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monotonia – retrata a monotonia da vida de Bernardo Soares, como
quando ele vai comer no seu restaurante habitual e nota como tudo parece
o mesmo há anos;
paisagem – faz uma reflexão sobre paisagens, e como elas se assemelham
ao estado de espírito de uma pessoa, e como o nosso estado psicológico
influencia o nosso ponto de vista;
ver – ele observa a cidade como se fosse a primeira vez, reparando em
cada detalhe e como isso o faz sentir;
universo – uma frase fica na cabeça de Bernardo Soares e ele reflete
bastante sobre ela, acabando por ter diversos sentimentos sobre a mesma;
sentir – ele diz que vem de uma geração que perdeu todo o respeito pelo
passado e a esperança no futuro e que tem de viver o presente, pois isso é
a única coisa que nos resta;
pensar – o pensamento é o mais importante, até mesmo do que o
sentimento; o sentimento não passa de um alimento do sentimento;
infância – ele é uma personagem seca e quando era pequeno perdeu a
mãe, não tendo amor materno;
tempo – ele reflete sobre o tempo, dizendo que o passado não é nada e que
o futuro pode ser tudo; a única coisa existente é o presente;
indiferença – a solução que Bernardo Soares encontra para acalmar o
desassossego é ser indiferente aos próprios sentimentos;
viajar – ele comenta as viagens que faz quando vai ler um livro e compara
com uma viagem normal, com as mesmas sensações;
cansaço – o remédio que Bernardo Soares encontra para o seu cansaço da
vida é a escrita;
ceticismo – ele diz que a falta de crença e a grande autoconfiança são o
sinal da decadência, e qua a vida é apenas uma estalagem onde ela fica até
chegar a hora da morte;
amor – Bernardo diz que é difícil manter um amor por alguém, pois cada
um de nós são dois, e é raro quatro pessoas entenderem-se;
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identidade – ele pergunta-se quem é, quantas identidades tem, pois não
se sente ele mesmo. Esta questão está bem presente no próprio ortónimo.
Há uma situação dramática das reflexões humanas, que vem à tona na
insistência de uma escrita inviável, inútil, imperfeita, à beira do tédio, do
trágico e da indiferença estética.
Movimento literário: sensacionismo; quotidiano da cidade; tempo;
consciência nacional; interesse pela vida interior (estados de alma, espírito,
etc.); temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica.
Espaço:
o constantes viagens que são escapes para o seu desassossego;
o quarto, escritório, cidade, etc.;
o Lisboa é para Bernardo Soares, uma intimidade exterior, pois
reflete o que vai dentro de si – metáfora da alma - «Estou triste, mas
não com uma tristeza definida, nem sequer com uma tristeza
indefinida. Estou triste ali fora, na rua juncada de caixotes».
Foco narrativo:
o única personagem;
o narrador na primeira pessoa;
o ele não tem omnisciência dos acontecimentos ocorridos, apenas cita
e faz reflexões acerca delas, caracterizando ainda mais a sua
insignificância.
Estilo:
o características temáticas:
identidade perdida;
estados negativos (solidão, tédio, etc.).
o características estilísticas:
comparação, metáforas, oxímoros;
linguagem em equilíbrio clássico;
prosa cuidada que, quando se aproxima da escrita diarística,
se afasta da expressão banal, procurando-se originalidade,
típica da escrita modernista que domina o livro;
3
sintaxe complexa: incumprimento intencional dos
mecanismos de coesão frásica;
recursos expressivos utilizados literalmente (sinédoque) ou
de modo intrincado, com rigor gramatical, através de
paradoxos, oxímoros, encadeamento de metáforas.
Transfiguração e perceção poética do real:
o o sujeito entrega-se ao devaneio e esquece-se de si, participando
completamente naquilo que contempla. A «janela», por exemplo, é
um lugar privilegiado do olhar, leva o sujeito do exterior para o
interior de si, «abrindo» um mundo de perceções e sensações,
originadas pela memória;
o a captação do real processa-se através dos vários sentidos
integrados no ato de ver: ponto de partida para a transposição do
real.
O imaginário urbano:
o ele observa as pessoas que o circundam e, posteriormente, focaliza-
se em pormenores;
o estas novas imagens que cria, fazem nascer nele outras emoções;
o a deambulação e a observação da cidade conduzem o sujeito a um
estado de exaustão, de entorpecimento: a sensação de ter vivido «a
vida inteira» em breves momentos;
o a deambulação física conduz à deambulação onírica.
