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Nova Imperatriz
Fundação do bairro aponta dois momentos distintos
De acordo com Antônio Guimar, o homem apelidado de Capivara foi o primeiro morador
do Bairro, que surgiu a partir de 1969, quando começou a ocupação de pequenas glebas
existentes. Populoso, um dos maiores de Imperatriz, o Bairro Nova Imperatriz é o que
melhor simboliza a fase de crescimento acelerado da cidade após a década de 1960.
O homem cuja identidade civil não foi levantada, que era conhecido por Capivara e teria
dado origem ao riacho que leva o seu nome, foi, segundo o líder popular Antônio Guimar,
o primeiro morador do Bairro Nova Imperatriz.
"Ele morava a dois passos daqui", disse Guimar, em sua residência, na Rua Coriolano
Milhomem, imediações do estádio Frei Epifânio da Badia. "Ele tinha até uma fazendinha
com mais ou menos dez gados", emendou.
A residência de Capivara ficava na Rua Manaus, nas proximidades da Rua São Francisco,
uma área deserta na época em que Guimar passou a morar no Bairro, em 1972. Homem
simples, Capivara cuidava de sua fazenda e fabricava carvão vegetal para venda e
sustento de sua família.
O APELIDO
O homem que Guimar aponta como o primeiro morador do Bairro Nova Imperatriz era
alto e tinha esse apelido porque, de fato, se parecia com uma capivara. Não se sabe o
ano de seu falecimento nem se há familiares dele em Imperatriz.
Além de Capivara, havia pelo menos outros três moradores, também pioneiros, no Bairro
Nova Imperatriz. O contador Rubens Lima, ainda vivo, é um deles. Ele possuía uma área
próxima à do seu Galinha, outro pioneiro apontado por Guimar.
Até então, eram proprietários de glebas – ocupadas com apoio do então candidato a
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prefeito Renato Cortez Moreira – que habitavam o Nova Imperatriz. Candidato em 1969,
Renato teria prometido a negociação dos terrenos invadidos.
"Não digo que, durante a campanha, o Renato tenha apoiado a invasão com esse tipo de
promessa. Acho, porém, que ele pelo menos fechou os olhos para a questão”, conta a
historiadora Edelvira Marques, autora, dentre outros, do livro "Imperatriz – Memória e
Registro" (Ética Editora, 1996).
Por volta de 1974 a 1976, ainda existiam as quintas do Rubens Lima e do Galinha, que
brigaram na Justiça até o prefeito José de Ribamar Fiquene, mais tarde, dar os títulos
definitivos dos terrenos, cujo processo tinha se iniciado no governo Renato.
A gleba do Rubens Lima ficava mais ou menos no trecho que vai da Rua Treze de Maio
até a Rua São Francisco, na extensão da Coriolano Milhomem, com aproximadamente
500 metros quadrados. Mais adiante, ficava a do Capivara e a outra, do João Jacob Said,
no local em que é preservada até hoje.
A INVASÃO
De acordo com Edelvira Marques, a invasão começou, embora de forma tímida, em
1969, no final do governo do ex-prefeito Raimundo Silva, o Raimundinho, antecessor de
Renato Moreira. Essa teria sido a primeira tentativa de invasão.
"Teve início na campanha do Renato, mas a campanha foi no final do mandato de
Raimundo Silva. Constatamos que a invasão primeira aconteceu com Raimundo Silva
ainda prefeito".
A invasão teria iniciado a partir da Rua Fortunato Bandeira. "Era um movimento
pequeno, mas foi se alastrando, porque havia muito terreno vazio: eram chácaras, sítios
e pequenas fazendas", lembra a historiadora imperatrizense.
Não houve um líder, como há nas invasões atuais, quando da que ocorreu no bairro Nova
Imperatriz, entre 1969 e 1970. Mas foi o Antônio Fiscal, que trabalhava na prefeitura,
quem incentivou a invasão. Antônio já teria falecido, e seus familiares residem hoje em
Campestre do Maranhão (MA), um município próximo de Imperatriz.
