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Nesse sentido vamos usar nossas próprias forças para despertar a força
oculta na respiração.
Nunca sabemos com antecedência aonde isso nos levará.
Como Herbert Fritsche já disse — a respiração é superior a nós, portanto
faremos bem em deixar a direção por conta dela.
Em todo caso, ela nos possibilitará cura e conhecimento seja onde for que
precisemos deles no momento.
Ken Dychtwaldu também descobriu as vantagens da respiração como
método de terapia em seu trabalho e atividade de pesquisa.
"Como já mencionei antes, nos dois últimos anos eu tenho feito
experimentos no contexto do projeto SAGE com muitas outras técnicas e
práticas de crescimento, para alcançar uma reanimação de corpo e mente
em pessoas mais idosas. Entre outros, trabalhamos com exercícios de
relaxamento, biofeedback, respiração profunda, hatha yoga, percepção da
consciência corporal, exercícios de Feldenkrais, aconselhamento individual,
meditação, tai chi, terapia com música e Gestalt. Depois de um ano de
pesquisa e exercícios práticos perguntamos aos participantes qual técnica
cada indivíduo considerava a mais eficaz para recuperar a energia
emocional, o bem-estar físico e as sensações de inter-relacionamento
humano. A resposta quase sempre foi a mesma: a respiração profunda.
É digno de nota que um método tão simples tenha podido oferecer uma
força tão profunda e possibilidades desse tipo às pessoas que são muito
mais contraídas e presas do que a maioria de nós, pessoas mais jovens.
Minhas experiências com essas pessoas comprovaram a minha opinião de
que o grau em que deixamos o fluxo vital respirar na nossa consciência
corporal também é o grau da nossa vivacidade, independentemente da
nossa idade. Eugenia Gerrard, que é uma das minhas melhores amigas e
dirigente do projeto SAGE, recentemente preparou um documentário em
vídeo sobre a respiração. O título do filme expressa a quinta-essência da
minha pretensão: 'Mostre-me como você respira, e eu lhe direi como você
vive.''
Medo
O adversário do impetuoso tipo de Marte que posteriormente viremos a
conhecer com mais exatidão, é o covarde.
Um covarde evita qualquer encontro desagradável e está constantemente
em fuga.
O medo está na palavra latina ‘angustus’ (= apertado), bem como na
indogermânica ‘anghu’ (= opressivo).
Assim pudemos atribuir os sintomas relacionados com aperto concreto ou
opressão física ao círculo de indicações significativas.
Estreitamento dos vasos sanguíneos ou teimosia é quase o mesmo no
âmbito simbólico.
A experiência mostra que as pessoas com essas doenças primeiro sentem
aperto e opressão ao praticar a respiração associada.
Mas, depois que lidam com seu medo e respiram através dele, elas
elaboram os desfiladeiros no seu corpo e lutam pelo livre fluxo das forças
vitais necessárias para alcançar a necessária amplidão.
Todos os medos neuróticos e racionalmente infundados impedem a própria
vivacidade, enquanto os medos externamente fundamentados protegem a
nossa vida.
Se, por exemplo, as crianças não temessem os carros, elas morreriam na
mais tenra infância.
No entanto, os medos neuróticos infundados desaparecem na maioria das
vezes assim que os atacamos ofensivamente.
Se nos mantemos na amplidão nunca fazemos a experiência do aperto, pois
só podemos ter medo quando fugimos ou nos metemos no aperto.
Por isso, o encontro com o aperto representa ao mesmo tempo a sua cura.
No conto de fadas "Um homem que saiu de casa para aprender a ter medo",
o herói não consegue encontrar o horror porque o procura na amplidão.
É por isso que o processo da respiração se adapta a todos os temas de
medo e aperto, não importa que se manifestem na mente, na psique ou no
corpo.
Podemos definir o medo até mesmo como a incapacidade de respirar
livremente.
Um quadro mórbido como a asma (alérgica) une os temas da alergia e do
aperto, ou seja, do medo, e por isso muitas vezes pode ser tratado muito
bem com a respiração associada.
Mas também as doenças relacionadas com a irrigação sanguínea como a
arteriosclerose e com os distúrbios do metabolismo que provocam aperto
físico podem ser elaboradas muito bem com a respiração associada.
Distúrbios venosos podem ser melhorados, porque além das vias
energéticas sutis, muitas vezes também podem ser abertos outra vez os
vasos físicos.
Que a tetania da hiperventilação, que se deve principalmente ao medo
reprimido no corpo, responda bem à respiração associada é compreensível
por si mesmo.
Afinal, ela já é uma tentativa de terapia dirigida pelo próprio corpo.
Problemas de desapego
Todos os problemas de soltar-se, como os distúrbios do sono, problemas
com o orgasmo e a prisão de ventre podem ser essencialmente melhorados
com a respiração associada, isso quando não são curados.
Na respiração forçada o músculo do diafragma torna-se mais ativo e assim
massageia os intestinos, surgindo neles nova movimentação, o que tem um
efeito positivo sobre a digestão.
Nos distúrbios do sono e no orgasmo, a experiência de soltar-se, a posterior
vivência avassaladora de sentir-se maravilhosamente protegido e em
segurança, elimina o medo de uma vez por todas, ou ao menos o reduz
bastante.
O processo da respiração deve tornar-se um ritual que pode ser usado
conscientemente em outros âmbitos como o sono e a sexualidade.
Atrás da infecundidade muitas vezes pode esconder-se um problema de
desapego.
A sugestão de tirar férias de quatro semanas e manter distância do
trabalho, de relaxar e participar de algumas sessões de respiração já serviu
comprovadamente de ajuda.
