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|os R ecurso s em V íd eo

Betei são poderosos a u x ílio s que


a m p lia rã o o e n te n d im e n to nos estu d o s
b íb lico s da revista Betei D o m in ic a l
PROFETAS MENORES DO ANTIGO TESTAMENTO NOSSA CAPA:
Imagem d e um profeta
Proclamando o arrependimento, justiça e fidelidade a Deus. anunciando a mensagem de
Anunciando a esperança da salvação através do Messias. Deus a o Seu povo.

n m » !

LIÇÃO 1 Mensagens proféticas - Deus continua falando 3

LIÇÃO 2 Oséias - o amor de Deus e a chamada ao arrependimento 10

LIÇÃO 3 Joel - mensagem de juízo, um chamado ao arrependimento e promessas 17

LIÇÃO 4 Amós - é tempo de buscar ao Senhor de todo o coração 24

LIÇÃO 5 Obadias - o juízo divino virá 31

LIÇÃO 6 Jonas - um alerta para cumprir o chamado de Deus 38

LIÇÃO 7 Miquéias - um viver de acordo com os caminhos do Senhor 45

LIÇÃO 8 Naum - o Deus de misericórdia e justiça 52

LIÇÃO 9 Habacuque - o justo pela sua fé viverá 59

LIÇÃO 10 Sofonias - o fim está próximo 66

LIÇÃO 11 Ageu - um chamado para despertar da inércia 73

LIÇÃO 12 Zacarias - vivendo hoje sem esquecer das promessas para o futuro 80

LIÇÃ0 13 Malaquias-um alerta sobre o perigo da prática religiosavazia e sem vida 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94

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H @ O Editora Betei
Palavra do Comentarista
MESA DIRETORA
“Neste trim estre, estudarem os as mensagens dos
Bispo Primaz Mundial Dr. Manoel Ferreira
Presidente Profetas do Antigo Testamento, tendo com o base os
Bispo Samuel C ássio Ferreira
Bispo Abner de C ássio Ferreira livros classificados com o Profetas Menores. Veremos
Bispo Oídes José do Carmo
que eles foram instrumentos de Deus para anunciar
Pr. Amarildo Martins da Silva
Pr. Abinair Vargas Vieira Sua mensagem ao Seu povo. Veremos, também, que
Pr. Josué de Cam pos
Pr. Díimo dos Santos são mensagens relevantes para o discípulo de Cristo
Pr. Magner de C ássio Ferreira
hoje. Afinal, Deus continua falando ao Seu povo. As
Pr. Eiiel Araújo de Alencar
Pr. Josué Rodrigues de Gouveia treze lições que estudaremos contextualizam a m en­
Pr. Gilson Ferreira Cam pos
Pr. José Fernandes Correia Noieto sagem dos Profetas Menores para os nossos dias,
Pr. João Adair Ferreira
abordando assuntos relevantes com o: o am or de
Pr. Antônio Paulo Antunes
Deus, cum prir o cham ado de Deus, o juízo divino,

DIRETORIA/CONSELHO DELIBERATIVO a misericórdia e a justiça de Deus, o perigo da prá­


Bispo Primaz Mundial Dr. Manoel Ferreira
tica religiosa vazia e sem vida, cham ado ao arrepen­
Bispo Oídes José do Carmo
Pr. Josué de Cam pos dimento, restauração, entre outros. As mensagens
Pr. Márcio Tristão Vergniano
Pr. Eiiel Araújo de Alencar proféticas revelam a soberania de Deus conduzin­
Pr. José Fernandes Correia Noieto
do todas as coisas para o Seu propósito - glorificar
Pr. David Cabral
Pr. Neuton Pereira de Abreu Seu nome - e apontam para Jesus Cristo [Lc 24.27,
Pr. Eduardo Sam paio de Oliveira
Pr. Moisés Pereira Pinto 44]. Que o Espírito Santo nos capacite, conduza e
Pr. Abinair Vargas Vieira
esclareça no estudo acerca destes doze importantes
Pr. Dilmo dos Santos
Pr. Desailton Antônio de Souza livros das Sagradas Escrituras.”
Pr. José Pedro Teixeira
Pr. João Nunes dos Santos
Pr. Antonio Paulo Antunes
________m jTiiTiaW Lii________
Pr. Deiró de Andrade PASTOR ANTÔNIO PAULO ANTUNES
Pr. Marcivon Neres de Oliveira
Pastor Presidente da Assem­
GERÊNCIA
Bispo Samuel C ássio Ferreira
bléia de Deus no Bairro Ama­
G erente Executivo
zonas; Conferencista; A rticu ­
Bispo Abner de C ássio Ferreira
G erente Geral lista; Primeiro Tesoureiro da
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sem prévia autorização por escrito da editora.
2 IVL / 2 0 2 3

LIÇÃO

Mensagens proféticas - Deus


continua falando

"Porque a profecia nunca foi produzida por A mensagem dos profetas do AntigoTestamen-
vontade de homem algum, mas os homens to serve como despertamento para o cristão
santos de Deus falaram inspirados pelo Espí­ dos dias atuais.
rito Santo." 2Pedro 1.21
© OBJETIVOS DA LIÇÃO
ET Apresentar quem eram os G í Mostrar os sucessores dos ET Destacar a relevância da
profetas. profetas. profecia para os dias de hoje.

© TE X TO S DE REFERÊNCIA
2PEDR0 1 esclareça, e a estrela da alva apareça em vos­
Ifi. Porque não vos fizemos saber a virtude e a sos corações,
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo 20. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma
fábulas artificialmente compostas, mas nós mes­ profecia da Escritura é de particular interpre­
mos vimos a sua majestade. tação;
19. E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à 21. Porque a profecia nunca foi produzida por von­
qual bem fazeis em estar atentos, como a uma tade de homem algum, mas os homens santos
luz que alumia em lugar escuro, até que o dia de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 3
feâ LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA ! Dt 18.15-22 QUINTA 2Rs 4.6-17
A promessa de um grande profeta. 0 ministério do profeta Eliseu.
TERÇA | 2Sm 7.1-7 SEXTA | Jr 23.9-40
0 ministério do profeta Natã. Palavra contra os falsos profetas.
QUARTA | 2Rs 2.1-8 SÁBADO | Mq 3.5-7
0 ministério do profeta Elias. Ameaças contra os falsos profetas.

írMimnmm
126, 127,151 Introdução
1. Quem eram os profetas?
JSí M O TIVO DE ORAÇÃO 2. Sucessores dos profetas do Antigo
Ore para que Deus levante pessoas com co­ Testamento
ragem para anunciar Sua Palavra. 3. A mensagem profética
Conclusão

d : - INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos os Profetas do Antigo Testamento, em particu­
lar os Profetas Menores. Veremos que eles foram instrumentos de Deus para
anunciar Sua mensagem ao Seu povo.

