Você está na página 1de 68

VENDA PROIBIDA

Origem, Natureza e Vocação


da Igreja no Mundo
O QUE SERIA DO
MUNDO SEM O
CRISTIANISMO?
Será que Deus está morrendo? Isso
é o que algumas pessoas acreditam
ou desejariam que acontecesse. Elas
sustentam que as crenças cristãs e
nosso estilo de vida não são mais re­
levantes para os dias de hoje.
Mas a verdade que estas pessoas não
querem ver é que o mundo sem o
cristianismo seria um lugar comple­
tamente obscuro. Se você observar,
perceberá que, ao longo da história,
os ensinamentos de Jesus mudaram
o mundo drasticamente e que ainda
hoje segue sendo a força mais pode­
rosa em favor do bem da humanidade.
AÇÕES
3ÍBLICAS
Aluno I Io Trim estre de 2024
Comentarista: José Gonçalves

SUMARIO
O Corpo de Cristo
Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo

Lição 1 - A Origem da Igreja 3

Lição 2 - Imagens Bíblicas da Igreja 7

Lição 3 - A Natureza da Igreja 12

Lição 4 - A Igreja e o Reino de Deus 17

Lição 5 - A Missão da Igreja de Cristo 22

Lição 6 - Igreja: Organismo e Organização 27

Lição 7 - 0 Ministério da Igreja 31

Lição 8 - A Disciplina na Igreja 36

Lição 9 - 0 Batismo - A Primeira Ordenança da Igreja 40

Lição 10 - A Ceia do Senhor - A Segunda Ordenança da Igreja 45

Lição u - 0 Culto da Igreja Cristã 50

Lição 1 2 - O Papel da Pregação no Culto 55

Lição 1 3 - O Poder de Deus na Missão da Igreja 60


CB©>
Presidente da Convenção Geral
-IÇÕES
das Assembléias de Deus no Brasil
José Wellington Costa Junior
Presidente do Conselho Administrativo
José Wellington Bezerra da Costa
Bíblicas
Diretor Executivo Prezado(a) aluno(a),
Ronaldo Rodrigues de Souza
Gerente de Publicações Como Igreja de Cristo, recebemos uma
Alexandre Claudino Coelho grande missão para ser desempenha­
Consultor Doutrinário e Teológico da neste mundo. Por isso, precisamos
Elienai Cabral estudar a origem, a natureza e o de­
Gerente Financeiro senvolvimento dessa grande instituição
Josafá Franklin Santos Bomfim estabelecida pelo Senhor Jesus: a Igreja.
Gerente de Produção
Jarbas Ramires Silva Neste trimestre, temos como tema O
Gerente Comercial Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a
Cícero da Silva Vocação da Igreja no Mundo. Analisaremos
Gerente da Rede de Lojas a Missão da Igreja, suas ordenanças, a
João Batista Guilherme da Silva natureza das funções ministerias e muitos
Gerente de TI outros assuntos relevantes no contexto
Rodrigo Sobral Fernandes de vivência na igreja local.
Gerente de Comunicação Nosso propósito é que você compreenda
Leandro Souza da Silva
e valorize o seu lugar como membro do
Chefe do Setor de Educação Cristã
Marcelo Oliveira Corpo de Cristo. Deus conta com você
para que o Reino de Deus seja mani­
Chefe do Setor de Arte & Design
Wagner de Almeida festado a cada pessoa que ainda não o
conhece. Portanto, veja como privilégio
Editor
Marcelo Oliveira ser participante da Igreja de Cristo, um
Revisora
povo escolhido e chamado por Deus para
Verônica Araújo uma grande obra!
Projeto Gráfico Tenha um trimestre abençoado!
Leonardo Engel | Marlon Soares
Diagramação
Leonardo Engel José Wellington Bezerra da Costa
Capa Presidente do Conselho
Wagner Almeida A dm inistrativo
Ronaldo Rodrigues de Souza
Av. Brasil, 34.401 - Bangu
Diretor Executivo
Rio de Janeiro - RJ - Cep 21852-002
TeL: (21) 2406-7373
w w w .cp ad .co m .b r

G<DO®
'V

LIÇAO 1

A ORIGEM DA IGREJA
^ \
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-
vos, e cada um de vós seja A Igreja é a família de Deus,
batizado em nome de Jesus comprada com 0 sangue de
Cristo para perdão dos pecados, Cristo e selada com
e recebereis o dom do Espírito 0 Espírito Santo.
Santo.” (At 2.38)

\ __________________________ ._____________________________ _____________________________ )

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Dt 4.10 Quinta - Mt 16.18
0 povo de Deus reunido debaixo A Igreja como propriedade
do Antigo Pacto exclusiva de Deus
Terça - At 20.28 Sexta - At 2.42-47
A Igreja foi comprada com 0 A Igreja como uma comunidade de
sangue de Cristo salvos
Quarta - Ef 1.3-6 Sábado - 1 Co 12.13
A Igreja idealizada em Deus A Igreja selada com 0 Espírito Santo

L____________________ ______________________ J
JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 3
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 2.1,2; 37,38


1 - Cumprindo-se 0 dia de Pentecostes, e aos demais apóstolos: Que faremos,
estavam todos reunidos no mesmo lugar; varões irmãos?
2 -e,de repente, veio do céu um som, como 38 - E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos,
de um vento veemente e impetuoso, e encheu e cada um de vós seja batizado em nome
toda a casa em que estavam assentados. de Jesus Cristo para perdão dos pecados,
37 - Ouvindo eles isto, compungiram-se e recebereis 0 dom do Espírito Santo.
em seu coração e perguntaram a Pedro

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO grande ajuntamento (Ne 5.7). O termo


Uma rápida leitura do Novo Testa­ qahal, portanto, no contexto do Antigo
mento é suficiente para percebermos o Testamento, se refere ao Israel étnico,
que a Igreja é de fato e que importância uma nação que se juntava ou reunia
ela tem. Para os apóstolos e os primeiros tanto com fins cúlticos ou não.
cristãos a Igreja era relevante. Paulo, 2. No Novo Testam ento. O termo
por exemplo, a denominou de “coluna e grego ekklesia se refere à igreja cristã.
firmeza da verdade” (1 Tm 3.15); e Pedro Contudo, no contexto neotestamentário, o
a chamou de “geração eleita” (1 Pe 2.9). seu sentido diferirá do que lhe é dado no
Nesta lição, mostraremos o que a Bíblia, Antigo Testamento, tanto na forma como
de fato, revela sobre a Igreja de Deus. na função. Não é apenas uma raça ou
Veremos que a ekklesia, a Igreja de Deus, nação, mas todos aqueles, de diferentes
longe de ser meramente uma associação raças e nações, que foram comprados
de pessoas, é uma instituição divina. pelo sangue de Cristo (Ef 3.6; At 20.28;
Ap 5.9). Assim, o seu sentido no Novo
I - O POVO DE DEUS NA Testamento é majoritariamente sacro,
BÍBLIA E NA HISTÓRIA isto é, de uma assembléia de crentes que
1. No Antigo Testamento. O termo se juntaram para adorar a Deus (At 12.5;
hebraico qahal é usado para se referir 13.1). Não é apenas um ajuntamento de
a um ajuntamento do povo de Deus pessoas, mas uma assembléia de crentes
debaixo do Antigo Pacto. Nesse aspecto, regenerados que se reúnem para adorar a
o seu uso é o de “ uma convocação para Deus. Jesus, por exemplo, usou o termo
uma assembléia” ou “o ato de reunir-se ekklesia com um sentido exclusivo - o
em assembléia”. Dessa forma, qahal é povo adquirido pelo seu sangue (Mt 16.18).
descrito como o povo reunido (Dt 4.10); Dessa forma, o uso paulino de ekklesia,
congregação do povo (Jz 20.2); multidão nas suas epístolas, designa sempre a
(1 Sm 17.4.7 - NAA); congregação (1 Rs comunidade dos salvos. Assim vemos
8.22); congregação de Israel (1 Cr 13.2) e Paulo saudando a igreja (1 Co 1.2); ensi­

4 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO ■ FEVEREIRO ■ MARÇO 2024


nando as igrejas (1 Co 7.17); disciplinando era exatamente a Igreja! Na mente de
o uso dos dons na adoração da igreja (1 Deus, portanto, a Igreja já existia. O
Co 14.4,5,12,19,23,28,33,34,35) e dando amor de Deus fez com que Ele provesse
diretrizes à igreja (1 Co 16.1). um plano para salvar o homem caído.
3. Na história cristã. Há quem creia
Assim, Cristo amou a Igreja e se entregou
que a Igreja subsiste governada pelo por ela (Ef 5.25).
sucessor de Pedro e pelos bispos em 2. A Igreja como uma realidade
comunhão com ele. Evidentemente, a concreta. Como vimos, a Igreja não ficou
tradição protestante rejeita esse conceito, apenas na mente de Deus; ela passou a
visto que ele não reflete o contexto do existir de uma forma concreta. O início
Novo Testamento onde a figura do su­ da Igreja acontece na plenitude dos
cessor de Pedro é totalmente estranha e tempos: “ mas, vindo a plenitude dos
desconhecida. Após a Reforma do século tempos, Deus enviou seu Filho, nascido
XVI, a tradição protestante procurou de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4).
dar um sentido bíblico e mais preciso a Dessa forma, Deus faz “congregar em
respeito do que uma igreja é de fato. Em Cristo todas as coisas, na dispensação da
uma grande denominação protestante plenitude dos tempos” (Ef 1.10). Então,
histórica, a Igreja é definida como “uma surge a pergunta: “Quando a Igreja
congregação local de pessoas regeneradas passou a existir de fato? Quando ela se
e batizadas após profissão de fé”. Por estabeleceu na sua forma concreta?” A
outro lado, de acordo com um documento maioria dos teólogos defende que foi no
de uma grande denominação pentecostal Pentecostes. A Igreja, por exemplo, não é
americana, entendemos a Igreja como citada nos Evangelhos de Marcos, Lucas
“o corpo de Cristo, a habitação de Deus e João. Mateus fala de sua existência,
através do Espírito Santo, com divinas mas como um evento futuro (Mt 16.18).
nomeações para cumprimento de sua 3. A Igreja no Pentecostes. Depois do
Grande Comissão onde cada crente, Pentecostes, Lucas destaca que “ todos
nascido do Espírito, é parte integrante os dias acrescentava o Senhor à igreja
da Assembléia Universal e da Igreja dos aqueles que se haviam de salvar” (At
primogênitos, que estão inscritos no 2.47). Dessa forma, a Igreja, que existia
Céu” (Ef 1.22,23; 2.22; Hb 12.23). apenas no coração e na mente de Deus,
se tornava uma realidade concreta
II - A IGREJA COMO quando o Espírito Santo é derramado
no Pentecostes após a ressurreição de
CRIAÇÃO DIVINA
Jesus (At 2.1,2).
1. A Igreja como um ideal de Deus.
Desde a eternidade, a Igreja estava no
coração de Deus e foi idealizada por Ele. III - A IGREJA COMO A COMU­
Em sua essência, ela é um projeto divino: NIDADE DOS SALVOS
“Como também nos elegeu nele [Cris­ 1. Regenerados pelo sangue de Cristo.
to] antes da fundação do mundo, para No Pentecostes, o apóstolo Pedro disse:
que fôssemos santos e irrepreensíveis “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
diante dele em amor” (Ef 1.4). Na sua batizado em nome de Jesus Cristo para
Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo fala perdão dos pecados” (At 2.38). Com
de um “ mistério” que estava oculto (Ef essas palavras, o apóstolo Pedro estava
3.3-6). Esse mistério que fora revelado dizendo como se dá o ingresso de uma

JANEIRO ■ FEVEREIRO ■ MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 5


pessoa na Igreja, ou seja, por meio do 3. O Batism o de Cristo e do E s­
arrependimento e do batismo. A Igreja pírito. O apóstolo Pedro, que exortou
é uma comunidade cristã formada por os presentes no dia Pentecostes a se
pessoas regeneradas que fizeram uma arrependerem, também disse: “e re­
pública profissão de fé. O ingresso de cebereis o dom do Espírito Santo” (At
alguém à Igreja não se dá por adesão, 2.38). Assim, podemos afirmar que Cristo
mas pela conversão. É exatamente esse o batizou os crentes com o Espírito Santo
sentido da palavra grega metanoeo, tra­ e com fogo, um batismo de capacitação
duzida aqui por arrependimento. Significa (At 1.4), enquanto o Espírito os batizou
uma mudança de mente. Assim, a Igreja no Corpo de Cristo, um batismo de ini­
é formada por pessoas que estavam no ciação, formando a Igreja (1 Co 12.13).
pecado, a caminho da condenação eterna,
mas que, graças ao Evangelho, tiveram CONCLUSÃO
suas vidas transformadas. Nesta lição vim os como surgiu a
2. Selados pelo Espírito Santo. Já
Igreja fundada por Jesus Cristo. Ela
foi dito que a Igreja tem sua origem no existiu, primeiramente, no plano de
dia de Pentecostes. Por meio do Espírito Deus até se estabelecer no Novo Tes­
de Deus, somos batizados no Corpo de tamento após a morte, ressurreição de
Cristo, a Igreja, então, passamos a fazer Cristo e a infusão dos Cristãos no Corpo
parte dela. É exatamente isso o que o de Cristo por meio do Espírito Santo.
apóstolo Paulo diz aos Coríntios na sua A Igreja, portanto, não foi idealizada
Primeira Carta: “Pois todos nós fomos por homem algum, nem tampouco está
batizados em um Espírito, formando um fundada sobre teses humanas. O seu
corpo, quer judeus, quer gregos, quer fundamento é Cristo, que é a cabeça da
servos, quer livres, e todos temos bebido Igreja. Por isso, é um grande privilégio
de um Espírito” (1 Co 12.13). fazer parte da Igreja, o Corpo de Cristo.

6 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO ■ FEVEREIRO ■ MARÇO 2024


’ *\
TEXTO ÁUREO
“Mas vós sois a geração eleita, VERDADE PRÁTICA
o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para Por meio de cada imagem que
que anuncieis as virtudes retrata a Igreja, 0 Espírito Santo
daquele que vos chamou das revela-nos 0 quão gloriosa ela é.
trevas para a sua maravilhosa
luz.” (1 Pe 2.9)
V_________ ____________

LEITURA DIARIA

Segunda - 2 Co 11.2 Quinta - 1 Co 3.16


A Igreja retratada como A Igreja como 0 santuário de Deus
virgem pura Sexta - 1 Tm 3.15
Terça - l Pe 5.2 A Igreja como a Casa de Deus
A Igreja como 0 rebanho de Deus Sábado - 1 Co 12.12
Quarta - l Pe 2.9 A Igreja constituída como o Corpo
A Igreja como 0 sacerdócio real de Cristo

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 7


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Efésios 5.25-32; 1 Pedro 2.9,1°


E fésios 5 31 - Por isso, deixará 0 homem seu pai e
25 - Vós, maridos, amai vossa mulher, sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão
como também Cristo amou a igreja e a dois numa carne.
si mesmo se entregou por ela, 32 - Grande é este mistério; digo-o,
26 - para a santificar, purificando-a com porém, a respeito de Cristo e da igreja.
a lavagem da água, pela palavra,
27 - para a apresentar a si mesmo igreja l Pedro 2
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coi­ 9 - Mas vós sois a geração eleita, 0 sa­
sa semelhante, mas santa e irrepreensível. cerdócio real, a nação santa, 0 povo
28 - Assim devem os maridos amar a sua adquirido, para que anuncieis as virtudes
própria mulher como a seu próprio corpo. daquele que vos chamou das trevas para
Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. a sua maravilhosa luz;
29 - Porque nunca ninguém aborreceu 10 - vós que, em outro tempo, não éreis
a sua própria carne; antes, a alimenta e povo, mas, agora, sois povo de Deus; que
sustenta, como também 0 Senhor à igreja; não tínheis alcançado misericórdia, mas,
30 - porque somos membros do seu corpo. agora, alcançastes misericórdia.

CO M EN TÁR IO

INTRODUÇÃO das E scritu ras. Na verdade, a Bíblia


A Igreja de Jesus Cristo é retratada usa tanto a figura da noiva como a da
por uma série de imagens por meio das esposa para representar a Igreja. Pri­
páginas do Novo Testamento. Cada uma m eiram ente, a Igreja é descrita como
delas revela um determinado aspecto da uma “ virgem pura” (2 Co 11.2). Convém
Igreja de Jesus Cristo. Assim, podemos destacar que a palavra grega parthenos,
contemplar imagens ou figuras que re­ tra d u zid a em 2 C o rín tio s 11.2 com o
tratam 0 relacionamento; que descrevem a “ virgem pura” , é usada em relação a
função ou mostram de que forma a Igreja um a donzela que ainda não contraiu
é a habitação de Deus. Por isso, nesta núpcias. É uma figura da Igreja como
lição, estudaremos as principais imagens noiva trazendo uma ideia de castidade,
bíblicas a respeito da Igreja de Cristo que pureza e fidelidade.
comunicam 0 relacionamento, a função e a 2. A Esposa de Cristo. Paulo retrata,
habitação dessa instituição criada por Deus. também de forma vivida, a im agem da
Igreja como esposa (Ef 5.25,26). Assim
I - IMAGENS QUE DESCREVEM como é destacada a pureza da noiva,
UM RELACIONAMENTO é tam bém a da esposa. M as devem os
1. A Noiva de Cristo. Sem dúvida ressaltar que esse relacionam ento de
algum a, a im agem da Igreja como a Cristo com a Igreja é fundamentado no
Noiva de Cristo é uma das m ais belas amor - “Cristo amou a igreja” (Ef 5.25).

