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Alima Mussa Crassane

Conceitos de sentimento, emoções e vontade

(Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações)

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Alima Mussa Crassane

Conceitos de sentimento, emoções e vontade

Trabalho de carácter avaliativo, realizado no


âmbito da Cadeira de Filosofia, curso de
Licenciatura em Psicologia Social e das
Organizações, 1º Ano, leccionado pelo docente:
Juvenal Maricane M. Inruma.

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Índice
Introdução .................................................................................................................................. 1

Conceito de sentimento .............................................................................................................. 2

Exemplos de sentimentos ....................................................................................................... 2

Conceito de emoções ................................................................................................................. 2

Conceito de Vontade .................................................................................................................. 4

Características de vontade.......................................................................................................... 5

Funções de vontade .................................................................................................................... 6

Conclusão................................................................................................................................... 7

Referências bibliográficas .......................................................................................................... 8


Introdução
Hoje em dia, com o fácil acesso à informação que caracteriza os nossos dias, não nos seria
difícil incorporar neste trabalho uma análise resumida dos muitos estudos que têm sido
levados a cabo nesta área.

Decidimo-nos neste nosso trabalho por escolher ‘Conceitos de sentimento, emoções e vontade’,
um tema tão presente e marcante da vida humana. O estudo do mesmo foi sempre um aspecto
central da Psicologia e a sua expansão, ajudou a sublinhar a importância dos conceitos na área,
não apenas para psicólogos, mas também para os filósofos e para os cientistas sociais em geral.

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Conceito de sentimento
O sentimento é o resultado de uma experiência emocional. Neste sentido, as reações geradas
pelas emoções de forma consciente serão os gatilhos para a criação de sentimentos.
Geralmente, são sensações que acontecem no “fundo da mente” e podem ser facilmente
escondidas do mundo ao redor.

Entender a relação entre as emoções e os sentimentos é crucial para o autoconhecimento. Isto


porque um sentimento é algo profundo e que pode ser disfarçado pelo indivíduo. Por isso, é de
extrema importância ter alguém de confiança com quem a pessoa possa dividir seus
sentimentos.

Diferentemente das emoções, os sentimentos podem não ser passageiros e, em alguns casos,
podem durar a vida toda. Casos de sentimentos negativos (como tristeza profunda) podem
causar doenças, como a depressão.

Apesar de serem menos intensos que as emoções, os sentimentos duram muito mais tempo. O
que pode ser bom (como um sentimento de amor) ou ruim (como um sentimento de ódio).

Além disso, a causa do sentimento não é facilmente identificada, o que pode gerar angústia e
sofrimento para quem lida com sentimentos negativos. Por ser de âmbito extremamente íntimo,
o sofrimento pode passar despercebido por todos.

Exemplos de sentimentos
De modo geral, os sentimentos são vistos como uma disposição mental perante algo ou alguém.
Entre os exemplos de sentimento, pode-se citar:

Amor
Felicidade
Ódio
Inveja
Compaixão
Decepção

Conceito de emoções
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), as emoções são expressões de afeto
acompanhadas de reações intensas e breves do organismo em resposta a um acontecimento
inesperado ou, às vezes, muito aguardado, fantasiado. Nas emoções é possível observar a
relação entre os afetos e a expressão corporal. As reações orgânicas presentes na emoção fogem

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ao controle do indivíduo. Os autores citam que “podemos ‘segurar o choro’, mas não
conseguimos deixar de ‘chorar por dentro’, sentindo aquele nó na garganta. Às vezes até
tentamos, mas não conseguimos segurar duas ou três lágrimas que escorrem, traindo-nos e
demonstrando nossa emoção” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 167). Eles ainda
expõem que todas as reações orgânicas relativas à emoção são importantes descargas de tensão.
Portanto, de acordo com esses autores, a emoção é um momento de tensão em um organismo,
e as reações orgânicas são descargas emocionais.

Reeve (2006) complementa que as emoções são multidimensionais e envolvem fenômenos


subjetivos, biológicos, sociais e geralmente há um propósito. Entretanto, nenhuma dessas
dimensões em separado é capaz de definir adequadamente a emoção. Os fenômenos subjetivos
despertam um sentir de determinado modo (raiva, alegria). As reações biológicas são respostas
mobilizadoras de energia que preparam o corpo para se adaptar às diversas situações que o
indivíduo tenha que enfrentar. A emoção cria um desejo motivacional para se fazer algo que,
sem ela, não faríamos (combater um inimigo, protestar, abraçar), e a isso denomina-se agente
de propósito. Os fenômenos sociais surgem ao emitirmos sinais (faciais, posturais e vocais)
que comunicam aos outros a qualidade e intensidade de nossa emoção.