D Q u em era m os p ro fetas ?
Um profeta era alguém escolhi­
do por Deus para proclamar sua
1.1. Diversidade e unidade dos pro­
fetas. Os profetas cu m p riram sua
missão de m aneira bem diferente uns
mensagem, apesar de suas lim ita­ dos outros. O profeta Elias, por exem ­
ções e sua humanidade. plo, achava que não existia
M esmo com os avanços o utra pessoa que estives­
PONTO DE
tecnológicos e a evolu­ PARTIDA se buscando a D eus, pois
ção que exp erim enta­ sentiu-se muito isolado no
A mensagem
mos no presente século, cu m p rim e n to da m issão
dos profetas
os dilemas em relação à [1 Rs 1 9 .1 0 ,1 4 ]. Os profetas
desperta o
espiritualidade genuína, tinham formas bem peculia­
cristão.
à ética, à justiça social e res para o exercício de seus
às mazelas do ser hu ­ m in isté rio s; a m ú sica, às
mano enfrentados pelos profetas vezes, era usada para ajudar no traba­
encontram-se presentes atualmen­ lho profético [IS m 10.5-6; 2Rs 3.15].
te, apesar de todo progresso que a Outras vezes, sonhos e visões eram o
humanidade alcançou. fundam ento para a profecia, no en-

4 L IÇ Ã O 1
tanto, o profeta Jeremias alerta para o e violências cometidas contra o povo
fato de que um sonho ou visão não era sempre eram denunciadas pelos pro­
garantia que, de fato, a mensagem era fetas. Havia uma preocupação com o
da parte de Deus [Jr 23.28-32], bem -estar social: por exemplo, Moisés
H O Novo C om entário Bíblico - An­ [Dt 24.19-22; Lv 19.9-18] e Amós [Am
tigo Testamento: “Os sonhos eram va­ 2.6-8; 5.11],
lorizados entre os assírios, egípcios e H* O Novo Com entário Bíblico - A n­
babilônios como um meio de revelação tigo Testam ento (IR e is 17.1): “Após
divina. Entretanto, na Lei e na tradição Moisés [Dt 18.15-19], nenhum profe­
dos israelitas, os sonhos eram anali­ ta houve com o Elias. O seu nom e sig­
sados com cautela. (...) O caráter dos nifica “O Senhor é o m eu Deus”. Elias
falsos profetas baseava-se em mentiras falava de Deus bravamente em meio a
e engano. Seu engano era aparente, todo o vácuo espiritual em que o R ei­
porque seu objetivo era levar o povo à no do Norte jazia nos dias de Acabe,
idolatria com seus sonhos fantásticos, Acazias e Jorão. Profeta por excelência,
fazendo com que todos se esquecessem o seu ministério e o seu posicionamen­
de Deus e seguissem Baal.” to contra o baalism o local alcançou
os m aiores círculos governam entais
1.2 Características dos profetas, a) ho­ em Israel.”
mem de Deus - essas palavras realçam
a diferença de caráter e modo de vida 1.3 Os falsos profetas. A profecia ver­
entre o profeta e as demais pessoas. Foi dadeira se distinguia de outras práticas
assim que a mulher sunamita se refe­ abomináveis aos olhos de Deus como
riu ao profeta Eliseu: “Eis que tenho adivinhação, feitiçaria etc. [Dt 18.10-
observado que este que passa sempre 12], Também nem todos que usavam
por nós é um santo homem de Deus” ou afirmavam falar em nome de Deus
[2Rs 4.9]; b) uma chamada específica eram reconhecidos no Antigo Testa­
- a chamada para a missão do profeta mento como verdadeiros profetas. A l­
vinha de Deus. O profeta com unica­ gumas vezes, profecias eram ditas em
va a mensagem de Deus aos homens, total desacordo com a Palavra de Deus
sendo ele o homem que, antes de tudo, ou a Sua vontade [Jr 23.9-40; M q 2.6-
se apresentou a Deus prim eiro [lR s 11]. Quando um profeta “falar em n o­
17.1; 18.15]; c) perfeita consciência me do Senhor, e tal palavra se não cum ­
da história - o profeta interpretava os prir, nem suceder assim, esta é palavra
acontecimentos históricos. Os profetas que o Senhor não falou” [Dt 18.22],
criam que Deus é o Deus da história e Jeremias enfatizou a mesma verdade:
nada foge ao Seu controle nos aconte­ “O profeta que profetizar paz, quan­
cimentos do dia a dia. E, por isso, Sua do se cumprir a palavra desse profeta,
Palavra é de absoluta confiança; d) pre­ será conhecido como aquele a quem o
ocupação ética e social - as injustiças Senhor, na verdade, enviou.” [Jr 28.9],

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 5
T O Novo Com entário Bíblico - A n­ cais, co m o os que havia em Jeru sa ­
tigo Testamento: “O teste de um ver­ lém , A n tio qu ia e C o rin to [At 11.27;
dadeiro profeta era o cumprimento de 13.1; IC o 14.2 9 ]. D iferen te do que
suas palavras. Entretanto, havia um a c o n te c ia no A n tig o T esta m en to ,
tipo de profecia anunciada que tal­ profetizar na Igreja Prim itiva era um
vez não acontecesse: a do julgamento dom que os cristãos podiam exercer
divino, que poderia ser afastada por nos cu ltos, desde que houvesse o r­
causa do arrep end im ento hum ano dem , segundo os en sin am en tos do
em resposta à proclamação da mesma. apóstolo Paulo [IC o 12.10; 14.29-
Jonas e M iquéias passaram por essa 32], Tam bém tais profecias estavam
experiência.” d eb aixo da au to rid ad e a p o stó lica
[IC o 14.37] e tin h am que ser ju l­
C D EU ENSINEI QUE: gadas p e lo s d em ais [ I C o 1 4 .2 9 ].
Deus chamou homens comuns, como você e Os profetas cristãos das ig rejas lo ­
eu, com personalidades diferentes, em situa­ cais não deixaram nada escrito , ao
ções bem diferentes, para fazer e anunciar Sua c o n trá rio dos apóstolos que foram
mensagem de maneiras diferentes. inspirados para escrever o Novo Tes­
tamento [lT s 2.13; 2Pe 3.16], e suas pa­
lavras deviam ser recebidas sem ques­
Sucessores dos p ro fe ta s tionam entos ou dúvidas, assim como
2 do A n tig o T e stam en to acontecia com os profetas do Antigo
Testam ento [G1 1 .8 -9 ; IC o 14 .3 7 ].
No Novo Testam ento, a revela­
ção de Deus quanto ao plano da f f O Novo Com entário Bíblico - N o­
salvação foi totalm ente escrita e vo Testamento: “O Senhor se envolveu
registrada de m aneira final, co m ­ ativamente na revelação de Sua ver­
pleta e infalível pelos apóstolos. dade aos apóstolos e profetas que a
Dessa forma, concluiu-se a reve­ escreveram. O Autor da Bíblia é o pró­
lação dada aos profetas no Antigo prio Deus. Portanto, as Escrituras são
Testamento. verdadeiras em tudo o que afirmam e
2.1 Através de quem Deus conti­ totalm ente fidedignas [lP e 1.20-21].
nuou a se revelar? D eus con tin u ou (...) Veja que Pedro iguala as cartas de
a se revelar aos hom ens, através dos Paulo às outras Escrituras, mostrando
doze apóstolos e do apóstolo Paulo, que considerava as epístolas de Paulo
apesar dos profetas das igrejas lo ­ com o Palavra de Deus.”

