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Sobre o Museu

Missão

“Desenvolver ações de resgate, preservação e divulgação do patrimônio cultural de


São José dos Pinhais, tornando visível a trajetória histórica/cultural de sua sociedade”.

Fundação

O Museu Municipal de São José dos Pinhais foi criado pela Lei nº. 34/77 de 19 de
setembro de 1977, através dos esforços de Ernani Zétola e da ação conjunta do Lions
Clube Aeroporto e da Prefeitura Municipal. Sua primeira sede localizava-se à Rua
Mendes Leitão, 2571, onde permaneceu por quatro anos. Pelo Decreto nº. 35/81 de
fevereiro de 1981 passou a ser denominado Museu Municipal Atílio Rocco.

Edifício

Em março de 1981, passou para a atual sede, um edifício tombado pelo Patrimônio
Histórico do município, construído na década de 1910, para servir de residência da
família Ordine. O prédio foi vendido para a municipalidade em 1920, passando a
abrigar, simultaneamente, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do município,
bem como a Associação Comercial e Industrial, Agrícola e Prestadora de Serviços, até a
década de 1980.

Acervo

Composto em sua maioria por doações da população, retrata, através dos espaços
expositivos, temáticas educacionais, religiosas, culturais, esportivas, políticas e sociais
de São José dos Pinhais.

Espaços Expositivos

O Museu Municipal possui 878 m² construído. Destes 417 m² são espaços expositivos,
totalizando 12 ambientes.

Contato

Coordenação: 3398-2751
Setor Administrativo: João Alves – 3381-5900
Arquivo Histórico: Jonas Vieira – 3381-5913

E-mail: museu.municipal@sjp.pr.gov.br

Localização: Rua XV de Novembro, 1660. 83.005-000 – Centro. São José dos Pinhais- PR
Horário de funcionamento: Segunda a Sexta-feira das 10:00–12:00 e 13:00–17:00 (41)
3381-5900 - Entrada gratuita
Exposições em cartaz

100 anos de Ernani Zetola


Ernani Zetola deu início à sua educação no Colégio São José, onde realizou a primeira
série do primário, e no Grupo Escolar Silveira da Motta, no qual completou o curso
primário. Como no município não havia instituições que oferecessem o ginasial e o
colegial, mudou-se para Curitiba, onde continuou seus estudos no Colégio Novo
Ateneu. Ernani completou, também, curso de técnico em contabilidade, na Escola
Técnica de Comércio “De Plácido e Silva”, no ano de 1950, mas nunca exerceu essa
profissão.

Com 19 anos de idade, Ernani foi aprovado em concurso público e ingressou no


Departamento de Correios e Telégrafos. Ao longo de 33 anos, exerceu diversas funções
e aposentou-se em 1973.

A história do colunismo social

Dentre os vários tipos de colunas que se firmaram ao redor do mundo está a coluna
social, utilizada para retratar o cotidiano das pessoas mais ricas da sociedade, seus
gostos, valores e como interagem entre si. Eram raros os momentos em que as
camadas sociais de menor poder aquisitivo eram retratadas e quando isso ocorria, via
de regra, eram alvo de comparações com a elite local.

O colunismo social surge na década de 1920, quando o tablóide americano The New
York Evening Graphic ofereceu a Walter Winchell um emprego que se tornou um
trampolim para sua posição como um poderoso colunista. Eram pequenas notas sobre
a vida privada dos famosos, acrescentando aqui e ali um ponto de vista debochado e
sarcástico, tornando assim suas colunas amadas e respeitadas pelo público norte-
americano, nasciam ali as “gossip columns” ou “colunas de fofocas” na tradução literal.

O colunismo no Brasil até a década de 1940 tinha como destaque a política e a


economia. Em 1945, o jornalista Manoel Antonio Bernardez Muller, mais conhecido
como Maneco, que trabalhou nos periódicos Diário Carioca, Correio da Manhã, Ultima
Hora e na revista O Cruzeiro, inspirou-se nas colunas de Winchell para criar a primeira
coluna social moderna no Brasil fazendo uso do pseudônimo de Jacinto de Thormes.
Com muita personalidade e um estilo inconfundível, Jacinto produzia crônicas nas
páginas do Diário Carioca que misturavam temas do colunismo social com questões
da sociedade em geral.

Em 16 de março de 1951 publicou no Diário Carioca pela primeira vez a lista das “Dez
mais elegantes”, lista na qual elegeu senhoras e senhoritas como as mulheres mais
elegantes de 1950, usando critérios específicos. Acerca destes critérios, Jacinto de
Thormes esclarece:
“[…] Todos os meios de informação sobre o ano de 1950, foram usados e até consultei
os interessados como técnicos, artistas plásticos, casas de modas, editores de revistas
sociais, costureiros e pessoas de bom gosto […]” (Diário Carioca, 1951, pág 6-6)

Nessa época, os colunistas que se dedicavam ao mundo das festas e ao glamour da alta
sociedade, mudaram o foco: detalhes da vida dos ricos e famosos começaram a ser
intercalados com o cotidiano de políticos, titulares do Senado e da Câmara dos
Deputados, neste contexto surge o nome de Ibrahim Sued. Como repórter fotográfico,
o colunista começou a escrever em 1951 pequenas notícias na seção “Vozes da
cidade” na “Tribuna da imprensa”, já em 1952 passou a fazer a coluna “Zum-Zum” na
revista “A Vanguarda” do Rio de Janeiro e em 1954 iniciou no “O Globo”, onde
permaneceu até 1995, ano de seu falecimento. Ganhou grande reconhecimento
dentro e fora da profissão, escreveu suas colunas com personalidade e agressividade,
abordando diversos assuntos, dentre eles: política, economia, comportamento,
celebridades internacionais e cultura no geral. Inventou termos e chavões, lançando
personagens e criando moda.

Da mesma forma que Jacinto de Thormes, Ibrahim também elegia as mulheres mais
elegantes da alta sociedade. Para ele as “dez mais elegantes” deviam seguir alguns
critérios, sendo o principal deles a elegância e simplicidade, e já que a maioria das
mulheres vestia-se com grandes costureiros franceses, acabavam por ficarem fora da
lista.

A política tinha grande influência na vida social, assim, as listas das mais elegantes
tinham em suas primeiras posições majoritariamente esposas de diplomatas e
deputados, seguidas por esposas de banqueiros, advogados e tradicionais herdeiros
cariocas.

Em São José dos Pinhais a história do colunismo social teve seu início em 1952 com
Ernani Zetola, que estreou no jornal “Correio de São José” a “Coluna da Saudade”,
fazendo uso do pseudônimo de “Filho da Terra”. Nesta coluna além de recordar sua
infância, citar personalidades de destaque e amigos do seu tempo, também noticiava
aniversários, casamentos, festas e outros acontecimentos importantes para a cidade.

“Ao emprestar minha modesta colaboração a este jornal, não pretendo colher louros
imerecidos, mas simplesmente prestar uma singela homenagem as pessoas queridas e
populares que viveram nesta cidade e, que agora descansam na paz do Senhor
[…]”. (Zetola Ernani – Correio de São José, 09 de Novembro de 1952 – Pág 04)

Em 1953 Ernani publica a coluna “High Society no jornal “Correio de São José”, fazendo
uso do pseudônimo de “Vagalume”. Em 1954 Ernani volta a publicar a “Coluna da
saudade” com o mesmo pseudônimo usado anteriormente: “Filho da Terra”, já em
1957 com a venda do periódico “Correio de São José” Ernani passa a publicar a “Coluna
da saudade” nas folhas do recém fundado “Tribuna de São José ”, e neste mesmo
jornal Ernani volta a publicar a coluna “High Society” com o pseudônimo “Vagalume”
no ano de 1958. Na década de 1960 além da “High Society” Ernani volta a publicar a
“Coluna da Saudade”. Na década de 1970, no jornal “Folha de São José” Ernani faz
pequenas trovinhas, fazendo uso do pseudônimo de “Principe Niko”, e também assina
a coluna “Trilha Social”, fazendo uso inicialmente do pseudônimo “Konde Nador”,
posteriormente, em 1977 o pseudônimo “Konde Nador di Lagonegro” e por fim, em
1979 assinando com seu próprio nome. Na década de 1980 nas folhas do jornal “Folha
de São José” Ernani pública a “Trilha Social” assinando com seu próprio nome, em
1982 faz um quadro dentro da trilha social: “Rostos de ontem”, além de criar as
colunas “Arte e Cultura” e “Vitrina”. Ainda em 1982 no jornal “Tribuna de São José”
Ernani pública as colunas “Arte e Cultura”, “Convívio”, assinando com seu próprio
nome. Já com o pseudônimo “Allegro Moderato” pública a coluna “Sociais, Culturais e
Algo Mais”.

No período de 1983 a 1993 Ernani não produz nenhuma coluna, volta a publicar
somente em 1994 com o pseudônimo de “Zeca Feio de Saudade”, inaugurando a
coluna “Evocação” nas folhas da “Tribuna de São José”, já em 1995 muda seu
pseudônimo para “Zeca Cheio de Saudade” e em 1996 inaugura outra coluna: “Social
Life” fazendo uso do pseudônimo “Alotez”, uma clara referência a seu próprio
sobrenome, mas escrito de trás para frente. Em 1997, encerra sua carreira como
colunista social, assinando a “Sociais, Culturais e Algo Mais” com o pseudônimo de
“Konde Nador”.

