1. O que a crise nos ensina? Olá a todos. Sejam muito bem vindos. Como podem ver estamos em momentos de confinamento. Enric Corbera Institute tomou essa iniciativa de fazer uma formação gratuita para todas aquelas pessoas que estejam interessadas em participar e aprender conosco. Portanto o título desta formação, nós colocamos o título, não sei se acertadamente, mas penso que é muito atual, Coronavírus: como crescer diante da adversidade. A aula que eu vou dar a vocês hoje, a primeira é “O que nos ensina esta crise?” E de fato eu faço uma comparação com a viagem do herói que muitas vezes temos falado dele. E se alguém não sabe o que é a viagem do herói, de fato todos os filmes têm como roteiro a “viagem do herói”. O herói é cada um de nós, essa pessoa muito normal que de repente se encontra diante de uma decisão muito importante ou de uma crise ou de uma adversidade e tem que tomar decisões muito importantes. Uma das coisas que realmente está acontecendo com esta crise, é que está nos tirando do nosso mundo ordinário. Dito de outra maneira, o mundo que estamos acostumados a nos mover, nossas rotinas, definitivamente, aquilo que fazemos todos os dias e que o fazemos apenas sem pensar. E de repente tudo virou de ponta cabeça. Absolutamente tudo está invertido. E acontece que por essa inversão, vamos poder tirar mais proveito desta formação. O herói de fato enfrenta essas situações, sai do mundo ordinário, entra nesse mundo especial que é aquele que estamos agora, aparecem os tutores, que pode ser eu ou tantos outros que estamos aqui de alguma forma para dizer: Ei! Atenção! Porque há muitas maneiras de ver isto. Vamos dizer que esta primeira aula é a continuação ou o desdobramento da Conferência que aconteceu na quarta-feira que tem por título: “A crise: uma viagem ao nosso interior”. Pois bem, não devemos deixar de levar em consideração o seguinte: tudo está interrelacionado, somos um sistema, os seres humanos, os seres viventes, estão inseridos em um sistema maior, que a natureza, nossa Mãe Terra. E portanto, tudo está interagindo. Já coloquei o exemplo das abelhas, de como colocar pesticidas nas plantas afetam as abelhas, e afetam definitivamente ao sistema no geral. Portanto, vamos repensar isto e a primeira pergunta que eu vou fazer a todos vocês é: onde você se encontra atualmente? Em que estado emocional ou em que zona você se encontra atualmente? E a outra pergunta que vou fazer é: quem eu quero ser nesta situação? (Que implicâncias tem para você esta mudança?) Quem realmente eu quero ser? Então três zonas importantes: A zona do medo; a zona de aprendizagem; e a zona de crescimento. A zona do medo que é a que aparece primeiro quando há uma crise pode ser vista em diferentes condutas que vocês já tem observado como um todo, essas condutas de pânico, comprar e comprar como se o mundo fosse acabar amanhã, e o resto que se dane. Então se dão situações de raiva muito fácil, de irritabilidade, de culpar aos outros, de buscar culpados constantemente, de nos sentir vítimas, de gente que diz: ah, fiquei preso em uma situação e ninguém me ajude! Na realidade, pergunte a si mesmo para que você ficou preso e se estavas fora do mundo o que pretendias com esta história. Nós mesmos que estávamos entre aspas confinados em Equador, percebemos que isso iria de mal a pior e buscamos uma saída. Mas não importa, se você ficou preso aonde quer que seja, aproveite essa situação. Aproveite! Não vamos buscar culpados, não nos sintamos vítimas. Afinal tudo é uma experiência, se ficamos nessa zona de medo, então estaremos desarraigando tudo, assaltando tudo, pegando tudo, guardando tudo, quando na verdade os produtos continuam existindo os produtos necessários em todas as partes, assistência sanitária, de fato tudo continua funcionando. No entanto, em outro ritmo, em outro nível, com outra consciência. Agora entramos na zona de aprendizagem. Nessa zona de aprendizagem, quando saímos da zona do medo e dizemos: bom, isto é o que há, eu aceito, e agora o que faço, fico aqui com raiva de todo mundo? Isso não leva a lugar algum. É onde se assenta o egoísmo, primeiro eu, depois eu, e os demais que se danem. Então quando entramos na zona de aprendizagem, percebemos