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Espaço A ação central tem como espaço o oceano e os barcos da viagem, com
e tempo idas pontuais a terra.
O tempo corresponde à duração da viagem (a viagem real decorreu entre
8 de julho de 1497 e 19 de agosto de 1499).
Teremos de considerar também outros espaços e tempos em função
da ação narrada.
Educação Literária
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Rima Ao longo de todas as estâncias, a rima é cruzada nos seis primeiros versos
e emparelhada nos dois últimos.
Ex.:
Já no largo Oceano navegavam, a
As inquietas ondas apartando;
b Rima cruzada
Os ventos brandamente respiravam, a
Das naus as velas cô ncavas inchando;
Proposição Apresentação dos assuntos do poema – "o peito ilustre lusitano", ou seja, os heróis portugueses
(Canto I, est. 1 a 3).
Invocação Pedido de inspiração às ninfas do Tejo para a escrita do poema (Canto I, est. 4 e 5).
Dedicatória Dedicação do poema a D. Sebastião (Canto I, est. 6 a 18).
Narração Narração da ação iniciada in medias res, ou seja, a meio da ação, num momento em que as naus
se encontravam já em pleno oceano Índico (podes observar na página 81 uma ilustração representativa da viagem
de Vasco da Gama).
Quadro-síntese de Os Lusíadas
1. Proposição
Estrutura externa: Canto I, est. 1-3 Estrutura interna: Proposição
a
1. PARTE Apresentação da matéria do canto: os heróis portugueses
(est. 1-2) O poeta diz que cantará/louvará os heróis portugueses que são:
•os homens de grande valor que
- navegaram para além dos mares conhecidos – “Por mares nunca de antes
navegados” (est. 1);
- venceram perigos e guerras – “Em perigos e guerras esforçados” (est. 1);
– construíram um Reino novo no Oriente – “E entre gente remota edificaram /
Novo Reino” (est. 1).
•os Reis que expandiram o Império e difundiram a Fé cristã
– “foram dilatando / A Fé, o Império” (est. 2), nas terras de homens infiéis
(não crentes) de Ásia e de África.
•aqueles que se imortalizaram pelos seus feitos, ou seja, que se libertaram
da “lei da morte” (est. 2). A lei da morte é o esquecimento a que é votado
quem morre.
a
2. PARTE Afirmação da superioridade de Os Lusíadas face às epopeias da Antiguidade
(est. 3) O poeta afirma a superioridade do seu canto porque:
•o valor dos heróis portugueses que ele canta é superior aos
- dos heróis fantasiosos (Ulisses e Eneias) – “sábio Grego e do Troiano”;
- dos heróis reais, cujos feitos foram suplantados pelos dos portugueses
(Alexandre Magno e o Imperador Trajano).
•o herói português venceu os próprios deuses, “eu canto o peito ilustre
Lusitano, / A quem Neptuno e Marte obedeceram”, destacando-se:
- na guerra (venceu Marte, o deus da guerra);
- no mar (venceu Neptuno, o deus do mar).
RECURSO
EXEMPLO INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVO
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
3. Inês de Castro
Estrutura externa: Canto III, est. 118-135 Plano: História de Portugal e do Poeta
Estrutura interna: Narração Narrador: Vasco da Gama
Narratário: Rei de Melinde
a
Embora seja narrado 1. PARTE Apresentação da narrativa (introdução)
por Vasco Gama, este (est. 118-119) •Descrição da narrativa que é apresentada como um “caso triste, e dino
episódio tem algumas da memória” (est. 118), expressão que confere ao episódio um tom negativo.
“interferências” do
poeta (Plano do •Apresentação da personagem principal, Inês de Castro, que é introduzida
Poeta), a quem o caso com notas negativas: ela é a “mísera e mesquinha” (est. 118) e aquela que
de Inês de Castro “despois de ser morta foi Rainha” (est. 118).
sensibiliza •Invocação do Amor como uma entidade superior, que retira as suas forças
particularmente. do sofrimento dos Homens e que é capaz de os levar à fatalidade; o Amor,
O poeta toma a palavra
enquanto força independente do ser humano, é apresentado como
para:
• criticar a situação e
o responsável poético pela morte de Inês de Castro (est. 119).
os algozes; a
2. PARTE Vida de Inês de Castro
• defender a
(est. 120-121) Descrição da vida de Inês como feliz e equilibrada e apenas manchada pelas
personagem feminina,
que é apresentada saudades de Pedro, as quais, durante o dia, a traziam pensativa, e, durante
como inocente. a noite, a faziam sonhar.