A lista das “Dez Mais Elegantes” de Ernani Zetola

Inspirado em Jacinto de Thormes, Ernani Zetola trás pela primeira vez para São José
dos Pinhais a lista das “Dez Mais Elegantes”, nesse trecho ele explica aos leitores como
surgiu a ideia:

Antes de Ibrahim Sued, quem liderava a crônica social no Brasil era Jacinto de
Thormes (seu verdadeiro nome é Manuel Bernardo Muller); moço de excelente
família, desde muito cedo Jacinto começou a freqüentar as rodas da café-society. Foi
ele o lançador da lista das “Dez mais elegantes do Brasil”, a exemplo do que se faz nas
grandes capitais como Paris, Nova York, etc. Em 1951 Jacinto publicou sua lista nas
páginas do “Diário Carioca” e da “Manchete, que ainda não havia completado seu
primeiro aniversário .[No] ano seguinte o cronista Tormes não quiz mais publicar sua
lista na revista dos Blochs, e sim no “O Cruzeiro”, o que se faz também nos anos
seguintes. A direção de “Manchete” resolveu, então, consultar vários cronistas sociais
e lançar a lista das “Dez Mais”, o que desde ai vem sendo feito anualmente. Aqui em
São José dos Pinhais, coube-nos o privilegio de sermos o lançador dessa famosa lista,
ainda quando assinávamos a coluna social como pseudônimo de “Vagalume”,
colaborando para o semanário “Correio de São José, mais tarde “Tribuna de São José”,
procuramos imprimir o máximo do brilho a referida lista, graças a colaboração especial
das distintas Senhoras e Senhoritas que a integram. Convido pois, a todos os nossos
leitores a apreciarem, na vitrine da “Loja Boneca”, a exposição em cores das fotos das
“Dez mais elegantes de 75” desta cidade. (Zetola Ernani- Folha de São José, 25 de
dezembro de 1975- pág 02)

Segundo o jornal “Folha de São José” a primeira publicação da lista das “Dez Mais
Elegantes“ ocorreu na década de 1950, quando Ernani Zetola assinava suas colunas
como “Vagalume” no “Correio de São José”.O primeiro registro encontrado data em
1959, no jornal “Tribuna de São José”, quando Ernani Zetola fazendo uso do
pseudônimo “Vagalume” assinava a coluna “High Society”. Nessa edição Ernani elenca
não só “As Dez Mais Elegantes”, mas também “Os Dez Mais Bem Trajados”.

A partir de 1975, usando o pseudônimo de “Konde Nador”, Ernani enumerava ao


decorrer do ano as candidatas da lista em sua “Trilha Social”. O Colunista também
citava as características para uma mulher ser considerada elegante, são estas algumas
das características que serviam como critério para seleção das “Dez mais”:

“Ao apontarmos “as dez mais elegantes” não estaremos considerando apenas o
guarda-roupa das mesmas, importantes atributos pessoais também pesarão: cultura,
inteligência, educação, personalidade e posição social. Em suma é o que chamamos de
“classe”. Uma mulher pode se tratar com muito luxo e ao rigor da moda, mas, se não
tiver “classe”, jamais poderá ser considerada uma “elegante”, será apenas uma mulher
“chic”. ( Zetola Ernani, Folha de São José, 21 de outubro de 1976)

Além de falar sobre as candidatas, Ernani se comprometia em deixar registrado o


andamento da seleção de sua lista:

[…] A comissão encarregada de selecionar as “dez mulheres mais elegantes de 75” em


São José dos Pinhais, está quase dando por concluído o seu difícil trabalho.A seleção
está feita por votação e tão logo a referida comissão nos entregue a famosa lista,
iniciaremos os nossos serviços de entrevistar e fotografar as eleitas”. Zetola Ernani-
Folha de São José, 06 de Novembro de1975 pág 2”.

Diferente dos primeiros anos de publicação, além de publicar o nome das escolhidas,
Ernani passou a publicar suas respectivas fotos e outras informações, tais quais: a
profissão que exerciam, seus hobbies e o nome do marido e filhos (caso possuíssem).

Existia uma comissão de jurados responsável por enumerar as mulheres mais


elegantes da cidade e quais estariam na lista final, seu nome era “comissão de ouro”.
Ela era composta, de maneira anônima a fim de evitar possíveis inimizades, por
mestres da “hautecouture” (Alta-costura), artistas plásticos, professoras de estética,
entre outros. Segundo Ernani “gente entendida de boas maneiras”.

Os nomes das vencedoras eram organizados por ordem alfabética, não havendo
classificação e, após a publicação ilustrada das “10 mulheres mais elegantes”, as fotos
das mesmas eram expostas na loja “A Boneca”, uma loja de artigos femininos
localizada na rua XV de Novembro. A lista das mulheres mais elegantes de São José dos
Pinhais fez muito sucesso e a cada ano era renovada, causando muito entusiasmo nas
senhoras e senhoritas da alta sociedade. A seleção das mais elegantes aconteceu até
1982.

A lista não se restringiu às mulheres: também houve os “Dez mais elegantes”. Eram
usados os mesmos critérios para elegê-los: os cavalheiros deviam ter uma boa
aparência, charme e saber se portar corretamente, além da inteligência, que era um
critério importantíssimo.

Notas de doações ao museu


Segundo Ernani Zetola, a ideia de se fundar o “Museu Histórico de São José dos
Pinhais” despertava grande interesse na população, principalmente das famílias
tradicionais da cidade. Recebendo inúmeras doações, passou a publicar pequenas
notas sobre os itens em forma de agradecimentos aos doadores. Ernani não só
publicava o nome dos doadores, mas também uma breve descrição das peças. A
primeira publicação ocorreu em 1977, ano em que o museu foi criado.

[…] Nossa leitora Dirce de Paula ofereceu ao futuro “Museu Histórico de São José dos
Pinhais”, dois antigos quadros sacros, os quais estão em nosso poder. Entretanto,
como não dispomos de espaço para guardá-los, assim como as outras possíveis
doações, sugerimos à Prefeitura, providenciar local adequado para os mesmos.
Todavia as ofertas deverão ser catalogadas, figurando os nomes dos objetos e dos
doadores. Agradecemos à Sra. Dirce de Paula. (Zetola Ernani, 28 de Abril de 1977,
Folha de São José)

Ernani publicou as colunas de doações até o ano de 1980, após essa data passa a
publicar informações gerais sobre o museu em sua “Trilha Social”, informações como:
dias em que o museu estaria recebendo visitas do público e número de visitantes no
ano.

Colunas de Memória

Na miríade de nomes que contribuíram para formação da história cultural de São José
dos Pinhais o de Ernani Zetola certamente merece destaque. Além de atuar no Grupo
Folclórico Italiano de São José dos Pinhais, no Centro Cultural Scharfemberg de
Quadros e ser parte fundamental no surgimento do Museu Municipal Atílio Rocco,
também se dedicou ao colunismo. Neste texto analisaremos especialmente sua
contribuição nas colunas de memória.

Foi no dia nove de novembro de 1952 que publicou pela primeira vez a “Coluna da
Saudade”, usando o pseudônimo de “Filho da terra’’ e com o ímpeto de relembrar
pessoas queridas da região, redige um texto com cunho de memorialista, algo que
carregou consigo por quase todas suas colunas e ao longo de toda sua carreira. O
próprio Ernani comenta suas motivações no trecho a seguir:

“Ao emprestar minha modesta colaboração a este jornal, não pretendo colher louros
imerecidos, mas, simplesmente prestar uma singela homenagem à pessoas queridas e
populares que viveram nesta cidade e que agora descansam na paz do
Senhor.” (ZETOLA, 1952, P.5).

Nesse fragmento ele descreve seu conceito de saudade: “…é aquilo que sentimos
quando aqueles que nos amamos e estimamos, partem para uma longa ausência, ou
partem para sempre colhidos pela morte” (ZETOLA,1953.P.1).

Percebe-se como a Coluna da Saudade era escrita de forma muito afetiva por Ernani, já
que por muitas vezes ele se recorda dos personagens descritos, inclusive por memórias
de sua infância. No trecho que segue, ele busca recordações de quando garoto a partir
da observação do tumulo de uma amiga que morreu prematuramente:
“Aquele simples nome gravado, no mármore seguido de uma frase trasbordante de
dor e saudade, transportou-me subitamente aos bons tempos de minha meninice, em
pés descaso e pernas curtas, corria a despreocupação pelas velhas ruas da cidade,
entrando sem cerimônia pelas casas adentro onde todos eram amigos sinceros” (
ZETOLA . 1953 P.6)

Além de escrever de modo muito sensível sobre diversos temas, por vezes também
fazia uso de ironia e humor em suas indagações, isto é algo que nos salta aos olhos
quando vemos os pseudônimos que costumava de usar. Dentre estes nomes fictícios
temos: “Alotez”, “Konde Nador”, “Príncipe Niko”, “Zeca Feio da Saudade”, “Zeca Cheio
de Saudade”, além de “Filho da Terra” e “Vagalume, e por vezes seu próprio nome
“Ernani Zetola”. Em alguns momentos de suas colunas o autor retirava um espaço para
explicar sobre o motivo de seus pseudônimos, como nesse trecho:

‘’Para que “alguém” não pense que temos qualquer pretensão à nobreza,
esclarecemos que, o pseudônimo Konde Nador (Conde com K) é um trocadilho da
palavra “condenador”. Lago negro é uma pequena e antiga cidade da Itália, onde nossa
família, pelo lado paterno, tem suas raízes […]”(ZETOLA, 1977, P.2)

Na coluna da saudade ele escreve sobre a vida de vários personagens a partir de suas
memórias, de certa forma podemos dizer que ele usa estes personagens como alicerce
para suas próprias indagações e reflexões. Em meio aos muitos personagens que
foram objeto de Ernani podemos citar: Teresa Quintilhano (Nhá Teresa), Zacarias Alves
Pereira (Nhô Zaca), Francisca Cordeiro (Nhá Chiqiuinha), Professor João da Costa
Viana, Professor Jorge Nascimento, João Húngaro (Velho Húngaro), dentre outros. Ele
descreve momentos ilustres da vida, como seus ofícios, casamentos e aniversários
além de refletir sobre a vida e a morte.