que o controle não existe. Vamos soltar o controle. Estamos vivendo momentos de dúvidas, de incertezas, falarei mais adiante sobre isto, que é um ponto importante, é um ponto de inflexão. E já deixo de consumir coisas que me façam mal, sobretudo notícias. Esses fake News que há pelo mundo, porque as pessoas se aproveitam de tudo, não é mesmo? Reconheçamos que devemos fazer uma mudança em nós mesmos, percebemos como nos tratamos a nós mesmos e como nos tratamos em nossas relações interpessoais. Logo, vamos para a zona de crescimento, que realmente é o sentido que tem esta aula. Que é: vou encontrar um propósito novo na minha vida. Percebo que tenho que pensar em mim, mas também devo pensar nos demais. Deve haver um equilíbrio. O mais importante e que eu vou trabalhar hoje é fazer uma inversão de pensamento. Viver no agradecimento e sobretudo integrar minha sombra, e uma das coisas que nos leva a essa zona de crescimento, é saber viver bem no presente, no aqui e no agora. Portanto, repito a mesma pergunta: onde você se encontra agora? Onde você está? Convido você a abrir essa zona de conforto, porque em definitiva não é sair da zona de conforto, mas expandir essa zona de conforto e sentir-se cômodo nessa zona de crescimento onde realmente temos a oportunidade de poder reescrever muitas coisas da nossa vida, tomar novas decisões e sem vitimismo e sem culpabilidade. Portanto, não existe um problema geral, mas existe meu problema. Como eu já disse somos um sistema dentro de um sistema. Tudo está interrelacionado. Portanto, esta situação que estamos vivendo encerra uma aprendizagem, é um tesouro. Porque esse tesouro implica que é uma oportunidade para desenvolver minhas capacidades. De fato é um desafio pessoal. Portanto o convite desta aula é: vamos fazer uma viagem. Uma viagem desde o exterior até nosso interior. Essa situação que estamos vivendo é uma maravilhosa oportunidade de auto introspecção de olhar para dentro, de nos conhecermos melhor. De buscar essa parte oculta que está em nós, nossas sombras. Aquilo que não expressamos. E perceberemos até que ponto vivíamos em uma rotina, em umas justificações, em umas explicações, que nos levava a viver uma vida como adormecidos, como hipnotizados. Por isso, a vida está nos sacudindo e essa é uma maravilhosa oportunidade de fazer-nos perguntas mais reflexivas. Portanto, toda esta primeira lição você vai ver que lhes farei perguntas reflexivas, que você vai anotando. Não gostaria que você respondesse agora mesmo, nem nada disso, mas anote-as. Anotá- las para se dar o tempo de refletir, de interiorização e para perceber que há respostas em teu interior e que você nunca havia escutado. Portanto, o que implica para mim essa mudança? O que realmente gera stress em mim? Vamos parar de nos projetar... ah é que as pessoas me provocam stress, ou o que estão dizendo na televisão... não, não, não... o que é que realmente está gerando stress? Portanto, uma das coisas que percebemos primeiro é que graças a essa pandemia, nós tínhamos a cabeça cheia de ruídos familiares. Quando me refiro a ruídos familiares não me refiro a ruídos da família, isso é outra coisa. Mas, quando vou ao meu trabalho, a conversa que tenho com meus colegas, quando vou tomar um café, com o pessoal do bar, com o time de futebol etc., etc. Esses ruídos mentais de sempre: o que tenho que fazer, o que tenho que deixar de fazer. Agora, como se diz, poucas coisas temos que pensar que temos que fazer. Bom, os que de alguma forma estamos trabalhando com o “on-line”, bom estamos trabalhando como sempre, mas na verdade, não estamos trabalhando como antes, mas sim, e dizemos com muito carinho, estamos contribuindo com esse grãozinho de areia para que o mundo faça as mudanças tão importantes. De fato, esta contribuição, como verá é como posso eu contribuir com o mundo para que esteja melhor, esteja em paz, porque todos podemos contribuir com alguma coisa, como estamos fazendo através do Instituto Enric Corbera, onde há toda uma equipe que está trabalhando, planejando e pensando neste projeto para levar essa paz e tranquilidade para o mundo que definitivamente é a essência para que as mudanças sejam produzidas de uma forma