balançou a
cabeça apenas uma vez.
— Tudo bem — ele disse. — Esqueça seus amigos, se é o que você quer. Fique
com estes estrangeiros.
— Sim, eu acho que ficarei, — Lydia disse para ele, com crescente convicção
em sua voz, e ele virou-se de costas, sem vontade de levar a discussão adiante. Ele
procurou através da praia pelos dois botes, com suas costas retas, sem nunca olhar
para ela, enquanto ele empurrava um dos botes para a água e começava a remar para
168 - Brotherband
longe. Seus dois companheiros apressadamente empilharam os sacos no segundo bote
e o seguiram.
Os Invasores - 169
Capítulo vinte e dois
L
ydia manteve seu silêncio durante a maior parte da viagem ao norte
da Baía do Abrigo.
— Ela vai ficar encharcada — Stig disse e ele virou para Hal sobre a plataforma
de direção. — Eu vou levar um cobertor. — Ele começou a se afastar, mas Hal o
parou.
Stig hesitou. Ele queria falar com ela. Mas Hal balançou a cabeça e Stig
finalmente decidiu que seu skirl estava certo.
Ao contrário da corrida suave ao longo da costa, não foi uma noite fácil. O
vento mudou de direção para o noroeste e variou de intensidade, de modo que a
tripulação estava no trabalho continuamente, alinhavando e ajustando as velas. Lydia,
vendo que estaria no caminho se ela permanecesse na proa, mudou-se para um lugar
nos bancos de remo portuários, perto da popa. Ela observou como o Garça-Real
passou de um rumo para o outro, percebendo o quanto mais perto do vento ele poderia
navegar do que as naus-retas que eram a norma nesta parte do mundo. Mas, depois de
poucas mudanças de rumo, ela perdeu o interesse e retomou olhando para o mar.
— Sinto muito pelo seu avô — disse ele sem jeito. Ele a advertiu contra Stig
incomodando-a anteriormente. Ele sentiu que ela não estava com humor para
tentativas inevitavelmente nada sutis de Stig para ganhar sua amizade. Mas ele sentia
pena dela, sozinha entre estranhos, e de luto pela perda de seu avô.
170 - Brotherband
Ela lhe deu um sorriso amarelo.
— Obrigado — disse ela. — Ele era um bom homem. Mas ele nunca deveria ter
tentado lutar contra eles. Ele estava muito velho.
Hal considerou isto por alguns momentos. — Talvez não teria sido feliz
simplesmente deixando-os andar em cima dele. Talvez soubesse que estava velho
demais para lutar contra eles, mas não estava disposto a simplesmente ficar de lado e
deixar que invadissem o seu caminho.
— Provavelmente. Isso seria igual a ele — disse ela. Havia uma nota de
orgulho suave e diversão em sua voz quando ela pensou no velho. Então, ela olhou
para a vela grande, triangular, inchada numa curva forte no rumo a bombordo. — Este
é um navio incomum.
Ela olhou para aquilo, esperando que ele dissesse mais. Mas ele sacudiu a
cabeça. Enquanto estava no leme, uma idéia lentamente se formou em sua mente.
Veio uma peça de cada vez e, no momento, era um conjunto de conceitos não
relacionados. Ele precisava de tempo para se sentar e colocá-los em ordem e
transformá-los em um plano coeso.
— Eu vou te dizer mais tarde — disse ele. Então, para mudar de assunto, ele
acrescentou, — Conte-me sobre Barat. Ele parece um pouco espinhoso.
Ela bufou com desdém. — Isso é um eufemismo. Barat é muito cheio de si para
o meu gosto. Ele é um bom guerreiro, um guerreiro muito bom, como disse Jonas. E
ele é um bom comandante de batalha. Mas é aí que termina. Como líder do dia-a-dia,
ele é muito impulsivo e também não gosta muito de cuidar de detalhes. — Ela fez uma
pausa. — E ele tem muito que aprender.
Hal sentiu a partir do tom de sua voz que esta última afirmação era mais pessoal
do que uma avaliação geral da Barat.
Os Invasores - 171
— Por isso eu suponho que você quer dizer acha que possui você? — ele
perguntou.
— Ele acha que é meu dono — disse ela. — E diz a todos que vamos nos casar
quando ficarmos mais velhos. — Ela fez um gesto irritado. — Nunca lhe ocorreu que
eu gostaria de ter algo a dizer sobre isso! É por isso que não quero voltar para o
campo com ele. Espero que você não se importe.
Hal balançou a cabeça. — Você é bem vinda para ficar conosco, desde que
você queira — disse ele. — Os meninos gostam de você.
— É bom saber — disse ela. Estava um pouco envergonhada por sua declaração
e não tinha certeza de como responder. Procurou algo a dizer e, olhando para cima,
percebeu a figura alta de Stig no leme.
— Há quanto tempo você conhece Stig? — ela perguntou, olhando para mudar
de assunto.
O-ho! Então é pra esse lado que o vento está soprando, Hal pensava. Ele olhou
para Stig por sua vez. Recortado contra o céu da noite, o primeiro companheiro
aparentava uma figura bastante heróica.
— Oh, nós temos sido amigos por anos. — Houve outra pausa, então ele disse:
— Agora, se me dão licença, eu gostariaria de descansar um pouco.
172 - Brotherband
Ele virou-se. Havia um grande navio cinquenta metros à ré deles, movendo-se
para fora de seu esconderijo para bloquear qualquer possível fuga da baía. Ele ouviu
os gritos de alarme dos outros garotos quando eles perceberam o navio. Pego de
surpresa, os Garças pararam de remar. Agora Hal podia ouvir os respingos fracos dos
remos do navio por trás deles quando começou a alcançá-los.
Wolfwind transferiu-se para dentro de dez metros de sua proa, então seus
remadores apoiaram na água, deixando o Garça-Real em estado de deriva. Tão perto,
Hal poderia reconhecer Svengal na proa do navio, de pé sobre os trilhos, segurando o
estai de equilíbrio.
Hal sentiu o movimento ao lado dele. Stig tinha saltado de seu banco no barco.
— Nós podemos fugir deles! — Disse. Mas Hal balançou a cabeça com
amargura.
— Não a remos. Eles são mais rápidos do que nós. E no minuto que tentarmos
levantar a vela, eles estarão ao nosso lado.
— Então nós vamos lutar com eles! — Stig disse com raiva.
Ele olhou para a tripulação, à espera nos bancos de seus remos para as suas
ordens. No banco mais à popa, Lydia o observava, uma expressão confusa no rosto.
Os Invasores - 173
Os Garças eram escandinavos, ela sabia. E o navio atrás deles era um navio
viking escandinavo. Ela se perguntou qual seria o problema.
Antes que ela pudesse se aproximar dele, Hal apontou para os meninos nos
bancos de remo.
Stig olhou para ele, hesitou, e então balançou a cabeça em frustração. Desceu e
tomou seu lugar no banco de remo.
Stefan jogou a âncora na praia sobre a proa, em seguida, caiu para o lado.
Quando ele correu até a praia para prendê-la na areia, houve um ruído quando o
Wolfwind passou a encalhar sua proa ao lado deles. Um de seus tripulantes
observando as ações de Stefan.
Hal olhou tristemente em volta de seu pequeno barco. Esta seria a última vez
que ele ordenou-lhe, ele sabia, e ele não podia levar-se a deixá-lo. Ele estava ciente de
que os outros meninos estavam esperando por sua liderança e ele fez um gesto em
direção à proa.
— Todos em terra — disse ele. Eles se viraram e fizeram o seu caminho para a
frente, um grupo desconsolado. Lydia, ainda perplexa, saiu ao lado de Stig.
— O que está acontecendo? — Ela perguntou a ele. Ele olhou para ela.
— Nós somos fugitivos — disse ele. — Eles vieram para nos levar de volta.
Ela olhou para ele, os olhos arregalados. Não havia nada que pudesse dizer a
isso. Apesar de ela pensar sobre isso, percebeu que significaria que seus compatriotas
estavam agora por conta própria contra os piratas. Havia apenas nove tripulantes do
Garça-Real, e oito deles eram meninos. Mas de alguma forma, tinham-lhe dado
esperança. Seu otimismo, sua confiança em Hal e sua capacidade de chegar a um
174 - Brotherband
plano de ação tinha mostrado suas crenças. Agora se foi. Abatida, ela seguiu os outros
para a proa.
— Finalmente! — Disse. — Pelo mau hálito de Gorlog, Hal, você nos levou em
uma perseguição alegre. Encontrei seu acampamento aqui um par de dias atrás, mas
não havia nenhum sinal do Garça-Real, por isso fomos à sua procura. Eu pensei que
nós o tínhamos avistado ao sul daqui na outra noite, mas você escapou. Portanto,
viemos aqui para esperar. E aqui está você!
— Graças aos deuses que você está a salvo. Estivemos muito preocupados com
você. Erak teria me esfolado vivo se você sofresse qualquer dano.
— Acho que ele nos quer em um pedaço quando você nos levar de volta. —
disse Stefan amargamente.
— Levá-lo de volta? Nós não estamos aqui para levá-lo de volta. Erak enviou-
nos para ajudá-lo! — disse.
Lentamente, Hal sentiu esperança surgindo em seu coração. — Você quer nos
ajudar?
Svengal virou-se para sua tripulação. — Eles pensaram que tinha vindo até aqui
para arrastá-los de volta para Hallasholm! — Ele caiu na gargalhada. Seus homens se
juntaram e ele olhou para Hal.
— Quem iria querer um mal vestido muito sem gosto como você de volta? Não,
Erak achou que você tinha uma vantagem sobre nós, então você teria uma melhor
chance de encontrar do que assassinar o suíno do Zavac. Então, ele nos enviou atrás
Os Invasores - 175
de você para lhe dar uma mão. Afinal, essas Magyarans tem você seriamente em
desvantagem.
Svengal pareceu notar Thorn pela primeira vez e sorriu alegremente para ele. —
Olá Thorn. Bela pele de carneiro. O que aconteceu com a antiga? Será que ela
finalmente se desintegrou? Tinha mais buracos do que pele de carneiro de qualquer
maneira.
— Vejo que ainda fala demais, Svengal, — Thorn respondeu. Alguns dos
tripulantes do Wolfwind murmuraram em acordo. Svengal ficou imperturbável, no
entanto.
— Nós ainda estamos trabalhando nisso — Thorn disse a ele. — Mas Hal vai
vir com algo devidamente brilhante. Ele normalmente vem. Então, podemos ir e o
caramujo comestível do Zavac sairá de seu buraco de rato.
176 - Brotherband
Capítulo vinte três
N
a manhã seguinte, eles desfizeram o acampamento e os dois navios
equipados, em comitiva, navegaram pela costa até Limmat.
Era meio da tarde, quando eles chegaram ao seu destino. Não havia
mais uma coluna de fumaça elevando-se acima da cidade. Aparentemente, os piratas
tinham começado os incêndios sobre controle. Ou talvez eles houvessem deixado o
povo da cidade para cuidar deles.
Eles seguiram um caminho aparentemente sem rumo até que chegaram a uma
ilha de areia maior do que o de costume. O sol estava quase se pondo e eles podiam
ver o brilho de várias foqueiras que se aproximavam.
— Reforços. Eles vão nos ajudar com o ataque. E esses sacos que estão
transportando estão todos cheios de comida.
— Fico feliz em vê-lo — disse ele. Mas a direção do seu olhar deixou dúvidas
de que era a comida que ele mais gostou de ver. Ele notou Lydia, que estava perto de
Hal e Stig, e sua expressão acalmou.
— Olá, Lydia.
Os Invasores - 177
Ela assentiu com a cabeça numa saudação. — Oi, Barat. Lugar lindo que você
tem aqui.
Ela olhou ao redor da ilha. Os homens que haviam escapado da cidade não
tiveram tempo de reunir tendas ou toldos, quando se retiraram. Em vez disso, eles
haviam construído ásperos abrigos de palha de galhos de árvores e arbustos. Uma
figura corpulenta estava se aproximando deles e Hal reconheceu Jonas, que havia sido
o segundo de Barat no comando quando eles se conheceram vários dias antes. O mais
velho Limmatan deu um sorriso de boas vindas agora.
— Você está de volta! — Ele também notou os sacos. — E você não veio de
mãos vazias! Bem-vindo à nossa encantadora casa de férias à beira-mar, Lydia. O que
você acha?
Hal assentiu. Ele gostava de Jonas. Ele tinha um jeito fácil, alegre sobre ele, em
contraste com a abordagem desajeitada e suspeita de Barat. Hal também sentiu que a
saudação amigável de Jonas destinava-se a compensar a falta de boas-vindas de Barat.
178 - Brotherband
esperança de desalojar mais de uma centena de piratas a partir de uma posição bem
fortificada como a cidade. A chegada dos nove membros da tripulação Garça-Real, e
agora vinte escandinavos adicionais, parecia ser um bom presságio. Assim, a refeição
foi alegre, com muito riso e bom companheirismo.
Barat teve alguma pretensão de ser um líder e um tático. Mas, na verdade, ele
vinha tentando pensar em uma maneira de atacar e derrotar os piratas por alguns dias
agora, sem sucesso. Enquanto ele mantinha a ficção de que tinha a autoridade para
aprovar ou rejeitar os planos de Hal, a verdade era que estava esperando que o jovem
escandinavo viesse com um plano de batalha que lhes traria uma vitória, embora ele
não tivesse a menor idéia do o que esse plano poderia implicar. Ao mesmo tempo, ele
estava um pouco ciumento do jovem skirl escandinavo, possivelmente devido ao que
ele via como a deserção de Lydia. Assim, mesmo que parte dele esperava um plano
viável, outra parte estava muito pronta para criticar o que quer que Hal fale.
— Surpresa — disse Hal, quando eles estavam todos reunidos próximo ao redor
do fogo. — Essa vai ser a chave do sucesso para nós. Se nós pudermos os pegar de
surpresa, podemos neutralizar a sua vantagem em números.
Hal falou com confiança. Mas a idéia, uma vez que ele tinha, parecia tão óbvio
que Barat estava inclinado a desconfiar dele. Não podia deixar de sentir que ele deve
ter deixado algo fora de seus cálculos. Deu de ombros mentalmente.
Se ele tivesse, ambos Thorn e Svengal eram militantes experientes. Eles podem
não ser capazes de colocar um plano em conjunto. Mas eles reconheceriam as
deficiências se a vissem.
— Eles não sabem que estou aqui — Svengal apontou. Ele já estava ficando
cansado deste Limmatan auto-importante, que parecia sempre pronto a criticar, mas
Os Invasores - 179
nunca apresentou uma idéia de sua autoria. — E isso é uma surpresa a um bom
número de inimigos no passado.
Lars e alguns dos Limmatans riram disso. Barat levantou as sobrancelhas. Ele
estava irritado com a pronta resposta às suas críticas e irritado que seus concidadãos
tinham rido. Mas ele se recusou deixar este jagunço escandinavo vê-lo.
— Você está certo, Barat — disse ele. — Os piratas sabem que está aqui. E eles
vão esperar qualquer ataque vir deste lado da cidade.
— Mas eles não sabem que você tem navios agora. Se se mover sob a cobertura
da escuridão, podemos transportar seus homens para o outro lado da cidade para o
leste. Vamos dar uma volta larga na baía para ficar fora de vista, curvar então de volta,
abraçando a costa norte. Eu acho que podemos fazer isso em duas noites. Há um
promontório sobre 400 metros da cidade, onde pode ficar fora de vista até que todos
os seus homens estejam em posição.
Hal estava olhando Barat e Jonas quando Svengal fez o ponto. Ele viu o olhar
rápido entre eles.
180 - Brotherband
Eles estão escondendo algo de nós, ele pensou. Nem ele nem Svengal estavam
cientes de que os piratas ainda estavam em Limmat por causa da mina de esmeralda.
Zavac colocou os mineiros trabalhando dobrado para extrair o maior número possível
de pedras preciosas do rico filão por trás da cidade. E, não tendo nenhuma ameaça
imediata do grupo relativamente pequeno, que havia fugido para os pântanos, ele não
tinha pressa nenhuma de sair.
Havia uma nota de algo parecido com triunfo em sua voz. Hal inclinou a cabeça
para um lado.
Hal sorriu, aliviado que Barat não tinha visto um problema real com sua idéia.
Veja bem, o seu ponto tinha certa validade. Se o Wolfwind, por exemplo, tentasse
transportar os homens para a baía, ele levaria muito tempo batendo no vento contrário
e a luz do dia iria mostrá-lo. Mas o Garça-Real era um assunto completamente
diferente.
— Não vai ser um problema — disse ele, confiante. — Meu navio pode
navegar contra o vento muito mais rápido do que o normal. Oito horas de escuridão
será tempo de sobra para nós chegarmos e voltarmos.
— Hal está certo. Esse navio pequeno com suas velas contra o vento é como um
sonho. Ele vai ser capaz de beliscar e sair com tempo de sobra.
Os Invasores - 181
Barat afastou-se, uma carranca em seu rosto. Jonas se inclinou para frente para
manter a discussão em movimento.
— Você mencionou uma distração — disse ele. — O que você tem em mente?
Hal assentiu. Ele havia suposto muito. Pinho era a madeira mais facilmente
disponível nesta parte do mundo.
— Não é o tipo que eu tenho em mente — Hal disse, sorrindo. Ele se virou para
Ingvar, sentado silenciosamente atrás dele, prestando atenção à conversa. — Ingvar,
pode me dar o dardo, por favor?
Ingvar colocou a mão sob a jaqueta e pegou um dos dardos do Mangler. Ele
entregou a Hal.
Jonas ficou de joelhos e pegou o dardo. Ele pesou, estudou a ponta de ferro
reforçado e emitiu um assobio.
— Isso pode fazer um belo estrago nas coisas — disse ele, e passou o dardo
para Barat, que ergueu as sobrancelhas quando o examinou de perto. Apesar de sua
antipatia para os escandinavos, e seu jovem skirl em particular, ele não podia deixar
de ficar impressionado com a aparência do projétil mortal. Ele podia imaginar o
estrago que poderia causar nas torres de madeira.
182 - Brotherband
— Uma vez que tivermos a sua atenção concentrada na boca do porto, os seus
homens podem quebrar o disfarce e atacar a paliçada traseira. Com alguma sorte, você
vai estar sobre ele e a cidade antes deles acordarem para o que está acontecendo.
Hal sorriu para ele. — Bem, se você realmente quer — disse ele. — Depois de
tudo, você teve um momento cansativo procurando por nós e pode querer colocar os
pés para cima e descansar...
Ele deixou a frase pendurada e Svengal bufou com desdém. Em seguida, Hal
continuou.
— Mas eu prefiro que você talvez possa lançar um ataque nos pântanos. Se
tomar a torre ocidental depois que tivermos suavizado, você pode proteger a
barragem. Então pode usar a lança para atravessar o porto para a segunda torre.
— Não deve ser um problema — disse ele. — Nós fizemos uma coisa
semelhante há alguns anos, em um porto em Teutlandt. E uma vez que estejamos do
outro lado, vamos batê-los em dois lados.
— Nós vamos quebrar esse baixo, enquanto você e Barat estão atacando e
vindo de uma terceira direção. — Ele olhou para Barat. — E o povo da cidade? Uma
vez que estamos dentro, eles vão participar?
— Como você planeja romper o portão da praia? — Thorn perguntou. Ele tinha
estado silêncio enquanto Hal esboçou seu plano. Mas agora ele podia ver uma área
onde ele estaria envolvido e ele estava interessado em saber o que o seu jovem amigo
tinha em mente. Hal sorriu para ele.
Os Invasores - 183
— Eu tenho uma idéia sobre isso. Eu vou te dizer quando eu tiver trabalhando
nisso. — Ele olhou ao redor do círculo de rostos, em busca de discordância ou crítica.
Ele viu apenas entusiasmo. Mesmo Barat, depois de seus comentários sarcásticos
anteriores, parecia pronto para abraçar a idéia.
— Bem — disse Hal, — você está comigo? — Ele abordou a questão de Barat.
Ele queria se comprometer com o plano antes de qualquer outra pessoa.
Barat olhou para cima, calculando. — Então, vamos atacar em cinco dias?
Svengal olhou para ele por um longo momento. Estava acostumado a fazer
comentários zombeteiros para Erak. Parecia estranho ter a bota no outro pé.
— Espero que sim — disse ele. Mas eu tenho certeza que vai haver algo que eu
não tenho.
184 - Brotherband
Capítulo vinte e quatro
A
s duas tripulações fizeram o caminho de volta para a praia, onde Garça-
Real e Wolfwind estavam atracados. O acampamento na ilha de areia
estava no coração do pântano e os mosquitos e moscas eram um
incômodo constante. Na praia, a brisa do mar mantinha esses insetos na baía.
Sua mente estava em tumulto enquanto pensava nos próximos dias e em tudo o
que tinha que ser feito.
E se a precisão de Hal com o Mangler não estivesse à altura da tarefa que ele
havia estabelecido a si mesmo? E se alguma coisa quebrasse no Mangler em um
momento crítico? Ele fez uma nota mental para preparar uma corda de reposição e
para inspecionar as tiras de couro que absorviam o recuo maciço do arco quando ele
largava o gatilho. E se um tiro perdido vindo das torres atingisse Ingvar? Ele precisava
da força do grandão para erguer e carregar o Mangler. Sem ele, a sua taxa de disparo
seria seriamente diminuída.
E se, e se, e se? As perguntas e dúvidas giravam em seu cérebro até que ele não
aguentou mais. Jogou os cobertores de lado e levantou-se, em seguida, caminhou
lentamente até a beira da água. Com a lua negra a apenas dois dias de distância, a
claridade era uma lasca fina de luz amarela, baixa no horizonte. Ele olhou para as
formas escuras dos dois navios. Amanhã, Svengal e seus homens começariam a
acender o Wolfwind. Ocorreu-lhe que deveria fazer o mesmo com o Garça-Real. Ele
estaria levando vinte homens em cada viagem para a baía, juntamente com sua
tripulação regular. Além disso, ele deveria definir sobre fazer mais um fornecimento
de dardos para o Mangler. Ele precisaria de tantos quantos pudesse fazer quando
atacassem as torres.
Os Invasores - 185
E ainda tinha o portão da praia. Como poderia ter certeza de que poderiam
queimar aquilo? Ele disse alegremente ao conselho de guerra que tinha um plano para
isso, mas ainda estava trabalhando nos detalhes. Simplesmente atirar flechas de fogo
de sua besta ou do Mangler não seria o suficiente. A madeira do portão deveria estar
seca após anos de exposição ao vento e à maresia. Mas era de madeira de lei e uma
única chama, não seria suficiente para fazer o fogo pegar. Eles precisariam de uma
fonte sólida de fogo para mantê-la queimando. Talvez uma pilha de gravetos e lenha
na base do portão? Mas não havia maneira de montar essa pilha sem ser visto e atirar
da paliçada acima deles.
Óleo, pensou ele. Se eles pudessem encharcar a madeira com óleo, em seguida,
a atingir com uma flecha de fogo, a coisa toda iria incendiar-se. Mas como ele poderia
gerenciar isso? Se tentassem aportar na praia e correr até o portão com recipientes de
óleo, seriam derrubados pelos defensores antes de avançar dez metros.
Ele acenou com a cabeça. — Estou tentando descobrir todas as coisas que
podem dar errado — disse ele. — Até agora, já levantei cerca de uma dúzia.
— Só uma dúzia? — Ela disse, e ele podia sentir o sorriso em sua voz. Ele
olhou para ela, mas seu rosto estava na sombra.
— Bem — disse ele, tentando igualar com o humor leve dela. — Foi só o
começo. Eu realmente ainda não entrei no ritmo.
— Vamos isolar a sua maior preocupação — disse ela, com a voz mais seria —
E ver o que podemos fazer a respeito.
Ele fez uma pausa, pensando. Qual era a sua maior preocupação? Qual era o elo
que, se quebrasse, seria mais difícil de substituir? Não demorou muito tempo para
perceber o que era.
186 - Brotherband
— Eu não estou preocupado que ele vá me decepcionar. Eu sei que ele nunca
faria isso — disse ele. — Muito pelo contrário. Estou preocupado em colocá-lo em
uma posição de perigo. Sinto como se eu fosse decepcioná-lo. — Ele pôde sentir que
ela não estava entendendo, e percebeu que, é claro, ela nunca os tinha visto atirar com
o Mangler.
Hal respirou fundo e olhou para o mar por alguns segundos antes de responder.
Queria aumentar a distância, mas sabia que comprometeria a precisão e a potência do
sólido arco se fizesse isso.
— Isso é muito perto — disse ela. — Pensei que você disse que este arco de
vocês tinha um alcance de trezentos metros?
— O arco tem. Eu não. Se for para acertar a pontaria, tenho que estar a cerca de
cem de metros de distância. Isso significa que Ingvar estará exposto quando estiver
carregando. Ele vai ser o alvo mais proeminente do navio. E vai ser muito difícil não
notarem. Eu me pergunto se tenho o direito de colocá-lo em tal perigo, especialmente
porque sei que ele nunca irá recusar se eu pedir a ele.
— Claro que não — disse ela — Está se esquecendo de que você estará exposto
também. Os piratas podem muito bem ver você como um alvo mais importante. Afinal
de contas, você vai ser aquele quem estará atirando neles.
— Você é tão boa assim? — A pergunta de Hal não foi de todo cética. Foi
interesse genuíno. Ele não estava familiarizado com atlatl como uma arma. Nunca
tinha visto um em uso e não tinha ideia de seu alcance ou precisão.
Hal assobiou baixinho. — Isso é muito bom — disse ele. — Não tenho certeza
se eu poderia fazer melhor com a minha besta.