Ernani não só relembrava personagens marcantes, mas também, lugares e eventos


como nesse trecho que ele recorda dos carnavais da década de vinte e trinta:

“Os maiores e os melhores aconteceram nos salões do “XV de Novembro”, do antigo


“Cine Ideal”, da “Casa Magnífica” e mais tarde nos do São José E. Clube. Nos finais dos
anos vinte, inicio dos trinta o “corso” esteve no apogeu. “Corso” era o desafio pela
cidade realizado nas tardes de carnaval, dele participaram automóveis com o toldo
baixado, caminhões, carruagens e até montarias, transportando moças, rapazes e
crianças fantasiados. Cantando os sucessos carnavalescos. O lança-perfume usado em
profusão embalsamava o ar com aromas vários, serpentinas e confetes atirados sem
economia, coloriam e enfeitavam a cidade; grupos mascarados, com fantasias
improvisadas, percorriam as ruas, invadindo casas e bares, brincando com todos, numa
ingênua alegria.” (ZETOLA, 1977, P.2)

Entre diversos eventos narrados por Ernani Zetola ao longo de suas colunas, temos a
abertura do então Museu Municipal de São José dos Pinhais, no dia dezenove de
setembro 1977, obra que foi de importância impar para a cidade e para sua pessoa. Ao
longo das colunas no Jornal Tribuna de São José, ele relata como foi a sua experiência,
desde ter tido a idéia da criação do museu, até quais foram as primeiras doações
realizadas. Neste trecho ele descreve a importância da doação de itens:
‘’Museu Municipal de São José dos Pinhais: “O principal é o todo que faz esquecer a
parte. Somente o todo faz a obra de arte”. Unidos, tornaremos concreto aquilo que
fora uma idéia distante — o Museu Municipal de São José dos Pinhais. Você aqui
nasceu, você que tem raízes profundas nesta cidade, você que de qualquer forma à ela
está vinculado, contribua para a formação do acervo do .Museu, oferecendo algo que
documente o passado da Sanjo.’’ (ZETOLA, 1977, P.2).

Podemos dizer que, com seus trabalhos em periódicos, Ernani esboça a construção de
uma memória coletiva local e de uma identidade São-joseense. Acerca disso os autores
no livro “São José uma trajetória de uma cidade” discorrem:

“A memória de Ernani Zetola sobre a cidade de São José dos Pinhais, manifesta nesse e
em outros fragmentos, não é com certeza a única existente entre os moradores da
cidade. Das reuniões sociais, culturais, religiosas e políticas teceu-se uma rede de
compromissos e conflitos comuns a todos, cujos principais eventos passarão, por meio
desses registros, serem “recordados” contribuindo com a formação de uma
determinada identidade coletiva. Esta, por sua vez, estabelece um território próprio,
onde diversos sujeitos são transformados em cidadãoes divididos em governantes e
governados” (COLNAGHI, MAGALHÃES, BREPOHL. 1992 P.161)

Ainda no Jornal Folha de São José, fazendo uso do pseudônimo “Príncipe Niko”, ele
escrevia quadrinhas, que são poemas simples que tem em sua estrutura: uma estrofe,
de quatro versos, tendo cada verso sete silabas. Essa estrutura poética era muito
comum na idade média, onde se faziam quadrinhas na forma de canção. Nessa coluna
Ernani relembrava diversos personagens de São José, além de fazer comentários
ácidos e engraçados sobre diversas personalidades da cidade. A primeira quadrinha
escrita pelo “Príncipe Niko” está datada do dia 28 fevereiro de 1975:

Vou fazer uma oração

Ao glorioso São Tomé

Prá que cause sensação

A folha de São José

Rapaz que anda na rua

Com cabelos cacheados

Parece mocinha sapeca

Procurando namorado

Saudade dos velhos tempos

Das festas de São João


Da casa de São Paulino

Onde soltei muito balão

Outro dia o Silvio Santos

Que é formado em Direito

Escreveu em seu programa

Com “g” a palavra “jeito”

(QUADRILHINHAS PRINCIPE NIKO P.2 1975)

Na data de nove de outubro de 1977 é escrita a ultima quadrinha com a assinatura de


“Príncipe Niko”, após essa data passa a assinar como “Zeca Feio”. Na década de 1980
ele começa a escrever sua coluna “Sociais Culturais e Algo Mais”, no entanto, neste
momento temos um Ernani que escreve mais sobre política, tanto local quanto
nacional. Assim como a sua antiga “Coluna Trilha Social”, aqui também o
memorialismo é deixado de lado.

No dia 19 de janeiro de 1994 temos a primeira coluna “EVOCAÇÃO”, nela Ernani Zetola
apresenta o personagem Sr. Inácio Grossman, um padeiro da região que entregava
pães a domicilio. Nessa coluna ele faz uso do pseudônimo “Zeca cheio de saudade” e
”Zeca feio de saudade”. Nesse momento, Ernani resgata a essência da “Coluna da
Saudade”, voltando a relembrar não só personagens históricos de São José dos Pinhais,
mas também lugares ilustres e celebridades do cinema. Foi somente em 1997 que
Ernani Zetola se afasta da imprensa, após anos de colaboração.

Aeroporto Afonso Pena: asas para o mundo

No contexto da Segunda Guerra Mundial, o então presidente brasileiro Getúlio Vargas


tem uma grande decisão a ser feita. No início da década de 1940 o Brasil ainda não
havia decidido por se alinhar às forças do “Eixo” (Alemanha, Itália e Japão) ou aos
Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética, entre outros). Deveria haver uma
estratégia político-econômica por trás de tal decisão.

Com o país em um desenvolvimento crescente desde a década de 1930, os benefícios


deveriam condizer com tal situação. Após negociações com os dois lados, pressionado
pelos Estados Unidos, o Brasil toma um lado: o dos Aliados. Dessa forma o país
receberia apoio por parte dos norte-americanos em questões fundamentais, como o
desenvolvimento da siderurgia, que culminou com a criação da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), da mineradora Vale Do Rio Doce, além da modernização do
armamento das Forças Armadas brasileiras.

Outro ponto chave acordado com os Estados Unidos foi o desenvolvimento


aeroportuário. A localização geográfica da costa brasileira era fundamental na defesa
do continente americano durante a Segunda Guerra e também como ponto de
abastecimento nas batalhas a serem travadas na África e na Europa. Com isso há a
construção de bases aéreas militares nas capitais de Macapá, Fortaleza, Natal, Recife,
Salvador, Rio de Janeiro e Curitiba. Bases aéreas essas que no futuro tornariam-se
aeroportos. Cabe ressaltar que o investimento americano na parceria com o Brasil se
aprofundaria no contexto da Guerra Fria.

Base Aérea e Aeroporto Afonso Pena

A Base Aérea de Curitiba viria a se localizar no município vizinho, São José dos Pinhais.
Entre os anos de 1940 e 1942 o Ministério da Aeronáutica fez um levantamento de
áreas na Colônia Afonso Pena, em função dos ventos dominantes, desapropriando a
área para a construção das pistas e instalações de infraestrutura. (Aeroporto de
Curitiba, 1983).

A construção teve início em maio de 1944 e seu término em abril de 1945, tendo como
responsáveis pelas obras o Ministério da Aeronáutica (comandado pelo Ministro
Salgado Filho) com a cooperação do Departamento de Engenharia do Exército Norte-
Americano, e execução da Companhia Metropolitana de Construções. O Governador
do Estado no período era o Interventor Manoel Ribas. Há um mito por trás da criação
do aeroporto: por ele ter sido construído inicialmente com fins militares, a área
escolhida se deveria à grande incidência de neblina no local, que “esconderia” as
pistas, dificultando assim um possível ataque à base aérea. Tal fato seria uma via de
mão dupla: da mesma forma que o aeroporto ficaria ‘’invisível’’ aos aviões inimigos,
também ficaria ‘’invisível’’ a aviões aliados, visto que na década de 1940, a aviação era
basicamente visual. E, principalmente, a incidência de neblina impediria pousos e
decolagens dos aviões, situação que ainda ocorria até a pouco tempo, antes da
implantação dos mais modernos sistemas de pouso.

Com o término da II Grande Guerra e com o pouco uso para fins militares, a base aérea
passa a atender primordialmente a aviação civil. Em 23 de janeiro de 1946 ocorre a
inauguração não-oficial, forçada pelas péssimas condições de uso do Aeroporto do
Bacacheri, devido às recentes chuvas. Os vôos operados na época (Aeroporto de
Curitiba, 1983):

 Varig: Linha Florianópolis – Porto Alegre – Pelotas – Jaguarão e Montevidéu;


 Cruzeiro do Sul;
 Real: vôos regionais e Assunção em 1955;
 Panair: Assunção em 1946;
 Aerovias Brasil: linha Rio – Poços de Caldas e Porto Alegre, e linhas
internacionais.

Para atender a aviação civil edificaram-se instalações das quais uma estação de
passageiros, usada até 1959, e demolida em 1998, que possuía bar, sala de espera,
escritório da administração. O aeroporto também passou a contar com um espaço
para a manutenção, bomba de gasolina, caixa d’água, farol, torre de controle (feita em
madeira, medindo 35 metros), balizamento de pista, gerador de energia e
equipamento de rádio-transmissão-recepção. Em 1955 o Ministério da Aeronáutica
efetua o recapeamento das pistas, que seguiam com o mesmo traçado, e constrói uma
nova torre de controle.

Por que “Afonso Pena”?

O aeroporto recebeu o mesmo nome que a região que o abriga: a Colônia Afonso
Pena. Afonso Augusto Moreira Pena (Minas Gerais, 1847 – Rio de Janeiro 1909) foi o 6º
Presidente da República, eleito em 1º de março de 1906, falecendo durante o
mandato, em 14 de junho de 1909.

Durante o seu mandato como presidente, o Governo do Estado, proprietário das terras
da antiga Fazenda Águas Belas, cria uma “colônia modelo” para assentar imigrantes
poloneses, alemães e outras nacionalidades. Em 26 de março de 1908, através do
decreto n.º 208 do Palácio da Presidência do Estado do Paraná, essa colônia passar a
ser denominada “Affonso Penna” (Imigrantes:1870-1950, 2006).

Primeira grande reforma

Em 05 de fevereiro de 1959, para atender a crescente demanda do aeroporto, o


quarto em movimento de aeronaves no país, um novo terminal de passageiros,
medindo 2.200² m, é inaugurado. O Ministro da Aeronáutica no período era o
Brigadeiro Menescal e o Governador do Estado era Moysés Lupion. Esse terminal
marcou a história do Aeroporto por possuir um espaço externo bem próximo da pista
onde as pessoas podiam se despedir dos passageiros. Esse lugar ficou conhecido,
então, como “Sacada da Saudade”, e era usado não só por familiares e amigos
daqueles que iriam viajar, mas também por pessoas que iam a esse espaço apenas
para observar os pousos e decolagens. Com a inauguração do novo terminal em 1996 e
a transformação do prédio no Terminal de Cargas, o espaço não pôde mais ser
acessado pela população.

