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Agrupamento de Escolas de Ribeira de Pena

David de Jesus Rodrigues Lopes, 12ºB


Fernando Martins Ribeiro, 12ºB
José Lucas Alves Borges, 12ºB
Letícia Fabiana Mendes Silva,12ºB

Ribeira de Pena, março de 2023


Emoções
Tal como aprendemos com Damásio, as emoções são omnipresentes e residem em
todos os seres humanos, de todas as idades e condições ,de todas as culturas. Existe uma
relação íntima das emoções com os valores, as ideias e os princípios, presentes apenas na
natureza humana, estando ausente nos animais.Variam de pessoa para pessoa e assim a
sua complexidade reside na relação íntima e na história de vida e significado que cada um
atribui às pessoas, às coisas, aos lugares. Não existe uma definição simples e concreta de
emoções mas existem algumas noções que devemos ter das mesmas: São delimitadas no
tempo; Variam de intensidade; Refletem-se nas alterações corporais (gestos, aceleração do
ritmo cardíaco, expressões faciais…); Apresentam causas e dirigem-se a objetos
específicos; São também caracterizadas pela sua grande versatilidade (aparecem e
desaparecem com rapidez). Apresentam polaridade, negativa ou positiva, que varia com a
intensidade; São interpretações subjetivas dos factos.
As emoções são desencadeadas por um acontecimento, pessoa, situação, que é
objeto de uma avaliação cognitiva nem sempre consciente. São geralmente acompanhadas
por reações biológicas (movimentos, gestos, aceleração do ritmo cardíaco) que podem, por
sua vez, desencadear ações como a fuga, no caso do medo. As expressões das emoções
desencadeiam, junto de quem está presente, reações que poderão suscitar novas emoções.
Existem 3 tipos de emoções, segundo Damásio:
- emoções primárias ou universais - alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou
aversão.
- emoções secundárias ou sociais - vergonha, ciúme, culpa ou orgulho.
- emoções de fundo - bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.

No livro, O Erro de Descartes, o neurocientista esclarece que as emoções


primárias são as que aparecem desde muito cedo, na infância (chama-lhes, por isso,
emoções primárias, iniciais). Estas emoções são inatas, úteis para uma reação rápida
quando surgem determinados estímulos do meio externo ou interno. Assim, os seres
humanos estão programados para reagirem com uma emoção quando certas situações são
detectadas
Já as emoções secundárias foram-se constituindo sobre as emoções iniciais e
seriam as que se experimentam mais tarde dado que implicam uma avaliação cognitiva das
situações e o recurso a aprendizagens feitas.
As emoções envolvem um conjunto de componentes:
Componente cognitiva - é o conhecimento de uma determinada situação para que
se possam exprimir emoções
Componente avaliativa - reação a determinada situação em função dos interesses,
valores e objetivos.
Componente fisiológica - reação fisiológica/ biológica (manifestação orgânica) face
à situação
Componente expressiva - Adaptação da expressão facial à situação.Esta
componente tem uma função social importante, porque é uma forma de comunicação.
Componente comportamental - comportamentos desencadeados pelos
sentimentos.
Componente subjetiva - as emoções serão subjetivas assim como os
comportamentos para diferentes pessoas, em diferentes situações.

Sentimentos
O sentimento é a consciencialização das emoções, ou seja, ocorre a transferência
das emoções para determinadas zonas do cérebro, onde são codificadas sob a forma de
atividade neuronal. Os sentimentos são subjetivos, mais duradouros e menos intensos que
emoções. São privados e podem ser camuflados. Servem de guias e através da sua
percepção da realidade nos indicam o caminho a tomar. Os sentimentos são a base da
conexão entre os seres humanos, são eles que nos permitem conhecer-nos a nós próprios
e dar-nos a conhecer aos outros através da forma como agimos, sendo assim a base da
comunicação e permitindo-nos estabelecer empatia com o próximo. Pessoas que partilham
experiências semelhantes e que, portanto, sentem algo equivalente tendem a juntar-se em
grupos e formarem uma conexão mais forte com esses indivíduos.
Tal como as emoções, os sentimentos, são muitas vezes inconscientes. Assim
Damásio admite que existem 3 fases:
-1-0 estado de emoção - a emoção pode ser desencadeada e experimentada de
forma inconsciente.
-2-0 estado de sentimento - pode ser representado de forma não consciente.
-3-0 estado de sentimento tornado consciente - conhecido pelo organismo que
experimenta a emoção e o sentimento.