Ele pensou sobre isso. — E, claro, se você apanhar um ou dois deles, os outros
vão ficar menos ansiosos para serem heróis.
Ela sorriu e ele viu seus dentes brilharem na escuridão. — É bom pensar que eu
vou ser útil — disse ela. Então o sorriso desapareceu. — Essa é outra razão pela qual
eu queria ficar com você e com os meninos. Barat nunca me deixava chegar perto da
ação.
Ela suspirou. — Sinto muito sobre a maneira como ele se comportou. Ele não
consegue evitar Ele é muito possessivo sobre mim.
— Eu posso ver por que. As palavras saíram da boca de Hal antes que pudesse
detê-las e ele hesitou sem jeito, percebendo que soava como o mais desajeitado dos
elogios. Mas Lydia tocou em seu braço, agradecida.
Ele estava feliz pela escuridão, pois significava que ela não podia ver como seu
rosto ficou vermelho. Ele limpou a garganta sem jeito e mudou de assunto.
— Bem, agora que já resolvemos o problema de Ingvar, acho que eu seria capaz
de dormir.
— Boa noite — disse ele, e fizeram seus caminhos separados de volta a seus
colchonetes.
188 - Brotherband
Um pouco acima na praia, Stig tinha acordado pelo murmúrio suave de suas
vozes. Por alguns segundos, ele ficou deitado, franzindo a testa, tentando identificar o
som. Em seguida, levantou-se sobre um cotovelo e olhou para a beira da água. Ele
poderia reconhecer as duas silhuetas à luz fraca do luar. Hal e Lydia, pensou. Ele a viu
inclinar para frente e tocar o braço de Hal, em um gesto familiar e sentiu uma pontada
súbita de ciúmes.
Então ele corou, zangado consigo mesmo. Afinal de contas, Hal era seu melhor
amigo, e ele mal conhecia Lydia. Era uma tolice deixar que o ciúme se colocasse entre
eles, disse a si mesmo. Mas não importava quantas vezes repetisse o sentimento em
sua mente, não conseguia se livrar daquela pequena rusga.
— Eu sou tão ruim quanto Barat — disse a si mesmo. Ele rolou e puxou seus
cobertores até o queixo. Mas o sono lhe escapou por algum tempo.
Apesar do que ele disse a Lydia, Hal também permaneceu sem dormir, olhando
com os olhos arregalados para o céu escuro e as estrelas brilhantes acima dele,
remoendo o problema do portão da praia.
Óleo, pensou mais uma vez. Essa era a resposta. Se pudesse encharcar a
madeira em óleo, e em seguida atear fogo, o óleo queimando acabaria por fazer as
madeiras secas queimarem também. Também seria simples colocar fogo no óleo.
Poderia fazer isso com uma flecha de fogo da sua besta, ou do Mangler. Mas,
primeiro, o óleo teria de ser colocado no portão. O que o trouxe de volta a um círculo
vicioso. Qualquer um que tentasse lançar óleo sobre o portão durante a batalha seria
derrubado pelos defensores antes que pudesse alcançá-lo.
Hal mudou de posição. Havia uma pelota de areia sob seu ombro. Estava
tentando ignorá-la nos últimos minutos, mas agora se tornou uma real frustração -
provavelmente por causa de sua incapacidade de pensar em uma maneira de contornar
o problema do portão.
Suspirando com satisfação, virou-se e estudou a praia mais uma vez antes de
deitar. Garça-Real e Wolfwind estavam inclinados agora, ele reparou. Como a maré
tinha baixado, os navios haviam sido deixados em pé na areia molhada e tinham
gentilmente tombado para a sua posição atual.
A maré tinha feito um longo caminho. Havia uma faixa de areia cintilante na
praia, entre os navios e o mar com cerca de vinte metros de largura. Ainda bem que
eles não tinham que zarpar com pressa, pensou. É claro que, pela manhã, a maré iria
Os Invasores - 189
subir novamente e os barcos iriam se levantar gradualmente da areia e flutuar na
posição vertical, mais uma vez.
A maré o fascinava, como fazia com a maioria dos marinheiros. Uma grande
parte de sua vida fora governada por ela e as fortes correntes que ela criava. Houve
uma inevitabilidade fascinante a respeito da maré, sobre a maneira como subia e
descia duas vezes por dia.
Ele sabia que alguns escandinavos mais velhos acreditavam que ela foi causada
por uma grande mítica baleia azul à medida que ela respirava água para dentro e para
fora. Ele olhou em torno das formas escuras amontoados na praia. Ele perguntou
quantos tripulantes do Wolfwind ainda secretamente acreditavam nessa fábula.
Ele suspirou. O inventor nele queria entender como isso aconteceu. Mas até
agora, ninguém parecia ter uma explicação lógica. Talvez a resposta fosse
simplesmente aceitar o fato que a maré vinha e a maré ia, e pronto.
E assim que teve esse pensamento, descobriu como colocaria o óleo no portão
da praia.
190 - Brotherband
Capítulo vinte e cinco
H
al, Stig e Jesper estavam comigo um barco emprestado pelas pessoas de
Barat, a duzentos metros da costa, à leste da torre de vigia de Limmat.
— Você não está preocupado com eles nos verem? — Stig perguntou.
Os piratas que estavam na torre gritavam insultos enquanto eles passavam remando,
mas apesar de terem atirado flechas em direção ao barco, nenhuma chegou perto.
Hal balançou a cabeça. — Eles sabem que Barat e seus homens têm barcos de
pequeno porte, por isso não estamos dando nenhuma distância. E com essa distância,
eles não podem nos reconhecer como escandinavos.
Stig assentiu incerto. Mas, como sempre, ele deixava o raciocínio para Hal. —
Se você diz que é assim...
— Eles não podem ver que você é um Araluen — Jesper fala, sorrindo.
Hal revirou os olhos, percebendo que o comentário de Jesper foi feito como
uma piada.
— Pura verdade — disse ele. — Irônico, não é? Esses piratas pode muito bem
serem as primeiras pessoas a pensarem em mim como um escandinavo. Ah, o portão.
— Está fechado — disse Jesper. Ele estava confuso com esta viagem de
reconhecimento. Hal não tinha dito a ele nada sobre seus planos, e tinha acabado de
dizer que queria vê-lo, talvez ele entendesse o que Hal tinha em mente, e apontaria
eventuais problemas.
— Lydia diz que está sempre fechado, a menos que haja navios estabelecidos
na praia — disse Hal. — Eles são muito desconfiados e não deixam navios estranhos
dentro do porto.
Os Invasores - 191
— Exatamente — Hal concordou. — Então, se chega um navio que eles não
tenham visto antes, é onde eles dizem para atracar. Os estrangeiros podem descarregar
sua carga na praia e os moradores da cidade usam a porta para trazer a mercadoria
para o interior da paliçada.
— Muito bem — disse Jesper lentamente. — Então, aqui estamos nós, depois
de um agradável passeio de barco, olhando para uma porta que está trancada. Presumo
que não vão abrir para nós?
— Não. Nós iremos queima-la. — disse Hal. — Então, Ingvar vai bater com um
aríete para quebrá-lo.
— Bem, se qualquer um pode fazer, é Ingvar. Mas como é que vamos queimá-
lo?
— Vamos encharcar o portão com óleo, em seguida, atirar uma flecha com fogo
do Mangler.
O ex-ladrão concordou.
— Nós vamos colocá-lo lá na noite anterior. Vamos pendurar uma bexiga cheia
de óleo no portão. Se colocá-la alta o suficiente, não será visível a partir da paliçada.
Em seguida, na manhã do ataque, perfurar a pele com uma seta, ou um dardo. O óleo
flui para baixo do portão e nós atearemos fogo a ele com outra flecha. Simples.
Jesper estudou o terreno entre o portão e a borda da água. Ele estendeu seu
lábio inferior.
192 - Brotherband
— Como é que ele chegará à praia? — Stig perguntou. — Mesmo à noite, eles
vão ver se tentarmos chegar tão perto num barco. E se distinguirem alguém
desembarcando, eles podem muito bem verificar a porta e encontrar sua bexiga de
óleo.
— Não estamos levando o barco para perto — disse Hal. — Nós vamos para
dentro dos limites, a trezentos metros. Um pequeno barco deve ser muito difícil de ver
a essa distância e à noite. Então Jesper e eu iremos nadando – na passada da maré.
Hal era um excelente nadador. Jesper, como a maioria dos escandinavos, podia
ser um desastre nadando. Mas Hal tinha previsto esse problema.
— Você não pode se afogar. Eu preciso de você. Vamos construir uma jangada.
Ou melhor ainda, encontraremos uma tora que será molhada como os troncos da
barreira. Nós vamos rebocar o barco para trás até que estejamos a poucas centenas de
metros da praia, então escorregaremos para o mar. Vou me amarrar em você, Jesper.
Você não vai afundar.
— Se ficar na água por trás da tora, não será visto. Os piratas, se notarem
qualquer coisa, irão ver um pedaço de madeira flutuante molhado, em terra. Nós
vamos dar-lhes dez ou vinte minutos para se acostumar com isso, então você desliza
para a praia com a bexiga de óleo.
— Do mesmo jeito que nós entramos. Vamos deixar a maré nos levar de novo e
você pode nos pegar fora da vista das torres.
— Você vai ter que levar o segundo grupo de homens de Barat descendo a baía
enquanto estivermos cuidando do portão. No caminho de volta, esperem em alto mar,
fora de vista, e vamos à deriva para fora, até você.
— Só isso?
Os Invasores - 193
— Só isso.
Jesper o olhou com certo alarme. — Eu vou ficar mais do que constrangido —
disse ele. — Vou ficar francamente desapontado. Poderíamos derivar a meio caminho
de Teutlandt se Stig não nos localizar.
— Deve dar tudo certo. Devemos ser capazes de prever para onde vamos
derivar. E uma vez que estejamos fora da praia, pode-se levantar uma bandeira sobre o
tronco, então você deve ser capaz de nos ver.
— Você sabe, eu não gosto de devemos — Jesper disse, com algum espírito. —
Eu acho que eu prefiro o faremos. Perdoe-me se não estou entusiasmo com este plano.
— Você sabe, eu ouvi que Teutlandt é muito agradável nesta época do ano —
disse ele. — Eles têm umas salsichas muito boas lá.
Ambos Hal e Jesper olharam para ele. Ele riu para si mesmo. Hal vai vir com
algo, ele pensou.
194 - Brotherband
Mas no momento em que eles chegaram de volta ao acampamento, Hal ainda
não tinha encontrado uma maneira de resolver o problema.
— Deve dar tudo certo — disse ele para si mesmo enquanto se arrastava até a
praia, imerso em pensamentos. — Eu deveria ser capaz de calcular para onde vamos
derivar para Stig poder estar esperando por nós lá.
O problema com isso, ele percebeu, era que, enquanto Stig era um excelente
piloto, não era um navegador muito talentoso. Era competente, é claro. Tinha passado
no curso de formação do brotherband e navegação era uma parte importante disso.
Mas Hal tinha feito às aulas avançadas de navegação, e sabendo que excelente
navegador Hal era, Stig tendia a folhear o trabalho teorico, supondo que seu amigo
estaria por perto para fazer a parte difícil.
Eu vou trabalhar os pontos de referência para ele, Hal pensava. Dessa forma,
poderia dar a Stig dois pontos sobre o terreno em que se orientaria, e que o colocaria
na posição correta. Mas mesmo isso não era totalmente satisfatório. Um monte de
detalhes mais finos de navegação veio ao instinto e julgamento. Se o vento ficar mais
forte ou alterar a direção, por exemplo, levaria sua jangada improvisada para fora do
curso previsto. Hal seria capaz de perceber e ajustar.
Hal parou a meio passo. O tronco se parecia com gravetos, pensou. Ele voltou
para a praia com uma nova energia em seus passos.
Ele encontrou Jesper e Stig perto do fogo de cozinha, bebendo café com Thorn.
O velho guerreiro olhou para cima enquanto ele se aproximava.
Os Invasores - 195
Hal olhou para ele em dúvida, sem saber se Stig e Jesper haviam esboçado
problema com seu plano. Ele decidiu que não tinham. A expressão de Thorn era
ingênua.
Stig e Jesper ambos aguçaram seus ouvidos para aquilo, olhando-o com
curiosidade.
Stig concordou com a idéia. Ele ficou impressionado. — Parece que vai
funcionar — disse ele. — Eu sabia que você encontraria algo.
Todos olharam para Jesper, para ver se ele concordava. O ex-ladrão estava
balançando a cabeça enquanto olhava para Hal.
Hal abriu a boca para protestar, em seguida, percebeu que era uma avaliação
justa da situação.
196 - Brotherband
Capítulo vinte e seis
F
icarei contente em me livrar de vocês — disse Thorn. — E desse tronco
maldito.
— Está tudo bem — disse ele. — Veja bem, eu tinha que apertar as tiras de
contenção, tanto quanto eu podia para que não saísse do meu braço. Vou precisar
soltá-las, uma vez que você se for.
Hal assentiu. Na viagem de volta, com apenas Thorn no barco, e sem o peso
extra do tronco rebocado atrás, remar seria muito mais fácil. Ele olhou em direção à
costa, cerca de três centenas de metros de distância. As luzes que marcaram as torres
na entrada do porto foram lentamente apagando.
— Claro que você não quer que eu espere aqui fora para te pegar? — Thorn
perguntou. Ele estava preocupado com o plano em que Hal e Jesper ficavam à deriva
no mar para um encontro com Stig no Garça-Real. Havia muitas coisas que podem
dar errado. Mas Hal balançou a cabeça, sorrindo para a preocupação do homem mais
velho. Eles já haviam discutido isso várias vezes.
Os Invasores - 197
Thorn deu de ombros. — Eu vou correr o risco.
— Eu sei que você vai. E obrigado. Mas se eles te avistarem, podem olhar com
mais cuidado e nos ver. Em seguida, eles vão começar a se perguntar que temos feito,
e podem verificar a praia fora do portão. Se fizerem isso, vão localizar a bexiga de
óleo e o jogo acabou.
— Eu só não estou feliz com a ideia de você se afastar com a maré — disse
Thorn.
Jesper, sentado na popa, se inclinou para frente. — Eu estou com você, Thorn.
Mas ninguém me ouve.
—Nós ficaremos bem — disse Hal, com mais convicção do que sentia.
Hal decidiu ignorá-lo. Deu uma olhada para o lado do barco e viu alguns ramos
pequenos à deriva na maré cheia. Deu uma olhada para a praia novamente e viu que
eles tinham vindo da entrada do porto.
— Isso deve dar — disse ele. — Vamos puxar a jangada para o lado.
Thorn fez um gesto para o lado. — Mexam-se. Jesper, você já inverteu o seu
colete?
Jesper tirou seu coleto, virou-o do avesso e o vestiu. — Qual é a razão disso
novamente?
198 - Brotherband
— As bolsas de ar na lã irão interceptar a água, e o calor do seu corpo
gradualmente irá aquecê-lo — explicou Thorn. — Isso vai mantê-lo mais confortável
no mar, que vai ser frio.
Hal virou de modo que suas pernas estavam para o lado. Então, como Thorn
inclinou-se para equilibrar seu peso, ele escorregou para a água escura. O choque do
mar frio a bater-lhe quase lhe tirou o fôlego. Ele se absteve de qualquer exclamação,
no entanto, pois ele sentiu que Jesper estava, provavelmente, à beira de se recusar a
deixar o barco. Ele segurou o tronco e juntou-se a ele. Puxou um pedaço de corda, que
amarrou a um ramo saliente, passando a extremidade livre de volta para Jesper.
Duvidosamente, Jesper prendeu a corda em volta de seu corpo, sob suas axilas.
Então ele estendeu a mão e a mergulhou na água.
Com um último e relutante olhar para a base da popa do barco, Jesper permitiu-
se escorregar para dentro da água. Sua cabeça afundou e ele espirrou de volta à
superfície, ofegando com o frio repentino e se debatendo violentamente na água.
Os Invasores - 199
— Cale-se — disse Hal com rispidez. Ele voltou ao barco e Thorn passou-lhe o
pacote à prova de água que continha um pequeno frasco de óleo e uma pedra e aço. A
bexiga de porco, cheia de óleo, já estava amarrada de forma segura no tronco. Hal
prendeu o menor pacote num ramo, testou o nó, em seguida, virou-se e acenou para
Thorn.
Thorn desatou a linha que prendia o tronco ao lado do barco, colocou um remo
contra ele e empurrou. O tronco se moveu lentamente para longe do barco. Então,
quando a maré tomou posse do tronco, ele começou a ir lentamente em direção à
costa.
— Cale-se — Hal falou de volta. Sua voz soava tensa, como se falar fosse um
esforço. Dentes batendo faria isso com a voz, Thorn pensou. Então ele ouviu Hal
falando novamente. — Obrigado.
Enquanto a maré os levava para a costa, Hal se ergueu para se orientar. Eles
estavam à deriva ligeiramente para a esquerda, ele pensou.
Instintivamente, Jesper tentou puxar-se para cima do tronco, para estar seguro
da água. Hal colocou a mão em seu ombro para contê-lo.
— Fique deitado fora do vento — disse ele. — Você vai estar mais quente
desse jeito.
Estava tudo bem, no que dizia respeito à sua parte superior do corpo. Mas suas
pernas, vestidas apenas com leggings grossas de lã, estavam dolorosamente frias.
200 - Brotherband
Hal checou suas orientações novamente. — Então vamos aquecê-las. Nós
vamos ter que levar o tronco um pouco para a direita. A maré está nos levando em
direção ao porto, não a praia. Agarre-o e vamos nadar à direita dela.
— Eu já tinha agarrado — disse Jesper. — O que faz você pensar que eu a teria
soltado?
Hal sorriu para ele. Seus próprios dentes estavam batendo e ele sabia que o
exercício de orientar o tronco iria fazer bem aos dois.
— Tudo bem. Você viu como um sapo chuta? Faça a mesma coisa. Não deixe
seus pés quebrar a superfície ou vamos fazer muito barulho. Mas chute como um sapo
e vamos aquecer um pouco.
Juntos, eles começaram a chutar por baixo d’água com as pernas. Na primeira,
Jesper era inábil e descoordenado com a ação desconhecida. Mas aos poucos
encontrou seu ritmo e chutou constantemente, obrigando o tronco para a direita. Eles
fizeram um progresso lento, mas quando Hal verificou novamente depois de dez
minutos, eles tinham se deslocado para uma distância considerável em toda a maré.
Ele estimou distâncias e ângulos.
Ele estava exausto e congelando, mas podia sentir o sangue fluindo através de
suas pernas, lutando contra o frio abraço do mar. Ele percebeu que não tinha
permitido o efeito debilitante do frio. Outro pequeno detalhe esquecido, ele pensou
ironicamente.
— Se você diz — Jesper respondeu. Sua voz era apertada. O frio tinha
enrijecido seus lábios e boca.
Eles chutaram mais do que nunca, todo o tempo garantindo que não batessem
na superfície e fizessem barulho, ou um respingo sortudo de água branca. Depois de
alguns minutos, eles se tornaram conscientes do som da suave ondulação das ondas na
praia, a poucos metros de distância. Em seguida, o tronco estava batendo e arrastando
sobre o fundo de areia, eventualmente indo parar no raso.
Talvez eu devesse ter pensado nisso também, ele disse a si mesmo. Mas, como
mais minutos se passaram e não havia sinal de que tinham sido descobertos, ele
Os Invasores - 201
começou a relaxar. Jesper agitou ao lado dele. Hal notou com interesse que o seu
amigo não se erguia para olhar por cima do tronco. Ele deslizou para o lado para que
pudesse espiar através do emaranhado de galhos em uma extremidade, evitando expor
seu rosto para quaisquer observadores possíveis sobre a paliçada.
Ele ficou observando por algum tempo, então se contorceu de volta para
colocar a boca perto do ouvido de Hal.
Jesper encolheu os ombros. — É difícil dizer. Se ele tiver, não parece muito
preocupado. Vou esperar até que ele passe novamente e entrararei em movimento.
— Graxa e cinzas. Ele altera o formato do rosto para que ninguém veja uma
regular, oval e branca. Uma dádiva se você estiver escondendo-se de alguém no
escuro — contou Jesper a ele.
Jesper terminou com sua pintura no rosto, sorriu para ele. Seus dentes eram
notavelmente brancos na máscara negra.
— É melhor que sim — disse ele, tomando conta da bexiga de óleo. — Caso
contrário, nós dois estaremos na sopa.
Ele fez uma pausa, depois disse com algum sentimento, — Lembre-se, agora,
estar na sopa pode ser uma experiência bastante agradável.
202 - Brotherband
tronco, ficando rente ao chão nos cotovelos e joelhos, arrastando a bexiga de óleo
atrás dele.
Hal, tendo aprendido com o exemplo de Jesper, resistiu à tentação de olhar por
cima do tronco. Em vez disso, ele deslizou de barriga para baixo até o final, onde os
ramos seriam sua tela, e olhou para fora na direção do ex-ladrão.
— Ele realmente sabe o que está fazendo — Hal disse para si mesmo.
Os Invasores - 203
Capítulo vinte e sete
S
tig contava em silêncio os lutadores Limmatan que se enfileiravam na sua
frente para subir a bordo do Garça-Real. Quando o último subiu a amurada, ele
se virou para Jonas.
— Tivemos quatro homens saírem da cidade nos últimos dias. Barat queria que
viessem. Ele disse que quanto mais homem tiver, melhores as nossas chances.
Stig grunhiu em aceitação. Fazia sentido. Mas se tivesse sido informado disso
antes, poderia ter compensado descarregando algumas das pedras de balastro que o
Garça-Real levava debaixo do convés. Agora não tinha tempo de fazer isso.
Stig franziu os lábios. Não fazia sentido ficar chateado com Jonas. Ele era um
fazendeiro e não tinha conhecimento nenhum de navios. Barat, é claro, é uma questão
totalmente diferente. Era um negociante e esteve perto de navi-os durante a vida toda.
A família dele até era dona de vários.
— Bem, vou ter que diminuir o peso o máximo possível — disse Stig. — E só
uma coisa que posso pensar em fazer. — Gritou para o navio, flutuando a alguns
metros da praia. — Stefan! Edvin! Venham à margem!
— Mas quem vai abaixar e levantar a vela? — perguntou Edvin. Logo quando
falava, Ulf e Wulf também apareceram na amurada.
204 - Brotherband
— Os gêmeos cuidarão da vela — respondeu Stig. Tomou essa decisão, pois os
gêmeos eram os mais fortes dos quatro membros da tripulação a bordo. Só um deles
era o suficiente para abaixar e levantar a vela... ou ele poderia pedir ajuda para um dos
passageiros se necessário. Afinal, era somente uma questão de puxar uma corda.
— Então, Wulf, você cuidará de levantar a vela. Ulf pode cuidar de ajustá-la.
— Fico feliz em levantar a vela se quiser que eu a levante — disse o gêmeo que
ele agora sabia que era Ulf. Stig respirou fundo. Começava a imaginar como Hal
conseguia ficar calmo com esses dois. Então percebeu que, na maioria das vezes, não
conseguia.
— Eu não ligo para quem faz o quê, contanto que os dois trabalhos sejam
feitos. Entenderam?
— Tudo bem — disseram em coro. E Ulf adicionou: — Então você quer que eu
levante a vela?
— Tudo bem — disse Wulf, revirando os olhos para indicar como Stig estava
sendo contraditório. Ele e o irmão saíram da lateral e foram até as suas estações.
Stefan e Edvin, que observaram a conversa em diversão, passaram por cima da
amurada e caíram na água rasa.
— Você está se deixando sem muitos trabalhadores — Edvin disse para Stig.
— Suponho que não. Mas se o vento morrer, você só terá duas pessoas para
remar.
Os Invasores - 205
— O vento tem soprado regularmente toda noite faz semanas — Stig lhe
contou. — Por que morreria agora?
— Não sei — admitiu Edvin. — Talvez porque você precise dele agora.
Stig o mirou por vários segundos. Edvin lhe olhou de volta, mas teve a graça de
parecer pedir desculpas por ter levantado o assunto.
— Ótimo. — Stig percebeu uma figura magra andando em sua direção e ele
tirou os olhos de Edvin. — Olá, Lydia — disse. — Veio se despedir?
Stig sorriu.
— Ficaremos bem — ele disse, gesticulando para o navio. — Vai ser simples.
Navegar até lá, deixar os homens lá, ir embora.
— Eu quis dizer, boa sorte na procura por Hal — disse ela, e o sorriso de Stig
desapareceu quando pensou na noite a seguir.
Decidiu deixar a sensação vil de lado. Hal estava em uma situação muito mais
perigosa do que ele. Por que devia sentir inveja quando Lydia se preocupava mais
com Hal? Sentia mesmo assim, e ficava zangado com si próprio por isso.
206 - Brotherband
Lydia ajudou Edvin e Stefan a empurrar o navio para o mar. Ingvar, que estava
ali por perto, desceu até a praia para ajudá-los, e o Garça-Real deslizou para águas
mais fundas. Stig trabalhava com a cana do leme, girando a popa até o navio estivesse
mirando o mar aberto.
Enquanto o navio ganhava velocidade, Stig lhe afastou da praia com uma rápida
curva. O Garça-Real se movia rápido pela noite, uma sombra escura num mar
igualmente escu-ro, até o único sinal do navio era o ocasional brilho branco das ondas
batendo na proa.
Jesper se encolhia nas tábuas duras do portão, mal ousando respirar, ouvindo o
ruído rítmico da sentinela pas-sando sobre a sua cabeça.