ecológica e equilibrada em benefício de todo mundo. Portanto, vamos prestar atenção em que esta pandemia silenciou este ruído. Talvez tenhamos outros, mas este foi silenciado. E finalmente percebemos que em nossa mente tínhamos alguns ruídos que estavam nos deixando aturdidos como eu dizia antes, que são essas desculpas, essas justificativas, essas rotinas que de alguma forma apenas serviriam para que continuássemos fazendo a mesma coisa, reclamando, isso sim e esperando que se produzisse alguma mudança significativa em nossa vida. Quando na verdade se estamos sempre fazendo a mesma coisa não devemos esperar que alguma coisa mude, não é verdade? Portanto, é uma oportunidade para nos escutar. E isso não é tão simples. Estamos tão acostumados a nosso ruído mental, estamos acostumados a nos afogarmos constantemente, a justificar-nos e colocar desculpas, que necessitávamos esse incidente interior, então é uma maravilhosa oportunidade esse confinamento. Isso de estar com pessoas de uma forma tão próxima e perceber até que ponto nós fugíamos dessas relações. Como nós desculpávamos no trabalho, em que tínhamos que fazer coisas, para não estar em casa, enfim... não me chateie muito... bom cada um sabe sua história, eu não sou quem para lhes dizer. Mas o fato é que agora você tem que estar em casa com aquelas pessoas que você via talvez algumas horas por dia e agora você as vê, pois, as 24 horas do dia. Definitivamente esta é uma maravilhosa oportunidade para refletir e perceber que há outra maneira de ver e entender a vida e ver as coisas. E o primeiro que temos que aprender é escutar-nos. Quem eu quero ser nesta situação? O que estou aprendendo desta situação? Minhas relações interpessoais que estou vendo agora com outros olhos, porque estou em outra situação, em outro stress... em que estão contribuindo? O que eu posso aprender com elas? Isso é zona de aprendizagem. Há uma frase de Santiago Kovadloff que diz: “o ruído triunfa, mas que onde é ouvido, onde não se deixa ouvir”. Isso me remete à quando você viaja por esse mundo afora e vai a algum lugar para almoçar ou jantar e há tanto ruído, tanto ruído que você não consegue ouvir absolutamente nada, nem mesmo a pessoa que está diante de você. Vamos tomar consciência de que esse ruído que muitas vezes não temos na cabeça nos arruíne desde fora. Vamos entrar na quietude mental, porque se você quer respostas primeiro você deve colocar a sua mente em quietude. Deve estar quieta, em silêncio e o ruído que ouças, não lhe de atenção. O primeiro ponto que devemos entender é que vivemos em um universo polar. Tudo está polarizado, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino, o de cima e o de baixo, a esquerda e a direita, e uma não faz sentido sem a outra. Se fazemos desaparecer uma polaridade então desaparecerá a outra. Portanto, não há luz sem escuridão. Se eu quero realmente ver as estrelas eu preciso da escuridão da noite. Portanto, as polaridades sempre se complementam, devemos ver isso assim. Estamos vivendo em um momento de escuridão por assim dizer, então percebemos que agora podemos valorizar, podemos ver coisas que antes éramos incapazes de ver e de valorizar. Porque nós dávamos por entendido, por feito, e agora percebemos o valor que tem algumas coisas que antes não tinha. Por exemplo, a solidariedade, o fato de unir-se mais com as pessoas, perceber também que há pessoas que só vivem no egoísmo. Mas não devemos julgá- las, mas compreender que há medo. E quando há medo, nessa zona de medo obviamente primeiro sou eu, e depois eu e os demais... bom é isso, ok? Como eu dizia, para subir até os céus, uma árvore, para subir até os céus, para crescer, necessita aprofundar na terra. Portanto, farei uma série de reflexões... mas antes de fazer as reflexões, me lembrei agora de uma espécie de piada, mas que tem tudo a ver com o que estou explicando, uma espécie de piada de uma mulher que se queixava e pedia perdão a Deus porque se queixava porque seu marido não lhe prestava atenção, estava no quinto dia de confinamento e dizia: Senhor, Senhor, me perdoe por ter me queixado de que meu marido não me dava atenção. Estava até aqui com isso. Pois então, havia passado de uma polaridade a