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PÁGINAS DA HISTÓRIA DE IMPERATRIZ


Jaldene Nunes
A Série em Datas e Títulos
5.nov.2000 “Nova Imperatriz: Fundação do bairro aponta dois momentos distintos”
12.nov.2000 “Mundico Barros promoveu a abertura da ‘cidade nova’”
19.nov.2000 “Godofredo Viana emancipou Imperatriz”
26.nov.2000 “Farra Velha resiste ao tempo”
3.dez.2000 “Ruas que tiveram outros nomes”
17.dez.2000 “Município não tem arquivo consistente”
24.dez.2000 “Lalia popularizou a bicicleta na cidade”
31.dez.2000 “Prefeitos tiveram estilos distintos no século XX, que termina hoje”
31.dez.2000 “Vida em jogo: Mamãe não quero ser prefeito”
7.jan.2001 “Isaac’s ‘iniciaram’ nova Lagoa Verde”
14.jan.2001 “Bernardo Sayão morreu há 42 anos”
21.jan.2001 “Dom Marcelino foi frade popular e o primeiro bispo de Imperatriz”
28.jan.2001 “Música brega é mais popular”
04.fev.2001 “50º BIS foi criado há 28 anos”
18.fev.2001 “Câmara já teve pelo menos cinco endereços”
25.fev.2001 “Carnaval teve ápice nos anos 80”
4.mar.2001 “Urbano Rocha liderou campanha de Simplício após o Estado Novo”
11.mar.2001 “Igreja da ponta fina era ponto de referência no centro comercial”
18.mar.2001 “Dois anos sem Dr. Régis”
25.mar.2001 “Milton Lopes foi político influente em Imperatriz”
1º.abr.2001 “Algumas verdades e um caloroso debate sobre a história da cidade”
8.abr.2001 “Lei Orgânica completa 11 anos”
15.abr.2001 “Ex-prefeito Carlos Amorim tem veia poética e a atribui ao acaso”
21.abr.2001 “AIL festeja uma década de impulsão à literatura”
29.abr.2001 “Intelectual, Sanches faz 42 anos pensando o futuro de Imperatriz”
3.mai.2001 “Imprensa começou com O Progresso, em 70”
6.mai.2001 “Dorgival foi dinâmico na política e nos negócios”
10.mai.2001 “Morte de padre Josimo completa 15 anos hoje”
13.mai.2001 “Gumercindo foi o mais jovem e o 1º prefeito de Imperatriz”
20.mai.2001 “Valentim ligou o 1º gerador de luz elétrica de Imperatriz”
27.mai.2001 “Madian mostra parte do memorial de sua família”
3.jun.2001 “Seu Raimundo chega aos 80 admirado pelo trabalho que fez”
10.jun.2001 “Marwel chega à maioridade: Zezinho é exemplo de cidadão”
16.jun.2001 “Mãe Tereza sepultada ontem”
17.jun.2001 “Chico Herênio, um político esquecido”
24.jun.2001 “Elias do Boi, inspiração dos artistas e dos poetas”
1º.jun.2001 “Bandeira: Famílias tradicionais em Imperatriz”
8.jul.2001 “Plínio Pereira de Carvalho fundou a Assembléia de Deus de Imperatriz”
15.jul.2001 “Amaro Batista Bandeira, ‘o primeiro mandante da Vila’”
26.ago.2001 “Homenagem: Edelvira chega aos 71 amanhã”

Nova Imperatriz
Fundação do bairro aponta dois momentos distintos
De acordo com Antônio Guimar, o homem apelidado de Capivara foi o primeiro morador
do Bairro, que surgiu a partir de 1969, quando começou a ocupação de pequenas glebas
existentes. Populoso, um dos maiores de Imperatriz, o Bairro Nova Imperatriz é o que
melhor simboliza a fase de crescimento acelerado da cidade após a década de 1960.
O homem cuja identidade civil não foi levantada, que era conhecido por Capivara e teria
dado origem ao riacho que leva o seu nome, foi, segundo o líder popular Antônio Guimar,
o primeiro morador do Bairro Nova Imperatriz.
"Ele morava a dois passos daqui", disse Guimar, em sua residência, na Rua Coriolano
Milhomem, imediações do estádio Frei Epifânio da Badia. "Ele tinha até uma fazendinha
com mais ou menos dez gados", emendou.
A residência de Capivara ficava na Rua Manaus, nas proximidades da Rua São Francisco,
uma área deserta na época em que Guimar passou a morar no Bairro, em 1972. Homem
simples, Capivara cuidava de sua fazenda e fabricava carvão vegetal para venda e
sustento de sua família.