Afetos
Os afetos exprimem-se através das emoções, sendo organizados pelas experiências
emocionais que se repetem. São concretizados através das emoções. As emoções são
experimentadas como um estado intenso, mais momentâneas do que prolongadas. Para
além das relações que estabelecemos com pessoas, os afetos manifestam-se também por
objetos e lugares. Os afetos são emoções básicas que sentimos em resposta a estímulos
externos ou internos, e podem variar desde sentimentos positivos, como alegria e amor, até
sentimentos negativos, como tristeza e raiva. Quando lidamos com os afetos, é importante
lembrar que todos eles têm uma função adaptativa, ou seja, são úteis para a nossa
sobrevivência e desenvolvimento pessoal.
Relação das emoções, dos sentimentos e dos afetos com o filme: As diferentes
personalidades de Kevin apresentavam diferentes formas de reagir a cada situação e
interpretar diferentes problemas e por isso, cada personalidade manifestavam diferentes
emoções, sentimentos e afetos.

Perspetiva evolutiva

Charles Darwin
Um importante biólogo britânico, desenvolveu investigações sobre as emoções, pois
considerava que tinham uma relação muito estreita com a evolução das espécies (seleção
natural). No livro A Expressão da Emoção no Homem e nos Animais (1972), o evolucionista
procurou traços comuns na expressão das emoções entre os diferentes povos primitivos,
recolheu dados junto dos psiquiatras sobre a manifestação das emoções em doentes
mentais, registou as reações dos seus filhos face a situações que lhes provocavam alegria,
frustração, agressividade, etc. A partir destes dados, e de fotografias de pessoas em
estados emocionais, procurou comparar a expressão das emoções humanas com a dos
animais, principalmente com as dos macacos, produzindo um catálogo das emoções.
Darwin distingue seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a
cólera, o desgosto e o medo. Descreve, para cada uma destas emoções, as suas
manifestações fisiológicas (a postura corporal, as expressões faciais, os movimentos…).
Um indivíduo com raiva comunica através do tom de voz, da mímica facial, da tensão
muscular e dos movimentos, que indiciam agressão. Darwin considera que as emoções
desempenham um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo
determinantes na nossa capacidade de sobrevivência, por exemplo o medo permitiu-nos
afastar-nos e protegermo-nos de situações que nos podiam provocar mortos (animais
ferozes).