outra. A isso me refiro, a essa piada que acredito que em muitas casas é mais verdade que piada, mas é uma piada no sentido do humor que nos permite deixar em evidência nossas sombras. Portanto, farei umas reflexões muito importantes: De que tenho saudades? De que eu precisava para ser feliz no dia-a-dia? Com quais pessoas estou feliz no isolamento e de quais pessoas tenho saudade de verdade? O que me obrigo fazer nessa situação que tira tempo para mim? Portanto, a sombra é essa parte que não reconhecemos de nós mesmos. David Hawkins diz que quem conhece a sua sombra já não tem interesse nos crimes nas violências e nos terríveis desastres. Que quer dizer isso? Que se converteu em uma pessoa indiferente, mas simplesmente significa que essa pessoa está em paz consigo mesma. É uma pessoa que empatiza com os demais, que colabora, que faz tudo o que tem que fazer, e não sofre com isso mas compartilha. Compartilha a sua experiência emocional e está ali para ajudar. Mas entende que tudo tem uma razão de ser e que tudo tem uma informação e que portanto nós temos que aprender. Nas sombras, esse isolamento nos faz viver situações impensáveis e é uma vertente para que de alguma maneira saia tudo aquilo que temos reprimido. As relações interpessoais com o cônjuge e com os filhos, com os que não tínhamos antes, que saem, que expressamos como antes não expressávamos. Percebermos como a rotina diária era uma desculpa para não enfrentar situações que se armazenavam em nossas sombras. Essa é a recapitulação do que eu estava explicando até agora. Portanto, vamos administrar apenas aquilo que se pode administrar. O que significa isso, que vamos esquecer do grande e nos ocupar do pequeno que somos nós mesmos. As grandes mudanças sempre começam com pequenas mudanças. Então, vejamos qual é o grãozinho de areia com que podemos contribuir para nossas vidas e para o mundo. E as perguntas anteriores que estávamos fazendo, por exemplo, se meu stress era: não posso ver meu cônjuge, e isso não tem solução, a pergunta seguinte seria, o que te gera o stress de não o ver ou de não a ver? Em que contribui o teu cônjuge? O que você está projetando no seu cônjuge? Que necessidade você está projetando para que ele/ela te nutra? Você é capaz de obter por si mesmo/mesma isso que anela no outro? Por isso, o que há detrás desta queixa? Quando eu me queixo estou buscando a solução fora e sempre nos estamos projetando. Como nos diria David Hawkins em seu livro “Deixar ir”, o que estás disposto a soltar para se libertar do seu stress emocional? Seguimos na zona de aprendizagem e estamos na dúvida. A dúvida, e que nesse momento estamos todos inseridos nela, é que não sabemos quando acabará tudo isso e nem como acabará e nem o que vai acontecer depois, não é mesmo? Há uma dúvida, estamos em um estado de incerteza, e realmente saber viver em um estado de incerteza, é um estado maravilhoso, porque nos demonstra algo muito importante, o controle não existe. Portanto nos obriga a viver no presente, a tomar decisões de hoje para hoje ou no máximo para amanhã, mas não vamos fazer... ah, podemos fazer predições, obviamente, mas ninguém tem certeza de nada. É necessário estar preparado para tudo. Portanto, esse instante presente, como tudo é informação, como tudo é energia, como tudo vibra, esse instante presente, as decisões que tomemos aqui e agora, são informação, são uma consciência, e é um estado de máxima criação. Portanto, as decisões que tomemos agora, serão fundamentais para o que vamos chamar de “o dia de amanhã”, e esse é o objetivo desta formação que estamos entregando e hoje começamos com a primeira lição. Já entramos na zona de crescimento, a zona de crescimento é inverter o pensamento, integrar a sombra, e ter consciência de que eu estou sempre falando que como a causa do que me acontece está do lado de fora, e eu evito minhas responsabilidades. Mas nunca nos esqueçamos que a causa sou eu e o que existe do lado de fora são as minhas responsabilidades. Se nós não cuidamos da nossa terra, se nós deixamos abandonada a nossa terra, se a sujamos com pesticidas, se sujamos os mares e sujamos o ar, que esperamos que aconteça? Não vamos nos queixar, as mudanças climáticas