O APELIDO
O homem que Guimar aponta como o primeiro morador do Bairro Nova Imperatriz era
alto e tinha esse apelido porque, de fato, se parecia com uma capivara. Não se sabe o
ano de seu falecimento nem se há familiares dele em Imperatriz.
Além de Capivara, havia pelo menos outros três moradores, também pioneiros, no Bairro
Nova Imperatriz. O contador Rubens Lima, ainda vivo, é um deles. Ele possuía uma área
próxima à do seu Galinha, outro pioneiro apontado por Guimar.
Até então, eram proprietários de glebas – ocupadas com apoio do então candidato a
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prefeito Renato Cortez Moreira – que habitavam o Nova Imperatriz. Candidato em 1969,
Renato teria prometido a negociação dos terrenos invadidos.
"Não digo que, durante a campanha, o Renato tenha apoiado a invasão com esse tipo de
promessa. Acho, porém, que ele pelo menos fechou os olhos para a questão”, conta a
historiadora Edelvira Marques, autora, dentre outros, do livro "Imperatriz – Memória e
Registro" (Ética Editora, 1996).
Por volta de 1974 a 1976, ainda existiam as quintas do Rubens Lima e do Galinha, que
brigaram na Justiça até o prefeito José de Ribamar Fiquene, mais tarde, dar os títulos
definitivos dos terrenos, cujo processo tinha se iniciado no governo Renato.
A gleba do Rubens Lima ficava mais ou menos no trecho que vai da Rua Treze de Maio
até a Rua São Francisco, na extensão da Coriolano Milhomem, com aproximadamente
500 metros quadrados. Mais adiante, ficava a do Capivara e a outra, do João Jacob Said,
no local em que é preservada até hoje.

A INVASÃO
De acordo com Edelvira Marques, a invasão começou, embora de forma tímida, em
1969, no final do governo do ex-prefeito Raimundo Silva, o Raimundinho, antecessor de
Renato Moreira. Essa teria sido a primeira tentativa de invasão.
"Teve início na campanha do Renato, mas a campanha foi no final do mandato de
Raimundo Silva. Constatamos que a invasão primeira aconteceu com Raimundo Silva
ainda prefeito".
A invasão teria iniciado a partir da Rua Fortunato Bandeira. "Era um movimento
pequeno, mas foi se alastrando, porque havia muito terreno vazio: eram chácaras, sítios
e pequenas fazendas", lembra a historiadora imperatrizense.
Não houve um líder, como há nas invasões atuais, quando da que ocorreu no bairro Nova
Imperatriz, entre 1969 e 1970. Mas foi o Antônio Fiscal, que trabalhava na prefeitura,
quem incentivou a invasão. Antônio já teria falecido, e seus familiares residem hoje em
Campestre do Maranhão (MA), um município próximo de Imperatriz.

O CRESCIMENTO
O Nova Imperatriz é, dentre todos, o que melhor simboliza a fase de crescimento da
cidade. Um dos mais populosos (inferior apenas ao grande Bacuri), começou a ser
habitado na época em que Imperatriz se desenvolvia economicamente, após a
construção da rodovia Belém-Brasília. O Bairro é separado do Centro apenas pela
Avenida Bernardo Sayão, segundo o assessor de Planejamento da Secretaria da Receita
Municipal, Edeomedes Cordeiro Aguiar, mas há quem afirme que o Nova Imperatriz
começa mesmo na Rua Treze de Maio ou na Gonçalves Dias.
Apesar de ser o Bairro mais próximo do centro da cidade, Nova Imperatriz ainda carece
de infra-estrutura, sobretudo de esgotamento sanitário e de drenagem de águas
pluviais. Uma das grandes obras feitas no Bairro, a galeria da Rua Rio Grande do Norte,
foi construída na gestão do ex-prefeito José de Ribamar Fiquene. Outra, a Avenida JK,
cuja extensão se inicia no Nova Imperatriz, deveria ser o cartão postal da cidade, mas
foi feita sem drenagem e seu asfalto acabou se deteriorando. Embora possua na
prefeitura um projeto elaborado para a avenida, os recursos insuficientes impediram de
executá-lo no atual governo. Talvez precisasse de uma parceria com o governo estadual.
Se não tem obras físicas propriamente ditas, a população do Bairro talvez tenha outras
razões para se orgulhar. Além de sediar o complexo esportivo Barjonas Lobão, o ginásio
de esportes Fiqueninho, o Sesi II, a Embratel e o Senai, o Nova Imperatriz abriga uma
secretaria municipal – a do Desenvolvimento Humano – e uma superintendência – a dos
Esportes e do Lazer. É lá também que se situa o auditório Paulo Freire, da Sedhu,
construído no governo Ildon Marques, e onde se discutem ações para a educação
municipal e para tantos outros setores da cidade.