10/28 e 15/33

11/29 e 15/33 são as nomenclaturas dadas às pistas do Aeroporto Afonso Pena devido
à orientação das cabeceiras em relação ao pólo norte magnético da Terra. Até a
década de 1980, a atual 11/29 era 10/28 (O Aeroporto e eu, 2015), alteração dada pela
mudança do referido pólo. A 15/33 já deveria ter sofrido alteração de nomenclatura
também, conforme declarações de Sérgio Dombroski e Marcus Liberato (Reunião no
Museu em 19/12/2018). Ambas inicialmente mediam 1.800 m de extensão por 45 m
de largura. Em 1967, devido ao grande fluxo de passageiros e a chegada de aviões a
jato, a pista 15/33 passa por reforma tendo sua extensão ampliada em 400 m,
chegando assim a 2.200 m.

Além da construção da pista, houve uma reforma significativa no pátio devido ao peso
dessas novas aeronaves a jato e no estacionamento. Com a reforma concluída, o
Aeroporto Afonso poderia receber qualquer aeronave do mundo, tal como as grandes
estrelas de então: Douglas DC-3 e o Convair, e não mais apenas para as aeronaves de
médio porte como o Viscount e o Dart Herald, ambos turbo hélice. (Jornal Diário da
Tarde, 02 de maio de 1967).

Infraero

Em 31 de maio de 1973 é criada, pelo Governo Federal, a Empresa Brasileira de Infra


Estrutura Aeroportuária, a INFRAERO. Em 1974 o Aeroporto Afonso Pena deixa de ser
administrado diretamente pelo Ministério da Aeronáutica, cabendo à INFRAERO a
gestão desse ano em diante. Diversas ampliações e modernizações foram concebidas a
partir daí: ampliação do terminal de passageiros de 2.200 para 4.700m²; inauguração
de abrigo ‘’finger’’; reforma do restaurante; reforço da pista 15/33, táxis e pátios de
manobra, estacionamento de aeronaves e recapeamento da pista 10/28 (atual 11/29);
duplicação do estacionamento de veículos; Posto do Corpo de Bombeiros; instalação
do ILS MARK I (Instrument Landing System), aparelho que auxilia no pouso durante
neblina, em 1977; sistema de iluminação do pátio de aeronaves. (Aeroporto de
Curitiba, 1983).

A grande novidade, no entanto, foi o TECA – Terminal de Carga Aérea, o primeiro do


Brasil a ser implantado nos aeroportos administrados pela INFRAERO, que possibilitou
maior conexão econômica da região com outras partes do Brasil. Essa série de medidas
veio acompanhada pela profissionalização efetiva do Aeroporto. O então funcionário
da Infraero Edilberto Gassner conta, em seu livro “Aeroporto e Eu”, que antes da
chegada da estatal não existia um controle rígido com as pistas, tanto no que tange à
movimentação de pessoas por entre elas quanto no controle de objetos que
eventualmente possam colocar em risco pousos e decolagens, atitudes impensadas
nos dias de hoje.

Década de 1980

Acompanhando os jornais da década de 1980, notamos que nunca deixaram de existir


tentativas de melhorias. Algumas nunca saíram do papel, como a construção da
terceira pista para atender aviões maiores, mas muitas se realizaram, como a
instalação do estande da Paranatur, em 1984, para melhor atendimento aos turistas
(Correio de Notícias, Ed. 903, ano 1984).

No ano de 1980 pousou no Afonso Pena uma das personalidades mais recordadas pela
população, o Papa João Paulo II, que vinha em visita por diversas capitais brasileiras.
Do mesmo ano data o pouso do primeiro avião de grande porte, um jumbo cargueiro
que trazia ovelhas canadenses para o Paraná (Diário da Tarde, Ed. 23343, ano 1980).
Quanto à infraestrutura que liga o Aeroporto com a capital paranaense, 1980 também
foi o ano em que ocorreu a ampliação dos 2,5 km finais da Av. das Torres, obra que à
época foi noticiada nos jornais como extremamente necessária para desafogar o
crescente fluxo que congestionava a Av. Marechal Floriano Peixoto, que era até então
a via principal que conectava o Aeroporto Afonso Pena à Curitiba. Foi à partir daí que
essa Avenida recebeu o nome de Comendador Franco. (Diário da Tarde, Ed. 23246, ano
1980).

Além disso, foi nessa época que houve a instalação da nova torre de controle, em
1989, juntamente com o Radar de Controle de Área Terminal, que traz mais segurança
ao tráfego aéreo, bem como da Estação Meteorológica de Superfície Automática, que
trouxe mais confiabilidade e agilidade em relação à coleta de dados meteorológicos
(Doc. Cindacta II). Embora não se tenha precisão da data, foi no final da década de
1980 que a pista (10-28) teve suas cabeceiras realinhadas com o pólo magnético da
terra, que lentamente vai se modificando e exige a adaptação das pistas (Informações
extraídas de Marcus Liberato em entrevista concedida ao Museu Municipal em
19/12/2018).

Internacionalização do Afonso Pena

Já no final da década de 1980, os jornais começam a noticiar diversas conversas entre


o governo estadual e o governo federal acerca do que seria o mais significativo
conjunto de obras necessário à internacionalização do aeroporto Afonso Pena. Esse
esforço da União e do Estado, onde coube a este arcar com os custos da
desapropriação de terras necessária à expansão do aeroporto (no total foram
836.788,55m²) e àquela o gasto com as obras através da Infraero, insere-se no
contexto das tentativas de integração sul-americana (Correio de Notícias, Ed. 301, ano
1992). Em 1991 ocorrera o tratado de Asunción, que dera origem ao bloco econômico
do Mercosul entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai com a finalidade de
cooperação econômica. Observando a propaganda realizada pelo Estado do Paraná,
notamos que a internacionalização do aeroporto era vista como uma importante porta
de entrada que conectaria todo o sul do Brasil com os outros países membros, e seria
uma forma de integração econômica com estes, o que se nota no slogan oficial
veiculado pelo Estado: “Agora todo o investimento que chega ao Paraná decola para o
mundo” (Jornal do Brasil, Edição 109, ano 1996) , acompanhado de uma nota de 100
reais dobrada em forma de avião de papel.

Essa mega obra, a princípio, deveria construir um novo e moderno terminal de


passageiros, maior e mais bem equipado, com ar acondicionado, centro cultural,
Shopping Center, dentre outras comodidades. Além disso, esperava-se a construção da
terceira pista com a tecnologia necessária para aprimorar o pouso por instrumentos,
por conta das dificuldades recorrentes com a neblina. Na prática, a terceira pista nunca
chegou a se tornar realidade, mas o pouso por instrumentos foi aprimorado e
acompanhado da instalação do ALS (Approach Lighting System), que melhora a
visibilidade e auxilia no pouso visual (Aeroporto 2000, 14/02/1997). Além disso, o ILS
MARK I foi substituído pelo ILS MARK II, que aumentou a precisão e confiabilidade do
pouso por instrumentos.

O investimento de R$ 150.000.000 por parte da INFRAERO não foi de maneira


nenhuma um fracasso. O novo terminal de passageiros inaugurado em 1996 ampliou
consideravelmente a capacidade operacional do Aeroporto, passando de 600 mil
passageiros/ano para 3,5 milhões de passageiros/ano (Jornal do Comércio, Edição 247,
ano 1996). Além disso, todo o antigo terminal de passageiros passou a sediar o
Terminal de Cargas, que em 2012 ainda recebeu um aumento em sua área, passando
de 12.000m² para 17.000m² (Linha do tempo INFRAERO). Assim, alguns meses após o
fim das obras, em 1996, com a vinda do presidente Fernando Henrique Cardoso, que
inaugurou o novo terminal de passageiros, o Aeroporto Afonso Pena recebe o nome
oficial de Aeroporto Internacional Afonso Pena.

Últimas Décadas

A passagem de milênio é marcada no Aeroporto por mais uma melhoria: em 2002 o


pouso por instrumentos seria novamente melhorado com a instalação, na cabeceira da
Pista 15, do ILS – MARK 20 de CATEGORIA II que possibilita pousos e decolagens com
visibilidade horizontal de 200 metros e teto de 100 pés (LINHA DO TEMPO INFRAERO).

A última grande reforma do Aeroporto Afonso Pena se deu em 2014, para a Copa do
Mundo do Brasil, visto que Curitiba seria sede de alguns jogos da primeira fase desse
campeonato. Com essa finalidade, houve a ampliação do pátio de aeronaves, que
passou de 84.000m² para 144.000m² . Imaginava-se que pelo tamanho do evento
seriam necessárias também reformas para melhor acomodação dos passageiros,
pretendendo dobrar a capacidade de operação do aeroporto, o que de fato aconteceu,
passando de 7,8 milhões para 14,8 milhões de passageiros/ano. A conclusão dessa
obra estava prevista para 2016, sendo assim, entregue uma nova área de embarque e
desembarque, que primeiramente ficou alocada a vôos domésticos (Gazeta do Povo,
12/01/2018). Em 2016 também ocorreu a última licitação para o recapeamento de
pistas, que coube à 11/29 e está ocorrendo neste momento (Informação de Sérgio
Dombroski concedida em 25/02/2019). Além disso, houve a construção de um novo
local dentro da área aeroportuária para a facilitação e conforto do passageiro. Em 28
de setembro de 2017, a Infraero inaugurou o novo edifício-garagem do Aeroporto
Internacional Afonso Pena, que conta com três pavimentos, área de 80,3 mil metros
quadrados, com 2.422 mil vagas para carros.