Paul Ekman
Um antropólogo na década de 60 do século XX conduziu na Universidade da
Califórnia, uma investigação em que procurou testar uma hipótese que defendia: indivíduos
de culturas distintas sentiriam diferentes emoções. Assim, na Nova Guiné, junto da tribo
Fore, um grupo isolado que nunca contactara com ocidentais, que Ekman vai fazer uma
experiência: conta, a alguns elementos que selecionou, uma história, apresentando de
seguida fotografias de norte-americanos com diferentes expressões emocionais.
Perguntava-lhes, então, qual é que estaria mais de acordo com o sentido da história
contada. Fotografou também as expressões faciais de outros indivíduos a quem pedia que
manifestassem o que sentiam quando ouviram frases como: "Estas triste porque o teu filho
está muito doente", "Estás alegre porque o teu amigo regressou". Quando chegou aos EUA,
fez a mesma experiência com norte-americanos com as fotografias que tirou na Nova
Guiné. Contrariamente à hipótese que colocara, concluiu que havia emoções que estavam
presentes e que se manifestavam de forma semelhante nos dois povos que apresentavam
culturas diferentes. Nestas pesquisas testou as expressões faciais de seis emoções
básicas: a cólera, a alegria, o medo, a surpresa, a tristeza e o desgosto. O medo e a
surpresa foram as emoções que o povo Foré (Nova Guiné) mais dificuldade tiveram em
reconhecer.
Concluíram então, que há emoções que são universais, independentes dos processos de
aprendizagem e da cultura em que se observam confirmando a tese de Darwin. Apesar
disto, Ekman não exclui a influência da cultura na expressão das emoções, havendo regras
que orientam a sua manifestação, no entanto isto não contraria o fundamental da sua teoria.
Como todas as teorias, a de Ekman não foi exceção à crítica por parte de outros
antropólogos, no entanto, existe um conjunto de emoções partilhadas pela Humanidade que
não são aprendidas é um facto. Por exemplo, crianças com cegueira congénita apresentam
as mesmas expressões das crianças que veem. Ou, os bebés apresentam, desde muito
cedo, expressões muito semelhantes às dos adultos, o que confirmaria a existência de um
património comum ao nível das emoções e da sua expressão facial.
Relação da perspetiva evolutiva com o filme: è notório que as três raparigas que
foram raptadas sentiam medo e que apesar de serem diferentes as alterações físicas
(aceleração do ritmo cardíaco, ansiedade) que demonstravam ao sentir medo eram as
mesmas sugerindo que de facto as emoções são primordiais e foram essenciais para
sobrevivência do ser humano.

Perspetiva fisiológica
Em finais do século XIX o psicólogo e médico norte-americano William James desenvolveu
uma teoria que contraria a nossa experiência pessoal. Imaginemos uma situação de perigo,
segundo William, eu não fujo porque tenho medo, mas sim, eu tenho medo porque fujo. Ou
seja, é o tomar consciência das pernas a tremer, do coração a bater e da respiração
ofegante que me faz sentir medo. Assim as emoções resultam das perceções do estado do
corpo, das mudanças orgânicas provocadas por estímulos particulares. Os estímulos
produzem alterações orgânicas que, por sua vez, geram emoções, estando inicialmente
ligados a respostas físicas que só posteriormente são interpretadas como emoções (sendo
um estado subjetivo).
Deste modo, se retirarmos do comportamento que acompanha uma emoção forte, uma a
uma, as componentes fisiológicas, não irá restar emoção ficando apenas com uma
perceção cognitiva e não com uma emoção. Podemos então concluir que existe uma
relação intrínseca entre o corpo e a mente e que se influenciam mutuamente: a mente
influencia o corpo, mas o corpo também influencia a mente. Wundt e Titchener contestaram
a posição de William James. Para eles, as alterações orgânicas são a consequência e não
a causa dos nossos estados emocionais.
Relação da perspetiva fisiológica com o filme: As várias tentativas de fuga das
raparigas devem-se ao medo que as mesmas sentiram através da aceleração do ritmo
cardíaco, da tremura e da ansiedade.

