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Coronavírus: como crescer diante da adversidade

Vídeo 3 – A emoção do sintoma


Por David Corbera – Diretor Acadêmico Enric Corbera Institute
Olá a todos. Hoje vamos falar sobre administração das emoções e como essas
emoções podem gerar um impacto em nosso corpo.
Já faz alguns dias que estou refletindo sobre a aula de hoje porque sei que
pode haver pessoas que estejam se sentindo desamparadas agora. Talvez
alguma pessoa que esteja doente, nos hospitais e não podem receber visitas
de seus familiares e isso pode gerar muitos estados de fragilidade. Ou pessoas
que estejam em casa preocupadas por tudo o que está acontecendo. Minha
esposa que está grávida de quase 8 meses sofre pela situação e se preocupa
pelo que vai acontecer com tudo isso. E eu na minha posição tento acalmá-la,
mas está difícil para todos em certa medida. Administrar nosso estado
emocional e o das pessoas que estão ao nosso redor.
Precisamos aprender a dosar e canalizar bem as emoções porque muitas
vezes por querer empatizar em excesso com as pessoas com a vontade de
ajudá-las nos perdemos em nosso próprio estado emocional e perdemos nosso
equilíbrio interno. Devemos tentar ser referência a nível de administração
emocional, saber estar equilibrados emocionalmente e que isso ajude aos
demais.
Então, sobre os sintomas físicos do corpo, muito além dos sintomas físicos que
esta pandemia está provocando, de que forma o que acontece em nosso corpo
físico fala do nosso estado interno? Existe um consenso entre várias disciplinas
da ciência que um sintoma do nosso corpo é provocado por múltiplas
condições, tanto os fatores externos quanto os internos intervém. Condutas,
nossa personalidade etc. A ciência está chegando ao consenso de que nós
temos um grande poder de influenciar nosso estado de saúde. Essa paranoia
coletiva que estamos vivendo sobre se vamos contrair o vírus, se vamos ficar
doentes, etc... sair na rua e sofrer por pensar se vou ou não contrair o vírus...
precisamos entender que muito além disso tudo também existem outros fatores
que podem nos proteger e que podem nos ajudar a potencializar essa saúde
interna.
Hoje vamos focar em falar sobre como podemos estar com um ótimo estado de
saúde, e se alguém não esteja nessa condição agora vamos falar sobre como
poderão fazer para alcançar isso e melhorar. Então esta aula não é apenas
para pessoas com sintomas físicos, mas também para aqueles que desejam
realizar mudanças significativas em sua vida.
Este curso já alcançou aproximadamente 60 mil usuários e isso fala de que
existe uma busca por uma mudança intrínseca a fim de melhorar nossa
sociedade como um todo.
Como sempre dizemos toda dificuldade trás uma mensagem e devemos
aprender a escutar essa mensagem e compreender o que se está querendo
transmitir a fim de fazer mudanças em nossa vida para melhorar como pessoas
e como sociedade.
Então, um sintoma tem causas múltiplas, muitas pessoas tem o costume de
atribuir a causa de uma enfermidade a causas externas, do ambiente, mas o
que muita gente não sabe é que a atitude de uma pessoa, sua mentalidade,
suas tendências de comportamento, suas reações emocionais, tudo isso
também influi em nosso estado de saúde e afetam como os fatores externos
irão influenciar nosso corpo.
O lado positivo disso tudo é que ao invés de estar à mercê do que acontece em
nosso exterior nós temos a capacidade de controlar o que nos acontece e de
potencializar nossa saúde.
Eu vou começar a aula com um texto sobre o tema de Jennifer M. que é uma
cientista que fala do poder de assumir o poder e a responsabilidade que nós
temos sobre o mundo dos sintomas físicos. Apresento textualmente um
fragmento de um dos seus livros. “Desde crianças fomos ensinados a enfrentar
a doença como uma coisa que nos acontece, algo do qual somos vítimas de
alguma maneira, estamos acostumados a ouvir e dizer frases como as
seguintes: tenho má sorte, fico doente toda vez que tenho que fazer alguma
coisa importante, ou, tenho muitos problemas vou terminar com uma úlcera,
etc. Como se as enfermidades fossem algo que nos chega como a chuva frente
ao qual somos vítimas inocentes sem capacidade de decisão nem influência.