Segundo as últimas estatísticas fornecidas pela INFRAERO, o Aeroporto Afonso Pena


movimenta, diariamente, uma média de 20.100 passageiros, 210 vôos e 81.327 kg de
carga aérea, e conta com população fixa de 6.235 pessoas que trabalham no complexo
aeroportuário.
Os passageiros vêm elegendo o Afonso Pena como o aeroporto número 1 do Brasil em
níveis de satisfação nos últimos anos. Em 2017 foi o vencedor do Prêmio Aeroportos +
Brasil, eleito pela segunda vez consecutiva o melhor Aeroporto do País. Também foi o
ganhador das premiações: Aeroporto + Cordial; + Limpo; + confortável; Restituição de
Bagagem + eficiente (avaliação ref. 2016). Em 2018 Ficou com os prêmios Aeroportos +
Brasil, eleito pela terceira vez consecutiva o melhor Aeroporto do País. Também foi o
ganhador das premiações: Aeroporto + Brasil; Melhor Aeroporto dos últimos 5
anos;Raio-x + Eficiente;Aeroporto + Confortável; Check-in + Eficiente;Restituição de
Bagagem + Eficiente; Controle Aduaneiro + Eficiente; Controle Migratório + Eficiente
(avaliação ref. 2017). Por fim, em 2019 foi vencedor dos Prêmios: de Controle
Aduaneiro + Eficiente e Aeroporto com + Serviços ao Passageiros ( avaliação ref. 2018).

Por que CWB?

Em 1945, houve a criação de um código no qual, foi definido como um padrão,


composto de três letras para a identificação de aeroportos ao redor do mundo, esse
código é gerenciado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA a sigla
em inglês), que também facilita para com toda a questão de bagagens aéreas, pela
identificação ser única. Habitualmente essas três letras indicadas, se referem as três
primeiras letras da cidade no qual o aeroporto está instalado ou o nome do aeroporto.
No caso de Curitiba, muitos se perguntam o porquê desse código ser CWB e não CUR
como indica a resolução da IATA ou até mesmo CTB, a resposta é bem simples, como
esses códigos são únicos, esses já estavam em uso quando houve a solicitação do
código para o Aeroporto Afonso Pena. Já a letra W é apenas uma substituição aleatória
como a própria instituição menciona . Outro código utilizado, esse mais específico para
quem trabalha com a questão aeroportuária é o código da Organização Internacional
da Aviação Civil (ICAO a sigla em inglês), criada em 1947. A sigla concedida ao
Aeroporto Afonso pena é SBCT. Essas quatro letras representam dados específicos,
como por exemplo, a letra S, relacionando-se a South América, logo, todos os
aeroportos da América do Sul contemplam em seu código ICAO a letra S. Já a letra B
representa o Brasil, praticamente todos os aeroportos que transportam passageiros no
país levam essa sigla, em alguns casos específicos a letra pode mudar, dependendo do
aeródromo mas como padrão a letra B equivale ao Brasil e as duas outras letras, são
referentes a cidade na qual o aeroporto está instalada, nesse caso CT referenciando
Curitiba.

Visitas ilustres:

• Papa João Paulo II


• Imperador Akihito, do Japão
• Vigilante Rodoviário

Gigantes que pousaram no Afonso Pena:

• Antonov’s
• Boeing 747-400, Imperador do Japão
Pesquisa:

CORDEIRO, Athus Guilherme Mendes.


GIURDANELLA, Albano Gabriel.

Retrato da Indústria em São José dos Pinhais no


século XX

Esta exposição pretende apresentar a história da industrialização do município,


oferecendo um panorama geral e uma breve história de algumas indústrias. É dividida
em quatro fases, que englobam algumas décadas e revelam a transformação da
indústria são-joseense, além de apresentar, também, o brasão da cidade e, em painel
suspenso, a lista de todas as indústrias atuais da cidade. É importante que, durante a
apresentação, o mediador revele as conexões entre essas fases, as indústrias que
estiveram presentes em vários momentos, para evitar uma ideia de “barreiras
temporais”, ou seja, permitir que os visitantes entendam a industrialização como um
processo.

Começamos com o conceito de indústria, apresentado como “o conjunto de atividades


que transforma a matéria-prima em produtos manufaturados, em uma produção de
larga escala”. É interessante, dependendo da idade dos alunos, explicar o que são
produtos manufaturados – aqueles que são transformados por uma pessoa, como um
artesão, ou por uma máquina, que pode ser das mais simples às mais tecnológicas – e
produção de larga escala. Pode-se explicar, também, a diferença entre fábrica (o local,
estabelecimento) e indústria (a atividade).

A indústria surge na Europa, no século XVIII, e começa a aparecer no Brasil em finais do


século XIX, ainda de forma lenta e incipiente. É somente em meados do século
seguinte que as indústrias em território brasileiro começam a tomar impulso. É
durante o governo de Getúlio Vargas que se começa a superar a ideia de que o país
deveria permanecer agrícola e começa a existir a preocupação com a industrialização.
No governo de Juscelino Kubitschek e durante a ditadura militar, foi incentivada a
vinda de indústrias multinacionais.

O Paraná, por sua vez, só se industrializou mais intensamente a partir da década de


1960, com incentivos governamentais e a criação de empresas estatais que
viabilizaram o desenvolvimento industrial, como o Banco do Estado do Paraná
(BANESTADO), a Companhia Paranaense de Eletricidade (COPEL) e a Companhia de
Saneamento do Paraná (SANEPAR).

1ª fase (1900-1929)
As sementes da industrialização paranaense foram os engenhos de erva-mate, ainda
no século XVIII. No século seguinte, esse processo continuou com o surgimento das
serrarias, algumas das quais estavam presentes em São José dos Pinhais, como a
Companhia Florestal Paranaense e outras duas, pertencentes ao Barão do Serro Azul.

A industrialização são-joseense foi motivada, no século XX, pela vinda de imigrantes


europeus, notadamente os italianos, que já conheciam esse tipo de produção em suas
terras de origem. As indústrias que abriram eram, em geral, pequenas, funcionavam
em suas próprias casas, faziam uso do trabalho familiar e artesanal e seus produtos
eram, geralmente, destinados ao comércio local. Entre elas, havia barricarias,
ferrarias, funilarias, olarias e fábricas de derivados de suínos, de carroças, de bebidas e
de calçados. Algumas das indústrias que nasceram neste momento continuaram
abertas por décadas, tornando-se maiores e mais modernas, como é o caso da
Indústria Senegaglia e da Aguardente Trivisan.

2ª fase (1930-1959)

É durante esse período que as indústrias começam a alcançar uma participação maior
na economia do município. Com seu crescimento, deixam o ambiente familiar e
adquirem espaços próprios, com um maior número de funcionários e uma maior
produção.

Nesse momento, a empresa que adquiriu maior destaque foi a Indústria Senegaglia.
Desde 1903, João Senegaglia, imigrante italiano, produzia objetos de uso doméstico
em folha de flandres (uma folha de metal, feita com ferro e aço e revestida com
estanho), com vendas no interior do município; sua produção se expandiu nos anos
seguintes e, em 1938, adquiriu o porte de grande indústria. Na década seguinte, com a
construção da Siderúrgica de Volta Redonda no Rio de Janeiro e o barateamento da
matéria prima, a produção foi impulsionada: a indústria passou a atender o governo
paranaense, comprador das placas de veículos produzidas no local. João Senegaglia,
que acompanhava a produção pessoalmente, faleceu em 1960. Diante das dificuldades
econômicas que surgiram, seus herdeiros encerraram a produção em 1976.

Em um período similar, outra indústria bem conhecida na cidade foi a de José Trivisan,
que começou a trabalhar com a distribuição de cerveja da Cervejaria Atlântica, em
1923. Na década de 1940, passou a produzir vinho e aguardente, dedicando-se
exclusivamente a última, que passou a ser conhecida, a partir de 1961, como
Aguardente de Cana Trivisan. Quando José Trivisan transferiu o negócio a seus filhos, a
empresa passou a ser denominada Irmãos Trevizan Ltda. (a mudança no nome deve-se
a erros de registro, o que deixou os familiares com sobrenomes escritos de maneiras
diferentes). Com a automatização da produção, em 1968, a marca se tornou líder na
região de Curitiba. A produção se encerrou em …

Entre as outras indústrias que compuseram o cenário industrial da cidade neste


período, houve a Indústria de Linho e Algodão Dalvy S.A., instalada no município em
1946. Filial da matriz de Petrópolis, no Rio de Janeiro, aqui ocorria parte da plantação e
o beneficiamento das matérias primas.
Ainda na década de 1940, duas fábricas de produtos de madeira destacaram-se. A
Fábrica Nacional de Artefatos de Madeira (FANAM), inaugurada em 1946 pela família
de imigrantes suíços Ellemberger, começou suas atividades com a produção de cabos
de vassoura e tiras de madeira para caixas de chapéu; quando começaram a trabalhar
com móveis, chegaram a ter oitenta funcionários. A outra empresa iniciou sua história
com Vicente Haluch, proprietário de serrarias na Colônia Murici e na Contenda. Seus
familiares abriram, em 1948, uma fábrica no centro da cidade, produzindo,
inicialmente, portas, janelas e assoalhos, e, em seguida, engradados de bebidas para as
cervejarias Antártica e Brahma.

A Cooperativa de Laticínios Curitiba (CLAC) passou a integrar esse cenário em 1959,


responsável pela pasteurização, engarrafamento e distribuição do leite de 400
produtores. Com maquinário estrangeiro, a CLAC inaugurou sua usina própria de
pasteurização em 1967. Nove anos depois, com 1500 cooperados, eram pasteurizados
67 mil litros de leite por dia, além de 3 mil litros utilizados para a produção de queijo,
iogurte e creme de leite.

3ª fase (1960-1989)

É a partir da década de 1960 que surgem, em São José dos Pinhais, as primeiras
indústrias voltadas ao comércio nacional.

Em 1968, foi fundada a Nutrimental S.A, indústria alimentícia, que tinha inicialmente o
intuito de produzir batata desidratada, porém, deu início às suas atividades industriais,
no ano seguinte, com a produção de feijão pré-cozido. Sete anos depois, expandiu seu
atendimento a restaurantes industriais, hospitais e outros segmentos. A empresa foi
pioneira na produção de proteína de soja no Brasil, em 1975, e, já no ano de 1984,
pesquisou e desenvolveu produtos para a alimentação do navegador Amyr Klink na sua
primeira travessia do Atlântico Sul em um barco a remo (o primeiro a realizar isso). A
empresa continuou a inovar seus produtos, chegando, então, a produzir alimentos
destinados ao consumidor final. A indústria permanece até o presente no mesmo local
de sua abertura e participa ativamente no ramo alimentício (barrinhas de cereais,
mingau para crianças, etc).