Não sentia mais frio. Adrenalina corria pelo seu organismo, afastando qualquer
sensação de desconforto. Esperou até que os passos desaparecessem. Sabia pela sua
observação que tinha três minutos antes que o guarda voltasse. Pôs o balão de óleo
com cuidado na base do portão, tirou do bolso uma pequena broca que Hal lhe dera, e
se estendeu o máximo que conseguiu para começar a furar um buraco no portão.
Hal pensa em tudo, ele pensou. Sozinho com seus próprios acessórios, Jesper
nunca pensaria em trazer a broca e o prego de Hal. Passaria com esforço por todos os
pro-blemas de chegar ao portão sem ser visto, e perceberia que não havia nada em que
pudesse pendurar o balão de óleo.
Girava a broca. Era uma ação estranha, acontecendo acima de sua cabeça. A
madeira fora endurecida com o efeito de secura de anos de sal e vento, o que havia
encolhido suas fibras, as unindo mais firmemente, tornando-as mais difíceis de
penetrar. Mas ele persistiu.
Os passos voltavam e ele congelou mais uma vez, permitindo que passassem
antes que voltasse a furar. Finalmente, decidiu que o buraco era fundo o suficiente e
tirou o prego do bolso e enfiou-o no buraco. Eram alguns milímetros menor que a
broca, então não havia necessidade de martelá-lo. Sorriu de forma triste. Nunca
poderia ter martelado o prego de qualquer jeito, pelo menos não sem ser ouvido. Por
esse motivo, havia usado a broca num ângulo para baixo quando furava. Dessa forma,
quando forçasse o prego no lugar, ele ficaria inclinado levemente para cima. Quando
pendurasse o oleado ali, o ângulo manteria o prego firme no buraco. Encaixou-o mais
Os Invasores - 207
fundo que conseguiu, sentindo tocar madeira sólida quando alcançou o fundo do
buraco que brocou.
Pendurou o balão no prego, arrumando-o para que ficasse plano com a madeira
do portão. Soltou com cuidado, se certificando que o prego continuaria firme. Parou
novamen-te quando ouviram os passos se aproximarem, e depois de-saparecerem.
Algo mais lhe veio à cabeça: obviamente o portão não era usado há semanas, e
um pouco de lixo e detrito se acumulavam na base da parede, junto com vários galhos
e fios de erva seca. Jesper juntou alguns rapidamente, saindo um pouco da cobertura
de baixo do pendente para pegá-los, e os empilhou no pé do portão, debaixo de onde o
oleado estava pendurado. Quando Hal o furasse, o óleo iria jorrar, ensopando o portão.
Mas uma grande quantidade iria simplesmente cair na areia. Dessa forma, o óleo
descendo do portão iria cair na pilha seca de lixo que acabara de coletar. Pegaria fogo
também, e quando queimasse, iria ajudar as chamas a se espalharem às vigas.
Se arrastando de barriga para baixo, passando pela areia fria, sentiu uma
mudança. Havia algo diferente. Algo não estava do mesmo jeito de antes. Alcançou a
pequena cobertura do tufo e deitou-se ali, tentando se concentrar. Franziu a testa,
procurando determinar o que era aquilo que sentira.
208 - Brotherband
Capítulo vinte e oito
A
viagem até o ponto de entrega Limmatans tinha transcorrido sem
problemas. Stig trouxe a Garça-Real em um curso longo e curvo para a
baía e depois de volta para a praia, onde o primeiro grupo de soldados
passou o dia.
Bondoso como sempre, Stig pensou sarcasticamente. Ele fez um gesto vago
para noite em torno deles.
— O vento não é tão forte como na noite passada — disse ele. — Nós não
conseguimos a mesma velocidade. — E com um tom ácido na voz, acrescentou: —
Além disso, estávamos carregando uma carga mais pesada, que ninguém mencionou a
nós.
Stig apresentou uma braçada de peles de água e alguns sacos de alimentos, pão
e carne seca na maior parte, e entregou-os para Jonas. Em seguida, ele caiu sobre o
trilho para a praia.
— Isso deve mantê-lo — disse ele. Ele olhou para Barat. — Lembre-se, fique
fora de vista amanhã, em seguida, ataque no dia seguinte, duas horas depois do meio-
dia
Barat bufou. — Ainda não sei por que não atacam de madrugada. Esse é o
momento tradicional.
Os Invasores - 209
Stig respirou fundo, controlando sua irritação com esforço. Isso tudo tinha sido
discutido. Mas, claro, Barat estava escolhendo convenientemente esquecer esse fato.
Stig estava começando a perceber que o líder Limmatan simplesmente gostava de
argumentar em causa própria. Ele se encaixa bem com Ulf e Wulf, pensou.
— É por isso que estamos deixando-o para o meio da tarde — ele respondeu em
tom comedido. — Os ataques de alvorada são tradicionais, o que significa que as
pessoas esperam por eles. É por isso que geralmente têm as guarnições pouco antes do
amanhecer. Eles estão em suas mãos. Por meio da tarde, eles estão mais interessados
em dormir depois de seu almoço. Já discutimos isso — acrescentou ele incisivamente.
Stig balançou a cabeça. Ele tinha visto Lydia vagando pelo navio quando
estavam carregando e adivinhou o que ela tinha em mente. — Não foi possível
acomodá-la dentro do navio, ela queria vir, mas já estávamos sobrecarregados.
Barat olhou-o, hesitante. Ele não tinha certeza se Stig queria dizer que Lydia
queria vê-lo, Barat, ou que ela queria acompanhar Stig. Ele hesitou, sem saber o que
dizer em seguida.
— Sou Wulf — disse o gêmeo ofendido. Foi realmente uma ofença chamá-lo
pelo nome de seu irmão? Pensou ele. Afinal, ele não tinha nenhum. Stig levantou a
mão em pedido de desculpas.
— Desculpe — disse, fazendo uma nota mental de nunca chamá-los pelo nome
em conversa de novo. — O que é Wulf? — disse, e percebeu que tinha acabado
quebrar a promessa.
Stig girou, olhando para as árvores no alto dos morros do interior. Então ele se
virou novamente, olhando através da água lisa da baía. Não havia ondulações sobre a
superfície. Wulf estava certo. O vento tinha morrido.
Ele olhou para as estrelas para medir o tempo. Em poucos minutos, a maré
começaria a baixar, e Hal e Jesper iria empurrar a jangada improvisada para fora da
praia, em busca do oceano ao seu redor para sua primeira vista do Garça-Real.
Exceto que o Garça-Real não estaria lá. Sem vento e com apenas dois membros
da tripulação para a linha, Stig nunca chegaria ao ponto de desembarque a tempo. Ele
210 - Brotherband
sentiu uma onda de pânico, obrigou-se a se acalmar e pensar. O que ele poderia fazer?
O que Hal faria?
A resposta veio com ele. Ele deu um passo para mais perto de Barat.
Barat deu uma risada curta. — Talvez você precise, mas não os terá — disse
ele. Seu tom era definitivo.
Stig olhou para Jonas, que deu um passo adiante, com as mãos gesticulando em
um apelo ao seu comandante.
Eles estavam falando em voz baixa, e até agora, os Limmatans reunidos não
tinha ouvido o que eles estavam dizendo. Stig manteve a voz baixa agora.
— Podemos discutir isso em particular, por favor? Não é bom os homens nos
vêem discutindo.
— Podemos discutir se você quiser, mas saiba que não terá os homens. — Mas
Barat permitiu que Stig tomasse seu braço e o guiasse em direção às rochas. Stig
gesticulou com a cabeça para Jonas, o que indicava que ele, o segundo em comando,
deveria acompanhá-los.
A areia rangia sob suas botas enquanto caminhavam ao longo da praia. Logo,
estavam atrás das rochas, fora do alcance das vistas.
Os Invasores - 211
Barat deu de ombros. — Ele sabia o risco quando assumiu o cargo — disse ele.
— Eu sempre pensei que era uma ideia ruim.
— E você percebe que sem Hal não vamos ser capazes de atacar as torres? Ele é
o único que está treinado para disparar a besta gigante. — No último momento, ele
optou por não chamá-lo de Mangler, sentindo que o nome só levaria a uma resposta
irônica. Mas Barat fez outro gesto negativo.
— Você pensa seriamente que o plano vai funcionar? — Ele disse com desdém.
— Você pode muito bem atirar para cima e para baixo da baía, cravar sua besta sobre
tudo que você gosta. Mas isso não vai prejudicar as torres. No final, nós vamos ter que
fazer todo o trabalho duro e enfrentar todo o perigo. E, para isso, vou precisar de cada
homem que eu tenho.
Stig olhou para Jonas. Ele poderia dizer a partir da expressão de dor no rosto do
homem, que ele discordou de Barat.
Jonas hesitou, então parecia firme em sua opinião. — Eu acho que nós
poderíamos dispor...
— Bem, eu tentei — Stig disse em um tom suave para Jonas. Em seguida, ele
bateu em Barat com toda a sua força.
O golpe foi tão inesperado, tão fora de sintonia com o tom suave, quase
decepcionado, de voz que Stig estava usando, que pegou Barat de surpresa.
— Por Gorlog, eu estava doido para fazer isso há dias! — Stig murmurou.
Jonas arregalou os olhos para ele. — O que você está fazendo? — Perguntou,
chocado com a inesperada explosão de violência.
— Estou levando seis dos seus homens para encontrar meu amigo — disse Stig
muito calmamente, mas com determinação. — Você os dirá para vir comigo.
212 - Brotherband
— Mas... e quanto a ele? — Jonas perguntou.
Stig pensou por um momento ou dois. — Quem é o Deus das batalhas nestas
partes?
— Ótimo. Nós vamos dizer aos homens de Barat que eles ficarão para trás para
orar a Torika por uma grande vitória. Então você explica que eu partirei e que seis
homens virão comigo. A menos que você tenha outra ideia? — Ele desafiou.
Jonas jogou as mãos para cima. — Não. Nem um pouco. Na verdade, o desejo
que eu tinha de bater naquele idiota era tão grande quanto o seu. Vamos indo.
Eles caminharam até a praia e Jonas escolheu seis homens para embarcar no
Garça-Real. Stig assentiu em agradecimento e empurrados para fora da costa, Ulf e
Wulf e os seis Limmatans sacudiram seus remos através dos toletes.
Stig olhou por cima do ombro para a praia recuando rapidamente. Por trás da
queda de rochas escuras, ele pensou ter visto uma figura, cambaleando e agitando os
braços. Um grito chegou levemente aos seus ouvidos. Ele sorriu.
Os Invasores - 213
Capítulo vinte e nove
H
al estava no fim do tronco, olhando ao redor, à procura de algum sinal de
Jesper, quando sentiu uma mão em sua perna. Ele pulou com o susto,
parando de pé em choque, e girou.
O sorriso de Jesper se alargou. Seus nervos tinham estado numa tensão grande
como uma corda de alaúde pelos últimos quarenta minutos.
Sua atitude alegre agora fora devido ao alívio da tensão que ele tinha estado
sob.
— Como você faz isso? — Hal perguntou. Ele não tinha ouvido nenhum som
de abordagem do ladrão, nem visto nenhum sinal de movimento na praia.
Jesper encolheu os ombros. — Muita prática. Um ladrão que não pode se mover
sem ser visto e ouvido não permanece um ladrão por muito tempo. Agora eu
realmente gostaria de ir, se está tudo bem com você.
Hal fez um gesto para ele esperar e quebrou um pequeno fragmento de madeira
seca do tronco. Ele o jogou na água a um metro de distância e observou-o
atentamente. Lentamente, o fragmento começou a ir em direção à praia. Ele balançou
a cabeça.
— A maré ainda está chegando — disse ele brevemente. — Mas nós podemos
também ficar prontos. Vai virar em breve. Ajuda-me a arrastar o tronco para mais
longe na água.
Eles descobriram alças no tronco e puxaram-no para trás. Com dois deles
trabalhando nisso, o tronco movia-se mais facilmente e logo tiveram que flutuar
214 - Brotherband
livremente. Hal observou a superfície da água em torno deles, mantendo-se no lugar,
procurando o primeiro sinal de que a maré virou.
Hal olhou alarmado. Ele tinha sido distraído, primeiro pelo reaparecimento
inesperado de Jesper e depois pelo esforço de mover o tronco. Como resultado, ele
não havia percebido. Agora, quando olhou rapidamente ao redor, percebeu que o que
Jesper disse era verdade.
Nos próximos minutos, ele e Jesper teriam que arriscar-se à deriva com a maré.
Mas se não havia vento, Stig seria atrasado. Ele não poderia chegar ao ponto de
encontro a tempo. E se isso acontecesse, havia uma chance nítida de Jesper e Hal e o
tronco continuarem à deriva no mar.
Hal olhou para ele. — Quatro deles? Acho que sim. Mas vai ser uma puxada
longa e dura para quatro pessoas. — Ele fez uma pausa. — Talvez o vento comece de
novo — acrescentou ele, esperançoso.
— Talvez — respondeu Jesper. Ele soava muito menos esperançoso sobre isso.
— Eu descobri no passado que quando você está em um aperto e realmente precisa
que algo aconteça, normalmente não acontece.
— Deve ser muito bom ter uma visão tão positiva — Hal disse sarcasticamente.
Hal hesitou antes de responder. — Vamos ver para o que não podemos fazer —
disse ele. — Nós não podemos ficar aqui. Nós vamos ser vistos uma vez que o sol
surgir.
— Stig vai encontrar uma maneira de chegar até nós — disse ele. — Talvez ele
pegue um ou dois remadores extras dos homens de Barat.
Os Invasores - 215
Enquanto falavam, ele estava assistindo a água ao seu redor. O pequeno pedaço
de madeira que ele tinha jogado fora mais cedo foi lentamente à deriva no mar.
— A maré virou — disse ele. Jesper respirou fundo e eles trocaram um longo
olhar. Ambos sabiam o risco que estavam prestes a tomar.
"Isso" era um feixe de dez finas estacas de madeira, cada uma com trinta
centímetros de comprimento, enrolada com barbante. Quando Hal abriu o pacote,
Jesper pôde ver que o barbante amarrava na verdade as estacas em conjunto, com um
espaço de cinco metros entre cada uma. Cada estaca foi batida através de um pedaço
de rolha, de modo que dois terços do seu comprimento mantiveram-se acima da rolha.
Uma grande dose de breu tornou pesada a extremidade inferior de cada uma, enquanto
uma tira de tecido vermelho estava ligada à extremidade mais longa. Hal pôs a
primeira estaca na água. O peso do breu equilibrou a estaca que flutuou na posição
vertical, de modo que a fita vermelha ficava acima da água.
— Foi idéia do Edvin — Hal explicou. — Ele fez isso ontem. Vai tornar muito
mais fácil para Stig nos ver.
Hal esperou até que a última bandeira estivesse à deriva cinco metros deles e
amarrou o fim do fio em um dos ramos mortos no tronco. Então, ele acenou para
Jesper.
— Hora de ir — disse ele calmamente. Ele respirou fundo, sabendo que Jesper
estava fazendo o mesmo. — Você está amarrado perto? — questionou. Jesper
assentiu. — Então, vamos lá.
Eles levantaram os pés da areia, deixando suas pernas flutuarem atrás deles.
Lentamente, o tronco começou a se desviar para fora, para longe da praia. À frente
deles, invisíveis no escuro, dez pequenas bandeiras vermelhas mergulhavam e
balançavam sobre as ondas.
Não me deixe desanimar, Stig, Hal pensava. Mas ele manteve o desejo para si
mesmo.
216 - Brotherband
A princípio, o seu movimento era quase imperceptível. Mas, como a maré
vazante ganhou força, eles começaram a se mover com maior velocidade, e a praia
rapidamente recuou de vista. Conforme flutuavam para mais longe, eles podiam ver as
tochas e lanternas queimando nas duas torres, e o halo sempre presente de luz que
pairava sobre a cidade em si. Por outro lado, o mar em torno deles parecia muito
escuro e muito vazio.
Deitados bem baixos na água como estavam, logo perderam de vista a cidade.
As torres mergulharam abaixo do horizonte e elas só poderiam ser vistas se os
meninos erguessem-se por cima do tronco para uma melhor vista. Uma vez que as
luzes estavam fora de vista, houve pequena sensação de movimento, embora Hal sabia
que eles ainda estariam se movendo a uma velocidade considerável. Ele tentou, em
vão, constituir os pontos de referência que tinha dado a Stig, mas ele estava muito
baixo na água para ver quaisquer características do terreno.
— A esperança é Stig chegar aqui em breve — disse Jesper. Sua voz estava
apertada de novo, a partir de uma combinação de nervos e frio.
— Ele deve aparecer depois do amanhecer — disse Hal. Ele girou e olhou para
o leste, mas até agora não havia faixas indicadoras de luz para ser vista.
Eles deixaram-se levar. Os dentes de Hal estavam batendo e seu maxilar doía de
tentar detê-los. Ele estava com frio. Sua parte superior do corpo não estava tão ruim.
A pele de carneiro cozida estava servindo o seu propósito. Mas suas pernas doíam
com o frio da água. Como todos os Garças, ele tinha crescido em torno de barcos e
navios e mau tempo e estava acostumado a estar molhado e com frio. Mas ele estava
imerso agora por algum tempo e ele não esperava que o frio minasse sua energia tanto
quanto tinha.
Supôs que Jesper estava sentindo o mesmo. Ele olhou de lado para seu
companheiro e percebeu que poderia distinguir detalhes do tronco - ele podia ver
galhos individuais e o pacote impermeável amarrado firmemente a sua jangada
improvisada. Ele girou a olhar por cima do ombro e distinguiu a bandeira vermelha
minúscula cinco metros de distância. Quando se levantaram em uma onda, ele podia
ver a bandeira momentaneamente seguinte.
O tempo passou. A luz fortaleu, e rapidamente o céu no leste foi matizado com
o brilho vermelho do sol nascente. Então, que se desvaneceu como a luz endurecida.
Não havia nenhum sinal da cidade agora. Nenhum sinal de terra. Nenhum sinal do
Garça-Real.
Os Invasores - 217
— Eles nos perdeu — disse ele. Sua voz era plana, derrotada.
Hal balançou a cabeça. — Eles vão nos encontrar — disse ele, tentando soar
como se acreditasse. — Eu vou dar-lhe dez minutos ou mais, então vou acender o
sinal de fogo.
— Vamos saber por que isso vai ser quando eu acender o sinal de fogo. — disse
ele.
Hal deu de ombros, ainda trabalhando suas pernas. Em seguida, uma cãibra o
atingiu e ele fez uma careta, gemendo. Quando se recuperou, ele respondeu.
Jesper resmungou. — Estou com sede — disse ele. — Será que trarão alguma
água?
Hal assentiu. Ele estava cansado demais para dizer qualquer coisa. Ele percebeu
que estava se afastando, em perigo de cair no sono. Sorriu para si mesmo. Isso é
exatamente o que você está fazendo, ele pensou. Afastando-se em um tronco. Ele
pensou que poderia ser uma boa idéia amarrar-se ao tronco, da maneira que Jesper
tinha feito. Mas ele não conseguia aumentar a energia para fazê-lo.
— Talvez eu devesse acender o sinal agora — disse ele. — Deve ter passado
dez minutos.
218 - Brotherband
Na verdade, ele percebeu, todo o seu corpo estava frio. Seus dentes começaram
a bater e ele nada podia fazer para detê-los.
— Onde está você, Stig? — Disse. Pelo menos, ele tentou dizer. Tudo o que
saiu de sua garganta foi um som áspero. Ele realmente deveria ter trazido água, ele
pensou. Ele suspirou. Tinha parecido uma boa idéia. Flutuar com o grande tronco,
colocar a bexiga de óleo no lugar, então derivar para fora novamente.
Quem teria pensado que um pequeno detalhe, como a falta de vento poderia
jogar as coisas em tal desordem? Ele deveria ter tido conhecimento da possibilidade,
pensou. Por um momento, estava com raiva de si mesmo. Então, deu de ombros. O
que realmente importa, afinal? Estava caindo no sono e agora, estranhamente, estava
quente de repente. Quente e confortável.
Mas com muito sono. Queria apenas dormir um pouco, então iria acender o
sinal de fogo. Estaria mais forte depois que dormisse. Ele deitou sua cabeça contra o
tronco áspero. Sentiu a mão escorregar e deslizou de volta para a água.
Devia ter amarrado a mim mesmo, como Jesper, pensou. Havia uma ponta
afiada de um ramo quebrado perto dele e ele prendeu sua pele de carneiro sobre este
para manter-se no lugar.
Olhou de lado para Jesper. A cabeça do ex-ladrão foi pendendo, apenas fora da
água. Sua respiração soprou bolhas ocasionais.
Quanto mais ele considerou, mais atraente a ideia de dormir se tornou. Ele
descansou sua cabeça contra a grande tora e fechou os olhos, maravilhado com o fato
de que agora, depois de todos estas horas em uma água frígida, ele se sentia quente e
confortável.
Quando ele adormeceu, um vento pata de gato agitava a água ao seu redor. Em
seguida, começou a soprar de forma constante.
Os Invasores - 219
Capítulo trinta
U
m som despertou-o.
Ele sorriu quando viu o rosto de seu amigo, agora, ao lado da garça de madeira.
Percebeu que estava olhando para a figura esculpida do Garça-Real, com Stig em pé
ao lado dela na proa, inclinando-se para agarrar seu braço.
— Eu estava com um pouco de sono — disse ele. Sua voz era grossa e arrastada
e ele se perguntou por quê.
Stig ergueu a forma flácida de Hal para cima e sobre o baluarte como se ele
fosse uma criança. Ulf e Wulf estavam à espera, prontos. Eles se apressaram com Hal
pela popa, sentaram-no e tiraram suas roupas encharcadas. Eles tinham um cobertor
grosso pronto e envolveu-o nele. Ulf começou a esfregar a lã áspera contra o corpo
quase congelado do seu skirl, friccionando-lhe para trazer o sangue de volta à tona e
para aquecê-lo. Hal estatelado no convés gemia com o frio e com as cãibras que
estavam agora destruindo suas pernas enquanto Ulf continuava a trabalhar sobre ele.
Wulf voltou para a proa, onde Stig estava tentando trazer Jesper a bordo. O ex-
ladrão estava inconsciente, longe demais para ajudá-los. Wulf segurou o braço
esquerdo de Stig enquanto Stig inclinava-se, agarrando o colarinho de Jesper e
esforçando-se para subí-lo. Algo parecia detê-lo não subindo mais do que alguns
centímetros. Depois de alguns segundos, Wulf percebeu a corda fina sob os braços de
Jesper, atando-o ao tronco. Ele sacou a faca Saxe e inclinou-se muito para o lado,
cortando a corda e rompendo-a. Uma vez que Jesper estava livre da restrição, era uma
questão simples para Stig levantá-lo para o lado, depositando-o na plataforma como
um peixe desembarcado.
Stig assentiu sombriamente. — Nós quase perdemos — disse ele. — Essa tora é
tão baixa na água que é quase invisível. Felizmente vimos uma das bandeiras
vermelhas de Edvin, então seguimos a linha para onde você dois estavam.
Ele percebeu que Jesper não tinha ouvido uma palavra do que tinha dito. Estava
deitado de costas, os olhos fechados de novo, gemendo baixinho com a circulação
gradualmente retornando. Stig estudou-o por um momento, ficou satisfeito que Jesper
não estava em perigo e se virou para Wulf.
Ele se mudou para a cana do leme quando Wulf começou a levantar a vela. Ulf,
vendo o que estava acontecendo, virou Hal sobre os dois dos outros Limmatans e se
moveu para os lençóis. Um minuto mais tarde, o Garça-Real foi deslocado a
estibordo, sua onda de proa espumando para longe de cada lado, e voltava para o
acampamento na praia.
Thorn e Svengal andavam inquietos ao longo da praia, logo acima da linha das
ondas entrantes. Ambos estavam olhando para o mar, procurando o primeiro sinal do
retorno do Garça-Real.
— Eles estão atrasados — disse Thorn. — Eles deveriam ter voltado até agora.
Svengal olhou de soslaio para o seu velho amigo. — Alguma vez você já
conheceu qualquer plano executado a tempo? — Disse. — Não se preocupe. Eles vão
ficar bem.
Thorn balançou a cabeça. — Eu nunca deveria ter o deixado fazer isso — disse
ele. — Há muitas coisas que podem dar errado.
Svengal levantou uma sobrancelha. — Eu não tenho certeza se ele foi até você
para pedir permissão — disse ele. — Hal parece ter uma mente decidida.
— Isso é verdade. — Thorn fez uma pausa. — Mas se Stig errá-los, eles podem
estar perdidos para sempre. Eu não sei o que vou fazer se isso acontecer.
Eles passaram pela figura silenciosa de Lydia, sentada na areia com seus
joelhos dobrados até o queixo e olhando sem dizer nada para o mar.
Os Invasores - 221
— Parece que não somos os únicos preocupados com eles — comentou
Svengal.
— Desejo que ela se decida de qual deles ela gosta — disse ele. Ele tinha
notado o triângulo entre Lydia e os dois meninos, uma vez que eles tinham primeiro
resgatado a menina do mar. — Isso poderia causar problemas entre eles.
— Ela parece ser um bom tipo — Svengal disse. — Ela provavelmente não
sabe disso. E eles são amigos. Amigos geralmente encontram uma maneira de
contornar esse tipo de coisa. Eles não serão os dois primeiros companheiros a se
interessar pela mesma garota.
Havia algo em sua voz que sugeria um significado mais profundo, e Thorn
olhou para ele com desconfiança.
