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AS EMOÇÕES

ENSINO MULTIDISCIPLINAR EM TERAPIAS


NATURAIS, HOLÍSTICAS E COMPLEMENTARES

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SUMÁRIO

AS EMOÇÕES 3

PERSPECTIVAS SOBE AS EMOÇÕES 5

ESTRUTURAS BIOLÓGICAS DA EMOÇÃO 7

OS SENTIMENTOS 9

AFETO 10

CONCLUSÃO 11

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AS EMOÇÕES As emoções tratam-se de um processo passageiro, de-
sencadeado por um estímulo (externo ou interno). Elas
ocorrem a nível psíquico, na maioria das vezes incons-
cientemente, e são difíceis de verbalizar, no entanto, re-
presentam um poderoso meio de comunicação (expres-
sões corporais).

Os animais também experienciam emoções. A diferença


é que as emoções humanas têm como característica o
modo como estão ligadas às ideias, aos valores, aos prin-
cípios e aos juízos complexos.

Sem perceber, desde o momento em que acordamos até


o momento em que vamos dormir, essas emoções fazem
parte das nossas experiencias diárias. Se repararmos, de
fato, a emoção é a primeira característica que evidencia-
mos ao nascer, através do choro.

Não temos como deixar de sentir as emoções, não há


como “não sentir”. No entanto, é possível sentir e buscar
compreender estas emoções, assim, mesmo emoções
negativas podem ser transmutadas, transformadas em
aprendizado. Ao sentir uma emoção negativa, devemos
nos perguntar: Porque estou sentindo isso? De onde vem
isso? A quem esta emoção está relacionada? Está relacio-
nada a alguma pessoa, algum fato, alguma situação? O
fato de analisar as emoções de forma consciente faz com
que a energia delas seja transformada em algo positivo.
Transformar uma emoção ruim como a raiva, por exem-
plo, em algo extremamente construtivo, como impulso
para uma mudança, força e ímpeto para uma mudança
Algumas características importantes das emoções:

• Têm origem numa causa, num objeto;

• São reações corporais específicas, observá-


veis;

• São públicas e voltadas para o exterior;

• São automáticas e inconscientes;

• Podem ser negativas ou positivas (polari-


dade);

• São versáteis: variam em intensidade e são


de breve duração;

• Relacionam-se com o tempo: as emoções


têm princípio e fim.

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Importância das Emoções
• Alertam-nos para o perigo;
• Nos proporcionam a hipótese de criar laços com os outros, desempe-
nhando um papel importante na vida em sociedade;

• Influenciam a tomada de decisões;

• Alteram o nosso comportamento;

• Fornecem aos outros informações sobre o nosso estado interno.

Componentes das Emoções:


• Componente cognitiva – ocorre quando tomamos conhecimento do
fato. Se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer
emoção. Por isso é um equívoco considerar emoção e cognição como
dois conceitos incompatíveis;

• Componente avaliativa – é feita uma avaliação, agradável ou desagradá-


vel da situação;

• Componente fisiológica – manifestações orgânicas e corporais face à


emoção;

• Componente expressiva – expressões corporais que permitem mostrar


ao outro as nossas emoções;

• Componente comportamental – comportamento que o sujeito poderá


ter face a outro sujeito, é o estado emocional que desencadeia determi-
nado conjunto de comportamentos;

• Componente subjetiva – relaciona-se com o que o indivíduo sente a nível


emocional e interior e que só ele tem acesso, ou seja, é o estado afetivo
associado à emoção.

Emoções Primárias e Universais


As emoções básicas caracterizam-se por expressões universais, ou seja, são comuns
a todos os indivíduos. Os nossos rostos não se costumam designar como “espelhos
da alma” por mero caso, pois estes refletem emoções. Estas manifestações são com-
preensíveis para todas as pessoas, pois, independentemente da cultura ou do local do
planeta em que nos encontramos, qualquer pessoa saberá identificar alegria no nosso
rosto ao esboçarmos um sorriso.

Partilhadas por indivíduos de todas as culturas e ligadas a processos neurais e fisiológi-


cos específicos, são elas:

• Alegria;

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• Tristeza;

• Surpresa;

• Medo;

• Ira;

• Espanto.

Emoções Secundárias e Sociais


Emoções associadas a relações sociais nas quais os aspectos socioculturais apreendi-
dos são muito significativos (exemplo: vergonha).

É certo que a sociedade desempenha um papel muito mais importante na formação


das emoções secundárias. Enquanto que as emoções primárias são inatas e biologica-
mente programadas.

Emoções de Fundo
Estamos perante emoções de fundo quando conseguimos detectar estados, como o
bem-estar, mal-estar, calma ou tensão, sem que uma única palavra tenha sido dita.

PERSPECTIVAS As emoções constituem um aspecto muito complexo do


ser humano e são objeto de várias interpretações que
SOBRE AS se organizam em várias perspectivas. Essas perspectivas
EMOÇÕES dão-nos conhecimento da natureza e da base das emo-
ções.

