Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I
A História Trágico-Marítima é um conjunto de histórias de naufrágios ocorridos
sobretudo na segunda metade do século XVI que Bernardo Gomes de Brito decidiu
compilar e publicar em 2 volumes estes relatos que foram escritos pelos próprios
sobreviventes e apresentam a face negra dos descobrimentos, a tragédia em vez da
glória. Um desses relatos é o naufrágio por que passou Jorge de Albuquerque Coelho,
narrado por Bento Teixeira Pinto, um sobrevivente da nau Santo António. Em 1565 a
tripulação deu início à viagem entre o Brasil e Portugal, mas logo à saída encalhou e foi
obrigada a regressar. Apesar do acidente ser considerado por muitos um mau
presságio, depois de concertada a nau voltou a partir. Durante a viagem a tripulação
foi atacada pelos franceses, mas Jorge de Albuquerque tentou defendê-la durante 3
dias, apesar da escassez de homens e armamento. Quando os franceses abordaram a
nau mostraram uma dominação pela ousadia e bravura do fidalgo português.
Enquanto este pensava num plano para recuperar embarcação, início de uma violenta
tempestade que destruiu quase por completo afastando-a da nau francesa. Durante
vários dias sobreviveram no mar praticamente sem alimentos, sem velas e sem leme,
mas com muita fé em Cristo e na Virgem Maria.
Quando toda a esperança já parecia ter desaparecido e alguns marinheiros
queriam ceder à tentação diabólica de comer carne humana, foi avistada terra e uma
barca veio socorrer os poucos sobreviventes.
Interesse histórico-literário;
Cariz testemunhal
Popularidade
Sucesso Editorial
Tempestades;
Equipamentos deficientes;
Simbolismo do naufrágio:
Metáfora
O Homem enquanto ser que se encontra numa permanente viagem, ser peregrina pelo
mundo;
Momentos de agonia;
A tempestade
Às dez, escureceu por completo; parecia noite. O negro mar, em redor, todo se
cobria de espumas brancas; o estrondo era tanto, - do mar e do vento, - que uns aos outros se
não ouviam.
Nisto, levanta-se de lá uma vaga altíssima, toda negra por baixo, corada de
espumas; e, dando na proa com um borbotão (lufada) do vento, galga sobre ela, a submerge, a
arrasa. Estrondeando e partindo, leva o mastro do traquete com a sua verga e enxárcia; leva a
cavadeira, o castelo da proa, as âncoras; estilhaçada a ponte, o batel, o beque ( parte mais
avançada da proa), arrebatando pessoas, mantimentos, pipas. Tudo se quebra e lá vai no
escuro. A nau, até o mastro grande, fica submerso, e mais de meia hora debaixo de água.
Jorge de Albuquerque, como de costume, falava aos outros para lhes dar
coragem. Confiassem em Deus, - e ao mesmo tempo fossem dando à bomba, esgotando a
água que invadira o convés.
História Trágico-Marítima, Narrativas de Naufrágios da Época das Conquistas (adpt. António Sérgio), Porto, Porto
Editora, 2015, - pág. 124
Tema: Tempestade
Enumeração
Metáfora
Acontecimento verídico
Relato com caracter dramático, suscetível de emocionar a opinião pública
Viagem associada às aventuras e desventuras dos Descobrimentos
Tópicos de Análise