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A UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

CURSO DE PSICOLOGIA CLINICA

CADEIRA DE INTRODUÇÃO A PSICOLIGIA

1º ANO

GESTALTISMO / PSICOLOGIA DE FORMA

Discente:
Stela Raquel Sozinho
Liriel Belo

Docente:

Maputo, Abril de 2023

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Sumário
1. Introdução................................................................................................................................................3
2. A Psicologia da Forma............................................................................................................................4
2.1 Origem...............................................................................................................................................5
2.2 Rumos................................................................................................................................................5
2.3 Percursores........................................................................................................................................5
2.4 Áreas de aplicação.............................................................................................................................6
2.4.1 A aplicação na arte......................................................................................................................6
2.4.2 A Terapia Gestalt........................................................................................................................6
2.4.3 A Gestaltpedagogia.....................................................................................................................7
2.4.4 Aplicações na gestão de empresas..............................................................................................7
3. Autores e teorias......................................................................................................................................7
3.1 Teoria Gestaltista da aprendizagem na visão de Wolfgang Kohler: o insight....................................7
3.2 Teoria gestaltista da aprendizagem na visão de Kurt Koftka.............................................................8
3.3 Teoria gestaltista da aprendizagem na perspectiva de Max Wertheimer............................................9
3.4 Teoria de campo ou espaço................................................................................................................9
3.5 Teoria de Campo.............................................................................................................................10
4. Conclusão..............................................................................................................................................11
5. Bibliográfica..........................................................................................................................................12

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1. Introdução
Gestalt, Gestaltismo ou Psicologia da Forma é uma doutrina da psicologia baseada na ideia da
compreensão da totalidade para que haja a percepção das partes. Gestalt é uma palavra de origem
germânica, com uma tradução aproximada de “forma” ou “figura”.
A Gestalt surgiu como uma doutrina de oposição ao Atomismo, uma filosofia que acreditava ser
possível a percepção do todo apenas após a compreensão das diferentes partes. No presente
trabalho iremos debruçar, aprofundando um pouco em tópicos como, origem, rumos, percursos,
áreas de atuação e teorias reformuladas.

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2. A Psicologia da Forma
Gestalt ou psicologia de forma é uma corrente psicológica surgida na mesma altura que o
behaviorismo e que teve como principais representantes Max Wertheimer, Kurt Koftka e
Wolfgang Kohler todos eles alemães que vieram a imigrar para os Estados Unidos.
O termo gestalt identifica-se na língua do seu mentor, isto é, do alemão “Forma”. Corrente que
se opões ao associassionismo, atomismo cujo teóricos vêem aprendizagem como resultado de
conexões ou associações entre estímulos e respostas. Eles achavam que a aprendizagem requeria
de pensamento e discernimento, (BOCK, 1999:33).

Para os teóricos cognitivistas, ensinar as crianças de cor é como treinar um bando de papagaio.
As crianças só aprendem realmente quando descobrem as soluções por si próprias, só quando
“compreendem”.
A gestalt influenciou o rumo da psicologia ao pôr em causa o modelo atomista ou estruturalista
de explicação, herdado das concepções associativistas e que vigorava desde a fundação da
psicologia experimental. Esta corrente vai propor uma nova abordagem e uma nova concepção
da realidade psíquica, tendo como núcleo a gestalt, isto é, a forma ou configuração significava de
um fenómeno psíquico, (CAMPOS, 2004:61).

O ponto de partida dinâmico desta teoria é a afirmação de primado de todo sobre as partes que o
constituem: o todo não se reduz a uma simples soma das partes. Trata-se de abarcar os
fenómenos na sua complexidade, evitando reduzir o complexo ao simples, o superior ao inferior.
Esta consideração da complexidade do fenómeno psíquico na sua especificidade própria leva aos
psicólogos da gestalt a centrarem a sua atenção nos fenómenos da inteligência, nomeadamente
no estudo da percepção, solução de problemas, e pensamento.

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2.1 Origem
A teoria da Gestalt, também conhecida como Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma,
faz parte dos estudos da percepção humana, que começaram a se desenvolver entre o final do
século XIX e os primeiros anos do século XX.
surgiu na Alemanha, fazendo uma crítica sobre as escolas do Estruturalismo e Funcionalismo em
psicologia, se opondo fortemente aos modelos de psicologia norte-americanos.