Svengal sorriu para ele. — Vai tentar fingir que não se afeiçoou por Karina
quando você colocou os olhos sobre ela pela primeira vez?
Thorn abriu a boca para falar, mas um olhar para o rosto Svengal disse-lhe que
negar seria inútil.
Svengal encolheu os ombros. — Era bastante óbvio. Todo mundo sabia. Você
ficou no mundo da lua durante dias, especialmente quando percebeu que Mikkel
gostava dela também - e que ela tinha olhos para ele.
— Isso foi há muito tempo atrás — disse ele. — E Mikkel era um bom homem.
Eles andaram em silêncio por mais alguns metros, então, por acordo tácito,
viraram-se para refazer seus passos ao longo da praia.
222 - Brotherband
Svengal franziu os lábios, pensativo. Havia uma nota na voz de Thorn que
indicava que a avenida particular da conversa foi definitivamente fechada. Ele mudou
de rumo.
— Ele tem tudo isso, certamente — disse Thorn. Ele balançou a cabeça em
admiração quando pensou nos rápidos movimentos da mente fértil de Hal. — Eu
quero dizer, você me conhece, eu tive a minha quota de batalhas. Mas nunca poderia
planejar algo como este ataque. Nós escandinavos só tendemos a embarcar e começar
a bater nas pessoas. Mas olhe com o que ele vem - um ataque em três frentes,
coordenado para que as forças dos defensores sejam divididas. E quanto a essa
enorme besta que ele está montado no Garça-Real... bem, você pode pensar em
qualquer outra pessoa que poderia vir com uma idéia como essa?
Thorn parou e olhou para o seu velho amigo com olhos frios. — Ele é um
escandianavo — disse ele sem rodeios.
Na praia, Lydia de repente ficou de pé, protegendo os olhos com uma mão
enquanto ela olhava para o mar.
Ele deitou Hal em um saco de dormir entre as fogueiras, onde o calor de ambas
poderia aquecê-lo. Thorn seguiu, carregando a forma semiconsciente de Jesper, e
colocou-o ao lado de Hal. Lydia mexia-se em torno dos dois meninos em recuperação.
Enquanto estavam esperando o Garça-Real chegar a terra, havia colocado quatro
grandes pedras nas fogueiras. Ela pegou-as agora e envolveu-as em cobertores,
colocando-os dentro dos sacos de dormir. Hal suspirou quando sentiu o magnífico
calor próximo ao seu corpo.
— Oh, isso é muito bom — disse ele. Jesper gemeu feliz em acordo.
Lydia sorriu para os dois. Ingvar estava pairando perto e ela sabia que ele
atenderia a qualquer de suas necessidades. Ela os deixou dormindo e caminhou de
volta até a praia para onde Stig estava contando os acontecimentos da noite anterior
para Thorn, Svengal e os outros.
—... Achei que estavamos perdidos quando o vento morreu. Mas, felizmente,
Barat reteve seis de seus homens para que pudéssemos recuar. Estávamos um pouco
atrasados, mas conseguimos encontrá-los a tempo. — Ele olhou para Edvin. — Esses
flutuadores de vocês foram um toque de gênio, Edvin. No momento em que os
encontrei, Hal estava exausto demais para acender o sinal de fogo que ele tinha
planejado.
Edvin sorriu e corou enquanto os outros olharam para ele com aprovação. Lydia
concordou saudando aos seis conterrâneos que haviam retornado com o Garça-Real.
Ela conhecia quatro deles pelo nome e os outros dois de vista.
Ela se aproximou e disse agora a Stig, — Estou surpresa por Barat deixar você
levar seis de seus homens. Isso não soa como ele. Ele tem algumas idéias muito
estranhas quando se trata de cooperação entre os aliados.
Stig estendeu as mãos em um gesto inocente. — Não. Ele estava de bem com
ele. Ele não disse uma palavra. — Ele fez uma pausa, então não pode parar um sorriso
sabendo que se espalhava por todo o rosto.
— Na verdade, agora que penso nisso, ele disse uma palavra. Ele disse 'Unngh!'
Houve um longo silêncio, então, o significado do que ele tinha dito começou a
ser entendido. Lentamente, os ouvintes começaram a rir. Curiosamente, os seis
Limmatans se juntaram ao riso. Thorn se aproximou e colocou a mão esquerda no
ombro de Stig.
Os Invasores - 225
Capítulo trinta e um
H
al e Jesper dormiram por dezesseis horas direto. De tempos em tempos,
Lydia e Ingvar despertáva-os numa semiconsciência para alimentá-los com
sopa quente. Os dois rapazes responderam, sem jamais acordar.
Foi nas primeiras horas da manhã seguinte, quando Hal finalmente acordou. O
céu ainda estava escuro, mas a posição das estrelas disse a ele que devia ser em torno
de quatro horas. Ele se sentiu deliciosamente quente. As duas fogueiras haviam
queimado durante a noite, embora Ingvar tinha alimentado elas. Agora eram duas
camas maciças de brasas, irradiando um calor maravilhoso por todos os lado que
dissipou toda a memória da água quase congelada que tinha quase o matado.
— Você está bem? — Disse ele, jogando de lado seu cobertor e se movendo
para ajoelhar-se ao lado de Hal.
Então, ele bocejou, se virou e prontamente voltou a dormir por mais de quatro
horas.
— O que é ser jovem — disse a Svengal. — Se eu tivesse feito o que ele fez, eu
não teria uma articulação no meu corpo que não estivesse rangendo e dolorida apta
para me matar. — Distraidamente, esfregou a mão na pequena das suas costas, que
estava sentindo um simpatico sofrimento pela provação de Hal na água fria.
Svengal olhou para ele com as sobrancelhas levantadas. — Isso é o que vem a
ser jovem — disse ele. — E, claro, ele leva uma vida limpa e sem culpa, que é mais
do que eu posso dizer para você.
226 - Brotherband
Thorn resmungou. — Você nunca conheceu ninguém inocente e limpo vivendo
como eu estou hoje em dia — disse ele. Depois acrescentou, um pouco melancólico,
— Embora não seja necessariamente por escolha.
Um Limmatan idoso que tinha fugido da cidade foi detalhado para atuar como
guia dos escandinavos através dos pântanos. Ele foi considerado muito velho para
lutar e tinha o prazer de ser atribuído a um papel no ataque.
— Estive pescando e caçando nesses pântanos por quarenta anos — ele havia
dito a Svengal. — Conheço-os como a palma da minha mão.
Então, ele olhou para uma cicatriz no dorso da mão e fingiu choque.
— Minha nossa! O que é isso na parte de trás da minha mão? — Ele gritou, em
seguida, gritou em gargalhadas quando viu a reação assustada de Svengal. — Não se
preocupe, meu filho, eu vou chegar lá para o grande evento. — Ele deu um tapinha no
ombro enorme do lobo do mar. Svengal suportou a piada e o gesto condescendente
com boa graça surpreendente.
Um pouco antes do meio-dia, as duas partes estavam reunidas perto dos navios
na beira da água. Svengal, Thorn, Hal e Stig estava em um grupo apertado. Os
escandinavos levariam mais tempo para entrar em posição, já que tinham que enfiar-se
no caminho através dos pântanos.
Svengal e Thorn ficaram para trás para algumas palavras em privado - eles
tinham sido amigos e companheiros de bordo por muitos anos. O skirl do Wolfwind
não pôde resistir a um sorriso quando ele apertou a mão esquerda de Thorn. Ele
Os Invasores - 227
observou que o seu amigo estava carregando um porrete, o dispositivo guerra temível
que Hal tinha feito, em uma tipóia em torno de seu ombro. No momento, ele
continuava a usar seu gancho ajustável no final do seu braço direito. Ele havia trocado
os dois de um lado a outro quando os Garças atacaram o portão da praia.
Thorn bufou de escárnio. — Tente não deixar cair o seu machado em seus
dedos — disse ele. — Você é desajeitado o suficiente para isso.
— Gostaria que você viesse conosco Thorn. Seria como nos velhos tempos —
Svengal disse.
Thorn sorriu. — Eu sou parte de uma equipe diferente hoje em dia. Eu tenho
que ficar de olho neles. Além disso, sabe que eu nunca recebo ordens de você.
Thorn correu até a praia e pulou para aproveitar o trilho do navio. Ulf e Wulf
agarraram seus braços e ajudaram-no a subir do lado. Quando Edvin e Stefan
empurraram a nave para fora da costa, Hal remou sua popa ao redor de modo que
ficou apenas a poucos metros de Svengal.
228 - Brotherband
— Eu vou cruzar, subir e descer do lado de fora do porto para chamar a sua
atenção — ele chamou. — Uma vez que estiver em posição, pisca-me um sinal e eu
vou começar a disparar.
— Uma vez que vejam você, eles vão concentrar a maioria de seus homens nas
torres — Svengal chamou.
Hal assentiu. — Eu estou dependendo disso. Vai significar mais alvos para eu
atirar.
Isso também vai significar mais pessoas a atirar de volta, Svengal pensava. Mas
ele manteve para si mesmo. Hal sabia o risco que estava enfrentando.
— Bonito de assistir — disse ele. Então ele voltou para o seu próprio navio,
fazendo uma careta quando ele olhou para seu mastro menor, linhas da vela inferior.
Tirando seu mastro, verga e vela, e flutuando alto na água, ela parecia mais um
esquife tamanho desproporcional que um navio viking, pensou. Mas ele teve que
admitir que o uso dela desta forma era prático. Se os escandinavos estavam a percorrer
até a cintura de água e lama dos pântanos, eles alcançariam a torre ocidental com suas
roupas saturadas e pesada e estariam meio exaustos como resultado.
— Onde está aquele Limmatan com boca afiada que está planejando nos guiar?
— Disse. O conterrâneo de cabelos grisalhos balançava ao lado da plataforma de
direção. Tinha estado descansando em um dos bancos de remo.
— Remos! — Svengal ordenou. Eles estavam usando apenas metade dos remos
disponíveis. Uma vez que entraram no pântano em si, eles usam quatro deles para o
mastro do navio ao comprido. Ele olhou para um dos tripulantes que não estava
atualmente envolvido no remo.
— Lars! Você venha até aqui e me impeça se eu tentar jogar este falastrão
Limmatan ao mar.
Os Invasores - 229
No outro lado da cidade, Barat e seus homens se agachavam, escondidos entre
as árvores, apenas cinquenta metros da paliçada.
Tarde na noite anterior, eles haviam se movido em silêncio da praia para seu
esconderijo. Eles haviam ficado dentro da linha das árvores, ao pé da escarpa por trás
da cidade, escondido da vista de qualquer sentinela nas paredes.
Eles podem ter passado os últimos dois dias aqui, Barat pensava. Então, ele
percebeu que estava errado. Que era seguro o suficiente para gastar algumas horas até
tarde da noite à vista do muro. Se eles tivessem estado aqui nos últimos dois dias, as
chances eram altas de que um movimento descuidado, o flash de luz sobre uma de
suas armas e capacetes, ou um ruído acidental teria levado a sua descoberta.
Hal estava certo ao insistir em que eles se movem apenas no último minuto, ele
pensou. Sua testa franzia em uma carranca quando ele pensava nos escandinavos. O
fato dele admitir que Hal estava certo não o faz afeiçoado deles. Seus dentes ainda
doíam onde Stig tinha batido nele. Havia uma contusão feia, descolorada em sua
mandíbula.
Por outro lado, se o Garça-Real aparecer, e sua equipe realizar sua parte do
plano, eles seriam pelo menos uma distração útil. Mas ele não tinha ilusões de que o
trabalho duro e perigoso viria para cima dos homens de Limmat. Talvez pela vigésima
vez, ele fez uma careta quando pensava nos seis homens que Stig tinham tomado de
sua pequena força.
Ele vai pagar por isso também, quando tudo isso acabar, ele pensou. Então ele
respirou fundo. Mas, primeiro, vamos acabar logo.
Hal estava no leme, pés bem separados para equilibrar contra a afluência do
convés quando o Garça-Real era levado pra acima ao longo de ondas sucessivas. O
Garça-Real estava levando as ondas á estibordo, de modo que o navio fazia a ação de
serpentear com regularidade. Para cima, rolar para a direita, para baixo, gire à
esquerda, em seguida, repita a seqüência.
230 - Brotherband
com o fato de que tinha sido aliviado até que deslizou em poucos centímetros de água.
Menos arrasto, mais velocidade, ele pensou.
Ele dobrou o promontório que marava o fim da praia, onde tinham feito seu
acampamento. Mas, enquanto o Garça-Real estava indo para o mar, o Wolfwind
estava balançando para o porto, para o pequeno riacho que levava aos pântanos.
— Uma vez eles do que eu — disse Hal. Aqui fora, a brisa era fresca e o ar
estava limpo e revigorante. Nos pântanos, ele sabia por experiência anterior, o ar
estaria úmido e, ainda assim, cheio de nuvens de insetos irritantes.
Ele inclinou o Garça-Real mais para estibordo, com o objetivo de mantê-lo fora
da vista da cidade um pouco mais. Ele acenou com a cabeça em aprovação quando Ulf
e Wulf, sem qualquer necessidade de ordens, ajustaram a guarnição da vela para
combinar com o novo curso.
Stig, estando pronto ao lado dele, olhou para o navio viking conforme ele
inclinou para o riacho. O seu casco cinza misturado naturalmente com o cinza-
esverdeado das gramíneas e juncos do pântano. Ele resmungou concordando.
— Quanto tempo você acha que ele vai levar? — Hal perguntou.
— Wallis pensou pouco mais de uma hora — Stig respondeu. Wallis era o
Limmatan idoso que estava guiando Svengal.
Hal assentiu, pensando. — E nós vamos levar cerca de vinte minutos para
chegar à boca do porto — disse ele. — Nós vamos ficar fora de vista por mais dez
minutos, então vamos deixá-los ver-nos.
Os Invasores - 231
Capítulo trinta e dois
H
al virou 30 minutos no copo de areia que ele usava para a navegação e
observou quando os grãos começaram a cascatear através da abertura estreita
de cima para baixo. Ele poderia ter estimado os vinte minutos, mas usando o
instrumento apelou para o senso de precisão. Ele sorriu quando se lembrou de sua
conversa com Jesper.
Vamos saber por que isso vai ser quando eu acender o sinal de fogo.
Ele percebeu agora que suas mentes estavam começando a vagar quando
tiveram essa conversa, como resultado do frio cortante e do cansaço que os estava
superando. Talvez seja por isso que ele queria ser mais preciso, esta manhã, para
provar que estava de volta no controle de suas faculdades.
Ele percebeu que Stig estava virando seu cotovelo e apontando para as marcas
de graduação no vidro de areia. Vinte minutos se passaram enquanto ele estava
distraído. Tanta coisa por seu amor à precisão, ele pensou.
— Vamos nos preparar — disse ele. Thorn abaixou e pegou dois pequenos
escudos de metal redondo, moldados um pouco como tigelas desproporcionais. Ele
fechou seu gancho na alça de um, em seguida, enfiou a mão esquerda para a aderência
da segunda. Lydia levantou-se e os três fizeram o seu caminho para a proa. Os dois
escandinavos moviam-se facilmente, combinando o passo ao subir e descer regular do
navio. Lydia era menos firme de pé. De tempos em tempos, ela agarrava em uma
estadia ou no mastro para se firmar.
232 - Brotherband
Ingvar estava em pé pronto no Mangler. Ele passou os últimos dois dias
fazendo projéteis para a arma e foram divididas agora em duas prateleiras, um de cada
lado do arco. Hal olhou para eles. Havia uma dúzia de dardos em cada prateleira.
Ingvar indicou uma banheira fixada no mastro. Havia meia dúzia de dardos de
fogo descansando lá - projéteis especialmente preparados com suas pontas envoltas
em pano embebido em óleo, então coberto liberalmente com piche. Hal planejava usar
um deles para incendiar o portão da praia embebido em óleo, quando chegasse o
momento. Eles estavam descansando de cabeça para baixo na banheira, que continha
vários centímetros de óleo no fundo para evitar o pano embebido de secar.
O Garça-Real subiu em uma onda e ele pode ver a torre oriental, mostrada
brevemente acima do horizonte.
Hal olhou em volta para Edvin, que estava pronto para retransmitir ordens de
seu leme para Stig.
— Relaxe — disse ele, seus olhos estreitando quando as duas torres entraram
em plena vista. Ele imaginou a cena na passarela que rodeava a torre leste com o
vigia, descansando no corrimão, olhos meio fechados e sonolentos depois de um
grande almoço, de repente, tornou-se ciente de que um navio estranho estava se
aproximando - e se aproximando rapidamente.
— Eles nos viram — disse Thorn. Hal se maravilhou com a visão aguçada de
seu velho amigo. Então, como eles viajavam alguns metros mais perto, ele podia
divisar as formas minúsculas escuras correndo ao longo do molhe do porto e subindo
a escada para as torres de vigia. Parecia haver um monte deles, ele pensou, mas a esta
Os Invasores - 233
distância, foi impossível estimar seus números. E agora, ele percebeu, ele podia ouvir
o alarme, um lamento, ondulante explosão em um chifre.
Eles estavam a duzentos metros da entrada do porto. Hal abriu a boca para
chamar a Stig. Nesta fase, ele não queria ficar dentro da faixa das setas das torres.
Mas, conforme ele ia dar a ordem, Stig balançou o Garça-Real suavemente para
estibordo. O navio corria paralelo à costa agora. Ele estava armado demasiado longe e
Hal virou-se para emitir outra ordem. Mas Ulf e Wulf anteciparam-no, facilitando as
escotas para que ela rode mais ereta. Ele olhou para cima e encontrou os olhos de
Lydia. Ela tinha percebido como Stig e os gêmeos haviam antecipado suas ordens e
sorriu para ele firmemente.
— Parece que eu não sou necessário — disse ele, brincando para acalmar seus
nervos com a piada. Ele ficou surpreso ao descobrir que sua voz estava um pouco
mais aguda que o normal.
Stig girou o navio de volta a correr na direção oposta. Stefan e Edvin assistiram
à passagem das velas. Hal sentiu o movimento suave da besta gigante debaixo dele
com Ingvar testando seus movimentos. Tinha uma longa e forte vara inserida na cauda
do carro e ele poderia rodar o Mangler através de uns noventa graus de arco –
quarenta e cinco graus em ambos os lados da curva do arco. Hal olhou para ele e
sorriu para o menino grande.
Hal assentiu. Ele não queria falar de novo caso sua voz estivesse demasiado
aguda.
— Bem, eu certamente não posso — respondeu Ingvar, com seu sorriso largo.
Hal olhou para ele de novo. Os nervos do menino grande pareciam tão firmes como
uma rocha, ele pensou. Prestes a entrar em ação pela primeira vez e aqui estava ele,
friamente fazendo piada sobre sua própria miopia.
234 - Brotherband
— Pensei ter visto um movimento nas árvores há alguns segundos — disse
Thorn. — Mas isso só poderia ter sido porque eu sei que eles devem estar lá em algum
lugar.
Ingvar olhou em sua direção. — Desculpe, Lydia — ele disse. Antes de tudo,
ele tinha insultado um conterrâneo dela. Ela acenou ao pedido de desculpas de lado.
— Eu estou pronto. Não se preocupe comigo. Basta manter a sua mente sobre o
seu tiro — Veio á resposta calma. E, de repente, as preocupações de Hal foram
abrandadas. Thorn sabia o que ele estava fazendo, ele pensou. Os pequenos escudos
pode não ter sido a escolha de Hal, mas Thorn sabia mais sobre esse tipo de coisa do
que ele jamais saberia.
Hal seguiu seu olhar. Havia duas árvores raquíticas em uma ilha arenosa perto
da borda do pântano. Com tão pouca quantidade de raízes, o vento causou a inclinação
de ambas para um lado. Olhando para a esquerda, ele viu um ligeiro movimento, então
o casco baixo do Wolfwind apareceu conforme ele passou por um canal aberto.
Os Invasores - 235
Ele olhou de volta para a torre de vigia. Eles estavam perto o bastante para ver
detalhes agora e parecia que todos os olhos estava no Garça-Real. Até agora, o plano
estava funcionando. Ninguém em cada torre tinha ideia da ameaça que estava
rastejando em direção a eles através dos pântanos.
— Stig — ele chamou, esquecendo no calor do momento que ele tinha Edvin
postado para retransmitir suas ordens. — Leve-nos para o mar, em seguida, entra para
atacar a torre leste.
Perscrutar sobre os alvos da besta, ele estava consciente, numa parte destacada
de sua mente, da tripulação içar e ajustar velas, então, o Garça-Real estabilizou-se em
seu curso.
Seu amigo gigante se inclinou para frente, aproveitou as duas alças armadas do
Mangler e puxou os braços para trás até que o cabo clicou no lugar sobre a trava de
retenção. Então Ingvar selecionou o primeiro dos dardos meterlong e o pôs na ranhura
na parte superior da arma, assegurando que o entalhe na extremidade traseira estivesse
acoplado com a espessura do cabo.
Hal estava ciente de que Thorn tinha se mudado para uma posição na proa,
agachando-se sob o posto da proa. Quando Ingvar recarregava, ele ficava e fornecia
proteção com os dois escudos pequenos.
236 - Brotherband
Agora Ingvar se moveu para trás da besta inclinando-se sobre. Hal olhou sobre
os locais.
Para evitar confusão, eles tinham concordado que, para dirigir ordens a Edvin,
ele iria usar os termos bombordo e estibordo. Direções instruídas para Ingvar seria
dado como esquerda ou direita.
Ele olhou para baixo, para os alvos do arco e flecha, observando a ascensão e
queda da torre conforme o navio subia e descia em ondas sucessivas. Uma seta brilhou
no mar ao largo da proa. Eles estavam entrando em alcance. Ele ouviu um som de
chocalho rápido quando três flechas golpearam a proa. Algo bateu no convés de um
lado. Não é uma flecha. Possivelmente uma pedra arremessada por um lançador.
— Todo mundo abaixado — ele gritou, sem tirar os olhos da torre, que foi se
aproximando cada vez mais. Sua mão esquerda virou erguendo a engrenagem
suavemente, elevando o arco de modo que a visão estava centrada no corrimão pinhal
da torre. Ele queria que o primeiro tiro fosse bem sucedido, então apontou para o
maior alvo possível.
A torre parecia encher sua mira. Ele podia ver um dos defensores, distintivo em
uma jaqueta verde brilhante, na extremidade esquerda, apontando um arco recurvo, o
desenho da seta para trás. Em seguida, ele lançou e Hal perdeu de vista o eixo.
Alguns segundos depois, ela bateu, tremendo, no convés ao lado dele. Estavam
cerca de setenta e cinco metros fora de alcançe.
Então, sua vista e alvo foi alinhado e ele gentilmente puxou a corda do gatilho.
SLAM!
O Mangler vergou com o coice e o dardo saltou longe. Poucos segundos depois,
uma seção da balaustrada de pinho em torno da torre explodiu em uma chuva de
estilhaços quando o projétil pesado esmagou-o, seguindo de uma ponta a outra,
rodopiando entre os defensores e abatendo mais homens.
Os Invasores - 237
— Pronto! — gritou Ingvar. Ele não esperou para ouvir o que aconteceu com o
primeiro tiro. Ele saltou para frente e ergueu os olhos para carregar o Mangler. Lydia,
vendo uma maneira de ajudar, tinha se arrastado para frente de joelhos, ficando abaixo
do baluarte, e passou um dardo novo para ele.
Hal lesou a elevação dardo, gritando destinando direções para Ingvar. Como
sempre, a Mangler tinha saído da linha com o recuo do primeiro tiro.
SLAM!
O alcance foi menor agora e o dardo bateu com força ainda maior. Ele apanhou
o topo da grade, despejando mais desses estilhaços mortais no ar, e girando acabou
direto sobre a extremidade na janela da guarita.
Hal teve tempo para considerar que a miopia de Ingvar era realmente uma
vantagem nesta situação. Como ele não podia ver o resultado dos tiros, ele não foi
tentado a esperar e observar. Uma vez que o dardo estava na sua forma, ele foi
imediatamente pronto para armar novamente e recarregar a arma maciça.
— Nós nos saímos bem — disse Hal. — Dois grandes buracos no parapeito da
torre e, provavelmente, uma meia dúzia de inimigos feridos por estilhaços e colocados
fora de ação. — Ele olhou para Lydia. — Boa ideia ajudando com a recarga.
Ela sorriu para ele. — Obrigado. Você notou aquele arqueiro com a camisa
verde? Eu poderia ter de cuidar dele da próxima vez.
Hal assentiu. — Eu ficaria muito grato se você fisesse. — Ele sorriu para
Thorn. — Você não tem muito a fazer do que correr — disse ele.
238 - Brotherband
— Eles vão estar prontos para nós quando voltarmos — disse ele. — Eles vão
saber o que está vindo.
Os Invasores - 239
Capítulo trinta e três
Z
avac montou seu quartel-general na casa de contagem de Limmat. Era o
prédio da administração oficial da cidade, onde os impostos eram fixados e
cobrados, obras públicas organizadas, e onde, em tempos normais, o conselho
da cidade se reunia para cuidar dos negócios em andamento.
O homem olhou para trás por onde ele tinha vindo. Com Zavac, refletiu ele,
você nunca poderia ganhar. Se ele não tivesse sido informado sobre a aproximação do
navio estranho, ele teria voado em um acesso de raiva, golpeando para fora àqueles ao
seu redor.
240 - Brotherband
— Não. É... pequeno. Mas talvez você deva dar uma olhada.
Ele liderou o caminho para fora do escritório, fechando a porta atrás deles. Sua
tripulação seguiu ansiosamente atrás dele, meio trotando para acompanhar as longas
passadas de Zavac.
