Por David Corbera – Diretor Acadêmico Enric Corbera Institute Olá a todos. Hoje vamos falar sobre administração das emoções e como essas emoções podem gerar um impacto em nosso corpo. Já faz alguns dias que estou refletindo sobre a aula de hoje porque sei que pode haver pessoas que estejam se sentindo desamparadas agora. Talvez alguma pessoa que esteja doente, nos hospitais e não podem receber visitas de seus familiares e isso pode gerar muitos estados de fragilidade. Ou pessoas que estejam em casa preocupadas por tudo o que está acontecendo. Minha esposa que está grávida de quase 8 meses sofre pela situação e se preocupa pelo que vai acontecer com tudo isso. E eu na minha posição tento acalmá-la, mas está difícil para todos em certa medida. Administrar nosso estado emocional e o das pessoas que estão ao nosso redor. Precisamos aprender a dosar e canalizar bem as emoções porque muitas vezes por querer empatizar em excesso com as pessoas com a vontade de ajudá-las nos perdemos em nosso próprio estado emocional e perdemos nosso equilíbrio interno. Devemos tentar ser referência a nível de administração emocional, saber estar equilibrados emocionalmente e que isso ajude aos demais. Então, sobre os sintomas físicos do corpo, muito além dos sintomas físicos que esta pandemia está provocando, de que forma o que acontece em nosso corpo físico fala do nosso estado interno? Existe um consenso entre várias disciplinas da ciência que um sintoma do nosso corpo é provocado por múltiplas condições, tanto os fatores externos quanto os internos intervém. Condutas, nossa personalidade etc. A ciência está chegando ao consenso de que nós temos um grande poder de influenciar nosso estado de saúde. Essa paranoia coletiva que estamos vivendo sobre se vamos contrair o vírus, se vamos ficar doentes, etc... sair na rua e sofrer por pensar se vou ou não contrair o vírus... precisamos entender que muito além disso tudo também existem outros fatores que podem nos proteger e que podem nos ajudar a potencializar essa saúde interna. Hoje vamos focar em falar sobre como podemos estar com um ótimo estado de saúde, e se alguém não esteja nessa condição agora vamos falar sobre como poderão fazer para alcançar isso e melhorar. Então esta aula não é apenas para pessoas com sintomas físicos, mas também para aqueles que desejam realizar mudanças significativas em sua vida. Este curso já alcançou aproximadamente 60 mil usuários e isso fala de que existe uma busca por uma mudança intrínseca a fim de melhorar nossa sociedade como um todo. Como sempre dizemos toda dificuldade trás uma mensagem e devemos aprender a escutar essa mensagem e compreender o que se está querendo transmitir a fim de fazer mudanças em nossa vida para melhorar como pessoas e como sociedade. Então, um sintoma tem causas múltiplas, muitas pessoas tem o costume de atribuir a causa de uma enfermidade a causas externas, do ambiente, mas o que muita gente não sabe é que a atitude de uma pessoa, sua mentalidade, suas tendências de comportamento, suas reações emocionais, tudo isso também influi em nosso estado de saúde e afetam como os fatores externos irão influenciar nosso corpo. O lado positivo disso tudo é que ao invés de estar à mercê do que acontece em nosso exterior nós temos a capacidade de controlar o que nos acontece e de potencializar nossa saúde. Eu vou começar a aula com um texto sobre o tema de Jennifer M. que é uma cientista que fala do poder de assumir o poder e a responsabilidade que nós temos sobre o mundo dos sintomas físicos. Apresento textualmente um fragmento de um dos seus livros. “Desde crianças fomos ensinados a enfrentar a doença como uma coisa que nos acontece, algo do qual somos vítimas de alguma maneira, estamos acostumados a ouvir e dizer frases como as seguintes: tenho má sorte, fico doente toda vez que tenho que fazer alguma coisa importante, ou, tenho muitos problemas vou terminar com uma úlcera, etc. Como se as enfermidades fossem algo que nos chega como a chuva frente ao qual somos vítimas inocentes sem capacidade de decisão nem influência. Assim mesmo, como nós não somos