Q F0 Cu ç à S Um profe ta era alguém escolhido po r Deus para


proclam ar sua m ensagem , apesar de suas lim itações e sua
hum anidade. >
6 L IÇ Ã O 1
2 . 2 . Jesus, o ápice da proclamação H É oportu n o co m p artilh arm o s o
profética. Os profetas no Antigo Tes­ texto de Robert P. Menzies (Pentecos-
ta m en to an u n ciaram a Palavra de tes - Essa história é a nossa história,
Deus, apontando para Jesus [Hb 1.1- CPAD, 2016, p. 34), sobre o chamado
2], No Novo Testamento, Jesus Cristo profético do povo de Deus: “Um dos
é apresentado com o aquele que realiza grandes pontos fortes do movimento
o ápice da proclamação profética. Em pentecostal é que lê a promessa de Pen-
alguns textos neotestam entários, Je­ tecostes contida na citação que Pedro
sus foi identificado com o profeta [Mt faz de Joel [At 2.17-21] com o modelo
16.14; 21.46; Lc 7.16; 13.34; 24.19; Jo para a missão da igreja. (...) O Espírito
6.14; 7.40; 9.17], do Pentecostes vem para capacitar ca­
K O N ovo C o m e n tá rio B íb lico - da m embro da igreja, cada um de nós,
Novo Testam ento (H ebreus 1 .1-2): a cum prir nosso chamado profético
“A expressão muitas vezes se refere a para ser luz para as nações.”
períodos da história do Antigo Tes­
tamento, e muitas maneiras se refere Q P EU ENSINEI QUE:
aos diferentes métodos que Deus usou 0 verdadeiro servo de Deus pode e deve de­
para se comunicar, entre os quais vi­ nunciar o pecado, embora ame o pecador. Deve
sitações, sonhos, sinais, parábolas e também proclamar a verdade, anunciar a justi­
acontecim entos [Is 28.10], (...) Jesus é ça e a solução para o mundo, que é Jesus.
o herdeiro de todas as coisas, pois é o
próprio eterno Filho de Deus [Is 9.6-
7; M q 5.2], (...) O Filho é o Senhor de G1 A m en sag em p ro fé tic a
toda a história. Controla o universo ao ü A grande preocupação do profeta
longo de toda a história com o o M e­ era transm itir fielmente a Palavra
diador junto ao Pai.” que tinha recebido do Senhor e
que “permanece para sempre” [Is
2.3 Os profetas de ontem ainda fa­ 4 0 .8 ]. Os profetas falavam por
lam hoje. Em todas as épocas sempre meio de advertências e encoraja­
houve um a grande necessidade de mentos concernentes ao presente
uma m ensagem profética que denun­ e ao futuro.
cie a corrupção, as inju stiças sociais, 3.1 Os profetas e as Escrituras. Os
o abuso de autoridade, o afro u x a­ profetas foram os principais in stru ­
m ento dos padrões de m oralidade e mentos usados por Deus para as re­
a frieza espiritual do povo de Deus. velações divinas à forma escrita, ten­
Esse era o conteúdo das m ensagens do produzido um dos mais notáveis
dos profetas de D eus. Vivem os dias docum entos espirituais do m undo:
com essa m esm a urgência e n ecessi­ o Antigo Testamento. Moisés, o pri­
dade. D e fato, os profetas de ontem m eiro dos grandes profetas, produziu
ainda falam hoje. o Pentateuco e muitos dos salmos de

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 7
Q F0 Cl? ç ã S N o N ovo T e sta m e n to , a re ve la çã o de Deus
q u a n to ao pla no da salvação fo i to ta lm e n te escrita e registrada
de m an eira fin a l, co m p le ta e infalíve l pelos apóstolos.

Davi têm natureza profética. Já no N o­ para com Ele. A clara com p reensão
vo Testamento, o livro de Apocalipse é da p rofecia leva o hom em ao co n h e­
quase todo composto de profecias. O cim ento de D eus e ao en ten d im en ­
apóstolo João fez muitas declarações to de Sua inten ção de se relacio n ar
proféticas na Bíblia, assim tam bém com a hum anidade. Algum as vezes,
com o Pedro e Paulo, entre outros es­ aconselham en to ou co n fro n to com
critores apostólicos. reis e/ou lid eran ça do povo tam bém
H Norman L. Geisler e William E. Nix faziam parte da m issão dos profetas.
(Introdução geral à Bíblia, Vida Nova, Eram eles que, em m uitos m o m en ­
2021, p. 81 -83) comentam sobre o A n­ tos, desem penhavam um papel ativo
tigo Testamento todo ser um “pronun­ com o um estadista nos assuntos n a ­
ciamento profético”: “Os profetas eram cionais do seu povo. V em os ex em ­
a voz de Deus não somente no que di­ plos d isso no m in is té rio de N atã
ziam, mas também no que escreviam.” [2Sm 7 .1 -7 ; 1 2 .1 -1 5 ]; de Isaías [2Rs
Há vários textos bíblicos que registram 1 9 .1 -7 , 2 0 -3 7 ; 2 0 .4 -1 1 ]; e de Eliseu
o Senhor Deus ordenando que Seus [2Rs 5 .1 1 -1 4 ],
servos escrevessem [Êx 34.27; Jr 36.28; H José Gonçalves (O carism a profé­
Is 8.1; 30.8; Hc 2.2). “Não há por que tico e o pentecostalism o atual, CPAD,
duvidar, portanto, que os profetas es­ 2021, p. 87) escreveu sobre o C arism a
creveram sim, e o que escreveram era Profético no contexto m oral: “C o n ­
a Palavra de Deus, assim com o o que vém dizer que a ética é um tem a bem
falaram era a palavra de Deus. (...) se presente nos antigos profetas hebreus.
o Antigo Testamento todo é um escri­ Tanto os profetas literários quanto os
to profético, conform e o Novo Testa­ não literários deram um a profunda
m ento confirm a que é (cf. 2Pe 1.20), e conotação m oral às suas mensagens.
se todo “escrito profético” provém de Elias e Eliseu estão inseridos dentro
Deus, (...) todo o Antigo Testamento dessa tradição. D izendo isso de uma
é Palavra de Deus.” outra forma: o que os profetas diziam
e faziam estava carregado de valores
3 ,2 , Muito além das previsões. Os ético -m o rais. As suas m ensagens e
profetas, em tod os os tem pos, e n si­ oráculos serviam de parâm etro entre
nam ao povo de D eus com o ter um o bem e o mal, entre o certo e o erra­
relacion am ento genuíno com nosso do. A noção de valor, portanto, per­
C ria d o r e n o ssa resp o n sab ilid ad e meia o discurso profético.”

8 L IÇ Ã O 1
3.3 Ecos dos profetas para os dias de ho­ sábios a seus próprios olhos e prudentes
je. Os profetas falaram sobre a hipocrisia diante de si mesmos!” [Is 5.20-21], E es­
nos cultos, a violência, a exploração dos sa é a atual situação de muitas famílias e
mais fracos, a corrupção de juizes, a de­ nações! Estamos ficando cada vez mais
cadência moral, o desamparo dos social­ moralmente enfermos à medida que os
mente desassistidos, o pecado no meio pais, responsáveis, líderes e educadores
do povo e entre sua liderança em todas vão perdendo a capacidade de diferen­
as áreas, enfim todas as mazelas que des- ciar corretamente entre o certo e o erra­
troem a família e a sociedade como um do e, consequentemente, influenciando
todo em nosso mundo pós-moderno. e formando toda uma geração que tende
V Isaías escreveu sobre a generalizada a seguir e adotar tais atitudes.
inversão da moralidade nestes termos:
“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao CD EU ENSINEI QUE:
bem, mal! Que fazem da escuridade, luz, 0 profeta denuncia o pecado, mas também
e da luz, escuridade, e fazem do amargo aponta para a misericórdia e o perdão de Deus.
doce, e do doce, amargo! Ai dos que são

@ CONCLUSÃO
D eus escolheu hom ens com uns do povo, para propagar Sua m ensagem ,
cap acitand o-os com poder e autoridade perante Seu povo. Ainda hoje,
Deus continu a a cham ar e capacitar pessoas que estejam com prom etidos
com a expansão do Seu R eino entre os hom ens.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 9
"Porque eu quero misericórdia, e não o sa- A mensagem de Oséias aponta para o imen-
crifício; e o conhecimento de Deus, mais do surável amor de Deus que O moveu a enviar
que os holocaustos." Oséias 6.6 Jesus Cristo para salvar o pecador e fazê-lo
membro da família de Deus.