O CRESCIMENTO
O Nova Imperatriz é, dentre todos, o que melhor simboliza a fase de crescimento da
cidade. Um dos mais populosos (inferior apenas ao grande Bacuri), começou a ser
habitado na época em que Imperatriz se desenvolvia economicamente, após a
construção da rodovia Belém-Brasília. O Bairro é separado do Centro apenas pela
Avenida Bernardo Sayão, segundo o assessor de Planejamento da Secretaria da Receita
Municipal, Edeomedes Cordeiro Aguiar, mas há quem afirme que o Nova Imperatriz
começa mesmo na Rua Treze de Maio ou na Gonçalves Dias.
Apesar de ser o Bairro mais próximo do centro da cidade, Nova Imperatriz ainda carece
de infra-estrutura, sobretudo de esgotamento sanitário e de drenagem de águas
pluviais. Uma das grandes obras feitas no Bairro, a galeria da Rua Rio Grande do Norte,
foi construída na gestão do ex-prefeito José de Ribamar Fiquene. Outra, a Avenida JK,
cuja extensão se inicia no Nova Imperatriz, deveria ser o cartão postal da cidade, mas
foi feita sem drenagem e seu asfalto acabou se deteriorando. Embora possua na
prefeitura um projeto elaborado para a avenida, os recursos insuficientes impediram de
executá-lo no atual governo. Talvez precisasse de uma parceria com o governo estadual.
Se não tem obras físicas propriamente ditas, a população do Bairro talvez tenha outras
razões para se orgulhar. Além de sediar o complexo esportivo Barjonas Lobão, o ginásio
de esportes Fiqueninho, o Sesi II, a Embratel e o Senai, o Nova Imperatriz abriga uma
secretaria municipal – a do Desenvolvimento Humano – e uma superintendência – a dos
Esportes e do Lazer. É lá também que se situa o auditório Paulo Freire, da Sedhu,
construído no governo Ildon Marques, e onde se discutem ações para a educação
municipal e para tantos outros setores da cidade.
O INÍCIO
A povoação do Bairro Nova Imperatriz, conforme Everaldo Moreira Viana de Carvalho,
começou em 1969, quando na região do setor JK, por exemplo, não havia nenhuma
habitação, exceto alguns sítios e chácaras no setor Boca da Mata.
"Conheci dois cercados: um que tinha como dono o seu Galinha, e outro, mais próximo
do setor JK, cujo dono era o mestre Cândido", conta Viana, que preside o Centro Social
Cristão do Bairro Nova Imperatriz e é dono do Sacolão JK, na mesma avenida.
Conforme Viana, seu Galinha e mestre Cândido eram os donos das terras invadidas ali
por volta de 1970, após o que o então prefeito Renato Moreira negociou com os antigos
proprietários e ajudou aos pobres sem moradia.
"A negociação, inclusive, foi só com esses dois", garante. De acordo com o vereador
João Francisco Silva (PT do B), negociar os terrenos invadidos foi um compromisso de
campanha do então candidato Renato Moreira, em 1969.
Embora a invasão não tivesse o apoio do prefeito da época, Raimundo Silva, Renato
Moreira, depois que tomou posse, fez questão de negociar, ao ver que os populares já
tinham construído suas casas e por ser aquele um compromisso de campanha.
"Eram casas simples, de palha, como os barracos da praia do Meio", esclarece o líder
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popular Antônio Guimar que, antes de vir para Imperatriz, em 1961, morou em Bacabal
(MA) e só passou a habitar o Bairro em 1972.
A maioria dos primeiros moradores do Bairro veio do Entroncamento, segundo Guimar, e
do centro da cidade, onde vivia de casa alugada.