Assim mesmo, como nós não somos responsáveis passamos o problema ao
médico para que seja responsável prescreva e decida sobre nossas vidas, e
nós passivamente esperamos que nosso problema seja resolvido desde fora e
no máximo obedecemos as instruções do médico, guardando nossa vontade e
capacidade de raciocínio até que estejamos melhor. Mas, o que acontece com
nossa participação na enfermidade? Que tipo de mágica nos permite lavar as
mãos com respeito à nossa própria saúde?”
Então para algo tão íntimo e tão pessoal, acabamos sendo apenas
espectadores.
Seguindo a leitura: “No entanto, quando assumimos a responsabilidade sobre
nossa saúde, reconhecemos que podemos participar ativamente nos processos
de enfermidade, e de recuperação”.
E assim outros grandes autores como quem escreveu “ A vida secreta do
cérebro” uma leitura que recomendo a todos, explicam, com experimentos que
já foram feitos, falando sobre o resfriado, o que se conhece é que o resfriado é
causado por um determinado vírus, e se você pega o vírus terá os sintomas do
resfriado, no entanto, nesse livro a autora explica que se um cientista coloca o
vírus do resfriado no nariz de 100 pessoas, somente 25% a 40% das pessoas
irão desenvolver o resfriado. A reflexão é: o conjunto de sintomas aos quais
chamamos resfriado não implica somente nosso corpo, mas também nossa
mente. Ou seja, o vírus é um elemento necessário, porém não suficiente para
contrair essa doença.
A autora ainda explica que as pessoas introvertidas ou de mentalidade
negativa tem mais tendência a desenvolver o resfriado quando seu nariz entra
em contato com o vírus. E a mesma coisa acontece agora com o coronavírus,
muitas pessoas são portadoras do vírus mas são assintomáticas.
E também há pessoas que estão desesperadas agora dizendo: puxa eu sou
muito pessimista, negativa... eu quero deixar uma mensagem com cada um de
vocês também... da mesma forma como o vírus é um fator, esse tipo de
mentalidade também é um fator, portanto, o fato de que você tenha essa
tendência de comportamento não significa que você esteja mais exposto. Mas
sim, é um fator que deve ser levado em consideração.
É algo se considerar pensando em que o fator comportamental eu posso
controlar, então sobre isso vou colocar minha atenção a fim de melhorar para
conservar um bom estado de saúde emocional e física. E isso é o que eu
gostaria que você levasse em consideração: de que forma posso me
potencializar em todos os sentidos?
Algo que pode nos ajudar a ver como vincular nosso corpo à nossa
mentalidade é o que aquela cientista do livro mencionada também fala é que a
forma como falamos e nos posicionamos fala de como é essa interação entre
nosso corpo e nossa mente. Sobre a inteligência do corpo, e essa interação às
vezes dizemos coisas como: tive uma intuição visceral, segui meu coração ou
isto me embrulha o estômago ou é difícil de digerir, isso me parte o coração,
são frases que dizemos e que já estão falando de nosso corpo e de nosso
estado emocional.
Quem nunca teve medo diante de um exame e esse mesmo nervoso, esse
stress produz um certo mal estar físico, esse é um exemplo que todos nós já
vivemos alguma vez e que reflete essa interconexão entre nossa mente e
nosso corpo.
Há disciplinas como a imune endocrinologia que explica que os estados
emocionais sobretudo aqueles que mantemos por um tempo prolongado... aqui
faço um parêntese... todas as pessoas podemos sentir raiva, medo, frustração
e todos esses tipos de emoções, não é errado sentir medo, raiva, tristeza, mas
o que precisamos entender é que todas as emoções têm sua função, e uma
razão de existir, não há nada de errado em expressar essa emoção. O
problema está sobretudo quando categorizamos internamente certas emoções
como negativas e outras como positivas. As emoções que consideramos
negativas nos privamos de expressá-las por achar que não são adequadas.
Quando não expressamos elas não desaparecem, elas ficam acumuladas e a
isso se chama o processo de perpetuar as emoções com o decorrer do tempo.
