Você está na página 1de 7

HISTÓRIA | ATIVIDADE AVALIATIVA EM DUPLA OU TRIO | ENSINO REMOTO

EMERGENCIAL |1º ANO | VALOR: 10 PONTOS


PRAZO PARA ENTREGA: 17 de setembro de 2021

1. Identificação
CURSO: BIMESTRE: 2º

DISCIPLINA: História TURMA:

TURMA(S):

Aluna/o:

Aluna/o:

PROFESSOR(A): Denilson de Cássio Silva

2. Tema

Expansão marítima portuguesa, séculos XV e XVI: sentidos do viajar.

3. Objetivos de aprendizagem

✓ Identificar os principais perigos enfrentados por navegadores do Atlântico nos séculos XV e XVI;
✓ Mapear as motivações e os objetivos de navegadores e de reis portugueses ao se lançarem à expansão
marítima;
✓ Discutir os diferentes significados do ato de se lançar em viagens rumo ao desconhecido;
✓ Compreender as interrelações entre humanismo renascentista e expansão marítima;
✓ Refletir sobre as relações entre o desenvolvimento do Estado português e a expansão marítima.

1
4. Questões
4.1.

Ao lado de Luís de Camões (1524-1580), Fernando Pessoa (1888-1935) pode ser considerado um dos
maiores poetas da Língua Portuguesa. No ano de 1934, quando já escrevera grande parte de seus trabalhos,
por meio de heterônimos – como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos - Pessoa lançou o livro
Mensagem. O autor assinou esta obra com seu próprio nome, estruturando-a com métricas, ritmos e rimas
variáveis, tendo como foco a história de Portugal. Em diálogo implícito com Os Lusíadas, de Camões,
Fernando Pessoa, em Mensagem, também enalteceu os feitos da pátria portuguesa, embora com uma
perspectiva mais reflexiva e questionadora do que a da epopeia camoniana. Integrantes da referida obra, os
dois poemas, abaixo, abordam os temas do medo e da coragem durante as Grandes Navegações.

IV. O MONSTRENGO X. MAR PORTUGUÊS

O mostrengo que está no fim do mar


Ó mar salgado, quanto do teu sal
Na noite de breu ergueu-se a voar;
São lágrimas de Portugal!
À roda da nau voou três vezes,
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Voou três vezes a chiar,
Quantos filhos em vão rezaram!
E disse: “Quem é que ousou entrar
Quantas noivas ficaram por casar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Para que fosses nosso, ó mar!
Meus tectos negros do fim do mundo?”
E o homem do leme disse, tremendo:
Valeu a pena? Tudo vale a pena
“El-Rei D. João Segundo!”
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
“De quem são as velas onde me roço?
Tem que passar além da dor.
De quem as quilhas que vejo e ouço?”
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Mas nele é que espelhou o céu
Três vezes rodou imundo e grosso,
“Quem vem poder o que só eu posso, (PESSOA, Fernando. Mensagem. [1934]. In: PESSOA,
Que moro onde nunca ninguém me visse Fernando. Obra poética de Fernando Pessoa: volume 1.
E escorro os medos do mar sem fundo?” Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, p. 34).
E o homem do leme tremeu, e disse:
“El-Rei D. João Segundo!”

Três vezes do leme as mãos ergueu,


Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
“Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo;
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”

(PESSOA, Fernando. Mensagem. [1934]. In: PESSOA,


2
Fernando. Obra poética de Fernando Pessoa: volume 1.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, p. 31).

Com base nos poemas e em seus estudos sobre a expansão marítima portuguesa, responda:
A) D. João II reinou em Portugal de 1481 a 1495. Cite duas realizações do expansionismo marítimo
lusitano durante tal reinado.

B) Quais aspectos das viagens ultramarinas amedrontavam os navegantes e quais os encorajavam a se


decidir pelo mar?

4.2.

Leia o poema abaixo.

Ano de 1500. Mar à vista. Terra à vista. De Vera Cruz. Dos Papagaios. Do Brasil.

A VIAGEM DO DESCOBRIMENTO

Montada a esquadra
para a Carreira das Índias.
Frondosa e sólida
e arriscada expedição
- em nome de Deus Trino
ou da ambição manuelina?