Dentre os primeiros invasores estão os senhores Valdomiro, que hoje mora em São
Francisco do Brejão (MA); Vitorino, dono da Rio Mar Construção, na Rua Alagoas;
Catumbi e Balaio, que moram no setor JK; e a senhora Canária (in memoriam). (JN)
O PERSONAGEM
O comerciante Vitorino Damasceno de Sousa chegou em 1974 ao bairro Nova
Imperatriz. Na época, ele lembra, havia poucos moradores.
Vitorino, que trabalhava como condutor de veículo de tração animal, comprou um
terreno, ao redor do qual só havia mato. Ele observa que na região onde mora não
houve invasão. "A invasão foi da Paraíba (rua) para lá", assegura.
O hoje comerciante abandonou a profissão de carroceiro quando o seu animal morreu.
"Não pude comprar outro", lamenta. Depois de vender a carroça, abriu uma mercearia,
onde vendia cachaça, carvão, macaúba, cebola e, claro, querosene, já que não havia luz
elétrica naquela parte da cidade, na época.
"Até ferro velho já vendi. Aqui, no mesmo bairro Nova Imperatriz, já caí e já subi de
novo", conta. Assim ele levou a vida até cerca de quatro anos atrás, quando abriu a Rio
Mar – Materiais para Construção, mudando o ramo de seu comércio.
tarde ocupada pelo Hospital do Pam e onde hoje ficam o Terminal da Integração, o
Terminal Urbano e o Camelódromo; a Sete de Setembro, sobre a qual está o
Mercadinho; e a Lino Teixeira, no Entroncamento, em homenagem ao coronel que
comandou a abertura da Belém-Brasília no trecho Imperatriz – Belém.
Garimpo foi refúgio no Estado Novo
Homem muito polêmico, Raimundo de Moraes Barros – que completaria 100 anos dia 18
de novembro próximo (1), se estivesse vivo – preferiu o refúgio durante o Estado Novo
(1937-1945), ditadura chefiada por Getúlio Vargas, a militar na política partidária
propriamente dita.
Antes disso, o imperatrizense nascido na fazenda Bela Vista, de seus avós Marcos Gomes
de Moraes e Joaquina Tibúrcio de Sousa Milhomem, ocupou cargos públicos de
confiança, como os de tabelião do Cartório Único da cidade; secretário geral da
prefeitura no governo do prefeito nomeado Antônio Araújo, já após a Revolução de
1930; e promotor público interino, uma espécie de promotor provisório, onde
permaneceu até 1937.
Entre 1933 e 1937, Imperatriz vivia um período político muito agitado. “Eram denúncias
de toda a ordem, um sobe e desce danado”, lembra Edelvira Marques.
Houve, inclusive, uma tentativa de substituição do promotor Mundico Barros, pedida pelo
prefeito nomeado Fortunato Bandeira, “um dos decaídos da política local pela Revolução
de 1930”, segundo o historiador Mílson Coutinho, da Academia Maranhense de Letras, e
que “estava de volta à cena”.
Depois do golpe do Estado Novo, em 1937, Mundico resolveu abandonar a política e
tornou-se garimpeiro de diamantes. Durante o verão, garimpava no baixo do Tocantins,
próximo a Tucuruí (PA). No inverno, no garimpo tipo monchão, acima da cachoeira de
Santo Antônio, nos riachos Clementino e Barbosa, hoje pertencentes ao município de
Montes Altos (MA).
Em 1945, após a queda de Getúlio Vargas, voltou à política, trabalhou no alistamento
eleitoral e seu título recebeu o número 01 da 33ª Zona, de Imperatriz.
Acostumado a percorrer o sertão, conhecia todas as famílias da zona e viu aumentando
sua liderança entre os sertanejos. Em 1955, já com toda a liderança política, candidatou-
se a vereador e foi o mais votado de Imperatriz.