© O B JE TIV O S DA LIÇÃO
0 " Apresentar o cenário da 0 Destacar os acontecimen- 0 Mostrar lições do livro de
mensagem de Oséias. tos na vida de Oséias. Oséias para os dias de hoje.

S TEXTOS DE REFERÊNCIA

OSÉIAS 1 do Senhor.
1. Palavra do Senhor, que foi dita a Oséias, 3. E foi, e tomou a Gomer, filha de Diblaim, e
filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, ela concebeu e lhe deu um filho.
Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão,
filho de Joás, rei de Israel. OSÉIAS 11
2 . 0 princípio da palavra do Senhor por Oséias; 4. Atraí-os com cordas humanas, com cordas
disse, pois, o Senhor a Oséias: Vai, toma uma de amor, e fui para eles como os que tiram o
mulher de prostituições e filhos de prostitui­ jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei
ção; porque a terra se prostituiu, desviando-se mantimento.

10
b è LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA Os 4 QUINTA Os 11
A malícia do povo de Israel e Judá. A ingratidão de Israel.
TERÇA | Os 5 SEXTA | Os 12
A exortação ao arrependimento. A controvérsia do Senhor com Judá e Israel.
QUARTA | Os 9 SÁBADO | Os 13
0 pecado de Israel e a sua consequência. O pecado de Israel e o seu castigo.

tm w m m w m _____
35,69,169 Introdução
1 .0 cenário da mensagem do profeta Oséias
=& M O TIV O DE ORAÇÃO
2. Os acontecimentos na vida de Oséias
Ore por mais sensibilidade espiritual e amor 3. Oséias para os dias de hoje
ao próximo. Conclusão

d í INTRODUÇÃO
A mensagem de Oséias era centrada na quebra da aliança do povo de Israel
com Deus. Sua vida pessoal era uma ilustração pedagógica do amor de Deus
e da infidelidade de Seu povo.

O cenário da m ensagem do m uitas in form ações sobre os an te­


p ro fe ta Oséias cessores de O séias, a não ser que seu
Em um p e río d o de ap o stasia, m inistério foi exercido nos reinados
ond e a ad o ração aos de Uzias, Jotão, Acaz, Eze-
deuses de ou tros p o ­ quias (reis de Judá) e de
PONTO DE
vos pagãos configurava PARTIDA Jeroboão II (rei de Israel)
uma quebra da Aliança [O s 1 .1 ], F oi c o n te m p o ­
Oséias nos
do povo de Israel com râ n e o do p ro fe ta Is a ía s
ensina sobre os
Deus, o profeta Oséias e, p o s s iv e lm e n te , ta m ­
limites do amor
foi chamado para pre­ bém dos profetas Am ós e
de Deus.
gar a mensagem de infi­ M iquéias. Seu m in istério
delidade [Os 8.1]. D es­ prosseguiu por um p e río ­
sa forma, o povo foi chamado ao do de aproxim adam ente 40 anos ou
arrependimento e a voltar-se para mais, contudo não há consenso en ­
Deus [Os 12.6]. tre os com entaristas. Ele viveu nu ­
1.1 Conhecendo um pouco mais o ma época de turbulência na política
profeta. A narrativa bíblica não traz interna e no cenário internacional.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 11
T f Introdução ao Estudo do Antigo fonte de prosperidade na agricultura,
Testamento - Esdras Costa Bentho & Deus tiraria Suas bênçãos e não mais
Reginaldo Leandro Plácido, CPAD, supriría as necessidades da nação. (...)
2019, p. 506): “Quem era Oséias? a) O Senhor exporia publicamente a in ­
Oséias era filho de B eeri [Os 1.1] e fidelidade de Israel por meio do julga­
profetizou para Israel no R eino do mento. A afirmação “diante dos olhos
Norte. Não há citação a respeito de dos seus namorados” [Os 2.10] indica
seu chamado ao ofício profético, mas que os ídolos de Baal seriam incapa­
informes do livro nos permitem saber zes de ajudar Israel, provando, assim,
algo sobre a sua personalidade. Somos o quão era vão adorá-los.”
informados pelas Escrituras que ele era
afetuoso e compassivo, à semelhança 1.3. As consequências da infidelidade
de Jeremias, e não tão austero quanto de Israel. Oséias buscava entender as
Elias, b) Recebeu ordem do Senhor causas que traziam sofrimento ao povo
para casar-se com uma prostituta [Os e descobriu na apostasia deles a razão de
1.2]. c) Oséias foi contemporâneo de todas as mazelas que enfrentavam. Eles
Isaías, Amós e Miqueias. d) Tinha sufi­ haviam se afastado de Deus, o Criador
ciente posição social, para que o nome de todas as coisas, que os acompanhou
de seu pai fosse mencionado (Beeri).” e não os desamparou em toda a sua
jornada desde os seus pais até aquele
1.2. 0 engano do culto a Baal. O capí­ momento. O profeta, totalmente enga­
tulo dois narra a metáfora do marido jado em sua realidade social, política e
que ama uma esposa infiel, para ilus­ religiosa, buscava alertar seu povo para
trar e exortar o povo de Israel sobre o o perigo do engano de seus líderes reli­
adultério que cometiam ao adorarem giosos. Por isso, sua mensagem foi uma
outros deuses. Em sua mensagem, o dura crítica à sociedade, que usava a re­
profeta busca comprovar que a prospe­ ligião como pano de fundo para atender
ridade que Israel experimentou foi um seus próprios interesses [Os 12.2],
presente de Deus, o Senhor da Aliança H R. N. Champlin: “Um profeta ou sa­
[Os 2.10 -11,14]. No capítulo três, o pro­ cerdote não podia tomar como esposa
feta narra sua experiência em que Deus uma m ulher prostituta, sobretudo se
o manda se casar com uma m ulher ela continuasse praticando a sua “arte”.
adúltera. Essa narrativa do profeta com É assunto de discussões se a esposa de
a metáfora do seu casamento simboliza Oséias já era uma prostituta, ou se ela se
o conflito entre a adoração ao Deus de prostituiu depois de ter-se casado com
Israel e as práticas da religião cananeia, ele. Este versículo, considerado isolada­
particularmente o culto a Baal [Os 2.8]. mente, subentende a primeira possibi­
T O Novo Com entário Bíblico - A n­ lidade. Encontramos aqui uma ordem
tigo Testamento: “Com o Israel se re­ altamente irregular, dada pelo próprio
cusou a reconhecer o Senhor com o a Yaweh. Todas as regras deveríam ser