nos indicam o que realmente estamos fazendo. E logo vamos levar tudo isso a nós mesmos e vamos perguntar: que mudanças posso fazer, que contribuições posso dar? E vamos começar por onde? Por nosso universo. Por nossa zona que são nossas relações interpessoais. Por isso, meu problema não é a minha situação, mas sim a minha necessidade. Que necessidade eu tenho que estou projetando como necessidade? Antonio Porchia, dizia: “carregue cada um a sua culpa e não haverá culpados”. Poderíamos dizer outra coisa: se todo mundo assume a sua responsabilidade deixará de haver culpados. Portanto, veremos alguns exemplos para inverter esse pensamento: Sinto-me sozinho(a), o que me chateia de estar comigo? O que não estou escutando de mim? Discuto com meu cônjuge, o que eu pretendo mudar? Qual é a intenção da minha discussão? Tenho ciúmes, onde reside a minha insegurança? Meu cônjuge não se compromete, em que eu não me comprometo comigo mesmo(a)? Estamos voltando para casa, nunca nos esqueçamos que o mundo é nossa casa. Mas nosso primeiro mundo é o nosso coração e nosso cérebro. Portanto, escutemos nosso coração, invertamos o pensamento, realizemos mudanças em nossas vidas. Mas não comportamentais, mas plenos de consciência, sabendo que qualquer decisão que eu tome neste momento, se eu faço livre de culpa, se eu faço livre de vitimismos, e me converto no maestro dessa situação, então realmente farei algo muito importante. Realmente limparei o ar da minha mente, como está acontecendo agora, que nossa Terra, está mais limpa, o ar está muito mais limpo, as águas estão muito mais limpas, e vemos que os animais estão retornando ao seu ambiente, de fato a natureza está tomando um fôlego, também está nos dizendo para tomar um fôlego. Vivemos em uma avalanche desenfreada de coisas e não tiramos tempo para refletir. Nunca esqueçamos que nosso céu ou nosso inferno são determinados pela minha forma de ver e entender o mundo. No final, o céu e o inferno são um estado mental. Por isso, estar em casa, em definitiva é voltar à essência. A essa essência que nos iguala a todos, finalmente todos têm a mesma capacidade, têm a mesma energia, para desenvolver todas as nossas capacidades e todos os nossos talentos. Erich Fromm tem uma frase que me encanta que diz: “se com tudo o que tens não es feliz, com tudo o que crês que te falta, tampouco serás”. Antes de terminar esta parte vamos agradecer a aqueles que trabalham, nós estamos em casa, mas nós temo luz, a televisão está funcionando, podemos fazer compras, os médicos nos atendem, a polícia está de plantão etc., etc. Portanto, novamente digo que vivemos em um mundo polar. Para que uns possam fazer essa mudança interna, estar em casa e aproveitar essa oportunidade, esse confinamento, essa quarentena, há outros que permitem que isso seja assim. Portanto, sempre uma parte deve agradecer à outra. Sempre é assim, a luz precisa agradecer a escuridão porque sem escuridão não pode haver luz. Portanto, nós podemos estar em casa, tranquilos, um pouquinho estressados talvez, porque não estamos acostumados a esse novo cenário. Mas há pessoas que trabalham para nós, por isso precisamos agradecer de todo nosso coração. Por isso aproveito esta situação para fazer tomar consciência e homenagear a todas essas pessoas, que trabalham não 100%, mas 200%, médicos, enfermeiros, caixas, distribuidores, bombeiros, investigadores, realizam para a sociedade um imprescindível e impagável trabalho de contribuição a este mundo nesse tempo que estamos vivendo. Por isso também quero dizer que Enric Corbera Institute, fazemos uma série de trabalhos para estas pessoas que estão entregando algo de si mesmas, que fazem o possível e que nos sustentam realmente nesta crise. São as que estão suportando esta situação, e nós estamos aqui para contribuir no que for possível. Portanto, uma forma de agradecer é: vamos ficar em casa, vamos viver esse confinamento como uma oportunidade de nos conhecer a nós mesmos e essa será a melhor forma de agradecê-los. E sobretudo não vivamos no medo, sejamos equânimes e não colapsemos o trabalho que essas pessoas têm porque obviamente, hoje conversava com minha mulher, eles também têm filhos, também têm cônjuges, também