Tomou posse no dia 31 de janeiro de 1955, em cuja sessão foi eleito presidente da
Câmara. Um ano depois, no dia 5 de janeiro, foi reeleito para o cargo. Exerceu a função
por poucos dias, pediu licença e se candidatou a vice-prefeito.
Antenor Fontenelle Bastos tinha interesses comerciais (castanha) no sul do Pará e era
tabelião do Cartório do 2º Ofício. Por isso, fez acordo com o seu vice, Mundico Barros,
para que alternassem a chefia do Executivo. Após sucessivos pedidos de licença,
Fontenelle deixou a prefeitura em definitivo no dia 17 de fevereiro de 1959 e passou o
cargo de prefeito ao seu vice.
Após o governo com o amigo Antenor Fontenelle Bastos, com quem dividiu a
preocupação com a urbanização da cidade, dedicou-se à profissão de advogado (era
provisionado), até falecer, em 1981, aos 80, de câncer no estômago.
CRONOLOGIA
1900
Raimundo de Moraes Barros, o Mundico Barros, nasce na fazenda Bela Vista, município
de Imperatriz, filho de Juvenal do Rego Barros e Maria Joaquina Milhomem de Moraes.
1914
Inicia sua escolarização na Fazenda Boa Lembrança, de propriedade de seus pais, por
João Pereira Lima.
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1921
Casa-se com dona Zita Gonçalves de Moraes, com quem tem dois filhos: Raimundo
Benedito Barros e Edelvira Marques de Moraes Barros.
1926
Deixa a fazenda Bela Vista, no hoje município de Montes Altos (MA), e muda-se para a
sede do município de Imperatriz. É nomeado tabelião do Cartório Único da cidade.
1930
É nomeado secretário geral da prefeitura no governo de Antônio Araújo, seu cunhado.
1933
É nomeado promotor público interino, onde permanece até 1937.
1937
Abandona a política e se dedica ao garimpo de diamantes.
1945
Volta à política e trabalha no alistamento eleitoral.
1955
Candidata-se a vereador e obtém a mais expressiva votação. Toma posse no dia 31 de
janeiro, data em que é eleito presidente da Câmara.
1956
É reeleito presidente da Câmara a 5 de janeiro e poucos dias depois se licencia para
concorrer ao Executivo, sendo substituído pelo vereador Levindo de Sousa Milhomem,
cunhado dele. Dia 31 de janeiro, assume o cargo de vice-prefeito e inicia o mandato
Antenor Fontenelle Bastos/Mundico Barros.
1957
Como prefeito em exercício, recebe autorização da Câmara de Vereadores, no dia 12 de
março, para representar Imperatriz no 4º Congresso Brasileiro de Municípios, no Rio de
Janeiro. Nessa viagem, mantém audiência com o presidente JK e outros prefeitos
maranhenses. O intermediário é o senador pelo Maranhão, Assis Chateaubriand.
1959
Migrantes chegam aos montes em Imperatriz, vindos de todas as regiões do país. De
início, os do chamado Japão maranhense – região que abrange Tuntum, Pedreiras,
Esperantinópolis e Presidente Dutra – e os do estado do Piauí. Depois da Belém-Brasília
aberta, no ano seguinte, chegam os do “sul”, principalmente os baianos. Paralelamente,
Mundico Barros luta e consegue trazer para cá a Fundação Sesp para aliviar a situação
de saúde pública, que é então agravante.
1961
Após o término do mandato, passa a trabalhar apenas como advogado.
1981
Morre no dia 21 de janeiro, aos 80 anos, de câncer no estômago, depois de seis meses
doente. Seu tratamento é feito em outros estados e, em Imperatriz, é acompanhado
pelo médico Pedro Leão. Antes de falecer, fica internado 72 dias no Hospital São Vicente
de Férrer.
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“Seria bom que essa história fosse cultuada no meio da juventude”, e que “as escolas
pesquisassem assuntos dessa natureza para despertar esse interesse no jovem”, conclui.
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