A Artex foi fundada em Blumenau, no ano de 1936, por Teóphilo Zadrozny, o técnico
têxtil Otto Huber e outros 15 sócios. Com o rápido crescimento, atingiu o mercado
internacional em 1957 e, em 1970, abriu sua filial em São José dos Pinhais, onde
ocorria a fiação (transformar as fibras de tecido em fios). Sua primeira unidade foi
construída em uma área de 36.900m², doada à empresa pela Prefeitura Municipal,
uma vez que a empresa retornaria em benefícios como a arrecadação de impostos, a
geração de empregos e o aumento tanto do consumo como da exportação
paranaense. Nos 25 anos em que a Artex esteve em funcionamento, foram
inauguradas outras duas unidades de fiação, cujos funcionários recebiam diversos
benefícios sociais como assistência médica e cursos profissionalizantes, além de
infraestrutura para a região, hoje o bairro São Marcos, que passou a receber
eletricidade, abastecimento de água e uma escola iniciada no refeitório da empresa.
Fundada, no início da década de 1970, por Hélio Mendes, Adilton Cardoso, Adalberto
Cardoso e Aldo Cardoso, a Magius iniciou sua história como uma empresa
especializada em cofres, com 10 funcionários. Após sua instalação no bairro Afonso
Pena, começou a fabricar também peças de automóveis. A empresa cresceu, dando
origem ao Grupo Magius, integrado por empresas em diversas localidades. Entre as
que operam no município, encontra-se a Latal, especializada em embalagens
metálicas, a Paranaço, distribuidora de aço, e a Proind, que atende vários tipos de
indústrias.

O farmacêutico Miguel Krisgner fundou, em 1977, uma das primeiras farmácias de


manipulação de Curitiba, O Boticário. O sucesso do perfume Acqua Fresca, lançado em
1979, possibilitou a abertura de uma loja filial no Aeroporto Internacional Afonso
Pena, que popularizou a marca de Krigsner em todo o país. Três anos depois, foi
inaugurada a fábrica d’O Boticário no bairro Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
Atualmente, o Grupo Boticário possui alcance internacional e é a maior franquia do
Brasil.

A Artefibras Veneza foi criada em 1979 por Atílio Rocco Neto, em associação com José
Carlos Setim. Começando com somente seis funcionários, em poucos anos já atendia o
mercado nacional. Seus produtos, feitos de fibra de vidro, variavam entre cabines
telefônicas, os “orelhões”, abrigos para ônibus e bombas para gasolina, álcool e diesel,
vendidas para a Petrobras e distribuídas em todo o território nacional.

Identidade Negra: Trajetórias AfroSão-Joseenses

O contar da história do município de São José dos Pinhais, na maioria das vezes, teve o
olhar voltado aos europeus. Os poloneses da Colônia Murici, os ucranianos da Colônia
Marcelino, os italianos do Mergulhão, alemães e poloneses na Colônia Afonso Pena,
entre outros. Todos eles tiveram merecido destaque econômico e social da cidade.

Mas e os povos africanos? A exposição “Identidade Negra: Trajetórias AfroSão-


Joseenses” busca resgatar a história dessa grande parcela da população, até então
invisibilizada, mas que com resistência – muitas vezes organizando-se nos ainda
existentes Quilombos – superando os árduos tempos de escravização e a falta de
políticas de integração após a Lei Áurea, que ainda resulta nas desigualdades e
preconceitos dos dias atuais, marca profundamente a cultura e a identidade brasileira,
e que, também, tem papel fundamental no desenvolvimento econômico e social no
Paraná e em São José dos Pinhais.

No Paraná, nomes importantes como Enedina Alves Marques – 1ª mulher negra a se


formar engenheira civil em 1945, pela UFPR; Irmãos Rebouças, engenheiros nascidos
na Bahia, responsáveis pela Estrada da Graciosa e pela ferrovia Curitiba-Paranaguá;
Maria Nicolas, renomada professora, escritora, pesquisadora, autora de Alma das
Ruas; e outros personagens afrobrasileiros são lembrados. Em São José dos Pinhais
trazemos à tona nomes como Zacarias Alves Pereira, Serafim Machado, Maestro
Chiquinho, Nhá Galeana e outros.

Origens

Durante mais de 350 anos de tráfico transatlântico, mais de cinco milhões de pessoas
foram escravizadas e trazidas para o Brasil, oriundas das mais diversas camadas da
sociedade e com diferentes saberes, incluindo rainhas, reis e crianças. O comércio
escravagista fez do Brasil o maior receptor desse fluxo forçado, fazendo do país o 2º de
maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria.

Essa população habitava três principais regiões da África, que são: Alta e Baixa Guiné,
que hoje correspondem ao Benin, Burquina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana,
Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Nigéria, Senegal e Serra Leoa. A Costa da Angola
que hoje correspondem a Angola, Cabinda (província que pertence a Angola), Gabão,
Congo e Guiné-Equatorial. E a Costa da Mina, que hoje correspondem a Camarões,
Níger e Togo. Além de regiões mais isoladas como Moçambique, Namíbia e Sudão.
Esse fenômeno é conhecido como Diáspora Africana. Há também grupos étnicos
distintos trazidos ao Brasil durante o mesmo período, como os Anagôs, Angolas,
Anjicos, Ardas, Bacongos, Balundos, Bantus, Congos, Fons, Fulas, Hauças, Ijexás,
Iorubás (também conhecidos como Nagôs), Jalofos, Jejes, Lundas, Mandingas, Minas,
Monjolos, Ombundos, Ovibundos, Quetos, dentre muitos outros.

Estatísticas

População negra no Brasil População negra no Paraná Po


112,7 milhões 55% 375.123 31,1% 68

FONTE: Censo IBGE 2010. PNAD 2012 – 2016.

Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná, 2010. http://www.itcg.pr.gov.br/

Personalidades

Aqui, são apresentadas algumas das pessoas negras que marcaram a história de São
José dos Pinhais. Entre eles, estão o vaqueiro Serafim Machado, o músico Chiquinho
Pereira, o artista Zacarias Alves Pereira, o cabo João Fagundes Machado e o
empresário Marco Aurélio Rosa, além de várias outras, lembradas em um relato de
Ernani Zétola, mas sobre as quais não foram encontradas mais fontes.

Serafim Machado

Nascido em 1859. Foi mateiro, desbravador, morador da região da Contenda. Seu


amplo conhecimento sobre a Serra do Mar foi fundamental tanto na implantação das
Usinas de Chaminé e Guaricana quanto no estudo da rodovia Curitiba-Joinville,
conduzindo os engenheiros responsáveis pelos projetos.
Chiquinho Pereira

Músico e maestro da cidade. Fez parte da “Banda Santa Cecília”, regeu a “Orquestra de
Serenatas” e a “São José Jazz Band”. Violinista, tocava junto com a “Banda Cecília”
durante as sessões no Ideal Cinema, fazendo a trilha sonora dos filmes que ainda eram
mudos, na década de 1930. O grupo geralmente assistia ao filme um dia antes e
ensaiavam para acompanhar a película.

Zacarias Alves Pereira

Nascido em 1863, em São José dos Pinhais. Viveu em um casarão também conhecido
como sobrado do “Nhô Zaca”, em frente à Praça 8 de Janeiro. Desempenhou várias
atividades na cidade, entre elas tenente da Guarda Nacional, suplente de juiz federal e
tesoureiro da Prefeitura dessa cidade. Artista autodidata, dedicou-se à pintura em tela,
esculturas e objetos artesanais, participando ainda da Banda Santa Cecília. Dotado de
habilidades manuais, exerceu também a alfaiataria, costurando finos ternos para
homens e vestidos para as noivas. Muito ligado à religião, a maioria de suas obras
(imagens e quadros) eram voltadas para este tema. No início do século XX incluiu nas
suas atividades a confecção de caixões fúnebres, sendo o mais procurado para exercer
o ofício na época. Faleceu em 1942.

[Na foto de Zacarias, chama atenção o branqueamento]

João Fagundes Machado

Nascido em 1918, em São José dos Pinhais. Filho de Francisco Ferreira Machado e D.
Francisca Alves Fagundes, o Cabo João Fagundes Machado integrou a FEB (Força
Expedicionária Brasileira). Embarcou para o Teatro de Operações do Mediterrâneo no
dia 30 de junho de 1944 junto com o 1º Escalão Expedicionário do Brasil. Em combate,
faleceu no dia 17 de novembro de 1944, em Marano, Itália.

Foi condecorado com a Medalha de Campanha, Medalha Sangue do Brasil, e com a


Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe.

Marco Aurelio Rosa

Nascido em 1948, foi empresário da área de medicamentos veterinários, proprietário


da Barô Produtos Veterinários. Foi presidente da Associação Comercial (Aciap) de São
José dos Pinhais por três mandatos (1984-1987), dedicação voluntária que o levou a
ser secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo (1991-1992). Faleceu em
1998. Passadas duas décadas, o exemplo de empresário comprometido com o
município ainda repercute entre os cidadãos que o conheceram e os muitos amigos
que o chamavam de Marcão.