8 LIÇÕES BÍBLICAS ■ ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4


vv 1.
II - IMAGENS QUE
DESCREVEM FUNÇÃO
Geração eleita, sacerdócio real,
Essa im agem de nação santa e povo adquirido. Assim
relacionam ento como havia um povo de Deus debaixo
do Antigo Pacto (Êx 19.5,6; Is 43.3), da
am oroso entre Cristo
m esm a form a Deus possui um povo
e a sua Igreja deve debaixo do Novo Pacto (1 Pe 2.9).
ser o parâm etro para (a) Geração eleita. A palavra grega
o relacionam ento genos, traduzida aqui como “ geração”
tam bém possui o sentido de “ raça”.
de todos os casais O Novo T estam en to m ostra que, em
cristão s.” Cristo, tan to judeus quanto gen tios
fazem parte de uma só geração ou raça
por causa do que eles têm em comum.
Não há distinção de raça, cor, sexo ou
status social. Em Cristo todos formam
a geração eleita.
Não é como em um relacionamento frio, (b) Sacerdócio real. Em sua Primeira
fundam entado apenas no dever, m as C arta, 0 apóstolo Pedro d escreve os
retrata um relacionamento fundam en­ crentes que formam a Igreja de Cristo
tado, sobretudo, na realidade do amor como os que exercem um sacerdócio real
que se en trega e se sacrifica. Cristo (l Pe 2.9). Essa im agem vem do antigo
cuida da Igreja e zela por ela porque a sistem a sacerdotal levítico. Na Antiga
ama. Essa im agem de relacionam ento Aliança, Deus escolheu uma fam ília, a
amoroso entre Cristo e a sua Igreja deve de Arão, para oficiar como sacerdotes, da
ser o parâmetro para o relacionamento mesma forma Ele fez na Nova Aliança.
de todos os casais cristãos. Contudo, há uma diferença fundamental
3. Rebanho de Deus. Quando reu­ entre 0 sacerdócio exercido debaixo da
niu os presbíteros na cidade de Éfeso, Antiga Aliança e aquele exercido na Nova
o apóstolo Paulo os exortou (At 20.28). Aliança. Ali, essa função era reservada
Aqui, a Igreja é retra tad a com o um apenas para uma tribo, a de Levi. Dessa
rebanho de Deus. É uma metáfora que form a, a fa m ília escolhida para essa
ilustra a relação existente entre a ovelha m issão foi a de Arão. Por outro lado,
e 0 pastor. Paulo deixa claro que esse debaixo da Nova Aliança todo cristão é
rebanho custou um alto preço - 0 sangue um sacerdote. Agora todo cristão tem 0
de Jesus Cristo. Tendo em mente essa privilégio de “queimar 0 incenso”, isto
imagem, 0 apóstolo Pedro também põe é, de exercer um m inistério de oração
isso em evidência (1 Pe 5.2,3). As palavras e intercessão diante de Deus (SI 141.2).
de Pedro devem servir de parâm etro (c) Nação santa e um povo adquirido (1
para todo pastor que cuida do rebanho Pe 2.9). Ambos os termos vêm adjetiva­
de Deus. Na verdade, ele mostra 0 que o dos, mostrando 0 que essa nação e esse
pastor não pode fazer no seu trato com povo eram, representavam e deveriam
a igreja, pois ele deve ser um modelo ser. Não era um a nação ou um povo
para 0 Rebanho de Deus. qualquer. Era um a nação santa e um

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 9


povo adquirido para Deus. Essa é uma 2. Casa de Deus. A Igreja é descrita
figura m uito forte para retratar uma como sendo a “ Casa de D eus” (1 Tm
Igreja inteiramente consagrada a Cristo. 3.15). Esse conceito da Igreja, com o
2. Corpo de Cristo. E ssa é um a sendo a Casa de Deus, é derivado do
das im agens m ais fortes e frequentes Antigo Testam ento em que 0 povo de
no Novo T estam en to para retratar a Deus é retratado como a casa ou família
Igreja. A Igreja é o Corpo de Cristo! de Deus. A nação de Israel floresceu a
M ais do que uma organização, a Igreja partir da fam ília de Jacó. Isso nos faz
é um organism o. Um organism o vivo! ver a im portância da igreja como uma
A analogia da Igreja como um corpo é in stitu ição social. Na base da so cie­
m uito sig n ifica tiv a . P rim eiram ente, dade está a fam ília. Uma igreja forte
porque retrata a harm onia e unidade é form ad a por fa m ília s igu a lm en te
que há no corpo. No corpo humano tudo fortes. O inverso tam bém é verdade
está em seu devido lugar (1 Co 12.12). - fa m ília s fracas to rn a m -se igrejas
Todos os m em bros cooperam para o fracas. Por trás de m uitos problem as
bom fu n cio n am en to do corpo (1 Co sociais está a desestruturação familiar.
12.21,22,25). Logo, nenhum membro faz A recomendação de Paulo em 1 Timóteo
menos parte do corpo que os demais: revela que a Igreja se orienta por um
todos são necessários. A variedade de padrão m oral que deve n o rtear seu
órgãos, membros e funções constitui a com portam ento na sociedade.
essência da vida física. Nenhum órgão 3. O privilégio de ser Igreja. À luz
pode estabelecer um monopólio no cor­ do que estudamos nesta lição, podemos
po, assum indo as funções dos outros. fazer algumas considerações. Primeira,
Um corpo constituído por um só órgão a Igreja de Cristo é uma instituição for­
seria uma monstruosidade. mada por salvos que se relacionam com
Deus e, por isso, eles fazem parte de seu
III - IMAGENS QUE rebanho. Segunda, a Igreja de Cristo é
DESCREVEM HABITAÇÃO uma instituição formada de salvos que
1. Santuário de Deus. Muito embora exercem uma função sacerdotal diante
seja comum identificar a Igreja a partir de Deus perante 0 mundo. E, finalmente,
de sua estrutura arquitetônica, não é a Igreja de Cristo é uma instituição em
isso que a Bíblia identifica como sendo que Deus habita e vive. É um privilégio
uma Igreja. Ela é 0 templo do Espírito fazer parte da Igreja de Cristo!
Santo (1 Co 3.16). A Igreja é retratada
como sendo um santuário, a habitação CONCLUSÃO
de Deus. Individualmente, cada crente Nesta lição aprendemos através de
é um tem plo do Espírito Santo (l Co im agens bíblicas 0 que a Igreja é e que
6.19). M as na sua form a corporativa, im portância ela tem. São figuras que
a Ig re ja é r e tra ta d a com o sen d o 0 nos ajudam a com p reend er a Igreja
santuário de Deus (1 Co 3.16,17). Isso tan to em seu a sp ecto in s titu c io n a l
tam bém sig n ifica que Deus habita a como funcional. Assim, essas im agens
Igreja. Ela é seu templo. Nesse aspecto, ajudam o crente a descobrir qual o seu
o apóstolo Paulo alerta sobre o perigo lugar na Igreja, 0 Corpo de Cristo. Dessa
que há em se profanar 0 santuário de forma, ele pode melhor cooperar para 0
Deus (l Co 3.17). perfeito funcionamento da igreja local.

10 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO ■MARÇO 2 0 2 4


REVISANDO O CONTEÚDO

1. De acordo com a lição, com o a Igreja é d escrita prim eiram ente?

2. O que a m etáfora do “ Rebanho de D eus” ilustra?

3. O que 0 Novo T estam en to m ostra a respeito da “ geração e le ita ”?

4. O que a exp ressão “ Corpo de C risto ” retrata?

5. Com o a Igreja é retratad a em sua form a corporativa?

VOCABULÁRIO
Corporativo: Relativo ou próprio de uma corporação; um conjunto de
pessoas com algum a finalidade.

LEITURAS PARA APROFUNDAR

;ja - Identidade & Igreja - Lugar de


Símbolos Soluções
Trata-se de uma obra que busca A obra nos convida a compartilhar
compreender a e k k le s ia em sua a visão de como a Igreja pode e
dimensão lexical, cultural, deve lidar com os desafios deste
bíblica e teológica buscando a início de milênio. É um convite
interpretação da identidade da para apresentar soluções para 0
igreja neotestamentária. povo de Deus.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 11


A NATUREZA DA IGREJA

TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“Porque, assim com o o corpo
é um e tem m uitos m em bros, C o n h e ce n d o a Igreja em sua
e todos os m em bros, sen d o n a tu reza nos c o n sc ie n tiza m o s da
m uitos, são um só corpo, assim é im p o rtâ n cia d e fa z e r p a rte d ela.
Cristo ta m b ém .” (1 Co 12.12)

/
______________________________ ________________________________ J
LEITURA DIÁRIA

Segunda - Jo 1.1 Quinta - Hb 12.23


A Igreja centrada na Palavra A Igreja em seu aspecto invisível
Viva de Deus e universal
Terça - Rm 8.14 Sexta - Ef 4.3
A Igreja na esfera do Espírito A indivisibilidade da Igreja de
Quarta - 1 Co 1.1-3 Cristo
A Igreja como expressão visível Sábado - Fp 2.2
e local A Igreja em busca da unidade

k___________________________

12 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

l Coríntios 12.12-27
12 - Porque, assim como 0 corpo é um e 21 - £ 0 olho não pode dizer à mão: Não
tem muitos membros, e todos os membros, tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça,
sendo muitos, são um só corpo, assim é aos pés: Não tenho necessidade de vós.
Cristo também. 22 - Antes, os membros do corpo que pa­
13 - Pois todos nós fomos batizados em recem ser os mais fracos são necessários.
um Espírito, formando um corpo, quer 23 - E os que reputamos serem menos
judeus, quer gregos, quer servos, quer honrosos no corpo, a esses honramos
livres, e todos temos bebido de um Espírito. muito mais; e aos que em nós são menos
14 - Porque também 0 corpo não é um só decorosos damos muito mais honra.
membro, mas muitos. 24 - Porque os que em nós são mais ho­
15 ~Se 0 pé disser: Porque não sou mão, não nestos não têm necessidade disso, mas
sou do corpo; não será por isso do corpo? Deus assim formou 0 corpo, dando muito
16 -E,sea orelha disser: Porque não sou olho, mais honra ao que tinha falta dela,
não sou do corpo; não será por isso do corpo? 25 - para que não haja divisão no corpo,
17 - Se todo 0 corpo fosse olho, onde mas, antes, tenham os membros igual
estaria 0 ouvido? Se todo fosse ouvido, cuidado uns dos outros.
onde estaria 0 olfato? 26 - De maneira que, se um membro
18 - Mas, agora, Deus colocou os membros padece, todos os membros padecem com
no corpo, cada um deles como quis. ele; e, se um membro é honrado, todos os
19 - E, se todos fossem um só membro, membros se regozijam com ele.
onde estaria 0 corpo? 27 - Ora, vós sois 0 corpo de Cristo e seus
20 - A gora, pois, há m u ito s m em bros, membros em particular.
m as um corpo.

CO M EN TÁR IO

INTRODUÇÃO ou seja, existe tanto na form a visível


O estudo sobre a natureza da Igreja como invisível; e, finalm ente, a igreja
deve analisar aquilo que ela é em es­ genuinamente cristã é una, isto é, não é
sência. O que define uma igreja genui­ dividida, pois sem unidade não há Igreja.
namente cristã? Evidentemente que há
m uitas características que m ostram 0
que é uma verdadeira igreja. Contudo, I - A NATUREZA DA IGREJA
para nosso propósito aqui, tratarem os NA SUA DIMENSÃO
apenas de algumas delas. Por isso, nesta CONFESSIONAL
lição, verem os que uma igreja genui­ l. Fundamentada na Palavra. Uma
namente cristã é confessional, ou seja, igreja verdadeiramente bíblica é firm a­
ela se fundamenta na Palavra de Deus; da na Palavra de Deus. Nesse aspecto,
tem uma dim ensão local e universal, prim eiram ente, tem os Cristo como a

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 13


vv 3. Quem faz parte da Igreja anda
no Espírito. Quando alguém responde
à mensagem da cruz, 0 Espírito de Deus
O Espírito, portanto, produz nele a certeza da salvação (Rm
8.16). Agora, regenerado, 0 cristão passa
habita o crente; a andar ou ser dirigido pelo Espírito (Rm
contudo, Ele tam bém 8.14). O fracasso na vida espiritual está
o capacita. Sem a no fato de não andarm os na esfera do
Espírito (Gl 5.16,17). O Espírito, portanto,
capacitação do Espírito,
habita o crente; capacitando-o (At 1.8).
a igreja é inoperante e Sem a capacitação do Espírito, a igreja
perde a sua essên cia.” é inoperante e perde a sua essência.

II - A NATUREZA DA IGREJA
NAS SUAS DIMENSÕES LOCAL
E UNIVERSAL
Palavra Encarnada, a Palavra Viva. No 1. Local e visível. Biblicam ente,
princípio era a Palavra (Jo 1.1). Jesus é a podemos falar da Igreja em relação à sua
Palavra que se humanizou, isto é, Deus dim ensão espacial, isto é, em relação
feito homem. A igreja bíblica possui Jesus ao local ou ao espaço geográfico. Ela
Cristo como seu fundam ento (Ef 2.20). pode ser vista e sentida. Nesse aspec­
Uma igreja verdadeiram ente bíblica é to, a Igreja existe localm ente. Assim ,
centrada em Jesus. Em segundo lugar, vem os os apóstolos escrevendo suas
uma igreja bíblica é fundamentada nas cartas a determ inadas igrejas, situ a­
Escrituras Sagradas, a Palavra Inspira­ das em diferentes locais: “ à igreja de
da. Se não existe igreja verdadeira sem Deus que está em Corinto” (1 Co 1.2);
Jesus, da m esm a form a não há igreja “ aos estrangeiros dispersos no Ponto,
verdadeira sem fundamentação bíblica (2 Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pe
Tm 3.15). A heterodoxia, 0 desvio doutri­ 1.1). Nesses textos vemos as Escrituras
nário e a apostasia vêm pelo distancia­ se referindo à ekklesia, à comunidade de
mento e abandono da Palavra de Deus. crentes, situada em diferentes locais.
2. Habitada pelo Espírito. A Igreja 2. As particularidades das igrejas
é h abitad a pelo E spírito, d irig id a e locais. Pelo teor das cartas neotesta-
capacitada por Ele. O Espírito Santo mentárias, observamos que essas igrejas
é a fo r ç a -m o tr iz da Igreja. Na v e r ­ locais possuíam suas particularidades. Os
dade, a obra do E spírito com eça no problemas encontrados em uma não eram
seu tra b a lh o de co n v en cim en to do necessariamente os mesmos da outra (Fp
pecador. É o Espírito quem convence 4.2,3 cf. 2 Ts 3.11,12). De igual modo, as
o ser hum ano do pecado (Jo 16.8-11). virtudes. Por outro lado, embora estives­
É 0 Espírito Santo quem produz a obra sem todas sob a supervisão apostólica,
da regeneração. Quando o evangelista observamos que eram autônomas uma
Lucas diz que 0 Senhor abriu 0 coração em relação às outras. Assim possuíam
de Lídia (At 16.14), aí vem os uma obra sua dinâmica própria. Um método que
poderosa do E spírito Santo tra z e n ­ funciona em determ inada igreja pode
do 0 convencim ento para a salvação. ser inadequado em outra.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4


14 LIÇÕES BÍBLICAS ■ ALUNO
3. Universal e in visível. A ssima Igreja não. As denom inações podem
como a Igreja existe em sua dimensão desparecer, mas a Igreja é indestrutível
local, existe tam bém na sua dimensão (Mt 16.18). Convém dizer que nem todo
universal. Somos conscientes da e x is­
grupo que se diz cristão pode ser visto
tência da igreja local, pois dela fazemos
como fazendo parte da Igreja Cristã. Há
parte. Contudo, nem sempre é fácil se
grupos que se autodenominam “ igrejas”,
dar conta do aspecto universal da Igreja
contudo, são sinagoga de Satanás (Ap
porque nesse sentido, a Igreja não está
3.9). Entretanto, 0 que fará com que uma
limitada ao espaço geográfico ou físico.
igreja ou denominação seja cristã, é a
A ssim a Igreja universal e invisível é
sua fidelidade a Cristo e às Escrituras
formada por todos os cristãos regenera­
Sagradas.
dos que estão em todos os lugares e por
aqueles que já estão tam bém na glória
(Hb 12.23), não se lim itando somente à III - A IGREJA NA SUA
dim ensão terrena. Aqui, é im portante DIMENSÃO COMUNITÁRIA
se diferenciar “ Igreja” de “ denom ina­ 1. A igreja é una. Isso significa que
ção”. Numa cidade, por exemplo, pode a igreja é indivisível. Na analogia onde
haver várias denom inações; contudo, com para a Igreja ao corpo hum ano,
somente há uma Igreja. A igreja é divi­ Paulo deixa bem claro que uma igreja
na, as denom inações são humanas. As verdadeiramente cristã é unida porque
denominações podem ser temporárias, não pode haver divisão no corpo (1 Co

A M P L IA N D O O CO N H E CIM E N TO

A IGREJA
“A palavra ekklesia se refere a uma
reunião ou con gregação de pessoas
que são cham adas ou convocadas e se
reúnem com um propósito. No Novo
Testam ento, a palavra designa b asi­
camente uma congregação ou com u­
nidade do povo de Deus - as pessoas
que aceitam a m ensagem de Cristo,
confiam a Ele suas vidas e se reúnem
como cidadãos do Reino de Deus (Ef
2.19) com 0 propósito de adorar e honrar
a Deus. A palavra ‘igreja’ pode se referir
a uma congregação na igreja local (Mt
18.17; At 15.4) [...] ou à igreja universal.”
Amplie mais 0 seu conhecimento, lendo
a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada
pela CPAD, p.1650.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 15


12.12). Jesus disse que um reino dividido com uma mesma essência, possuindo a
não subsistirá (Mt 12.25). Esse princí­ m esma substância e um só propósito.
pio se aplica à Igreja tam bém . O que Da m esm a form a, os cristãos devem
0 Diabo não consegue contra a Igreja b u scar esse tipo de unid ad e. N esse
por meio da perseguição, ele consegue aspecto, unidade não é uniformidade.
por interm édio da divisão. Devem os Som os d ife re n te s, d iv e rso s, tem o s
evitar, a todo custo, 0 partidarism o, tem peram entos d istin tos e m aneiras
as preferências e os exclusivism os, se diferentes para fazer as coisas; m as,
quisermos preservar a unidade da igreja m esm o assim , som os um em Cristo
local (Ef 4.3). Jesus para perseverar no mesmo alvo.
2. Unidade na Igreja. Paulo escre­
veu à igreja de Filipos: “ com pletai 0
meu gozo, para que sintais o mesmo,
CONCLUSÃO
tendo 0 mesmo amor, 0 mesmo ânimo, C hegam os ao fin a l de m ais um a
sentindo uma m esm a coisa” (Fp 2.2). lição bíblica, a qual aborda a natureza
Esse texto mostra 0 anseio do apóstolo da Igreja. Vim os que não é p o ssív el
pela unidade da igreja que, como Corpo nos re fe r irm o s a um a ig re ja com o
de Cristo em sua forma coletiva, deve sendo cristã se determ inadas m arcas
zelar pela unidade e, da mesma forma, ou características não estão presentes
cada crente deve buscar isso. nela. Destacamos aqui que a igreja local
3. Diversidade na unidade. Isso re- deve estar fundam entada na Palavra e
verbera o anseio de Jesus pela unidade habitada pelo Espírito Santo. A Igreja
dos seus discípulos (Jo 17). Ali há 0 que tam bém existe tanto local como u n i­
os teólogos cham am de “ unidade de versalm ente. Não está lim itada nem
essência”. Na Trindade, 0 Pai, 0 Filho e pelo tempo nem pelo espaço. Ela existe
o Espírito Santo são pessoas diferentes, para a eternidade!

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual é a principal característica de um a igreja verdadeiram ente bíblica?

2. O que ca racteriza um a igreja habitada pelo Espírito?

3. Com o podem os fa la r da d im en são esp acial da Igreja?

4. Com o a Igreja u n ive rsal e in v isív el é form ada?

5. E xplique a exp ressão “ unidade de essên cia ” em relação à Trindade.

16 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2 0 2 4


LIÇÃO 4
28 de Janeiro de 2024

»*•
A IGREJA E O REINO DE DEUS

TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“ [...] 0 tempo está cumprido, e
Pregar a mensagem do Reino
0 Reino de Deus está próximo.
de Deus é uma importante
Arrependei-vos e crede no
missão da Igreja.
evangelho.” (Mc 1.15)

______________________________ )

LEITURA DIÁRIA

Segunda - SI 47.7 Quinta - l Co 6.9,10


A universalidade do Reino de 0 Reino de Deus como realidade
Deus futura
Terça - Is 43.15 Sexta - Ef 1.10
0 Reino de Deus é de natureza A Igreja como m anifestação do
teocrática Reino de Deus
Quarta - Rm 14.17 Sábado - At 19.8
0 Reino de Deus como realidade A pregação do Reino como
presente m issão da Igreja

L ___________________________ A

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2 0 2 í, LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 17


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Marcos 1.14-17
14 - E, depois que João foi entregue à 16 - E, andando junto ao mar da Galileia,
prisão, veio Jesus para a Galileia, pre­ viu Simãoe André, seu irmão, que lança­
gando 0 evangelho do Reino de Deus vam a rede ao mar, pois eram pescadores.
15 - e dizendo: O tempo está cumprido, e 17 - E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e
0 Reino de Deus está próximo. Arrepen- eu farei que sejais pescadores de homens.
dei-vos e crede no evangelho.

