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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA DE ENSINO E PESQUISA

Instituto de Ciências Humanas

TEORIAS E SISTEMAS EM PSICOLOGIA

GESTALT

SÃO PAULO / SP
2022/2 – CAMPUS PARAÍSO / NOTURNO
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................01

2 A GESTALT..........................................................................................................01

2.1 A Revolta da Gestalt............................................................................................02

2.2 A Física................................................................................................................03

2.3 O Fenômeno Phi..................................................................................................04

2.4 Constância Perceptual.........................................................................................05

2.5 Gestalt e Organização Perceptual........................................................................05

3. GESTALT - TERAPIA.......................................................................................... 06

4. CONCLUSÃO.......................................................................................................10

REFERÊNCIAS...............................................................................................11
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1.INTRODUÇÃO
A Psicologia da Gestalt ou a Teoria da Forma, como também é conhecida,
surgiu na Alemanha em meados do século XX. Seus principais precursores foram Max
Wertheimer (1880-1943), Kurt Koffka (1886- 1941) e Wolfgang Köhler (1887 - 1967).
A princípio, acreditavam que os fenômenos psicológicos partiam somente de
estímulos externos. Também, diferentemente das teorias predominantes na época
que explicavam os fenômenos a partir dos seus elementos fragmentados e suas
combinações, os psicólogos da Gestalt defendiam que a percepção tem um caráter
de totalidade, pois, as sensações não são percebidas isoladamente e posteriormente
integradas em detalhes. (Martín, 2007).
Assim, a Gestalt é o tema da presente investigação e tem como metodologia
uma pesquisa bibliográfica. Fundamentado através de artigos científicos e livros, foi
realizado um recorrido pelo surgimento da Teoria, seu contexto, principais conceitos
e uma breve descrição da Psicoterapia Gestáltica.

2. A GESTALT
Até 1913, era suposto que os animais só aprendessem algo através da tentativa
e erro. Porém, Köhler, um dos fundadores da psicologia da Gestalt, tinha grande
interesse na observação dos macacos, visto que, ele acreditava que os mesmos
tinham grande inteligência e capacidade na resolução de problemas, assim como os
seres humanos. Através de experimentos e observação, Köhler constatou que os
macacos tinham uma maneira diferente de aprendizado e que eram orientados para
um objetivo determinado, de forma proposital. Assim, nasce uma revolução na
psicologia e uma nova forma de estudo da mente e do comportamento, a Gestalt; que
viera a contar com mais dois fundadores, Max Wertheimer e Kurt Koffka.
As ideias da Gestalt tiveram como base, os conceitos de Immanuel Kant (1724-
1804), que alegava que quando percebemos o que chamamos de “objeto”
encontramos os estados mentais que parecem compostos de partes e pedaços
(Schultz & Schultz, 2011, p. 289). Para ele, os elementos são organizados de forma
que tenham algum sentido, formando uma experiência coerente.
Os psicólogos da Gestalt defendiam que a percepção vai além dos elementos
sensoriais, focando no conceito de unidade, ou seja, para se compreender as partes,
é preciso compreender primeiro o todo.
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Como a palavra Gestalt não existia na língua inglesa, a mesma criou muitas
dificuldades em ser compreendida, pois, era questionada sobre qual seria sua ideia
principal, que diferente do funcionalismo e behaviorismo, não era um termo que se
auto explicava.
Segundo Köhler, a palavra Gestalt era utilizada de duas formas na Alemanha.
Uma é que indica a forma ou formato dos objetos, expressa questões como angular
ou simétrico e descreve as propriedades como forma triangular de uma figura
geométrica ou o ritmo de uma melodia. A segunda caracteriza um objeto concreto que
tem uma forma ou um formato específico. A palavra Gestalt não se restringe ao campo
visual, nem mesmo a todo campo sensorial, podendo abranger aprendizagem,
pensamento, emoções e comportamento.
Os fundadores da Gestalt enfrentaram a psicologia imperante em sua época
por defender justamente, através de suas ideias e experimentos, que os fenômenos
psicológicos eram explicados a partir de sua totalidade e não em função dos
elementos que os compõem e de suas combinações. Esse movimento ficou conhecido
como a Revolta da Gestalt.