tem pais, e eles mesmos quando chegam em casa, eu fico imaginando, devem dizer: não me toques por favor. Não é verdade? Enfim, muito obrigado a todas essas pessoas, que estão fazendo o possível para que vivamos em uma situação de stress, mas que ao mesmo tempo haja uma paz e uma tranquilidade no planeta ou pelo menos naquilo que eu estou vendo, ou estou observando pela televisão que realmente é de se agradecer. Reflexões finais que é uma recapitulação daquilo que já expliquei: voltar para casa é voltar a nos conectar com nossas necessidades ignoradas. Em quietude e em silêncio voltaremos a aprender a nos escutar. É uma oportunidade para reconhecer-nos, reencontrar-nos. É uma maravilhosa oportunidade para que eu possa contribuir com o mundo para que o mundo seja melhor. E nunca esqueçamos que devemos inverter nossos pensamentos. Aplicação prática: E tudo isso que acabo de explicar precisa ser colocado em prática. Portanto, no que eu posso contribuir com o sistema? Tudo isso que eu expliquei, todas essas reflexões, nós vamos fazer agora um exercício prático que serão uns 5 ou 10 minutos, vocês podem usar o tempo que queiram, e então, busquemos uma situação em nosso universo particular que nos estressa. E não esqueçamos que tudo o que nos rodeia, fala de nós. Vamos fazer essa inversão de pensamento. Isso é muito importante, é um exercício, um hábito, é uma forma de pensar. Eu posso garantir, pela experiência que tenho, que se vocês começam a pensar assim e deixam de falar dos outros como sendo a causa dos seus problemas, e deixo de falar dos outros como: meu pai, minha mãe, o governo, é não sei o que, isso e aquilo, vamos parar de falar dos outros e vamos a nos conscientizar sobre com o que eu posso contribuir de verdade nesta situação para facilitar o trabalho dos demais, para que o sistema realmente esteja melhor. E nunca se esqueçam de uma coisa muito importante, que uma corrente se rompe pelo elo mais fraco. Não sejamos nós esse elo fraco. Sejamos conscientes, vamos contribuir com nosso grãozinho de areia. E nossa forma de contribuir com esse grãozinho de areia é tirar esse stress. E vamos nos responsabilizar por nossos pensamentos, sentimentos e de nossas emoções. Portanto, primeiro ponto: Primeiro passo: Escolha uma situação de stress anterior à crise. Uma situação antes de começar a crise, que esteja te afetando a nível pessoal. Uma situação que está aí, mas que você não queria afrontar. E então se faça a pergunta: que stress estava sobre meus ombros que não consegui solucionar? O que eu estava guardando em meu interior e não me expressava ao dizer, ou ao expressar, ao fazer. Eu vou colocar um exemplo: não podia falar abertamente com meu cônjuge dos meus sentimentos. Eu não estou inventando, nós temos muitíssimos exemplos para colocar. O segundo ponto é: Segundo passo: O que você queria fazer ou dizer mas não levou a cabo? E seguindo com o mesmo exemplo: Queria dizer que não me respeitava em relação aos filhos, e que necessito que me deixe intervir mais em casa. Muito bem, agora muda a frase e coloque-a em primeira pessoa... Terceiro passo: Agora coloque essa frase em primeira pessoa: Eu através da minha mulher, não tenho me respeitado durante esses anos, ou esses meses, ou esses dias, e não tenho me permitido dar-me permissão para ser. Muito bem, agora, deixando de lado o outro, nosso espelho, deixemos de lado o outro... Quarto passo: Descreva três situações concretas que você vai realizar sem esperar a aprovação dos demais. A isso nós chamamos compromisso. Obviamente, essas decisões vão acontecer com um profundo respeito ao outro. Ou seja, não vamos jogar o jogo da culpabilidade e do vitimismo: é que você não me escuta, e veja etc., etc... Mas serei quem realmente quero ser. Porque até agora eu estava me enganando a mim mesmo, isso estava relacionado com minha sombra e se expressava com reações emocionais fora de lugar, que ao invés de solucionar o problema, o agravava. Portanto, o exemplo seria: Vou dizer o que penso, com respeito, repito. Em cada momento penso: o que pode gerar conflitos na minha casa? Penso: relacionado àquilo que pode gerar conflitos em minha casa, como posso falar sobre isso? Mas repito, sem