Associado aos sonhos surge, de novo, um apontamento negativo quando se
dá a entender que o Destino não permite que a felicidade dure – “a Fortuna
não deixa durar muito” (est. 120).
a
3. PARTE Justificação para a morte Inês de Castro
(est. 122-123) •D. Pedro não queria casar com outra mulher
– “De outras belas senhoras e Princesas / os desejados tálamos enjeita”
(est. 122).
•Preocupado com esta atitude do filho, D. Afonso IV decide mandar
matar Inês, com a firme convicção de que assim terminaria o amor que
dominava
D. Pedro
– “Tirar Inês ao mundo determina, / Por lhe tirar o filho que tem preso, /
Crendo co sangue só da morte indina / Matar do firme amor o fogo aceso.”
(est. 123).
a
4. PARTE Inês perante o Rei
(est. 124-125) •Os algozes trazem Inês à presença do Rei, que sentindo piedade
dela, pondera alterar a sua decisão. Porém, é impedido pela pressão
exercida pelo povo.
•Inês é caracterizada de forma negativa como uma mulher triste
Argumentação de Inês. e atormentada pelo destino dos filhos que ficarão órfãos.
a
o
1. argumento – 5. PARTE O discurso de Inês
mostra ao Rei que a (est. 126-129) Inês dirige ao Rei um discurso que tem como fim persuadir o “avô cruel”
decisão de a
(est. 125) a não a matar. Este discurso divide-se em quatro momentos:
mandar matar
é desumana. •1.o momento: Inês começa por recordar ao Rei que ele é humano e
o
2. argumento – que os sentimentos são próprios dos seres humanos. Por isso, pede-lhe
apela ao espírito de que aja como tal e que tenha piedade dos seus filhos, salvando-a. Para
justiça do Rei. reforçar a sua argumentação, Inês recorda casos em que os animais
o
3. argumento – selvagens tiveram
apresenta alternativas piedade de crianças: a loba que salvou Rómulo e Remo, fundadores de
à sua execução. Roma, e as aves que alimentaram Semíramis.
o
4. argumento – •2.o momento: Inês caracteriza o Rei como justo por saber dar aos
invoca o amor Mouros a morte merecida, justiça que ele deveria exercer de novo,
maternal e conjugal percebendo que ela não merecia a morte por não ter cometido erros.
e a situação de
orfandade dos •3o momento: Inês apresenta alternativas à sua morte: o desterro num
território gélido ou tórrido ou mesmo entre animais selvagens.
•4.o momento: Inês invoca o amor de mãe e de mulher e a orfandade
futura dos seus filhos.
Os Lusíadas, Luís de Camões
INÊS DE CASTRO
a
6. PARTE Reação do Rei
(est. 130) Após ouvir Inês, o Rei queria perdoar-lhe, mas os algozes, “peitos
carniceiros”, e o “pertinaz povo” não deixam que o monarca altere a decisão
tomada.
a
7. PARTE Morte de Inês
(est. 131-132) Apresenta-se uma comparação entre duas figuras que tiveram uma
morte injusta: Policena, morta por Pirro, e Inês, assassinada pelos “brutos
matadores”.
a
8. PARTE Intervenção do Poeta (conclusão)
(est. 133-135) O poeta mostra-se revoltado com a morte de Inês.
•Invoca o Sol (est. 133), que, segundo ele, não deveria ter brilhado naquele
dia trágico, considerando a execução de Inês tão trágica como a história
de Tiestes, que comeu os próprios filhos sem o saber.
•Invoca os “côncavos vales” (est. 133), que prolongaram o eco dos
gritos de Inês.
•Compara a morte de Inês ao desfalecimento de uma flor “cortada / antes
do tempo” (est. 134).
•Refere a Natureza, que chora a morte da sua confidente.
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
“engano da alma, ledo e cego” (est. 120) A antítese introduz uma nota trágica na felicidade
de Inês, pois tratava-se de um “engano de alma”,
que lhe trazia felicidade, mas impedia-a de ver
Antítese a verdade.