CO M EN TÁR IO

INTRODUÇÃO e governos humanos, bem como sobre


A Bíblia apresenta Deus como um todas as hostes angelicais (Dn 4.35). Isso
significa que nada nem ninguém está
rei (SI 47.6; 52.7) que exerce 0 seu g o ­
fora do seu domínio (Dn 2.21).
verno e dom ina sobre tudo 0 que há
2. A so b eran ia d iv in a e os aco n ­
(SI 22.28). Sobre 0 seu reino, governa
te cim e n to s do m undo. O bservam os
soberanam ente. Nesta lição, apresen­
que, embora 0 mundo siga 0 seu curso,
taremos uma compreensão do Reino de
Deus não perdeu nem deixou de exercer
Deus a partir de sua natureza e da sua
dom ínio sobre ele, tam p ou co sobre
relação com a Igreja. Nesse aspecto,
0 universo criado. Um Deus que não
m ostrarem o s 0 reino d ivin o na sua
tiv esse 0 controle de tudo não seria
dim ensão u niversal e soberana, bem
Deus. Isso não significa dizer que Ele
como sua realidade presente e futura.
seja a causa de tudo o que acontece no
A Igreja é vista como parte desse reino
mundo. Significa que, embora os homens
e, por isso, Deus a estabeleceu para
e, até mesmo 0 Diabo e seus demônios,
viver, p regar e m an ifestar a vida do
tenham liberdade e p erm issão para
reino divino.
agirem neste mundo, contudo, essas
ações não se sobrepõem à soberania de
I - A NATUREZA DO REINO Deus. Assim Deus dom ina sobre todos
DE DEUS (SI 103.19).
l. O Reino de Deus é universal. O 3. 0 Reino de Deus, a nação de Israel
salm ista diz que “Deus é o Rei de toda e a Igreja. O Antigo Testam ento revela
a terra” (SI 47.7) e, da m esm a form a, que Deus escolheu um povo, Israel, para
Daniel afirm a que Deus domina sobre reinar sobre ele e através dele em um
0 reino dos homens (Dn 4 -2 5)- Assim , governo soberano e teocrático. Quando
as Escrituras revelam um im portante Israel estava organizado em um regi­
aspecto da natureza do Reino de Deus: me tribal, Deus reinava sobre ele (Nm
a sua u n iv e rs a lid a d e . D eus é 0 Rei 23.21), de forma soberana, exercendo 0
u n ive rsa l e, com o tal, tem d om ínio seu governo teocrático sobre seu antigo
absoluto sobre sua criação, sobre reinos povo (Is 4 3 .15). Israel, por isso, era um

JANEIRO - FEVEREIRO • MARÇO 2024


18 LIÇÕES BÍBLICAS - ALUNO
vv chegado a vós o Reino de D eus” (Mt
12.28). N essas p a la v ra s do Senhor,
vemos um aspecto im portantíssimo na
[...] Embora o mundo com preensão da identidade do Reino
siga o seu curso, Deus de Deus: a sua realidade presente. Em
outras palavras, com advento de Jesus,
não perdeu nem deixou
0 Reino de Deus já estava presente entre
de exercer dom ínio os hom ens. Nosso Senhor disse que 0
sobre ele, tam pouco Reino de Deus havia chegado (Mt 3.2).
sobre o universo criado. Logo, esse reino não é algo subjetivo,
m as concreto, real.
Um Deus que não tem 2. Onde está o Reino de Deus? O
o controle de tudo não Reino de Deus como realidade presente
seria D eus.” não está relacionado ao espaço g e o ­
gráfico, mas com a presença de Jesus,
pois onde a presença dEle está, o Reino
de Deus se m anifesta (Lc 17.20,21). Em
outras palavras, toda vez que pessoas
são salvas (At 8.12), curadas e libertadas
do poder do Diabo (At 8.6,7), 0 Reino de
reino sacerdotal (Êx 19.5,6). Dessa forma, Deus está presente (Rm 14.17; 1 Co 4.20).
quando escolheu Israel, Deus tin ha 0 Ora, 0 Reino de Deus estava presente
propósito de abençoar essa nação e, por no m inistério de Jesus, pois Ele mesmo
meio dela, todos os povos (Gn 12.1-3; Is era a m an ifestação do reino, estava
45.21,22). Esse propósito se concretizou presente no m inistério apostólico na
na pessoa de Jesus Cristo, 0 Filho de Igreja P rim itiv a e, fin alm en te, está
Davi, que por intermédio de sua morte presente por interm édio da Igreja de
e ressurreição estabeleceu a Igreja (Ef Cristo da presente era.
2.14; G1 3.14; 4.28; 1 Pe 2.9). 3. O Reino de Deus como realidade
fu tu ra. Assim como o Reino de Deus
II - A IGREJA E AS DIMENSÕES p o ssu i um a d im en são p resen te, ele
DO REINO DE DEUS tam bém possui uma dimensão futura.
1. O Reino de Deus como realidade Esse é o aspecto escatológico do Reino
presente. Nos Evangelhos, vemos Jesus de Deus. Escrevendo aos coríntios, o
cham ando a atenção para a dim ensão apóstolo Paulo destaca os tipos de pes­
presente do Reino de Deus. Por exem ­ soas que ficariam de fora desse reino
plo, M ateus registra Jesus libertando vindouro (1 Co 6.9,10). Embora 0 Reino
e curando um endem oninhado cego e de Deus seja um a realidade presente
mudo (Mt 12.22). Esse fato ex tra o r­ hoje e m esm o sendo p o ssível já ex ­
dinário provocou 0 ciúm e e a ira dos perim entá-la agora (Hb 6.5), contudo,
fariseus que 0 acusaram de fazer isso ele se m anifestará na sua plenitude na
p elo p o d e r de B e lze b u (M t 12.24). era vindoura (Mt 13-4 9 ). O M ilênio, o
A re sp o sta de Jesus foi revelad o ra: reinado de m il anos sobre a Terra, faz
“Mas, se eu expulso os demônios pelo parte dessa dim ensão futura do Reino
Espírito de Deus, é conseguintem ente de Deus (Ap 20.1-5).

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 19


VI de fazer conhecido 0 seu plano e projeto
de salvação para a humanidade. É por
intermédio dela que as insondáveis ri­
Deve ser destacado que a quezas de Cristo se tornaram conhecidas
dos principados e potestades (Ef 3.10).
Igreja faz parte do Reino
Por meio da Igreja que 0 Reino de Deus
de Deus. Contudo, ela será conhecido na Terra.
não é o Reino de Deus 3. A Igreja e a m ensagem do Reino
em toda a sua expressão. de Deus. Pregar o Reino de Deus é a
im portante m issão da Igreja (At 19 -8 ).
O Reino de Deus é m ais Falando aos presbíteros de Éfeso, Paulo
am plo e envolve todo o recordou que pregou a eles 0 Reino de
povo de Deus [...].” Deus (At 20.25). Quando já prisioneiro em
Roma, vemos Paulo “ pregando 0 Reino
de Deus” (At 28.31). Os novos na fé eram
conscientizados da realidade do Reino
de Deus (At 14.22). O Reino de Deus é a
m ensagem de esperança feita àqueles
que 0 amam (Tg 2.5). Portanto, pregar a
III - A IGREJA NO CONTEXTO
mensagem do reino é a missão da Igreja.
DO REINO DE DEUS
Essa m issão só é executada quando a
1. A distin ção entre Igreja e Reino
igreja local possui uma visão de reino.
de Deus. Deve ser destacado que a Igreja
Isso significa que a igreja sabe 0 que 0
faz parte do Reino de Deus. Contudo,
Reino de Deus é e que importância ele
ela não é o Reino de Deus em toda a
tem. Quando esse entendimento não é
sua expressão. O Reino de Deus é mais
claro, então, a igreja local acaba saindo
amplo e envolve todo o povo de Deus
da sua rota e envereda por outros cam i­
na Antiga bem como na Nova Aliança.
nhos que a distanciam da sua missão,
A Igreja, mesmo inserida no contexto
que é pregar a m ensagem do Reino de
do reino, não ex istia no A ntigo T es­
Deus. A esse respeito, Jesus foi bem claro
tam ento, todavia, o Reino de Deus já
em dizer que 0 seu “ Reino não é deste
existia no A ntigo Pacto. A ssim como
mundo” (Jo 18.36).
debaixo do Antigo Pacto, em que Israel
era a comunidade do reino (Êx 19-5,6), a
Igreja é a comunidade do reino no Novo CONCLUSÃO
Pacto (1 Pe 2.9). Nesta lição aprendemos um pouco
2. A Ig re ja e x p r e s s a o R ein o de m ais sobre 0 Reino de D eus. Com o
Deus. A Igreja foi idealizada e projetada disse alguém, a Igreja não é idêntica ao
por Deus para ser a expressão de seu Reino de Deus, pois este é maior do que
reino na plenitude dos tem pos (G1 4.4 ela; todavia, a Igreja é o instrum ento
cf. Ef 1.10). Ela não é um im proviso de presente do reino e herdará o reino (2
Deus nem um remendo que Ele fez na Pe 1.11). A ssim , 0 Reino de Deus, em
história da salvação. Ela foi projetada e sua plenitude, ou na sua m anifestação
planejada, é a eleita de Deus (Ef 1.4-6; fin a l, in clu irá todos os cren tes que
1 Pe 1.2). Isso significa que debaixo do professaram e professarão sua fé em
Novo Pacto, Deus deu à Igreja a missão Cristo, o Filho de Deus.

20 LIÇÕES BÍBLICAS ■ ALUNO JANEIRO ■FEVEREIRO • MARÇO 2024


Rascunhos do Aluno

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual é o im portan te aspecto da n a tu reza do Reino de Deus que as


E scrituras revelam ?

2. O que o A n tigo T estam en to revela quanto ao Reino de Deus em r e ­


lação a Israel?

3. Qual é o aspecto im portan te destacado na lição, a respeito da id en ­


tidade do Reino de Deus?

4. A lém da d im en são p resente do Reino de Deus, qual é a outra d im en ­


são abordada na lição?

5. E xplique a d istin ção en tre a Igreja e o Reino de Deus.

VOCABULÁRIO
Advento: Aparecimento, chegada de alguém ou de algo.
Hostes: termo de origem latina que designa uma tropa ou um corpo de
exército.

JANEIRO •FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 21


LIÇÃO 5
4 de Fevereiro de 2024

A MISSÃO DA IGREJA
DE CRISTO

VERDADE PRÁTICA
TEXTO ÁUREO
Como 0 sal fora do saleiro cumpre
“ E perseveravam na doutrina dos a sua função de salgar, assim a
apóstolos, e na comunhão, e no Igreja quando adora e discípula,
partir do pão, e nas orações.” testemunha das insondáveis
(At 2.42) riquezas de Cristo.

V_____________________ ________ J
LEITURA DIARIA

Segunda - 1 Co 1.21 Quinta - 1 Ts 5.11


A Igreja e a proclamação das A Igreja como uma comunidade
Boas-Novas edificadora
Terça - Mt 28.19 Sexta - 1 Jo 1.7
A Igreja e o Discipulado A Igreja vivendo o amor
Quarta - Rm 12.1 fraternal
A Igreja e a verdadeira adoração Sábado - Rm 12.13
ao Deus Trino A Igreja como uma comunidade
solidária

22 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Marcos 16.14-20; Atos 2.42-47


M arcos 16 Senhor e confirmando a palavra com os
14 - Finalmente apareceu aos onze, sinais que se seguiram. Amém!
estando eles assentados juntamente, e
lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e Atos 2
dureza de coração, por não haverem crido 42 - £ perseveravam na doutrina dos
nos que 0 tinham visto já ressuscitado. apóstolos, e na comunhão, e no partir
15 - £ disse-lhes: Ide por todo 0 mundo, do pão, e nas orações.
pregai 0 evangelho a toda criatura. 43 - Em cada alma havia temor, e mui­
16 - Quem crer e for batizado será salvo; tas maravilhas e sinais se faziam pelos
mas quem não crer será condenado. apóstolos.
17 - £ estes sinais seguirão aos que crerem: 44 - Todos os que criam estavam juntos
em meu nome, expulsarão demônios; e tinham tudo em comum.
falarão novas línguas; 45 - Vendiam suas propriedades e fa ­
18 - pegarão nas serpentes; e, se beberem zendas e repartiam com todos, segundo
alguma coisa mortífera, não lhes fará cada um tinha necessidade.
dano algum; e imporão as mãos sobre 46 - £, perseverando unânimes todos os dias
os enfermos e os curarão. no templo e partindo 0 pão em casa, comiam
19 - Ora, 0 Senhor, depois de lhes ter juntos com alegria e singeleza de coração,
falado, foi recebido no céu e assentou-se 47 - louvando a Deus e caindo na graça de
à direita de Deus. todo 0 povo. E todos os dias acrescentava
2 o - E eles, tendo partido, pregaram por 0 Senhor à igreja aqueles que se haviam
todas as partes, cooperando com eles 0 de salvar.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO I - PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO


Nesta lição, vamos estudar a missão l. Proclam ando as B oas-N ovas. A
da Igreja de Cristo. Veremos que a Igreja Igreja foi fundada por Cristo (Mt 16.18)
é chamada para proclamar a poderosa como uma instituição para abençoar o
m ensagem da cruz. Assim, ela cumpre mundo. Essa missão é exercida por meio
a sua vocação de eleita quando participa da pregação do Evangelho: “Aprouve a
da Grande Comissão deixada pelo seu Deus salvar os crentes pela loucura da
fundador, Jesus Cristo (Mt 28.19). Como pregação (1 Co 1.21). Após ressuscitado, 0
consequência dessa realidade, veremos Senhor Jesus comissionou os discípulos
que a igreja é uma comunidade adora­ a pregarem 0 Evangelho (Mc 16.14-20).
dora, de comunhão e, finalmente, é uma Referindo-se a essa missão, Marcos usa
comunidade que exerce um grande papel 0 verbo grego Keryssó, traduzido como
no presente século. Portanto, a Igreja “ pregar”, “ proclam ar”. O sentido é de
de Cristo exerce uma grande m issão um arauto que proclama algo. Esse verbo
neste mundo. ocorre 61 vezes no Novo Testam ento.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 23


É o term o usado para m ostrar João, o II - ADORAÇÃO E EDIFICAÇÃO
batista, “pregando no deserto da Judeia” 1. Uma com unidade adoradora. No
(Mt 3.1); e Jesus Cristo quando começou contexto bíblico, a adoração significa dar
a pregar (Mt 4.17). a glória que é devida somente a Deus.
2 . 0 objeto da pregação. Outro termo É tirar a atenção de nós m esm os para
usado com m uita frequência no Novo centrarmos unicamente no Senhor (Mt
Testam ento para se referir à Grande 4.10). A adoração tem a ver com 0 nosso
Com issão da Igreja é euangelizô. Esse serviço a Deus. Não é algo que se faz
verbo ocorre 54 vezes no Novo Testa­ apenas no momento do culto público ou
mento e 0 seu sentido é 0 de trazer as privativam ente. Tem a ver com nossa
Boas-Novas, pregar as Boas-Novas. Nesse m aneira de ser, agir e viver. É viver a
aspecto, 0 objeto das Boas-Novas não se vida para Deus! Esse é 0 sentido do termo
refere a algum a coisa, mas a alguém, a grego latreia, traduzido como “adorar”. O
uma pessoa. Nesse sentido, os cristãos apóstolo Paulo roga à igreja que apresente
prim itivos “ não cessavam de ensinar a Deus 0 seu corpo em “ sacrifício vivo,
e de anunciar a Jesus Cristo” (At 5 -4 2 ). santo e agradável a Deus, que é 0 vosso
Pregar a Jesus Cristo não é pregar uma culto racional” (Rm 12.1). A palavra “culto”
“ coisa” ou uma m ensagem subjetiva, nesse texto traduz 0 termo grego latreia.
mas proclamar ao mundo caído que Ele O sentido é 0 de um serviço prestado a
está vivo e pronto para salvar. Pregar Deus de forma consciente e integral. É
a m e n sa g e m da c r u z é a n u n c ia r 0 viver totalmente para 0 Senhor.
Evangelho do Reino de Deus revelado 2. Uma com unidade edificadora. A
em Cristo (At 8.12). igreja é uma comunidade proclamadora,
3. adoradora e edificadora. A palavra grega
D iscip u la n d o os c o n v e rtid o s.
“Pregar” e “proclamar” é levar a Palavra oikodomé, traduzida como “ edificar”, é
de Deus aos que estão do lado de fora usada no seu sentido literal de construir
da Igreja, enquanto que “discipular” é um ed ifício e, m etafo rica m en te, no
instruir os que estão do lado de dentro. O sentido de crescim ento espiritual. No
verbo “discipular”, do grego matheteuo, primeiro sentido é usada por Jesus em
ocorre somente quatro vezes no Novo referência à casa edificada sobre a rocha
Testam ento, enquanto 0 substantivo (Mt 7.24) e, no segundo sentido, em
“ d iscíp u lo” (gr. mathetés) ocorre 261 Efésios 4.12. Nessa última referência, 0
vezes. O sentido é 0 de alguém instruído apóstolo Paulo diz que Deus pôs na Igreja
ou treinado em alguma coisa. É 0 termo os apóstolos, os profetas, os evangelistas,
usado em Mateus 28.19 para designar a os pastores e mestres para a “ edificação
Grande Comissão: “ Ide, ensinai todas do corpo de Cristo”. Este, por exemplo,
as n ações”. Na verdade, Jesus estava é 0 objetivo dos dons espirituais: trazer
dizendo: “ Ide e d iscip u la i” . A Igreja edificação à igreja (1 Co 14.3). Assim ,
não é formada apenas por “ crentes”, a quem fala em línguas em público, sem
Igreja é formada por discípulos. Alguém interpretação, edifica-se a si mesmo (1 Co
pode estar na igreja local sem, contudo, 14.4); contudo, não edifica a igreja, que
ser um discípulo. Este é alguém que é não entendeu 0 que foi dito (1 Co 14.5).
capaz de reproduzir e passar para ou­ Dessa forma, 0 apóstolo Paulo exorta os
trem 0 que aprendeu e vive por meio crentes a buscarem a edificar “ uns aos
de Cristo Jesus. outros” (1 Ts 5.11).