Por isso se eu sinto ira e não expresso essa emoção porque normalmente se
considera negativa em nossa cultura ocidental, então tudo isso vai influenciar
internamente em meu sistema imunológico, em meu sistema endócrino e
nervoso e as diferentes partes do nosso corpo inclusive as defesas internas.
Para que nosso sistema esteja equilibrado e desfrute de um nível de bem-
estar... um sistema está composto por diferentes integrantes, então em um
sistema onde todo mundo pode se expressar tal e como se sente, que todo
mundo possa compartilhar seus estados emocionais soa muito utópico, mas é
assim como deveria ser. Devemos entender que todas as emoções são
necessárias, se são parte de nosso ser é por algum motivo. Deveríamos ter
liberdade para expressar sem sofrer o julgamento dos demais.
Há muitos autores que explicam que... entenda, o sintoma físico deve ser
atendido, precisamos utilizar todas as ferramentas à nossa disposição para que
o corpo seja atendido. Mas as mensagens do corpo também precisa ser
escutada. O que acontece conosco internamente?
Um estado de coerência emocional onde as pessoas se escutam e atendem
suas necessidades é um fator que ajuda. Dependendo da natureza do stress
nosso corpo terá uma reação determinada e nossa forma de administrar as
emoções vai afetar nosso corpo.
O problema não está no que acontece mas em como percebemos o que
acontece determina nossa reação emocional. Antes eu coloquei o exemplo da
minha relação com a minha esposa, se eu vejo que ela está preocupada isso
vai determinar uma reação emocional em mim e uma reação corporal que de
alguma maneira pode chegar a me desestabilizar. Mas se eu me dou a
possibilidade de perceber essa situação de uma outra maneira minha forma de
reagir também será diferente, isso sempre pode mudar. Se eu sou capaz de
gerar em mim o estado que eu quero ver nela, um estado de equilíbrio, sem dar
importância tanto ao que está acontecendo, na medida que se possa seu puder
ser uma referência de equilíbrio é importante. As vezes nos preocupamos
muito com como os outros estão se sentindo nos impregnamos de seu estado
emocional quando na verdade os outros devem perceber um estado emocional
equilibrado em mim e assim poderão copiar para seu próprio estado emocional.
Não que você não irá se preocupar com nada mas que você aprenda a
administrar essa situação. Quando eu faço isso as pessoas ao meu redor
respondem de uma maneira melhor.
Aqui tem algo muito importante para tudo o que estamos falando, uma
personalidade psicossomática que tem a tendência a contrair sintomas físicos
no geral uma das características que foram encontradas como padrão nos
estudos é uma adaptação social excessiva. Isso significa que são pessoas que
tem a tendência de antepor as necessidades dos demais em detrimento das
suas próprias necessidades. Que ajudam a resolver os problemas das outras
pessoas, a estar sempre ajudando na medida do possível, mas que nessa
ajuda se abandonam a si mesmas. São pessoas que tem dificuldade de ir
contra a opinião dos demais, essa pessoa reprime suas emoções para não
entrar em atrito com os demais. Assim estamos gerando um estado emocional
que não ajuda a ninguém. Precisamos nos respeitar como pessoas como peça
fundamental para ajudar ao sistema. Pessoas que tem uma adaptação social
excessiva tem uma incapacidade de se conectar com as próprias emoções, o
corpo entende que não deve escutar tudo isso e se provoca uma desconexão
com o meu cérebro com meu interior.
Isso nos leva a um terceiro ponto desse tipo de personalidade carente de
efeitos no sentido de que quando estamos com os outros por conveniência
falamos de temas que podem ser um tanto banais, superficiais. Mas não há
uma relação emocional um vínculo estreito. Como não temos a capacidade de
expressar nossas emoções nossas relações ficam superficiais. Estou sempre à
disposição dos demais, sempre pronto a prestar ajudar aos demais, mas no
fundo o que eu preciso dos demais? Preciso que os outros me escutem, isso
precisamos entender. Precisamos ser prestativos mas na medida em que os
outros também me ajudem. Que eles nos escutem, que não nos julguem, esse
equilíbrio é fundamental para o equilíbrio do nosso corpo.
Isso nos leva a uma reflexão, em nossa sociedade atual há um esforço e uma
necessidade de pertencer a um grupo ou a um sistema, a uma família a um
grupo de amigos. E isso é normal, como seres sociais nós crescemos em
grupos. Mas isso em excesso nos leva a renunciar quem realmente somos.