Os pioneiros desta doutrina e formuladores das Leis da Gestalt foram os psicólogos Kurt Koffka,
Wolfgang Köhler e Max Werteimer.
A Gestalt surgiu como uma doutrina de oposição ao Atomismo, uma filosofia que acreditava ser
possível a percepção do todo apenas após a compreensão das diferentes partes.
De acordo com o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, a percepção humana é formada a
partir da junção de duas características das formas: as sensíveis (relativo ao objeto em si) e as
formais (os ideais e visões de mundo particulares de cada indivíduo).

2.2 Rumos
Gestalt é uma abordagem psicoterapêutica centrada no cliente. Essa abordagem ajuda os clientes
a se concentrarem no presente. Eles passam a entender o que realmente está acontecendo em suas
vidas agora. Em vez de simplesmente falar sobre situações passadas, os clientes são encorajados
a experimentar demandas atuais por meio de reencenação.
Através do processo gestáltico, os clientes aprendem a tornar-se mais conscientes de como seus
próprios padrões de pensamento. Passam, então, a conhecer comportamentos negativos que
possam bloquear a verdadeira autoconsciência e tornando-os infelizes.

2.3 Percursores
Os precursores da Gestalt são o físico Ernst Mach (1838-1916), o filósofo e psicólogo Christian
von Ehrenfels e Krüger.
Já no final do século XIX eles estudavam a percepção, entendendo-a como totalidade e não como
soma de elementos isolados. Preocupavam-se em estudar os fenômenos psicológicos em seus
aspectos naturais, enfatizando a mensurabilidade. Estava em evidência a Psicofísica.

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Eles desenvolviam pesquisas sobre as sensações dado psicológico de espaço forma e tempo-
forma (dado físico).

2.4 Áreas de aplicação


2.4.1 A aplicação na arte
Gestalt é o conjunto de entidades físicas, biológicas, fisiológicas ou simbólicas que juntas
formam um conceito, padrão ou configuração unificado que é maior que a soma de suas partes.
Simplificando, o princípio básico da teoria gestaltista é que o inteiro é interpretado de maneira
diferente que a soma de suas partes.

2.4.2 A Terapia Gestalt


A Gestalt Terapia surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls (1893-1970), que tinha grande
interesse pela neurologia e posteriormente pela psiquiatria. Por este caminho tornou-se um
psicanalista. Ao elaborar novas idéias psicanalíticas, chegou a ser expulso da Sociedade de
Psicanálise. Depois de um encontro com Freud, rompeu definitivamente com este campo de
pesquisas. Em 1946, Fritz imigrou para a América, instalando-se definitivamente em Nova York,
onde conheceu seu grande colaborador, Paul Goodman. Juntos introduziram o conceito de
Gestalt Terapia, recebendo depois o apoio e o auxílio da esposa de Fritz, Lore, e de outros
autores. Foram inspirados por várias correntes, como o Existencialismo, a Psicologia da Gestalt,
a Fenomenologia, a Teoria Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo de Lewin, o Holismo
de Smuts, o Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, enfim, a filosofia oriental.

A experiência estética faz referência ao belo, a uma sensibilidade ao belo. Em Dufrenne, o belo é
um valor. Afirma que um valor não é só o que é procurado, mas também aquilo que é
encontrado: É o próprio de um bem, de um objeto que responde a algumas de nossas tendências e
satisfaz algumas de nossas necessidades. A exigência de valor está enraizada na vida e o valor
está enraizado em certos objetos. Aquilo que vale absolutamente não vale no absoluto, mas em
relação a esse absoluto que é um sujeito, quando ele se sente ou se quer satisfeito por um objeto,
real ou imaginário, que aplaca sua sede de bebida, de justiça ou de amor (DUFRENNE, 2004,
p.24).

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2.4.3 A Gestaltpedagogia
No campo da pedagogia, a Gestalt também encontrou terreno fértil. O russo Hilarion Petzold,
radicado na Alemanha, foi o primeiro a apresentar esta possibilidade na área educacional. Em
1977, ele cria a Gestaltpedagogia, uma transferência dos princípios terapêuticos da filosofia da
Gestalt para o contexto da educação, com o objetivo de resolver os principais problemas
pedagógicos da atualidade.

Mais de 50 anos depois da criação da Gestalt Terapia, estes princípios filosóficos conquistaram
seu lugar no panorama psicoterapêutico, bem como na educação e na área de Recursos Humanos
das empresas.

A psicologia da Gestalt influenciou os estudos e práticas em vários campos da atividade humana,


como as artes plásticas, a arquitetura, o desenho industrial e o design gráfico. Trouxe também
relevantes colaborações aos estudos da linguagem, da aprendizagem, da memória e do
comportamento social, e foi importante para a inclusão do debate psicológico no interior da
disciplina estética e para a psicologia e da filosofia da arte desenvolvida no século XX.