responsáveis passamos o problema ao médico para que seja responsável prescreva e decida sobre nossas vidas, e nós passivamente esperamos que nosso problema seja resolvido desde fora e no máximo obedecemos as instruções do médico, guardando nossa vontade e capacidade de raciocínio até que estejamos melhor. Mas, o que acontece com nossa participação na enfermidade? Que tipo de mágica nos permite lavar as mãos com respeito à nossa própria saúde?” Então para algo tão íntimo e tão pessoal, acabamos sendo apenas espectadores. Seguindo a leitura: “No entanto, quando assumimos a responsabilidade sobre nossa saúde, reconhecemos que podemos participar ativamente nos processos de enfermidade, e de recuperação”. E assim outros grandes autores como quem escreveu “ A vida secreta do cérebro” uma leitura que recomendo a todos, explicam, com experimentos que já foram feitos, falando sobre o resfriado, o que se conhece é que o resfriado é causado por um determinado vírus, e se você pega o vírus terá os sintomas do resfriado, no entanto, nesse livro a autora explica que se um cientista coloca o vírus do resfriado no nariz de 100 pessoas, somente 25% a 40% das pessoas irão desenvolver o resfriado. A reflexão é: o conjunto de sintomas aos quais chamamos resfriado não implica somente nosso corpo, mas também nossa mente. Ou seja, o vírus é um elemento necessário, porém não suficiente para contrair essa doença. A autora ainda explica que as pessoas introvertidas ou de mentalidade negativa tem mais tendência a desenvolver o resfriado quando seu nariz entra em contato com o vírus. E a mesma coisa acontece agora com o coronavírus, muitas pessoas são portadoras do vírus mas são assintomáticas. E também há pessoas que estão desesperadas agora dizendo: puxa eu sou muito pessimista, negativa... eu quero deixar uma mensagem com cada um de vocês também... da mesma forma como o vírus é um fator, esse tipo de mentalidade também é um fator, portanto, o fato de que você tenha essa tendência de comportamento não significa que você esteja mais exposto. Mas sim, é um fator que deve ser levado em consideração. É algo se considerar pensando em que o fator comportamental eu posso controlar, então sobre isso vou colocar minha atenção a fim de melhorar para conservar um bom estado de saúde emocional e física. E isso é o que eu gostaria que você levasse em consideração: de que forma posso me potencializar em todos os sentidos? Algo que pode nos ajudar a ver como vincular nosso corpo à nossa mentalidade é o que aquela cientista do livro mencionada também fala é que a forma como falamos e nos posicionamos fala de como é essa interação entre nosso corpo e nossa mente. Sobre a inteligência do corpo, e essa interação às vezes dizemos coisas como: tive uma intuição visceral, segui meu coração ou isto me embrulha o estômago ou é difícil de digerir, isso me parte o coração, são frases que dizemos e que já estão falando de nosso corpo e de nosso estado emocional. Quem nunca teve medo diante de um exame e esse mesmo nervoso, esse stress produz um certo mal estar físico, esse é um exemplo que todos nós já vivemos alguma vez e que reflete essa interconexão entre nossa mente e nosso corpo. Há disciplinas como a imune endocrinologia que explica que os estados emocionais sobretudo aqueles que mantemos por um tempo prolongado... aqui faço um parêntese... todas as pessoas podemos sentir raiva, medo, frustração e todos esses tipos de emoções, não é errado sentir medo, raiva, tristeza, mas o que precisamos entender é que todas as emoções têm sua função, e uma razão de existir, não há nada de errado em expressar essa emoção. O problema está sobretudo quando categorizamos internamente certas emoções como negativas e outras como positivas. As emoções que consideramos negativas nos privamos de expressá-las por achar que não são adequadas. Quando não expressamos elas não desaparecem, elas ficam acumuladas e a isso se chama o processo de perpetuar as emoções com o decorrer do tempo. Por isso se eu sinto ira e não expresso essa emoção porque normalmente se considera negativa em nossa cultura ocidental, então