O INÍCIO
A povoação do Bairro Nova Imperatriz, conforme Everaldo Moreira Viana de Carvalho,
começou em 1969, quando na região do setor JK, por exemplo, não havia nenhuma
habitação, exceto alguns sítios e chácaras no setor Boca da Mata.
"Conheci dois cercados: um que tinha como dono o seu Galinha, e outro, mais próximo
do setor JK, cujo dono era o mestre Cândido", conta Viana, que preside o Centro Social
Cristão do Bairro Nova Imperatriz e é dono do Sacolão JK, na mesma avenida.
Conforme Viana, seu Galinha e mestre Cândido eram os donos das terras invadidas ali
por volta de 1970, após o que o então prefeito Renato Moreira negociou com os antigos
proprietários e ajudou aos pobres sem moradia.
"A negociação, inclusive, foi só com esses dois", garante. De acordo com o vereador
João Francisco Silva (PT do B), negociar os terrenos invadidos foi um compromisso de
campanha do então candidato Renato Moreira, em 1969.
Embora a invasão não tivesse o apoio do prefeito da época, Raimundo Silva, Renato
Moreira, depois que tomou posse, fez questão de negociar, ao ver que os populares já
tinham construído suas casas e por ser aquele um compromisso de campanha.
"Eram casas simples, de palha, como os barracos da praia do Meio", esclarece o líder
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popular Antônio Guimar que, antes de vir para Imperatriz, em 1961, morou em Bacabal
(MA) e só passou a habitar o Bairro em 1972.
A maioria dos primeiros moradores do Bairro veio do Entroncamento, segundo Guimar, e
do centro da cidade, onde vivia de casa alugada.
Dentre os primeiros invasores estão os senhores Valdomiro, que hoje mora em São
Francisco do Brejão (MA); Vitorino, dono da Rio Mar Construção, na Rua Alagoas;
Catumbi e Balaio, que moram no setor JK; e a senhora Canária (in memoriam). (JN)

O PERSONAGEM
O comerciante Vitorino Damasceno de Sousa chegou em 1974 ao bairro Nova
Imperatriz. Na época, ele lembra, havia poucos moradores.
Vitorino, que trabalhava como condutor de veículo de tração animal, comprou um
terreno, ao redor do qual só havia mato. Ele observa que na região onde mora não
houve invasão. "A invasão foi da Paraíba (rua) para lá", assegura.
O hoje comerciante abandonou a profissão de carroceiro quando o seu animal morreu.
"Não pude comprar outro", lamenta. Depois de vender a carroça, abriu uma mercearia,
onde vendia cachaça, carvão, macaúba, cebola e, claro, querosene, já que não havia luz
elétrica naquela parte da cidade, na época.
"Até ferro velho já vendi. Aqui, no mesmo bairro Nova Imperatriz, já caí e já subi de
novo", conta. Assim ele levou a vida até cerca de quatro anos atrás, quando abriu a Rio
Mar – Materiais para Construção, mudando o ramo de seu comércio.

MUNDICO BARROS PROMOVEU A ABERTURA DA “CIDADE NOVA”