Certas pessoas anulam alguns aspectos da sua personalidade para se ajustar
ao que o sistema em questão precisa.
Quando eu era pequeno, tinha uns 6 ou 7 anos quando havia um desajuste
entre meus pais se o papai me pedia um abraço, filho me da um abraço, de
forma inconsciente eu fazia e então minha mãe vinha e o abraçava também,
então isso fez com que eu desenvolvesse essa parte de mim de ter que
conciliar de certa forma quando havia uma descompensação. Então de certa
maneira se apoiavam em mim a fim de administrar os conflitos que eles tinham.
Muitas vezes meu pai me dizia, filho fala com a sua mãe porque comigo ela
não se entende e diga isso, isso e aquilo. Ou o contrário. Então claro, eu como
pessoa renuncio parte das minhas necessidades, se eu quero dar minha
opinião, e se isso gera um conflito então que o sistema também saiba sustentar
isso, ou seja, tudo isso eu jogo para a sombra, e somente me associo com
certas características da minha personalidade.
E isso acaba limitando muito minha personalidade. Internamente existe um
mundo que as demais pessoas não conhecem, temos nossas necessidades
não compartilhadas, isso não é justo para as outras pessoas, porque privamos
os demais de nos conhecer completamente.
Com meus pais por exemplo, eu poderia dizer, olha só vocês são
suficientemente adultos para administrar seus conflitos eu não tenho que
desenvolver esse papel. Claro que dizer isso vai gerar um impacto em meus
pais, meus irmãos, pois eles não estão acostumados a ver essa versão de
mim. Com tempo devemos aprender a deixar aflorar todo esse mundo interior
toda essa parte instintiva que estava reprimida. Claro eu ajudava intervindo na
relação de meus pais mas isso os privava de aprender a se regular entre eles.
Meus atos ao invés de ajudar apenas perpetuam essa imaturidade.
Então essa é uma das chaves, começar a se mostrar tal e qual você é. E se
quando eu me mostro como realmente sou e os demais não aceitam já
sabemos que eles não aceitam e devemos deixar de nos enganar, mas esse é
um ato de respeito a nós mesmos, assim estarmos verdadeiramente conosco
mesmos, respeitando nossas necessidades. Passamos a vida tentando nos
ajustar para pertencer a este ou aquele grupo mas esta é uma forma de
reclusão simbolicamente porque não estamos nos respeitando como
indivíduos, então quando nos abandonamos dessa maneira nos rodeamos de
pessoas que tem uma aparência falsa porque nós não estamos sendo sinceros
com as pessoas que nos rodeiam. Então essa forma de respeito a nós mesmos
é uma forma de transmitir às células do nosso corpo uma mensagem e dizer,
olha, eu sou importante. Eu sou uma pessoa com minhas necessidades e
preciso de respeito. Se não me aceitam como sou em um determinado lugar eu
já vou saber e a partir disso vou tomar minhas decisões. E outras pessoas
chegarão em nossa vida, pessoas que efetivamente respeitarão quem somos.
Assim funciona a vida, a vida nunca vai te dar alguma coisa que você mesmo
não tenha se dado antes.
Outra situação, falando dos meus pais que agora também vem na minha
cabeça, quantas pessoas podem ter esse problema com os próprios pais ou
com os sogros, quantas pessoas têm dificuldade de administrar a presença dos
pais ou dos sogros durante as férias. Quando queremos estar apenas com
nosso cônjuge ou com nossos filhos e internamente temos esse compromisso
de querer estar com meu cônjuge mas não posso dizer que não a eles que me
pediram para passar uns dias conosco. Como farei isso com meus sogros ou
meus pais. No verão passado eu queria compartilhar as férias com minha
esposa, desligar do trabalho e de tudo, e meus pais nos pediram para passar
uns dias conosco, e eu tive esse dilema, e disse bom, serei capaz de respeitar
minhas próprias necessidades ou vou antepor as necessidades das outras
pessoas? E para não causar dano eu vou me castigar de alguma maneira. E é
uma coisa que as pessoas não estão acostumadas e eu poucas vezes lhes
disse: olha, sinto muito, mas o que eu quero é isso, estar com a minha esposa,
e eu fiz isso! E para minha surpresa não me levaram a mal. Muitas vezes
pensamos que dizer o que queremos vai causar um caos, mas acontece tudo o
contrário. Meus pais entenderam e ficou tudo bem.