12 L IÇ Ã O 2
quebradas. Esse homem santo deveria amor e na aliança. Quando a vida espiri­
buscar uma prostituta, ainda pratican­ tual é marcada pela infidelidade a Deus,
te, para tomá-la como esposa. Através todos os outros relacionamentos, cer­
de tão estranha circunstância seria en­ tamente, estão em risco. A decadência
sinada uma lição objetiva espiritual. A espiritual precede a decadência moral.
nação de Israel era essa prostituta-adúl- H' O Novo Comentário Bíblico - Antigo
tera, e Yaweh era seu marido.” Testamento: “Quando Deus estabelece
um relacionamento, Ele exige absoluta
Q P EU ENSINEI QUE: lealdade. Por intermédio de Oséias, o
0 tempo de prosperidade do povo de Israel, ao Todo-Poderoso anunciou que aplicaria
invés de despertá-los para a gratidão a Deus, um severo julgamento para libertar Seu
levou-os à insensibilidade e à apostasia. povo do torpor religioso e chamar sua
atenção. Este julgamento tomaria a for­
ma de secas, invasões e exílio. Apesar do
Os acontecim entos na vid a
2 de Oséias
rigor desse ato ter dado a impressão de
que Israel seria abandonado para sempre,
A interpretação dos acontecim en­ o Senhor pretendia restaurar o Seu povo.”
tos na vida pessoal de Oséias tem
causado extensas discussões no 2.2 Os filhos de Oséias e as mensa­
meio dos intérpretes e estudiosos gens de Deus. Os três filhos de Gomer e
das Escrituras sobre a literalida- Oséias traziam em seus nomes mensa­
de ou alegoria do texto. O dra­ gens de Deus para o povo: Jezreel, Lo-
m a familiar do profeta deve ser -Ruama e Lo-Ami. Propositalmente, a
com preendido com o literal ou mensagem contida nos nomes revelava o
alegórico? crescente descontentamento de Deus pa­
2.1 0 casamento de Oséias: o retrato ra com o Seu povo, mas, também, trans­
de infidelidade de Israel. A peculiari­ mitiam esperança, amor, restauração
dade do livro de Oséias reside no fato e renovação. Jezreel [Os 1.4]. Significa
de que Deus usa o casamento e a infi­ “Deus semeia”. Também era o nome da
delidade como figuras antagônicas para cidade onde Jezabel, a idólatra sanguiná­
denunciar a infidelidade de Seu povo. ria, foi morta [2Rs 9.30-37; 10.1 -11 ]. Este
O adultério não deve estar presente em nome evocava juízo, Jezreel: onde Deus
nenhum relacionamento, ainda mais julgou os idólatras. A menção do nome
em um relacionam ento baseado no do menino ensinava às pessoas sobre o

Q foclÍ ção ... o profeta Oséias foi cham ado para pregar a
mensagem de infidelidade [Os 8.1]. Dessa form a, o povo foi
cham ado ao arrependim ento e a voltar-se para Deus [Os 12.6].
B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 13
juízo iminente de Deus; Lo-Ruama [Os blema real. A vida do profeta, além de
1.6] . Significa “Não compaixão”. A m en­ ilustrar a infidelidade do povo para
ção do nome da menina ensinava que com Deus, também traz à tona o dra­
a compaixão de Deus tem limite. Deus m a de muitos casamentos que estão
julgaria Seu povo como se fosse uma em toda parte, inclusive nos arraiais
nação idólatra, sem compaixão; Lo-Ami do povo de Deus. Com o dito anterior­
[Os 1.8]. Significa “Não meu povo”. Este mente, a decadência espiritual precede
era o filho mais novo. Juntando os três a decadência moral e isso tem acom e­
significados, a mensagem é a seguinte: tido muitas famílias, onde os filhos são
Deus julgaria Israel como uma nação os mais prejudicados quando a infi­
idólatra e sem compaixão, porque não delidade nas relações chega aos lares.
era mais Seu povo. U* O Novo Comentário Bíblico - Anti­
'Uf Warren W. Wiersbe: “Podemos tra­ go Testamento: “O ciúme e a disciplina
çar a história de Israel por meio dos n o­ do Senhor podem parecer inapropria-
mes dos três filhos de Oséias: (1) Jezreel dos, mas a resposta divina ao pecado
[Os 1.4] significa “disperso”; refere-se à de Israel é, na verdade, prova de Seu
época em que Deus espalha Israel en­ amor e comprometimento. Deus não
tre as outras nações. (2) Lo-Ruama [Os admite que coisa alguma arruine o re­
1.6] significa “desfavorecida”; quer dizer lacionamento que Ele estabeleceu com
que o Senhor tira sua misericórdia da os israelitas e fará tudo para preservá-lo.
nação e permite que ela sofra por seus Por fim, Sua fidelidade e misericórdia
pecados. (3) Lo-Ami [Os 1.9] significa prevalecerão, e Seu povo voltará a si,
“não meu povo”; refere-se àquela época dando-lhe o amor que Ele tanto deseja.”
do programa do Senhor em que Israel
não comunga com ele e não é o seu po­ CX] EU ENSINEI QUE:
vo como antes fora. Oséias 2.1 informa 0 Senhor ama com fidelidade o Seu povo, mes­
que haverá um tempo em que o Senhor mo quando o Seu povo se torna infiel.
chamará Israel de “Meu Povo” e de “Fa­
vor”, quando Cristo retornar, restaurar
a nação e estabelecer seu reino justo.
Oséias 3.3-5 apresenta um resumo da 3 Oséias para os dias de hoje
A história do profeta Oséias nos
condição espiritual de Israel.” ensina sobre os limites do amor e o
que está para além de suas frontei­
2.3 0 drama pessoal do profeta. C o ­ ras. Faz-nos pensar sobre até onde é
mo já vimos, Deus escolheu a história possível amar alguém. Oséias ilustra
triste e peculiar de Oséias, a fim de uma metáfora do que é o verdadeiro
revelar o Seu coração e manifestar o amor, um amor que supera as ex­
Seu amor. A história do casam ento pectativas humanas, um amor que
de Oséias não é aquela que os livros e “tudo sofre, tudo crê, tudo espera e
os filmes mostram sem qualquer pro­ tudo suporta” [IC o 13.7],

14 L IÇ Ã O 2
Q focu ç ã o Quando a vida espiritual é marcada pela infidelidade
a Deus, todos os outros relacionamentos, certamente, estão em
risco. A decadência espiritual precede a decadência moral.