Eles fizeram o caminho até a via ampla à frente do porto, Zavac apreciando a
forma como os cidadãos de Limmat encolhiam-se quando ele passava. No cais, ele
virou à esquerda e caminhou em direção à barragem, protegida ambos os lados pelas
torres de vigia.
Ele parou cerca de metros cinquenta da torre oriental. A partir daqui, do lado
interior, ele podia ver nenhum sinal do dano que o Mangler tinha infligido no primeiro
ataque do Garça-Real. Ele podia ouvir vozes gritando da torre de vigia, mas isso era
de se esperar. Os membros da vigia estavam provavelmente em gritante desafio ao
intruso. Além, para o mar e, obviamente, em retirada, ele podia ver um nítido
naviozinho, com uma vela triangular.
Ele tinha visto o navio antes, ele pensou. Então percebeu onde. Era o navio
pertencente à tripulação de jovens escandinavos sob cujos narizes ele roubou o
inestimável Andomal. Seus lábios se curvaram em raiva.
Em seguida, ele sacudiu a cabeça com impaciência. O navio era pequeno. Ele
carregava uma tripulação de menos de uma dúzia. E o porto era protegido por duas
torres e maciças toras da barragem de lado a lado da entrada.
— Seu idiota! — Ele rosnou. — Eles são meninos, e não pode haver mais de
dez deles! Quais possíveis danos você acha que eles podem fazer conosco?
O pirata infeliz, que tinha deixado para alertar Zavac antes do Garça-Real
lançar seu ataque, não tinha resposta para a pergunta. Ele se encolheu para longe do
capitão furioso.
— Eu pensei...
Zavac cortou furiosamente. — Então, não pense no futuro! Você não tem
capacidade para isso!
Os Invasores - 241
Girando em seus calcanhares, ele caminhou de volta para a casa de contagem.
— E cuide para que eu não seja perturbado novamente! — Ele jogou por cima
do ombro.
Ele não sabia exatamente o que estava acontecendo. Não parecia ser uma arma
enorme na proa do navio, disparando projéteis pesados na torre leste. Embora ele não
conseguisse distinguir os detalhes da arma - possivelmente uma grande besta, ele
pensou - ou os projéteis próprios, os resultados estavam óbvios demais.
Agora estava voltando. Seus olhos se estreitaram quando ele o viu ajustar um
curso e percebeu que estava vindo direto para ele. A torre ocidental era obviamente o
próximo alvo.
Sua mente disparou. O maior perigo parecia-lhe, era a chuva de estilhaços que
cada tiro enviava voando em seus vigias. O projétil pode atingir uma ou duas pessoas,
mas os estilhaços poderiam colocar meia dúzia de outros fora de ação. Uma dúzia ou
mais de farpas criaria uma chuva mortal com cada tiro.
Ele olhou em volta, procurando alguma coisa para anular seu efeito, e seu olhar
pousou na guarita no centro da plataforma. Havia meia dúzia de beliches lá, onde os
homens pudessem descansar e relaxar enquanto eles estavam de folga. E beliches
significava cama.
Vários homens armados com arcos avançaram para tomar o seu lugar na
balaustrada pesadamente acolchoada. Vários outros, tendo visto o destino de seus
companheiros na primeira torre, ficou para trás. Ele rosnou para eles e empurrou um
deles para frente. Os outros relutantemente seguiram.
Hal sentiu uma súbita onda de incerteza. Os estilhaços voadores provaram ter
um efeito mortal sobre os defensores, muito mais do que ele esperava. Agora, os
piratas tinham encontrado uma maneira de neutralizá-los. E o pesado pano drapeado
pode até impedir os dardos de penetrar a balaustrada. Eles certamente absorveriam um
pouco de sua força. Ele esfregou o queixo, pensativo, desesperado por uma maneira
de contrariar esta inesperada tática.
Os Invasores - 243
Originalmente, Hal apenas tinha planejado usar os dardos de fogo para acender
a bexiga de óleo no portão da praia. Mas agora ele viu uma oportunidade inesperada
para eles.
O barulho mortal de flechas contra o casco e convés começou mais uma vez.
— Carregar agora, Ingvar — disse Hal. Ele não queria esperar mais tempo para
Ingvar ser exposto. Lydia passou o dardo de fogo para Ingvar e o grandalhão chegou
até a colocar o dardo latente na posição. A cabeça flamejante chiou contra a madeira
encharcada, e Ingvar, permanecendo abaixado, afundou atrás de Hal.
— Fique aí, todo mundo — Hal advertiu. — Pronto Thorn? — Ele chamou.
Ingvar grunhiu assentindo. Ele estava agachado atrás da massa do carro besta,
com as mãos sobre a alavanca de deslocamento.
Ele se encolheu com uma flecha que atingiu a frente do carro do Mangler e
olhou ao longe. Então, concentrou sua atenção na mira, tentando ignorar o som das
244 - Brotherband
flechas atingindo o casco e zunindo através da vela. Vou ter que remendar essa vela
quando isto acabar, ele pensou com uma parte destacada de sua mente.
A mira traçada quando o navio chegou à crista de uma onda, afundou abaixo da
meta enquanto mergulhava na calha d'água, em seguida, começou a subir novamente.
Ele aliviou a engrenagem elevando para compensar, então, um segundo ou mais antes
do navio chegar à crista seguinte e a visão ser centrada na balaustrada muito drapeada,
ele puxou a corda do gatilho. Houve a demora normal e ligeira, então...
SLAM!
Stig já estava trazendo a proa do Garça-Real ao redor para voltar para o mar e
fora de alcance. Eles ouviram o ruído surdo do dardo atingindo a torre, exatamente
onde Hal apontou. Permanecendo abaixado, ele esticou em volta para assistir o
resultado, enquanto o navio se afastou do alvo. Mais três setas sacudiu contra o casco
e os escudos alinhados ao longo do baluarte de estibordo.
Ele conseguiu incliná-lo sobre o lado do corrimão e sentiu uma onda de triunfo
momentâneo quando começou a soltar. Mas seu otimismo não durou muito. O colchão
estava firmemente preso à madeira pelo dardo que o tinha fixado ao fogo. Ele caiu um
metro ou mais, depois parou pendurado para fora de seu alcance, com chamas
queimando, lambendo avidamente a madeira da torre.
Os Invasores - 245
Quando Hal havia planejado usar um dardo fogo contra o portão praia, ele sabia
que ele iria precisar de óleo para ajudar a fazer com que a madeira queimasse. O
portão estava envelhecido, madeira experiente, e um único dardo de fogo não seria
suficiente para fazê-lo pegar. Mas a torre era um assunto completamente diferente. As
tábuas e frame eram de madeira de pinho macio madeira que tinha uma gosma com
resina e, consequentemente, altamente inflamável. Mas mesmo com essa madeira,
uma fonte de fogo única como um raio flamejante poderia não ter sido suficiente.
Podia ter sido rapidamente extinto. O comandante havia cometido um erro fatal
quando cobriu o comprimento da balaustrada com pano altamente combustível e
palha. Agora as chamas variavam ao longo de toda a face frontal da balaustrada, e as
pranchas e quadros já estavam começando a queimar por baixo do pano.
Para piorar a situação, não havia abastecimento de água real disponível, apenas
alguns poucos jarros de água potável para as sentinelas. Não havia nenhuma maneira
deles apagarem as chamas. A torre estava condenada.
A cem metros de distância da torre, Svengal levou seus homens para fora dos
pântanos e para terra firme. Os escandinavos fizeram uma pausa, um pouco
impressionados, ao verem as chamas subindo agora rapidamente os lados da
balaustrada e da guarita no topo da torre.
— Parece que o nosso trabalho foi feito para nós, chefe — um dos tripulantes
disse a ele. Então Svengal notou uma linha de homens apressadamente tropeçando na
escada de madeira que levava a torre de vigia. Ele apontou seu machado em direção a
eles.
— Vamos pegá-los!
246 - Brotherband
virou para ver um espetáculo ainda mais terrível do que as chamas que quase os
consumiu.
Jonas deu de ombros. — Quem pode dizer? Mas as chances são de que eles têm
todo mundo olhando em sua direção.
— Talvez — disse Barat. Ele brincava com o punho da espada quando viu o
Garça-Real virar mais uma vez e voltar para a costa, desta vez de olho na outra torre.
Os detalhes deste ataque foram completamente obscurecidos, mas poucos minutos
depois que o navio tinha saído de visão por trás da entrada do porto oriental, os
sentinelas Limmatans viram uma espiral fina de fumaça sobre a cidade, na direção da
torre ocidental.
Barat franziu a testa. Parecia que o segundo ataque havia tido sucesso, mais
sucesso do que qualquer um tinha previsto. Ele olhou em volta. Seus homens estavam
posicionados atrás dele, armas prontas, rostos tensos. Atrás, nas árvores, eles não
tinham visto o que tinha acontecido.
— A torre está pegando fogo — disse ele a eles agora. — Isso vai chamar a
atenção de todos, então vamos.
Como um, eles se levantaram. Houve um grunhido baixo, num coro de trinta e
oito vozes e ele levantou uma mão com cautela.
— Silêncio! Não há gritos de guerra. Sem gritos. E fiquem perto das árvores. O
mais perto que podemos chegar antes de sermos vistos, a melhor chance que vamos
ter.
Os Invasores - 247
Ele esperou, olhando atentamente para seus rostos, até ter certeza de que a
mensagem tinha sido levada a sério.
— Os restos de vocês estejam prontos para ajudar com arcos, pedras e lanças,
enquanto eles estão subindo — ele ordenou. Mais uma vez, houve um murmúrio de
assentimento.
— Tudo bem — disse ele finalmente. Ele olhou para o mar e viu que o Garça-
Real estava virando de volta para outra corrida na torre leste. A julgar pela fumaça, a
torre ocidental estava agora bem acesa.
Duvido que haja um único olho voltado para nossa entrada, ele pensou. Então,
ele acenou para seus homens seguirem em frente.
248 - Brotherband
Capítulo trinta e quatro
Q uando chegaram à extensão mais distante na sua corrida para o mar, Stig virou
o Garça-Real de volta para chefiar um segundo ataque contra a torre oriental.
Hal se levantou de seu assento atrás do Mangler e levantou uma mão.
— Espere por um minuto, Stig — ele chamou. Stig balançou a cabeça, a testa
franzida um pouco confuso, e trouxe a cabeça do navio contra o vento.
— Como sempre — Stig disse, sorrindo. Ele adivinhou isso quando Hal havia
sinalizado para ele a alçada.
— Só que desta vez, a tropa não vão ser gentil o suficiente para cobrir a
plataforma com um pano e palha seca — Thorn observado.
— Certamente vale a pena tentar. Você acha que você pode acertá-lo de uma
centena de metros? Eles estarão prontos para nós neste momento e vão atirar de volta.
Temos tido sorte até agora de que ninguém foi atingido.
Thorn sabia, embora os outros não, que a sua sorte era improvável para
considerar. A sorte era notoriamente instável em uma batalha. Se eles distraíssem ao
ajustar a distância, teriam vítimas.
Hal encolheu os ombros. — Nós só temos que manter nossos escudos e ficar
sob a cobertura, tanto quanto possível. Thorn, você pode manter Ingvar coberto? Eu
pretendo tentar dois dardos de fogo, então ele vai precisar recarregar.
Thorn olhou para a torre distante, retratando em sua mente, a chuva de flechas
que seriam lançadas contra eles.
Ela assentiu com a cabeça. — Eu vou cuidar dele. — Não havia nenhum traço
de dúvida em sua voz e o velho lobo do mar sorriu para ela.
— Você sabe, eu acredito que sim. — Ele olhou para Stig e Hal. — Eu disse
que esta era um bom partido.
Lydia corou enquanto os dois meninos sorriam. — Cale-se. Você não deixe de
fazer as suas tarefas com aquelas duas tigelas de jantar cobertas que você chama de
escudos.
250 - Brotherband
Thorn inclinou a cabeça. — Como você quiser, mocinha. Como você quiser.
Ele olhou para eles por um segundo ou dois. Estavam mantendo sua promessa,
ele pensou. Uma vez no mar, não havia sinal de disputa entre eles. Trabalharam em
conjunto melhor e mais instintivamente do que duas outras pessoas possam ter.
Possivelmente por causa do vínculo mental estranho que muitos gêmeos desfrutam.
Percebeu que ficou olhando para eles por alguns segundos e os dois estavam
esperando ansiosamente, pensando que ele diria algo mais. Ele acenou com a cabeça e
virou-se bruscamente.
Os gêmeos trocaram olhares perplexos um pouco como ele fez o seu caminho
de volta para a proa. Ingvar e Edvin estavam esperando, sentindo que houve uma
mudança de planos.
Ele esboçou sua idéia para eles. Ambos assentiram entendendo. Edvin pegou o
balde agora vazio, puxou-o sobre o lado em uma corda e encheu-o, jogando água do
mar na frente do Mangler.
Hal apontou para a banheira onde os cinco dardos de incêndio restantes foram
armazenados.
— Procure dois prontos e acenda quando chegar a hora — disse ele. — Ingvar
vai ter que recarregar rápido. Uma vez que estejamos parados, vamos balançar ao
sabor do vento em poucos minutos. Quando isso acontecer, eu não vou ser capaz de
estudar a volta do Mangler longe o suficiente.
Ele fez uma pausa, perguntando se tinha deixado algo de fora. — Outra coisa,
Edvin. Você vai ter que cuidar dele sozinho. Lydia vai estar ocupada apanhando as
pessoas que atiram a nós.
Os Invasores - 251
As sobrancelhas de Edvin uniram-se ao pensar sobre as ações que teria que
tomar. — Isso não será um problema. Eu acho que preferiria que ela estivesse com a
cabeça baixa.
— Tudo bem. Aos seus lugares, todos. — Hal virou-se para chamar de volta
Stig e os gêmeos. — Vamos nos mexer!
Quando a vela foi inflada, Stig deixou o Garça-Real partir com o vento. Em
poucos segundos, ele foi esculpindo um rastro branco liso através do mar novamente.
Ele virou-se para trás agora e chamou baixinho, — Arpéus! Montanhistas! Vão!
Quatro arpéus foram disparados por cima da paliçada, cada um com uma corda
comprida e trançada atada a eles. Ele ouviu as quatro pancadas que bateram em rápida
sucessão. Em seguida, os atiradores puxaram de volta as cordas, arrastando os
ganchos três-pontas de volta através da passagem até que prendeu e se manteve firme
contra as toras verticais que formavam a parede da paliçada de três metros de altura.
Um se soltou e caiu de volta para baixo. Quando o manipulador amaldiçoou em
silêncio e reuniu a o arpéu para outro lance, Barat fez um gesto para os outros três.
Os homens que lançaram os arpéus agora inclinaram seu peso para trás contra
as cordas para mantê-las firmes. Mais dois homens se moveram para ficar em cada
corda, fazendo uma grossa alça laçada entre eles. Quando o primeiro alpinista
começou a subir a corda, ele colocou o pé na alça laçada e os dois homens o
levantaram, elevando-o de modo que suas mãos se fecharam sobre o topo da paliçada.
Tomando cuidado para não prender-se nas pontas afiadas dos troncos verticais, ele
saltou levemente para a passarela do outro lado. Dois outros alpinistas se juntaram a
ele quase que imediatamente. Eles sacaram suas espadas, giraram seus escudos em
torno de suas costas, e desceram a passarela para formar uma linha defensiva,
enquanto seus companheiros pulavam por cima da paliçada.
Barat veio com a segunda vaga. Ele olhou rapidamente ao redor. A passarela
estava vazia de cada lado. Não havia nenhum sinal de defensores.
252 - Brotherband
esticada quando o atacante invisível abaixo puxou de volta firmando-a. Então
começou a vibrar como um alpinista armado.
A voz gritando chegou da cidade abaixo. Ele olhou para baixo em uma das ruas
estreitas e sinuosas que corriam para longe da paliçada em direção à praça aberta no
centro da cidade. Três Magyarans tinham acabado de dobrar uma esquina e viram os
Limmatans agrupando na passagem acima deles.
Barat hesitou um segundo. A paliçada estava indefesa deste lado. Hal tinha
razão, pensou ele. A maior parte dos Magyarans estaria nas torres, ou no centro da
cidade. Ele fez um gesto em direção aos degraus com sua espada.
Os Invasores - 253
Ele apontou a lança em direção ao maciço escandinavo. Mas Svengal estava
observando os olhos e algo lá lhe disse que o movimento era uma finta. Ele se
manteve firme e sorriu para o seu inimigo.
— Tem que fazer melhor do que isso — disse ele. Então, vendo o contramestre
do Wolfwind, Hendrik, aparecendo atrás de seu adversário com um machado, ele
retrucou: — Deixe-o! — Hendrik relutantemente se afastou, procurando outro
inimigo.
Em uma briga total, era cada um por si, e Svengal e seus homens golpeavam
para fora qualquer alvo que se apresentasse. Mas os Magyarans estavam quebrados e
derrotados e este era um combate único. O homem era um bravo e capaz guerreiro e
Svengal não tinha o desejo de vê-lo cortado por trás.
Escandinavos viviam para o combate - embora se deva dizer que alguns deles
morreram por isso também – e combate individual, o homem-a-homem, era a forma
final.
A lança disparou para frente novamente. Desta vez, foi um impulso genuíno e
Svengal jogou-a de lado com a cabeça de seu machado. Ele viu uma sombra de medo
nos olhos do outro homem, então, seu adversário viu a facilidade casual com que
Svengal lidava com arma pesada. A maioria dos guerreiros não seria capaz de
coincidir com a velocidade e precisão de movimentos de Svengal.
254 - Brotherband
— É melhor sair daqui. Essa coisa toda poderia vir a baixo a qualquer
momento.
Os Invasores - 255
Capítulo trinta e cinco
H
al acomodou-se atrás da enorme besta como o Garça-Real se dirigiu para a
costa mais uma vez. Ele se inclinou para trás, forçando-se a relaxar,
assistindo a regular subida e descida da proa com o passar de cada onda sob
o navio, sintonizando-se ao ritmo e tempo do movimento. Ele estimou que estavam a
cerca de duzentos metros da torre. Ele podia ver as pequenas figuras que revestem a
balaustrada, esperando até que o Garça-Real estivesse ao alcance.
Ingvar pareceu confuso por um momento, então ele concordou. Ele estendeu a
mão para as alavancas duplas e soltou o cabo de volta até que estalou no lugar. Em
seguida, ele posicionou um dardo no encaixe.
256 - Brotherband
Ele fixou-se no intervalo de um pouco mais de duzentos metros. Um esguicho
de água à frente do barco confirmou. Os defensores estavam atirando, mas o navio
ainda estava fora do alcance das setas.
SLAM!
SLAM!
Quando o segundo dardo riscou longe, ele viu o primeiro tiro acertar em uma
explosão de estilhaços na balaustrada, logo abaixo do topo do corrimão e à direita do
centro. Os defensores dispersos do lugar em pânico.
Então Ingvar recarregou e estava posicionando a arma mais uma vez como Hal
acabou na roda de elevação para trazer as vistas para baixo.
O dardo que ele tinha acabado de disparar acertou o alvo naquele momento e
viu outro ataque quebrando na balaustrada. Desta vez, uma grande parte do trilho
superior foi arrancado e saiu girando.
SLAM!
Outro tiro. Ele verificou a distancia e viu que eles não tinham tempo para um
quarto. Mas a salva de três tiros rápidos tinham feito seu trabalho, causando pânico e
confusão na torre. Ele poderia até mesmo ver várias figuras correndo para baixo da
escada sob o plataforma.
— Acenda os dardos incendiarios, Edvin — ele pediu. Ele não tinha visto o
ataque dardo terceiro, mas ele pensou que tinha sido um bom tiro. Ele tinha certeza de
que tinha batido em algum lugar. Agora, os defensores estavam rastejando de volta
para suas posições. Uma flecha atingiu o posto proa, tremendo. Em seguida, mais duas
Os Invasores - 257
chacoalharam contra o casco. Ingvar rearmava o Mangler e uma flecha quase o havia
acertado.
Thorn começou a usar os dois escudos de metal para bloquear ou desviar setas
que sibilavam para o barco. Ele ignorou os tiros que estavam indo para longe,
concentrando-se naqueles que estavam em linha.
Tinido, zumbido, estrépido, batida. Mais flechas quatro foram desviados. Lydia,
incentivada pela brincadeira de Thorn, desenhou um dardo de sua aljava e carregou
seu atlatl. Protegido pelo mastro, ela procurou o arqueiro de camisa verde, vendo ele
aparecer em sua antiga posição, ao lado esquerdo da plataforma. Ele puxou, mirou,
atirou, em seguida, recuou em torno em cobertura da guarita.
A medida que ela disse "quatro", o homem de camisa verde reapareceu, seta
encaixada, metade arco puxado.
E pisou em linha reta o dardo que ela tinha acabado de jogar caindo.
Ele levantou as mãos, o arco foi girando para longe e ele cambaleou e, em
seguida derrubado sobre o parapeito, atingindo o estrutura de suporte várias vezes
enquanto ele caia.
— Nada ruim. Disse que ela era um bom partido, não foi?
— Basta manter sua mente seu próprio trabalho, velho! — Lydia respondeu
bruscamente.
— Solte as velas!
Eles lançam as velas soltas, deixando a vela voar livre. Enquanto o vento
trasbordava sobre a vela, Garça-Real começou a desacelerar. Ingvar e Edvin não
precisava de ordens. Edvin tinha o primeiro a queima de dardos de fogo e pronto.
Colocou-na calha na parte superior do Mangler, a posição da ranhura para a corda do
arco. Ingvar assumiu o controle da alavanca de preparação mais uma vez.
— Desça, Thorn — Hal chamou. Ele alinhou-se à vista, definindo seu ponto de
mira entre a marca de cem e cento e cinquenta.
Ele podia ver a junção das três vigas em sua mira agora. Garça-Real ergueu-se
em uma onda e emaranhou a roda de elevação abaixo, mantendo-se a previsão
constante no ponto em que as três vigas se encontram. Uma flecha bateu no convés
Os Invasores - 259
perto de seu pé. Ele fez uma nota mental de que a taxa de retorno de tiros, e sua
precisão, parecia ter diminuído desde Lydia havia apanhado o arqueiro de camisa
verde. Ele supôs que nenhum dos companheiros do homem caído estavam dispostos a
mostrar-se acima do parapeito por muito tempo.
SLAM!
O momento em que o dardo disparou para longe, ele sabia que ele havia errado
o alvo. Ele não havia deixado o pequeno atraso suficiente entre puxar a corda soltar a
besta. A trilha de fumaça cinza fina chiou através do ar, passando apenas sob o ponto
de intersecção das três vigas.
Hal inclinou-se para mirar. Ele franziu a testa. A proa estava caindo para
estibordo quando o navio tentou virar-se contra o vento.
Ele ouviu Stefan repetir a ordem, ouvindo Stig bradar uma ordem para Wulf.
Houve um chocalho de madeira em madeira enquanto Wulf colocou um remo na
cavilha, correu para fora e apoiou na água várias vezes. A proa balançou para trás,
longe do vento.
260 - Brotherband
Atrás dele, ele ouviu um grito agudo de dor. Ingvar, ele percebeu, com um
sentido de choque. Em seguida, as tábuas do convés vibravam sob os seus pés
enquanto o grande garoto cambaleou e caiu.
Ele girou, viu Ingvar contorcendo-se no convés, agarrando-se a uma flecha que
estava saindo de seu lado esquerdo, perto do quadril.
O velho lobo do mar assentiu e pulou para baixo de sua posição na proa,
movendo-se rapidamente para assumir o controle da alavanca de preparação. Mais
uma vez a imagem do corpo de Ingvar se contorcendo veio à mente de Hal e
novamente ele empurrou-a para longe. Ele podia ouvir Stefan falando com ele,
raciocinou que Ingvar ainda deveria estar consciente. E isso significava que ele ainda
estava vivo - até o momento.
— Stefan está com ele. Vamos em frente com nosso próprio trabalho — disse
ele asperamente.
Hal assentiu, percebendo que seu velho amigo estava certo. Ele inclinou-se para
observar de novo.
O Mangler estava de volta na linha. Ele observou a vista cair abaixo do alvo,
sentiu o baque suave através do casco quando o navio atravessava entre as ondas.
Tome seu tempo, ele pensou. Não se apresse. Faça a contagem. Faça certo em
prol do Ingvar .
Então a proa estava subindo, e a visão estava chegando ao alvo. Ele enrolou a
roda elevador para baixo até que a visão cordão era uma fração abaixo da junção das
vigas, em seguida, puxou a arrida.
Os Invasores - 261
Conforme a enorme besta lançou o dardo de fogo saltou longe, ele viu que a
visão tinha morrido no alvo.
Ele assistiu a trilha fina de fumaça cinza curva em todo o espaço intermediário,
viu o dardo bater na casa, diretamente para o feixe diagonal, um pouco à direita do
ponto de junção, e alojar lá. Um segundo depois, ele viu um clarão brilhante de
chamas.
— Gaurdem suas flechas — ele bradou. O pequeno puro navio encheu a vela
mais uma vez, virou-se e voltou para o mar.
Ele parou, farejando o ar. Ele podia sentir o cheiro de fumaça de madeira.
Ele tinha visto o destino da torre de vigia outro. Todos eles tinham. O pinheiro
seco queimou ferozmente e não tinham forma de extingui-lo. Agora, as madeiras de
suporte abaixo dele estavam em chamas e ele sabia que era apenas uma questão de
262 - Brotherband
tempo antes que a guarita e plataforma cairia chão abaixo. Ele se virou para seus
homens e gritou um aviso.