Há mulheres que se desvivem por suas mães, ou homens que tem a mãe em
cima, que os ajudam economicamente e sobre protege mas não se sentem
com o direito de poder atuar de maneira diferente.
Dentro de um sistema a comunicação é a base. Dentro nosso grupo de amigos,
do trabalho, da família, a forma que temos de nos comunicar, a forma como
eles sentem nossa forma de comunicar é essencial.
Pessoas que não sentem que podem dar sua opinião em um grupo, que ficam
calados para não ofender a ninguém, essas são formas de se abandonar...
Pessoas que quando falam ou opinam se sentem excluídos, não tenho
permissão para dar minha opinião sobre esse tema. E por outro lado há
pessoas que tem a necessidade de falar todo tempo apenas ela, porque tem
medo de ficar sozinhas, essa também é uma forma de compensar esse vazio.
Pessoas imaturas que não podem sequer se expressar sobre algo porque na
hora que abrirem a boca sentem que vão gerar um conflito, pessoas com essas
características de personalidade querem evadir o conflito, e o conflito é algo
necessário na vida para poder de desenvolver. Precisamente essa pandemia
que estamos vivendo agora que não deixa de ser um conflito. É necessário
também para que as pessoas questionem sua vida, senão estaremos sempre
na monotonia, deve haver um conflito para haver paz. Se não enfrento certas
adversidades o sistema não cresce, se estanca. Da mesma forma como o
mundo precisa de uma crise para promover mudanças, em nossas casas é a
mesma coisa a fim de melhorar nossas vidas e o sistema como um todo.
Afinal, em nossas relações mais significativas, tenho uma serie de perguntas
para reflexão de cada um de nós pensando nas pessoas que nos rodeiam para
ver se essas pessoas respeitam nossas necessidades e se nós mesmos nos
respeitamos com a forma de expressar. Pensemos em pessoas em particular,
minha mulher, meu pai, meu sogro, meu filho etc.
Perguntas: Essa relação tem me obrigado a adiar meu íntimo modo de ser?
Que aspectos importantes de mim eu tenho escondido por conta dessa
relação? O que disfarço de mim para estar com o outro? O que aconteceria se
sou honestamente eu diante do outro? Eu sei ser assertivo diante da outra
pessoa? Sinto-me relaxado, tenso ou na defensiva em sua companhia? Posso
ser espontânea? É uma pergunta importante a se fazer que mostra tudo o que
somos. Posso ser espontâneo diante do outro? Sinto que o outro quer tornar a
minha vida o mais fácil possível? O eu quero fazer a dele mais fácil? Sinto-me
querido e respeitado como pessoa?
Preste atenção a uma citação de um poeta que diz: O que é pertencer? Se não
só quando te perdes o caminho volta a ti. O que é pertencer a um grupo de
amigos? A uma família se não podemos estar como somos? Só quando nos
perdemos o caminho volta a nós e nos devolve o verdadeiro sentido de
pertencer.
Lerei outro texto que diz: Resumindo, recuperar a saúde significa recuperar
nosso íntimo modo de ser. Lembrar-nos de quem somos significa equilíbrio,
harmonia, beleza, respeitar nossa liberdade, ser valentes e ousados, significa
ser criança, ou seja, não ter medo a ser ingênuos, ser livres, flexíveis, abertos e
desbravadores, ágeis frente à vida, de riso fácil e humor espontâneo, significa
atividade comprometida, alternada com passividade assertiva. Perceber, olhar
vendo e ouvir escutando. As vezes estar, as vezes ser e as vezes tudo isso
junto. Saber ganhar e saber perder, para viver saudáveis precisamos estar
encarregados de nós mesmo responsavelmente em todos os aspectos.
Aplicação prática:
Então faremos o seguinte exercício.
1. Pensar em um momento em que você percebeu que não pode se expressar
e presta atenção em como atuou. Ou que ao fazer, você se sentiu julgado,
como você reagiu, como você se comunica quando isso acontece?