Por fim, também as depressões são um problema de desapego como a
perda e morte não são mais soltados, na maioria das vezes que foram
reprimidos antes.
No caso de depressões profundas os implicados quase não se deixam
motivar para uma sessão de respiração, mas nas depressões reativas, em
que ainda conseguem reconhecer seu abatimento, a respiração manteve-se
muito bem.
Na falta de confiança primordial, devido à qual podem surgir muitos
sentimentos de inferioridade, as experiências de unidade podem ser
eliminadas.
Isso pode levar até à mitigação de males de paradantose, visto que esses
muitas vezes estão relacionados com a falta de confiança primordial.
Outras situações psíquicas problemáticas
Em correlação com o domínio das crises de desenvolvimento e transição —
como, por exemplo, o trauma do parto e as crises da puberdade —, casos
em que a respiração associada é uma bênção, a melhora de muitos quadros
mórbidos que são devidos às transições também são dominadas.
Até mesmo uma burned-out-syndrom (CFS) [ Síndrome da Fadiga Crônica]
pode ser melhorada dessa maneira, quando os conflitos crônicos (os
comprometimentos duvidosos) são resolvidos e as crises da vida não
controladas são (energeticamente) ativadas e superadas.
Antes de mais nada, a crise precisa ser descoberta para transformar-se.
Muitas vezes ela é o ponto em que se perde toda a energia que faz falta à
vida, porque exige muito esforço manter o problema não solucionado
abaixo da consciência.
Estados de choque não elaborados, que continuam existindo no plano
energético como bloqueio e que depois de anos podem ser descobertos
pelos homeopatas, assim que surgem e são tratados terapeuticamente,
podem igualmente dissolver-se no processo da respiração.
No caso de crises espirituais crônicas a respiração pode servir de apoio,
mantendo com vida o processo de crescimento ou colocando-o outra vez
em andamento.
Assim, em última análise, todas as situações fixas ou aquelas que sofrem de
falta de força de decisão, podem ser novamente ativadas por meio da
respiração associada.
Como todos os processos de cura psíquica são estimulados por experiências
de unidade e a respiração associada pode favorecê-las, ela é, finalmente, na
maioria dos casos, uma boa ajuda.
No entanto, no caso da permanência da inundação de energia, como na
mania, ou na inundação da sombra, no contexto das psicoses agudas,
temos de renunciar a ela.
Outras indicações
A respiração associada é quase universalmente utilizável como a própria
respiração.
Ela pode reavivar outra vez padrões arraigados no âmbito sexual.
Disso resultam possibilidades, até a terapia de casais.
O melhor é começar sozinho, e então respirar também no contexto de
sessões em grupo.
Por meio da técnica respiratória podemos levar mais energia a formas de
terapia relativamente pobres em energia (psicanálise), o que resulta em
rupturas individuais.
O uso de respiração associada serve em primeira linha para a ampliação da
consciência.
Contraindicações
— Inflamações agudas: especialmente inflamação dos pulmões, tuberculose
— Todos os processos agudos de doenças que limitem a capacidade
respiratória
— Hipertireodismo: pode levar a crises de hipertireoide
— Diabete dependente de insulina (quanto mais longa a sessão, tanto mais
perigosa ([coma])
— Distúrbios cardíacos incalculáveis, pressão alta cima de 20 com perigo de
enfarte
— Psicoses, situações fronteiriças
Como todos os processos de cura física são estimulados por uma oferta
exagerada de oxigênio, é difícil existir contraindicações.
O limite de harmonia da respiração associada é difícil de definir.
O pressuposto para uma respiração fortalecida, associada, é suportar uma
certa quantidade de carga física.
Por isso não é recomendável para as pessoas com doenças agudas,
inflamatórias (especialmente das vias respiratórias).
No entanto, essa advertência é quase desnecessária.
Em primeiro lugar, há muito poucas pessoas que, apesar do esgotamento
físico, queiram aceitar esse desafio, e, em segundo lugar, o corpo logo
mostra os limites momentâneos.
Nas infecções agudas dos brônquios, no edema pulmonar e na inflamação
pulmonar ou nas fases finais de doenças graves associadas ao
definhamento, a respiração associada forçada não é recomendável.
Nesses casos sempre se pode passar com lucro para uma respiração
meditativa reduzida.
No preparo para a morte isso pode representar um grande alívio.
Os pacientes que são tratados com medicamentos receitados pelo médico
devem ser orientados nisso por um terapeuta qualificado.
Pessoas com problemas psíquicos precisam de cuidados psicoterapêuticos
antes e depois.
Os já mencionados epilépticos precisam de um acompanhamento
experiente, desde que estejam interiormente preparados para adotar esse
tipo de tratamento.
Pessoas com psicoses ou outros diagnósticos psiquiátricos de grande peso
nas fases lábeis não devem ser tratadas com métodos energizantes, como a
respiração associada, mas primariamente com métodos de fixação à terra e
que estabilizem o estado geral.
Isso também vale no caso de traumas psíquicos com golpes severos do
destino.
Na fase inicial os pacientes muitas vezes estão em estado de choque.
Eles reprimem o acontecido e ainda não conseguem captar o vivido e o
significado do acontecimento.
Essa reação é uma espécie de proteção para a alma e deve ser respeitada.
Assim que o estado da pessoa atingida volta a se estabilizar um pouco, a
elaboração e a integração do vivido muitas vezes se torna uma
necessidade.
Então a respiração associada faz sentido e até tem muito valor.
Algo semelhante vale para os pacientes dependentes de psicofármacos.
Se ficarem estáveis depois que deixarem de tomar os remédios, eles podem
começar a viagem para os mundos interiores.
Continua