Político fez oposição à ditadura do Estado Novo, elegeu-se vereador e vice-prefeito, cujo
mandato coincidiu com os “anos JK”, abrigou migrantes e promoveu a abertura de ruas e
avenidas importantes, como a Getúlio Vargas, que era chamada de Rua do Eixo
1959. Depois de uma série de trocas de comando do poder Executivo, o prefeito Antenor
Fontenelle Bastos se licencia em definitivo e transfere o cargo para o seu vice, o
advogado provisionado Raimundo de Moraes Barros.
Intelectual de sua época, pesquisador e estudioso das questões fundiárias e do Direito,
Mundico Barros, como era conhecido, governa o município – em sistema de rodízio com
o titular – no mesmo período em que o presidente da República era Juscelino
Kubitschek. “Os anos JK” trazem euforia, crescimento e otimismo ao país, e Imperatriz
se enquadra perfeitamente no processo, pois a cidade velha – como era chamado o
município de apenas quatro ruas paralelas ao rio Tocantins – fica a apenas três
quilômetros de onde é construída a rodovia Belém-Brasília, que integrava um dos cinco
itens – o dos Transportes – do Programa de Metas de JK.
Preocupado com a urbanização da cidade, forçado pela explosão demográfica, temendo
que Imperatriz se tornasse uma favela, e durante um mandato em que a alternância de
poder se tornou uma constante, Mundico faz a abertura da cidade nova. Planeja e abre a
Avenida Getúlio Vargas para ser o eixo principal, algumas ruas à sua direita e outras à
sua esquerda, e determina que a cada cem metros se abra uma transversal, a partir da
Coriolano Milhomem, dando às seguintes nomes de estados brasileiros.
Para a historiadora Edelvira Marques, filha de Mundico Barros, a expansão da cidade e a
recepção dos que aqui chegavam constituem a obra do ex-prefeito que fica para a
posteridade. “Mesmo sem ter engenheiro ou arquiteto na prefeitura, ele arrumou terreno
e casa para todo mundo. A cidade poderia se transformar numa favela, se ele não
tomasse providência. Então, ele desenhou no papel e mostrou como queria a cidade”,
relata.
Em face ao crescimento populacional da cidade, Mundico Barros planeja a Getúlio Vargas
e determina que se abram três vias à sua esquerda – a BR-14 (hoje Avenida Dorgival
Pinheiro de Sousa) e as Ruas João Lisboa e Antônio Miranda – e outras dez à sua direita
– a Avenida Luís Domingues e as Ruas Benedito Leite, Aquiles Lisboa, Monte Castelo,
Tupinambá, Almirante Tamandaré, José Bonifácio, Henrique Dias, Ana Néri (hoje
Henrique de La Rocque) e do Cumaru (atual Leôncio Pires Dourado).
No livro Mundico Barros – o quarto de Edelvira Marques, que está sendo preparado para
lançamento em 2001 – a historiadora conta que também foram abertas as seguintes
ruas transversais no governo Antenor Fontenelle/Mundico Barros: Coriolano Milhomem,
Sousa Lima, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. E mais a Avenida
Babaçulândia, três quarteirões após a rodovia Belém-Brasília. Conforme ela explica, os
nomes destas vias públicas foram dados pelo então prefeito em exercício, que desejava
homenagear os que aqui chegavam vindos de todos os estados; por ela, que tomou
posse como vereadora em 1958 e apresentou o Projeto de Lei; e, ainda, pelo então
presidente do Legislativo, Levindo de Sousa Milhomem, que substituiu seu pai na
Câmara (leia mais em Cronologia) e de quem era sobrinha.
Para convergir os imperatrizenses da cidade aos que chegavam de todos os lugares, o
então prefeito em exercício mandou construir a praça Brasil, segundo ele, para ser “o
coração da cidade”. A praça hoje é ocupada por uma escola, a Mourão Rangel, bares e
restaurantes. Foi dele também a iniciativa de se construir as praças Tiradentes, mais
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tarde ocupada pelo Hospital do Pam e onde hoje ficam o Terminal da Integração, o
Terminal Urbano e o Camelódromo; a Sete de Setembro, sobre a qual está o
Mercadinho; e a Lino Teixeira, no Entroncamento, em homenagem ao coronel que
comandou a abertura da Belém-Brasília no trecho Imperatriz – Belém.
Garimpo foi refúgio no Estado Novo
Homem muito polêmico, Raimundo de Moraes Barros – que completaria 100 anos dia 18
de novembro próximo (1), se estivesse vivo – preferiu o refúgio durante o Estado Novo
(1937-1945), ditadura chefiada por Getúlio Vargas, a militar na política partidária
propriamente dita.
Antes disso, o imperatrizense nascido na fazenda Bela Vista, de seus avós Marcos Gomes
de Moraes e Joaquina Tibúrcio de Sousa Milhomem, ocupou cargos públicos de
confiança, como os de tabelião do Cartório Único da cidade; secretário geral da
prefeitura no governo do prefeito nomeado Antônio Araújo, já após a Revolução de
1930; e promotor público interino, uma espécie de promotor provisório, onde
permaneceu até 1937.
Entre 1933 e 1937, Imperatriz vivia um período político muito agitado. “Eram denúncias
de toda a ordem, um sobe e desce danado”, lembra Edelvira Marques.
Houve, inclusive, uma tentativa de substituição do promotor Mundico Barros, pedida pelo
prefeito nomeado Fortunato Bandeira, “um dos decaídos da política local pela Revolução
de 1930”, segundo o historiador Mílson Coutinho, da Academia Maranhense de Letras, e
que “estava de volta à cena”.
Depois do golpe do Estado Novo, em 1937, Mundico resolveu abandonar a política e
tornou-se garimpeiro de diamantes. Durante o verão, garimpava no baixo do Tocantins,
próximo a Tucuruí (PA). No inverno, no garimpo tipo monchão, acima da cachoeira de
Santo Antônio, nos riachos Clementino e Barbosa, hoje pertencentes ao município de
Montes Altos (MA).
Em 1945, após a queda de Getúlio Vargas, voltou à política, trabalhou no alistamento
eleitoral e seu título recebeu o número 01 da 33ª Zona, de Imperatriz.
Acostumado a percorrer o sertão, conhecia todas as famílias da zona e viu aumentando
sua liderança entre os sertanejos. Em 1955, já com toda a liderança política, candidatou-
se a vereador e foi o mais votado de Imperatriz.
Tomou posse no dia 31 de janeiro de 1955, em cuja sessão foi eleito presidente da
Câmara. Um ano depois, no dia 5 de janeiro, foi reeleito para o cargo. Exerceu a função
por poucos dias, pediu licença e se candidatou a vice-prefeito.
Antenor Fontenelle Bastos tinha interesses comerciais (castanha) no sul do Pará e era
tabelião do Cartório do 2º Ofício. Por isso, fez acordo com o seu vice, Mundico Barros,
para que alternassem a chefia do Executivo. Após sucessivos pedidos de licença,
Fontenelle deixou a prefeitura em definitivo no dia 17 de fevereiro de 1959 e passou o
cargo de prefeito ao seu vice.
Após o governo com o amigo Antenor Fontenelle Bastos, com quem dividiu a
preocupação com a urbanização da cidade, dedicou-se à profissão de advogado (era
provisionado), até falecer, em 1981, aos 80, de câncer no estômago.