2.4.4 Aplicações na gestão de empresas


A análise gestalt é passível de incorporação na gestão das empresas. No seminário realizado a 20
de junho de 2012 no Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais sobre o tema "Pós-
Capitalismo – Sociedade do Conhecimento", o doutor Amândio Silva transmite a ideia de que as
empresas são mais do que uma simples adição dos seus diferentes sectores. Importa, ao gestor,
ser capaz de olhar, avaliar e gerir de acordo com os padrões e configurações que detecta. A visão
do todo, da forma que sobressai, é o elemento chave para a condução de uma gestão empresarial
de sucesso, pois só assim é possível identificar a completa dimensão física, cultural e emocional
da organização. Algo que a análise individualizada a cada sector se mostra incapaz de
percepcionar.

3. Autores e teorias

3.1 Teoria Gestaltista da aprendizagem na visão de Wolfgang Kohler: o insight


Wolfgang Kohler, também alemão emigrado aos Estados Unidos, realizou os seus estudos com
animais mais famosos da psicologia das gestalt. Arranjou a jaula de um chimpanzé com bananas

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penduradas de cima de duas caixas no chão. Para as bananas, o chimpanzé tinha de colocar uma
caixa em cima da outra e subir. “A solução que o chimpanzé arranjou para este problema não
pareceu a Kohler uma das tentativas e erro as cegas. Em vez disso chimpanzé tentava avaliar a
situação e depois, quase como um relâmpago compreendia o problema e via a solução”,
(SPRINTALL & SPRINTALL, 1990:213).

Kohler nas suas experiências escolhe chimpanzé porque apresentava aquilo que ele chamou de
discernimento (insight), assim ele achava que isto era mais típico da aprendizagem,
especialmente da aprendizagem humana.

Noutra experiencia, Kohler colocou bananas fora da jaula, de modo a que o chimpanzé não as
conseguisse alcançar. Dentro da jaula havia contudo alguns paus. Primeiro os chimpanzés
atiravam os paus a comida. Depois percebiam que utilizando o pau como uma espécie de
ferramenta, podiam alcançar a banana e arrasta-la para dentro da jaula. Um chimpanzé
particularmente inteligente foi capaz de juntar dois paus para arrastar a comida.

Segundo MESQUITA & DUARTE (1997:209), “o conceito insight tornou-se muito popular e
também aplicável ao homem, por expressar a capacidade, perante novas situações, de descobrir
por si próprias soluções para problemas com que anteriormente não se havia confrontado”.

Todavia, para Kohler a questão era saber se os animais se comportavam inteligentemente em


condições óptimas quando todos os componentes da solução fossem visíveis.

3.2 Teoria gestaltista da aprendizagem na visão de Kurt Koftka


Kurt Wolfgang emigrado para os Estados Unidos juntamente com Werthemer e Kohler com o
advento do nazismo, efectuou estudos sobre a percepção, a memória, a psicologia infantil,
psicologia social e a da aprendizagem.

Segundo KOFTKA apud MESQUITA & DUARTE (1997: 208), “a aprendizagem explica-se
através das leis gestalt, nomeadamente da organização das formas, do isomorfismo, da
relatividade e da transposição, ou seja, do dinamismo do campo perceptivo”.

Para ele, toda aprendizagem realiza-se como formação de traços mnésicos no celebro, os quais
se estruturam segundo as leis referidas. Neste caso, produz-se ao nível do cérebro uma

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modificação dos traços de excitação que tendem a constituir uma boa forma, certos traços
perdem-se e outros persistem.

3.3 Teoria gestaltista da aprendizagem na perspectiva de Max Wertheimer


Max Wertheimer fundou a escola da psicologia chamada gestaltismo ou configuracionismo. Ele
insistia que era inútil estudar pequenas partes dos conceitos psicológicos, como a percepção ou
aprendizagem. Estudar partes isoladas não se justificava pois modificar uma parte
necessariamente modifica o todo. Para este, “o todo deve ser mais do que a simples soma das
suas partes”. Para compreender esta concepção do movimento tinham de se estudar todas as
partes em conjunto na sua gestalt particular, a palavra alemã que significa todo, ou na sua
totalidade ou configuração.

Wertheimer preocupava-se com a forma como as crianças aprendem em especial na escola. Era
contra o uso da memorização, particularmente quando parecia ser um fim si mesmo. Acima de
tudo queria que as crianças alcançassem a compreensão, conseguissem discernir a natureza do
problema.