Os Invasores - 263
Capítulo trinta e seis
A
ssim que eles estavam fora da faixa, Hal deu a ordem para a hasteamento. Ulf
e Wulf deixaram as escotas voar enquanto Stig trouxe o navio contra o vento.
— Já estou aqui — a voz calma de Edvin respondeu, bem atrás dele. Durante o
treinamento do brotherband, um membro de cada equipe havia sido nomeado para
treinar como um curandeiro de emergência, aprender sobre as várias ervas e poções
que aliviam a dor, lutam com a infecção e facilitam a cicatrização. Edvin tinha sido o
candidato do Garças para esta tarefa.
A flecha tinha atingido Ingvar na parte carnuda de seu corpo acima de seu
quadril direito e tinha passado através de modo que o fim se projetava farpado na
parte de trás. O ferimento de saída estava sangrando muito e o convés estava
manchado com o sangue de Ingvar. Stefan não tinha certeza do que fazer. Ele tinha
relaxado Ingvar mais para o lado esquerdo, onde estava deitado, de olhos fechados
apertado, tentando não gemer de dor.
— Não é possível retirar — disse ele. — Eu vou ter que quebrá-lo fora e
empurrá-lo completamente.
Hal assentiu. Se Edvin tentasse retirar a flecha, a cabeça farpada iria agarrar e
rasgar Ingvar terrivelmente. Melhor deixá-lo suportar um breve momento de dor e
tirá-lo.
— Você está machucando! Pare com isso! Você deveria ajudá-lo — ele gritou.
Edvin olhou para ele, depois para Hal. Hal podia ver o início de pânico em seus
olhos. Foi tudo muito bem para praticar em feridas simuladas, mas para trabalhar em
um companheiro de bordo que estava se contorcendo de dor foi uma questão
completamente diferente. E isso certamente não ajudou à sua concentração ter Wulf
gritando objeções à maneira como ele estava tratando Ingvar.
— Cale-se, Wulf — Thorn rompeu, por trás de Hal. — Edvin está fazendo o
que tem que fazer. E ele está fazendo um bom trabalho. Enquanto você está
guinchando e gritando, está impedindo-o de ajudar Ingvar. Agora mantenha Ingvar
imóvel.
Edvin inclinou próximo a Ingvar. — Isso vai doer — disse ele calmamente. —
Eu sinto muito. Mas eu vou ser tão rápido quanto eu puder.
Edvin curvou para falar com Ingvar novamente. — Eu tenho que limpar a ferida
tanto quanto eu puder, para parar a infecção de se alastrar dentro. Eu sinto muito, mas
eu vou ter que te machucar de novo.
Os Invasores - 265
Gotas de suor se destacaram no rosto de Ingvar. — Não fale sobre isso — disse
ele. — Faça-o o mais rápido possível.
Edvin levou uma sonda fina de metal do kit do curandeiro e envolveu um pano
de linho limpo em torno dele. Então ele encharcou o pano liberalmente com uma
pomada de um dos frascos do kit.
— Isto irá limpar a ferida — disse ele. — Mas eu tenho que trabalhar isso
dentro da própria ferida. Não é bom apenas limpá-lo em cada extremidade. — Ele
lambuzou mais pasta de outro jarro para o pano na ponta da sonda. — É um
analgésico. Ele vai anestesiar a ferida, enquanto eu limpo. — Ele olhou desculpando-
se para Ingvar. — Embora não completamente, eu tenho medo. Ele ainda vai doer.
Hal ajoelhou ao lado de Ingvar e segurou sua mão. — Firme, Ingvar. Edvin está
fazendo tudo o que pode.
Ingvar olhou para ele, e Hal, vendo a preocupação em seus olhos, percebeu que
a provação de espera para a dor era provavelmente pior do que a própria dor.
Edvin assentiu. Ele fez uma pausa, respirou fundo várias vezes, em seguida,
colocou os dedos de sua mão esquerda no orifício de entrada, separando as bordas
enquanto ele deslizava a sonda para a abertura.
Hal sentiu o estômago revirar e desviou o olhar rapidamente. Seu olhar viajou
ao redor do círculo de rostos pálidos e preocupados.
— Eu sou o único que deveria pedir desculpas — disse ele. — Eu esperei muito
tempo para atirar.
Ingvar balançou a cabeça, e mesmo este pequeno movimento fez sua testa
enrugar com a dor.
266 - Brotherband
— Você tinha que ter certeza — disse ele. Então, seus olhos fecharam, como se
o esforço de falar tivesse sido demais para ele, e ele escapuliu - inconsciente ou
dormindo. Sua respiração era curta e irregular e ele jogou a cabeça de um lado para o
outro, murmurando incoerentemente. Hal gentilmente soltou sua mão e olhou para
Edvin.
Edvin respondeu com um gesto incerto. — Eu estou fazendo tudo que posso.
Mas eu não sei se é o suficiente. Eu só tive a formação de algumas semanas, você
sabe.
Ele desejava que sua voz pudesse ter passado mais convicção. Ele se deu conta
de outra figura ao lado deles. Com o navio não mais em movimento, Stig tinha
amarrado o leme e veio para a frente se juntar a eles. Ele olhou para Ingvar deitado de
bruços, tendo o rosto anormalmente pálido.
Stig assentiu. — Em doze horas, nenhum de nós pode estar por perto.
— Isso é verdade.
Os Invasores - 267
— Então, o que vamos fazer agora? — Stig perguntou.
Hal olhou para longe. Verdade seja dita, ele não tinha idéia. Eles ainda tinham
de atacar o portão praia e tornar a bexiga de óleo em fogo. Mas com Ingvar fora de
ação, ele não tinha idéia de como ir sobre ele. Nenhum dos outros membros da
tripulação teve a força para carregar a besta gigante. Thorn poderia ter conseguido
isso, mas era uma tarefa à duas mãos e a mão artificial era um ponto fraco. As alças de
retenção em seu gancho de madeira não teriam a tensão ao lançar de volta no punho
torçido.
Hal virou para ele com raiva. — Eu não sei! — Disse. — Deixe-me pensar por
um minuto!
Ele se mudou para o corrimão. Stig passou a se mover atrás dele, então pensou
melhor. Hal agarrou o corrimão, as mãos abrindo e fechando. Ele olhou cegamente
para a água ao seu redor, mas ele viu apenas a forma inconsciente de Ingvar, deitado
no convés.
Ele tornou-se consciente de que alguém havia se mudado para ficar ao lado
dele.
— A sua tripulação está esperando por ordens — Thorn disse calmamente. Hal
continuou a olhar para o mar.
— Como você pode ser tão frio sobre isso? — questionou. — É de Ingvar que
estamos falando - do grande, fiel Ingvar, que faria qualquer coisa que eu pedisse a ele.
Thorn encontrou seus olhos com um olhar firme. — Isto é uma guerra, Hal.
Você pensa seriamente que poderia passar por uma batalha sem alguém ser ferido ou
até mesmo morto?
Hal ia falar, olhou, e disse em voz baixa: — Eu não pensei sobre isso
268 - Brotherband
— Você tem. — A voz de Thorn era baixa, mas insistente. — Se você
simplesmente desistir agora, Ingvar terá sido ferido, talvez morto, sem uma boa razão.
— Ele parou por alguns segundos para deixar aquele pensamento afundar. Então ele
continuou.
Hal voltou-se então para olhar para ele de novo. Viu determinação no rosto de
Thorn. E incentivo. Ele não viu nenhum vestígio de condenação. Ele respirou
profundamente.
Ulf e Wulf, decidiu e, como ele tinha pensamento, sentiu um senso de propósito
renovado. Afastou-se da grade e percebeu que cada membro da tripulação estava
olhando para ele, à espera de suas ordens.
— Vamos ver o que vocês fazem — ele disse. Todos moveram para frente e os
gémeos tomaram a posição de ambos os lados do arco. Ele tinha meia espectativa que
eles discutiriam sobre quem tomaria que lado. Para sua surpresa, eles não fizeram.
Cada um deles pegou um punho armando em um aperto de duas mãos. Eles olharam
um para o outro e, com uma comunicação não-verbal, ambos ergueram de volta as
alavancas juntos, grunhindo com o esforço. A corda estalou no lugar sobre a sua trava
de retenção.
Ulf olhou para o irmão, em seguida, para a forma imóvel de Ingvar. — Como
ele conseguiu isso sozinho? — questionou.
— Bom trabalho — disse Hal. — Eu quero que vocês juntem seus escudos
sobre os seus ombros quando estiverem fazendo isso. Vai lhes dar alguma proteção
contra quaisquer arqueiros em terra. Thorn, você vai ter que assumir a pontaria da
alavanca.
Os Invasores - 269
Thorn assentiu e Hal continuou rapidamente.
— Jesper. Você fica com o levantar e abaixar das velas. Pegue um dos
Limmatans para ajudá-lo.
Um dos quatro Limmatans avançou e levantou uma mão. Ele era um homem
bem construído, musculoso.
Hal assentiu brevemente para ele, depois desviou o olhar para Stefan. — Stefan,
você pode aparar as velas?
— Lydia, com Thorn ajustando o Mangler para mim, irei depender de você para
manter todos os arqueiros ocupados.
Thorn soltou uma gargalhada. — Não devia pensar assim! — Disse. — Ela é
um habitual terror com os dardos cheio dela.
Lydia olhou para ele friamente. — Você faz o seu trabalho, meu velho — disse
ela. — Eu vou cuidar do meu afinal de contas.
Thorn riu de novo, e ela balançou a cabeça, desviando o olhar para verificar os
dardos restantes em sua aljava.
Hal olhou ao redor do navio. Ele não conseguia pensar em mais nada a dizer.
Olhou mais uma vez para Ingvar, na esperança de ver os olhos do menino grande
abertos. Mas ele ainda estava inconsciente, respirando irregularmente, estremecendo
270 - Brotherband
de vez em quando, quando a dor rompeu a barreira de analgésicos que lhe tinha sido
dada.
Relutantemente, ele desviou o seu olhar. Você vai ter que esquecê-lo por
enquanto, ele pensou. Então bateu palmas de forma decisiva.
Eles correram para seus novos postos. Stefan e um dos Limmatans puxaram a
vela interna, de modo que ela endureceu com o vento. Stig soltou no leme e o Garça-
Real começou a se mover mais uma vez, cortando a água enquanto se dirigiam para o
portão da praia, mergulhando para cima e sobre cada onda sucessiva.
Hal deu um último olhar para as duas torres de vigia. A guarita e plataforma na
torre ocidental tinham desmoronado em uma chuva de faíscas e chamas. A armação
de apoio ainda estava praticamente intacta, mas agora não havia nada em cima dela.
No lado oriental, era uma história diferente. O fogo tomou conta e tinha
queimado através da estrutura de apoio, no ponto onde o dardo de Hal tinha atingido
ele. A plataforma superior agora se inclinou loucamente para um lado conforme o
canto da estrutura cedia. Era como se um vento forte enviasse a coisa toda num salto.
No chão, abaixo, ele podia ver homens lutando, e outros correndo ao longo da frente
do porto em direção à cidade.
Hal estava ao lado Stig quando eles fizeram a curta viagem até o portão da
praia. Então ele foi para frente para tomar o seu lugar atrás do Mangler. Ele podia ver
os homens na paliçada acima do portão. Ocasionalmente, o sol brilhava suas armas e
armaduras. Mas havia apenas um punhado de homens visíveis. O maior número dos
piratas estava parado nas torres de vigia, e eles foram recuando agora para baixo do
cais, perseguidos por Svengal e seus Escandinavos. Outros defensores haviam sido
retirados por homens de Barat quando eles subiram na paliçada e para a cidade. O
número dos invasores estava sendo espalhado pelos múltiplos pontos de ataque e
havia poucos e preciosos disponíveis para defender a praia e seu portão, que estava
em grande parte esquecido na confusão da tarde.
Os Invasores - 271
Ela assentiu com a cabeça enquanto estudou a situação com os olhos apertados.
Os atiradores não estavam preocupados em se esconder. Até agora, eles não tinham
experimentado nenhum tiro de retorno do navio e estavam um pouco arrogantes, ela
pensou. Ocorreu-lhe que provavelmente não tinham testemunhado o ataque do Garça-
Real sobre as torres de vigia e não tinham idéia do perigo que estavam correndo.
Ela escolheu um dardo, verificando para ver quantos lhe restavam. Ela havia
feito extras para o combate de hoje e agora ela tinha dezesseis sobrando. Ela ajustou o
dardo ao atlatl, caminhou completamente do mastro, avistou e atirou. Assim que o
dardo estava a caminho, ela escorregou um segundo de sua alijava, virou-o para o
atirador e mandou chicoteando após o primeiro.
A vantagem do atlatl é que era difícil ver o que o atirador estava fazendo. Um
arqueiro era mais evidente, já que o arco pode ser visto claramente. Mas os dardos
fino e relativamente pequeno alavanca atirando não poderia ser facilmente distinguido
de à distância. O primeiro dos Magyarans sabia sobre isso, um de seus arqueiros ia
cambaleando para trás do parapeito de madeira, paralisado por um dardo afiado que
parecia vir do nada. Alguns segundos depois, seu companheiro arqueiro sofreu o
mesmo destino. Os homens ao seu redor apressadamente abaixou abaixo do parapeito,
fora da vista.
Hal estava estudando o portão e notou com alívio que a bexiga de óleo saliente
ainda estava em posição. O pensamento de que ela poderia ter sido descoberta e
removida tinha atormentado sua mente todos os dias.
— Pegue um dos dardos de fogo prontos, Edvin — disse ele. Agora que Ingvar
estava tranquilo, Edvin havia retornado para sua posição no Mangler. Ele ocupou-se
com o barril de pólvora, e em um minuto ou menos Hal podia sentir o cheiro da
fumaça acre da cabeça de fogo ardente.
Hal franziu o cenho quando olhou para as vistas. Apesar do Garça-Real estar
parado, ele estava subindo e descendo suavemente sobre as ondas. Pela primeira vez,
ele percebeu o quão pequeno o alvo oleado era. Era uma bexiga de porco simples,
cheio de óleo e era consideravelmente menor que os alvos de metros quadrados que
haviam praticado antes. Ele franziu o cenho, perguntando se poderia atingi-lo.
— Uma maneira de descobrir — disse ele. Ele se inclinou para frente, com a
intenção de avistar a imagem. Thorn estava pronto com a alavanca de pontaria.
272 - Brotherband
Ele esperou que a proa se levantasse sobre as ondas, tendo a previsão com eles.
Pouco antes de chegarem ao topo da subida e armada no oleado, ele puxou a corda.
SLAM!
Ele franziu a testa. Ele tinha apenas dois dardos de fogo sobrando. Ele
tamborilou os dedos nervosamente sobre o transporte da besta, pensando
furiosamente. Eles tinham que chegar mais perto. Mas a qualquer minuto, os arqueiros
Magyarans poderiam encontrar mais arqueiros para os homens da paliçada. Lydia o
tocou de leve no braço e ele olhou para ela.
— Bem — ela disse, — agora que vi que você pode realmente atingir o
equivalente a uma porta de celeiro com essa besta que mata, eu poderia fazer uma
sugestão?
— Por favor, vá em frente — disse ele. Ela tirou outro dardo de sua aljava e
fixou o final de volta para o gancho em seu atlatl.
— Por que eu não acerto o óleo para você? O óleo irá jorrar e tudo que você
tem a fazer é bater na porta em algum lugar abaixo dela. Até mesmo você deve ser
capaz de fazer isso. — Ela acrescentou a última com mais que o indício de um sorriso.
Ele considerou a ideia. Todo esse tempo, ele estava pensando que ele teria que
bater o oleado com um projétil ardente. Mas ela estava certa. Se ela perfurá-lo e o óleo
escorrer para baixo do portão, um dardo de fogo em qualquer lugar iria colocá-lo em
chamas. Ele fez um gesto em direção ao portão distante.
— Vá em frente. Basta esperar até eu lhe dar a ordem — disse ele. Ela sorriu
brevemente para ele. Ele se virou para os gêmeos e Edvin.
Uma vez mais, Ulf e Wulf lutaram com as alavancas de armar para ajustar a
corda. Edvin colocou outro latente dardo de fogo na ranhura. Em seguida, dirigindo
Thorn a alavanca de pontaria, Hal alinhou o Mangler no portão abaixo do oleado. Ele
inclinou-se para trás e olhou para a garota magra, de pé pronta com o dardo na mão.
— Agora — ele disse. Ela assentiu com a cabeça, e seu braço foi para trás, em
seguida, para a frente. O dardo partiu. Ele perdeu de vista contra o céu e olhou ao
invés para a bexiga de óleo pendurada perto do topo do portão.
SLAM!
Houve uma breve pausa, em seguida, uma folha de fogo tomou conta do portão.
274 - Brotherband
Capítulo trinta e sete
B
arat levou seus homens em uma corrida constante através das labirínticas e
tortas ruelas em direção ao centro da cidade.
Barat e sua força estavam na parte mais antiga da cidade, onde as ruas eram
sinuosas e aleatórias, sem qualquer aparência de lógica ou ordem. Já por duas vezes
que tinha acabado com a resistência, em pontos onde a Magyarans tinha atirado às
pressas barricadas em rua estreita e tentou lançar seus atacantes volta.
Os Invasores - 275
— Petrac — o mensageiro disse a ele. — Ele diz que precisamos de mais
homens. Particularmente arqueiros, como muitos como você pode poupar. Ele está
convencido de que vai ser atacar em breve.
Agora ele estava sendo espremido entre as duas forças, e parecia que uma
terceira estava se preparando para se juntar ao batalha.
A maioria dos mortos na luta para as torres eram da tripulação do Stingray. Mas
seis de seus próprios homens sido perdidos também. Ele enviou uma dúzia de volta ao
Corvo para se certificar de que a embarcação estava segura. O resto deles estavam
reunidos aqui na casa de contagem, enquanto as tripulações do Viper e Stingray
combatiam com uma série de ações defensivas frente ao porto e na própria cidade.
Finalmente, ele apareceu para chegar a uma decisão. Ele balançou a cabeça
várias vezes, estudando um mapa da cidade, traçando o caminho de volta até o portão
praia com o dedo indicador.
— Muito bem — disse ele com firmeza. — Volte para Petrac. Diga-lhe que
estou enviando vinte homens, e tantos arqueiros quanto eu puder reunir. Basta dizer-
lhe para aguentar até chegarem lá.
— Você está louco? — Disse. — Vinte homens? Isso é quase a metade dos
homens que nos resta!
Na verdade, não havia razão para ele ficar por mais tempo. Eles não tinham
conquistado Limmat, a fim de ocupá-lo de forma permanente. Eles estavam
hospedados aqui por tanto tempo quanto fosse necessário para obter a quantidade
276 - Brotherband
máxima de tesouro para fora da mina de esmeralda. Agora era a hora de pegar a
quantidade considerável que eles já tinham e desaparecer.
E se isso significava deixar os seus aliados de Stingray e Viper para cobrir sua
retaguarda enquanto ele escapava, que assim fosse.
Andras deixou a sala Zavac interior usava como escritório. Ele foi para uma das
salas centrais maiores da casa de contagem, onde os homens do Corvo estavam
aguardando ordens. O quarto estava praticamente nu de mobiliário. Em tempos
normais, era utilizado para assembleias, cerimônias e audiências públicas. Do outro
lado da o quarto, dez homens de Stingray estavam reunidos, incluindo o imediato do
navio, Rikard. Ele estava no comando do Stingray agora. O capitão tinha estado na
torre de vigia leste quando queimou e entrou em colapso. As duas tripulações piratas
pode estar trabalhando em conjunto, Andras pensou, mas havia pouco amor entre eles.
Rikard olhou para cima agora e atravessou o corredor como Andras começou a
reunir seus homens juntos.
Ele não tinha nenhuma dúvida de que Rikard iria recusar a sugestão.
— Poderia ser melhor se nós continuarmos de olho nas coisas aqui — disse
Rikard evasivamente. — Apenas no caso de que sermos necessários.
Andras fingiu considerar neste momento, então assentiu. — Talvez seja melhor
— disse ele finalmente. — Nós vamos ver vocês mais tarde.
Os Invasores - 277
Zavac, que tinha partido por uma saída nos fundos, estava à espera de seus
homens em um beco que dava em direção ao cais.
Ele tinha um saco pesado pendurado no ombro. Andras apontou para o saco.
Andras assentiu. — Claro. Bem pensado. Seria uma pena deixar as Limmatans
levá-los de volta.
— Zoltan — disse ele — tome o caminho através das vielas para o porto e corte
o cabo da barragem. E queime o Viper — acrescentou, como uma reflexão tardia. Não
há sentido em deixar um navio para trás por seus inimigos. — Vá para sul
inicialmente e você vai evitar os escandinavos. Em seguida, corte para oeste. Nós
vamos buscá-lo quando formos embora. Fique no porto e espere por nós.
O homem acenou com a cabeça. — Aye Aye, Zavac — disse ele. Ele engatou o
cinto da espada para cima, virou-se e correu para o sul, no labirinto de becos e ruas
transversais que levaram para fora da praça.
Havia várias vias relativamente amplas que levam da praça para o porto, mas
ele escolheu ignorá-los. A qualquer momento, uma horda de escandinavos poderia vir
a gritar para baixo um deles. Em vez disso, ele levou seus homens através dos becos,
seu senso inato de direção mantê-los indo em direção ao porto, não importa o quanto
as ruas torcida e virou.
Eles finalmente emergiram para o cais a poucos metros de onde estava atracado
Stingray. Zavac olhou com cautela. Havia vários escandinavos a vista, mas o mais
próximo estava a quarenta metros de distância. Outros, vendo que o cais estava agora
vazio de inimigos - que tinham morrido ou fugido - haviam mergulhado na rede de
ruas e se dirigiam ao centro da cidade.
Havia três homens deixados a bordo Stingray para manter um olho nas coisas.
Zavac apontou o polegar para eles e falou baixinho para Andras.
278 - Brotherband
— Mate-os. Então queime o navio.
Hal olhou para eles. — Deve ter uma barra de bloqueio de algum tipo no
portão. O fogo não terá queimado completamente, mas vai ter enfraquecido o
bloqueio. Algumas boas batidas com aríete deve terminar o trabalho.
Até agora, não havia nenhum sinal de arqueiros na paliçada. Mas isso poderia
mudar a qualquer momento. Hal olhou em volta e chamou a atenção de Lydia.
— Afaste-se e nos cubra enquanto nos dirigimos até a praia. Uma vez que
estamos lá, nós provavelmente teremos sua atenção total, para que você possa se
juntar a nós.
Ela não queria que ele pensasse que ela estava com medo.
— Uma vez que vocês tenham rompido, movam-se para ambos os lados. Thorn
vai liderar o ataque através do portão. Stig e eu vamos ficar com ele. Vocês virão
depois de nós. Lydia, encontrar um ponto desobstruído, uma vez que tivermos
invadido e apanhe qualquer um dos inimigos que pareçam estar causando problemas.
Lydia fingiu examinar a ponta de ferro afiada em um de seus dardos. Ela estava
preocupada que Hal iria tentar mantê-la fora da batalha. Seu plano fazia sentido. Ela
Os Invasores - 279
não tinha pretensões sobre sua capacidade para assumir qualquer um dos piratas em
combate corpo-a-corpo. Eles eram mais fortes do que ela, e mais qualificados em
combate próximo. Este plano fez o melhor uso de sua principal habilidade - sua
precisão incrível com o atlatl e seus dardos.
— Eu vou ficar com ele — disse Edvin imediatamente. Mas Hal abanou a
cabeça. Thorn tinha muitas vezes ressaltado a ele o fato de que o rápido tratamento de
ferimentos de batalha deu ao homem ferido uma melhor chance de sobrevivência.
— Eu quero que você conosco no caso de alguém ser ferido. Stefan, você pode
ficar para trás e manter um olho em Ingvar.
Era um bom plano. Além de Edvin, Stefan era o menos hábil com armas. Ele
era o aquele que melhor poderia poupar de participar de uma luta. Como ele percebeu
que seria dois homens a menos, Hal soltou um supiro de agradecimento pela presença
dos guerreiros Limmatan. Isso ajudaria até mesmo as chances contra eles.
Ele olhou em volta do círculo de rostos, alguns ansiosos, alguns ansiosos para
lutar.
— Vocês todos ouviram isso? Thorn está no comando, uma vez que estamos
fora do navio. O siga. Faça o que ele manda. Tudo bem?
Thorn puxou apertou a alça de restrição em seu antebraço e olhou para suas
tropas.
Ele fez uma pausa em expectativa. Após um breve intervalo de tempo, houve
um murmurio afirmativo da tripulação. Eles estavam todos olhando para ele
280 - Brotherband
atentamente, perguntando se tinham esquecido algo vital, imaginando como eles iriam
atuar nesta sua primeira batalha.
— Vocês irão se sair muito bem — disse ele. — Basta lembrar o que eu te
ensinei. Já fiz isso centenas de vezes. Não há nada dedmais. Apenas mantenha sua
cabeça e me siga.
Ele olhou ao redor, viu uma medida de confiança retornando para seus rostos e
sorriu tranqüilizador.
Os Invasores - 281
Capítulo trinta e oito
E
les estão chegando!
— Talvez devêssemos chegar até o portão e nos preparar para mantê-los fora —
um de seus homens sugeriu. Mas Petrac balançou a cabeça.
— Estamos melhor aqui no momento. Vamos tentar mantê-los para trás - jogue
qualquer coisa que tivermos. Lanças, pedras, machados. Quando eles chegarem perto,
vamos descer para o...