AGOSTINHO E ADHEMAR LEMBRAM A INTELECTUALIDADE DO EX-PREFEITO


O presidente da AIL (2), Agostinho Noleto, conheceu o ex-prefeito Raimundo de Moraes
Barros. “Ao chegar aqui, em 1968, fui logo apresentado ao Mundico Barros. Ele conhecia
toda a história de Imperatriz. Eu tinha interesses em questões fundiárias e ninguém as
conhecida melhor do que ele”.
Conforme Agostinho, que também é advogado, Mundico conhecia profundamente a
região. “De Montes Altos a Barra do Corda, passando por Grajaú, ele conhecia todas as
famílias, a história de cada uma delas e seus inventários. Era um repositório de
informações que advogados sempre consultavam”.
Também político, Agostinho Noleto aponta o ex-prefeito como um idealista. “Ele fez a
expansão da cidade. A Belém-Brasília passava a três quilômetros da cidade velha e ele
fez a ligação da cidade antiga com a Belém-Brasília. Ele abriu a Dorgival Pinheiro, por
exemplo, que era chamada BR-14”, afirma.
Para o vereador Adhemar Alves de Freitas (3) (PSDB), “Mundico Barros foi uma das
maiores expressões do cenário político e intelectual da cidade”. “Uma das pessoas que
também ajudaram a construir essa cidade. Foi um marco por sua passagem na vida
pública de Imperatriz e, como advogado, ele foi profundo conhecedor de todas as
demandas de terras. Indiscutivelmente, uma figura de destaque na cidade de
Imperatriz”, conclui Adhemar.

