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Desde a segunda metade do século 20, vivemos o desenvolvimento contínuo da

virtualização das atividades humanas, ou seja, estamos cada vez mais rompendo as fronteiras
entre o chamado mundo real e o mundo virtual. Esse processo vai desde a virtualização dos
processos de comunicação e relações de trabalho até o consumo e as relações pessoais - esse
processo se acelerou e se fortaleceu este ano devido à pandemia de covid-19.
Apesar de ser um elemento novo na trajetória humana, a Internet estabelece a
simultaneidade na comunicação intermediária porque funciona em tempo real e muda a
dimensão do espaço pela existência e disponibilidade de coisas completamente remotas no
espaço geográfico. Portanto, pode-se afirmar que não é um novo meio: é uma nova dimensão,
um espaço de circulação de símbolos, um espaço de fluxo constante, um arquivo vivo e
atualizado de ideias, produtos e informações.
De fato, houve uma reorganização na sociedade com o surgimento das tecnologias de
informação, desde a Revolução Industrial até os dias atuais. É verdade que “estamos cruzando
distâncias e tempos de uma maneira que o nosso corpo físico sozinho não seria capaz”
(SANTAELLA, 2010, p. 217). O processo contemporâneo de transformação tecnológica, de
acordo com Lemos (2001, p. 1), caracteriza o momento de “ciborguização” no qual estamos
inseridos, que corresponde a uma sociedade permeada por “fluxos de informações digitais
planetários e suas diversas tecnologias ligadas por redes telemáticas” (LEMOS, 2001, p. 4).
As mudanças resultantes desses processos são profundas, e dentre elas está a virtualização do
corpo. Do processo contemporâneo de virtualizar o corpo, as máquinas68 ocupam um papel
determinante, pois é da relação com as máquinas que os estados corporais são modificados.
Virtual. Esta palavra está praticamente integrada ao cotidiano habitual, seu uso é
muito frequente em terminologias como “espaço virtual”, “realidade virtual”, “sala de aula
virtual”, “amizade virtual” e outros. Porém é de se constatar que a palavra “virtual” vem
sendo mal empregada no vocabulário do senso comum. Nos filmes de ficção científica69, por
exemplo, os robôs ganham vida, sentimento e inteligência. Para esse universo a palavra
virtual é vítima de uma simplória ironia, sinônimo de ilusão; “no uso corrente a palavra
virtual é empregada com frequência para significar a pura e a simples ausência de existência”,
nas palavras de Lévy (1996, p. 15).

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