24 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO ■ FEVEREIRO • MARÇO 2024


vv grande fragmentação no Corpo de Cris­
to. Devemos, portanto, nos esforçar por
m anter a com unhão cristã em nossas
Onde não há com unhão igrejas locais (Hb 13.16).
3. A fé na esfera so cial. A fé cristã
entre os crentes, também precisa ser expressa na esfera
tam bém não há igreja p ú b lica. Ela tem 0 seu lado so cia l.
solidam ente edificada. Se por um lado o su bstan tivo grego
koinonia sig n ifica “ co m u n h ão ” , por
Não há, portanto, Igreja
outro lado, 0 verb o g reg o koinoneo
onde os seus m em bros p o ssu i tam bém 0 sentido de “ ajuda
vivem isolados e não contributiva e p a rtilh a ”. É usado por
m antêm com unhão uns Paulo com esse sentido em Rom anos
12.13. O se n tid o n e sse te x to é o de
com os ou tros.” socorrer os m ais pobres em suas n e­
cessidades. O apóstolo Paulo elogiou
os Filipen ses por serem conscientes
da dim ensão social do Evangelho (Fp
4.15). Não se trata apenas de m atar a
fom e dos pobres d eixan d o -o s vazios
de Deus. É o exercício da fé cristã na
III - COMUNHÃO
sua integralidade. A igreja, portanto,
E SOCIALIZAÇÃO
1. A fé na esfera fratern al. Um dos não pode exercer sua fé da m an eira
pilares da Igreja P rim itiva estava na bíblica esquecendo dos m ais carentes
com unhão (At 2.42). A palavra grega ou m ais pobres. Jesus ressaltou esse
koinonia, traduzida aqui como “ com u­ fa to (M t 25.35,36). Que m o d elo de
nhão”, ocorre 19 vezes no Novo Testa­ igreja somos quando poucos têm muito
mento e 0 seu sentido é literalmente de e m uitos têm tão pouco? O apóstolo
“parceria”, “participação” e “comunhão exorta a igreja para atentar para esse
espiritual”. Se somos cristãos e andamos fato (Tg 2.15,16).
na luz do Evangelho, devem os viver
em com unhão (1 Jo 1.7). Onde não há CONCLUSÃO
com unhão entre os crentes, tam bém V im os que a Igreja de Cristo tem
não há igreja solidamente edificada. Não um a g ra n d e m issã o aqui na T erra.
há, portanto, Igreja onde seus membros Ela foi ch am ad a p ara ser sa l e lu z.
vivem isolados e não mantêm comunhão Como sal ela salgará o mundo com a
uns com os outros. m ensagem da cruz em uma sociedade
2. Unidade e Fraternidade. A igreja que está corrom pida pelo engano do
do Novo Testam ento se expressa por pecado. Como luz, ela resplandecerá
meio da unidade e fraternidade entre nas densas trevas que cobrem 0 mundo
seus membros (1 Jo 1.3). Jesus orou pela sem Deus. Ao m ostrar Jesus Cristo ao
união fraterna de seus discípulos (Jo mundo perdido, produzir discípulos e
17.21). Um dos grandes m ales da igreja transform á-los em adoradores, a Igreja
hodierna está justamente na quebra da cum pre com a m issão para a qual foi
comunhão cristã, o que tem provocado chamada.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 25


REVISANDO O CONTEÚDO

l. Com o é exercid a a m issão da Igreja?

2. Qual é o sentido do su bstan tivo “ d iscíp u lo ” ?

3. O que é a adoração?

4. Qual é 0 sentido da palavra “ co m u n h ão ”?

5. O que a igreja não pode esquecer para exercer a sua fé de m an eira


bíblica?

Tornando-se uma A Transformação


Igreja Acolhedora da Igreja
Muitos líderes veem sua igreja Essa obra nos ajudará a avaliar
como um ambiente muito mais de forma adequada nossa
agradável e harmonioso do que congregação, conduzindo-nos
ela realmente é, porém, a visão passo a passo por processos que
de quem está visitando pela ajudarão os crentes a assumirem a
primeira vez pode ser muito forma do Corpo de Cristo.
diferente. Por que isto acontece?

2Ó LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO •FEVEREIRO •MARÇO 2024


IGREJA: ORGANISMO
E ORGANIZAÇÃO
/

TEXTO ÁUREO
“Escolhei, pois, irmãos, VERDADE PRÁTICA
dentre vós, sete varões de boa
A Igreja é um organismo vivo.
reputação, cheios do Espírito
Contudo, como toda estrutura
Santo e de sabedoria, aos
viva, precisa ser organizada.
quais constituamos sobre este
importante negócio.” (At 6.3)

\______________________________ _________ J
LEITURA DIÁRIA

Segunda - Ef 5.23 Quinta - l Co 14.40


Cristo, a cabeça da Igreja M antendo a decência e a ordem
Terça - 1 Co 12.12-14 Sexta - At 15.1-6
A Igreja como um organism o Resolvendo problemas de natureza
vivo, 0 Corpo de Cristo doutrinária
Quarta - At 16.4 Sábado - l Co 16.1
A Igreja organizada Cuidando dos santos

L __________________________ _______________________________ Â

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 27


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 6.1-7
1 - Ora, naqueles dias, crescendo o número 4 - Mas nós perseveraremos na oração e
dos discípulos, houve uma murmuração no ministério da palavra.
dos gregos contra os hebreus, porque as 5 - E este parecer contentou a toda a
suas viúvas eram desprezadas no minis­ multidão, e elegeram Estêvão, homem
tério cotidiano. cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e
2 - E os doze, convocando a multidão Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas
dos discípulos, disseram: Não é razoável e Nicolau, prosélito deAntioquia;
que nós deixemos a palavra de Deus e 6 - e o s apresentaram ante os apóstolos,
sirvamos às mesas. e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
3 - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete 7 - E crescia a palavra de Deus, e em Jeru­
varões de boa reputação, cheios do Espírito salém se multiplicava muito o número dos
Santo e de sabedoria, aos quais consti­ discípulos, e grande parte dos sacerdotes
tuamos sobre este importante negócio. obedecia à fé.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO de órgãos que constituem um ser vivo.


Nesta lição, vamos conhecer a Igreja Nesse aspecto, um corpo com as diferen­
como um organismo e uma organização. tes funções de seus órgãos e membros é
Veremos que não existe função sem forma entendido como estrutura física de um
nem organismo sem organização. Isso organismo vivo. Metaforicamente, a Igreja
nos ajudará a evitar os extremos: uma é definida como “o corpo de Cristo” (t Co
igreja sem nenhum tipo de liderança 12.27), um organismo vivo, cuja cabeça
visível; ou uma igreja estruturada em um é Cristo (Ef 5.23). Assim como um corpo
institucionalismo rígido que acaba por funciona pela harmonia de seus m em ­
sacrificá-la. Conheceremos também os bros, da mesma forma também a Igreja
três principais sistemas de governos ado­ (l Co 12.12). Os membros não existem
tados na tradição cristã ao longo dos anos independentem ente um dos outros (l
e em qual, ou quais, deles a nossa igreja Co 12.21). Portanto, como Corpo Místico
se enquadra. Sublinhamos que nenhum de Cristo, a Igreja existe organicamente.
desses modelos de governo eclesiástico é 2. A Ig re ja com o o rg a n iza ç ã o . A
mal em si mesmo. Porém, como tudo o que forma de organização da Igreja Prim i­
é humano, estão sujeitos a acertos e erros. tiva era simples, todavia, existia. Por
Portanto, o padrão exposto no Novo Testa­ exem plo, a igreja segu ia a liderança
mento deve ser buscado como parâmetro. cen tralizad a dos apóstolos (At 16.4).
Dessa forma, os apóstolos doutrinavam
I - A ESTRUTURA DA a igreja (At 2.42); cuidavam da parte
IGREJA CRISTÃ ad m in istra tiva (At 4.37); in stitu ía m
1. A Igreja com o o rg a n ism o . Um lideranças locais (At 6 .6 ; At 14.23); re­
organism o é visto como um conjunto u niam -se em Concilio (At 15.1-6). Por

28 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2022


outro lado, precisamos diferenciar uma gia e rituais. A organização, portanto,
igreja organizada de uma igreja institu­ é necessária para uma igreja viva. Uma
cionalizada. A organização é saudável, igreja organizada, por exemplo, mantém
o institucionalismo, não. A organização a decência e a ordem no culto (1 Co 14.40).
permite à igreja, como estrutura social, Estabelece costumes que devem ser ob­
se m ovim entar; o institucionalism o a servados (1 Co 11.16). Da mesma forma,
enrijece e a neutraliza. Uma igreja or­ em relação ao aspecto ritual. Nesse senti­
ganizada se m antém viva; uma igreja do, vemos a Igreja Primitiva batizando os
institucionalizada caminha para a morte. primeiros crentes em águas (At 8.38,39)
3. Organism o e organização. Vimos
e realizando a Ceia do Senhor (1 Co 11.23).
que a Igreja como 0 Corpo de Cristo é
um organismo vivo e uma organização.
III - O GOVERNO DA IGREJA
Ela e x is te com o o rg a n ism o e com o
NAS DIFERENTES TRADIÇÕES
organização. Nesse aspecto, podemos
CRISTÃS
dizer que não há organism o sem or­
1. Episcopal. Essa palavra traduz 0
ganização. Todo organism o precisa de
grego “ episkopos" e aparece algum as
organização, mesmo as estruturas mais
vezes no Novo Testam ento (At 20.28;
simples. Alguns acreditam que a Igreja
1 Tm 3.2; Tt 1.7). No contexto atual, 0
existe somente na forma de organismo
episcopalismo defende que Cristo con­
e rejeitam toda forma de organização
fiou 0 governo da igreja a uma categoria
para ela. Então, por exemplo, para essas
de oficiais denom inados de “ bisp os”
pessoas, não deve haver liderança ou
ou “ supervisores”. Com o tempo, esse
estrutura alguma. Entretanto, de acordo
sistem a passou a defender a prim azia
com a Bíblia, encontramos a Igreja como
de um bispo sobre 0 outro e terminou
forma de organism o e de organização.
culm inando no papado romano. Esse
modelo é seguido pelo Catolicismo, por
II - IGREJA: UM ORGANISMO algum as denominações protestantes e
VIVO E ORGANIZADO pentecostais.
1. No seu aspecto local. No contexto 2. Presbiteral. O ofício de presbítero
do Novo Testamento, a Igreja existe lo­ (gr. presbyteros) é encontrado no Novo
calmente como comunidade organizada. Testamento (At 11.30; At 15.2). Contudo,
Dessa forma, havia a igreja que estava no atual sistema presbiteral a igreja elege
em Roma, Corinto, Éfeso etc. Como um os presbíteros para um Conselho. Dessa
organismo vivo, a igreja do Novo Testa­ forma, 0 Conselho possui autoridade para
mento era organizada. Por exemplo, ela conduzir a igreja local. Há um supremo
se reunia (At 2.42) e orava (At At 2.42; Concilio ou Assembléia Geral que exerce
12.12). Contudo, enxergava as demandas autoridade sobre as igrejas de uma deter­
sociais que precisavam ser atendidas (At minada região ou país. É 0 sistema se­
4.35): instituiu 0 diaconato (At 6.2-6); guido pelas igrejas reformadas e algumas
elegeu lideranças (At 14.23); enviou seus igrejas pentecostais na América do Norte.
primeiros missionários (At 13.1-4). Todos 3. Congregacional. A prática de eleger
esses fatos mostram um organismo vivo os dirigentes da igreja local no contexto do
agindo de forma organizada. Novo Testamento é vista em Atos 14.23.
2. No seu aspecto litúrgico e ritual. Nesse atual sistema, 0 pastor é eleito pela
Toda igreja organizada possui sua litur­ Assembléia Geral da igreja local. Assim,

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 29


as igrejas locais são autônomas nas suas a autoridade de estabelecer lideranças
tomadas de decisões, não estando sujeitas pastorais nas igrejas locais pertence às
a nenhuma interferência que venha de Convenções Estaduais. Em alguns casos,
fora. É o modelo seguido pelos batistas. essa função cabe a uma igreja-sede que
4. O sistem a de governo de nossa preside sobre um conjunto de congrega­
igreja. No contexto norte-americano, as ções locais a ela filiadas.
Assembléias de Deus se aproximam mais
do modelo de governo presbiteral. Por
CONCLUSÃO
outro lado, no contexto brasileiro, nossa
Nesta lição, fizemos uma análise da
igreja reúne elementos dos sistemas epis­
Igreja como organism o e organização.
copal e congregacional. É, portanto, um
O que ficou claro é que as Escrituras
modelo híbrido. Isso porque até 0 início
destacam a Igreja como um organismo
dos anos 1930, a Assembléia de Deus, por
vivo e organizado. Nesse aspecto, jun-
haver sido fundada por batistas, seguia
tamente com os presbíteros e diáconos,
0 modelo congregacional. Contudo, esse
sistema de governo sofreu modificações 0 colégio apostólico dava corpo e forma
a partir da criação da Convenção Geral ao m inistério local da igreja neotesta-
de 1930, quando elem entos do modelo mentária. Embora essa igreja possuísse
episcopal foram somados a sua estrutura um a estru tu ra o rgan izacio n al muito
de governo. Assim, no atual modelo de simples, contudo, ela existia. Por outro
governo, em sua grande maioria, embora lado, embora não haja nenhuma norma
mantenham certa autonomia adminis­ específica de como deve ser 0 governo
trativa em relação as convenções Geral e da igreja no Novo Testamento, ao longo
Estadual, a quem são filiadas, as igrejas dos anos os cristãos têm procurado se
possuem um modelo de liderança re­ inspirar no texto bíblico para regula­
gional e local centralizado. Por exemplo, m entar seus m inistros e m inistérios.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Conceitue “ o rg a n ism o ” .

2. C a racterize a o rg a n iza çã o da Igreja P rim itiva.

3. Quais fatos mostram a Igreja como um organismo vivo agindo de


forma organizada?

4. E xplique o sistem a de governo ep iscop al e con gregacio n al.

5. E xplique o sistem a de governo de n ossa igreja.

30 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO ■FEVEREIRO • MARÇO 2 0 2 4


LIÇAO 7
18 de Fevereiro de 2024

O M INISTÉRIO DA IGREJA

TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“E ele mesmo deu uns para
Os dons ministeriais foram dados
apóstolos, e outros para
com 0 objetivo de edificar a Igreja
profetas, e outros para
e promover a maturidade de seus
evangelistas, e outros para
membros.
pastores e doutores.” (Ef 4.11)

V_______________________ ______________________________ )

LEITURA DIÁRIA

Segunda - 1 Tm 3.1 Quinta - At 6.1-7


A excelência do chamado A instituição do diaconato
m inisterial Sexta - 1 Tm 3.2-7
Terça - 1 Pe 2.9 As qualificações morais do
O sacerdócio universal de todos os m inistério
crentes Sábado - T t 1.7
Quarta - Ef 4.11 Qualificações de natureza social
O m inistério quíntuplo da Igreja do m inistério

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 31


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Efésios 4.11-16
11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, nos inconstantes, levados em roda por
e outros para profetas, e outros para todo vento de doutrina, pelo engano
evangelistas, e outros para pastores e dos homens que, com astúcia, enganam
doutores, fraudulosamente.
12 - querendo 0 aperfeiçoamento dos 15 - Antes, seguindo a verdade em amor,
santos, para a obra do ministério, para cresçamos em tudo naquele que é a ca­
edificação do corpo de Cristo, beça, Cristo,
13 - até que todos cheguemos à unidade 16 - do qual todo 0 corpo, bem-ajustado
da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, e ligado pelo auxílio de todas as juntas,
a varão perfeito, à medida da estatura segundo a justa operação de cada parte,
completa de Cristo, faz 0 aumento do corpo, para sua edifi­
14 - para que não sejamos mais meni­ cação em amor.

CO M EN TÁR IO

INTRODUÇÃO bem antiga entre os hebreus. Ela saiu


Nesta lição, veremos 0 ministério em da esfera fam iliar para se tornar uma
suas diferentes funções e ofícios, bem complexa prática cerimonialista. Dessa
como as qualificações que, biblicamen- form a, a evolu ção do sacerd ócio na
te, são exigid as para o seu exercício. A n tig a A lian ça é com o segue: (1) no
Prim eiram ente, m ostrarem os que, de princípio, quando surgiu a necessidade
modo bíblico, todo cristão exerce um de se oferecer sacrifícios, os cabeças das
m inistério sacerdotal que 0 habilita a fam ílias eram seus próprios sacerdotes
m inistrar diante de Deus. Nesse sen­ (Gn 4.3; Jó 1.5); (2) Assim , na era dos
patriarcas, encontramos 0 chefe da fa­
tido, não há diferença entre o membro
m ília exercendo essa função (Gn 12.8);
e a lid eran ça. Todos são sacerd otes
(3) Israel, como nação, foi posta como
de Deus. Por outro lado, as Escrituras
sacerdote para outros povos (Êx 19.6);
mostram claramente que Deus escolheu
(4) no M onte Sinai, o Senhor lim itou
d eterm in ad as pesso as para fu n ções
a prática sacerdotal à fam ília de Arão
e ofícios específicos. Esses m inistros
e à tribo de Levi (Êx 28.1; Nm 3.5-9).
cham ados por Deus têm a função de
2. Uma doutrina bíblica confirmada
servir à Igreja de Cristo e trabalhar no
no Novo T estam en to. O Novo T esta­
aperfeiçoamento dos santos.
mento apresenta 0 sacerdócio da Antiga
Aliança como um tipo de Cristo (Hb 8.1)
I - O MINISTÉRIO SACERDO­ que operou 0 derradeiro sacrifício pelos
TAL DE TODO CRENTE pecados do povo. Assim, não mais uma
1. O S a ce rd ó c io no A n tig o T e sfam
­ ília, tribo ou nação é detentora do
tam en to . A prática do sacerdócio é sistem a sacerdotal. Agora, é a Igreja

32 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024


que co n stitu i o sacerdócio u niversal Cristo e da Igreja”. A Reforma pregou
de todos os crentes (1 Pe 2.5; Ap 5.10; um retorno radical às Escrituras, como
cf. Jr 31.34). Logo, se debaixo da Antiga bem definiu seu slogan no Sola Scriptura
Aliança 0 sacerdote era um ministro do (somente a Escritura). Nas páginas das
culto, agora, sob a Nova Aliança, como E scritu ras Sagradas, podem os ver a
sacerdotes, oferecemos 0 próprio corpo grandeza dessa preciosa doutrina.
em sacrifício vivo (Rm 12.1,2); m inistra­
mos 0 louvor como fruto de nossos lábios
(Hb 13.15); intercedemos pelos outros (1
II - A ESTRUTURA MINISTE­
Tm 2.1; Hb 10.19,20); proclam am os as RIAL DO NOVO TESTAMENTO
virtudes daquele que nos chamou das 1. O m in istério quíntuplo. O texto
trevas para a sua m aravilhosa luz (1 Pe de E fésios 4.11 d iz que Deus pôs na
2.9); e mantemos comunhão direta com Igreja apóstolos, profetas, eva n gelista s,
Deus (2 Co 13.13). pastores e m estres. Essa relação é des­
3. Uma doutrina bíblica resgatada crita com um en te com o “ m in istério
na Reforma Protestante. No catolicismo quíntuplo” da Igreja.
romano, 0 sacerdócio é limitado à figura a) Apóstolo. Alguém enviado em uma
dos padres. Não há a função sacerdotal m issão (Mt 10.2; Lc 22.14; At 13.2). A l­
para os membros da igreja. Nesse caso, 0 guns requisitos podem ser destacados
Papa é considerado 0 vigário de Cristo na para alguém ser um apóstolo: Ter estado
Terra. Por isso, cabe destacar aqui que 0 com 0 Senhor Jesus (At 1.21,22); ter sido
resgate da doutrina bíblica do sacerdócio uma testemunha da ressurreição de Jesus
universal dos crentes, tal qual se encontra (At 1.22); ter visto 0 Senhor (At 9.1-5);
no Novo Testam ento, foi uma obra da ter operado sinais e m aravilhas (2 Co
Reforma Luterana do século 16. Para o 12.1-5). Assim , no Novo Testam ento, o
reformador alemão, “qualquer cristão apostolado pode ser visto m ais como
verdadeiro participa dos benefícios de uma função do que um ofício.