“doces sonhos que mentiam” (est. 121) A antítese destaca a oposição entre a felicidade
e a tragédia eminente, apontando para uma ilusão
pouco duradoura.
“furor Mauro […] / fraca dama delicada” A antítese apresenta um contraste entre a
(est. 123) violência usada contra os Mouros, ferozes, e contra
Inês, delicada e frágil; esta oposição marca a
injustiça da decisão tomada pelo Rei.
“Qual contra a linda moça Policena […] / Compara-se a fragilidade de Inês à de Policena face
Tais contra Inês” (est. 131-132) à brutalidade dos seus assassinos.
Comparação “Assi como a bonina […] / Tal está, morta, A comparação mostra que Inês, tal como uma flor,
a pálida donzela” perde a cor e o perfume por ter sido cortada/morta
antes de tempo.
“Tirar Inês ao mundo determina” (est. 123) Expressão que apresenta de forma mais suave
Eufemismo a decisão do Rei de mandar matar Inês de Castro.
“puro Amor […] deste causa à molesta A personificação do amor permite apresentá-lo
Personificação morte sua” (est. 119) como uma força superior ao ser humano e como
responsável (poético) pela morte de Inês de Castro.
Educação Literária
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a
Identificação do papel 1. PARTE Os preparativos da viagem
de Vasco da Gama (est. 84-87) •Localização da ação em Belém, Lisboa – “no porto da ínclita Ulisseia” (est. 84).
como narrador através
da utilização do •Caracterização dos marinheiros: corajosos e determinados
pronome pessoal me – “não refreia / Temor nenhum o juvenil despejo, / Porque a gente
“pera marítima e a de Marte / Estão pera seguir-me a toda parte” (est. 84);
seguir-me” (est. 84) e – “E não menos de esforço aparelhados / Pera buscar do inundo novas
do recurso à partes” (est. 85).
primeira pessoa do
•Cerimónia religiosa, que prepara a “alma pera a morte” (est. 86),
singular “Certifico-
te” (est. 87).
ouvindo missa, comungando e pedindo a Deus proteção
– “Implorámos favor que nos guiasse, / E que nossos começos aspirasse”
O interlocutor de Vasco
(est. 86).
da Gama, o Rei de
Melinde, é assinalado •Entrada nas embarcações.
pelo recurso ao •Confissão de dúvida de Gama
pronome pessoal te e – “se contemplo / Como fui destas praias apartado, / Cheio dentro de
A confissão final dúvida e receio, / Que apenas nos meus olhos ponho o freio” (est.
de Gama 87).
contribui para a
2. PARTE A despedida
engrandecer
(est. 88-92) A descrição da despedida tem vários momentos:
os portugueses que,
para além dos feitos •Plano geral (est. 88-89)
grandiosos, venceram
- Descrição da multidão, “A gente da cidade” (est. 88), que assiste na praia
também o próprio
medo que os
à partida dos nautas. São amigos ou familiares de quem parte mas
também meros curiosos que foram “por ver somente” (est. 88). Todos
partilham sentimentos de tristeza e de saudade, marcados pelo forte
receio da morte.
- Descrição das mulheres que sofrem com um “choro piadoso” (est. 89) e dos
homens que suspiram.
- Descrição das mulheres, “Mães, Esposas, Irmãs” (est. 89), ligadas por laços
familiares estreitos aos nautas e unidas pelos sentimentos de
tristeza
A mãe e a esposa são e de medo de não os tornar a ver.
duas figuras coletivas •Plano de pormenor: a mãe (est. 90)
que representam todas
as esposas e mães que A mãe diz-se incapaz de compreender a atitude do filho, que era o seu único
ficam na praia a ver “emparo”. Deixa uma questão final que sublinha a injustiça do abandono
os seus entes queridos – “Porque de mi te vás, ó filho caro, / A fazer o funéreo enterramento /
partir. Onde sejas de pexes mantimento?”.
•Plano de pormenor: a esposa (est. 91)
Também exprimindo a sua mágoa, a esposa censura o marido por ir
para o mar aventurar uma vida que devia ser vivida a dois, destruindo um
amor que faria deles um só ser.