Algo grande e pesado colidiu com os postes de pinho verticais que formavam a
paliçada. Estilhaços voaram e o míssil, qualquer que fosse, cambalhotou sobre a
extremidade final por cima da parede, acertando um dos seus homens e arremessando-
o para trás fora da passarela para a rua abaixo.
282 - Brotherband
— Abaixem! Para baixo! — Petrac gritou, e atirou-se plano nas tábuas da
passarela. Seus homens seguiram o exemplo quando outro projétil bateu na parede,
alguns metros à esquerda do primeiro. Este bateu no pequeno espaço entre dois dos
postes verticais e perfurou uns vinte centímetros antes de vir a parar. Ele enviou mais
estilhaços voando, que feriu outro homem. Sua ponta afiada foi reforçada com tiras de
ferro, Petrac viu.
Ele teve pouco tempo para pensar em mais esta questão quando um terceiro
projétil atingiu o topo da paliçada, quebrando e estilhaçando mais postes, então
cambalhotou alto no ar antes de cair no chão abaixo. Este não deixou feridos, mas
com o som e a violência do impacto causado Petrac e os seus homens jogaram-se ao
solo ainda mais temerosos.
— Depois que o próximo bater, levante-se e veja onde eles estão. Você terá
cerca de dez segundos antes que eles possam atirar novamente.
— Faça o que eu digo — ele rosnou. — Há uma lacuna entre os tiros enquanto
eles estão recarregando. Você vai estar perfeitamente seguro.
— Desçam para o portão — ele gritou. — Nós vamos pará-los quando eles
tentarem atravessar!
Os Invasores - 283
— A caminho — ele gritou. Os tripulantes já estavam transbordando pelos
baluartes e em águas rasas, correndo pela praia em direção ao portão. Thorn foi um
dos primeiros a ir.
Ulf e Wulf transportavam o enorme aríete entre eles, tropeçando na areia macia
sob o seu peso. Lydia passou sobre a amurada a meio segundo atrás deles, pousando
como um gato de pé e começando a correr para o portão quase que imediatamente.
Hal tinha um último dardo colocado no Mangler. Ele estendeu os pés de cada
lado do carro e atravessou-a "passeando", a arma de lado a lado.
Thorn e os outros estavam quase no portão agora. Ainda não havia sinal de
ninguém olhando por cima da paliçada. A mão de Hal segurava a corda do gatilho,
pronto para liberar o dardo pesado do momento que ele visse alguém.
Mas não havia ninguém. Finalmente, vendo que os gêmeos e Lydia estavam
quase no portão, ele visa uma seção aleatória da paliçada acima do portão e libera. O
dardo sai faiscando. Houve o som habitual de estilhaçamento de madeira e uma
nuvem de fragmentos afiados voa. Então, agarrando seu escudo, ele desliza por sobre
a borda e cai para a areia.
— Fico feliz que você pode se juntar a nós — disse Thorn. — Você está
pronto?
— Pronto — disse ele. Seus ombros ainda levantavam, mas ele estava quase
recuperado. Até o momento de Ulf e Wulf esmagarem o portão, ele estaria bem. Hal
apontou para a portão.
— Eu imagino que eles estão esperando por nós — disse ele. — Não há
ninguém na parede agora.
— Eu imagino que você está certo — respondeu Thorn. — E isso vai ser muito
ruim para eles. — Ele apontou para os gêmeos, então até o portão. — Tudo bem,
rapazes, vão até o fim!
284 - Brotherband
Segurando o aríete pelas alças de corda enrolada em ambos os lados, os gêmeos
fincaram seus pés e começaram a balançar para trás e para frente, aumentando
gradualmente o impulso.
Thorn deu um passo levemente para frente e apontou para o pequeno espaço
entre as portas, em um ponto cerca de um metro e meio do chão.
CRASH!
Hal, de pé à sua esquerda e um pouco para trás, olhou para ele. O rosto do velho
guerreiro estava calmo e não excitado. Ele sentiu o olhar de Hal sobre ele, virou-se
para olhar o menino, então piscou lentamente.
Os Invasores - 285
— Vamos pegá-los! — O grisalho lobo do mar berrou. Os Garças animaram-se
e o seguiram, dando um passo para cima dos pedaços violados e quebrados de
madeira.
Thorn forçou o enorme porrete para baixo sobre o escudo do líder Magyaran,
estilhaçando-o e dividindo vários dos pedaços de madeira que o compõem. O pirata
cambaleou, então Thorn bateu o escudo de metal pequeno em sua barriga desprotegida
e ele engasgou e dobrou. Um soco racha-costela com o porrete acabou com ele,
mandando-o estatelado.
Ao lado de Thorn, Hal pegou uma lança de empuxo de um defensor com seu
escudo, inclinando-o para que a lança resvalasse e o lanceiro, esperando encontrar
firme resistência, cambaleou para frente, momentaneamente fora de equilíbrio.
Atrás dele, Ulf empurrava para frente também, agora armado com seu machado
e pronto para a batalha. Ele era ameaçador enfrentando e decidido, em busca de um
defensor Magyaran. Um dos piratas chamou sua atenção e saltou para frente, a espada
para trás para um corte violento. Ulf pegou a lâmina em seu escudo, em seguida,
balançou o machado de lado. As horas de prática e instrução sob o olho de águia de
Thorn deixou-o com bom proveito. O machado pegou o homem nas costelas. Ele caiu,
com um estranho, soluçante grito. Ulf, ainda em equilíbrio, retirou a arma e usou-a
instantaneamente para desviar a espada de outro Magyaran. O pirata, esperando uma
vitória fácil, empalideceu com a fúria fria nos olhos do jovem escandinavo. Ele deu
um passo para trás, impedindo um de seus companheiros, que o empurrou para frente
novamente. Fora de equilíbrio, ele não viu o impulso relâmpago de Hal vindo até ele
de lado até que fosse tarde demais.
Por trás do avanço dos Garças, Lydia se misturou em uma pilha de alvenaria
que havia arrancado com o portão. Seus olhos percorreram a dificuldade da contenda
de homens à sua frente. Na parte de trás dos piratas, ela viu um homem gritando
ordens e empurrando os outros para frente da batalha.
— Não, você não vai. — ela disse calmamente. Ela montou um dardo, recuou e
lançou. O pretenso comandante estava a ponto de empurrar outro pirata para frente
para enfrentar os machados rodopiantes e espetar espadas nos atacantes. O dardo
pesado atingiu-o no peito, cortando facilmente através de sua couraça de couro
endurecido, a força do seu impacto jogando-o para trás antes de cair.
Era mais do que podiam suportar. Ele virou-se e correu para o abrigo de um
beco próximo. Outro homem, vendo-o correr, foi atrás dele. Em seguida, um terceiro e
um quarto fez o mesmo.
O homem com quem ele estava envolvido não pode proteger-se de sua reação
automática. Temendo que estivesse sendo deixado para enfrentar estes ataques
terríveis sozinho, ele olhou rapidamente por cima do ombro. Viu que seus
companheiros estavam rompendo, então a espada de Hal afundou em sua coxa e sua
perna cedeu debaixo dele, mandando-o estatelado impotente para a madeira quebrada
e pedras sob os pés.
O medo das pessoas na parte traseira da força de defesa era contagiante. Petrac,
seu líder, foi morto. Então foi Agrav, o homem que tentou brevemente tomar seu
lugar. A diminuição do número de homens que enfrentaram o ataque escandinavo
foram agora atingidos pelo medo de que eles seriam deixados sem apoio.
Os Invasores - 287
Eles, também, quebraram e saíram correndo.
Aos poucos, a loucura batalha saiu dos olhos dos Garçass enquanto levavam o
estoque. Alguns deles foram levemente feridos. A seus pés, meia dúzia de Magyarans
estava espalhado, alguns mortos, todos eles fora de ação.
Ao todo, Thorn pensou, eles manuseavam muito bem. Ele sorriu para Hal.
— Você foi bem — disse ele. — Você e Stig e todos eles. Muito bem.
Hal assentiu com a cabeça cansada. Agora que tudo acabou, um arrepio de
medo percorreu-o. No seu subconciente, ele podia ver aquele primeiro golpe de lança
de novo. Só que desta vez, ele passou por seu escudo e em seu corpo. Ele fechou os
olhos por um segundo ou dois, dissipando a imagem. Então ele abriu e olhou para
Thorn, levantando seu escudo galicano maior em seu braço esquerdo enquanto fazia
isso.
288 - Brotherband
Capítulo trinta e nove
T horn avaliou suas tropas. Eles tinham ido bem até agora, mas ele tinha
consciência do fato de que eram um grupo pequeno e qualquer bando
Magyaran que eles encontrassem, provavelmente, seria mais numeroso
que eles. Não havia nenhuma maneira de saber o que estava por vir, pensou ele com
cautela, ou quais armas Margaryan poderiam estar esperando por eles. Seria
necessário manter uma rígida disciplina. Eles teriam de se mover como uma unidade
coesa e não dispersar-se pela cidade.
Ele acenou para um dos Limmatans. — Qual é o caminho mais rápido para o
mar?
— Isso vai nos levar para a praça da cidade. — Ele disse. — A rua principal do
porto sai da praça.
— Vá à frente. Stig vá com ele. Fiquem dez metros à frente, mas não fora de
vista. Pare em cada esquina ou curva na estrada até que nós te alcancemos. O resto de
vocês em duas filas, uma ao lado da outra. Três metros entre cada homem. Não se
tornem alvos fáceis.
Como se viu, o seu progresso para a praça da cidade foi decepcionante. Quais
quer que fossem as forças Magyaran deixadas em Limmat estavam totalmente
ocupadas com os escandinavos e os homens de Barat cercando-os de ambos os lados.
Os Garças encontraram apenas alguns grupos dispersos de dois ou três piratas, que,
vendo a formação disciplinada de homens armados se aproximando, girou em seus
calcanhares.
O principal obstáculo foi o povo de Limmat em si. Quando eles perceberam que
os Invasores estavam fugindo, eles começaram a sair às ruas para saudar e abraçar
seus libertadores. Thorn, na dianteira, abriu caminho através dos bem-intencionados,
com os Garças seguindo seu rastro.
Os Invasores - 289
O primeiro grande grupo de homens armados que encontraram foi na praça em
si. Stig e o guia Limmatan chegaram ao final de uma rua transversal que levava à
praça e saíram para o campo aberto. Stig parou, levantando o escudo e alcançando o
machado. Atrás dele, vendo a postura de alerta, Thorn pediu para o resto da pequena
tropa reunir-se.
— Eles são homens de Barat. — O nativo com Stig disse. Ele avançou pela
praça, rindo e lançando cumprimentos aos seus compatriotas. Ao vê-lo eles abaixaram
as armas e foram de encontro a ele, abraçando-o e rindo, Stig, por sua vez, esperou o
resto do grupo se juntar a ele, então andaram pela praça juntos, encontrando seus
aliados do outro lado.
— Esse foi um ótimo trabalho — Disse ele com entusiasmo. — Você atraiu as
tropas inimigas, completamente, para longe do muro leste. Nós simplesmente
passamos por cima, sem ninguém para nos parar. Qualquer Magyaran que vimos
desde então correu como um coelho.
Dentro da casa de contagem, Rikard e seu pequeno grupo olhavam com medo
para a praça onde seus inimigos riam e brincavam juntos. Rikard amaldiçoou sua
sorte. Tinha esperado muito tempo para voltar para o navio. Incerto de para onde
Zavac e seus homens tinham ido e suspeitando que eles pudessem voltar a qualquer
minuto. Agora já era tarde demais. O inimigo estava do lado de fora.
Um dos homens de sua tripulação, que não era conhecido pelo raciocínio rápido
- ou, na verdade, qualquer tipo de raciocínio - tocou o gume do seu pesado facão.
— Nós iremos atacar, chefe? — Disse o homem, ele foi usado para atacar civis
desarmados e indefesos e, como resultado, espera que qualquer inimigo que ele
enfrente vire-se e corra.
290 - Brotherband
vingança. Precisamos encontrar um meio de sair daqui. Vamos fugir para o navio. E
façam isso em silêncio! — Acrescentou num sussurro selvagem.
Barat afastou com um tapa a mão amigável. Seu rosto ficou sombrio enquanto
ele olhava para o jovem de rosto sorridente.
Stig olhou-o com cuidado. Com grande esforço manteu seu temperamento sob
controle. Thorn, observando de perto, ficou maravilhado com o quanto Stig tinha
amadurecido. Há alguns meses a ação de Barat teria provocado uma reação impensada
e agressiva de Stig. O garoto estava crescendo rápido, ele pensou. Talvez fosse a
responsabilidade acrescida que ele tinha nos ombros como o imediato de Hal e como
timoneiro do Garça-Real quando ele foi para a batalha. Mas havia um limite para o
quanto o seu temperamento mal contido iria suportar.
— Relaxe, Barat — Stig disse em uma voz calma. — Nós acabamos de ganhar
uma batalha. Não é hora de começar a lutar uns com os outros.
Barat soltou um curto zurro de riso. — Eu tenho certeza de que não quer
começar a lutar agora. Não quando eu estou preparado para você! Isso não é algo que
você faria, não é, seu covarde?
Os Invasores - 291
— Barat, não é assim. Esses garotos escandinavos fizeram um ótimo serviço
hoje.
— Será que realmente fizeram? Eles deixaram a maior parte da luta para nós!
Legal da parte deles aparecerem quando está tudo acabado!
— Não importa o que você diz, Jonas, eu ainda tenho contas para acertar!
Uma voz profunda interrompeu. — Então você vai acertar isso comigo.
Thorn abriu caminho através da multidão para enfrentar Barat. Sua mão
esquerda foi para frente e empurrou o Limmatan para trás com uma força
surpreendente. Barat recuou vários passos antes de se recuperar. Quando ele fez isso
descobriu que Thorn o tinha seguido aproximando-se dele, colocando-se face a face
com o Limmatan.
— Isso vai levá-lo direto para lá. — Ele disse. — Você quer que eu te mostre?
292 - Brotherband
Thorn estudou a longa rua que seguia em linha reta. — Eu acho que podemos
encontrá-lo. — Disse ele. Então sinalizando para a tripulação segui-lo, ele caminhou
deliberadamente através da praça.
Com a queda das torres de vigia, grande parte da resistência Magyaran caiu
também. Svengal e seus homens tinham atravessado o porto, usando a comporta como
uma ponte improvisada, e escalaram para o cais oriental.
E foi esse o momento que Rikard e seus dez homens escolheram para surgir no
cais em frente a eles.
Eram dez contra dez. Então, como Svengal contou mais tarde, não havia
disputa. Ele tinha o inimigo em desvantagem de três para um.
A luta foi curta, nítida e viciosa. Rikard viu o enorme líder escandinavo caindo
sobre ele, e empurrou um de seus próprios homens entre si e Svengal, afastando-se de
medo. Os Magyaran não eram nobres guerreiros. Eles estavam mais acostumados a
atacar tripulações relativamente pequenas de navios desarmados ou fazer ataques
furtivos em cidades despreparadas, como Limmat.
Svengal simplesmente atropelou o homem que Rikard tinha tentado usar como
escudo, em seguida cortou o próprio Rikard. Alguns dos piratas tentaram lutar contra
os nortenhos selvagens. Eles foram abatidos pelos agitados machados, ou
simplesmente empurrados pela borda do cais, para o porto.
Os Invasores - 293
No momento em que Thorn e os Garças chegaram em frente ao porto, havia
apenas três dos Magyarans à esquerda. Eles estavam de joelhos, implorando por
misericórdia. Os escandinavos, que nunca haviam sido assassinos a sangue frio,
concederam com relutância. Alguns deles incitaram os Magyarans a pegar suas armas
e tentar a sorte mais uma vez. Os piratas poderiam ter sido covardes, mas não eram
estúpidos. Então os escandinavos se contentaram em chutar seus traseiros e deixa-los
estatelados no chão
— Parece que você tem as coisas sobre controle — disse Thorn. — Exceto por
isso, é claro. — Ele apontou para o Stingray. Por um momento, o espetáculo do navio
em chamas fascinou a todos eles, com uma espécie de horror. Era uma visão que
nenhum marinheiro poderia apreciar, mesmo que o navio tenha pertencido a um
inimigo.
Svengal apontou para a rua atrás deles. — Os outros estão espalhados pela
cidade. Mandei homens para captura-los. — Ele olhou para Hal e Stig. — Seus
garotos agiram bem. — Ele disse calmamente. — Especialmente o jovem Hal.
— Eu acho que você pode ficar desapontado. — Disse Lydia, apontando para o
porto. Ao contrário dos outros, ela não teve uma reação emocional ao navio
queimando, ao invés disso, ela estava olhando ao redor do porto, procurando por
danos à sua cidade natal.
Thorn e Svengal olharam para direção que o dedo dela apontava. No fundo do
porto, a trinta metros da costa, o Corvo estava subindo sua âncora. Enquanto
observavam, uma fileira de remos apareceu em ambos os lados do casco negro, como
294 - Brotherband
se por mágica. Eles começaram seu movimento rítmico de subir e descer, e pequenas
cascatas de ondas formaram-se ao redor de sua proa.
— Ele nunca vai sair. — Svengal disse com satisfação. — A comporta está
fechada.
Mas Thorn já estava olhando na direção dele, e podia ver as enormes toras de
madeira flutuando em direção ao dique oeste sendo levadas pela maré.
Os Invasores - 295
Capítulo quarenta
— Nós podemos usar o Sea Lion! — Stig gritou, apontando para o pequeno
navio que Zavac tinha usado como isca em seu ataque a cidade. Ele ainda estava
ancorado ao lado do dique, dentro da boca do porto. Mas mesmo quando eles
começaram a correr em direção a ela, as chamas subiram por seu mastro e se
espalharam rapidamente ao longo do casco.
Thorn olhou para ele por um breve momento, depois assentiu. Ele olhou para
Svengal.
Mas o skirl balançou a cabeça. — Vamos dar a volta no fundo da baía e parar
atrás ao longo do outro lado do Wolfwind. Podemos ter pouco tempo.
— Não por muito tempo — Thorn disse a ele. — A maré está chegando. Ele vai
flutuar livre em dez minutos ou menos. Mas nos dará tempo para chegar ao Garça-
Real.
Eles se viraram e correram de volta para a grande avenida que levava à praça da
cidade. Atrás deles, os três membros sobreviventes da tripulação do Rikard olharam
um para o outro, sem acreditar na sorte. Furtivamente, eles recuperarão suas armas e
correram para uma das ruas estreitas que desembocavam fora do cais. De alguma
forma, eles se sentiram mais seguros, nos becos escuros e estreitos do que estariam
nas principais ruas largas.
Mas foi uma falsa sensação de segurança. Eles não tinham ido nem vinte metros
quando dobraram a esquina e viram-se diante de uma grande multidão de moradores
irritados, todos armados com armas improvisadas, como, porretes, facas, cutelos e até
mesmo bancos de cozinha.
A espada de Hal na bainha batia desajeitadamente ao seu lado a cada passo. Seu
braço esquerdo ainda estava sobrecarregado com seu escudo, então ele puxou o cinto
da espada ao redor até que ele poderia segurar a espada firme com a mão direita.
Condições não ideais para correr, ele pensou sobriamente. Mas eles estavam
descendo a ampla rua principal, gradualmente em fileira, o barulho dos seus pés nas
pedras ecoando de volta nas faces dos edifícios.
Stig estava na liderança, com Jesper logo atrás dele. Hal e Thorn foram em
seguida, com Lydia facilmente mantendo o ritmo ao lado deles.
Os Invasores - 297
Eles irromperam na praça, atraindo olhares assustado dos moradores da cidade
e dos guerreiros ainda reunidos lá. Mas não havia tempo para explicar. Hal viu Stig
hesitar não tendo certeza qual rua levaria de volta para o portão.
Era fim de tarde até agora e os becos e ruas laterais estavam todos
profundamente na sombra. O som de seus pés correndo e o chacoalhar de seus
equipamentos se fundiu com o aumento do volume nas paredes e casas. Stig olhou
para Jesper e sorriu.
— Sabia que eu deveria ter corrido a corrida contra Tursgud — disse ele.
Durante seu período de formação, Hal tinha selecionado Jesper antes de Stig para uma
corrida. Isso irritou Stig e, embora ele tivesse aceitado à decisão de Hal, sempre
acreditou que seu amigo tinha cometido um erro.
Jesper olhou para ele. — É mesmo? — ele disse, e bateu no ritmo, nívelando
com Stig, em seguida, à frente dele. Stig acelerou bem, mas Jesper continuou a
afastar-se, alargar o vão entre eles. Assistindo o passar pra trás de Jesper mais longe,
Stig murmurou para si mesmo.
— Ou não.
O cheiro de madeira queimada chegou até eles antes que avistassem a porta
quebrada. Mas, então, eles viraram uma esquina final e lá estava ele. Através da
abertura, eles podiam ver a forma de compensação do Garça-Real elaborado na praia.
A maré tinha subido e até passado o seu arco e ele estava começando a se levantar e a
agitar incansavelmente nas pequenas ondas enquanto corriam para dentro. Stefan, que
havia sido deixado para trás para cuidar de Ingvar, tinha colocado uma âncora de praia
na sua ausência.
Eles compartilhavam o peso entre eles. Quando chegou ao navio, Hal avaliou a
água subindo rapidamente em torno de proa do navio. Felizmente, eles não
precisariam da enorme força de Ingvar para dar o fora.
298 - Brotherband
Ele correu atrás do leme. O Garça-Real deslizou suavemente em águas mais
profundas quando Stig e Jesper empurraram contra o arco. Quando ele começou a
mover-se livremente, eles saltaram para o baluarte. Mãos dispostas agitaram-se a
bordo.
— Você acha que estamos em tempo? — perguntou Hal. Havia uma nota de
desespero em sua voz. Eles tinham estado tão perto de pegar Zavac. Tão perto de
recuperar o Andomal. Tão perto de serem capazes de voltar para casa.
Thorn encolheu os ombros. Uma coisa que tinha aprendido ao longo dos anos
era para não antecipar uma situação. Se fossem no tempo, que assim seja. Se não, eles
tinham uma longa perseguição atrás do Corvo.
O sol estava caindo perto do horizonte agora, eles perscrutaram a frente do seu
brilho, protegendo seus olhos. Até agora, eles não podiam ver nada.
Enquanto corriam atrás dele, vários de seus homens tinham gritado abusos e
ameaças.
Os Invasores - 299
Agora, ele olhou para trás por cima do ombro e viu o Corvo começar a se
mover novamente. O Wolfwind estava apenas a cem metros de distância. Se o Corvo
corresse para fora do porto, eles não teriam nenhuma chance de interceptá-lo. Mas
tinham que escolher seu caminho cuidadosamente através dos barcos de pesca
ancorados e barcaças, e depois de seu erro com o banco de lama, Zavac não teria
qualquer outra chance. Ele estava se movendo lentamente e deliberadamente.
Ele estava chegando perto, pensou. Não há tempo para manobras extravagantes-
apenas cortar, correr ao lado e embarcar nele. Eles teriam uma chance. Uma vez que o
Corvo alcançasse o mar aberto, ele se distanciaria deles facilmente.
Mas o Wolfwind, iluminado como foi sua passagem através dos pântanos,
estava respondendo mais voluntariamente do que ele esperava. O homem inclinou-se
para os remos, sem qualquer necessidade dele impulsioná-los, e o casco, tirando
apenas vinte ou trinta centímetros de água, voou até o riacho e para o mar aberto.
Ele olhou por cima do ombro novamente. O Corvo estava quase na boca do
porto e agora ele atingia a velocidade máxima também. A posição relativa dos dois
navios se manteve constante e ele percebeu que estavam segurando a sua própria com
ele. Mas seus homens seriam os primeiros a se cansar nesta corrida, ele sabia.
300 - Brotherband
Capítulo quarenta e um
Mas agora ele estava na água clara, com ondas brancas em sua proa. Ela parecia
um bote com remos coberto, pensou. Mas estava se movendo rapidamente através da
água, e ele podia ver os capacetes com chifres de sua tripulação.
Escandinavos.
Seus olhos se estreitaram quando estudou mais de perto e seu espírito começou
a se levantar após o choque inicial de vê-lo. Ele contou os remos - cinco em cada lado.
Então, tinha apenas dez homens a bordo dele, enquanto ele tinha mais de quarenta.
Ele poderia lutar com ele, é claro. Mas não havia necessidade. E ele não tinha
vontade de meter com escandinavos, mesmo dez deles. Em vez disso, ele arribaria
para bombordo e o deixaria em seu rastro. O navio escandinavo nunca poderia manter
o ritmo assassino que o Corvo tinha criado no momento, não com apenas dez homens
no remo. Ele olhou para o sol, que parecia se equilibrar na borda do horizonte, enorme
e vermelho. Em meia hora, estaria completamente escuro e ele poderia completar sua
fuga. Encostou-se ao leme, se preparando para virar o navio para bombordo, longe do
excesso de velocidade do navio viking. Quanto mais rápido ele pudesse fugir deles,
mais ele poderia arrastar a corrida para fora, e mais cansados os remadores
escandinavos se tornariam.
Os Invasores - 301
Havia apenas um caminho certo para ele. Dirigir para trás para estibordo, de
volta para o navio viking.
E bater nele.
Svengal viu o navio negro voltar para ele. Sentiu um momento de triunfo
quando o Garça-Real apareceu em volta do promontório, acelerando para interceptar
os piratas ao largo. Agora ele desapareceu quando viu o que Zavac tinha em mente. O
Wolfwind era o único obstáculo entre o Corvo e a liberdade e podia ver o ritmo de
suas remadas aumentando à medida que ia direto para ele.