2.1. A Revolta Da Gestalt


Na mesma época que a Revolução da Gestalt despontava na Alemanha, nos
Estados Unidos acontecia a Revolução Behaviorista. Ambos movimentos protestavam
e se opunham as ideias de Wilhelm Wundt (1832 - 1920)1; bastante hegemônica na
psicologia da época. Porém, apesar de se desenvolverem ao mesmo tempo, tanto a
Gestalt como os Behavioristas eram totalmente independentes; inclusive nos
pressupostos básicos de suas teorias. Por exemplo, os Behavioristas rejeitavam o
conceito de consciência; algo contrário às ideias da Gestalt. Assim, por mais que
ambas se opusessem ao pensamento psicológico da época, logo uma corrente voltou-
se contra a outra.
No início do movimento da Gestalt, seus fundadores Wertheimer, Köhler e
Koffka enfrentaram, com seus ideais e experimentos, a escola Wundtiana, que
entendia e definia a Psicologia como uma ciência imediata que explica seus
fenômenos em função dos elementos que os compõem. A diferença fundamental

1Wundt foi um médico, filósofo e psicólogo, considerado o pai da Psicologia Moderna e postulava que: os
elementos da experiência imediata são organizados em um todo coerente por meio da fusão. A fusão é o
processo ativo de organização dos elementos mentais básicos que ordena e sintetiza as sensações e sentidos
para compor a unidade fenomênica (LEONARDI, 2011).
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entre Wundt e a Gestalt é que para o último os fenômenos são explicados a partir de
sua totalidade. Para os psicólogos da Gestalt, um fenômeno é destruído no instante
que para estudá-lo este é fragmentado. Também, afirmam que um conjunto de
sensações gera uma outra percepção, a qual, vai além dos elementos sensoriais
básicos. É justamente neste ponto que descordam veementemente de Wundt (Schutz
e Schutz, 2011, Martín, 2007).
O caráter de totalidade da percepção pode ser explicado, por exemplo, quando
uma pessoa olha uma imagem fotográfica, o que ela percebe primeiro é o fenômeno
completo, neste caso, uma paisagem ou um retrato. Posteriormente, e somente aí, é
que perceberá a montanha atrás do horizonte ou a intensidade da luz solar que ilumina
uma árvore; no caso de um retrato, o botão da camisa, os fios de cabelos caindo na
lateral do rosto, entre outros detalhes. Porém, quando o olhar é fixado no cabelo ou
na montanha essa totalidade desaparece.
A partir desse pressuposto, a Gestalt desenvolve dois conceitos fundamentais.
O primeiro que a percepção está organizada; isto é, a tendência que os indivíduos têm
de organizar todo campo visual em sua totalidade e não perceber os elementos
individuais isolados um dos outros. Já o segundo define que a organização tende a
ser tão boa o quanto o permitem os estímulos.
Nas experiências de Wertheimer, este buscava mostrar o caráter global da
percepção e como se dava tanto na natureza como nos seres humanos; porém, sua
tentativa de sintetizar e sistematizar tal teoria só pôde ser alcançada décadas depois2.

2.2. A FÍSICA
No final do século XIX, a física que era predominantemente atomista passa a
aceitar e reconhecer os campos de força. Essa ideia influenciou profundamente o
desenvolvimento da Psicologia da Gestalt.
Os físicos passaram a considerar os campos como entidades novas e
completas e não a somatória de partículas como era entendido até o momento.
Uma das conexões que influenciou os psicólogos alemães a fundamentar
muitos dos seus experimentos com as teorias em desenvolvimento da física vieram
justamente de Köhler. O psicólogo alemão havia estudado com Max Planck (1858-

2Seu objetivo só pode ser plenamente alcançado, por Fritz Perls (1893-1970) e Laura Perls (1905-1990), décadas
depois. O casal alemão de psicoterapeutas e cientistas da Psicologia e da Psiquiatria - pois, além de Fritz ser
psicoterapeuta também era psiquiatra - através de seus estudos e pesquisas desenvolveram já na metade do
século XX, nos Estados Unidos, as bases para o que viria ser a Gestalt-Terapia.
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1947)3 e pôde testemunhar a substituição do atomismo por um conceito mais amplo


de campos de força4.
Em 1942, Köhler apresenta a lei da proximidade, que pode ser definido como:
processos semelhantes quanto maiores a proximidade do tempo ou do espaço, maior
será a força coesiva entre ambos.