O senhor Ernani Zétola (1921-2010), em entrevista concedida à pesquisadora Maria


Angélica Marochi, em 2009, recordou as pessoas negras, ex-escravizadas e
descendentes destas, que viviam no centro da cidade durante sua infância, nas
décadas de 1920 e 1930. Além de mencionar os trabalhos e atividades exercidas por
algumas – como Nhá Belizia, que trabalhava para a família de Victorino
Ordine; Leocádia, que trabalhava para a família de Paulino Cortes; Nhá Galeana,
famosa parteira “que trouxe ao mundo a maior parte dos filhos desta terra”, e Ismael,
alfaiate – Ernani também aborda aspectos da personalidade de alguns, como Nhá
Maria Portes (“ela era pessoa muito religiosa”) e Nhá Thereza Quintiliano, doceira de
mão-cheia (“devota do Divino e pessoa muito considerada na cidade”). De maneira
mais geral, entretanto, se ateve às relações familiares: “Salvador – casado com
mãe Taía”; “Irmãs Menárias […] e seu irmão Hildebrando […]; moradores da antiga
Costeira”; “Nhôzinho Miranda, seu irmão França e mais um irmão que não recordo o
nome e era pai da Alzira, casada com o Alberto Koerbel”; “Maria Antonia e sua
filha Vera Cruz”; “Nhá Cristina […] teve três filhos: Olegário, Antônio e Alvino”;
“Nhá Josefa (avó da Zélia) – viveu com o Jaime, que era inglês e tiveram filhos”;
“Nhá Dita e seus filhos Nhá Chica e o Emilio que foi casado com a […] Conceição.
A Nhá Chica vivia com o […] José Maria e tinha uma filha […] de nome Adelina”;
“Nhá Ermelina – era mãe do Mané Manco (casado com
a Nhá Rica), Pedro Bicheira e José Bicheira”; “Zacarias Alves Pereira (Nhô Zaca) casado
com a Nhá Marica (Maria Cristina)”; “Gabriela – irmã do Nhô Zaca – casada
com Israel Andrade”; “Eleutério […] casado com Tomazia […]. De um relacionamento
anterior o Nhô Eleutério teve um filho […] – o conhecido maestro Chiquinho Pereira”;
“Nhá Floripa (Floripes) […] vivia só; morava em velha casa de taipa na esquina da Rua
São João (hoje sete de setembro) com a Praça 8 de Janeiro.”;
“Nhá Thereza Quintiliano […]. Teve um único filho que chegou a ser alto funcionário
federal”; “Nhá Galiana […]. Era mãe de Nhá Teodora de Sá”; “Ismael (sobrinho do Nhô
Zaca) – era alfaiate e tinha um filho […] do seu primeiro casamento. Vivia com a Alice”;
“Nhá Maria Diogo – cuja única filha a […] Maria José teve um filho, o José Cordeiro,
que era filho do Toniquinho Cordeiro e neto do João Ângelo Cordeiro e de Nhá
Chiquinha”.

Fonte: MAROCHI, Maria Angélica. História & Memória: a busca pela construção de uma
identidade de São José dos Pinhais. São José dos Pinhais: Edição da Autora, 2014.

Bairro da Carioca

O Bairro da Carioca, no centro de São José dos Pinhais, era a região onde habitava
parte população negra. O espaço não era grande e ficava junto a uma fonte de água
natural denominada “carioca”, de onde vem o nome do bairro. O local era uma
baixada com mata fechada. A fonte de água, que não existe mais, ficava nas
proximidades da atual Capela Mortuária, do TRE-PR, e das ruas Voluntários da Pátria,
Ângelo Zem e Mendes Leitão.

A população que ali habitava era de cozinheiras, lavadeiras, engomadeiras, doceiras,


domésticas. Atuavam também no corte de lenha, limpeza de quintais, e no serviço
público municipal na manutenção e limpeza de ruas.

A senhora Zélia Nogueira dos Santos (1935-2013), neta de ex-escravizados, relata que
a população moradora da região se reunia em casas para tocar gaita e violão, dançar,
promover bailes onde todos iam de tamanco. Os bailes aconteciam em um salão para
o fandango, no local conhecido como Barroca Funda. Ela relata também que
infelizmente essas manifestações culturais eram alvo de perseguição racial pelo poder
público.

O destino dessa população que ali habitava ainda é desconhecido, as suas moradias
foram sendo vendidas com o crescimento urbano da cidade.

Fonte: MAROCHI, Maria Angélica. História e Memória: a busca pela construção de uma
identidade de São José dos Pinhais. 2014.

A religiosidade Afro-brasileira

A população africana trazida ao Brasil possuía sua própria cultura de expressão de


religiosidade, fé e crença. Os Orixás são divindades que possuem aspectos do mundo
natural ou humano. Existem 16 orixás cultuados, estes são: Oxalá, o deus da
criação; Iemanjá, a deusa das águas salgadas, mares e oceanos; Xangô, o deus do fogo
e do trovão; Oyá (Iansã), a deusa dos ventos e das tempestades; Oxóssi, o deus da
caça; Ogum, o deus da guerra e das ferramentas; Oxum, a deusa das águas doces, rios,
fontes e lagos; Exú, o mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da
rua e das encruzilhadas; Obaluaê (Omulu), o deus da peste das doenças da pele; Nanã,
a deusa da lama e das águas dos pântanos; Ossain, o deus das folhas e ervas
medicinais; Oxumaré, o deus da chuva e do arco-íris; Obá, a deusa das águas doces
revoltas, pororocas e quedas d’água; Ewá, a deusa da neblina e dos nevoeiros; Iroko, o
deus do tempo e quem rege a ancestralidade; Logunedé, o deus da caça e da pesca.

As religiões afro-brasileiras formaram-se a partir do sincretismo, da mistura com


outras religiões existentes no Brasil, como a mitologia indígena, o catolicismo e o
espiritismo.

O Candomblé e a Umbanda são as mais famosas expressões religiosas afro-brasileiras,


contudo ainda encontramos o Xambá, o Batuque, a Cabula, o Omolokô, o Culto aos
Egunguns, a Quimbanda, o Queto, a Angola, o Djedje, o Nago Vodun.

Em São José dos Pinhais podemos encontrar cerca de 60 templos, casas, terreiros ou
barracões de Umbanda, Candomblé e Omolokô.

Legado

O africano trouxe os seus saberes e conhecimentos de agricultura, tecnologia e ciência


ao trabalho no Brasil. Esses saberes também estão entranhados na música, na culinária
e na língua portuguesa aqui falada.

Ritmos como o lundu, deram origem a boa parte da música popular brasileira, do
maxixe, passando pelo jongo e a congada, chegando ao maracatu, ao samba, ao choro
e a bossa-nova.

A congada,ritmo é considerado um Patrimônio Cultural Imaterial Negro no Paraná, é


permeada por lutas coreográficas, música percussiva, desfile encenado, animado por
danças, ritmos e cantos. Muito presente na Lapa, é celebrada no dia 26 de dezembro,
na festa de São Benedito.

Em São José dos Pinhais, há registros do fandango no bairro da Carioca. A população se


reunia em casas e no local conhecido como Barroca Funda para tocar e dançar.

Instrumentos musicais afrobrasileiros como o berimbau, atabaque, agogô e reco-reco


fazem o ritmo que acompanha a Capoeira – Patrimônio Imaterial da Humanidade –
mistura de dança e arte marcial que surgiu no Brasil Colonial. Encontramos muitos
grupos de Capoeira em São José dos Pinhais, o entre eles o do CECAB, do Mestre Kunta
Kintê – Capoeira Angola, no Bairro Afonso Pena.

Na culinária brasileira, a influência africana está nos modos de preparo, na combinação


dos temperos e nos ingredientes como azeite de dendê, leite de coco, quiabo,
gengibre, pimenta malagueta, feijões diversos. Pratos afro-brasileiros como vatapá, o
caruru, o acarajé, moquecas, angu, cuscuz, feijoada, canjica, são variações dos pratos
originais da África, de Portugal e dos povos indígenas locais. Muitas vezes o preparo
dos alimentos está intimamente ligado ao culto aos Orixás das religiões de matriz
africana.

O português falado no Brasil está recheado de palavras de origem africana, de línguas


como fon, iorubá, quimbundo, quicongo, entre muitas outras. “Batucar”, “banguela”,
“bengala”, “caçula”, “cachimbo”, “cafuné”, “carimbo”, “cochilar”, “dengo”, “moleque”,
“quitanda”, “samba”, “xingar” são alguns dos exemplos de palavras de origem ou
influência africana.

ONG’s e associações

– Respeito Não Tem Cor, ONG coordenada por Dirce Santos, tem como missão
revolucionar a sociedade, extinguir o racismo através do conhecimento e da educação,
praticando diversas ações sociais em periferias e comunidades carentes de São Jose
dos Pinhais.

– 5ª Reunião do Afroempreendedorismo, na ACIAP, organizada pelo grupo Respeito


não tem cor. 09/09/2019. Foto: João Damas.

– CECAB – Centro de Estudos da Cultura Afro-Brasileira, sediado na Rua Almirante


Alexandrino, 2479, Bairro Afonso Pena. Coordenado pelo Mestre Kunta Kinte, promove
o ensino da Capoeira Angola, artes e cultura de matriz africana.

Fotos: Luzia Carreira Gonçalves

– CASCA – Casa Cultural Abaeté, sediada na Rua Sebastiana Laura de Souza, 81,
Guatupê. Coordenada por João Damas e Marcia Chaves, tem o princípio de fomentar
elementos e saberes da cultura popular brasileira através de encontros, aulas,
oficinas,palestras e outras atividades.
– Usina de Percussão e Artes Carnavalescas, coordenada por Cleonice Santos, fomenta
através da música e do ritmo, aliados a dança e o teatro, repertórios e experiências da
cultura popular. Promove ensaios no Parque da Fonte, Comunidade São Judas, Centro
POP entre outras localidades.

Força Expedicionária Brasileira (FEB)

Pesquisa e texto: Gladisson Silva da Costa

Revisão e Complemento: Sara Uliana

Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o governo brasileiro viveu a instalação de um


forte regime ditatorial comandado por Getúlio Vargas, caracterizado pelo forte
nacionalismo, tendencia ao militarismo e repressão de grupos contrários a sua tomada
de poder. Ainda em 1930, o governo getulista tinha objetivos claros: supressão de
movimentos de esquerda, desenvolvimento da siderurgia nacional, visando alavancar a
industrialização do país, e a modernização das Forças Armadas.

Tais objetivos foram renovados com a instauração do Estado Novo, decretado em 10


de novembro de 1937, impondo medidas tais como o fechamento do Congresso,
censura da imprensa, prisão de líderes políticos e sindicais, e alocamento de
“interventores” nos governos estaduais. Vargas ainda montou um poderoso esquema
de propaganda pessoal com a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda
(DIP), inspirado no aparelho nazista de propaganda idealizado por Joseph Goebbels.

“A Hora do Brasil”, introduzida nas rádios brasileiras e chamada ironicamente de “Fala


Sozinho”, exaltava os feitos do governo, escondendo a corrupção e repressão política,
de uma sociedade pouco organizada para a época. Com um estilo populista, e
esperando legitimar-se pelo carinho das massas, Getúlio Vargas foi o responsável pela
criação do salário mínimo e instituição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
entre outros benefícios sociais, o fez ganhar a alcunha de “pai dos pobres”, entre a
população de baixa renda.