tudo isso vai influenciar internamente em meu sistema imunológico, em meu sistema endócrino e nervoso e as diferentes partes do nosso corpo inclusive as defesas internas. Para que nosso sistema esteja equilibrado e desfrute de um nível de bem- estar... um sistema está composto por diferentes integrantes, então em um sistema onde todo mundo pode se expressar tal e como se sente, que todo mundo possa compartilhar seus estados emocionais soa muito utópico, mas é assim como deveria ser. Devemos entender que todas as emoções são necessárias, se são parte de nosso ser é por algum motivo. Deveríamos ter liberdade para expressar sem sofrer o julgamento dos demais. Há muitos autores que explicam que... entenda, o sintoma físico deve ser atendido, precisamos utilizar todas as ferramentas à nossa disposição para que o corpo seja atendido. Mas as mensagens do corpo também precisa ser escutada. O que acontece conosco internamente? Um estado de coerência emocional onde as pessoas se escutam e atendem suas necessidades é um fator que ajuda. Dependendo da natureza do stress nosso corpo terá uma reação determinada e nossa forma de administrar as emoções vai afetar nosso corpo. O problema não está no que acontece mas em como percebemos o que acontece determina nossa reação emocional. Antes eu coloquei o exemplo da minha relação com a minha esposa, se eu vejo que ela está preocupada isso vai determinar uma reação emocional em mim e uma reação corporal que de alguma maneira pode chegar a me desestabilizar. Mas se eu me dou a possibilidade de perceber essa situação de uma outra maneira minha forma de reagir também será diferente, isso sempre pode mudar. Se eu sou capaz de gerar em mim o estado que eu quero ver nela, um estado de equilíbrio, sem dar importância tanto ao que está acontecendo, na medida que se possa seu puder ser uma referência de equilíbrio é importante. As vezes nos preocupamos muito com como os outros estão se sentindo nos impregnamos de seu estado emocional quando na verdade os outros devem perceber um estado emocional equilibrado em mim e assim poderão copiar para seu próprio estado emocional. Não que você não irá se preocupar com nada mas que você aprenda a administrar essa situação. Quando eu faço isso as pessoas ao meu redor respondem de uma maneira melhor. Aqui tem algo muito importante para tudo o que estamos falando, uma personalidade psicossomática que tem a tendência a contrair sintomas físicos no geral uma das características que foram encontradas como padrão nos estudos é uma adaptação social excessiva. Isso significa que são pessoas que tem a tendência de antepor as necessidades dos demais em detrimento das suas próprias necessidades. Que ajudam a resolver os problemas das outras pessoas, a estar sempre ajudando na medida do possível, mas que nessa ajuda se abandonam a si mesmas. São pessoas que tem dificuldade de ir contra a opinião dos demais, essa pessoa reprime suas emoções para não entrar em atrito com os demais. Assim estamos gerando um estado emocional que não ajuda a ninguém. Precisamos nos respeitar como pessoas como peça fundamental para ajudar ao sistema. Pessoas que tem uma adaptação social excessiva tem uma incapacidade de se conectar com as próprias emoções, o corpo entende que não deve escutar tudo isso e se provoca uma desconexão com o meu cérebro com meu interior. Isso nos leva a um terceiro ponto desse tipo de personalidade carente de efeitos no sentido de que quando estamos com os outros por conveniência falamos de temas que podem ser um tanto banais, superficiais. Mas não há uma relação emocional um vínculo estreito. Como não temos a capacidade de expressar nossas emoções nossas relações ficam superficiais. Estou sempre à disposição dos demais, sempre pronto a prestar ajudar aos demais, mas no fundo o que eu preciso dos demais? Preciso que os outros me escutem, isso precisamos entender. Precisamos ser prestativos mas na medida em que os outros também me ajudem. Que eles nos escutem, que não nos julguem, esse equilíbrio é fundamental para o equilíbrio do nosso corpo. Isso nos leva a uma reflexão, em