O quotidiano:
o a cidade de Lisboa representa para Bernardo Soares uma fonte
inesgotável de «imagens, sons e ritmos para o sonho»;
o cidade do quotidiano: a massa humana, a azáfama das ruas em
atividade;
o vida quotidiana do sujeito, transeunte incógnito;
o comparação do eu com as ruas da cidade que surgem como a
materialização daquilo que sente: prolongamento do interior para
o exterior.
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Deambulação e sonho: o observador ocidental
o o «eu», ao adotar a posição de espetador, afasta-se dos «outros»,
não se incluindo nessa mole humana caracterizada pela
inconsciência. Assume-se, em primeiro lugar, como único ser
consciente, olhando para a humanidade como «um deus»,
omnisciente, sentindo compaixão pelos «outros» e, também, uma
ternura infinita, ao olhar para «os outros» e ver neles somente a
ingenuidade e a inocência das crianças.
o facilidade de entrega ao devaneio;
o focalização nos pormenores da realidade circundante: a observação
acidental de algo banal conduz à reflexão e ao sonho;
o capacidade de percecionar livre e aleatoriamente a realidade;
o passagem da deambulação física para a deambulação onírica:
metamorfose do exterior e projeção das imagens interiores no
exterior1.
Exercícios
Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha
vida. Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As
maiores dores da minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para
dentro de mim pude esquecer-me na visão do seu movimento.
Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca
prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude
ser. Tudo o que não é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim.
Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que nem podia
imaginar. À vida nunca pedi senão que passasse por mim sem que eu a sentisse.
Do amor apenas exigi que nunca deixasse de ser um sonho longínquo. Nas
minhas próprias paisagens interiores, irreais todas elas, foi sempre o longínquo
que me atraiu, e os aquedutos que se esfumam — quase na distância das minhas
paisagens sonhadas, tinham uma doçura de sonho em relação às outras partes de
paisagem — uma doçura que fazia com que eu as pudesse amar.
1
A.A.V.V., Mensagens, Português 12 ano, Texto
5
1. Bernardo Soares assume-se como um sonhador. Evidencie como ele
se autocaracteriza.
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6
los sonhado e é, na verdade, saudade que eu tenho, um passado que eu choro,
uma vida real morta que fito, solene, no seu caixão.
Há também as paisagens e as vidas que não foram inteiramente interiores.
Certos quadros1 sem subido relevo artístico, certas oleogravuras que havia em
paredes com que convivi muitas horas — passam a realidade dentro de mim.
Aqui a sensação era outra, mais pungente e triste. Ardia-me não poder estar ali,
quer eles fossem reais ou não. Não ser eu, ao menos, uma figura a mais,
desenhada ao pé daquele bosque ao luar que havia numa pequena gravura dum
quarto onde dormi já não em pequeno! Não poder eu pensar que estava ali
oculto, no bosque à beira do rio, por aquele luar eterno (embora mal desenhado),
vendo o homem que passa num barco por baixo do debruçar-se de um salgueiro!
Aqui o não poder sonhar inteiramente doía-me. As feições da minha saudade
eram outras. Os gestos do meu desespero eram diferentes. A impossibilidade que
me torturava era de outra ordem de angústia. Ah, não ter tudo isto um sentido
em Deus, uma realização conforme o espírito de nossos desejos, não sei onde, por
um tempo vertical, consubstanciado com a direção das minhas saudades e dos
meus devaneios! Não haver, pelo menos só para mim, um paraíso feito disto!
Não poder eu encontrar os amigos que sonhei, passear pelas ruas que criei,
acordar, entre o ruído dos galos e das galinhas e o rumorejar matutino da casa,
na casa de campo em que eu me supus... e tudo isto mais perfeitamente arranjado
por Deus, posto naquela perfeita ordem para existir, na precisa forma para eu o
ter que nem os meus próprios sonhos atingem senão na falta de uma dimensão
do espaço íntimo que entretém essas pobres realidades...
Ergo a cabeça de sobre o papel em que escrevo... É cedo ainda. Mal passa o
meio-dia e é domingo. O mal da vida, a doença de ser consciente, entra com o
meu próprio corpo e perturba-me. Não haver ilhas para os inconfortáveis,
alamedas vetustas, inencontráveis de antes, para os isolados no sonhar! Ter de
viver e, por pouco que seja, de agir; ter de roçar pelo facto de haver outra gente,
real também, na vida! Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma
fazê-lo, e, mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas, exprimi-lo sem palavras, sem
consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e
esbatimento, de modo que me subissem as lágrimas aos olhos só de me sentir
expressar-me, e eu fluísse, como um rio encantado, por lentos declives de mim
próprio, cada vez mais para o inconsciente e o Distante, sem sentido nenhum
exceto Deus.