Perspectiva Evolutiva
Foi desenvolvida por Charles Darwin que, através da com-
paração de expressões de emoções humanas com as dos
animais, identificou seis emoções primárias ou univer-
sais: a alegria, a tristeza, a cólera, o desgosto, a surpresa
e o medo. Para cada uma destas emoções, descreve as
suas manifestações fisiológicas, pois as emoções são pú-
blicas e, portanto, partilhadas com os outros através de
expressões faciais.

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Darwin considera que as emoções desempenham um papel adaptativo fundamental
na história da espécie humana, sendo determinantes na nossa capacidade de sobrevi-
vência.

Experiência de Ekman
Paul Ekman foi um cientista que desenvolveu uma investigação em que procurou testar
uma hipótese que defendia que os indivíduos de culturas distintas sentiriam diferentes
emoções.

Ekman realizou uma experiência: apresentou a uma tribo isolada da Nova Guiné ex-
pressões emocionais de norte-americanos, e concluiu que haviam emoções que se ma-
nifestavam de forma semelhante nos dois povos de culturas diferentes, ou seja, há
emoções que são universais, independentemente da aprendizagem e da cultura. Con-
tudo, Paul Ekman não excluiu a influência da cultura na expressão das emoções.

Perspectiva Fisiológica
O psicólogo e médico William James tem como interesse fundamental o estabelecimen-
to da relação entre o corpo e a mente, que se influenciariam mutuamente: a mente
influencia o corpo e o corpo influencia a mente.

Exemplo: Posso sentir-me triste se assumir uma expressão facial de tristeza (numa si-
tuação que nos provoca um choro de tristeza, só depois é que tomamos consciência da
tristeza).

Perspectiva Cognitiva
De acordo com a perspectiva cognitivista, existe uma relação entre os nossos proces-
sos cognitivos e as emoções. As nossas cognições são um elemento fundamental no
desencadeamento das emoções: é o modo como eu encaro uma situação, que causa a
emoção. Dessa forma, as emoções dependem do modo como avaliamos as situações.

Exemplo: zango-me com uma pessoa porque interpreto o seu comportamento como
ofensivo, (não é o comportamento da pessoa em si que provoca a minha raiva, mas o
fato de eu o interpretar como tal).

Perspectiva Cultural
De acordo com a perspectiva cultural, as emoções são comportamentos aprendidos no
processo de socialização, ou seja, as emoções são como a linguagem, uma construção
social. A cada cultura correspondem diferentes emoções e diferentes formas de as ex-
primir.

Exemplo: Em algumas culturas não se admite que os homens chorem, enquanto que
noutras culturas a expressão das emoções pelo choro é valorizada.

Independentemente do sexo, o modo como se chora, quem pode chorar, onde se cho-
ra, varia de cultura para cultura. Cada cultura tem o seu conjunto de regras que especi-

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ficam o tipo de emoções que se podem manifestar nas diferentes situações.

Exemplo: Um desgosto profundo pode ser sentido da mesma forma idêntica por um
japonês, um português, ou um indiano, mas o modo de o exprimir é diferente.

ESTRUTURAS As bases biológicas da emoção:

BIOLÓGICAS DA • As emoções tem um papel regulador, pois


EMOÇÃO ajuda um organismo a sobreviver;

• As emoções são inatas, contudo, a cultura


e a aprendizagem alteram as suas expres-
sões, atribuindo-lhes um significado dife-
rente;

• Os dispositivos cerebrais responsáveis ocu-


pam um conjunto restrito de zonas: tronco
cerebral, progredindo para as partes supe-
riores. Esses dispositivos são ativados au-
tomaticamente e inconscientemente.

Regularmente, há uma grande tendência a considerar


apenas os juízos racionais como determinantes na ava-
liação de situações e na construção de respostas aos es-
tímulos. Para o melhor ou para o pior, os processos emo-
cionais também influenciam esses fatores, e em larga
medida.

As emoções são essenciais para a sobrevivência do ser


humano e, na verdade, o sistema límbico (estrutura ce-
rebral associada às emoções) toma controle sobre nós
quando nos encontramos em situações de perigo, ou
possivelmente perigosas. Existem estruturas específicas
que nos permitirão entender melhor este processo.

Reatividade Emocional
A amígdala é a estrutura cerebral envolvente mais impor-
tante na reatividade emocional imediata ao medo e à ira.

É parte integrante do sistema límbico, localiza-se no in-


terior de cada hemisfério, no lobo temporal. Processa o
significado emocional dos estímulos, gerando reações

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emocionais e comportamentais imediatas.

Percebe-se que a existência de um caminho de emergência entre o tálamo e a amíg-


dala, é chamado a intervir em casos de emergência. Quando nos encontramos nesse
estado, o sistema límbico assume controle do cérebro e antes que a sensação visual
chegue ao córtex associado, por meio do caminho de emergência, podemos agir sem
ter conhecimento e entendimento do que está acontecendo.