A M P L IA N D O O CO N H ECIM EN TO

SACERDÓCIO UNIVERSAL DO CRENTE


“A Igreja, no decurso dos séculos, sempre
tendeu a dividir-se em duas categorias gerais:
o clero (gr .klêros - ‘sorte, porção’, isto é, por­
ção que Deus separou para si) e o laicato (gr.
laos - povo). O Novo Testam ento, no entanto,
não fa z um a d istin çã o tão m arcan te. Pelo
contrário, a ‘porção’ ou klêros de Deus, sua
própria possessão, refere-se a todos os crentes
nascidos de novo, e não somente a um grupo
seleto.” Amplie mais 0 seu conhecimento, lendo
a obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal, Editora CPAD, p.564.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 33


VI do de “ se rv ir” em Atos 6.1. À luz do
contexto de Atos 6, observam os que
0 diaconato era um serviço dedicado
m a is à e s fe ra s o c ia l da ig r e ja . Por
Os m inistros do Corpo
outro lado, 0 presbyteros, tra d u zid o
de Cristo têm como como “ presb íteros”, ocorre 66 vezes
requisitos inegociáveis no texto grego do Novo Testam ento.
para o exercício do Em Atos 14.23, o term o é usado para
se referir aos anciãos que presidiam as
m inistério as igrejas. Esse mesmo sentido é usado por
qualificações m orais Lucas em Atos 20.17, quando Paulo se
e so cia is.” encontra com os presbíteros de Éfeso.
Dessa form a, 0 presbítero era alguém
que supervisionava, presidia ou ainda
exercia algum a função pastoral.

III - AS QUALIFICAÇÕES PARA


b) Profeta. O p ro fe ta era a lg u ém O MINISTÉRIO
inspirado e autorizado para falar em 1. Qualificações de natureza moral.
nome de Deus. Nesse aspecto, ele era O apóstolo Paulo expõe as qualificações
um porta-voz de Deus. No Novo Testa­ para o exercício m inisterial nas suas
mento, o profeta exortava e consolava cartas pastorais (1 Tm 3 -1- 15; Tt 1.5-9)-
(At 15.32) e trazia revelação do futuro Aqui listam os apenas algum as delas:
(At 11.27-29). Contudo, a Escritura dis­ Não apegado ao dinheiro, ou seja, não
tingue 0 m inistério de profeta do dom avarento (l Tm 3.3); ser irrepreensível (l
da profecia. A ssim , som ente algu n s Tm 3.2; Tt 1.6), ou seja, alguém que não
eram cham ados para ser profetas (Ef possua nenhuma acusação válida (1 Tm
4.11) enquanto todos poderiam exercer 3.10), 0 que não significa ausência de
0 dom da profecia (1 Co 14.5,31). pecado, mas uma vida pessoal ilibada,
c) Evangelista. É alguém cujo m inis­ acima de qualquer acusação legítim a e
tério é centrado na salvação de alm as de algum escândalo público.
(At 8.5; 21.8). 2. Qualificações de natureza so­
d) Pastores e mestres. O pastor possui a cial. Ao longo das ca rta s p asto rais,
função de apascentar (Jo 21.16) enquanto verificam os tam bém a necessidade de
0 mestre, a de ensinar (Rm 12.7). qualificações de natureza social, tais
2. O serviço de diáconos e presbí­
como: 0 aspirante ao m in istério não
teros. O Novo Testamento mostra como pode ser soberbo, isto é, arrogante e
o diaconato foi in stitu íd o (At 6.1-7). orgulhoso (Tt 1.7), uma pessoa de difícil
O sentido do verbo grego diakoneo é convívio social, alguém que, devido a
“ s e r v ir ” e ocorre 37 v e ze s ao longo sua soberba, m antém -se obstinado em
do Novo Testam ento. Esse significado sua própria opinião, age com teimosia
aparece em Atos 6.2. Da mesma forma, e arrogância; 0 aspirante tam bém não
0 substantivo grego diakonia, ocorre pode ser irascível (Tt 1.7), truculento,
34 vezes no texto neotestam entário. violento, aquele que possui um tem ­
Ele tam bém aparece com esse sen ti­ peram ento m ais colérico, uma pessoa

34 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


que não pensa duas vezes antes de agir CONCLUSÃO
de form a descontrolada contra outro, N esta lição , v im o s o m in isté rio
d e sq u a lific a d o -o para ser m in istro sob diferentes aspectos. Vim os que a
do Senhor. doutrina do sacerdócio u niversal dos
3. Q ualificados para o m inistério. crentes é inteiram en te bíblica. Todo
De acordo com as ca rta s p a sto ra is, crente tem 0 privilégio de apresentar a
podemos afirm ar que há qualificações si mesmo e a outros diante de Deus, sem
claras para o exercício do m inistério a necessidade de mediadores terrenos.
da Igreja de Cristo. Nesse sentido, os Vimos tam bém que Deus pôs na Igreja
m inistros do Corpo de Cristo têm como alguns para 0 exercício de determinadas
requisitos inegociáveis para 0 exercício funções específicas. Esses m inistérios
do m inistério as qualificações morais e devem ser vistos como dons de Deus
sociais conform e estudados aqui. à Igreja.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Com o 0 Novo Testam en to apresenta o sacerdócio da A n tiga A liança?

2. Qual m ovim ento histórico fez 0 resgate da doutrina bíblica do sacer­


dócio u niversal de todos os crentes?

3. Cite os cinco m inistérios de Efésios 4.11.

4. Segundo a lição, qual é a distin ção entre o m inistério de Profeta e 0


dom da profecia?

5. Quais as natu rezas da qualificação m inisterial?

VOCABULÁRIO
Derradeiro: 0 ú ltim o , não é sucedido p o r n e n h u m o u tro .
Veterotestam entário: R elativo ao A n tig o Testam ento.
Neotestam entário: R elativo ao Novo Testam ento.
Vigário: R eligioso que, in v e s tid o de autoridade, exerce em seu nom e
suas funções.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 35


LIÇÃO 8
25 de Fevereiro de 2024

A DISCIPLINA NA IGREJA

" ^
f
TEXTO ÁUREO
"Ej á vos esquecestes da VERDADE PRÁTICA
exortação que argumenta A disciplina cristã é uma
convosco como filhos: Filho meu, doutrina bíblica necessária,
não desprezes a correção do pois permite ao crente refletir 0
Senhor e não desmaies quando, caráter de Cristo.
por ele, fores repreendido.”
(Hb 12.5)

V___________________ _______ J
LEITURA DIÁRIA

Segunda - Lv 11.44 Quinta - 1 Co 5.6


0 Senhor nosso Deus é santo 0 poder contagioso do pecado
Terça - 1 Pe 1.14,15 Sexta - G1 6.2
0 povo de Deus deve ser santo Levando as cargas uns dos outros
Quarta - Rm 2.22-24 Sábado - Hb 12.7
Deus deve ser honrado na vida Deus corrige a quem ama

L___________________________ _______________________________Á

36 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

H ebreu s 12 .5 -13
5 - E já vos esquecestes da exortação que mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?
argumenta convosco comofilhos: Filho meu, 10 - Porque aqueles, na verdade, por um
não desprezes a correção do Senhor e não pouco de tempo, nos corrigiam como bem
desmaies quando, por ele, fores repreendido; lhes parecia; mas este, para nosso proveito,
6 - porque 0 Senhor corrige 0 que ama para sermos participantes da sua santidade.
e açoita a qualquer que recebe por filho. 11 - E, na verdade, toda correção, ao
7 -S e suportais a correção, Deus vos trata presente, não parece ser de gozo, senão
como filhos; porque que filho há a quem de tristeza, mas, depois, produz um fruto
0 pai não corrija? pacífico de justiça nos exercitados por ela.
8 - Mas, se estais sem disciplina, da qual 12 - Portanto, tornai a levantaras mãos
todos são feitos participantes, sois, então, cansadas e os joelhos desconjuntados,
bastardos e não filhos. 13 ~ e fazei veredas direitas para os vos­
9 - Além do que, tivemos nossos pais se­ sos pés, para que 0 que manqueja se não
gundo a carne, para nos corrigirem, e nós os desvie inteiramente; antes, seja sarado.
reverenciamos; não nos sujeitaremos muito

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO 11.45). Deus é santo e como tal deve ser


Nesta lição, estudarem os sobre a reconhecido. Jesus mostrou na oração do
prática da disciplina na igreja. Embora Pai Nosso a necessidade de reconhecer­
seja muito necessária, a disciplina como mos a santidade de Deus: “ santificado
prática da Igreja Cristã vem sendo es­ seja 0 teu nome” (Mt 6.9). Quando Deus
quecida e negligenciada por muitos. Ora, se faz presente, a nossa pecaminosida-
uma igreja que não corrige seus membros de se evidencia: “ E, vendo isso Simão
perdeu a sua identidade, não passando Pedro, p rostro u -se aos pés de Jesus,
de um mero grupo social. O resultado dizendo: Senhor, ausen ta-te de mim,
disso são igrejas fracas, anêmicas e sem por que sou um homem pecador” (Lc
testem unho cristão. Por isso, 0 nosso 5.8). Assim , quando 0 comportamento
assunto da disciplina cristã como um pecam inoso na vida do crente não é
processo form ativo do caráter cristão corrigido, a santidade de Deus deixa
nas modalidades corretiva e formativa. de ser reconhecida.
2. A Igreja é santa. Deus é santo e a
I - A NECESSIDADE DA igreja tam bém deve ser: “ Sede santos
DISCIPLINA BÍBLICA porque eu sou sa n to ” (1 Pe 1.16). Ao
1. Deus é santo. Santidade é um dos formar seu povo, tanto na Antiga como
atributos de Deus e, por isso, é uma das na Nova A liança, 0 desejo do Senhor
causas que justificam a necessidade da é que ele fosse um povo separado. Na
disciplina na igreja: “Eu sou santo” (Lv verdade, a palavra grega hagios, tra-

JANEIRO ■FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 37


duzida como “ santo” , possui o sentido “Não sabeis que um pouco de fermento
de “ separado” ou “ consagrado” . faz levedar toda a m assa?” (1 Co 5.6).
3. Quando a igreja não disciplina. 3. Não tolerar a prática do pecado.
Se a igreja, como Corpo de Cristo deve Em l Coríntios 5, o apóstolo Paulo cen­
ser santa (1 Co 3.16), da m esma forma sura os coríntios porque não estavam
0 cristão, como membro desse Corpo, 0 adotando medida alguma contra a prá­
deve ser também (1 Co 6.19). A santidade tica do pecado por parte de um de seus
faz parte da identidade do cristão (Ef m em bros (1 Co 5.1,2). A consequência
1.1). Logo, a falta de disciplina acaba disso é que esse pecado acabaria en­
em botan do essa id en tid ad e. Surge, fraquecendo a igreja, pois uma igreja
então, a im agem do crente “ mundano” que não pratica a d iscip lin a bíblica
ou “ carnal”. Na verdade, esses adjetivos fatalm ente fracassará. Nesse sentido,
revelam de fato um crente indisciplina­ não se pode tolerar a prática do pecado,
do. Alguém que não tratou, ou não foi ou 0 com portam ento pecam inoso, na
tratado, aquilo que acabou se tornando igreja nem fora dela: “Mas tenho contra
um hábito pecaminoso. Nesse sentido, ti 0 tolerares que Jezabel, mulher que se
a falta de disciplina acaba destruindo 0 diz profetisa, ensine e engane os meus
limite entre o sagrado e 0 profano. Por­ servos, para que se prostituam e comam
tanto, uma igreja que não disciplina seus dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20).
membros torna-se mundana (Ap 3.19).
III - AS FORMAS DE
II - O PROPÓSITO DA DISCIPLINA BÍBLICA
DISCIPLINA BÍBLICA 1. A disciplina como modo de cor­
1. M anter a honra de Cristo. Quando reção. As Escrituras mostram a neces­
0 pecado não é tratado na vida do crente, sidade de sermos corrigidos. A correção
Cristo é desonrado: “o nome de Deus é contribui para 0 crescimento e formação
blasfemado entre os gentios por causa do caráter cristão: “Porque que filho há
de vós” (Rm 2.24). Se não corrigido, 0 a quem 0 pai não corrija?” (Hb 12.7).
comportamento pecaminoso compromete Todos os crentes, de algu m a form a,
0 testemunho cristão. No caso da igreja tiveram a necessidade de ser corrigidos
de Corinto, onde um dos seus membros em algum momento. Se alguém não é
adotou um comportamento flagrante- corrigido quando erra, então, segundo
mente pecaminoso sem, contudo, ter uma a Bíblia, trata-se de um bastardo e não
resposta enérgica da igreja, condenando de filho (Hb 12.8). Pedro, por exemplo,
essa prática, levou 0 apóstolo Paulo a cen­ teve que ser corrigido por Paulo quando
surá-la (1 Co 5.2). Não é possível alguém adotou uma atitude visivelmente erra­
adotar um comportamento pecaminoso da em relação aos gentios (Gl 2.11-14).
sem que com isso incorra em julgamento Quando o crente comete alguma falta e
divino (l Co n . 27 - 3 4 ; Ap 2.14,15). não é corrigido, a tendência é que isso
2. Frear o com portam en to p e ca ­ acabe se tornando um comportamento. O
m inoso. Outro propósito da disciplina comportamento errado é reforçado. Dessa
cristã está no fato de que ela põe um forma, 0 alvo da disciplina é levar aquele
freio no com portam ento pecaminoso. que pecou, ou vive na prática do pecado,
Isso porque o pecado é algo extraordi­ à restauração e reconciliação (Gl 6.1).
nariam ente contagioso que tem poder 2. A disciplina como form a de res­
de se alastrar com grande facilidade. tau ração . A p alavra greg a katartizo,

38 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO IANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


trad uzida aqui como “ en cam in h ai o na terra será ligado no céu, e tudo o que
ta l” significa na verdade “ restaurar”. desligardes na terra será desligado no
É usada em Mateus 4.21 para se referir céu” (Mt 18.18). Assim, 0 indivíduo perde
aos “ rep aro s” (rem endos) das redes a condição de membro pelo desligamento,
de pescas. O sentido, portanto, é fazer já que o Senhor disse que ele passa a ser
com que a pessoa atingida pelo pecado considerado “gentio” e “publicano” (Mt
seja restaurada ao seu anterior estado 18.17). Esse desligamento corta 0 vínculo da
de b e m -e sta r com Deus, da m esm a comunhão entre 0 membro e a igreja. Não
form a que uma rede de pesca volta à há, portanto, mais vínculo entre 0 crente
sua utilidade após ser consertada. Nesse excluído por esse processo disciplinar e a
aspecto, dizemos que a disciplina cumpre igreja da qual fazia parte.
0 importante papel de restaurar 0 ferido,
conforme a instrução do apóstolo Paulo CONCLUSÃO
à igreja de Corinto para que restaurasse Nesta lição, vim os 0 valor da disci­
0 faltoso à comunhão (2 Co 2.5-8). plina cristã sob diferentes aspectos. A
3. A disciplina como modo de exclusão.
disciplina se mostra necessária quando
Esse tipo de disciplina é também conhecido sabemos que Deus é santo e exige que
como “ cirúrgica”. Isto porque 0 membro seu povo seja santo. Por outro lado, a
é cortado do Corpo de Cristo: “Tirai, pois, disciplina também cumpre os propósitos
dentre vós a esse iníquo” (l Co 5.13). Nesse de Deus quando ela conduz 0 cristão a
caso, há um desligamento e não apenas se conform ar com o caráter de Cristo.
um afastam en to da com unhão: “ Em Uma igreja indisciplinada, portanto,
verdade vos digo que tudo 0 que ligardes perdeu 0 bom cheiro de Cristo (2 Co 2.14).

REV ISA N D O O C O N TEÚDO

1. Qual é um a das cau sas que ju stifica m a necessidad e da d iscip lin a


na igreja?

2. O que acontece quando 0 pecado não é tratad o na vid a do crente?

3. Por que 0 apóstolo Paulo cen su ra os crentes em 1 C orín tios 5?

4. Cite três form as de d iscip lin a bíblica de acordo com a lição.

5. Com 0 que a correção contribui?

VOCABULÁRIO
Incorrer: Ficar sujeito; incidir; comprometido; envolvido em.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 39


^ r
TEXTO ÁUREO VERDADE PRÁTICA
“Portanto, ide, ensinai todas as 0 batismo é uma ordenança
nações, batizando-as em nome de Jesus Cristo e, por isso,
do Pai, e do Filho, e do Espírito deve ser uma prática
Santo.” (Mt 28.19) obedecida pela igreja.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - At 16.33 Quinta - At 2.38


Uma p rá tica c ris tã B a tiza n d o os v e rd a d e ira m e n te
c o n ve rtid o s
Terça - Mt 28.19
Uma ordenança de Jesus C risto Sexta - Cl 2.12
Id e n tific a d o s com C risto
Quarta - Mc 16.16
0 b a tis m o é para quem crê Sábado - At 2.41
verdad e ira m e n te em C risto T e ste m u n h o p ú b lico da fé

L___________________________

40 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO ■MARÇO 2024


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Romanos 6.1-11
1 - Que diremos, pois? Permaneceremos 6 - sabendo isto: que 0 nosso velho homem
no pecado, para que a graça seja mais foi com ele crucificado, para que 0 corpo
abundante? do pecado seja desfeito, afim de que não
2 - De modo nenhum! Nós que estamos sirvamos mais ao pecado.
mortos para 0 pecado, como viveremos 7 - Porque aquele que está morto está
ainda nele? justificado do pecado.
3 - Ou não sabeis que todos quantos 8 - Ora, se já morremos com Cristo, cremos
fomos batizados em Jesus Cristo fomos que também com ele viveremos;
batizados na sua morte? 9 - sabendo que, havendo Cristo ressus­
4 - De sorte que fomos sepultados com ele citado dos mortos, já não morre; a morte
pelo batismo na morte; para que, como não mais terá domínio sobre ele.
Cristo ressuscitou dos mortos pela glória 10 - Pois, quanto a ter morrido, de uma
do Pai, assim andemos nós também em vez morreu para 0 pecado; mas, quanto
novidade de vida. a viver, vive para Deus.
5 - Porque, se fomos plantados junta­ 11 - Assim também vós considerai-vos
mente com ele na semelhança da sua como mortos para 0 pecado, mas vivos
morte, também 0 seremos na da sua para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.
ressurreição;

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO I - PRESSUPOSTOS BÍBLICO-


N esta lição , va m o s estu d ar um a - DOUTRINÁRIOS DO BATISMO
im portante prática cristã - 0 Batismo l. 0 Batismo visto como sacramento:
em águas. Verem os que 0 rito do Ba­ a origem de um erro. A tradição católica
tism o foi praticado por João Batista, e alguns segmentos do protestantismo
Jesus Cristo e seus apóstolos e, p o s­ h istó rico veem a prática do batism o
teriorm ente, pelos cristãos da Igreja como um sacramento. A palavra “ sa­
Prim itiva. É uma prática, portanto, de cramento” vem do latim sacramenntum,
grande im portân cia para a Igreja de significando um sinal sagrado capaz de
Cristo. Contudo, com o toda doutrina conferir graça àquele que dele participa.
cristã, a prática do Batism o tam bém Nesse sentido, Agostinho (354-430 d.C),
tem sofrido desvios ao longo da h is ­ bispo de Hipona, que introduziu esse
tória, tanto no seu propósito quanto desvio na igreja, entendia que o batismo,
na sua fo rm a . A ssim , é n e ce ssá rio como sacramento, é um rito que transmi­
deixarm os a Bíblia falar a fim de que te graça espiritual independentemente
0 p rop ósito co rreto para o qu al foi da fé de quem 0 pratica. Esse enten­
in s titu íd a essa im p o rta n te p rá tica dim ento teológico-doutrinário define
seja observado. um sacram ento como sendo um sinal

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 41


vv pecado original. Evidentemente que esse
entendimento do bispo de Hipona está
contra 0 ensino de Cristo, que afirmou
que as crianças fazem parte do Reino
[...] N ão h á v e s tíg io s de Deus: “Jesus, porém, disse: Deixai
no N o vo T e s ta m e n to de os pequeninos, não os estorveis de vir
crian ças sen d o b a tiza d a s a m im , porque dos tais é o Reino dos
céus” (Mt 19.14)- Logo, não há vestígios
[...]. U m a crian ça, que
no Novo Testamento de crianças sendo
a in d a não c h e g o u à batizadas, pois nosso Senhor disse que
idade da razão, não te m 0 Batismo deveria ser adm inistrado a
quem cresse (Mc 16.16). Uma criança,
m atu rid ad e para crer e
que ainda não chegou à idade da razão
fa z er e s c o lh a s .” não tem m aturidade para crer e fazer
escolhas.