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em mais bulício. A Rua do Arsenal, a Rua da Alfândega, o prolongamento das
ruas tristes que se alastram para leste desde que a da Alfândega cessa, toda a
linha separada dos cais quedos tudo isso me conforta de tristeza, se me insiro,
por essas tardes, na solidão do seu conjunto. Vivo uma era anterior àquela em
que vivo; gozo de sentir-me coevo de Cesário Verde, e tenho em mim, não outros
versos como os dele, mas a substância igual à dos versos que foram dele. Por ali
arrasto, até haver noite, uma sensação de vida parecida com a dessas ruas. De dia
elas são cheias de um bulício que não quer dizer nada; de noite são cheias de uma
falta de bulício que não quer dizer nada. Eu de dia sou nulo, e de noite sou eu.
Não há diferença entre mim e as ruas para o lado da Alfândega, salvo elas serem
ruas e eu ser alma, o que pode ser que nada valha, ante o que é a essência das
coisas. Há um destino igual, porque é abstrato, para os homens e para as coisas
— uma designação igualmente indiferente na álgebra do mistério.
Mas há mais alguma coisa... Nessas horas lentas e vazias, sobe-me da alma
à mente uma tristeza de todo o ser, a amargura de tudo ser ao mesmo tempo uma
sensação minha e uma coisa externa, que não está em meu poder alterar. Ah,
quantas vezes os meus próprios sonhos se me erguem em coisas, não para me
substituírem a realidade, mas para se me confessarem seus pares em eu os não
querer, em me surgirem de fora, como o elétrico que dá a volta na curva extrema
da rua, ou a voz do apregoador noturno, de não sei que coisa, que se destaca,
toada árabe, como um repuxo súbito, da monotonia do entardecer!
Passam casais futuros, passam os pares das costureiras, passam rapazes com
pressa de prazer, fumam no seu passeio de sempre os reformados de tudo, a uma
ou outra porta reparam em pouco os vadios parados que são donos das lojas.
Lentos, fortes e fracos, os recrutas sonambulizam em molhos ora muito ruidosos
ora mais que ruidosos. Gente normal surge de vez em quando. Os automóveis
ali a esta hora não são muito frequentes; [...] No meu coração há uma paz de
angústia, e o meu sossego é feito de resignação.
Passa tudo isso, e nada de tudo isso me diz nada, tudo é alheio ao meu sentir,
indiferente, até, ao destino próprio, inconsciência, [...] quando o acaso deita
pedras, ecos de vozes incógnitas — salada coletiva da vida.
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Quando outra virtude não haja em mim, há pelo menos a da perpétua novidade
da sensação liberta.
Descendo hoje a Rua Nova do Almada, parei de repente nas costas do homem
que a descia diante de mim. Eram as costas vulgares de um homem qualquer, o
casaco de um fato modesto num dorso de transeunte ocasional. Levava uma
pasta velha debaixo do braço esquerdo, e punha no chão, no ritmo de andando,
um guarda-chuva enrolado, que trazia pela curva na mão direita.
Senti de repente uma coisa parecida com ternura por esse homem. Senti por ele
a ternura que se sente pela comum vulgaridade humana, pelo banal quotidiano
do chefe de família que vai para o trabalho, pelo lar humilde e alegre dele, pelas
pequenas alegrias e tristezas de que forçosamente se compõe a sua vida, pela
inocência de se viver sem analisar, pela naturalidade animal daquelas costas
vestidas.
Desvio os olhos das costas daquele meu adiantado, e passando-os a todos mais,
quantos vão andando nesta rua, a todos abarco nitidamente na mesma ternura
absurda e fria que me veio dos ombros do inconsciente a quem sigo. Tudo isto é
o mesmo que ele; todas estas raparigas que falam para o atelier, estes empregados
jovens que riem para o escritório, estas criadas de seios que regressam das
compras pesadas, estes moços dos primeiros fretes – tudo isto é uma mesma
inconsciência diversificada por caras e corpos que se distinguem, como fantoches
movidos pelas cordas que vão dar aos mesmos dedos da mão de quem é invisível.
Passam com todas as atitudes com que se define a consciência, e não têm
consciência de nada, porque não têm consciência de ter consciência. Uns
inteligentes, outros estúpidos, todos igualmente estúpidos. Uns velhos, outros
jovens, são da mesma idade. Uns homens, outros mulheres, são do mesmo sexo
que não existe.