A amígdala constitui uma estrutura importante no processamento do medo e ira, po-


rém, não explica a totalidade das expressões emocionais. Existe, portanto, uma estru-
tura (que tem sido alvo de estudos num passado recente) e que não faz, inclusive, parte
do sistema límbico: córtex orbitofrontal.

Situa-se na face inferior do lobo fontral, é importante no planejamento e na coordena-


ção de comportamentos destinados a atingir objetivos. Age antecipando e avaliando o
valor potencial da recompensa/prejuízo de um comportamento.

A região frontal, funciona coordenando, unificando e integrando toda a informação que


chega ao cérebro. O córtex orbitofrontal e o circuito pré-frontal-amígdala são regiões
do cérebro que atuam no processo de tomada de decisões.

Portanto, a função biológica das emoções é, então, dupla: tem, por um lado, o papel de
produzir uma reação específica a uma situação e, por outro lado, permite a regulação
do estado interno do organismo, com a finalidade de o preparar para essa reação es-
pecífica.

A mente funciona como um todo, unificando e integrando diversos aspectos e proces-


sos inter-relacionados. Existe uma clara relação de interdependência entre processos
cognitivos e emocionais.

Estímulo Percepção e
emocional Avaliação

Estado emocional;
Desencadeamen-
alterações fisiológi-
to e execução da
cas e reação
emoção
específica

Marcadores Somáticos
Através da aprendizagem depreendemos a recompensa ou prejuízo associados a cer-
tas situações. Assim saberemos, que uma certa ação, dependendo da situação, pode

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levar a um resultado positivo ou não satisfatório.

Os marcadores somáticos baseiam-se no passado das nossas emoções: na medida em


que uma ação sofreu, no passado, uma experiência negativa, estaremos motivados a
evitá-la e a pensar em uma ação alternativa (e assim consecutivamente). Os marcado-
res somáticos aumentam a precisão e eficiência dos nossos processos de decisão.

OS SENTIMENTOS Sentimento, por sua vez, é um processo mental relati-


vamente estável, resultante da emoção. É uma experi-
ência subjetiva dos afetos e das emoções. Esse proces-
so distingue-se da emoção, pelo seu caráter subjetivo e
cognitivo e pelo fato de ser inseparável dos valores. Um
sentimento é privado (não observável pelos outros), ao
contrário das emoções.

O ser humano, enquanto ser dotado de consciência, ana-


lisa, interpreta, organiza e reflete sobre os seus próprios
sentimentos, isto é, constrói sentimentos a partir dos
mesmos.

Diferenças entre Sentimentos e


Emoções
• Emoções e sentimentos constituem, res-
pectivamente, o começo e o fim de um
processo contínuo;

• As emoções são públicas, enquanto que os


sentimentos são privados;

• Os mecanismos subjacentes às emoções e


aos sentimentos são distintos;

• Os mecanismos básicos do sentimento não


requerem, necessariamente consciência;

• Emoções geram sentimentos e estes, por


sua vez, geram emoções num ciclo contí-
nuo;

• Os sentimentos possuem uma relação pri-


vilegiada com a consciência.

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Resumindo: emoções são públicas e passageiras e sentimentos são privados e dura-
douros.

AFETO Este é um conceito bastante utilizado e empregue ao lon-


go da nossa vida e cotidiano, podendo ser empiricamente
sinônimo de emoção ou sentimento, erroneamente, no
entanto.

O afeto é a sensação imediata e subjetiva que temos em


relação a um objeto, pessoa, situação. Logo, os afetos es-
tão associados às emoções e sentimentos, mas não se
confundem com estes.

Falar de afetos é falar da relação. A relação implica uma


troca, em que se dá e se recebe, o que envolve sempre
modificação dos elementos envolvidos. Nestas relações
somos afetados pelos outros e os afetamos também. Os
afetos que se estabelecem constroem a matriz da nossa
vida pessoal e podem exprimir-se pelo amor mas tam-
bém pelo ódio. A nossa sobrevivência psicológica funda-
menta-se nas relações interpessoais.

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CONCLUSÃO O terapeuta deve estar atento às emoções de seu cliente/
utente, pois pode contribuir significativamente na anam-
nese terapêutica.

Como terapeutas holísticos/integrativos, devemos ficar


atentos às expressões verbais ou não-verbais de nossos
clientes/utentes, pois através delas muitos estados emo-
cionais podem ser percebidos.

Evite fazer diagnóstico de seu cliente/utente, pois diag-


nóstico é uma atribuição médica. Também não se deve
interferir em quaisquer outros tratamentos.

Terapias holísticas/integrativas funcionam como terapias


preventivas e complementares. Portanto, jamais inter-
fira em tratamentos médicos e sempre oriente a pessoa
que procure o médico, caso identificar que ela precisa de
auxílio de um profissional da saúde.

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