2.3. O Fenômeno Phi


Whertheimer é o primeiro a descrever, embora outros já houvessem estudado,
o fenômeno da percepção do movimento aparente; ou o Fenômeno Phi. Este pode
ser exemplificado pelo cinema ou pelos desenhos animados, por exemplo, pois,
possuem os mesmos princípios de percepção de movimento. Tal fenômeno ocorre
quando dois estímulos se dão rapidamente, sucessivamente e com certa distância
entre si; dando-nos a impressão de olhar para apenas um objeto visual em movimento.
Foi em 1910, durante uma viajem de trem pela Alemanha que Whertheimer
teve a ideia de fazer alguns experimentos para observar o movimento quanto de fato
este não estivesse acontecendo. Assim, desceu em Frankfurt e munido de um
estroboscópio de brinquedo, em um quarto escuro de hotel, realizou um estudo prévio
do que viria a ser uma das mais importantes teorias da Gestalt.
Na Universidade de Frankfurt, com Koffka e Köhler começaram um programa
de pesquisa para estudar o fenômeno. Após diversos experimentos, chegaram à
conclusão que um fenômeno na forma verificada no laboratório era tão elementar
quando uma sensação, mas, também, era diferente de uma sensação ou de uma série
delas - é o que foi chamado de Fenômeno de Phi. Wertheimer explica esse fenômeno
da maneira mais simples, que o movimento aparente dispensa qualquer explicação,
existindo assim como é percebido e não pode ser reduzido a um elemento mais
simples. Ou seja, o fenômeno Phi se trata de uma ilusão de ótica, que dura um
determinado tempo em nossa retina, levando o nosso cérebro a acreditar que uma
imagem estática está em movimento.
Koffka concluiu que as forças coesivas que mantêm os elementos unidos a
totalidade sempre tenderão para a simetria, a regularidade e a simplicidade; surgindo
a partir daí a lei da pregnância.

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4 Schutz e Schutz (2020) explica os campos de força como regiões ou espaços atravessados por linhas de força.
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Para Wundt, a introspecção do estilo resultaria apenas em duas linhas


sucessivas de luz, embora, os resultados experimentais sempre demonstrarem
somente um feixe.

2.4. Constância Perceptual


Logo após Max Wertheimer discorrer sobre a percepção do movimento,
psicólogos da Gestalt começaram a estudar uma nova experiência da percepção
visual.
A Constância Perceptual é uma das capacidades de todo ser humano, na
experiência visual, identificar objetos e reconhecer outros seres como sendo os
mesmos apesar de diferentes condições de visualização. A experiência rotineira de
percepção de tamanho exemplifica facilmente o que os psicólogos da Gestalt
definiram como tal conceito. Como descreveu Kandel e outros: “Um objeto colocado
a distâncias diferentes do observador é percebido como tendo o mesmo tamanho,
mesmo que o objeto produza imagens de tamanhos diferentes na retina” (p.544).
O mesmo ocorre em outras constâncias; por mais que os elementos sensoriais
variem, a percepção nunca muda.

2.5. Gestalt E Organização Perceptual


O cérebro é um sistema dinâmico que de acordo a teoria da Gestalt todos seus
elementos ativos interagem em algum momento.
Em 1923, Wertheimer publicou um artigo trazendo o princípio da organização
perceptual. Esse princípio alega que os objetos são percebidos como unidades
completas e não como agrupamentos de sensações individuais.
Essa organização perceptual ocorre instantaneamente. Um exemplo é quando
ao observar a imagem de dois colchetes, um a frente do outro, formamos um
quadrado. A organização perceptual é espontânea.
Wertheimer relaciona alguns princípios que defendem a organização
perceptual, os quais seriam: proximidade, continuidade, semelhança, simplicidade e
figura/fundo. Todos os princípios tendem a organizar o que estamos observando
visualmente, e não dependem de processos mentais ou experiências passadas, pois
estão no próprio estímulo. Wertheimer nomeou de fatores periféricos.
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A Gestalt concentra-se nesses fatores da organização perceptual e não nos