nossa sociedade atual há um esforço e uma necessidade de pertencer a um grupo ou a um sistema, a uma família a um grupo de amigos. E isso é normal, como seres sociais nós crescemos em grupos. Mas isso em excesso nos leva a renunciar quem realmente somos. Certas pessoas anulam alguns aspectos da sua personalidade para se ajustar ao que o sistema em questão precisa. Quando eu era pequeno, tinha uns 6 ou 7 anos quando havia um desajuste entre meus pais se o papai me pedia um abraço, filho me da um abraço, de forma inconsciente eu fazia e então minha mãe vinha e o abraçava também, então isso fez com que eu desenvolvesse essa parte de mim de ter que conciliar de certa forma quando havia uma descompensação. Então de certa maneira se apoiavam em mim a fim de administrar os conflitos que eles tinham. Muitas vezes meu pai me dizia, filho fala com a sua mãe porque comigo ela não se entende e diga isso, isso e aquilo. Ou o contrário. Então claro, eu como pessoa renuncio parte das minhas necessidades, se eu quero dar minha opinião, e se isso gera um conflito então que o sistema também saiba sustentar isso, ou seja, tudo isso eu jogo para a sombra, e somente me associo com certas características da minha personalidade. E isso acaba limitando muito minha personalidade. Internamente existe um mundo que as demais pessoas não conhecem, temos nossas necessidades não compartilhadas, isso não é justo para as outras pessoas, porque privamos os demais de nos conhecer completamente. Com meus pais por exemplo, eu poderia dizer, olha só vocês são suficientemente adultos para administrar seus conflitos eu não tenho que desenvolver esse papel. Claro que dizer isso vai gerar um impacto em meus pais, meus irmãos, pois eles não estão acostumados a ver essa versão de mim. Com tempo devemos aprender a deixar aflorar todo esse mundo interior toda essa parte instintiva que estava reprimida. Claro eu ajudava intervindo na relação de meus pais mas isso os privava de aprender a se regular entre eles. Meus atos ao invés de ajudar apenas perpetuam essa imaturidade. Então essa é uma das chaves, começar a se mostrar tal e qual você é. E se quando eu me mostro como realmente sou e os demais não aceitam já sabemos que eles não aceitam e devemos deixar de nos enganar, mas esse é um ato de respeito a nós mesmos, assim estarmos verdadeiramente conosco mesmos, respeitando nossas necessidades. Passamos a vida tentando nos ajustar para pertencer a este ou aquele grupo mas esta é uma forma de reclusão simbolicamente porque não estamos nos respeitando como indivíduos, então quando nos abandonamos dessa maneira nos rodeamos de pessoas que tem uma aparência falsa porque nós não estamos sendo sinceros com as pessoas que nos rodeiam. Então essa forma de respeito a nós mesmos é uma forma de transmitir às células do nosso corpo uma mensagem e dizer, olha, eu sou importante. Eu sou uma pessoa com minhas necessidades e preciso de respeito. Se não me aceitam como sou em um determinado lugar eu já vou saber e a partir disso vou tomar minhas decisões. E outras pessoas chegarão em nossa vida, pessoas que efetivamente respeitarão quem somos. Assim funciona a vida, a vida nunca vai te dar alguma coisa que você mesmo não tenha se dado antes. Outra situação, falando dos meus pais que agora também vem na minha cabeça, quantas pessoas podem ter esse problema com os próprios pais ou com os sogros, quantas pessoas têm dificuldade de administrar a presença dos pais ou dos sogros durante as férias. Quando queremos estar apenas com nosso cônjuge ou com nossos filhos e internamente temos esse compromisso de querer estar com meu cônjuge mas não posso dizer que não a eles que me pediram para passar uns dias conosco. Como farei isso com meus sogros ou meus pais. No verão passado eu queria compartilhar as férias com minha esposa, desligar do trabalho e de tudo, e meus pais nos pediram para passar uns dias conosco, e eu tive esse dilema, e disse bom, serei capaz de respeitar minhas próprias necessidades ou vou antepor as necessidades das outras pessoas? E para não causar dano eu vou me castigar de alguma maneira. E