•Plano geral (est. 92)
Descreve-se a multidão com os sentimentos de “amor e de piadosa
humanidade”, destacando-se agora os velhos e os meninos que também
ficam na praia. Estes sentimentos contagiam a Natureza envolvente, que,
personificada, entra em sintonia com o sofrimento que domina a multidão
– “Os montes de mais perto respondiam, / Quási movidos de alta piedade”,
e a “branca areia” chora com quem fica na praia.
a
3. PARTE A partida
(est. 93) Vasco da Gama decide que a partida se fará “Sem o despedimento
costumado”, como forma de impedir que os marinheiros sofram ou alterem
a sua decisão
– “Por nos não magoarmos, ou mudarmos / Do propósito firme começado”.
Os Lusíadas, Luís de Camões
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RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
“Que nas praias do mar está assentado, O narrador refere-se a Belém, que se associa à
Que o nome tem da terra, pera exemplo, terra de nascimento de Jesus, para evocar também
Perífrase
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.” a proteção divina concedida aos portugueses.
(est. 87)
“As mulheres cum choro piadoso, Através da hipérbole, é assinalada a força dos
Hipérbole Os homens com suspiros que sentimentos e a dor extrema que ali se vivem.
arrancavam.”
(est. 89)
“Nosso amor, nosso vão contentamento, A repetição do som /v/ recorda o som do vento
Aliteração Quereis que com as velas leve o vento?” que levará os barcos para longe das mulheres.
(est. 91)
5. Adamastor
Estrutura externa: Canto V, est. 37-60 Planos: Viagem e Mitológico
Estrutura interna: Narração Narrador: Vasco da Gama
Narratário: Rei de Melinde
a
1. PARTE Preparação do aparecimento do gigante A figura do gigante
(est. 37-38) •Aparecimento de uma nuvem “que os ares escurece”, entendida como sinal constitui uma
de algo ameaçador que se aproxima. personificação dos
perigos e castigos do
•Agitação do mar. mar. Condensa em si
•Caracterização dos marinheiros que estão dominados por um sentimento os medos do
de terror desconhecido que
– “pôs nos corações um grande medo” (est. 38). dominavam os homens
da época.
a
2. PARTE O gigante A descrição do gigante
(est. 39-40) •Descrição física do gigante: é desenvolvida com
- tamanho espantoso (é comparado ao Colosso de Rodes, estátua base nas sensações
visuais e auditivas
gigantesca de Apolo, considerada uma das sete maravilhas do Mundo
e culmina no efeito
Antigo); de terror que
- rosto com barba desgrenhada, olhos encovados, cabelos crespos e cheios provoca nos
de terra, boca negra, dentes amarelos e o tom de voz “horrendo e marinheiros.
grosso”.
•Descrição psicológica do gigante:
- ira do Adamastor, justificada pela ousadia dos portugueses que navegam
os mares que lhe pertencem.
a
3. PARTE Primeiro discurso do Adamastor
(est. 41-48) Este primeiro discurso do Adamastor divide-se em dois momentos.
•1.o momento: elogio da coragem dos portugueses como “gente ousada” (est.
41) e referência a um povo de grandes feitos, incansável, disposto a Este segundo momento
quebrar os limites, “pois os vedados términos quebrantas” (est. 41); constitui uma das
profecias de Os
•2.o momento: anúncio dos castigos a sofrer pela ousadia de navegar Lusíadas. A morte
os mares do gigante. trágica da família
- Castigos em geral: a morte dos tripulantes de “quantas naus fizerem esta Sepúlveda
viagem” (est. 43). é o episódio a que o
- Castigos em particular: morte de Bartolomeu Dias, que dobrou pela Adamastor presta maior
primeira vez o Cabo, de D. Francisco de Almeida, primeiro vice-rei da atenção porque se trata
Índia, e de Manuel de Sousa Sepúlveda e sua família. de um amor infeliz e
trágico, tal como seu.
Educação Literária
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ADAMASTOR
a
A interpelação de 4. PARTE Interpelação de Vasco da Gama
Gama afeta (est. 49-59) •Interrupção do discurso do gigante por Vasco da Gama que lhe pergunta
profundamente “Quem és tu?” (est.49).
o Adamastor, pois
vai obrigá-lo a Segundo discurso do Adamastor no qual se apresenta a sua história
falar de si próprio. •Apaixonou-se por Tétis num dia em que a viu sair nua da praia.