Scherer (2005) acrescenta que as emoções resultam de alterações sincronizadas e inter-


relacionadas desses componentes em resposta a estímulos que o indivíduo avalia como tendo
algum significado relevante. É esse significado que fará emergir a emoção, que será mais ou
menos intensa de acordo com o valor de relevância atribuído ao evento. O evento pode ser
externo (comportamento de outra pessoa, situação geradora de medo) adquirindo um
significado para o bem-estar da pessoa; pode também ser interno, quando o comportamento da
própria pessoa é o disparador da emoção (culpa; orgulho; vergonha).

Para Reeve (2006) “emoção é a palavra usada pelos psicólogos para dar nome a esse processo
coordenado e sincronizado” (REEVE, 2006, p. 191).

De acordo com Reeve (2006), as emoções são fenômenos expressivos e propositivos,


possuindo curta duração. Envolvem estados de sentimentos e ativação, auxiliando o indivíduo
na adaptação às oportunidades e desafios que precisa enfrentar durante eventos importantes da
vida. Perls (2002) enfatiza que nenhuma emoção ocorre sem que seus componentes fisiológicos
e psicológicos entrem em ação. O autor confirma a necessidade de se pensar no funcionamento
do organismo em interação com seu ambiente. “Uma emoção é a ‘awareness’ integrativa de

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uma relação entre organismo e ambiente, como tal é a função do campo” (PERLS;
HEFFERLINE; GOODMAN, 1997, p.212).

As emoções podem ser:


Primárias
Secundárias
De fundo

Conceito de Vontade
Hegel concebe a vontade como um conceito fundamental de sua filosofia do espírito objetivo;
é aí que entra sua concepção característica de liberdade. O ponto de partida na construção
filosófica hegeliana do sistema de leis como o domínio da liberdade realizada é a vontade. A
liberdade constitui a substância e a definição básica da vontade, assim “como gravidade
constitui a substância dos corpos” (HEGEL, 2005, §7), e a vontade tem como “finalidade a
realização do seu conceito, a liberdade no aspecto objetivo.” (HEGEL, 2005, §483).

O real do espírito objetivo está localizado na realização da vontade livre na autoconsciência de


indivíduos particulares elevados à consciência da universalidade. A liberdade “realiza-se pela
atividade particular de um povo” (ROSENFIELD, 1983, p.32), tornando-se explícita e objetiva
apenas nessa esfera. De acordo Hegel “as determinações pelas quais, na representação, o
espírito efetua o seu desenvolvimento são jornadas para alcançar produzir-se como vontade”.
A vontade é o método ou a forma da existência da liberdade no homem e, portanto, é impossível
ter vontade sem liberdade e liberdade sem vontade. Segundo Hegel “a vontade livre inclui de
início em si mesma, as diferenças que consistem que a liberdade é a sua determinação e seu
fim”. (HEGEL, 2005, §483).

A Vontade se libera do princípio de individuação por desconhecer a pluralidade, visto que esta
é apenas uma forma fenomenal. A pluralidade pertence à objetidade da Vontade e não a ela em
si mesma, já que ela não pode dividir-se entre seus fenômenos, sendo, portanto, indivisa e
inteira em cada um deles. Apenas as manifestações dela existem para o conhecimento que é
incapaz de apreender o todo, no qual as manifestações da Vontade surgem como pluralidade.

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Características de vontade
Dentro de uma abordagem transpessoal a vontade para estar plenamente desenvolvida deve ser
considerada como tendo vários atributos, quais sejam força (poder), habilidade (inteligência),
boa direcção (amor) e significação espiritual (sentido da vida).

Força (poder): a força é, em certo sentido, o mais fundamental e também o mais íntimo aspecto
da vontade. Na força da vontade reside o seu poder, a sua energia. Ao desenvolver a força de
vontade, certificamo-nos de que um ato de vontade contém suficiente intensidade, para levar
avante um propósito. Todas as pessoas a possuem, pois é característica inerente do Ser
Essencial que somos, mas são poucos que utilizam esta força. A maioria a mantém débil
durante muito tempo, mas mesmo assim ela continua existindo em estado latente até que o
indivíduo tome a decisão de utilizá-la.