culpabilidade e sem vitimismo. Portanto vou dizer o que penso, mas com respeito e sem gerar conflito. Vou dar minha opinião, respeitando a opinião, ou a forma de entender dos demais. Então quando eu me permito expressar e permito que o outro se expresse, então sempre se chega a um acordo. E nunca esqueçamos que sempre estamos projetando no outro nossos medos, nossas inseguranças... e nunca esqueça que no outro sempre podemos reconhecer a nós mesmos. Outra parte do exemplo que vou seguir: Vou colocar limites para meus filhos, para que não façam coisas que eu não gosto. A educação precisa das duas polaridades. Vou tirar duas ou três tardes para mim, para poder desenvolver meu projeto profissional. Por isso vou fazer agora uma recapitulação deste exercício para que fique claro. A prática é sempre: com o que eu posso contribuir com o sistema? Ok? Eu sou um sistema dentro de um sistema. E levaremos esta situação a meu universo particular, ao meu mundo. E se trata de inverter o pensamento. Que consiste em deixar de projetar a causa no exterior e perceber que eu sou a causa e o que me rodeia são os efeitos. Que os demais, que as relações interpessoais são uma maravilhosa oportunidade para nos conhecer a nós mesmos. E que aquilo que não podemos ver em nós, projetamos nos demais. Seja uma necessidade, seja assinalar como uma culpabilidade. Perceber o quão egoístas nós somos, porque queremos mudar o outro para eu ficar muito feliz, crer que a minha felicidade depende da mudança do outro. E nunca esqueçamos que o outro também pensa o mesmo. Portanto, primeiro ponto: Escolha uma situação de stress anterior à crise que estava te afetando a nível pessoal. Uma situação que estava ali, mas que você não queria afrontar. E que estava armazenada em tua sombra. Por exemplo: não podia falar abertamente com meu cônjuge sobre meus sentimentos. Segundo ponto: O que você queria fazer ou dizer mas não levou a cabo? Exemplo: Queria dizer que não me respeitava em relação aos filhos, e que necessito que me deixe intervir mais em casa. Essa pessoa pelo que se percebe está vivendo uma situação em que a mulher quando tem os filhos como que separa a educação do pai porque essa mulher está polarizada em que a mãe é mais importante, a mãe está em primeiro lugar e o pai fica em segundo plano. Mas aqui se sabe que aqui há muita informação incompleta. Precisam se integrar e se complementar. Terceiro ponto: Agora coloque essa frase em primeira pessoa. Exemplo: Eu através da minha mulher, não tenho me respeitado durante esses anos, ou esses meses, ou esses dias, e não tenho me permitido dar-me permissão para ser. E agora vamos deixar de lado o espelho e vamos somente falar de nós mesmos. Quarto ponto: Vamos nos conscientizar sobre aquilo que realmente não estou fazendo e que quero fazer e vou descrever duas ou três ações. Exemplo: Vou dizer o que penso, com respeito, repito. Em cada momento vou expressar o que sinto e o que penso sabendo que não haverá conflitos. Vou colocar limites para meus filhos, para que não façam coisas que realmente penso que não devem fazer. Lembrem-se que a educação sempre tem duas polaridades, a masculina e a feminina. Em uma família muito matriarcal ou seja muito patriarcal, é uma família doente, desestruturada, e portanto não estamos contribuindo ou contribuindo com poucas coisas no mundo. E a terceira vou separar duas ou três tardes para mim, para desenvolver meu projeto, porque se eu quero me dedicar à minha família, também preciso me dedicar a mim mesmo. Isso é muito importante, que o cuidador também precisa aprender a se cuidar. Portanto, vamos fazer uma recapitulação final e finalizamos esta primeira aula. Inversão, me falto o respeito a mim mesmo através do outro. Então farei três perguntas já para concluir: Como nos tratamos ou nos deixamos ser tratados? Até que ponto somos conscientes que nos deixamos invadir pelos chamados seres queridos? Atenção a esta pergunta. Até onde conhecemos essas crenças que há nas famílias. Até que ponto vamos continuar nos justificando para não mudar? Vamos deixar de falar do outro e decidir que a mudança que tanto queremos ver no mundo começa em cada um de nós. Muito obrigada e nos vemos na próxima aula.