Daí a
•Abandonou a luta em que estava envolvido em conjunto com os irmãos.
inesperada mudança
que se produz nele: de •Por ser feio, decidiu conquistar Tétis à força
um tom de voz – “Pola grandeza feia de meu gesto / Determinei por armas de tomá-la” (est.
ameaçador passa para 53).
•A ninfa marcou um encontro com o Adamastor.
•No local, perdido de amor, julgando encontrar-se frente a Tétis,
beijou um penedo.
“Já que minha
presença não te
•Sentindo-se enganado, pois a ninfa não aparecera, deixou-se dominar
agrada, / Que te pela desilusão e pela dor e transformou-se num penedo, que deu origem ao
custava ter-me neste Cabo que ele é hoje.
engano, / Ou fosse •O seu sofrimento perdura, uma vez que continua rodeado por Tétis
monte, nuvem, sonho, – “por mais dobradas mágoas, / Me anda Tétis cercando destas águas” (est. 59).
ou nada?” (est. 57): a
momento de maior 5. PARTE Desaparecimento do gigante
intensidade do (est. 60) •Terminada a história, o gigante desaparece, soltando um profundo grito
sofrimento do gigante de sofrimento
Adamastor, que se – “cum medonho choro, / Súbito d’ ante os olhos se apartou; / Desfez-se
dirige à ninfa. A a nuvem negra, e cum sonoro / Bramido muito longe o mar soou”.
gradação final,
“monte, nuvem, sonho, •Vasco da Gama agradece a Deus e pede-lhe que retire os castigos que
ou nada”, é Adamastor tinha profetizado.
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
“Bramindo, o negro mar de longe brada” A repetição expressiva do som /r/ evoca os sons
Aliteração
(est. 38) do mar agitado.
“Tão grande era de membros que bem posso A comparação do Adamastor à estátua de Rodes
Certificar-te que este era o segundo destaca a sua estatura desmesurada/grandiosa.
Comparação
De Rodes estranhíssimo Colosso”
(est. 40)
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TEMPESTADE
a
1. PARTE A tempestade A repetição dos verbos
(est. 70-79) •Anúncio da tempestade por uma “nuvem negra que aparece” (est. 70). “Amaina” (est. 71) e
“Alija” (est. 72) expressa
•Agitação, confusão e desorientação a bordo.
a desorientação e o
Descrição da violência da tempestade nervosismo dos nautas.
•Movimentos violentos das naus no mar revolto O realismo descritivo
– “Agora sobre as nuvens os subiam / As ondas de Neptuno furibundo; / está associado às
sensações visuais e
Agora a ver parece que deciam / As íntimas entranhas do Profundo” (est.
auditivas, que evocam
76).
os barulhos do mar
•Referência hiperbólica à tempestade e do vento.
– “Nunca tão vivos raios fabricou / Contra a fera soberba dos Gigantes / A expressividade dos
O grão ferreiro sórdido” (est. 78). adjetivos ajuda a criar
e a descrever todo o
•Influência da tempestade nos animais marinhos, que, tristes e aterrorizados, ambiente de agitação –
fogem “grande e súbita
– “As Alciónias aves triste canto / Junto da costa brava levantaram,/ procela” (est. 71),
Lembrando-se do seu passado pranto, / Que as furiosas águas lhe causaram. “ventos indinados”
/ Os delfins namorados, entretanto, / Lá nas covas marítimas entraram, / (est. 71), “súbito temor
Fugindo à tempestade e ventos duros, / Que nem no fundo os deixa estar e desacordo” (est.
seguros.” (est. 77). 72), “gritos vãos”
(est. 75), “Neptuno
•Consequências destruidoras na Natureza envolvente furibundo” (est. 76).
– “Quantos montes, então, que derribaram / As ondas que batiam denodadas!
/ Quantas árvores velhas arrancaram / Do vento bravo as fúrias
indinadas!” (est. 79).
a
2. PARTE Súplica de Vasco da Gama O objetivo do discurso
(est. 80-83) Vasco da Gama dirige uma prece a Deus (“Divina guarda”). O seu discurso de Gama é persuadir
organiza-se em vários argumentos. Deus a ajudar os
portugueses que se
•1.o momento: Vasco da Gama recorda o poder imenso de Deus, que,
encontram em grandes
em momentos passados, já libertara outros homens de grandes dificuldades.
dificuldades e perigos.