Volvi os olhos para as costas do homem, janela por onde vi estes pensamentos.
A sensação era exatamente idêntica àquela que nos assalta perante alguém que
dorme. Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa
fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta,
é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e
matar uma criança não conheço diferença que se sinta.
Ora as costas deste homem dormem. Todo ele, que caminha adiante de mim com
passada igual à minha, dorme. Vai inconsciente. Vive inconsciente. Dorme,
9
porque todos dormimos. Toda a vida é um sono. Ninguém sabe o que faz,
ninguém sabe o que quer, ninguém sabe o que sabe. Dormimos a vida, eternas
crianças do Destino. Por isso sinto, se penso com esta sensação, uma ternura
informe e imensa por toda a humanidade infantil, por toda a vida social
dormente, por todos, por tudo.
Todos os movimentos e intenções da vida, desde a simples vida dos pulmões até
à construção de cidades e a fronteiração de impérios, considero-os como uma
sonolência, coisas como sonhos ou repousos, passadas involuntariamente no
intervalo entre uma realidade e outra realidade, entre um dia e outro dia do
Absolto. E, como alguém abstratamente materno, debruço-me de noite sobre os
filhos maus como sobre os bons, comuns no sono em que são meus. Enterneço-
me com uma largueza de coisa infinita.
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astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo
todo.
«Sou do tamanho do que vejo!» Cada vez que penso esta frase com toda a
atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir
consteladamente o universo. «Sou do tamanho do que vejo!» Que grande posse
mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se
refletem nele, e, assim, em certo modo, ali estão.
E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objetiva dos céus
todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando. «Sou do
tamanho do que vejo!» E o vago luar, inteiramente meu, começa a estragar de
vago o azul meio-negro do horizonte.
Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria
ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova
personalidade larga aos grandes espaços da matéria vazia.
Mas recolho-me e abrando. «Sou do tamanho do que vejo!» E a frase fica-me
sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por
dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que
começa largo com o anoitecer.
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Tudo é absurdo.
Tudo é absurdo. Este empenha a vida em ganhar dinheiro que guarda, e nem
tem filhos a quem o deixe nem esperança que um céu lhe reserve uma
transcendência desse dinheiro. Aquele empenha o esforço em ganhar fama, para
depois de morto, e não crê naquela sobrevivência que lhe dê o conhecimento da
fama. Esse outro gasta-se na procura de coisas de que realmente não gosta. Mais
adiante, há um que(...)
Um lê para saber, inutilmente. Outro goza para viver, inutilmente.
Vou num carro elétrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu
costume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de mim. Para
mim os pormenores são coisas, vozes, letras. Neste vestido da rapariga que vai
em minha frente decomponho o vestido em o estofo de que se compõe, o trabalho
com que o fizeram - pois que o vejo vestido e não estofo - e o bordado leve que
orla a parte que contorna o pescoço separa-se-me em retrós de seda, com que se
o bordou, e o trabalho que houve de o bordar. E imediatamente, como num livro
primário de economia política, desdobram-se diante de mim as fábricas e os
trabalhos - a fábrica onde se fez o tecido: a fábrica onde se fez o retrós, de um tom
mais escuro, com que se orla de coisinhas retorcidas o seu lugar junto do pescoço;
e vejo as secções das fábricas, as máquinas, os operários, as costureiras, meus
olhos virados para dentro penetram nos escritórios, vejo os gerentes procurar
estar sossegados, sigo, nos livros, a contabilidade de tudo; mas não é só isto: vejo,
para além, as vidas domésticas dos que vivem a sua vida social nessas fábricas e
nesses escritórios... Todo o mundo se me desenrola aos olhos só porque tenho
diante de mim, abaixo de um pescoço moreno, que de outro lado tem não sei que
cara, um orlar irregular regular verde-escuro sobre um verde-claro de vestido.
Toda a vida social jaz a meus olhos.
Para além disto pressinto os amores, as secrecias, a alma, de todos quantos
trabalharam para que esta mulher que está diante de mim no elétrico use, em
torno do seu pescoço mortal, a banalidade sinuosa de um retrós de seda verde-
escura fazenda verde menos escura.
Entonteço. Os bancos do elétrico, de um entretecido de palha forte e
pequena, levam-me a regiões distantes, multiplicam-se-me em indústrias,
operários, casas de operários, vidas, realidades, tudo.
Saio do carro exausto e sonâmbulo. Vivi a vida inteira.
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