3.1. 0 extraordinário amor de Deus. te, baseado numa escolha consciente


Apesar de tanta infidelidade, idolatria, de comprom eter-se com alguém para
violência, ainda depois de consciente­ o benefício desse alguém, m esmo sem
mente rejeitarem a Deus, o chamado saber sua resposta a esse presente [Os
amoroso de Deus se fez ouvir através 3.1-3]. Foi assim que Deus se com ­
da mensagem do profeta: “Converte- prom eteu com Israel. O casam ento
-te, ó Israel, ao Senhor, teu Deus; por­ de Oséias foi uma demonstração do
que, pelos teus pecados, tens caído.” casam ento de Deus com a adúltera
[Os 14.1], Havia um futuro de pros­ nação de Israel.”
peridade reservado para os remanes­
centes fiéis após o exílio. O Senhor 3.2. Um chamado ao arrependimento.
prometeu perdão, renovar Sua Aliança O livro de Oséias relata uma história
e derramar bênçãos abundantes [Os de am or com detalhes constrangedo­
1.10-11; 2.1-23; 14.1-7]. São prom es­ res, que passam longe de uma relação
sas que apontam para a vinda de Je­ baseada verdadeiramente no amor e
sus Cristo, que estabeleceu uma Nova no compromisso. Com base nisso, faz
Aliança, e um futuro no qual o povo de clamores agonizantes e cheios de an­
Israel, ao se arrepender, será chamado gústia ao reino de Israel, diante da sua
“filhos do Deus vivo” [Os 1.10] e des­ situação de terrível apostasia. A dor do
frutarão das maravilhosas bênçãos de profeta ilustra a dor do próprio Deus.
Deus juntam ente com os gentios que Assim como o profeta ansiava trazer de
se arrependerem [Rm 9.22-33]. volta sua esposa adúltera, livrando-a
"d" O N ovo C o m e n tá rio B íb lico - da degradação moral e do pecado, da
Antigo Testam ento: “Nossa cultura mesma forma Deus ansiava trazer para
frequentemente descreve o amor em junto d esio p o v od eIsrael [Os 14.1-2].
termos de paixão, sexualidade ou cega t f Comentário Bíblico Moody: “Israel
devoção. Por essas medidas, o amor é fora infiel, mas o profeta ainda via es­
pouco mais do que uma atração in- peranças se ela se arrependesse do seu
controlável por alguém. Esse tipo de pecado. Israel tinha caído. Literalmen­
“am or” busca somente o próprio inte­ te, tropeçado. O pecado colocara uma
resse e “acaba” quando não é corres­ pedra de tropeço em seu caminho. (...)
pondido ou satisfeito. Contrariamente, Israel estivera cam inhando na direção
Deus chamou Oséias para buscar um do julgamento, que só podia ser des­
tipo de amor completamente diferen­ viado através de um completo abando­

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 15
no do pecado e da idolatria e uma volta afeta o relacionam ento com Deus e,
a Deus e às Suas justas reivindicações em detrim ento disso, tam bém o rela­
sobre as vidas do Seu povo; por isso cionam ento com o próximo.
a ordem: “Convertei-vos ao Senhor”.” H* R. N. Champlin: “A esposa adúltera
(Israel) não era muito amorável nem
3.3 0 desafio de amar outra vez. O digna de ser amada. Mas o am or de
resgate de G om er representa o resga­ Deus envolvería Israel, tal como Oséias
te de sangue que Deus faria por Seu amava a esposa que dele se separara.
povo, e, consequentemente, por todos Foi da vontade de Yaweh que as coisas
nós pecadores. A dolorosa experiên­ acontecessem desse modo. Uma gran­
cia de Oséias ilustra o am or de Deus, de lição objetiva estava sendo constru­
disposto a perdoar um povo que não ída. O povo observaria com o o profeta
queria ser perdoado. A ordem dada lidara com a esposa desviada e se espe­
ao profeta muda o curso da história lharia nela. Talvez essa lição de amor
daqueles que se encontram afastados ajudaria a produzir o arrependimento.”
e perdidos em seus delitos e pecados
[Os 3.1]. Q uando alguém se afasta CH) EU ENSINEI QUE:
de Deus, perde claram ente a sensibi­ 0 livro do profeta Oséias retrata daramente o
lidade de amar o outro, considerar o poder do amor e a possibilidade da reconcilia­
outro, honrar o outro, reconciliar-se ção com Deus e com o próximo.
de verdade com o outro. O pecado

© CONCLUSÃO
O am or de O séias por sua m ulher infiel é com o o am or de D eus pelo p e­
cador [Rm 5.8], Um am or incom preensível e im ensurável aos olhos hu ­
m anos [E f 3 .1 8 -1 9 ], mas que alcançou pecadores que não m ereciam tal
graça e que, hoje, podem viver e testem unhar desse am or todos os dias.

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16 L IÇ Ã O 2
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gem fle jutzo, um
chamado ao arrependimento e
promessas
0 ASSISTA O V ÍD E O FOCO N A LIÇ Ã O DESTA A U L A ATRAVÉS DO QR CODE ■*

PáiwyiVJiivi VERDADE APLICADA


"Santificai um jejum, apregoai um dia de Oavivamento bíblico é precedido de arrepen-
proibição, congregai os anciãos e todos os dimento genuíno, quebrantamento e oração,
moradores desta terra, na casa do Senhor,
vosso Deus, e clamai ao Senhor." Joel 1.14

© O B JE TIV O S DA LIÇÃO
Gí Apresentar o cenário da B Destacar a mensagem do B Ressaltar lições do profeta
mensagem do profeta Joel. profeta Joel. Joel para os dias de hoje.

© TEXTO S DE REFERÊNCIA
JOEL 2 rão sonhos, os vossos mancebos terão visões.
27. E vós sabereis que eu estou no meio de 29. E também sobre os servos e sobre as ser­
israel e que eu sou o Senhor, vosso Deus, e vas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito.
ninguém mais; e o meu povo não será enver­ 32. E há de ser que todo aquele que invocar o
gonhado para sempre. nome do Senhor será salvo, porque no monte
28. E há de ser que, depois, derramarei o meu Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim
Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e como o Senhor tem dito, e nos restantes que
vossas filhas profetizarão, os vossos velhos te­ o Senhor chamar.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 17
LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA | Is 13.9 QUINTA | Ob 1.15


0 Dia do Senhor vem. 0 Dia do Senhor está perto.

TERÇA Dn 1.8 SEXTA At 17.30


É preciso não se contaminar com o pecado. Deus quer que todos se arrependam.

QUARTA ! il 2.12 SÁBADO | 2Co 7.10


É preciso se converter de todo coração. O arrependimento para a salvação.

111, 131,432 Introdução


1. O cenário da mensagem do profeta Joel
Jv m o tiv o de oraçao 2. A mensagem de Joel
Ore por revestimento do Espírito Santo. 3 . . Joel para hoje
Conclusão

d í INTRODUÇÃO
O arrependimento sincero e a mudança de vida são a base da genuína espiri­
tualidade. No livro do profeta Joel encontra-se esse chamado e, por isso, ele é
conhecido como o profeta do avivamento.

O cenário da m ensagem do 1.1, Conhecendo um pouco mais o pro­


D p ro fe ta Joel feta. O nome Joel significa “o Senhor é
Deus”. Assim como outros, não há uma
Joel profetizou num a época de
grande devastação em toda a ter­ biografia nos textos bíblicos sobre o pro­
ra de Judá. O contexto feta. Ele era filho de Petuel [J1
histórico de Joel apre­ 1.1]. O Evangelista Valdilon
PONTO DE
senta um tempo de ca­ PARTIDA Ferreira (Revista Betei D o­
lamidade decorrente de minical, 2o Trimestre/1994,
Deus não
uma destruidora praga p. 10) cita em seu comentá­
rejeita quem se
de gafanhotos e de uma rio a possibilidade de Joel ter
arrepende.
grande seca [J1 1]. O atuado a partir do tempo do
povo ainda não havia rei Joás [2Rs 12]. Apesar da
atingido o estado de depravação escassez de informações sobre Joel, no
presenciado em outras épocas, mas Novo Testamento o apóstolo Pedro faz
a religião já se caracterizava por um uma referência à profecia dele, ratifican­
notável formalismo. do assim seu ministério [At 2.16-17],