Habilidade (inteligência): Como atributo da vontade, a habilidade consiste na capacidade de


obter os resultados desejados com o menor dispêndio possível de energia.

Quem quer chegar a um lugar distante não faz esse percurso em linha recta, atravessando
florestas, rios, escalando edifícios, etc. Estuda antes um mapa rodoviário, utiliza as estradas
existentes, as quais, embora não sejam desenhadas em linha recta, podem conduzir ao almejado
destino com um mínimo de esforço. Nem tampouco, vai andando até o seu destino, mas
aproveita os meios de transportes ao seu alcance, ou seja os veículos que se dirigem ao lugar
que deseja chegar.

Boa direcção (amor): Mesmo quando a vontade é dotada de força e habilidade, nem sempre
é satisfatória. De fato, ela pode até ser bastante nociva, pois se essa vontade for dirigida para
fins maldosos, torna-se um grave perigo para a sociedade. Uma pessoa de vontade forte e hábil,
capaz de utilizar ao máximo seus talentos naturais, pode subjugar ou corromper a vontade dos
outros; alguém que tudo ouse, nada tema e não tenha as próprias acções direccionadas por
considerações éticas, pelo sentimento do amor ou da compaixão, pode influenciar
desastrosamente uma comunidade e até uma nação inteira.

Significação espiritual (sentido da vida) - Os três atributos da vontade até aqui mencionados
parecem constituir a totalidade das características da vontade. Isso pode ser verdadeiro para o
ser humano "comum", no qual tais características podem ser suficientes para a auto-realização
e para levar uma vida intensa e útil. Mas existe no homem outra dimensão. Embora muitos não
tenham consciência dela e cheguem a negar-lhe a existência - existe outra espécie de percepção,

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cuja realidade foi testemunhada pela experiência directa de grande número de indivíduos,
através da História. A dimensão em que funciona essa consciência pode ser chamada "vertical".
Essa dimensão da vontade é puramente espiritual, onde se busca uma significação para a vida.

Funções de vontade
A função essencial da habilidade dentro da vontade, que precisamos cultivar, é o
desenvolvimento de uma estratégia inteligente, que seja a mais eficaz e que envolva maior
economia de recursos, de preferência a qualquer outra, mais directa e óbvia.

Utilizemos uma comparação alegórica, suponhamos que alguém deseje se locomover com um
automóvel. Se essa pessoa se colocar atrás dele, empurrando-o com todas as suas forças - estará
empregando apenas a força da vontade. Mas se, ao contrário, sentar-se comodamente no banco
do motorista, ligar a ignição e dirigir o carro, estará empregando a vontade hábil. No primeiro
caso, a pessoa terá boas probabilidades de malogro e, mesmo com êxito, terá despendido
desnecessariamente uma enorme soma de energia.

Terá feito um desagradável esforço, que poderá deixá-la temporariamente exaurida e,


certamente, haverá de fazer o possível para que tal experiência não se repita no futuro. No
segundo caso, o êxito é garantido - com um mínimo de esforço - contanto que, antes, a pessoa
tenha se informado acerca do funcionamento do carro e tenha suficiente habilidade para lidar
com ele.

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Conclusão
Após uma analise no trabalho, concluímos que, os sentimentos, emoções e vontades são
palavras bem conhecidas e utilizadas no cotidiano. Contudo, existe uma confusão quanto à
conceituação, principalmente no que se refere a sentimentos e emoções, onde tais termos são
vistos como semelhantes. Por vezes, até entre especialistas a conceituação pode ser confusa. O
objetivo deste estudo foi apresentar uma base conceitual para a diferenciação do tema,
realizando uma revisão narrativa de literatura através de livros e artigos científicos. SciELO e
SAGE foram as bases utilizadas.

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Referências bibliográficas
HEGEL, G.W.F. (2005). Ciência de la Logica. Buenos Aires: Ediciones Solar.
ROSENFIELD, Denis L. Política e Liberdade em Hegel. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.
REEVE, Johnmarshall. (2006). Motivação e emoção. Rio de Janeiro: LTC.
SCHERER, Klaus. What are emotions? And how can they be measured? Social Science
Information, v.44, n.4, 2005. Disponível em: http://ssi.sagepub.com/content/44/4/695. Acesso
em: 20 jun. 2014.
PERLS, Frederick Salomon. Ego, fome e agressão. São Paulo: Summus, 2002.
PERLS, Frederick Salomon; HEFFERLINE, Ralph; GOODMAN, Paul. (1997). Gestalt-
terapia. São Paulo: Summus,

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