efeitos de aprendizagem ou da experiência.
Alguns exemplos dos princípios descritos:
Proximidade
Trata-se de um agrupamento dos elementos que estão próximos uns dos outros
e tendem a ser percebidos juntos, como um todo. Como podemos perceber na figura
abaixo, ao olhá-la, observamos as bolinhas que estão organizadas nas três colunas
duplas e não apenas como um conjunto de bolinhas.
Exemplo de proximidade

Continuidade
Trata-se da tendência da percepção de dar continuidade aos elementos que
estão próximos e aparentam seguir uma determinada direção.
Exemplo de Continuidade

Semelhança
Itens semelhantes tendem a ser vistos juntos e a se agruparem como parte do
mesmo grupo. Como na figura abaixo, geralmente enxergamos colunas de bolinhas e
quadrados e assim sucessivamente, dificilmente olharemos as figuras de forma
horizontal.
Exemplo de semelhança

3. GESTALT - TERAPIA
A Gestalt - Terapia ou a Psicoterapia Gestáltica foi um conceito introduzido por
Fritz Perls, acrescentando à Teoria da Gestalt ‘a motivação’. Isto é, os princípios da
formação gestáltica não foram aplicados pelos primeiros psicólogos alemães às
percepções originadas no organismo, como os sentimentos, as emoções e outras
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sensações orgânicas; restringindo às percepções visuais e auditivas. Perls e sua


esposa desenvolveram tanto teórica, como na prática, uma psicoterapia da Gestalt,
dando uma nova visão integrada do corpo e da psique.
Até o momento a Psicologia considerava corpo e mente como dois entes
separados. Como coloca Martín (2007) sobre a psicanálise, escola predominante na
época; “[...] Freud concebia o ser humano como predeterminado por seus impulsos
de vida e de morte, e sua teoria partiam dos estudos dos elementos para inferir a
totalidade. Ele utilizava o método indutivo, que procurava dar sentido à totalidade”
(p.26).
A introdução da motivação na Gestalt deu origem a uma terapia que diferente
de Freud, o ser humano era visto e tratado como uma unidade e totalidade. As
expressões físicas e corporais e os conteúdos da consciência eram somente um ente,
inter-relacionado e interdependentes. Para a Gestalt - Terapia, o físico e o psíquico
sem um ou outro deixa de ser totalidade. Assim, é com Perls que nasce um enfoque
terapêutico onde conceito como organísmico incluem tudo; o físico, o mental, o
emocional e o espiritual.
Como visto no fenômeno Phi, as inter-relações entre as partes não podem ser
esquecidas nem omitidas. Portanto, a Psicologia da Gestalt entende a necessidade
de observar a percepção e a experiência imediata, para não levar a conclusões falsas;
sendo este o princípio básico da fenomenologia. Assim, Perls retoma essa ideia
fundamental da Teoria da Gestalt e expressa o seguinte: “É a organização de fatos,
percepções e comportamentos que os define e que lhes dá seu significado específico
e particular”. (Martín, 2006, p. 30). Evidenciando que o ser humano não percebe as
coisas sem nenhuma relação, mas que organiza mediante processo perceptivo, e de
forma natural, em totalidade.

