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ELEMENTOS D’OS LUSÍADAS COMO EPOPEIA

Como Texto Narrativo que é, mas em verso, tem:

CENTRAL – a viagem de Vasco da Gama

AÇÃO

REAL – a História de Portugal até ao terminus do poema.

Este poema tem:

 Unidade – refira-se a Dedicatória a D. Sebastião, com um narratário implícito do princípio ao fim do


poema;

 Verdade – tem muito de real, distinguindo-se dos poemas estrangeiros; sente-o Vasco da Gama quando
fala ao rei de Melinde (C. III, est.5) e o Poeta na Dedicatória;

 Integridade – tem princípio, meio e fim.

 Variedade – entrelaçam-se os episódios históricos com os míticos, com os líricos, …;

 Atualidade – já referida.

PRINCIPAL – “o peito ilustre lusitano” – coletiva (ao contrário das epopeias clássicas)

PERSONAGENS

SECUNDÁRIAS – todas as outras – Gama (é o agente da ação); o povo português (é o herói).

CRISTÃO

MARAVILHOSO

PAGÃO – por razões de ordem estética e literária.

EXTERNA (formal) – dez cantos, contendo cada canto uma média de 110 estrofes (oitavas), tendo o
mais extenso (10º) 156 e o menos extenso (7º) 87 estrofes. Os versos são decassílabos, de
preferência heróicos (acentuação predominantemente nas 6ª e 10ª sílabas). A rima é
abababcc (cruzada e emparelhada).

ESTRUTURA

INTERNA (desenvolvimento do assunto) – segundo a Arte Poética de Aristóteles, a Epopeia dividia-


se em proposição, invocação, dedicatória e narração (o início desta situa-se no meio da ação,
o que se verifica em “Os Lusíadas” (C. I, est.19).

PROPOSIÇÃO – É como que o sumário do Poema e compõe-se de três estâncias. O seu propósito é cantar os
guerreiros, os navegadores, os reis que permitiram a dilatação da Fé e do Império e todos os que, pelas suas
obras, se imortalizaram.

INVOCAÇÃO – o Poeta pede inspiração às Tágides (C. I), às ninfas do Tejo e do Mondego (C. VII), a Calíope (C.III
e X).
DEDICATÓRIA – Não aprece nas epopeias clássicas; a sugestão vem de poemas não épicos. O Poema é dedicado
a D. Sebastião (C.I, Est. 6-18), retomando o Poeta o contacto com o rei na Est. 145 do canto X.

NARRAÇÃO – Exposição da ação e factos a ela ligados. Segundo Aristóteles, o início da Narração situava-se no
meio da ação (in media res).

Nela distingue-se:

NARRATIVA HISTÓRICA:

 Narração do passado (analepse):

. Vasco da Gama (C. III e IV)

. Fernão Veloso (C. VI)

. Paulo da Gama (C. VIII)

 Narração do futuro (prolepse)

distante – profecia

. Júpiter a Vénus (C. II)

. Adamastor (C. V)

. A Ninfa e Tétis (C. X)

próximo – o sonho

. do Gama (C. II)

. de D. Manuel (C. IV)

. do sacerdote (C. VIII)

NARRATIVA DA VIAGEM:

diretamente – feita pelo Poeta desde Moçambique até ao regresso (C.I, II, VI, VII, VIII, IX, X)

indiretamente – feita por Vasco da Gama desde a partida do Restelo até Moçambique (C. V)

Neste contexto, podemos observar quatro planos:

 PLANO DAS CONSIDERAÇÕES DO POETA – na Proposição, na Invocação, na Dedicatória e na


Narração.

 PLANO DO MARAVILHOSO (MITOLÓGICO) – sempre que surgem os deuses.

 PLANO DA VIAGEM;

 PLANO DA HISTÓRIA – em analepse e em prolepse.

BOAS LEITURAS!!!

Prof.ª Ângela Salgado

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