•2.o momento: Gama diz a Deus que abandonou os portugueses que vão em
missão religiosa, ao Seu serviço
– “Mas antes teu serviço só pretende?” (est. 82).
•3.o momento: Vasco da Gama louva aqueles que tiveram a sorte de
morrer lutando pela fé cristã
– “Oh ditosos aqueles que puderam / Entre as agudas lanças Africanas /
Morrer, enquanto fortes sustiveram / A santa Fé nas terras Mauritanas”
(est. 83).
a
3. PARTE Crescendo da tempestade
(est. 84) Aumento da violência da tempestade: os ventos gritavam como “touros
indómitos” (est. 84) e os “Relâmpagos medonhos” (est. 84) não paravam.
a
4. PARTE Intervenção de Vénus
(est. 85-91) •Aparecimento de Vénus, que acusa Baco de ser responsável pela tempestade.
•Decisão de reunir as “ninfas amorosas” (est. 86), que, com o intuito de
dominarem os ventos, se embelezam e lhes dirigem palavras certeiras:
- a ninfa Oritia dirige-se ao vento Bóreas e diz-lhe que não poderá voltar
a amá-lo se este mantiver a ferocidade, pois o amor não é compatível com
o medo;
- Galateia utiliza os mesmos argumentos junto do vento Noto.
•Os ventos deixam-se seduzir pelas ninfas e a tempestade acalma.
•Vénus afirma que os protegerá, pois estes foram devotos do amor, por ela
defendido.
Educação Literária
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CHEGADA À ÍNDIA
(est. 92-94) Na manhã seguinte, já num ambiente calmo, os marinheiros avistam Calecute.
Gama agradece a Deus por ter livrado os portugueses dos perigos da
tempestade.
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
“Os ventos eram tais que não puderam A hipérbole evidencia a violência dos ventos, dos
Mostrar mais força d’ ímpeto cruel, trovões, em particular, e da tempestade, em geral.
Se pera derribar então vieram
A fortíssima Torre de
Babel.” (est. 74)
15
a
1. PARTE A decisão de Vénus
(est. 18-20) Decisão de Vénus de premiar os portugueses pelas vitórias alcançadas e pelo
sofrimento que padeceram.
a
2. PARTE O prémio
(est. 21-22) •Decisão de preparar uma ilha divina que será colocada na rota de regresso
dos marinheiros.
•Na ilha, encontrar-se-ão “aquáticas donzelas” (est. 22), escolhidas entre
as mais belas e as mais devotas do amor, que aguardarão pelos
marinheiros e recebê-los-ão com cânticos e danças, para despertarem
neles “secretas afeições” (est. 22).
a
3. PARTE A ajuda de Cupido (deus do Amor, filho de Vénus)
(est. 23-24) •Decisão de pedir ajuda a Cupido, seu filho, que já a ajudara noutra
situação similar: tinha levado a que Dido se apaixonasse por Eneias.
•Viagem ao encontro de Cupido num carro puxado por cisnes e rodeado
de pombas que se beijam.
a
4. PARTE A missão de Cupido
(est. 25-29) Cupido encontrava-se em Idália, cidade da ilha de Chipre, famosa pelo culto
de Vénus, com o objetivo de reunir um exército de cupidos para fazer uma
expedição com o fim de emendar os erros dos humanos, que se preocupam
mais com os bens materiais do que com os sentimentos, ou seja, não sabem
amar.
Estes exemplos vêm
São apresentados exemplos de situações em que os homens amam mal: justificar a expedição
- o caçador Actéon, que não soube amar a “bela forma humana” (est. que Cupido está a
26), é apresentado como metáfora daqueles que não sabem amar; organizar, pois, entre
- os homens que se amam a si próprios (est. 27); os Homens, “ninguém
- os aduladores, ou seja, aqueles que elogiam o outro com um interesse em ama o que deve” (est.
mente (est. 27); 29), o que leva Cupido a
- aqueles que amam as riquezas, o que os leva a deixar de lado a juntar os “seus
ministros” para ajudar
“justiça e integridade” (est. 28);
a “mal regida gente”
- os tiranos (est. 28); (est. 29) a
- as leis feitas a favor do Rei e contra o povo (est. 28). aprender a amar.