18 L IÇ Ã O 3
i r Bispo Oídes José do Carm o (R e­ nados pelos enxames de m ilhões de
vista B etei D om in ical - 2 o T rim es­ gafanhotos que emigravam da Arábia
tre de 2 008, p. 4): “Existem muitas para a Palestina, levados pelo vento
suposições sobre a data em que foi do deserto. A destruição foi tão gran­
escrito o livro do profeta Joel. A da­ de que o profeta cham a a atenção dos
ta sugerida por esta revista (825-770 anciãos [Jl 1.2], os quais pela vivência
a.C.) ju stifica-se nas acusações que dos anos podem recorrer à m em ória
o profeta faz aos fenícios [Jl 3.4] ao e responder-lhe [D t 32.7; Jó 32 .7 ],
Egito e a Edom [Jl 3.19], já que estas Em bora a resposta esteja im plícita,
poderíam referir-se a invasão de Judá ele concita os anciãos a admoestarem
por Sisaque, rei do Egito [IR s 14.25] o povo sobre a severidade do castigo,
e a revolta dos edomitas no reinado incitando-o a tem er a Deus [SI 76.6-
de Jorão [2Rs 8.20-22], Joel não faz 8; Êx 13.8; Js 4 .7 ].”
referência aos assírios nem aos babi­
lônios, o que indica que seu m inisté­ 1.3 A necessidade urgente de arrepen­
rio se deu antes da ascensão daquelas dimento. Deus, por intermédio do pro­
potências mundiais. A mensagem de feta, chama o povo ao arrependimen­
Joel m ostra que ele viveu num tempo to e à santificação. O Senhor diz que
anterior à grande apostasia de Judá e todos, independentemente da idade,
é possível que tenha vivido desde os deveríam se arrepender: “Congregai
dias do rei Joás até aos dias de Uzias, o povo, santificai a congregação, ajun-
n o s p rim e iro s an o s dos p ro feta s tai os anciãos, congregai os filhinhos
Oséias e Amós.” e os que mamam; saia o noivo da sua
1.2 A invasão dos gafanhotos. Nos recâmara, e a noiva, do seu tálamo.”
dias de Joel, aconteceu grande des­ [Jl 2.16]. Também deveríam guardar
truição por uma praga de gafanhotos na memória como o pecado traz gra­
que devastou toda a plantação, dei­ ves consequências à vida daqueles que
xando o povo na fome, miséria e seca. insistem em sua prática sem respon­
O gafanhoto é um inseto saltador que der ao chamado do Senhor para uma
se alimenta de vegetais. Ele passa por vida de santidade: “Fazei sobre isto
quatro fases em sua vida, que são rela­ uma narração a vossos filhos, e vossos
tadas distintamente em Joel 1.4, como filhos, a seus filhos, e os filhos destes,
se fossem quatro tipos diferentes de à outra geração.” [Jl 1.3].
gafanhotos: o cortador, o migrador, o W O Novo Comentário Bíblico - A n­
devorador e o destruidor. tigo Testamento: “Um dos temas cen­
H Adilson Faria Soares (Lições B í­ trais do livro de Joel é o dia do Senhor
blicas, CPAD, 2o Trim estre de 1993, [Jl 1.15; 2.1], Este term o se refere a um
p. 8): “A praga das locustas contra período em que Deus virá dramatica­
Israel foi fato real, e acontecim entos mente para trazer ira e juízo sobre os
sem elhantes eram com uns, o casio ­ ímpios e salvação aos justos. Deus é o

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 19
Senhor do tempo. Não há dia que não descreve que o país: “Lamenta como
que seja o dia do Senhor, num senti­ a virgem que está cingida de saco pelo
do geral. Mas, às vezes, Deus entra na marido da sua mocidade.” [J11.8]. Tal é
arena espaço-temporal para asseverar, a tristeza que: “todas as árvores do cam­
firme e dramaticamente, que Ele está po se secaram, e a alegria se secou entre
no controle de tudo.” os filhos dos homens” [Jl 1.12]. Mas, em
seguida, faz um apelo à conversão. Se­
OQ EU ENSINEI QUE: rá que, ao olhar para o país devastado,
Há promessa de restituição da parte de Deus aquele povo vai reconhecer que precisa
disponível para aqueles que 0 buscam em ar­ se voltar para o Senhor?
rependimento e fé. T f Warren W. Wiersbe: “Joel dirige-se
a diversos grupos distintos de pesso­
as quando descreve a terrível praga e

2 A m en sagem de Joel
suas consequências devastadoras. (...)
A singularidade da m ensagem Depois, fala com os adoradores [Jl 1.8-
do profeta é que ela se origina de 10], que têm de ir ao templo de mãos
uma experiência do cotidiano, ou vazias, porque não há sacrifícios para
seja, a contemplação de uma praga ofertar. Ele dirige-se aos lavradores [Jl
de gafanhotos. Sua mensagem se 1.11-12], que uivam porque suas co ­
destinava tanto à liderança quanto lheitas estão arruinadas. Por fim, Joel
aos moradores da terra. Todos es­ vira-se para os sacerdotes [Jl 1.13-14] e
tavam sendo alertados e chamados diz-lhes que jejuem e orem. Aqui che­
pelo Senhor ao arrependimento, gamos ao cerne da questão, pois Deus
jejum , à conversão e contrição. estava punindo a nação por causa do
2.1 0 alerta do profeta. Na cultura da­ pecado. Contanto que o povo lhe obe­
quele tempo, qualquer sinal de desor­ deça, Ele enviará a chuva e a colheita,
dem na natureza era entendido como mas, se lhe der as costas, Ele fará com
castigo de Deus: inundações, gafanho­ que os céus sejam com o bronze e des­
tos, granizos, eclipses, secas etc. Esses truirá as colheHtas.”
sinais provocavam reflexões e um con­
vite para um ajuste naquilo que desa­ 2.2. Esperança em meio à catástrofe. A
gradava ao Senhor. Nos dois primeiros segunda parte do livro do profeta Joel é
capítulos do livro de Joel, percebe-se uma mensagem de esperança: o derra­
um cântico triste. Apesar disso Joel mamento do Espírito Santo. Depois de