é uma coisa que as pessoas não estão acostumadas e eu poucas vezes lhes disse: olha, sinto muito, mas o que eu quero é isso, estar com a minha esposa, e eu fiz isso! E para minha surpresa não me levaram a mal. Muitas vezes pensamos que dizer o que queremos vai causar um caos, mas acontece tudo o contrário. Meus pais entenderam e ficou tudo bem. Há mulheres que se desvivem por suas mães, ou homens que tem a mãe em cima, que os ajudam economicamente e sobre protege mas não se sentem com o direito de poder atuar de maneira diferente. Dentro de um sistema a comunicação é a base. Dentro nosso grupo de amigos, do trabalho, da família, a forma que temos de nos comunicar, a forma como eles sentem nossa forma de comunicar é essencial. Pessoas que não sentem que podem dar sua opinião em um grupo, que ficam calados para não ofender a ninguém, essas são formas de se abandonar... Pessoas que quando falam ou opinam se sentem excluídos, não tenho permissão para dar minha opinião sobre esse tema. E por outro lado há pessoas que tem a necessidade de falar todo tempo apenas ela, porque tem medo de ficar sozinhas, essa também é uma forma de compensar esse vazio. Pessoas imaturas que não podem sequer se expressar sobre algo porque na hora que abrirem a boca sentem que vão gerar um conflito, pessoas com essas características de personalidade querem evadir o conflito, e o conflito é algo necessário na vida para poder de desenvolver. Precisamente essa pandemia que estamos vivendo agora que não deixa de ser um conflito. É necessário também para que as pessoas questionem sua vida, senão estaremos sempre na monotonia, deve haver um conflito para haver paz. Se não enfrento certas adversidades o sistema não cresce, se estanca. Da mesma forma como o mundo precisa de uma crise para promover mudanças, em nossas casas é a mesma coisa a fim de melhorar nossas vidas e o sistema como um todo. Afinal, em nossas relações mais significativas, tenho uma serie de perguntas para reflexão de cada um de nós pensando nas pessoas que nos rodeiam para ver se essas pessoas respeitam nossas necessidades e se nós mesmos nos respeitamos com a forma de expressar. Pensemos em pessoas em particular, minha mulher, meu pai, meu sogro, meu filho etc. Perguntas: Essa relação tem me obrigado a adiar meu íntimo modo de ser? Que aspectos importantes de mim eu tenho escondido por conta dessa relação? O que disfarço de mim para estar com o outro? O que aconteceria se sou honestamente eu diante do outro? Eu sei ser assertivo diante da outra pessoa? Sinto-me relaxado, tenso ou na defensiva em sua companhia? Posso ser espontânea? É uma pergunta importante a se fazer que mostra tudo o que somos. Posso ser espontâneo diante do outro? Sinto que o outro quer tornar a minha vida o mais fácil possível? O eu quero fazer a dele mais fácil? Sinto-me querido e respeitado como pessoa? Preste atenção a uma citação de um poeta que diz: O que é pertencer? Se não só quando te perdes o caminho volta a ti. O que é pertencer a um grupo de amigos? A uma família se não podemos estar como somos? Só quando nos perdemos o caminho volta a nós e nos devolve o verdadeiro sentido de pertencer. Lerei outro texto que diz: Resumindo, recuperar a saúde significa recuperar nosso íntimo modo de ser. Lembrar-nos de quem somos significa equilíbrio, harmonia, beleza, respeitar nossa liberdade, ser valentes e ousados, significa ser criança, ou seja, não ter medo a ser ingênuos, ser livres, flexíveis, abertos e desbravadores, ágeis frente à vida, de riso fácil e humor espontâneo, significa atividade comprometida, alternada com passividade assertiva. Perceber, olhar vendo e ouvir escutando. As vezes estar, as vezes ser e as vezes tudo isso junto. Saber ganhar e saber perder, para viver saudáveis precisamos estar encarregados de nós mesmo responsavelmente em todos os aspectos. Aplicação prática: Então faremos o seguinte exercício. 1. Pensar em um momento em que você percebeu que não pode se expressar e presta atenção em como atuou. Ou que ao fazer, você se sentiu julgado, como você reagiu, como você se comunica quando isso acontece? Exemplo hipotético, estávamos com minha família comendo e disse ao meu filho que tivesse cuidado quando fosse ao mercado e minha mulher me disse que eu era exagerado e que melhor ficasse calado. 