II - O SÍMBOLO E O PROPÓ­
SITO DO BATISMO
1. Símbolo do Batismo: Identifica­
visível de uma graça invisível. Dessa ção com Cristo. O Batismo por imersão
forma, na visão de algum as tradições simboliza a união do crente com Cristo,
cristãs, o batism o torna-se necessário por meio de sua a morte, sepultamento
para a salvação. e ressu rreição. Essa verdade é a fir ­
2. O Batismo não é sacramento, mas
mada pelo apóstolo Paulo aos cristãos
ordenança de Cristo. O ensino bíblico que e sta v a m em Rom a (Rm 6.3-5).
concernente ao Batismo é que ele é uma D essa form a, 0 apóstolo m ostra que
ordenança e não um sacramento: “ Ide, 0 ato de em ergir da água, onde havia
portanto, fazei discípulos de todas as sido submerso, retrata com precisão a
nações, batizando-os em nome do Pai, identificação do cristão com a ressur­
e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt reição de Cristo. Essa m esm a verdade
28.19). Não há, portanto, no Batismo, é afirm ada na Carta aos Colossenses:
um poder m ágico capaz de transm itir “ Sepultados com ele no batism o, nele
graça para a salvação. O ensino bíblico também ressuscitastes pela fé no poder
é que 0 Batismo é uma ordenança dada de Deus, que 0 ressuscitou dos mortos”
por Cristo a quem já foi alcançado pela (Cl 2.12). Isso sim boliza que 0 cristão
graça, e não a quem quer obter alguma morreu para a velha vida e agora entrou
graça através dele. na nova vida em Cristo.
3. 0 Batismo deve ser administrado 2. O Propósito do Batismo: Teste­
aos adultos. O m esm o Agostinho que munho público da fé cristã. No contexto
entendia 0 Batismo como um sacramen­ da fé bíblica, o Batismo é uma pública
to, defendeu também que os bebês, por p rofissão de fé. Isso sig n ifica que 0
haverem nascidos com 0 pecado original, crente, quando desce às águas b a tis­
precisavam ser batizados para serem m ais, está testem unhando de form a
salvos. Nesse caso, 0 Batismo deveria pública perante o mundo da sua nova
ser adm inistrado a eles para anular 0 vida em Cristo (At 2.41). Quem se can­

42 LIÇÕES BÍBLICAS - ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


didata ao Batism o deve estar convicto cristã seguem a fórm ula trinitariana.
e consciente da fé que abraçou. Aqui, Há g ru p o s que se gu em um tip o de
não há território neutro (Cl 2.6). Enfim, d o u trin a m o d a lista . Um exem p lo é
o batism o é para salvos e convertidos 0 u n icism o . Esse gru po b a tiz a seus
que estão dispostos a seguir Jesus (At membros som ente em nome de Jesus.
8.12; 16.14,15). O suporte bíblico dele é buscado em
3. Não há espaço para indecisão. algu n s texto s do livro de Atos, onde
Somente cristãos indecisos rejeitam ser su p o sta m e n te se n e g a ria a p rá tica
batizados. Às vezes isso acontece por trin ita ria n a (At 2.38; 19.5). Convém
ignorância ao sentido do ato. Outras d iz e r que e s se s te x to s não n ega m
vezes é por falta de convicção de fé. No a fó rm u la trin itá ria nem tam pouco
primeiro caso, às vezes 0 crente entende negam a Trindade. Na verdade, o que
que após ser batizado não pode m ais é dito é que 0 B atism o era feito na
cometer qualquer tipo de falha. Embora autoridade de Jesus, isto é, naquilo
a Bíblia mostre que 0 crente deve evitar que Ele fez e ensinou.
o pecado (1 Jo 2.1), contudo, o Batismo 3. Imersão: o método bíblico do
não pode ser visto como uma vacina que Batismo. Convém d ize r que não há
im uniza o cristão contra o pecado. Este v e stíg io s da p rática do Batism o por
é vencido quando se anda no Espírito aspersão no Novo Testamento. Esse tipo
(G1 5.16). Por outro lado, há muitos que de Batismo se caracteriza por aspersão
reje ita m 0 B atism o ju sta m e n te por de água sobre 0 candidato. Entretanto,
falta de conversão. Estão conscientes 0 contexto do Novo Testamento mostra
das im p licaçõ es que esse rito tra z e claram ente que 0 Batismo nos dias bí­
não estão dispostos a cortar o cordão blicos era por imersão. A palavra grega
um bilical com 0 mundo. baptizo possui 0 sentido de “ mergulhar”
e “ submergir” tanto na Bíblia como fora
III - A FÓRMULA E O M É ­ dela. Vários textos bíblicos m ostram a
TODO DO BATISMO prática bíblica do Batismo por imersão: 0
1. Fórmula trinitária do Batismo. povo saía para ser batizado por João no
D u ran te a G rande C o m issã o , Jesus (dentro de) rio Jordão (Mc 1.5); da mesma
orien tou seus d iscípu los: “ P ortan to forma, quando foi batizado, Jesus “ saiu
ide, fazei discípulos de todas as nações, da água” (Mc 1.10); João batizava onde
b a tiz a n d o -o s em nom e do Pai, e do havia muita água (Jo 3.23).
Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
Essa é a fórmula trinitária do batism o CONCLUSÃO
cristão. Isso porque esse texto cita as Procuramos abordar as questões mais
três pessoas da Trindade: Pai, Filho e relevantes concernentes ao Batismo em
Espírito Santo. Um só Deus, três pessoas águ as. M ostram os que, em bora não
distintas, com uma só essência. No rito tenha a atribuição de salvação a quem
do Batismo, portanto, a orientação de dele participa, o Batism o é, sim, uma
Jesus precisa ser seguida pela invocação prática que deve ser levada a sério por
do nome do Pai, do Filho e do Espírito todo crente que quer seguir as Palavras
Santo. de Jesus. Por meio do Batismo nos iden­
2. Fórmula herética do Batismo. tificam os com Cristo Jesus e tornamos
Nem todos os grupos dentro da tradição pública a nossa profissão de fé.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 43


REV ISA N D O O C O N TEÚDO

l. E xplique o sign ificad o da p a lavra “ sacram en to ” .

2. De acordo com a lição, qual é o en sino bíblico sobre o Batism o?

3. O que 0 Batism o sim boliza?

4. Qual é 0 propósito do Batism o?

5. Q uais são a fórm u la e 0 m étodo bíblico do Batism o?

VOCABULÁRIO
Estorvar: importunar, incomodar, embaraçar.
Modalismo: doutrina herética que nega a existência das três pessoas
da Santíssima Trindade na fé cristã.

LEITU RAS PARA APROFUNDAR

TEO
LO G IÀ
S IS T E M Á TIC A

EURICOBERGSTÉN

Declaração de Fé
Esta Declaração de Fé é um Teologia Sistemática
documento eclesiástico que (Eurico Bergstén)
organiza, de forma escrita e Uma grande introdução às
sistemática, as crenças e práticas doutrinas bíblicas. O autor
das Assembléias de Deus no Brasil expressa seus conhecimentos
que já são ensinadas desde a através de um valioso ensino
chegada ao país dos missionários bíblico que nos faz conhecer
fundadores. Deus e sua vontade.

44 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024


LIÇAO 10
10 de Março de 2024

A CEIA DO SENHOR -
A SEGUNDA ORDENANÇA
DA IGREJA
r
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“Porque, todas as vezes que
A Ceia do Senhor, como uma
comerdes este pão e beberdes
ordenança, celebra a comunhão
este cálice, anunciais a morte
do crente com 0 Senhor
do Senhor, até que venha.”
ressuscitado.
(1 Co 11.26)

________ J
LEITURA DIARIA

Segunda - Lc 22.19,20 Quinta - At 2.42


Uma ordenança de Jesus Celebrando a comunhão cristã
Terça - l Co 11.24 Sexta - 1 Co 11.27
A Ceia do Senhor como um Mantendo a reverência na Ceia do
memorial Senhor
Quarta - 1 Co 11.26 Sábado - l Co 5.7,8
Proclamando a morte do Senhor Celebrando de maneira festiva

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 45


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

l Coríntios 11.17-34
17 - Nisto, porém, que vou dizer-vos, não fazei isto, todas as vezes que beberdes,
vos louvo, porquanto vos ajuntais, não em memória de mim.
para melhor, senão para pior. 26 - Porque, todas as vezes que comerdes
18 - Porque, antes de tudo, ouço que, este pão e beberdes este cálice, anunciais
quando vos ajuntais na igreja, há entre a morte do Senhor, até que venha.
vós dissensões; e em parte 0 creio. 27 - Portanto, qualquer que comer este pão
19 - E até importa que haja entre vós ou beber 0 cálice do Senhor, indignamente,
heresias, para que os que são sinceros se será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
manifestem entre vós. 28 - Examine-se, pois, 0 homem a si
20 - De sorte que, quando vos ajuntais num mesmo, e assim coma deste pão, e beba
lugar, não é para comera Ceia do Senhor. deste cálice.
21 - Porque, comendo, cada um toma 29 - Porque 0 que come e bebe indig­
antecipadamente a sua própria ceia; e namente come e bebe para sua própria
assim um tem fome, e outro embriaga-se. condenação, não discernindo 0 corpo
22 - Não tendes, porventura, casas para do Senhor.
comer e para beber? Ou desprezais a igreja 30 - Por causa disso, há entre vós muitos
de Deus e envergonhais os que nada têm? fracos e doentes e muitos que dormem.
Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisso não 31 - Porque, se nós nos julgássemos a nós
vos louvo. mesmos, não seríamos julgados.
23 - Porque eu recebi do Senhor 0 que 32 - Mas, quando somos julgados, somos
também vos ensinei: que 0 Senhor Jesus, repreendidos pelo Senhor, para não sermos
na noite em que foi traído, tomou 0 pão; condenados com 0 mundo.
24 - e, tendo dado graças, 0 partiu e disse: 33 - Portanto, meus irmãos, quando vos
Tomai, comei; isto é 0 meu corpo que é par­ ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
tido porvós; fazei isto em memória de mim. 34 - Mas, se algum tiver fom e, coma
25 - Semelhantemente também, depois de em casa, para que vos não ajunteis para
cear, tomou 0 cálice, dizendo: Este cálice condenação. Quanto às demais coisas,
é 0 Novo Testamento no meu sangue; ordená-las-ei quando for ter convosco.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO Prim eira, um olhar para trás, quando


Assim como 0 Batismo em águas, a contem pla Cristo en treg a n d o -se em
Ceia do Senhor também é uma ordenança sacrifício vicário na cruz; segunda, um
dada por Jesus à sua Igreja. Ao longo da olhar para 0 presente, quando vê sua
história, a Igreja tem a Ceia do Senhor real condição diante de Deus e como foi
como uma das celebrações m ais signi­ alcançado pela graça de Deus; terceira,
ficativas. Nesse sentido, 0 cristão pode um olhar para 0 futuro, quando mantém
contemplar a Ceia sob três perspectivas. sua expectativa e esperança na Segunda

46 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO •FEVEREIRO •MARÇO 2024


Vinda de Cristo. Nesse sentido, a Ceia de Jesus nem tampouco Jesus está pre­
do Senhor é uma cerim ônia que deve sente fisicam ente neles. Assim, o pão e
ser celebrada com reverência, júbilo e 0 vinho simbolizam 0 corpo e 0 sangue
expectativa. de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente
espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt
I - A NATUREZA DA CEIA DO 18.20). Essa é a posição da maioria dos
pentecostais. Tam bém enfatizam os 0
SENHOR NA TRADIÇÃO CRISTÃ
aspecto memorial na celebração da Ceia do
1. Na tradição romana. 0 romanismo
Senhor. Nesse sentido, a Ceia do Senhor
compreende de forma literal as expres­
é para quem está em comunhão, e não
sões ditas por Jesus em referência aos
para dar comunhão. Esse entendimento
elem entos da Ceia do Senhor: “ isto é o
se ajusta ao ensino do Novo Testamento
meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é[...]
sobre a Ceia do Senhor.
meu sangue” (Lc 22.20). Assim, segundo
esse entendimento, durante 0 cerimonial
os elem entos da Ceia se convertem no II - O PROPÓSITO DA CEIA DO
corpo e no sangue de Cristo. Esse ensino SENHOR
é conhecido como transubstanciação. Há 1. Celebrar a expiação de Cristo.
pelo m enos dois problem as com essa Ao escrever sobre a Ceia do Senhor, 0
interpretação. O primeiro de natureza apóstolo Paulo destacou como propósito
lógica, pois quando Jesus celebrou a dessa celebração “ anunciar a morte do
últim a Páscoa, Ele estava presente e, Senhor” (1 Co 11.26). Nesse caso, a Ceia
portanto, não poderia estar fisicamente do Senhor aponta para o Calvário. Ela
no pão e muito menos no cálice, já que celebra a vitória de Cristo na cruz sobre
fisicam ente ele se encontrava lá. Por 0 pecado, a morte e 0 Diabo (Hb 2.14,15).
outro lado, entender essas palavras de Por interm édio da morte de Cristo na
form a literal e, não como m etáforas, cruz, fomos justificados e reconciliados
cria problemas de natureza exegética. com Deus (2 Co 5.21). Portanto, na Ceia
Jesus disse, por exemplo, que ele era a do Senhor celebramos a vitória de Jesus
porta (Jo 10.9). Evidentemente, Ele não na cruz, que também é a nossa vitória
se referia a uma porta literal. (Ap 12.11).
2. Na tradição protestante. A tradi­ 2. Proclamar a segunda vinda de
ção luterana diverge da católica quando Cristo. A Ceia do Senhor proclam a a
nega que os elementos da Ceia, 0 pão e sua segunda vinda (1 Co 11.26). Logo,
0 vinho, se tornem ou se convertam no há um sentido escatológico na c e le ­
corpo e no sangue de Cristo. Contudo, bração da Ceia do Senhor. Quando essa
afirm a que 0 corpo físico de Jesus está bendita esperança é perdida, a igreja se
presente no pão da Ceia. Esse enten­ seculariza. Assim , na Ceia do Senhor,
d im en to luteran o é denom in ado de a Igreja mantém um olhar no passado,
consubstanciação. Como se vê, Lutero não quando contempla a vitória de Jesus na
conseguiu se desvencilhar por completo cruz, mas também mantém 0 seu olhar
da trad ição católica quando dá um a no futuro, esperando e ansiando por
versão modificada da sua antiga crença. sua Segunda Vinda. Ao contem plar 0
3. A posição pentecostal. A tradição retorno de Cristo, a Igreja lembra que é
pentecostal entende que 0 pão e 0 vinho peregrina nesta Terra e que a sua pátria
não se convertem fisicamente no corpo não é aqui (Fp 3.20,21).

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 47


3. Celebrar a comunhão cristã. poderia particip ar da Ceia, pelo fato
Uma das razões que levou o apóstolo de que nin guém é digno (1 Co 11.27).
Paulo a escrever a sua Prim eira Carta Como mostram os, não é esse 0 caso. É
aos C o rín tio s e s ta v a re la cio n a d a à verdade que não participam os da Ceia
questão de d ivisõ es entre os irm ãos do Senhor porque somos dignos, mas
daquela igreja (1 Co 1.11). Esse era um pela graça de Deus. Contudo, ninguém
problema recorrente entre os coríntios seja tentado em pensar que, pelo fato de
e estava presente tam bém durante a ser um pecador alcançado pela graça,
celebração da Ceia do Senhor. Paulo os pode participar da Ceia vivendo deli-
reprova por isso (1 Co 11.17). O clim a beradam ente em pecado. Se a simples
fra tern o e de com un hão d eix a ra de m aneira irreverente de celebrar a Ceia
existir (At 2.42; 1 Jo 1.7). Nesse sentido, atrai o juízo divino, 0 que dizer então
a lg u n s não esp eravam pelos outros de quem particip a com pecados não
para celebrarem a Ceia jun tos (1 Co confessados? Pecado não confessado
11.21). Quando há 0 espírito de divisão, atrai 0 juízo divino.
litígio s e in trigas entre os crentes, a 3. Celebração festiva. A Ceia do
celebração da Ceia do Senhor perde Senhor celebra a morte e ressurreição
todo 0 seu sentido. de Jesus e não o seu fu n eral. A Ceia
celebra o Cristo que morreu, m as que
ressuscitou (1 Co 15.1-4). Deve, portanto,
III - O MODO DE CELEBRAÇÃO
ser uma celebração reverente, contudo,
DA CEIA DO SENHOR
fe stiv a (1 Co 5.7-8). Nosso Redentor
1. O que é participar “ indigna­
vive e, por isso, devem os dem onstrar
mente”? Concernente à celebração da
isso na Celebração da Ceia do Senhor.
Ceia do Senhor, Paulo advertiu sobre
Nela, portanto, deve haver um ambiente
0 perigo de participar da Ceia indig­
de reverência e, ao mesmo tempo, de
namente (1 Co 11.27). O term o po rtu ­
abundante alegria.
guês “ indign am en te” é a tradução do
advérbio grego anaxiós. Um advérbio
indica a maneira ou modo como se faz CONCLUSÃO
uma coisa enquanto um adjetivo in ­ Nesta lição, sob d iferen tes p ers­
dica 0 seu estado. Nesse sentido, esse pectivas, vim os algu ns aspectos que
advérbio modifica 0 verbo comer e está revelam 0 sentido e propósito da Ceia
relacionado ao modo ou maneira como do Senhor. Não é um sacramento, que
os coríntios estavam comendo a Ceia de forma mágica concede graça aos que
do Senhor - de m an eira desordena­ dela participam nem tam pouco uma
da, quando não esperavam um pelos vacina para dar comunhão a quem não
outros; de m an eira in d iscip lin a d a , tem. Na verdade, 0 direito de celebrar
quando comiam m ais do que os outros essa im portante ordenança é 0 resul­
e de m an eira irreveren te quando se tado da graça que foi concedida a cada
em briagavam (1 Co 11.18,21,22). crente. É necessário ter esse discerni­
2. Uma celebração reverente. Se m ento quando se participa desse rito
em lugar de um advérbio, que indica cristão. Trata, pois, de um ato que não
modo ou maneira, Paulo tivesse usado pode ser celebrado de qualquer jeito ou
um adjetivo, que indica estado, qua­ maneira, nem tampouco por quem vive
lidade ou n a tu reza , então n in gu ém deliberadam ente em pecado.

