Você está na página 1de 3

Problemas éticos na criação de inteligência artificial

A globalização e a popularização da Inteligência Artificial (IA) desencadeia múltiplas questões éticas e


morais que demonstram ser impossíveis de ser ignoradas pelo ser humano. Devido a esta evolução não
conseguirão os computadores ter autoconsciência, num curto espaço de tempo? Inicialmente a
inteligência artificial parecia apenas pertencer à ficção científica, no entanto, recentemente deixou de
ser ficção científica e passou a fazer parte da realidade.
A inteligência artificial é um ramo da Ciência da computação que tem como propósito gerar tecnologias
que repliquem a inteligência humana, através de softwares ou artefactos (robôs) feitos pelo ser
humano. A inteligência artificial teve uma enorme evolução nos últimos anos, esta mudança teve como
consequência a sua adoção por indústrias, devido à ajuda que presta ao homem por realizar tarefas de
uma forma autónoma. Os riscos do desenvolvimento da inteligência artificial são vários, entre os quais:
O ser humano poderia perder o seu sentido de identidade; O uso de sistemas de IA poderia resultar na
perda de responsabilidades; O sucesso da IA poderia significar o fim da raça humana; As pessoas
poderiam perder os seus empregos…
O desenvolvimento descontrolado e a falta de cuidados na utilização da inteligência artificial podem vir
a afetar gravemente a humanidade, sendo um grande problema a possível substituição de humanos,
em vários cargos e profissões por máquinas movidas a inteligência artificial. Além do mais IA pode
conter erros na sua programação que podem provocar acidentes de trabalho, o que torna também o
trabalho com estas máquinas algo perigoso.

Como resposta a este grande problema irei abordar o Teste de Turing, de Alan Turing, e seguidamente as
objeções a este apresentadas por John Searl através do Argumento do Quarto Chinês.

O Teste de Turing consiste, num teste de capacidade do comportamento inteligente de uma máquina, ser
equivalente ou dissemelhante ao do ser humano. Este teste é baseado na conversa de uma pessoa
(pessoa 1) com outra (pessoa 2) e com uma máquina, em que a pessoa 1 tem como objetivo identificar o
computador. Os testes realizados demonstram que a melhor prova de inteligência é o diálogo, logo
quando o computador revela ser indistinguível do ser humano num diálogo então este apresenta ter
inteligência e pensamento consciente. John Searl critica o Teste de Turing, na simulação feita do
computador da nossa mente, isso seria o mesmo que dizer que a simulação de um ataque cardíaco é um
ataque cardíaco, logo a simulação do computador da nossa mente não o torna uma mente. Para
fundamentar a sua crítica, de que os computadores não são capazes de pensar realmente, utiliza o
Argumento do Quarto Chinês. Este resulta de uma analogia que pretende explicitar que os computadores
apenas entendem a sintaxe (construção), no entanto não a semântica (sentido). Para isso utiliza uma
analogia: um indivíduo, não dominante da língua chinês, encontra-se num quarto fechado com caixas com
símbolos e um livro em português onde se encontra escrito um programa de computador para falar
chinês. Fora do quarto são feitas perguntas em chinês a esse indivíduo, para lhes responder, este utiliza os
símbolos e o livro, o indivíduo consegue-lhe responder no entanto sem saber falar a língua. Com este
argumento John Searle comprova que mesmo sem consciência é possível que um computador passe no
Teste de Turing, pois este não evidencia a existência de uma mente, uma vez que apenas segue
informações sem compreender o seu conteúdo. No entanto este argumento é criticado visto que essa
pessoa é apenas parte do sistema, ou seja, o rapaz com acesso ao livro e aos símbolos, formam num todo
um sistema, que compreende o chinês, tal como um computador. Todavia Searle responde à objeção
dizendo que a pessoa continua sem perceber o chinês, logo o sistema também não compreenderá, sendo
que o indivíduo faz parte do sistema.

Como Descartes constata, nenhuma ideia de perfeição poderá surgir de um ser imperfeito, como o ser
humano, logo tal como o Homem tem os seus defeitos/ imperfeições, todas as suas invenções e criações
terão também defeitos, incluindo a IA. Como tal, sendo a IA criada pelo ser humano, esta encontra-se
suscetível a erros de programação ou falhas na sua estrutura que a levarão a ser imperfeita.

Na minha opinião, a IA nunca chegará a atingir o nível da inteligência e criatividade possuídos por um ser
humano, nem tal deveria ser permitido, dadas as enormes consequências que essa exagerada evolução
teria na sociedade. Os sentimentos, algo característico no ser humano, e que é impossível ser replicado de
forma realista por máquinas, são o que torna algo tão imprevisível. Nenhuma máquina, por mais
informação que disponha, pode prever com exatidão a próxima ação de um indivíduo porque somos um
ser movido a sentimentos, impulsos ou até mesmo instintos que remontam às nossas origens animais,
tornando assim impossível para a IA criar uma simulação perfeita do comportamento humano,
descartando assim a utilização de IA para o estudo de psicologia e da mente humana. Para além de
imprevisível, o ser humano contém uma vertente criativa que nos confere a possibilidade de evolução,
logo as máquinas necessitam de uma intervenção para fazerem progressos. Por exemplo, se dermos um
trabalho a uma máquina ela vai realizá-lo de forma metódica e repetitiva porque não foi programada para
fazer nem mais nem menos que isso. O ser humano como ser criativo que é, irá sempre procurar
desenvolver formas mais rápidas, fáceis e eficientes de realizar as tarefas, cimentando a sua superioridade
em relação à inteligência artificial. As máquinas não possuem sentimentos como a empatia, tornando
impossível a possibilidade da IA ocupar cargos políticos ou participar em julgamentos, afastando assim a
IA das áreas da justiça e da política, por exemplo.

Conclui-se assim que, no meu ponto de vista, a IA nunca atingirá o nível de inteligência e criatividade
possuído pelo ser humano e, por esta mesma razão, devido à sua falta de autoconsciência, nunca o
conseguirá substituir de forma total. Além disso, o parlamento europeu definiu leis para a robótica tais
como: Os robôs deverão conter um interruptor para situações de perigo; O desenvolvimento de
relações emocionais entre indivíduos e máquinas é proibido; Os robôs não poderão causar danos no
Homem uma vez que estes são criados para ajudar e proteger as pessoas...

WEBGRAFIA:

htthttps://iaexpert.academy/2017/02/14/argumento-do-quarto-chines/

https://pt.slideshare.net/DanielaFrana/inteligncia-artificial-15223154

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teste_de_Turing

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/85265/197729.pdf?sequence=1

https://correntes.blogs.sapo.pt/173584.html

https://filosofianaescola.com/metafisica/quarto-chines/

https://www.iberdrola.com/inovacao/o-que-e-inteligencia-artificial

https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/5646/1/arquivototal.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Quarto_chin%C3%AAs

Beatriz da Costa Ferreira Nº3 11ºA 2020/21

Você também pode gostar