Explicou que existem duas espécies de soluções para os problemas, as de tipo A e as de tipo B.
as soluções do tipo A são as que utilizam originalidade e o discernimento, ao passo que as de
tipo B são as que fazem uso das associações passadas de uma forma rígidas e não apropriadas.
Ele utilizou o exemplo de ensinar uma criança a encontrar a área de um paralelogramo,
(MESQUITA & DUARTE, 1997:207).

Segundo SARAIVA (s/ano:147) “na concepção da Gestalt, a aprendizagem exige a


compreensão, só se aprende o que se compreende”.

3.4 Teoria de campo ou espaço


A teoria de campo também chamado de psicologia topológica de Vector deve-se a Kurt Lewin,
tomando como base de que “o todo, a estrutura é mais do que a soma das suas partes”. Ele afirma
que toda actividade psicológica e também aprendizagem se realiza num campo de acção em que
um conjunto de factores interfere e condicionam o comportamento da pessoa numa determinada
situação. Assim, aprendizagem influenciada pelo campo vital que os indivíduos ocupam no
contexto linguístico, geográfico, sócio cultural.

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Segundo LEWIN apud BOCK (1999:34), “a compreensão dos processos psicológicos influencia
no contexto do individuo, da experiencia, dai que o professor deve considerar as experiencias, as
vivencias dos alunos no processo do ensino e da aprendizagem”.

3.5 Teoria de Campo


A teoria de campo defende que toda a actividade psicológica, e a aprendizagem, realiza se num
campo de acção em que um conjunto de factores interferem e condicionam o comportamento de
uma pessoa numa determinada situação.

Exemplo: uma actriz pode decorar mais versos duma poesia do que um médico porque decorar
enquadra se na actividade profissional técnica de memorização para a actriz e ao médico não faz
parte do seu “campo’ profissional.

Para os psicólogos da teoria do campo, a aprendizagem não se baseia em associações do tipo


estímulo - resposta, mas sim mudança na estrutura cognitiva do sujeito ou na forma como
percebe, selecciona e organiza os objectos e os acontecimentos e atribui lhes o significado.

Assim, pode se afirmar que o educando não é um ser passivo, puro receptor de estímulos
exteriores, mas um agente activo, capaz de criar o seu meio e de evolução contínua como
resultado da experiência que vai adquirindo.

Segundo TAVARES & ALARCÃO (2005:100-101), “Estas teorias consideram que a


aprendizagem deve assentar em três condições fundamentais: intuição (insight), finalidade e
estrutura. Uma vez que o sujeito defina o fim que deseja atingir, apercebe-se de como há-de
estruturar a sua aprendizagem de maneira a conseguir”.

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4. Conclusão
Gestaltismo é uma das tendências teóricas mais coerentes e coesas da história da Psicologia.
Seus articuladores se preocuparam em construir não só uma teoria consistente, mas também uma
base metodológica forte, que garantisse a consistência teórica. Gestalt é um termo alemão de
difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração, que não é
muito utilizado por não corresponder exatamente ao seu real significado em Psicologia. No final
do século passado muitos estudiosos procuravam compreender o fenômeno psicológico em seus
aspectos naturais (principalmente no sentido da mensurabilidade). Uma das áreas atuais em que a
Gestalt tem tido grande sucesso de aplicação é a do Design. Afinal, se o objetivo dessa
especialidade é construir uma forma, a teoria gestaltista ajuda a entender como ela será recebida
pelo público.
Logo, seja para campanhas publicitárias, divulgação ou ilustração, o Design pode se basear
nessas ideias para construir imagens que atingirão melhor o seu objetivo.

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5. Bibliográfica
Teuber, H.-L. (1967) Wolfgang Köhler zum Gedenken. Psychologische Forschung, 31, X-XI.
SPRINTHALL, N.A & SPRINTHALL, R.C; “Psicologia educacional: uma abordagem
desenvolvimentista”, Mcgraw-Hill, Lisboa, 1990.
MESQUITA, Raul & DUARTE, F; “Psicologia:12ᵒ ano”, 1ᵃ edicao, Platano editora, Lisboa,
1997.
TAVARES, José et ALARCÃO, Isabel; “Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem”;
6ª ed., Edições Almeida, Coimbra, 2005.
BOCK, Ana Maria Bahia, at all, “Psicologia: uma introdução ao estudo da psicologia”, 12ᵃ
edicao, Saraiva editora, São Paulo, 1999.

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