Exemplo hipotético, estávamos com minha família comendo e disse ao meu
filho que tivesse cuidado quando fosse ao mercado e minha mulher me disse
que eu era exagerado e que melhor ficasse calado.
2. Pense em uma pessoa que você admira e pergunte a si mesmo que
conselho ela te daria. Uma pessoa que nos desperte admiração e que
saibamos que na mesma situação essa pessoa daria uma resposta diferente
da nossa. Normalmente as pessoas que admiramos são aquelas em quem
depositamos aquilo que pensamos que não somos capazes de desenvolver o
de ser. De que forma você se comportaria se aceitasse esse conselho?
Exemplo: Sendo meu irmão a pessoa que realmente admiro, certamente meu
irmão me diria que eu tenho o direito de opinar sobre meus filhos, o direito de
expressar o que eu penso e ser respeitado por isso. Nessa situação se minha
mulher me dissesse isso sei que tenho o direito de me expressar e não preciso
me calar como ela disse.
3. O que você teria que sustentar ao aplicar esse conselho? Uma vez que eu
atuo baseado nesse conselho, que essa pessoa me dá, o que eu precisaria
manter uma vez que aplicasse o conselho? Que incomodidade eu teria que
aprender a sustentar, quem não estaria de acordo comigo e eu tivesse que
manter minha postura a despeito da chateação dela. Eu teria que me
comprometer mais no cuidado com meus filhos. As vezes ficar calado e não
expressar nossas opiniões é uma forma de evadir o compromisso.
Então deixo a vocês esse recurso para quando vocês quiserem aplicar em
suas vidas.
Termino com uma história textual:
Certa vez, um homem decidiu consultar a um sábio sobre seus problemas.
Depois de uma longa viagem o homem finalmente chegou até o sábio e disse:
Mestre veio até você porque estou desesperado, tudo está dando errado e não
sei mais o que fazer para melhorar essa situação. O sábio respondeu: posso
ajudar você com isso, você sabe remar? E o homem um pouco confuso disse
que sim. Então o mestre o acompanhou até um barco à beira do lago e disse
ao homem que remasse até o centro do lago. Agora você vai me explicar como
posso melhorar minha vida, o homem perguntou. Vendo que o ancião
desfrutava da viagem sem nenhuma preocupação. Continua, continua, porque
precisamos chegar exatamente no centro do lago. E quando chegaram ao
centro exato do lago o mestre disse: inclina teu corpo tudo o que puder para o
lago e me diga o que você vê. O homem esticou quase todo o seu corpo por
cima da borda do pequeno barco e tentando não se desequilibrar chegou seu
rosto, tudo o que pode na água. Sem entender para que estava fazendo isso,
de repente o ancião o empurrou, e o homem caiu na água, ao tentar sair, o
sábio segurou sua cabeça com as duas mãos, e impediu que ele saísse à
superfície. Desesperado o homem bateu os braços os pés, e definitivamente
afundou na água. Quando estava a ponto de morrer afogado, o sábio o soltou,
e lhe permitiu subir ao barco. Uma vez no barco, entre tosses e afogamento, o
homem gritou ao sábio: você está louco? Não percebe que quase me afogou?
E com o rosto tranquilo o mestre lhe perguntou: quando você estava debaixo
d’água, no que você pensava? O que era o que você mais desejava nesse
momento? E ele respondeu, lógico que respirar! Pois bem, quando você lutar
para ter sucesso, com a mesma veemência que pensavas naquele momento
em respirar, então estarás preparado para triunfar.
Queria compartilhar isso com você porque ele reflete algo fundamental que é
quando começamos a atuar sem pensar em ninguém mais que nós mesmos e
se fazemos a pergunta: se ninguém me observasse, se ninguém me julgasse,
se eu realmente fizesse o que desde o mais profundo do meu ser sinto que
devo fazer, o que aconteceria? Foi o que aconteceu com o personagem da
história. Ele não tinha a possibilidade de pensar nos demais, no que eles
necessitam, em nada mais que em suas necessidades mais básica, aquilo que
seu ser interior estava pedindo que fizesse, respirar.
O respeito de uma sociedade, de uma nação começa com o respeito de cada
um a si mesmo.
Muito obrigado por nos escutar. Espero que desfrutem desta aula e das outras
também. Muito obrigado.

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