O comandante circula,
contempla vastidão líquida.
O Tejo e Lisboa
e os castelos medievos
- ainda estão presentes
ou foram perdidos de vista?
3
A tripulação, variegada,
em várias tarefas é dividida.
O piloto, o marinheiro,
o grumete, o capelão
- desejam mil aventuras
ou somente uma nova vida?

A sabida arte de marear


já prevê tormentas e calmarias.
Os mapas e bússolas,
astrolábios e quadrantes...
- Outra rota foi traçada
ou o acaso impor-se-ia?

Em tempo, deixados para trás


o Verde Cabo, as Canárias Ilhas.
As naus e caravelas
singraram e sangraram.
A sequela qual seria
de tal insana ousadia?

(SILVA, Denilson de Cássio. Peguntas da História: poemas. São Paulo: Editora Labrador, 2018, p. 30).

Cada uma das cinco estrofes termina com uma pergunta. Escolha duas delas e as responda.

4
4.3.

Leia a entrevista com o navegador brasileiro, Amyr Klink, realizada em 2012, pela jornalista Cristina
Romanelli – disponível em “Arquivos” no SIGAA. Então, responda:
Sobre a aventura de viajar por oceanos, quais semelhanças e diferenças – de expectativas e de
experiências - há entre os séculos XV e XXI? Para desenvolver sua resposta, pense nos objetivos de tais
viagens, nos saberes técnicos e tecnológicos, nas conquistas e nas frustrações, envolvidos em tais iniciativas.

4.4.

O texto intitulado “A dura vida dos navegantes”, do historiador Fábio Pestana Ramos – disponível em
https://web.archive.org/web/20160411073119/http:/rhbn.com.br/secao/capa/a-dura-vida-dos-navegantes -
descreve vários aspectos da vida em alto mar na Era dos Descobrimentos. Destaque dois fatores que, no seu
entender, tornava mais difícil as viagens transoceânicas. Justifique sua escolha.

5
4.5.

O infante (filho de reis) Manuel, após a morte do rei D. João II, ocupou o trono de Portugal, de 1495
a 1521. Desde cedo, mostrou-se entusiasta da expansão ultramarina, da atualização das leis do reino, do
desenvolvimento das ciências, da cartografia, da farmacêutica, da biologia, da literatura, da poesia, da
arquitetura. Reinterpretou, assim, o humanismo, vicejante em outras partes da Europa, promovendo o
Renascimento em Portugal, ao mesmo tempo em que cultivou um absolutismo, inspirado na teoria do direito
divino dos reis. O poema, abaixo, outro exemplar de Mensagem, de Fernando Pessoa, apresenta pistas de
como as pespectivas teocênctrica e antropocêntrica dividiam espaços na visão de mundo lusitana, durante o
período de formação e consolidação do moderno Estado português.

I. O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce


Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,


Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.


Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

(PESSOA, Fernando. Mensagem. [1934]. In: PESSOA, Fernando. Obra poética de Fernando Pessoa: volume 1. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, p. 29).

Especialmente, a partir da comparação entre o possível otimismo, presente nas duas primeiras estrofes,
e o possível lamento, manifesto na última, elabore duas hipóteses para a seguinte questão: Por que Portugal,
de pioneiro da centralização monárquica e da expansão marítima, no século XV, passou à qualidade de
potência de segunda grandeza no cenário europeu dos séculos seguintes? Para responder a esta questão,
atente, sobretudo, para os dois últimos versos do poema, a expressar o ponto de vista de um poeta do século
XX, ou seja, de alguém que conhece o desenrolar da história dos descobrimentos.

6
5. Material de estudo complementar

Entrevista “Uma cruzada pelos mares”, com Nigel Cliff. Disponível em


https://web.archive.org/web/20160410121842/http://rhbn.com.br/secao/entrevista/entrevista-com-nigel-
cliff
VAINFAS, Ronaldo; FARIA, Sheila de Castro; FERREIRA, Jorge; SANTOS, Georgina dos. História 1:
ensino médio. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Capítulo 11, “Em busca de riquezas”, p. 156-175. Disponível
em https://api.plurall.net/media_viewer/documents/2597283

Você também pode gostar