Perspetiva cognitivista
A perspetiva cognitivista admite que existe uma estreita relação entre o que
sentimos e o que pensamos. Para os defensores desta conceção, as nossas cognições,
são um elemento fundamental no desencadeamento das emoções. São fatores cognitivos
que explicariam os estados emocionais, sendo o modo como eu encaro uma situação e
como a interpreto, que causa a emoção.
A emoção é determinada pelo modo como representamos a situação e pela avaliação
pessoal que lhe damos.
Alguns críticos desta teoria contrapuseram esta perspetiva dizendo que há emoções
que não têm na base o pensamento: tenho medo aranhas, embora saiba que não fazem
mal; deste modo, quando se afirma que as emoções resultam da forma como pensamos e
do que pensamos, tal não significa que pensemos de forma consciente.
Outros críticos consideram que o facto de os recém-nascidos serem capazes de
exprimir emoções muito antes de poderem reconhecer qualquer estímulo visual, e de muitos
animais experimentarem emoções variadas, mostra que não é necessário estar de posse de
aptidões cognitivas desenvolvidas.
Relação da perspetiva cognitivista com o filme: As diferentes personalidades do
Kevin avaliavam e interpretavam situações de forma muito distinta. Isso explica o facto do
Dennis e da Patricia apoiarem a besta e a violência para demonstrar ao mundo os
transtornos de personalidade. Enquanto que Barry e as outras defendiam a paz e
pacificidade.
Perspetiva culturalista
Segunda a conceção culturalista, as emoções são comportamentos aprendidos no
processo de socialização, admitindo que as emoções e a linguagem são uma construção
social. A cada cultura correspondem diferentes emoções e diferentes formas de as exprimir.
Um dos exemplos claros é a aceitação do choro. No livro História das Lágrimas, a
autora, Anne Vincent Buffault, faz a história do choro, mostrando que, em diferentes épocas
e em diferentes culturas, a expressão de tristeza, de desgosto ou até de alegria é mais ou
menos tolerada. Em algumas culturas, não se admite que os homens chorem, enquanto
noutras a expressão das emoções pelo choro é valorizada.
Cada cultura tem o seu conjunto de regras que irão especificar o tipo de emoções
que se podem manifestar nas diferentes situações, e os comportamentos adequados para
exprimirem as diferentes emoções, criando assim uma linguagem ou forma padrão de agir
reconhecida por todos aqueles que pertencem à mesma cultura
Relação da perspetiva culturalista com o filme: Todas a as personagens do filme
partilhavam da mesma cultura e como tal partilham aspetos comuns, como é o caso do
choro em situações de grande ansiedade

A razão e a emoção

Para tomarmos decisões precisamos de:


- ter conhecimento da situação sobre a qual se tem de decidir
- conhecer as diferentes opções de ação;
- conhecer as consequências de cada opção no presente e no futuro.
António Damásio argumenta que a seleção das melhores opções não é
exclusivamente baseada em raciocínio lógico, mas envolve um mecanismo que cria um
repertório de opções a serem consideradas. Historicamente, acredita-se que emoções
interferem na tomada de decisão e que análises lógicas rigorosas são necessárias para
escolher a melhor opção. No entanto, Damásio afirma que analisar todas as possibilidades
é inviável e pode levar a uma decisão atrasada ou inadequada.
No entanto, Damásio não defende que a emoção substitui a razão. Reconhece até
que, em muitas circunstâncias, perturbados por fortes emoções, somos levados a fazer
opções erradas. Emoção e razão estariam na base das nossas decisões, sendo dois
processos indispensáveis para a escolha entre as várias opções possíveis.
Para Damásio, a tomada de decisão seria suportada por duas vias complementares
funcionando paralelamente:
1- A representação das consequências de uma opção é disponibilizada pelo
raciocínio: avaliação da situação, levantamento das opções possíveis, comparações
lógicas, etc.;
2- A perceção da situação provoca, ao mesmo tempo, a ativação de experiências
emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes.

Marcador Somático
Damásio defende que existem, nas pessoas comuns sem problemas neurológicos,
mecanismos automatizados de decisão, que evitam o exercício inútil do seu doente.
Segundo Damásio, um mecanismo automático orientaria a nossa tomada de decisão:
-não perdemos tanto tempo a analisar a situação; - apercebendo-nos de que seria
inútil analisar todas as possibilidades, poderíamos escolher à sorte;
-Poderíamos transferir a responsabilidade da decisão para a pessoa que colocava
as alternativas.
Assim, o investigador remete para o conceito de marcador somático, um
mecanismo automatizado que suporta as nossas decisões.
Bibliografia

Monteiro, M; Ferreira, P; Moreno, C. (2019). Psi para Si. Psicologia B - 12ºano. Porto: Porto
Editora

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