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Aula 5
O ALVO DA
CONTEXTUALIZAÇÃO
1 STOTT John, Between Two Worlds, (Grand Rapids: Eerdmans, 1982). 132.
2 KELLER, Timothy. Igreja centrada: desenvolvendo em sua cidade um ministério equilibrado e centrado no evangelho. São Paulo: Vida Nova, pg.
121.
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3 A supremacia de Deus na pregação, Jonh Piper, Shedd Publicações, São Paulo, 2003, P. 19
4 Jemes stewart, Heralds of God (Grand Rapides: Baker Book House), 1972, P. 73.
5 Cotton Mather, Student and Preacher, or Directions for a Candidate of the Ministry (London: Hindmarsh, 1726, V.
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Temos aqui uma das mais importantes declarações sobre a pessoa e o mi-
nistério de Cristo. Entre os estudiosos do Novo Testamento, existe uma
grande variedade de interpretações sobre em que nível Cristo se “esva-
ziou”. Fato é que, independentemente da maneira como lemos esta pas-
sagem, podemos concordar que, de alguma maneira, Cristo deixou uma
condição superior e espontaneamente assumiu uma condição inferior, com
limitações antes não vivenciadas. O mais importante é entender que foi
para cumprir a sua missão no mundo que Cristo precisou abrir mão da
glória que, por natureza, lhe pertencia, e assumir uma condição de servo,
“tornando-se semelhante aos homens”.
No início do texto, que muitas vezes passa despercebido, o apóstolo Pau-
lo diz que devemos ter em nós a mesma atitude e disposição mental que
levou Jesus a esvaziar-se. Clinton Sathler, coloca aqui um desafio duplo: o
primeiro, de entender o que este processo significa; o segundo, de aplicá-lo
à nossa própria história de vida.6 Conforme Sathler argumenta em seu ar-
tigo, assim como Cristo se esvaziou para cumprir a sua missão, todos aque-
les que desejam plantar ou mesmo revitalizar sua igreja local, de forma
bíblica, criativa e relevante, precisará também se esvaziar. Sem deixar de
lado os princípios básicos e inegociáveis da fé cristã (o que somos), preci-
samos contextualizar o evangelho no mundo (como somos). Este processo
deve se dar basicamente em dois movimentos:
6 Referência: Artigo publicado por Clinton Sathler Lenz César, no site: O Desafio da Contextualização na Plantação de Igrejas – CTPI.
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1. Ir ao mundo
Precisamos sair do conforto dos nossos lares e de nossa própria individu-
alidade para conhecer as pessoas, o que fazem, como pensam, como vivem,
ou seja, tentar enxergar o mundo com seus olhos, entender os fatos como
elas entendem, buscando pontos de contato e fatores de identificação com
elas.
A Bíblia nos mostra que a grande maioria dos encontros de Jesus não se
deu num ambiente religioso, como o templo ou a sinagoga, mas ocorreu
no “lugar comum”, onde as pessoas transitavam no dia a dia, trabalhando,
estudando, viajando, descansando etc. Foi assim com Zaqueu (no meio do
caminho), com os discípulos pescadores (na praia, seu ambiente de traba-
lho), com Nicodemos (em casa), com a mulher samaritana (no poço à beira
do caminho) e tantos outros. Jesus não esperou que as pessoas saíssem
do seu mundo para virem ao dele, mas foi ao encontro das pessoas no seu
próprio mundo.
Devemos ver em tudo isso um grande exemplo, sobre o significado e a
necessidade de se “esvaziar”, tanto para plantadores de igreja como para
qualquer pregador da mensagem cristã. Geralmente, trabalhamos para
trazer as pessoas ao nosso mundo religioso, mas dificilmente estamos dis-
postos a transitar e buscar encontros no mundo onde as pessoas vivem.
Muitas vezes, a igreja tem sido vista como um elemento alienador porque,
ao invés de dar um novo sentido ao cotidiano, tem buscado fugir dele,
criando seu próprio mundo. Esvaziar-se para comunicar a mensagem do
evangelho é, neste sentido, ter a coragem, a tranquilidade e a intencionali-
dade de transitar no mundo onde as pessoas vivem, trabalham, descansam
e se divertem.
Além disso, precisamos refletir se, quando nos reunimos, também busca-
mos de alguma forma criar pontos de contato com o mundo onde as pes-
soas vivem. Sathler fala que certa vez, dando um curso sobre evangelismo,
ouviu de uma jovem que a coisa com a qual ela mais ficou impressionada na
primeira vez que foi a uma igreja evangélica foi o fato de o pastor ter citado
o Renato Russo durante a mensagem. Ela disse: “Ei, esse eu conheço, tá
falando a minha língua!”7
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7 Referência: Artigo publicado por Clinton Sathler Lenz César, no site: O Desafio da Contextualização na Plantação de Igrejas – CTPI.
8 STOTT, John, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo: Como ser um cristão contemporâneo, ABU Editora, São Paulo, 2005. P. 30.
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9 Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica: Restaurando o sermão expositivo, Cultura Cristã, São Paulo, 2007, P. 309.
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