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Lara Costa
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a sobrevivência e qualidade de vida futura da Humanidade, deve-se assumir uma
obrigação moral para com a responsabilidade ambiental. Para além disso, acrescenta
que que é necessário conhecer e antecipar as consequências dos nossos atos, impondo
limites, contrariamente às gerações anteriores.
No entanto, tal tese não se revela em concordância com a ideia defendida neste
ensaio. Em contraposição às ideias de Jonas, os defensores da Ecologia Profunda
reconhecem que a natureza deve ser preservada/respeitada, independentemente dos
interesses e utilidade para Humanidade, pois possui direitos e um valor próprio.
Os ambientalistas radicais afirmam que a relação Homem e Terra é estritamente
económica, compreendendo privilégios, ou seja, o homem, aquando do progresso
científico, passou a ver a natureza como objeto, como meio de realização do seu bem-
estar, principalmente como fonte de exploração.
Perante tal antropocentrismo, surgiu a necessidade de levar a Natureza a sério,
elevando-a a um patamar de respeito e posse de “valores intrínsecos em si”. Somente se
atribuirmos à Natureza a titularidade do direito à sua própria existência é que
efetivamente se poderia possibilitar a sua preservação.
De facto, tendo em conta a visão de Hans Jonas sobre a questão em
consideração, a concordância com os ambientalistas radicais pode despertar conflito.
Primeiramente, a razão apresentada por Jonas para a preservação da Natureza
parece egoísta e calculista, no sentido em que propõe protegê-la de modo a dar
continuidade à existência humana, preocupando-se com os meros interesses humanos, e
pondo de parte a verdadeira essência e valor da Natureza.
Por outro lado, critica-se a tese da Ecologia Profunda por parecer irracional,
baseando-se na busca pela intocabilidade do ambiente e pressupondo que qualquer ação
humana é fundamentalmente lesiva. Além do mais, pode levar a crer que estes
ambientalistas desprezam a Humanidade. Assim, os críticos propõe preservar a natureza
racionalizando o desenvolvimento, a produção e o consumo, de modo a garantir a
qualidade de vida a gerações futuras. Não obstante, estas críticas focam-se de novo
apenas no Ser Humano, desconsiderando a Natureza em si.
De outro modo, ao contrário de Jonas, os ambientalistas radicais apenas dão
valor à natureza pelo seu valor inerente, à sua dignidade e direitos, que não se deveriam
menosprezar perante os direitos e vontade de sobreviver do Homem.
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Da mesma forma, a Natureza é a condição de existência e sobrevivência da
Humanidade que, escrito e gravado na história, apenas se responsabiliza e preocupa com
ela própria, usando e abusando deste bem natural. Tendo em conta todas as
consequências e problemas que o planeta enfrenta na atualidade, os ambientalistas
radicais insistem que é realmente necessária a sua valorização, e agir moralmente em
reciprocidade.
Em suma, tendo em conta os argumentos expostos, conclui-se que, de facto, a
preservação da natureza constitui uma obrigação moral ao Homem, como ser racional e
consciente que é, no sentido em que deve pôr de parte os seus interesses e reconhecer o
valor e dignidade da Natureza que o rodeia, assumindo, assim, uma obrigação moral de
responsabilidade ecológica.
Referências Bibliográficas
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[1] Ana Santos (2019), Será a responsabilidade ecológica uma obrigação moral?.
Consultado em 3 de junho de 2021. Disponível em:
https://notapositiva.com/responsabilidade-ecologica-ensaio-filosofico/
[2] Barbosa-Fohrmann, Ana Paula (2016), Ecological ethics: Reflections on human
action on nature. Consultado em 5 de junho de 2021. Disponível em:
file:///C:/Users/larac/Downloads/Dialnet-EticaAmbiental-5846901.pdf
[3] Rolston, Holmes (2007) Etica ambiental. Consultado em 8 de junho de 2021.
Disponível em: https://mountainscholar.org/bitstream/handle/10217/48074/Etica-
ambiental-Portuguese.pdf?sequence=1
[4] Marcel Alcleante Alexandre de Sousa (2010). Ética Ambiental em Hans Jonas: A
necessidade do Princípio da Responsabilidade para a civilização tecnológica.
Consultado em 5 de junho de 2021. Disponível em: https://www.revistaea.org/pf.php?
idartigo=1367