CRONOLOGIA
1900
Raimundo de Moraes Barros, o Mundico Barros, nasce na fazenda Bela Vista, município
de Imperatriz, filho de Juvenal do Rego Barros e Maria Joaquina Milhomem de Moraes.
1914
Inicia sua escolarização na Fazenda Boa Lembrança, de propriedade de seus pais, por
João Pereira Lima.
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1921
Casa-se com dona Zita Gonçalves de Moraes, com quem tem dois filhos: Raimundo
Benedito Barros e Edelvira Marques de Moraes Barros.
1926
Deixa a fazenda Bela Vista, no hoje município de Montes Altos (MA), e muda-se para a
sede do município de Imperatriz. É nomeado tabelião do Cartório Único da cidade.
1930
É nomeado secretário geral da prefeitura no governo de Antônio Araújo, seu cunhado.
1933
É nomeado promotor público interino, onde permanece até 1937.
1937
Abandona a política e se dedica ao garimpo de diamantes.
1945
Volta à política e trabalha no alistamento eleitoral.
1955
Candidata-se a vereador e obtém a mais expressiva votação. Toma posse no dia 31 de
janeiro, data em que é eleito presidente da Câmara.
1956
É reeleito presidente da Câmara a 5 de janeiro e poucos dias depois se licencia para
concorrer ao Executivo, sendo substituído pelo vereador Levindo de Sousa Milhomem,
cunhado dele. Dia 31 de janeiro, assume o cargo de vice-prefeito e inicia o mandato
Antenor Fontenelle Bastos/Mundico Barros.
1957
Como prefeito em exercício, recebe autorização da Câmara de Vereadores, no dia 12 de
março, para representar Imperatriz no 4º Congresso Brasileiro de Municípios, no Rio de
Janeiro. Nessa viagem, mantém audiência com o presidente JK e outros prefeitos
maranhenses. O intermediário é o senador pelo Maranhão, Assis Chateaubriand.
1959
Migrantes chegam aos montes em Imperatriz, vindos de todas as regiões do país. De
início, os do chamado Japão maranhense – região que abrange Tuntum, Pedreiras,
Esperantinópolis e Presidente Dutra – e os do estado do Piauí. Depois da Belém-Brasília
aberta, no ano seguinte, chegam os do “sul”, principalmente os baianos. Paralelamente,
Mundico Barros luta e consegue trazer para cá a Fundação Sesp para aliviar a situação
de saúde pública, que é então agravante.
1961
Após o término do mandato, passa a trabalhar apenas como advogado.
1981
Morre no dia 21 de janeiro, aos 80 anos, de câncer no estômago, depois de seis meses
doente. Seu tratamento é feito em outros estados e, em Imperatriz, é acompanhado
pelo médico Pedro Leão. Antes de falecer, fica internado 72 dias no Hospital São Vicente
de Férrer.

GODOFREDO VIANA EMANCIPOU IMPERATRIZ


Ex-senador, ele governou o Maranhão de 1922 a 1926, no oitavo quadriênio da
República; apesar de ter assinado a lei que emancipou Imperatriz, Godofredo é nome de
apenas uma rua na cidade
A terceira rua paralela ao rio Tocantins, no centro de Imperatriz, leva o nome do ex-
presidente do Maranhão – como era chamado o governador do estado, na época -,
Godofredo Mendes Viana.
Godofredo Viana foi quem assinou o Decreto-Lei Nº. 1.179, de 22 de abril de 1924,
elevando a então Vila da imperatriz à categoria de cidade. Ele governou o Maranhão no
oitavo quadriênio da República, entre 1922 e 1926, depois de ter sido também senador.
Ex-presidente do estado – denominação dada ao governador a partir da reforma da
Constituição estadual de 26 de dezembro de 1919, cuja alteração se deu no governo de
Urbano Santos -, Godofredo também emancipou, por meio da mesma lei, as vilas de
Carutapera, São Francisco e Icatu, e elevou à condição de Vila a antiga povoação de São
Miguel, pertencente a Caxias.
“De tão importante para Imperatriz, a data de sua emancipação deveria ser
comemorada pelos estudantes, principalmente, e pela comunidade em geral”, reclama o
imperatrizense Rony Kley Silva de Souza, 17 anos, aluno do Complexo Educacional de
Ensino Fundamental e Médio Francisco Alves 2, de Davinópolis (MA).
“É uma data tão importante quanto à de sua fundação, lembrada todos os anos”,
completa o estudante.
Se a data de emancipação da cidade não é nem sequer lembrada, o seu feitor,
Godofredo Viana, bem que merece ser cultuado. “Não há uma praça com o nome dele.
Já faz tanto tempo que se deu esse fato importante para a história da cidade, e deram
apenas uma ruazinha para homenageá-lo”, critica o jornalista Marcelo Rodrigues, um dos
precursores da comunicação desta parte do estado.

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“Seria bom que essa história fosse cultuada no meio da juventude”, e que “as escolas
pesquisassem assuntos dessa natureza para despertar esse interesse no jovem”, conclui.

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