Psicoterapia Organísmica
Partindo do pressuposto que para a Gestalt o organismo é considerado uma
unidade em uma contínua e total inter-relação com o ambiente, então ambos,
organismo e ambiente, são considerados dois campos condicionando-se
mutualmente. Também, considera que todo comportamento é uma forma de
expressão das maneiras do organismo funcionar em sua totalidade.
Para a Psicoterapia da Gestalt o comportamento depende de a capacidade do
organismo satisfazer suas necessidades, sem opor-se violentamente às demandas
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do mundo. Em relação a essa capacidade e em como satisfaz suas necessidades e


responde ao ambiente, isto é, na inter-relação organismo com o mundo exterior,
buscando ajustar-se da melhor forma a essas demandas, é que os psicoterapeutas
organísmica compreendem o comportamento “normal” e patológico. A lei da boa
forma aplica-se aí como: “ A percepção ou adaptação é tão boa quanto o permitem as
situações-estímulo”.
A sensação que a pessoa enferma experimenta produz em seu organismo um
estado de desordem que a impedem de realizar adequadamente as suas
capacidades. Portanto, quando as situações-estímulos geram angustias se expressa
através de um comportamento ‘caótico’.

Uma Gestalt e sua formação


Em todos os seres operam-se constantemente fenômenos de formação e
eliminação de Gestalts. Por exemplo, uma pessoa está assistindo um filme e de
repente tem uma necessidade biológica como sede. A medida que essa necessidade
de tomar água vai tomando forma nas sensações da pessoa, como boca seca, o filme
que era a forma, isto é, a atenção da pessoa passa a ser fundo e a beber água é agora
a forma. Pois, o que era forma passa a ser fundo, o que era fundo passa a ser forma
produzindo e eliminando sucessivamente as gestalts. Assim, pode definir como
“aquela forma que sobressai nítida e claramente num campo determinado. O resto
desse campo, que se encontra mais esfumado e distante da consciência é o que
chamamos fundo, e a parte do campo que sobressaí de figura. ” (Martín, 2006, p.45).
Para estabelecer o que é figura ou fundo há que considerar o contorno, neste
caso, chamado de “limite comum de dois campos”. É como olhar a conhecida figura
das taças; o limite conformador afeta mais a figura, tornando-se mais visível na parte
que corresponde a forma. Portanto, o fato que faz a figura dominar na consciência é
que os sentimentos estão ligados a figura e não ao fundo. A figura emerge em função
da pressão desses sentimentos.
A função do terapeuta gestaltista é justamente em ver de que maneira o
indivíduo interrompe esse processo contínuo de formação e eliminação de gestalts.
Avaliando, questionando o que quer, sente evita...
Homeostase
Termo da medicina que nomeia o processo de auto regulação do organismo,
mediante o seu intercambio com o ambiente para manter seu equilíbrio físico e
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psíquico. Quando este intercambio interrompe aparece o desiquilíbrio. Como dito


anteriormente, ambiente e pessoa são dois campos que não podem ser concebidos
separadamente. Assim, esse mecanismo natural das pessoas e animais se possuir
alteração produz doenças e desajustes.
Ambiente
Entende-se por ambiente não apenas o espaço físico, mas, as pessoas que
rodeiam também. Pois bem, para satisfazer as necessidades físicas e fisiológicas das
pessoas é imprescindível que esta inter-relação pessoa e ambiente se mantenha sem
interrupção. Nenhum ser humano pode nutrir-se sozinho. Precisa de ar, alimentos,
contato com outros seres humanos, de afeto, entre tantas outras necessidades de
todas as esferas. Exemplificando a interrupção da relação pessoa-ambiente estão os
distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia.
Emoção
A excitação que surge no organismo diante de uma necessidade, que a
princípio parece difusa, mas, que a medida que vai tomando forma na consciência a
pessoa toma conhecimento do que necessita.
A excitação é considerada positiva quando se dirige para o objeto que satisfará
essa necessidade. Já a excitação negativa a pessoa trata de afastar-se ou destruí-la.
Esta, faz parte da vida e procede tanto das carências internas como em relação ao
ambiente. Assim, a emoção é a forma que a excitação vai tomando à medida que vai
se concretizando e especificando.
Ação
A emoção se transforma em ação. Toda ação resulta em comportamento de
aproximação ou afastamento com a finalidade de satisfazer as necessidades,
objetivando o equilíbrio perdido do organismo com a falta de algo. Todo esse
processo é chamado de ciclo gestáltico ou ciclo das necessidades.
A importância de seguir o percurso do ciclo para satisfazer uma necessidade é
primordial, sendo a interrupção do mesmo um risco para o equilíbrio do organismo.
Gestalt-Pessoa
O esquema da pessoa ou gestalt-pessoa é a representação mental e
psicológica que cada um tem de si mesmo e que resulta do processo de organização
e inter-relação dos três campos: campo psicológico, o campo ou esquema corporal e
a representação psicológica do mundo exterior.
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Os três campos são coexistentes, cooperantes, condicionantes e interatuantes,


