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A CHEGADA À ÍNDIA

DESCOBERTA DO CAMINHO
MARÍTIMO PARA A ÍNDIA

A descoberta do caminho marítimo para a Índia é a designação comum para a primeira viagem
realizada da Europa à Índia pelo Oceano Atlântico, feita sob o comando do navegador
português Vasco da Gama durante o reinado do rei D. Manuel I, entre 1497 e 1498.
Considerada uma das mais notáveis viagens da Era dos Descobrimentos, consolidou a
presença marítima e o domínio das rotas comerciais pelos portugueses.
QUAL A IMPORTÂNCIA DA DESCOBERTA
DO CAMINHO MARÍTIMO PARA A ÍNDIA

O objetivo de chegar á Índia por mar só foi atingido no reinado de D. Manuel I


Vasco da Gama , ao comando de uma armada composta por três naus, saiu de Lisboa em julho de
1497 contornou o cabo da Boa Esperança, e chegou a Calecute, na Índia, em maio de 1498.
Por esta rota, os Portugueses traziam especiarias, porcelanas, tapetes, perfumes e sedas do
Oriente para Lisboa e daqui levavam-nas para outras regiões da Europa.
A VIAGEM
Iniciava-se, assim, a expedição a 8 de Julho de 1497. A linha de navegação de Lisboa a Cabo Verde foi a
habitual e no oceano Índico é descrita por Álvaro Velho: «rota costeira até Melinde e travessia directa
deste porto até Calecute».
Relatam os Diários de Bordo das naus muitas experiências inéditas. Encontrou esta ansiosa tripulação
rica fauna e flora. Fizeram contacto perto da baía de Santa Helena com tribos que comiam lobos-
marinhos, baleias, carne de gazelas e raízes de ervas; andavam cobertos com peles e as suas armas eram
simples lanças de madeira de zambujo e chifres de animais; viram tribos que tocavam flautas rústicas de
forma coordenada, o que era surpreendente perante a visão dos negros pelos europeus. Ao mesmo tempo
que o escorbuto (carência de vitamina C) se instalava na tripulação, cruzavam-se em Moçambique com
palmeiras que davam cocos.
Apesar das adversidades de uma viagem desta escala, a tripulação mantinha a curiosidade e o ânimo em
conseguir a proeza e conviver com os povos. Para isso reuniam forças até para assaltar navios em busca
de pilotos. Com os prisioneiros, podia o capitão-mor fazer trocas, ou colocá-los a trabalhar na faina; ao
rei de Mombaça pediu pilotos cristãos que ele tinha detido e assim trocou prisioneiros. Seria com a
ajuda destes pilotos que chegariam a Calecute, terra tão desejada, onde o fascínio se perdia agora pela
moda, costumes e riqueza dos nativos.
CHEGADA A CALECUTE
Em 17 de Maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Kerala[1],
ficando estabelecida a rota no oceano Índico e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.
As negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, Samorim de Calecute, foram difíceis. Os
esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas
e pelo baixo valor das suas ofertas -no ocidente era hábito os reis presentearem os enviados estrangeiros, no oriente
esperavam ser impressionados com ricas ofertas.
A perseverança de Vasco da Gama fez com que se iniciassem, mesmo assim, as negociações entre ele e o samorim,
que se mostrou agradado com as cartas de D. Manuel I. Por fim, Vasco da Gama conseguiu obter uma carta ambígua
de concessão de direitos para comerciar, comprovatória do encontro que dizia:
“Vasco da Gama, fidalgo da vossa casa, veio à minha terra, com o que eu folguei. Em minha terra, há muita canela, e
muito cravo e gengibre e pimenta e muitas pedras preciosas. E o que quero da tua é ouro e prata e coral e escarlata.”
Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço para poderem adquirir pequenas
quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino. Contudo a frota acabou por partir sem aviso após o
Samorim e o seu chefe da Marinha Kunjali Marakkar insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia.
Vasco da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens para iniciar uma feitoria.
REGRESSO A PORTUGAL
A 12 de Julho de 1499, depois de mais de dois anos do início desta expedição, entra a caravela Bérrio no rio Tejo, comandada por Nicolau Coelho,
com a notícia que iria emocionar Lisboa: os portugueses chegaram à Índia pelo mar. Vasco da Gama tinha ficado para trás, na ilha Terceira,
preferindo acompanhar o seu irmão, gravemente doente, renunciando assim aos festejos e felicitações pela notícia.
Das naus envolvidas, apenas a São Rafael não regressou, pois teria sido queimada por incapacidade de a manobrar, consequência do reduzido
número a que se via a tripulação no regresso, fruto das doenças responsáveis pela morte de cerca de metade da tripulação, como o escorbuto
(carência de vitamina C), que se fez sentir mais afincadamente durante a travessia do oceano Índico. Apenas 55 dos 148 homens que integravam a
armada sobreviveram à viagem.
Vasco da Gama retornava ao país em 29 de Agosto e seria recebido pelo próprio rei D. Manuel I com contentamento que lhe atribuía o título de
Dom e grandes recompensas. Fez Nicolau Coelho fidalgo da sua casa, assim como a todos os outros, conforme os serviços que haviam prestado.
D. Manuel I apressa-se a dar a notícia aos reis de Espanha, numa exibição orgulhosa do feito e para avisar, simultaneamente, que as rotas seriam
doravante exploradas pela Coroa Portuguesa.
Há notícia de um mercador italiano que espalhou por Florença a boa-nova:
“Descobriram 1800 léguas de novas terras além do Cabo da Boa Esperança, cujo cabo foi descoberto no tempo do rei João. O capitão descobriu
uma grande cidade muralhada , com muito boas casas de pedra, no estilo mourisco, habitada por mouros da cor dos indianos. O capitão
desembarcou aqui e o rei deu-lhe um piloto para cruzar o golfo. ”
O mercador referia-se a Melinde.
Com a abertura da rota marítima para as Índias Orientais, os venezianos, que controlavam o comércio do Mediterrâneo, passariam a comprar
pimenta dos portugueses, pela metade do preço que pagavam aos árabes no Egito. A quebra do monopólio veneziano do comércio de especiarias na
Europa e a consequente baixa nos preços das especiarias contribuiu para o desenvolvimento comercial do continente.
Trabalho realizado por: Santiago Pereira

Nº18 5ºC

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