48 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO ■ FEVEREIRO •MARÇO 2024


REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual é a posição da m aioria dos p en tecostais em relação aos elem en ­


tos da Ceia do Senhor?

2. Para o que a Ceia do Senhor aponta?

3. Que tip o de sentido está presente na Ceia do Senhor?

4. Q ual foi a advertên cia de Paulo em relação à Ceia do Senhor?

5. O que a Ceia do Senhor celebra?

VOCABULÁRIO
Escatológico: Relativo aos últimos dias de todas as coisas; ao tempo do fim.

A Santa Ceia Semana Santa


O autor convida os leitores ao A Páscoa é uma das datas mais
diálogo, a uma leitura reflexiva sagradas do calendário cristão.
sobre o significado da celebração da Conheça como os antigos crentes
Ceia na Bíblia e na História para, manifestavam sua fé na morte e
assim, compreenderem em toda a ressurreição de Jesus. Seus cultos,
sua profundidade, os fundamentos observâncias religiosas e qual a
da celebração do Corpo de Cristo. importância para nós hoje.

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 49


LIÇÃO 11
17 de Março de 2024

O CULTO DA IGREJA CRISTÃ


- N

TEXTO ÁUREO
“ Que fareis, pois, irmãos? VERDADE PRÁTICA
Quando vos ajuntais, cada um 0 culto é uma sublime forma de
de vós tem salmo, tem doutrina, nos expressarmos em adoração,
tem revelação, tem língua, tem louvor, gratidão e total rendição
interpretação. Faça-se tudo a Deus.
para edificação.” (1 Co 14.26,)

V________ _____________ ______________________________ )

LEITURA DIÁRIA

Segunda - 1 Co 11.27 Quinta - 1 Co 14.26


A solenidade do aconte cim e n to O c u lto deve tra z e r edificação
do c u lto Sexta - 1 Tm 4.13
Terça - Ez 44.9 As E scritu ra s com o base do
A sacralidade do acon te cim e n to v e rd a d e iro c u lto c ristã o
do c u lto Sábado - Ef 5.18-20
Quarta - Sl 48.1 L o u vando a Deus de m a n e ira
Celebrando a grandeza de Deus sincera e de todo 0 coração

50 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Efésios 5.15-21
15 - Portanto, vede prudentemente como Espírito,
andais, não como néscios, mas como 19 - falando entre vós com salmos, e
sábios, hinos, e cânticos espirituais, cantando e
16 - remindo 0 tempo, porquanto os dias salmodiando ao Senhor no vosso coração,
são maus. 20 - dando sempre graças por tudo a
17 - Pelo que não sejais insensatos, mas nosso Deus e Pai, em nome de nosso
entendei qual seja a vontade do Senhor. Senhor Jesus Cristo,
18 - E não vos embriagueis com vinho, 21 - sujeitando-vos uns aos outros no
em que há contenda, mas enchei-vos do temor de Deus.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO adoração acontece. O livro de Atos dos


Nesta lição vam os estudar o culto Apóstolos, por exemplo, m ostra a ado­
cristão sob d iferentes aspectos, pois ração no contexto do culto cristão (At
precisamos conhecê-lo em sua natureza. 13.1-4). Enquanto os cristãos “serviam ”
Aqui, veremos que 0 culto é santo e, por (gr. leitourgeô), isto é, cu ltu avam ao
isso, deve ser solene. Assim , também, Senhor, o Espírito Santo com issionou
mostraremos que a glorificação de Deus os prim eiros m issionários da igreja.
e a edificação da igreja são os propósitos 2. O culto deve ser solene. Por “ so­
sublimes do verdadeiro culto cristão. E, lene” nos referimos ao que traz respeito
por último, mostraremos que todo culto e é majestoso. Isso significa que tanto o
tam bém tem um ritu al. No contexto conteúdo como a maneira de se cultuar
da igreja cristã, destacarem os 0 papel são importantes (Ec 5.1; 1 Co 11.27). Por
da Bíblia e da adoração entusiástica na isso, o culto não pode ser destituído
dinâmica pentecostal. de significado nem realizado de qual­
quer jeito (Lv 10.1,2). Não por acaso, 0
apóstolo Paulo exp õ e p rincípios que
I - A NATUREZA DO CULTO regulam entaram 0 culto na igreja de
l. O culto como serviço a Deus. Na
Corinto (1 Co 12-14). Isso deixa claro
Bíblia, 0 cu lto é m ostrado com o um que há uma ordem a ser observada na
serviço, isto é, um a vida en tregu e e liturgia cristã. Para isso, temos na Bíblia
consagrada a Deus (Dt 6.13). Em um 0 parâm etro para 0 bom ordenamento
primeiro plano tem a ver com a atitude do culto. Por exem plo, aos coríntios,
com a qual se cultua 0 Altíssim o e, em 0 apóstolo destacou 0 seguinte: “Mas
um segundo plano, com a forma como faça-se tudo decentem ente e com or­
se cultua. O culto, portanto, expressa dem” (1 Co 14.40). Nesse texto temos os
uma combinação de obediência à Pala­ term os gregos euschémonós, traduzido
vra de Deus e a forma ritual como essa como “decentemente” e “decorosamen-

JANEIRO • FEVEREIRO ■ MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 51


te” ; e taxis, traduzido como ordem. Isso 11.17,18). Nesse caso, tanto a conduta
nos leva a compreender, portanto, de como o modo de viver são levados em
acordo com a Bíblia, que o culto precisa conta na esfera do culto (1 Co 11.22).
ter decoro, decência e ordem.
3. O culto é santo. A santidade de
II - O PROPÓSITO DO CULTO
Deus é afirm ada por toda a Bíblia (Lv
1. Glorificar a Deus. O culto é uma
11.44; Is 43.3; 1 Pe 1.15,16). Visto que Deus celebração que se faz a Deus. Celebramos
é santo (Lv 20.26), o culto também deve a grandeza de Deus e seus poderosos
ser santo. Dessa forma, nada que fosse feitos (SI 48.1). A ssim 0 culto é uma
profano deveria fazer parte do culto e celebração pelo que Deus é e pelo que
da vida de quem o praticava no Antigo Ele fa z (SI 103.1-5). Nesse aspecto, 0
T estam ento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is culto é sem pre cristocêntrico, nunca
1.13). A ssim , 0 lim ite entre 0 santo e antropocêntrico. Cristo é a esfera ou
0 p ro fan o d e v e ria ser m an tid o (Ez lugar onde deve acontecer 0 verdadeiro
22.26; 44.23). Por outro lado, 0 Novo culto (Jo 2.18-22; Mc 14.58). Ele é 0 único
Testam ento tam bém põe em destaque m ediador entre Deus e os hom ens (1
o viver cristão na esfera do culto, isto Tm 2.5) e 0 Eterno Sumo-Sacerdote (Hb
é, de uma vida a serviço de Deus (Rm 2.17; 5.5,10). Se Deus não é celebrado,
15.5). A igreja é o espaço sacro onde 0 se Ele não é glorificado, então, 0 culto
culto acontece (At 13.2). A ssim como perdeu 0 seu real sentido.
no Antigo Testamento, o culto cristão 2. Quando não se cultua a Deus. De
tam bém não deve ser profanado (1 Co fato, há cultos que não cultuam a Deus.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

EXPRESSÕES DA ADORAÇÃO
NO CULTO CRISTÃO
“Dois princípios essenciais ajudam a
dirigir e orientar a adoração cristã, (a) A
adoração genuína acontece em espírito e
em verdade (veja Jo 4.23, nota). Em outras
palavras, a adoração não é apenas uma
atividade física ou mental, mas também
um exercício espiritual - uma resposta
apropriada à maneira como Deus se re­
velou a nós, especificamente por meio do
seu Filho, Jesus Cristo, (cf. Jo 14.6).” A
adoração envolve a interação sincera entre
0 espírito humano e 0 Santo Espírito de
Deus (1 Co 12.7-12).” Amplie m ais 0 seu
conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo
Pentecostal, editada pela CPAD, p.818.

52 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4


Vi para a igreja está revelado no capítulo
14 de 1 C o rín tio s. N esse cap ítu lo , 0
apóstolo disciplina os usos dos dons na
In fe liz m e n te h á m u ita s igreja pelo fato de seu uso não estar
reu n iõ es e n v e r n iz a d a s trazen d o ed ificação à igreja. A ssim ,
aquele que falava línguas na esfera do
para se p arecerem
culto público deveria interpretar para
co m u m cu lto , m as, de que a igreja fosse edificada (1 Co 14.5).
fato , não são. P arecem Todos os demais dons deveríam seguir
reu n iõ es p ro fa n a s ta n to esse critério (1 Co 14.12). Da m esm a
form a, os dons m in isteriais (Ef 4.11)
na sua fo rm a q u an to na deveríam contribuir para “ edificação
su a e s s ê n c ia .” do corpo de Cristo” (Ef 4.12).

III - A LITURGIA DO CULTO


1. A exposição da Bíblia. 0 Movimento
Pentecostal tem firmado seu compromisso
Paulo censurou os coríntios afirmando com a autoridade da Bíblia para governar
que: “ Quando vos ajuntais num lugar, toda crença, experiência e prática. Dessa
não é para comer a Ceia do Senhor” (1 forma, os pentecostais viram a necessi­
Co 11.20). Era como se dissesse: “ o que dade de julgar 0 mérito de todo ensino,
vocês estão celebrando não é a Ceia”. Não manifestações espirituais e conduta à luz
era um culto o que eles estavam fazendo. da Palavra objetiva e revelada de Deus, a
Não daquela maneira. Infelizm ente há Bíblia. Esse fato mostra que a leitura e a
exposição da Bíblia devem ocupar 0 lugar
m uitas reuniões envernizadas para se
de primazia na dinâmica da liturgia do
parecerem com um culto, mas, de fato,
culto. Nesse aspecto, 0 pastor que está à
não são. Parecem reuniões profanas
frente de uma igreja, e responsável pela
tanto na sua forma quanto na sua es­
liturgia do culto, deve ficar atento ao
sência. Não buscam glorificar a Deus.
lugar que as Escrituras têm no culto. 0
3. Edificar a igreja. Um dos pro­
Senhor Jesus, nosso maior exemplo, fez
pó sitos p rin cip a is do cu lto é tra ze r
da exposição das Escrituras a base de
edificação à igreja. A ssim , na esfera
seu ministério (Lc 4.16-18). Escrevendo
do culto, tudo deve buscar a edificação sobre a litu rgia do culto na igreja de
(1 Co 14.26). 0 verbo grego oikodoméo, Corinto, 0 apóstolo Paulo pôs a “doutri­
traduzido como “ ed ificar”, ocorre 40 na”, “ instrução” (gr. didaché) como uma
vezes no Novo Testam ento enquanto 0 das necessidades da igreja (1 Co 14.26).
substantivo oikodomé, traduzido como Encontramos esse mesmo apóstolo, jun­
“ edificação”, ocorre 18 vezes. 0 sentido tamente com seu companheiro Barnabé,
é de algo que está sendo construído, expondo e ensinando a Palavra de Deus
com o na parábola da casa ed ificada (At 15.35). Da mesma forma, 0 apóstolo
sobre a rocha (Mt 7.24,26; Lc 6.48). Ele ficou em Corinto durante muito tempo
é usado m uitas vezes no contexto do expondo as Escrituras (At 18.11).
culto. O fato m ais claro de que um dos 2. A adoração entusiástica. A ado­
propósitos do culto é trazer edificação ração aparece em p rim eiro lugar na

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 53


liturgia sugerida pelo apóstolo Paulo à nas quais todos os presentes, coletiva e
igreja de Corinto (1 Co 14.26). A palavra eloquentemente, derramavam 0 coração
“ salm o ” usada nesse tex to trad uz o perante Deus em oração e louvor. Isso
grego psalmon e é um a referência ao também acontece no levantar das mãos
h in ário usado pelos prim eiros c r is ­ como resposta a percepção de que Deus
tãos. É possível que 0 apóstolo esteja se fa z presente. Faz parte tam bém da
se referindo aos Salm os de Davi. Não liturgia pentecostal louvar a Deus em
há dúvida de que a adoração na Igreja alta voz e exercitar os dons espirituais
Primitiva era entusiástica. Isso porque durante o culto.
Paulo se refere a cristã o s cheios do
Espírito que se reuniam para adorar CONCLUSÃO
(Ef 5.18-20). Nesta lição, vim os os princípios que
3. O lugar da adoração no cu l­ devem reger um culto cristão. O culto
to pentecostal. Um gran d e teó lo go não pode ser de qualquer form a, pois
p e n te c o s ta l, W illia m W. M e n z ie s , ele tem princípios e normas para seguir.
d estaca 0 lu gar que a adoração tem Como Deus é um Deus de ordem, então,
entre os pentecostais. De acordo com 0 culto que se presta a Ele também tem
ele, desde 0 com eço, os pentecostais de ser ordenado. Contudo, ordenado não
foram conhecidos no mundo todo pelas significa frio e sem vida. O culto deve
reuniões de cultos alegres e ruidosas. ser um momento de celebração, alegria
Isso era visto nas reuniões de oração e dinam izado pelo Espírito Santo.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Como a Bíblia m ostra 0 culto a Deus?

2. De acordo com a Bíblia, 0 que 0 culto precisa ter?

3. Quando que o culto perde o sentido?

4. A lém de glorificar a Deus, qual é o outro propósito do culto de acordo


com a lição?

5. Qual com prom isso 0 M ovim ento Pentecostal tem firm ado?

VOCABULÁRIO
Envernizar: A p lic a r v e rn iz , lu s tra r, p o lir, dar b rilh o .

54 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2 0 2 4


O PAPEL DA PREGAÇÃO
NO CULTO

TEXTO ÁUREO VERDADE PRATICA


“ Q ue p reg u es a palavra, in stes P reg ar a P alavra d e D eu s é a
a tem p o e fo r a d e tem po, su b lim e m issã o da Igreja. É por
redarguas, rep reen d a s, exo rtes, in te rm é d io do m in istér io da
com toda a lo n g a n im id a d e e Palavra q u e vid a s sã o salvas,
d o u trin a .” (2 Tm 4.2 ) tra n sfo rm a d a s e ed ifica d a s.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - M t 4.23 Quinta - At 8.5


A proclam ação da Palavra de Pregando a C risto em todo tem po
Deus e lu g a r
Terça - Mt 5.1,2 Sexta - At 2.40
A disposição em e n s in a r a A pregação com o resposta a um a
P alavra de Deus geração sem Deus
Quarta - l Tm 4.13 Sábado - At 8.35
Perseverando em e x o rta r com a As E s c ritu ra s com o a base da
Palavra de Deus pregação

JANEIRO ■ FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 55


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

2 Timóteo 4.1-5

1 - Conjuro- te, pois, diante de Deus e do ouvidos, amontoarão para si doutores


SenhorJesus Cristo, que há dejulgar os vivos conforme as suas próprias concupiscências;
e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, 4 - e desviarão os ouvidos da verdade,
2 - que pregues a palavra, instes a tempo e voltando às fábulas.
fora de tempo, redarguas, repreendas, exor­ 5 - Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as
tes, com toda a longanimidade e doutrina. aflições, faze a obra de um evangelista,
3 - Porque virá tempo em que não sofrerão cumpre 0 teu ministério.
a sã doutrina; mas, tendo comichão nos

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO traduzido como “ proclam ar”, é usado


Nesta lição, verem os a im portân­ nesse sentido em vários textos do Novo
cia da pregação bíblica, denom inada Testamento (Mt 3.1; 4.23; Lc 4.18; At 8.5;
também como “Ministério da Palavra”. Rm 10.8). Nesse aspecto, a pregação tem
Nesse aspecto, para refletir a glória o propósito de revelar Deus às pessoas
de Deus, a pregação precisa m anter o (1 Co 1.21). Esse fato por si só m ostra
propósito para a qual foi estabelecida: a grandiosidade da pregação: trazer 0
revelar Deus e educar a igreja. Por isso, conhecim ento de Deus.
podemos afirm ar que o M inistério da 2. O caso emblemático de Lídia (At
Palavra é importante, pois assim a igreja 16.14). Enquanto Lídia ouvia a pregação
é edificada e moldada pelos valores do feita por Paulo, o Senhor abriu-lhe 0
Reino. Uma igreja em que a Palavra de coração. A pregação foi 0 instrum ento
Deus não tem a primazia, tanto na ação que Deus usou para se revelar àquela
evangelística quanto na discipuladora, mulher e 0 resultado disso foi a sua con­
é uma igreja fraca. Portanto, a natureza versão. Deus é glorificado na revelação
da pregação precisa ser bíblica e cris- de sua Palavra. Esse fato é destacado
tocêntrica. Em outras palavras, deve por Paulo na sua Carta aos Romanos:
possuir sólidos fundam entos. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e 0 ouvir
pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Assim,
I - MINISTÉRIO DA PALAVRA E devem os nos co n scien tiza r de que a
SEU PROPÓSITO pregação da Palavra de Deus é mais do
l. A pregação como Proclamação. O que uma sim ples exposição de idéias,
propósito m ais sublime do M inistério m ais do que um discurso inflam ado;
da Palavra está no fato de ele revelar ela é o canal pelo qual Deus se revela
Deus às pessoas. Frequentem ente as ao coração endurecido.
Escrituras se referem a esse aspecto 3. A pregação como instrução. As
da pregação com o sendo um a “ p ro ­ pessoas que foram alcançadas pela pro­
c la m a ç ã o ” . O verb o g reg o kerysssô, clamação da Palavra precisam crescer