— Remem —, ele gritou com sua equipe. — Remem por suas vidas!
— Lá estão eles!
Foi Stig que gritou a primeira aparição dos dois navios. Hal esticou-se para
olhar sob a vela e viu.
— Ele vai conseguir! — Hal gritou. Mas a longa experiência de Thorn disse-lhe
o contrário.
O Corvo começou a se mover mais rápido e seu aríete estava se dirigindo como
uma flecha para o lado frágil do Wolfwind.
302 - Brotherband
No último momento, vendo que a colisão era inevitável, Svengal jogou sua
cartada final, desesperado.
Quando a proa do Corvo se abateu sobre eles, ele gritou uma ordem para seus
homens.
Parecia uma ordem insana. O navio negro foi caindo sobre o seu lado bombordo
e o instinto era fugir para estibordo. Mas Svengal sabia que se eles fizessem isso, o
casco seria seu calcanhar, expondo suas partes baixas ao aríete.
A água do mar estava verter para o navio em torno das bordas do aríete. Era um
feixe de ferro calçado que projetou dois metros à frente da proa do Corvo abaixo da
linha de água, e tinha perfurado uns trinta centímetros quadrados no lado do
Wolfwind. No momento, não estava ainda firmemente embutido no navio viking e,
em grande parte, estava tapando o furo. Mas quando a tripulação do Corvo arribasse e
se retirassem o mar iria entrar e Svengal e seus homens teriam apenas alguns minutos
para salvar o seu navio.
Quatro de seus homens tinham remos agora e eles estavam tentando empurrar o
Wolfwind livre do aríete. Mas os navios estavam presos apertado juntos e os seus
esforços estavam tendo pouco efeito. Então Svengal ouviu uma ordem da popa do
Corvo e sua tripulação começou a arribar, retirando-se e deixando o Wolfwind a
chafurdar com uma enorme lacuna em sua amurada e casco. Agora, o mar entrava
rápido e Svengal ouviu o riso zombeteiro de Zavac quando o Corvo virou-se e foi para
oeste.
Mesmo quando Svengal pegou um balde e gritou para seus homens para
começar a esvaziar, ele sabia que era impossível. Ele não tinha homens suficientes
para conter o fluxo de água que atingia o navio. Sem ajuda, ele estava condenado.
E ele sabia que perder o Wolfwind iria quebrar o coração de Erak. Seu velho
amigo nunca o perdoaria.
Os Invasores - 303
A tripulação do Garça-Real ouviu o triturante impacto dos dois navios sobre a
água. Alguém gemeu, provavelmente, mesmo sem perceber, o que refletia a agonia do
Wolfwind enquanto o aríete cruel ferrava seu casco lustroso.
Hal tinha pensado que o Corvo tentaria escapar com o vento. Agora ele
observava sua forma escorçar quando o navio negro girou para apontar para o Garça-
Real. Parecia que Zavac, tendo lidado com o Wolfwind, estava agora buscando ter
certeza que nenhum navio seria deixado a persegui-lo. Os remos começaram a batida
constante, e uma onda de proa branca se formou na linha de flutuação do navio pirata.
Quando ele subiu em ondas sucessivas, o enorme aríete pode ser visto claramente.
Que era exatamente o que tinha pensado Svengal, ele percebeu. Ele estreitou os
olhos, observando o ritmo dos remos do Corvo. Sua tripulação era rápida remando,
mas ele pensou que provavelmente tinham um pouco de reserva.
Hal assentiu. — Eu sei. — Seu olhar ainda estava voltado para o Corvo,
prestando atenção para o inevitável aumento do ritmo. Ele olhou rapidamente para a
vante, para onde a forma inerte de Ingvar jazia enrolada em cobertores no convés do
mastro. Se tivessem pensado em recarregar a Mangler, pensou, ele poderia dar à
Zavac uma surpresa desagradável quando os navios se aproximassem. Mas então ele
descartou a idéia. Em uma situação difícil como esta, ele sabia que nunca iria entregar
o leme para Stig.
304 - Brotherband
Lá! Os remos tinham aumentado o seu ritmo, de forma quase imperceptível.
Mas como estava olhando, ele viu, viu a onda de proa branca crescer um pouco mais
alto. Agachou-se, usando o estai como referência uma vez mais. Agora, o rumo para o
Corvo permaneceu constante. Eles estavam em rota de colisão e o enorme aríete
visava implacavelmente o coração de Garça-Real.
Thorn viu seu movimento e percebeu que, poucos segundos depois de Hal tê-lo
feito, que o Corvo tinha aumentado à velocidade.
— Ele está...
— Eu vi isso.
O Corvo estava muito perto agora. Ele se aproximava cada vez mais, subindo e
descendo em ondas sucessivas, revelando aquele terrível aríete como uma enorme
presa. Thorn passou nervosamente ao lado dele. Não havia um som da tripulação do
Garça-Real.
Por um momento terrível, Hal pensou que tinha julgado mal à distância. Ele
deixou o pânico súbito de lado. Estava prestes a cruzar a proa do Corvo. Viu Zavac
alterar o curso ligeiramente para bombordo, então empurrou o leme longe, gritando
para Ulf e Wulf enquanto fazia isso.
Thorn estava certo, pensou. Rapidez e agilidade são nossas melhores armas.
Os Invasores - 305
Zavac tentou igualar à curva do Garça-Real, virando o leme para trazer a proa
virada para eles, mas era tarde demais e a resposta do Corvo era muito lenta. Os dois
navios deslizaram um após o outro, a proa do Corvo, na verdade, cortando através da
água perturbada no seu rastro. A tripulação do Garça-Real festejou intensamente
quando viram os piratas enfurecidos passando por eles.
Ao leme do Corvo, Zavac sacudiu o punho, com o rosto escuro de raiva. Então
Hal viu um súbito pânico varrer o pirata e ele abaixar rapidamente sob a amurada,
largando o leme, de modo que o Corvo guinou violentamente para fora do curso, indo
para ainda mais longe do Garça-Real. Um segundo depois de Zavac ter abaixado, um
dos dardos de Lydia passou violentamente pelo lugar que ele ocupava, batendo,
tremendo, na coluna da popa.
— O Corvo está ajustando as velas! — Isso foi Edvin, na proa. Todos olharam
e viram a grande vela quadrada caindo de seu mastro principal, preenchendo com o
vento com sua tripulação envergada para casa. Ele começou a ganhar velocidade.
Hal olhou para ele, medindo condições de vento e mar. Com o vento em sua
quarta parte como esse, o Corvo estava em seu melhor ponto de partida. Mas, nestas
condições, o Garça-Real era provavelmente um pouco mais rápido. Tudo o que ele
tinha a fazer era ir atrás dele.
— Nós poderíamos estar do lado dele em duas ou três horas — disse ele.
Thorn assentiu. Mas ele não disse nada. Hal era o skirl. A decisão era dele.
Ela estava escapando, e a única chance de Hal e seus amigos tinham de redimir-
se, de viver uma vida normal em seu país de origem, estava em ir atrás dele. Se não
conseguissem de volta o Andomal, eles iriam permanecer excluídos e párias, sem país,
sem futuro, sem honra. A cada minuto, o Corvo estava se afastando. Logo seria escuro
e ele o perderia de vista. Ele estava indo embora.
E assim teriam alguma esperança para a sua felicidade futura. Ele tinha que
decidir. E ele tinha que decidir agora.
306 - Brotherband
Ele respirou fundo quando percebeu que não havia decisão a tomar. Havia
apenas um curso que ele poderia seguir. Não importa o que o futuro reservava, ele
teria que viver com isso.
Os Invasores - 307
Capítulo quarenta e dois
E
les viraram em uma curva suave e começaram a acelerar em direção ao navio
viking atingido.
— Existe alguma maneira que podemos tapar o buraco? — ela perguntou. Mas
sua voz era duvidosa. Todos tinham visto o tamanho do aríete na frente do Corvo. O
buraco esmagado no casco podia ser qualquer coisa com meio metro de largura. Hal
olhou para frente, onde Ulf e Wulf estavam de pé, prontos para aparar as escotas.
— Eu estou trabalhando nisso — disse ele. Ele olhou para frente novamente.
Eles tinham a vela do lado da porta levantada e ele podia ver que chegariam ao
Wolfwind sem a necessidade de aderência. Então, ele levantou a sua voz. — Ulf!
Wulf! Cortem a vela a estibordo e a soltem da verga. Traga com você quando nós
abordarmos.
Eles estavam quase sobre o navio viking afundado agora. Hal julgou que era o
momento certo e chamou os gêmeos para deixarem a vela voar solta. Eles costearam
mais pra frente, diminuindo gradualmente, até que sua proa ficou nivelada com o
suporte da popa do navio viking. Stig estava de pé na proa, pronto, com um pedaço de
corda. Hal assentiu consigo mesmo na aprovação e reconhecimento. Stig foi um ideal
primeiro oficial. Ele não de ordens para ser feito o óbvio. Quando os dois navios
colidiram suavemente juntos, ele chicoteou a corda em volta do suporte da popa do
Wolfwind e rapidamente, amarrou os dois navios juntos, proa à popa.
Vamos precisar cortar aquilo às pressas se Wolfwind for para baixo, Hal
pensava. Em seguida, ele amarrou o leme inteiramente e seguiu o resto da tripulação
308 - Brotherband
enquanto eles corriam para bordo do Wolfwind, baldes e caçambas prontas na mão.
Ulf e Wulf esperavam por ele no mastro, carregando o pacote com a vela do lado de
estibordo entre eles. Suas expressões disseram-lhe que não tinham idéia de que ele
tinha em mente, mas estavam prontos para seguir suas ordens instantaneamente.
Imediatamente quando seus pés tocaram o convés do navio viking, ele pode
sentir o quão pesado ele estava com a água que tinha levado a bordo. Enquanto o
Garça-Real levantou-se e caiu como uma ave sobre as ondas, o Wolfwind o fazia
lentamente, sentindo como se fizesse mais parte do oceano do que montando sobre
ele.
Svengal virou-se para ele, uma expressão perplexa no rosto quando viu a vela
que os gêmeos estavam carregando.
— Que bom que você veio — disse ele. — Mas não temos um mastro para isso.
Hal apontou para frente. — Vamos colocá-la sobre a proa, em seguida, arraste-a
sob o casco até cobrir o buraco — disse ele. — Vai diminuir a água por baixo.
— Boa ideia — disse ele. Ele se virou e liderou o caminho em direção à proa,
adentrando através do grupo misto de Garças e tripulantes do Wolfwind, todos
ocupados atirando duchas prateadas de água para o lado.
Os Invasores - 309
tecido fechado e impregnada com óleo, não era completamente à prova d'água. Mas,
combinava com a blindagem, que servia para vedar a maioria da água.
— Voltem ao trabalho! — Ele gritou. — Nós não estamos fora de perigo ainda!
Agora que o perigo imediato havia passado, ele deu um passo para cima do
trilho e virou-se para olhar a forma do Corvo desaparecendo rapidamente.
A noite estava quase em cima deles e ele só pegou um breve vislumbre de sua
vela a distância antes dela desaparecer na escuridão.
Svengal murmurou uma maldição. — Ele fugiu de novo — disse ele. — Ele
tem uma sorte do diabo, aquele.
— Isso não é surpreendente. Eu ouvi que o diabo cuida dos seus — disse ele.
Thorn viu o movimento e deixou sua mão esquerda sobre o ombro de seu jovem
amigo.
— Lembre-se — disse ele. — O dia não é uma perda total. Você atacou a
cidade, expulsou ou capturou mais de uma centena de piratas sanguinários, e você
salvou o Wolfwind e Svengal no negócio.
310 - Brotherband
— Erak pode não se preocupar comigo — Svengal acrescentou, com um
sorriso. —Mas ele vai ser grato que você salvou o Wolfwind.
Hal deixou o olhar alternar entre os dois. — Isso, porém, não vai compensar o
Andomal, não é?
— Vamos nos preocupar com o Andomal mais tarde — disse ele. — Por
enquanto, vamos levar este navio para a praia.
Os Invasores - 311
epílogo
A
luz de cem tochas queimando e brilhando ao redor da praça, iluminando os
rostos das pessoas da cidade que comemoravam sua libertação.
Embora exatamente onde a perseguição iria levá-lo, ele não tinha idéia.
Svengal pegou uma jarra de cerveja de uma bandeja que passava e Hal bateu
em seu ombro. — Gostaria que pudéssemos ir com você — Svengal estava dizendo,
gritando para fazer sua voz transitar o burburinho de risos e canto que enchia a praça.
Uma vez que tinham encalhado o navio viking, Hal e Svengal tinham avaliado
o dano que o aríete do Corvo tinha feito. Várias armações foram quebradas e teriam
de ser substituídas, juntamente com dois dos principais barrotes de suporte que
corriam o comprimento do navio. Claro, havia pranchas quebradas ao ser arrancadas e
substituídas também. A experiência de Hal no estaleiro de Anders disse-lhe que o
navio precisava de grandes reparos. Um trabalho de improviso rápido não serviria.
Hal sorriu com simpatia. O afeto do Oberjarl para seu navio, e seus instintos de
proteção sobre ele, eram bem conhecidos em Hallasholm. Eles ficaram em silêncio
por um tempo, assistindo um Stig um pouco sobrecarregado, mas completamente
312 - Brotherband
encantado, sem reação enquanto uma sucessão de jovens moças atraentes da cidade
reivindicava-no como um parceiro de dança. Então um pensamento atingiu Svengal e
ele virou-se, olhando em volta da praça lotada.
— Onde está Thorn? — Disse. — Não é do feitio dele perder uma festa.
Hal franziu os lábios. Ocorreu-lhe que Thorn não se importava de ser cercado
pela tentação de barris de cerveja abertas e garrafas de aguardente.
— Eu não tenho certeza — disse ele. — Ele estava aqui antes, então pegou
Stefan pelo braço e afastou-o para longe. Eu não sei para onde eles foram.
Uma única tocha fora montada na parede acima maciça porta de carvalho com
fechaduras de metal. Sua chama lançava um círculo de luz amarela piscando nas
pedras abaixo dela. Duas figuras surgiram de uma rua lateral, e se aproximaram da
porta. O rumor da festa na praça da cidade chegava até eles.
— Só um minuto — disse ele. Então, ele reuniu suas idéias e esticou seus
ombros, deixando o capuz de seu manto cair para frente para sombrear mais seus
traços.
—Tudo bem, eu acho que estou pronto agora, — disse ele. Mas a voz não era
mais de Stefan. Era uma interpretação perfeita da voz de Barat.
Thorn sacudiu a cabeça com admiração. — Eu não sei como você faz isso.
Então, quando Stefan assentiu, Thorn bateu na porta com seu gancho de
madeira. Houve uma longa pausa, em seguida, eles ouviram passos lentos arrastando
em direção ao interior da porta. Houve um ruído de uma chave na fechadura, e a porta
foi arrastada semiaberta, a sua borda inferior raspando no chão de pedra.
— Sim? — O carcereiro era o guarda noturno. Ele olhou pela porta semiaberta
para eles, seu corpo bloqueando o caminho. Ele estava acima do peso e mancava
Os Invasores - 313
pesado, o que justificava os passos lentos. Ele também estava com um humor menos
do que amável, tendo sido despertado de seu cochilo depois do jantar pela autoritária
martelando na porta. As pessoas não vinham para a prisão muitas vezes. E elas
raramente vinham à noite.
— É tarde — disse iradamente. Thorn abriu a boca para falar, mas Stefan
parou-o, movendo-se a frente e respondendo com raiva.
— Eu sei que é tarde — ele retrucou. — Eu disse que isso é urgente! Eu preciso
interrogá-lo agora. Depressa, seu idiota! Estou atrasado para as festividades!
Ele apontou um dedo na direção dos sons de folia que vinha da praça. O
carcereiro vacilou, mas manteve-se de pé rapidamente. A voz de Stefan estalou em um
tom inconfundível de comando.
— Certo! Onde ele está? Mexa-se, seu idiota! Eu não tenho a noite toda!
O carcereiro indicou uma das portas das celas, a meio caminho ao longo do
corredor.
— Ele está lá dentro — disse ele. A raiva mal controlada de Stefan explodiu.
— Você espera que eu sussurre pelo buraco da fechadura? Abra a porta, seu
idiota!
314 - Brotherband
— Eu vou ter que ficar enquanto você fala com el, — disse ele. Seu tom de voz
disse que não tinha certeza se Stefan iria concordar com isso. E ele estava certo.
— O inferno que vai! Volte lá para cima imediatamente. Não quero você
espionando o que estou fazendo e dizendo! Suma daqui!
Quando o carcereiro chegou ao degrau mais alto, Thorn fez um gesto para a
porta aberta.
— Vamos lá — disse ele, fazendo uma pausa para acrescentar — Bom trabalho,
a propósito.
Rikard olhou sem curiosidade quando as duas figuras entraram em sua cela. Ele
foi um dos poucos sobreviventes piratas que tinham sido capturados. Muitos fugiram
para a área circundante. Mais de metade tinha sido morta na batalha, e os outros
tinham escapado no Corvo.
Rikard tinha se envolvido em uma breve luta com Svengal e seus homens no
cais. Ele tinha imprudentemente escolhido Svengal como seu adversário e sofreu um
golpe de machado do escandinavo como resultado.
Mas, por sua vez, Svengal tinha estado ligeiramente fora do alvo e o golpe tinha
resvalado o capacete do pirata. Tinha sido o suficiente, porém, para deixá-lo deitado
atordoado, como se estivesse morto, pelo cais. Horas após de a batalha acabar, ele
recuperou a consciência, e foi rapidamente levado prisioneiro enquanto cambaleava
atordoado e tonto, pelas ruas.
Agora que o carcereiro tinha ido embora, foi Thorn quem assumiu o papel de
líder. Ele sentou-se em frente à Rikard, que estava sentado em um banco numa mesa
de madeira lisa.
Os Invasores - 315
— Porque eu posso te tirar daqui — disse Thorn. Ele notou um despertar de
interesse nos olhos do outro homem e continuou. — Você sabe o que vai acontecer
com você se eu não te ajudar?
— Eles pretendem me enforcar — disse Rikard. Sua voz ficou presa com a
palavra sujestiva.
Thorn assentiu. — Isso mesmo. Isso é o que acontece com os piratas. Pessoas
os enforcam. Não é uma boa maneira de partir, na verdade.
— Você veio aqui para me atormentar? — Rikard exigiu, mas Thorn balançou
a cabeça.
— Nem um pouco. Eu vim para dar-lhe uma chance de fugir. Contanto que
você me diga o que eu quero saber.
Mas Rikard estava olhando para ele com desconfiança. — Por que você quer
me ajudar?
— Eu não. — respondeu Thorn. — Até onde eu sei, eles podem enforcá-lo tão
alto quanto à lavagem da semana passada. Ou não. Eu não me importo de qualquer
maneira. O que eu me preocupo com é onde Zavac está indo. E eu acho que você pode
me dizer.
Ele estava observando os olhos do homem de perto e até mesmo na luz fraca da
vela, ele viu uma faísca lá. Rikard sabia onde Zavac estava indo. Thorn tinha certeza
disso.
Ele esperou enquanto Rikard digeria essa informação, e depois acrescentou com
uma voz mais suave, — Ou, se eu decidir que você está mentindo para mim, vou
simplesmente deixá-lo ao mar.
Houve uma longa pausa. Então Thorn falou novamente. — Sua escolha. Mas
estamos ficando sem tempo.
316 - Brotherband
Thorn deixou escapar uma pequena gargalhada. — Você acha que aquele saco
de banha poderia me parar?
— Tudo bem, — ele disse finalmente. — Mas eu não contarei até que
estejamos no mar.
— Meus amigos, têm sido uma época terrível a que estamos passando. Todos
nós perdemos amigos e parentes, e nós vamos chorar por eles em dias vindouros.
— Mas esta noite, vamos comemorar! Vamos celebrar o que temos jogado fora
o jugo que os invasores tentaram colocar em nós. Nós já os enfrentamos e os
combatemos e os derrotamos!
Mais uma vez, aplausos interromperam. Ele ergueu as mãos pedindo silêncio.
— E, em particular, quero louvar a uma jovem que lutou tão bravamente quanto
qualquer homem na batalha. — Ele olhou ao redor da praça.
Ele sabia que ela estava a poucos metros do palco, onde estava conversando
com vários velhos amigos e vizinhos. Ele apontou para ela agora e fez um gesto para
que se juntasse a ele. Irritada, ela balançou a cabeça. Mas a multidão começou a gritar
seu nome.
Os Invasores - 317
Percebendo que não havia jeito de sair dessa, ela forçou o caminho e subiu na
tribuna, ignorando a mão estendida de Barat. Seu rosto estava tingido de vermelho.
Ele rapidamente puxou-a para ele, um braço ao redor dela.
— Aqui está ela, meus amigos. Nenhuma garota corajosa nunca agraciou esta
cidade, e eu estou orgulhoso de dizer, ela vai ser minha mulher!
— O quê? — Stig disse em voz alta. Então ele viu a reação de Lydia, vi
balançando a cabeça enquanto ela falava com raiva para Barat. Mas a multidão estava
selvagem com a idéia, e Barat apenas sorriu para ela enquanto eles aplaudiram.
Multidões adoram um bom romance, afinal de contas, e Barat estava ciente do fato.
Ele ergueu a mão pedindo silêncio novamente. Quando o barulho cessou, ele
falou em um tom sério.
Barat olhou por cima das cabeças da multidão, então para onde ele podia ver o
pequeno grupo de escandinavos.
Jesper virou-se para Hal, que estava assistindo, inflexível. — Você derrubou as
torres de vigia. Você transportou Barat e os seus homens para a parede leste. Você
derrotou os defensores no portão da praia. Você enviou Zavac e seus homens num
pacote! O que ele fez? Ele escalou uma parede!
— Deixa pra lá — disse Hal. — Você não pode ver que ele está querendo o
escritório? Ele está planejando se eleger prefeito.
318 - Brotherband
O ex-prefeito de Limmat tinha sido um dos primeiros alvos dos piratas. Ele
havia sido morto nos primeiros dias. Agora, Hal percebeu, Barat estava usando o
respeito que ele tinha ganhado como o líder das forças Limmatan, e a emoção positiva
de sua proposta pública para Lydia, para cimentar a sua posição como o novo líder da
cidade. Como ele tinha pensado, Hal percebeu que Lydia não estava mais no pódio.
Nos últimos minutos, ela tinha escorregado para algum lugar.
Houve uma onda de aplausos e apreço pela multidão. Ele sorriu, em seguida,
levantou as mãos para todos eles.
A multidão aplaudiu e ele ergueu as duas mãos para eles. Ele olhou em volta,
consciente de que Lydia não estava mais a seu lado. Uma carranca rápida atravessou
seu rosto, então ele cobriu-a com um sorriso, curvando-se e acenando para a multidão.
— Vamos lá — disse Hal para sua tripulação. — Vamos sair daqui antes que eu
adoeça.
— Eu sou um Garça — disse ele decidido. — Eu vou com você. — E uma vez
que ele parecia estar se recuperando do ferimento muito bem, Hal tinha concordado.
Não seria o mesmo sem Ingvar, pensou.
Thorn e Stefan estavam esperando no navio quando eles chegaram, e uma vez
que ele tinha visto que Ingvar estava confortável, Hal olhou-os com curiosidade.
Hal não disse nada durante vários minutos. Então ele olhou Thorn diretamente
nos olhos.
Os Invasores - 319
— Tudo bem — disse ele. — Por quê?
— Ele sabe onde Zavac está indo — Thorn disse. — Eu fiz um acordo. Ele nos
diz e nós o ajudamos a fugir.
— Nós vamos segurá-lo até que saibamos de uma maneira ou de outra. Se ele
está mentindo, eu vou jogá-lo ao mar.
Hal apertou os lábios enquanto pensava nisso. — Muito bem — disse ele. —
Mas vamos indo antes que o carcereiro acorde e dê o alarme.
— Com a Andomal — Hal disse com firmeza. Ele olhou em volta, certificando
se o caminho estava livre. Ele estava prestes a acenar para os homens de Svengal para
terminar, quando um corpo esguio disparou para fora das sombras.
A menina havia parado na beira do cais. Ela olhou para o Garça, olhando para
os rostos voltados para ela. Ela viu vários sorrisos de boas-vindas.
Hal ia falar, parou, não sabia o que dizer. Então ela continuou.
320 - Brotherband
— Você o ouviu, não é? Eu não posso suportar ficar aqui com esse pomposo,
idiota arrogante de homem. Como se atreveu a anunciar que eu iria me casar com ele?
Como ele se atreveu?
Hal ainda não disse nada, sem palavras. Ela entrou em desespero.
— Se eu ficar aqui, vou fincar um dos meus dardos nele antes do mês acabar.
Além disso, eu ainda tenho contas a acertar com Zavac. Seus homens mataram o meu
avô.
— Por que não? Quem sou eu para recusar? Alguém mais quer vir? E você,
Svengal?
O skirl do navio viking sorriu. — Eu adoraria, por uma questão de fato. Mas é
melhor eu ir reparar o Wolfwind.
Lydia tinha seu saco de dormir, uma mochila e suas armas presas em um pacote
e jogou-os para Wulf, que os pegou com facilidade. Em seguida, enquanto se
preparava para descer para o barco, Stig avançou, sorrindo, com os braços para ajudá-
la a descer.
Ela deixou-se cair tão facilmente para dentro do barco que Stig se afastou,
transformando seu gesto em uma reverência.
— Oh, essa vai ser uma viagem tão interessante — disse ele.
Os Invasores - 321