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
“Dar-lhe nos mares tristes, alegria” (est. 18) Destaca o contraste entre a dureza e o sofrimento
da vida do mar e o prémio que Vénus
pretende dar aos marinheiros, como
Antítese recompensa pelas dificuldades passadas.
“Os Deuses faz decer ao vil Alusão ao poder de Cupido, aliado à força do amor,
terreno E os humanos subir ao que é capaz de vencer todas as barreiras.
Céu sereno” (est. 20)
“No carro ajunta as aves que na vida A descrição aponta para o facto de os cisnes
Vão da morte as exéquias celebrando” cantarem mais suavemente quando estão
Perífrase
(est. 24) próximos da morte.
(As “aves” referem-se aos cisnes”).
Educação Literária
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8. Aventura de Leonardo
Estrutura externa: Canto IX, est. 75-84 Plano: Mitológico
Estrutura interna: Narração Narrador: Poeta
a
1. PARTE Caracterização de Leonardo
(est. 75-76) “bem disposto / manhoso, cavaleiro e namorado” (est.
75). Sem sorte no amor.
a
2. PARTE Discurso de Leonardo para convencer Efire
(v. 6 da Enquanto persegue Efire, Leonardo usa os seguintes argumentos:
est. 76 – - ainda que ela esperasse, a má sorte de Leonardo faria com que ele
est. 81) não a alcançasse;
- ele gostaria de saber que estratégia usaria a sorte para que ele não
conseguisse apanhar a ninfa (caso ela pare);
- se ela abrandasse, já estaria a alterar a má sorte de Leonardo;
- ela estava a colocar-se do lado da má sorte do marinheiro, quando
se deveria colocar do lado do mais fraco;
- ela levava, com ela, a alma de Leonardo, que até ao momento tinha
sido livre;
- ele continuava a persegui-la apenas porque tinha esperança de que ela
mudasse o destino dele, apaixonando-se.
a
3. PARTE Descrição de Efire
(est. 82) A ninfa já não corria para fugir de Leonardo, mas apenas para ouvir as suas
belas palavras. Por fim, parou e entregou-se ao marinheiro.
a
4. PARTE A união amorosa
(est. 83) O narrador descreve o enlace amoroso e termina afirmando “Milhor é
exprimentá-lo que julgá-lo; / Mas julgue-o quem não pode exprimentá-
lo.” (est. 83)
a
5. PARTE O casamento
(est. 84) Os marinheiros são coroados como heróis, recebendo louro e ouro. Por fim,
celebra-se uma cerimónia de casamento com as ninfas.
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
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Est. 145 •O poeta afirma que não precisará mais da inspiração das ninfas porque
não consegue continuar o seu canto: a lira está “destemperada” e a
“voz enrouquecida”.
•Diz que o cansaço deve-se não à dureza da elaboração de um poema
épico mas à consciência de que está a cantar para uma “gente surda e
endurecida.
•Afirma que a sua pátria “está metida / No gosto da cobiça e na rudeza
/ Du˜a austera, apagada e vil tristeza”.
•Os portugueses contemporâneos de Camões, que vivem dominados pela
cobiça e pela tristeza, são diferentes, negativamente, dos heróis que
o poeta louvou ao longo do poema.
Est. 146 •O poeta não compreende a falta de alegria, de vontade de trabalhar e
de enfrentar os novos desafios que caracteriza os homens do seu tempo.
•Dirige-se a D. Sebastião, apelando a que este se rodeie de “vassalos
excelentes”, ou seja, de portugueses que ainda sejam capazes de grandes
sacrifícios e que não estejam dominados pela tristeza, pela preguiça ou pela
cobiça.
Est. 154 •Dirigindo-se a D. Sebastião, o poeta autocaracteriza-se de forma humilde,
mostrando a sua pouca importância.
•O poeta oferece os seus serviços ao rei, destacando o seu valor: o honesto
estudo, a experiência e o engenho.
•Declara-se pronto para servir D. Sebastião tanto na guerra como enquanto
poeta. Se D. Sebastião o aceitar, o poeta cantará de forma gloriosa
todas as grandes vitórias que terão lugar, num nova epopeia.
RECURSOS
EXEMPLO(S) INTENCIONALIDADE
EXPRESSIVOS
Exemplo OS LUSÍADAS