2. Pense em uma pessoa que você admira e pergunte a si mesmo que conselho ela te daria. Uma pessoa que nos desperte admiração e que saibamos que na mesma situação essa pessoa daria uma resposta diferente da nossa. Normalmente as pessoas que admiramos são aquelas em quem depositamos aquilo que pensamos que não somos capazes de desenvolver o de ser. De que forma você se comportaria se aceitasse esse conselho? Exemplo: Sendo meu irmão a pessoa que realmente admiro, certamente meu irmão me diria que eu tenho o direito de opinar sobre meus filhos, o direito de expressar o que eu penso e ser respeitado por isso. Nessa situação se minha mulher me dissesse isso sei que tenho o direito de me expressar e não preciso me calar como ela disse. 3. O que você teria que sustentar ao aplicar esse conselho? Uma vez que eu atuo baseado nesse conselho, que essa pessoa me dá, o que eu precisaria manter uma vez que aplicasse o conselho? Que incomodidade eu teria que aprender a sustentar, quem não estaria de acordo comigo e eu tivesse que manter minha postura a despeito da chateação dela. Eu teria que me comprometer mais no cuidado com meus filhos. As vezes ficar calado e não expressar nossas opiniões é uma forma de evadir o compromisso. Então deixo a vocês esse recurso para quando vocês quiserem aplicar em suas vidas. Termino com uma história textual: Certa vez, um homem decidiu consultar a um sábio sobre seus problemas. Depois de uma longa viagem o homem finalmente chegou até o sábio e disse: Mestre veio até você porque estou desesperado, tudo está dando errado e não sei mais o que fazer para melhorar essa situação. O sábio respondeu: posso ajudar você com isso, você sabe remar? E o homem um pouco confuso disse que sim. Então o mestre o acompanhou até um barco à beira do lago e disse ao homem que remasse até o centro do lago. Agora você vai me explicar como posso melhorar minha vida, o homem perguntou. Vendo que o ancião desfrutava da viagem sem nenhuma preocupação. Continua, continua, porque precisamos chegar exatamente no centro do lago. E quando chegaram ao centro exato do lago o mestre disse: inclina teu corpo tudo o que puder para o lago e me diga o que você vê. O homem esticou quase todo o seu corpo por cima da borda do pequeno barco e tentando não se desequilibrar chegou seu rosto, tudo o que pode na água. Sem entender para que estava fazendo isso, de repente o ancião o empurrou, e o homem caiu na água, ao tentar sair, o sábio segurou sua cabeça com as duas mãos, e impediu que ele saísse à superfície. Desesperado o homem bateu os braços os pés, e definitivamente afundou na água. Quando estava a ponto de morrer afogado, o sábio o soltou, e lhe permitiu subir ao barco. Uma vez no barco, entre tosses e afogamento, o homem gritou ao sábio: você está louco? Não percebe que quase me afogou? E com o rosto tranquilo o mestre lhe perguntou: quando você estava debaixo d’água, no que você pensava? O que era o que você mais desejava nesse momento? E ele respondeu, lógico que respirar! Pois bem, quando você lutar para ter sucesso, com a mesma veemência que pensavas naquele momento em respirar, então estarás preparado para triunfar. Queria compartilhar isso com você porque ele reflete algo fundamental que é quando começamos a atuar sem pensar em ninguém mais que nós mesmos e se fazemos a pergunta: se ninguém me observasse, se ninguém me julgasse, se eu realmente fizesse o que desde o mais profundo do meu ser sinto que devo fazer, o que aconteceria? Foi o que aconteceu com o personagem da história. Ele não tinha a possibilidade de pensar nos demais, no que eles necessitam, em nada mais que em suas necessidades mais básica, aquilo que seu ser interior estava pedindo que fizesse, respirar. O respeito de uma sociedade, de uma nação começa com o respeito de cada um a si mesmo. Muito obrigado por nos escutar. Espero que desfrutem desta aula e das outras também. Muito obrigado.