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A mente
Na sua obra – O Erro de Descartes, argumenta que não é possível separar os processos
cognitivos dos emocionais, que o corpo e a mente não são entidades separadas e
independentes. No seu entender o erro de Descartes foi o de julgar que o ser humano podia
ser uma razão pura. Nos seus estudos de pacientes com lesões no córtex pré-frontal, Damásio
reparou que há uma participação substancial das emoções nos processos de tomada de
decisão e raciocínio. Ficaríamos incapazes de tomar decisões e de fazer escolhas se
deixássemos de sentir emoções.
Esta conceção integradora do ser humano, em que as emoções estão relacionadas com
a razão, foi reforçada com a investigação que Damásio fez com alguns dos seus pacientes.
O caso Elliot:
Um dos casos que Damásio deu a conhecer, tratou-se de um paciente que devido à
remoção de um temor, sofreu danos no córtex pré-frontal, perdendo a capacidade de sentir
emoções. Damásio estudou de forma detalhada o cérebro deste paciente e as surpresas foram
avolumando-se. Depois da cirurgia a que Elliot foi sujeito tudo indicava que tinha sido um
sucesso e o prognóstico revelava-se excelente. Contudo, assim não veio acontecer. Depois da
operação o paciente começou a evidenciar perturbações da personalidade que lhe custaram o
emprego e arruinaram a sua vida privada. Embora não manifestando, aparentemente sofrer de
algum sintoma, Elliot parecia ter-se tornado incapaz de agir de modo coerente. Encarregado
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de ler e de classificar uma série de documentos, acontecia-lhe subitamente, mergulhar na
leitura de um só e passar assim todo o dia.
Foi despedido, divorciou-se, perdeu a casa e a família. Foi nesse momento que
Damásio se encarregou de investigar o seu caso. Todas as faculdades mentais de Elliot
pareciam intatas. Os testes de Q I, revelaram mesmo uma inteligência superior ao normal. A
memória, a capacidade de atenção, a aptidão para aprender e para efetuar cálculos lógicos e
numéricos não sofriam qualquer perturbação. Contudo, era incapaz, na vida quotidiana de
tomar decisões. A simples planificação de escolher um restaurante para jantar era ineficaz.
Damásio descobriu que a operação ao temor afetou uma pequena região do seu córtex
pré-frontal. Pequena extensão, mas de extrema importância. Funcionalmente este região do
cérebro desempenha um papel charneira entre a memória, as emoções e as faculdades de
raciocínio. Sem ela ou molestada somos incapazes de tomar decisões, de planear o curso de
uma ação na vida real.
Como resumiu Damásio: “as capacidades cognitivas permaneciam intatas, mas tinha
perdido a capacidade de sentir, de se emocionar.
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Os processos emocionais referem-se aos aspetos afetivos, agradáveis ou
desagradáveis, que acompanham as nossas vivências. São estados do organismo decorrentes
de uma situação que desencadeia alterações psicológicas e expressivas internas e de curta
duração. É um conjunto de reações corporais perante certos estímulos. Quando sentimos
medo, por exemplo, o ritmo cardíaco acelera, sentimos a boca seca, a pele fica pálida, os
músculos contraem-se, às vezes ficamos paralisados. As emoções têm uma vertente expressiva
e comunicável, voltada para o exterior.
Existem diferentes tipos de afetos, entre eles, as emoções e os sentimentos (os que
interessam para o nosso estudo)
Na obra: Ao Encontro de Espinosa”, Damásio expõe a sua teoria acerca dos afetos.
Mostra a sua importância como sensores, como formas de avaliar as coisas em positivas ou
negativas. Os afetos permitem descriminar experiências, atribuir-lhes valor e significado,
levando – nos a decidir quanto ao modo de atuar. Segundo Damásio a emoção é pouco original
porque se trata de uma reação própria da espécie, uma reação biológica e primária. (sorriso
dos bebés).
Os sentimentos são as representações que o sujeito faz das reações emotivas ao meio
externo. É a experiência subjetiva ou interna das emoções. Correspondem a estados psíquicos
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íntimos e privados e à tomada de consciência e interiorização da forma como somos afetados
por esta ou aquela realidade. Os sentimentos surgem quando tomamos consciência das nossas
emoções. Os sentimentos são uma espécie de imagem instantânea do nosso estado corporal
(António Damásio, 2004). O sentimento é uma espécie de linguagem que a mente
compreende. Damásio atribui ao sentimento funções muito personalizadas como a atenção, a
imaginação, as lembranças. O sentimento dá-nos a capacidade de antecipação e de previsão
de problemas e a possibilidade de criar soluções novas não estereotipadas.