56 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 0 2 4


e am adurecer no Evangelho, ou seja, igreja firm ar cada vez mais os seus va­
necessitam ser discipuladas, instruídas. lores. Isso, contudo, só pode acontecer
É significativo o fato de que o ministério de forma eficaz por meio da formação
de Jesus tenha o ensino como um dos de uma consciência cristã fundamental­
fundamentos: “ E percorria Jesus toda a mente bíblica. Isso significa que a igreja
Galileia, ensinando nas suas sinagogas” precisa mostrar, de forma bem didática,
(Mt 4.23). No serm ão do Monte, Jesus sua forma de pensar, crer e agir, ou seja,
também “ensinava” seus discípulos (Mt é preciso definir sua cosmovisão, isto é,
5.2). A ssim tam bém 0 apóstolo Paulo sua visão de mundo. Uma visão que seja
gastou grande parte de seu tempo ensi­ diferente à da cultura secular. Esta, por
nando os crentes (At 18.11). Paulo chegou sua vez, sempre se m ostrou hostil ao
mesmo a exigir de alguém que tivesse povo de Deus. Do contrário, não seremos
pretensão ministerial que fosse “apto para capazes de resistir a inversão de valores
ensinar” (1 Tm 3.2). Tudo isso mostra por ela disseminada.
a importância do m inistério do ensino 3. Resistindo diante de uma cultura
e a responsabilidade de quem 0 exerce. sem Deus. Jesus censurou seus discípu­
los, chamando-os de “geração perversa”
II - O MINISTÉRIO DA PALA­ porque os viu agindo com incredulidade
(Mt 17.17). A influência de uma cultura
VRA E SUA IMPORTÂNCIA
sem Deus havia atingido negativamente
1. A edificação da igreja. A Palavra
os que andavam com Jesus. Por sua vez,
tem a im portante função de edificar a
no Pentecostes, Pedro também exortou
igreja. Essa edificação vem pelo con­
fronto que 0 Espírito Santo traz pelo seus ouvintes a sa lva rem -se daquela
“ geração p erversa ” (At 2.40). Assim
m in istério da P alavra, que ex o rta e
consola. Às vezes isso pode vir em um também Paulo escreveu que Demas, um
tom de elogio (1 Co 11.2) ou em uma forte amigo de Ministério, havia amado aquela
repreensão (1 Co 11.17). O termo grego presente era e o abandonou (2 Tm 4.10).
paraklésis, traduzido como “ e x o rta r” Esse mesmo apóstolo exortou os crentes
e “ consolar” , significa um “ cham ado de Roma a não se conform arem com
para “ ajudar” e “ encorajar”. Ele ocorre aquela presente era (Rm 12.2). Nas duas
com m uita frequência no Novo Testa­ últimas referências, a palavra grega aion,
mento, sendo a m aioria das vezes no traduzida como “era” ou “século”, é uma
contexto da igreja. Assim, vemos Paulo referência clara a uma cultura sem Deus.
solicitando a Tim óteo que persistisse
em ler, ensinar a Palavra e “ exortar” III - O MINISTÉRIO DA PALA­
(1 Tm 4.13) e Lucas destacando que a VRA E SUA FUNDAMENTAÇÃO
igreja andava na “consolação do Espírito l. Deve ser cristocêntrico. A Bíblia diz
Santo” (At 9.31). Em ambos os textos se que “descendo Filipe à cidade de Samaria,
pressupõe 0 ministério da Palavra como lhes pregava a Cristo” (At 8.5). A prega­
instrum ento de exortação e edificação. ção precisa ser cristocêntrica. Cristo é 0
2. Formação de valores. A pregação centro da Bíblia (Lc 24.27), 0 centro da
é importante instrumento para forma­ mensagem dos profetas: “ indagando que
ção de uma consciência cristã. A guerra tempo ou que ocasião de tempo 0 Espírito
cultural travada nos últimos anos contra de Cristo, que estava neles, indicava, an­
a fé cristã mostrou a necessidade de a teriormente testificando os sofrimentos

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 57


que a Cristo haviam de vir e a glória que verdade porque não há nelas uma expo­
se lhes havia de seguir” (1 Pe 1.11). Assim, sição de um conteúdo bíblico. A ênfase
o alvo da pregação é revelar Cristo. Apoio, está na performance, forma ou modo de
por exemplo, era conhecido por sua elo­ se exibir a tem ática a ser abordada. O
quência e capacidade de mostrar que o objetivo quase sempre é financeiro (Fp
Cristo prometido nas Escrituras hebraicas 3.19; 1 Tm 6.9). A doutrina do pecado, 0
era Jesus de Nazaré: “Porque com grande apelo por uma vida separada do mundo
veem ência convencia publicamente os e dedicada a Deus são esquecidos (2
judeus, mostrando pelas Escrituras que Co 6.17). Essa modalidade de pregação
Jesus era o Cristo” (At 18.28). Dizendo o p õ e -se ao verdadeiro Evangelho de
isso, precisamos destacar que a forma e C risto. É um a m en sag em sem cru z
os métodos usados para a exposição das (G1 6.14-16). Na verdade, esse tipo de
Escrituras são importantes. Contudo, o pregação glorifica os hom ens que são
m ais im portante é a revelação do seu am antes de si m esm os (2 Tm 3.1-5).
conteúdo, Cristo Jesus.
2. Deve ser bíblico. Vivemos em um
tem po em que a pregação em m uitos CONCLUSÃO
espaços virou um modismo. Parece que Após a exposição desta lição, consta­
temos “ pregadores” em demasia, mas tamos que a igreja precisa manter-se fiel
0 que se passa por pregação na m aio­ ao ministério da Palavra. Isso só pode ser
ria das vezes não 0 é. Na verdade são feito por meio de uma pregação genui­
mensagens de autoajuda com um verniz namente bíblica que reflita os valores do
de pregação. Esse tipo de m ensagem é Reino de Deus. Para isso, não há atalhos.
atraente porque amacia o ego e geral­ Numa cultura cada vez mais hostil à fé
mente consegue muitos seguidores nas cristã, a igreja necessita proclam ar as
redes sociais para quem se vale dessa verdades do Reino por meio da poderosa
técnica. Contudo, não são pregações de pregação da Palavra de Deus.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Em que fato 0 propósito m ais sublim e da Igreja está am parado?

2. O que as pessoas, que foram alcançadas pelo Evangelho, precisam fazer?

3. Qual é a fu n ção da P alavra na igreja?

4. O que a igreja p recisa m ostrar de form a bem didática?

5. De acordo com a lição, qual é 0 alvo da pregação?

58 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO •FEVEREIRO •MARÇO 2024


Rascunhos do Aluno

P regação Bíblica
P reg a çã o em C rise
O livro aborda os princípios
Ventos da pós modernidade
homiléticos da arte da pregação,
assolam a igreja e, em busca
mostra também como diferentes
de adequação, muitos pastores
métodos podem ser adaptados com
e pregadores preferem atenuar
sucesso em vários contextos e em
verdades bíblicas para não
todo tipo de mensagem.
ofenderem seus ouvintes.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 59


0 PODER DE DEUS
NA MISSÃO DA IGREJA
A f
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“M a s receb ereis a v irtu d e do
E sp írito San to, q u e há de vir sob re 0 E spírito S a n to é a fo r ç a -m o tr iz
vós; e s e r - m e - e is te ste m u n h a s q u e m o v im en ta a Igreja. S em
ta n to em Jeru sa lém co m o em 0 p o d er d o E spírito, a Igreja é
tod a a Jud eia e S a m a ria e a té aos in ca p a z d e cu m p rir a su a m issão.
co n fin s da terra .” (A t 1.8)
\ ________________________ ___ )

LEITURA DIÁRIA

Segunda - At 1.4 Quinta - At 2.47


A necessidade da experiência Uma igreja capacitada pelo Espírito
pentecostal Sexta - At 13.1-3
Terça - At 5.32 0 chamado m issionário sob a
A especificidade da experiência direção do Espírito
pentecostal Sábado - At 16.6-10
Quarta - At 2.17 0 Espírito Santo na estratégia
0 derramam ento do Espírito m issionária

L ___________________ _ _ _ ___ ______________________________ À

60 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

A to s 13 .1-4

1 - Na igreja que estava em Antioquia Barnabé e a Saulo para a obra a que os


havia alguns profetas e doutores, a saber: tenho chamado.
Barnabé, e Simeão, chamado Niger, e 3 - Então, jejuanào, e orando, e pondo
Lúcio, cireneu,eManaém, que fora criado sobre eles as mãos, os despediram.
com Herodes, 0 tetrarca, e Saulo. 4 - E assim estes, enviados pelo Espírito
2 - E, servindo eles ao Senhor ejejuan- Santo, desceram a Selêucia e dali nave­
do, disse 0 Espírito Santo: Apartai-me a garam para Chipre.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO os cristãos não estariam qualificados


Nesta lição focaremos nossa atenção para ser testem unhas do Senhor. Essa
no poder do Espírito Santo na m issão promessa estava associada ao revesti­
da Igreja de Cristo. Aqui, m ostraremos mento do poder do Espírito, conforme
que 0 povo de Deus não pode prescindir descrito nas palavras de Jesus como o
do revestim ento do poder pentecostal “ poder do alto” (Lc 24.49).
para obter êxito na sua missão na Terra. 2. O enchimento do Espírito como
Assim , dem onstrarem os que a ação do experiência necessária. O Senhor Jesus
Espírito Santo, e a contemporaneidade só começou o seu m inistério depois de
de seus dons na Igreja, não se trata de ser cheio do Espírito Santo (Lc 3.21,22).
uma mera opção, mas de algo im pres­ Nosso Senhor fez a obra de Deus e a fez
cindível, a sua maior necessidade. Sem no poder do Espírito Santo. Ele foi capa­
0 Espírito Santo, a igreja local não anda citado pelo Espírito Santo (Lc 4.18,19) e
nem cumpre sua vocação. dependeu dEle para exercer 0 ministério
(Lc 5.17; M t 12.28). Da m esma forma,
a igreja só deveria iniciar 0 trabalho
I - A DOUTRINA DO ESPÍRITO m issio n ário quando fo sse revestid a
SANTO SEGUNDO O EVANGE­ desse mesmo poder. Por isso, podemos
LISTA LUCAS afirm ar que, no contexto literário do
l. Um ensino revelado nos escritos evan gelista Lucas, especialm ente no
de Lucas. Tanto o Evangelho quanto Livro dos Atos dos Apóstolos, o Espírito
o Livro de Atos, am bos escritos pelo Santo aparece como uma necessidade,
evangelista Lucas, revelam 0 ministério não como opção.
do Espírito Santo na vida de Jesus e da 3. O enchimento do Espírito como
primeira igreja como uma necessidade uma experiência concreta. Se por um
imperiosa. Nesse sentido, 0 evangelista lado Lucas apresenta 0 Espírito Santo
m ostra que sem a ação do Espírito no com o um a n e ce ss id a d e na v id a da
m inistério de Jesus e na vida da igreja, Igreja, por outro, ele m ostra que 0 en-

JANEIRO • FEVEREIRO ■ MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO 6l


vv Ela podia ser “ v is ta ” e “ ouvida” (At
5.32). Havia m anifestações físicas que
se tornavam reais para quem as tinha e
[Lucas] [...] mostra que o en­ visíveis para quem as presenciava. Em
chimento do Espírito ocorre outras palavras, quem recebeu sabia que
havia recebido (At 11.15-17). Dentre os
como uma experiência con­
muitos sinais, um se sobressaía sobre
creta na vida do crente. [...] os dem ais - o falar em lín gu as d es­
Havia manifestações físicas conhecidas (At 2.4; 10.44-46; 19.1-6).
que se tornavam reais para 4. A doutrina pentecostal clássica.
Desde seus primórdios, a doutrina pen­
quem as tinha e visíveis para
tecostal clássica afirma que “0 falar em
quem as presenciava.”
línguas desconhecidas” é a evidência
física inicial do batismo no Espírito San­
to. Em três ocasiões no Livro de Atos, a
manifestação das línguas está presente
e, em todas elas, cham a a atenção 0
fato de “ todos” terem experim entado
chimento do Espírito ocorre como uma 0 fenômeno de falar em outras línguas
experiência concreta na vida do crente. (At 2.4; 10.44-46; 19.6). Até m esm o a
Nesse sentido, o Livro de Atos retrata n arra tiva de A tos 8.14-25, onde não
a ex p eriên cia p en te co stal com o um há menção de ocorrência de línguas, 0
acontecim ento objetivo, não subjetivo. evangelista parece deixar subtendido

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

O PROPÓSITO DO PENTECOSTES
“ Lucas argum enta que Deus der­
ramou o Espírito para em poderar seu
povo para e v a n g e liz a r tra n s c u ltu -
ralm en te; m as qual foi o resu ltad o
esperado desse evan gelism o tra n s -
cu ltu ral? Deus preten d ia criar um a
nova com unidade na qual os crentes
am ariam uns aos outros e d em on s­
tra ria m para esse tem po a próp ria
imagem da vida de seu Reino. Podemos
ver esse propósito de evangelização na
estrutura do parágrafo de fechamento
dessa seção introdutória de Atos[...].”
Amplie mais o seu conhecimento, lendo
a obra Entre a História e o Espírito,
editada pela CPAD, p.252.

62 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


eram revestidas do poder do alto. Na
verdade, 0 que se observa em Lucas é
que 0 revestim en to do E spírito veio
[...] 0 testemunho não é apenas sobre “ toda carne” (At 2.17).
individual, mas também de 2. Pessoas simples capacitadas
toda a igreja descrita em Atos. pelo Espírito. Vemos isso claram ente
quando Ananias, até então, um ilustre
[...] 0 crescimento das igrejas
desconhecido, é convocado por Deus
em Atos estava associado ao para impor as mãos naquele que seria
testemunho dado pelas comu­ 0 m aior apóstolo de todos os tempos,
nidades de crentes capacitados Paulo (At 19.10,11). Assim também Este­
vão e Filipe, que haviam sido escolhidos
pelo Espírito Santo.”
para “ se rv irem as m e sa s” , fazen d o
sin ais e prodígios (At 6.8; 8.6). Fica
patente que Deus não tinha uma classe
privilegiada para fazer a sua obra. Ele
possuía testem unhas capacitadas pelo
que as línguas estiveram presentes ali Espírito Santo.
(At 8.18; cf. At 9.17). Assim , estudiosos 3. Capacitando a igreja. No contexto
dos livros de Lucas reconhecem que 0 literário e doutrinário de Lucas, a igreja
uso que 0 evangelista faz das expressões do Novo Testamento é vista como por­
“ Batism o no Espírito Santo” ou “ ser tadora de uma m issão profética. Nela,
cheio do Espírito Santo” em Atos dos há um m inistério profético de todos os
Apóstolos tem a ver com a experiência crentes (At 2.17). Nesse sentido, conforme
do derram am en to do Santo Espírito o contexto de Atos, 0 testem unho não
acompanhada de línguas desconhecidas é apenas individual, com o m ostrado
como evidência inicial. n esta lição, m as tam bém de toda a
igreja descrita em Atos. A ssim , essa
II - O ESPÍRITO SANTO CA­ comunidade de crentes, capacitada pelo
Espírito Santo, ganhava a confiança e a
PACITANDO AS TESTEMUNHAS
admiração das pessoas ao seu redor (At
1. Capacitando as testemunhas. No
2.47). Portanto, 0 crescimento das igrejas
Livro de Atos, é possível perceber 0 en­
em Atos estava associado ao testemunho
sino da capacitação do Espírito Santo sob
dado pelos grupos de crentes capacitados
diferentes perspectivas. Primeiramente,
pelo Espírito Santo (At 9.31).
0 Espírito capacitando líderes para 0
desempenho da obra de Deus (At 4.33).
Nesse sentido, vemos 0 apóstolo Pedro III - O ESPÍRITO SANTO COMO
sendo “cheio do Espírito Santo” quando FONTE GERADORA DE MIS­
foi confrontado pelos sacerdotes (At SÕES
4.8); o apóstolo Paulo quando é cheio do 1. O envio missionário. O capítulo
Espírito Santo para resistir a Elimas, 0 13 do livro de Atos dos apóstolos narra
mágico (At 13.9). Depois, vemos também o envio dos primeiros m issionários da
que não eram só os que faziam parte igreja em A ntioquia. O que cham a a
do colégio apostólico que eram cheios atenção nessa narrativa é a participação
do Espírito. Pessoas “comuns” também ativa do Espírito Santo no envio m is­

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2 024 LIÇÕES BÍBLICAS • ALUNO 63


sionário. Nesse texto, Lucas menciona pelo Espírito Santo (At 16.6,7). Foi o
que havia alg u n s p rofetas na igreja Espírito Santo que decidiu quem deveria
que estava em Antioquia (13.1). É bem ouvir 0 Evangelho naquela circunstância
possível que essa observação do autor (At 16.9). Ponderamos aqui que, muitas
sagrado fosse para exp licar como se vezes, é possível que agências m issio­
deu a participação do Espírito Santo no nárias e igrejas adotem uma estratégia
com issionam ento de Paulo e Barnabé errada no envio de m issionários. Não
para a prim eira viagem m issionária. b asta só 0 desejo de fa ze r m issõ es,
Lucas m ostra que, por intermédio dos mas é preciso buscar a orientação do
dons do Espírito, os dois obreiros fo ­ Espírito Santo a respeito de como isso
ram separados para uma grande obra deve ser feito.
de m aneira clara e audível. O foco do
evangelista é que 0 Espírito Santo é a
fonte geradora de m issões, pois Ele é
CONCLUSÃO
quem vocaciona e envia (At 13.2). Encerramos esta lição e, consequen­
2. A estratégia m issionária. Em um temente, este trimestre, mostrando que
mundo m ulticultural, a questão da es­ 0 Pentecostes faz toda a diferença no
tratégia missionária deve ser levada em cum prim ento da vocação m issionária
conta. Não somente enviar, mas quem da Igreja. Sem a ação do Espírito Santo,
enviar, quando enviar e como enviar. a igreja local está d esabilitad a para
Por exemplo, Paulo e Barnabé poderiam cum prir sua missão. O Espírito Santo
ter adotado a estratégia errada na obra é a fo rça -m o triz do Corpo de Cristo
m issionária quando intentaram pregar em sua dimensão local. Sem 0 Espírito
na Ásia e Bitínia, mas foram impedidos Santo, a igreja não vai a lugar algum.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. O que 0 Evangelho de Lucas e o Livro de A tos revelam ?

2. O que podem os afirm a r de acordo com 0 co n texto literário de Lucas?

3. De acordo com a lição, 0 que a doutrin a p en tecostal clássica afirm a


em relação às lín gu as?

4. De acordo com a lição, por que não h a via separação entre líd eres e
m em bros na questão da capacitação do Espírito Santo?

5. O que cham a atenção na n arra tiva de A tos 13?

64 LIÇÕES BÍBLICAS •ALUNO JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024


ENCONTRE SEU GRANDE
OBJETIVO NESTE MUNDO
Matthew Barnett, filho do pastor Tommy Barnett, descobriu a causa
para a qual foi criado quando abandonou seus sonhos de sucesso
e começou a ouvir o sonho de Deus para a sua vida. Ele sentiu que
Deus o chamava para servir aos pobres e necessitados.

Pessoas entusiasmadas são impulsionadas pela causa especial que


Deus plantou dentro delas. O Senhor as direciona para estarem
exatam ente onde Ele quer que estejam, ou seja, no centro de Sua
vontade, expressando sua causa.

Se você tem um sonho, talvez o realize. Mas se ele não fo r a sua


causa? se sentirá iludido, como quem teve uma decepção. Deus criou
você para uma grande causa em seu Reino e pode usar todas as
experiências da vida, até as mais difíceis, para realizá-la. Peça ao
Senhor que revele qual a sua missão no Reino, qual a causa dentro de você.

“ Então, disse aos seus discípulos: A seara é realm ente grande, mas
poucos são os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
ceifeiros para a sua seara." Mt 9.37 e 38
NEM TUDO
O QUE RELUZ
ÉOURO
As heresias históricas não morreram ou desapare­
ceram. Cada geração possui sua própria cota delas.
As versões m odernas continuam a atorm entar as
igrejas e a minar as boas novas de Jesus.
Heresias com o pelagianism o, sem ipelagianism o e
teo lo gia da prosperidade, estão presentes até hoje,
muitas vezes disfarçadas com novas roupagens, tra ­
zendo confusão e engando para muitas igrejas.
Para p ro te g e r nossas congregações de suas nefas­
tas influências, nada m elhor do que educá-las sobre
as verdades bíblicas e teológicas acerca da pessoa
de Jesus, de Deus e acerca da salvação.

P ara m a is in fo r m a ç õ e s

Você também pode gostar