formando uma totalidade que se organiza numa estrutura psicológica. Esta apresenta
o máximo de harmonia e estabilidade interna e o mínimo de tensão e ansiedade em
função das condições-estímulo interno e externos. Qualquer detenção em um dos
campos interfere na evolução dos outros campos e na da gestalt-pessoa.
Enfim, para a Psicoterapia Gestáltica existe uma série de premissas que
caracterizam sua forma de atuar. Perls (1974) definiu um dos fundamentos como: “É
a organização de fatos, percepções, comportamentos e fenômenos [...] que os define
e lhes dá seu significado específico e particular”. (MARTÍN, 2006, p.42).
O processo de homeostase, também é chamado de adaptação, é o processo o
qual o organismo mantém seu equilíbrio no meio do ambiente que o cerca. Tal
processo ocorre continuamente e se falhar, e perdurar por um certo tempo, o
organismo adoecerá. Resumindo, é o processo que o organismo interage com o
ambiente para equilibrar-se.
Assim, o organismo tem muitas necessidades, psicológicas e fisiológicas as
quais não podem separar-se, pois cada uma contém elementos da outra.

4. CONCLUSÃO
A Gestalt foi desenvolvida em um mundo que estava mudando rapidamente,
com grandes avanços sociais e científicos, a interrupção pela ascensão do nazismo,
o exílio, entre outros, que influenciaram os seus fundamentos e amadurecimento, à
medida que novos questionamentos eram levantados e a necessidade de conceitos
que respondessem aos anseios da época. Embora fora da Alemanha a Gestalt será
amplamente divulgada apenas nos anos 70, justamente na contracultura, foi um
movimento que desenvolveu, agregando conceitos, ampliando-se através de seus
estudiosos durante todo seu percurso.
Também, a Teoria da Gestalt influenciou e é atualmente importante para
variados campos de saberes como a arte, a comunicação e o design em geral.
A pesquisa bibliográfica nos permitiu variadas perspectivas tanto da história da
Gestalt como de seu desenvolvimento e de suas aplicações tornando-se apenas a
excitação inicial para um maior aprofundamento dessa rica escola da Psicologia.
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REFERÊNCIAS

MARTÍN, Ángeles. Manual Prático de Psicoterapia Gestalt. 8. Ed. Petrópolis:


Vozes, 2007.

KANDEL et al. Princípios de Neurociências. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

SCHUTZ, D. P.; SCHUTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 11. ed. São


Paulo:2022.

FREITAS, J. A. V. Passagens pela História da Gestalt: de Mach/Ehrenfels a


Wertheimer, Koffka e Köhler. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v.
22, n.1, p.397- 417, jan. 20

ESCH, C. F; JACÓ-VILELA, A. M. A Gestalt-Terapia chega ao Brasil: recepção e


desenvolvimento inicial. Memorandum: Memória e História em Psicologia, [s. l.],
v.36, p.1-29. 2019. . Disponível em:
https://periodicos.ufmg.br/index.php/memorandum/article/view/6847. Acesso em 30
out. 2022.

ENGELMANN, Arno. A Psicologia da Gestalt e a Ciência Empírica Contemporânea.


Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.18, n.1, p. 1-16, jan.- fev. 2002. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/s0102-37722002000100002. Acesso em 25 out. 2022.

LEONARDI, Jan Luiz. Breves considerações sobre a concepção do objeto de estudo


da Psicologia para Wundt e para Bretano. Psic. Ver. (Belo Horizonte), Belo
Horizonte, v. 17, n. 1, p. 1-15, abr. 2011. Disponível em:
http://pepisic.bvsalud.org/scielo.php?script==sci_arttex&pid=s167711682011000010
0002&Ing=pt&nrm=iso.

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