Nesse mesmo período, as grandes potências mundiais estouravam a Segunda Guerra


Mundial, organizando-se em alianças para o combate. Desta forma, estabeleceu-se o
“Eixo” (Alemanha, Japão e Itália), e os “Aliados” (Estados Unidos, União Soviética,
França e Inglaterra). Ao longo do conflito, cada um desses grupos buscou apoio
político-militar de outras nações afins, tentando expandir suas influencias para além
de suas fronteiras.

Desde o início da Segunda Guerra Mundial, a ideologia do Estado Novo,


implantado por Getúlio Vargas, apontava para um provável alinhamento do Brasil com
os países do Pacto de Aço, dada a sua politica autoritária, nacionalista e que muito se
assemelhava as de Hittler e Mussolini. A própria declaração de Vargas ao comentar a
invasão da Polônia pelo exército nazista, em 1° de setembro de 1939, revelava certa
simpatia pelo regime, ao afirmar:

“Marchamos para um futuro diverso de tudo quanto conhecemos em matéria de


organização econômica política e social. Passou a época dos liberalismos
imprevidentes, das demagogias estéreis, dos personalismos inúteis e semeadores da
desordem”.

Em 1940, um ano após eclodir na Europa, a guerra ainda não ameaçava diretamente
o Brasil. A ideologia nazista, contudo, fascinava os homens que operavam o Estado
Novo a tal ponto que Francisco Campos, o autor da Constituição de 1937, chegou a
propor à embaixada alemã no Brasil a realização de uma “exposição anticomintern”,
com a qual pretendia demonstrar a falência do modelo político comunista. Mais tarde,
o chefe da polícia, Filinto Muller, enviou policiais brasileiros para um “estágio” na
Gestapo. Góes Monteiro, o chefe do Estado Maior do Exército foi mais longe, ao
participar de manobras do exército alemão e ameaçar romper com a Inglaterra,
quando os britânicos apreenderam o navio Siqueira Campos, que trazia ao Brasil armas
compradas dos alemães.

Entretanto, dada a proximidade geográfica do Brasil com os Estados Unidos e os


interesses deste na instalação de bases militares na linha do equador, para o
propulsionamento de misseis e outras bombas, foi estabelecido um acordo entre os
dois gigantes americanos. Tal documento comprometia o Brasil a participar da
segunda guerra mundial ao lado dos Aliados, em troca da ajuda norte-americana para
a construção da primeira usina siderúrgica do país, localizada na cidade de Volta
Redonda, no Rio de Janeiro

Desta forma, após alguma pressão dos americanos e da opinião publica, quando cinco
navios brasileiros foram torpedados por submarinos alemães, o país se insere no
conflito em 22 de novembro de 1943. Em 23 de novembro de 1943 foi então criada a
Força Expedicionária Brasileira, englobando a recém-criada 1a Divisão Expedicionária e
elementos do Corpo de Exército e dos Serviços Gerais, num total de 25.334 homens,
comandados pelo General- de-Divisão João Baptista Mascarenhas de Morais.

FEB – Força Expedicionária Brasileira

A Força Expedicionária Brasileira, conhecida como FEB, foi a força nacional militarizada
que lutou ao lado dos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Constituída
inicialmente por uma divisão de infantaria, acabou por abranger todas as
especificidades militares que também participaram do conflito.

Seu lema era “A cobra está fumando”, em alusão a um ditado popular da época, que
afirmava ser “mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”.

A FEB lutou contra nove divisões alemãs e três italianas, sofrendo 457 mortes, 2064
feridos, e teve 35 homens aprisionados. As primeiras vitórias da FEB ocorreram com a
ocupação das cidades italianas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Os brasileiros
não acostumados ao frio combateram durante o rigoroso inverno, enfrentando
temperaturas de até vinte graus abaixo de zero e muita neve. Ao final da campanha, a
FEB havia aprisionado mais de 20.000 soldados inimigos, oitenta canhões, 1.500
viaturas e 4 mil cavalos, saindo vitoriosa em 21 batalhas.

A tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros


foram postas a prova quando três soldados brasileiros, em missão de patrulha, ao se
depararem com uma Companhia do Exército Alemão com cerca de 100 homens,
mesmo tendo recebido ordens para se renderem, optaram por atiraram-se no chão e
abrirem fogo contra o inimigo até acabar a munição. Não satisfeitos, armaram-se de
baionetas e avançaram contra a Companhia, perecendo face à superioridade numérica
do inimigo. Como reconhecimento pela bravura e coragem de Arlindo Lúcio da Silva,
Geraldo Baeta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza, os alemães os enterraram em
covas rasas e, junto às sepulturas, colocaram uma cruz com a inscrição “DREI
BRASILIANISCHEN HELDEN” (Três Heróis Brasileiros).1

1. Gazeta do Povo: 10\04\2021

Em 6 de junho de 1945, o Ministério da Guerra do Brasil ordenou que as unidades da


FEB ainda na Itália se subordinassem ao comandante da primeira região militar (1ª
RM), sediada na cidade do Rio de Janeiro, o que, em última análise, significava a
dissolução do contingente. Mesmo com sua desmobilização relâmpago, o regresso da
FEB após o final da guerra contra o fascismo precipitou na queda de Getúlio Vargas e o
fim do Estado Novo no Brasil. Uma vez que tornara-se insustentável a idéia de que o
Brasil, ao mesmo tempo em que lutara contra ditaduras fascistas na Europa e
mantivesse internamente o mesmo tipo de regime.

Os pracinhas de São José dos Pinhais

São José dos Pinhais também teve seu espaço na segunda guerra, enviando para a FEB
em torno de 100 expedicionários. Nem todas as listas contemplam a cidade de origem
dos expedicionários, o que dificultou a busca dos combatentes são-joseenses.

Automobilismo em São José dos Pinhais

Este esporte nasceu em 1894 na França organizado por uma revista francesa “Le Petit
Journal”. A corrida ocorreu entre as ruas de Paris e Ruão e a velocidade média dos
pilotos era de no máximo 19 Km/h. O número de corridas aumenta e eram organizadas
pelo Clube do Automóvel francês. No Brasil a primeira corrida foi organizada pelo
Automóvel Club de São Paulo e aconteceu em 1908. O vencedor, um Fiat de 40 cavalos
de potência, foi aclamado como herói. Nas décadas de 20 e 30 começavam as corridas
regulares no Brasil e 10 anos depois chegaram a São José dos Pinhais.
A partir da década de 1990, o atual Autódromo Afonso Pena, no Bairro São Marcos,
administrado por Gastão Vosgerau, passou a receber a Velocidade na Terra,
lembrando que desde o ano de 1988 até 1990 quando Gastão Vosgerau assumiu a
organização do automobilismo em são Jose dos pinhais que estava parado a mais de
quatro anos sem nenhuma corrida no estado. Para poder aumentar a visibilidade do
autódromo Gastão Vosgerau começou a organizar corridas, eram apenas sete carros
correndo e os demais eram convidados de outros estados, sendo que alguns deles
tinham alimentação e hospedagem gratuita e também não pagavam a inscrição. Os
carros colocados na pista eram: um Opala, um Força-Livre, dois fuscas e dos demais
eram pilotos de Santa Catarina que ele convidava para que assim ocorresse a
retomada do automobilismo no Paraná.

Durante dois anos foram assim, de muita dificuldade e com poucos carros, ao decorrer
dos meses o autódromo começou a ter mais credibilidade aumentando os carros que
iriam correr e chegando assim aos números de hoje, que são mais de cem carros em
cada prova no município de São Jose dos Pinhais, com a projeção para o
automobilismo paranaense, Gastão Vosgerau assumiu o cargo na Comissão Nacional
de Velocidade da Terra, caso inédito para um saojoseense, que realiza provas a nível
nacional no município desde o ano de 1992, trazendo as categorias de: Super Fórmula,
Mini Fórmula Tubular e Turismo 1600. Atualmente são treze categorias disputando
cinco etapas em São Jose dos Pinhais e três na cidade de Ponta Grossa.

História das Carreteiras

Nas décadas de 50 e 60 as ruas de São José dos Pinhais transformaram-se em pistas de


corridas. As carreteiras eram carros Ford ou Chevrolet, envenenados com motor V8.
Competiam na cidade Adir Moss, Agostinho Tozo, Germano Schögl, Miroslau
Socachewski, Waldemiro Lopes, Euclides Bastos, Paulo Buso, Angelo Cunha e Vaz
Lobos. Muitos participaram das gloriosas “Mil Milhas de Interlagos” tendo Germano
com a parceria de Euclides Bastos (Perereca) atingido o melhor resultado, 4º lugar, em
1956.

Velocidade na terra

Em 1977 o contorno sul de São José dos Pinhais estava inacabado e o trecho de terra
virou pista de corrida. Mas na cidade haviam dois tipos de pilotos: os mais ricos que
corriam na Av. das Torres e os mais simples que corriam no contorno sul realizando os
arrancadões. Então os pilotos de São José dos Pinhais entraram em contato com os
pilotos de Santa Catarina e a cidade paranaense retorna as pistas. Em 1982 10 pilotos
são-joseenses participaram da primeira corrida em Mafra, de onde retornaram com a
idéia de montar um autódromo na cidade. Em 1997 Gastão Vosguerau reúne esforços
e criou dentro do Frigorífico Argus o autódromo de São José dos Pinhais. Atualmente o
Velocidade na Terra abrange diversas categorias e municípios.
Autódromo Moacir Piovesan

Construído em 1982 e localizado no bairro Agaraú e gerenciado por Fredolin Mühlstedt


recebeu em 1985 os primeiros eventos oficiais de Velocidade na Terra pelo
Campeonato Paranaense. As categorias disputadas eram: Força Livre (opalas), Hot
Dodge, 1.600 (Fuscas, Passats e Chevetes) e Fusca Cross. Destacavam-se os pilotos:
Glodner Pauletto, Mario Moro, Otto Scherner e Antônio Tozzo.

A partir de 1990 o atual Autódromo Afonso Pena administrado por Gastão Vosgerau
passou a receber a Velocidade na Terra. São disputadas as categorias Marcas A,
Marcas B, Turismo 1600C, Turismo 1600 I, Fusca Velocidade, Fórmula Tubular, Super
Chev A, Super Chev B, Turismo 5000.

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