■WÊÊÊBlfÊHÊÊÊSi^SSiÊÊÊÈb

Q F0CuÇâS i i 0 p o v o a in d a não h a via a tin g id o o e s ta d o de


d e p ra v a ç ã o p re s e n cia d o em o u tra s épocas, m as a re lig iã o
já se c a ra cte riza va p o r um n o tá v e l fo rm a lis m o . J9
20 L IÇ Ã O 3
toda aquela desolação, a consolação do levaria a reconhecer a soberania e o
Senhor chegará. O Novo Testamento poder de Deus, e todos saberíam que
ratifica estes versículos ao se referir ao Deus estava no meio do povo de Israel
Pentecostes [A t2 .1 6 -2 1 ].E a p rese n ça [Jl 2.21-22, 25, 27],
e ação do Espírito resulta em profecias, H" O Novo Comentário Bíblico - A n­
sonhos, visões - modos próprios do tigo Testamento: “Deus não fica satis­
agir de Deus no Antigo Testamento. feito com o arrependimento da boca
H " Comentário Beacon: “Vemos que para fora. Rasgar as próprias vestes era
as maiores bênçãos colocadas diante um costume que expressava grande lu­
do povo de Deus são: 1) O derram a­ to ou remorso [Js 7.6; ISm 4.12]. Mas,
mento do Espírito de Deus sobre toda com o todo ato externamente visível,
a carne; 2) O julgamento das nações; podia-se rasgar as vestes sem triste­
e 3) A glorificação do povo de Deus. za nem arrependimento verdadeiros.
Estas características não são mantidas Deus queria mais do que simples pala­
estritamente em separado, mas, m es­ vras ou atos exteriores; Ele queria que
mo assim, são indicadas com clareza o coração do povo mudasse e que se
e relacionadas de perto umas com as entristecesse ao pecar.”
outras. Os estudantes do Novo Testa­
mento reconhecem com facilidade os Q D EU ENSINEI QUE:
versículos 28 a 32 por ser a promessa 0 fruto do arrependimento genuíno é uma me­
gloriosa citada por Pedro no Dia de tamorfose na vida do pecador.
Pentecostes, quando este a identificou
por “é o que foi dito pelo profeta Joel”
[At 2.16-21].” Joel p ara hoje
A mensagem do profeta é clara:
2.3 0 fruto do arrependimento. O ar­ havendo arrependimento autên­
rependimento sincero move o coração tico e fidelidade por parte do Seu
de Deus para mudar o quadro de tris­ povo, o Senhor Deus é poderoso
teza, que veio em consequência do er­ para transformar o cenário de de­
ro, em alegria [SI 51.17], Em Joel, Deus sesperança em vitória definitiva. É
se compadece e promete alívio sobre preciso ter em mente que quando
a nação. O Senhor teve misericórdia o termo “últimos tempos” é usa­
do Seu povo e para honrá-lo mostra o do na Bíblia tem uma conotação
seu zelo: “Eis que vos envio o trigo, e de esperança. Trata-se da vitória
o mosto, e o óleo, e deles sereis fartos, final de Deus.
e vos não entregarei mais ao opróbrio 3.1. Arrependimento genuíno. Ao con­
entre as nações.” [Jl 2.19], O Senhor templar aquele cenário de destruição,
restauraria as colheitas devoradas pe­ Joel admoesta aos seus compatriotas
los gafanhotos e o povo seria suprido a buscar a santificação, o quebranta-
em suas necessidades básicas. Isso os mento e maior submissão ao Senhor:

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 21
Q fouÇãS i Í Todos estavam sendo alertados e
chamados pelo Senhor ao arrependimento, jejum, à
conversão e contrição. iS
“Santificai um jejum , apregoai um dia ta de santidade tem sido um grande
de proibição, congregai os anciãos e im pedim ento para um avivamento.
todos os moradores desta terra, na ca­ A Palavra de Deus é clara: “E rasgai
sa do Senhor, vosso Deus, e clamai ao o vosso coração, e não os vossos ves­
Senhor.” [J1 1.14]. Tais palavras ainda tidos, e convertei-vos ao Senhor, vos­
hoje ecoam no coração daqueles que, so Deus; porque ele é m isericordioso,
sensíveis à voz de Deus, anseiam por e compassivo, e tardio em irar-se, e
Sua manifestação, destruindo o mal grande em beneficência, e se arrepen­
causado pelo pecado dos homens. de do mal.” [Jl 2.13].
U* C om entário B íblico M oody: “O U* Esdras Bentho & Reginaldo L e­
profeta visualiza uma praga ainda mais an d ro (In tro d u ç ã o ao E stu d o do
terrível que está por vir. Em termos al­ A n tig o T estam en to , C PAD , 2 0 1 9 ,
tamente poéticos ele descreve os enxa­ p. 517) com entam sobre Joel 2 .1 2 -
mes de gafanhotos como se fossem um 17: ““Rasgai o vosso coração, e não
exército hostil, vindo com o o exército as vossas vestes, e convertei-vos ao
do Senhor para julgamento [Jl 2.1 -11 ]. Senhor vosso Deus [...]” [Jl 2.13]. O
Mas a porta da misericórdia, ele diz, coração, conform e usado aqui, não
ainda está entreaberta! Se o povo se deve ser considerado o cen tro das
voltar para o seu Deus com coração em oções e das paixões. Na psicologia
contrito, a calamidade pode ser evi­ hebraica, o coração era geralm ente
tada [Jl 2.12-14]. O profeta convoca considerado com o o centro da vida
toda a comunidade para uma reunião m oral, espiritual e intelectu al. E n ­
de oração e jejum na casa do Senhor tão, o arrependim ento deles deveria
[Jl 2.15-17].” ser acom panhado com jeju n s e com
choro, exteriorizando a tristeza pelo
3.2 Santificação urgente. A falta de pecado do arrependido.”
santidade emperra, amarra e desacre­
dita a Igreja. Quando o povo de Deus 3.3, Libertação e esperança. A m en ­
despreza a santidade e passa a amar o sagem de Joel é atem poral e alcança
mundo, se torna o m aior im pedim en­ todas a gerações, co n fro n tan d o -as
to para a ação de Deus na história. com seu m odo de viver ao m esm o
Nada pior do que uma pessoa que se tem po em que apresenta a solução
diz cristão viver uma vida mundana baseada em arrepend im ento e m u ­
e compactuada com o pecado. A fal­ dança: “A inda assim , agora m esm o

22 L Iç A o 3
diz o Senhor: C onvertei-vos a m im cumprimento (...) ocorreu no Dia de
de tod o o vosso co ração ; e isso com Pentecostes narrado em Atos 2. A pro­
je ju n s, e com choro, e com pranto.” messa em si é proeminentemente es-
[J1 2 .1 2 ]. Sua m ensagem traz ale n ­ catológica, embora objetivava consolar
to e esp erança aos co raçõ es que se o povo nos dias do profeta. Robinson
en con tram presos a um cen ário de declara que a promessa “é semelhante
d estru ição , pecad o e afastam en to à mensagem de Jeremias de um con­
do Sen hor: “E o Sen h or bram ará de certo novo’ [Jr 31.31-34]. Ainda que
Sião e dará a sua voz de Jerusalém , não haja predição do Messias no livro
e os céus e a terra trem erão; m as o de Joel, com o bem observou Horton,
Sen h or será o refúgio do seu povo o estudo deste livro deve nos levar a
e a fortaleza dos filh o s de Israel.” Cristo e ao batismo no Espírito Santo.
[J1 3 .1 6 ], Joel com eça a construir a ponte para
T f Comentário Beacon: “Se o prim ei­ o Reino da Graça.”
ro grande ensino em Joel é o arrepen­
dim ento diante das adversidades, o CD EU ENSINEI QUE:
segundo é o derramamento do Espírito Devemos denunciar o pecado, mas também
sobre toda a carne. A promessa é uma anunciar a esperança que há em Cristo Jesus.
amplificação de Números 11.29 e seu

@CONCLUSÃO
Apesar do atual cen ário da socied ad e pó s-m o d ern a, a Ig reja deve co n ­
tinuar firm e em Seu propósito pregando o Evangelho que co n fro n ta os
hom ens com seus pecados e anunciando a esp erança que há em Jesus.

rm itm i

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 23
r» . aj _

scar ao
todo o coração
Çp ASSISTA O V ÍD E O FOCO N A LIÇ Ã O DESTA A U L A ATRAVÉS DO QR CODE -»

[ VERDADE APLICADA
______ ______________________
"Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Como discípulos de Cristo somos chamados
Buscai-me, e vivei." Amós 5.4 a um viver coerente com a fé e os valores
bíblicos.

® OBJETIVOS DA LIÇÃO
Iv f Apresentar o cenário da E3Í Destacar a essência da ET Identificar lições do livro
mensagem do profeta Amós. mensagem do profeta Amós. de Amós para os dias de hoje.

© TEXTO S DE REFERENCIA

AMÓS 7 destruídos os santuários de Israel; e levantar-


7. Mostrou-me também assim: eis que o Senhor -me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.
estava sobre um muro levantado a prumo, e 14. E respondeu Amós, e disse a Amazias: Eu
tinha um prumo na sua mão. não era profeta, nem filho de profeta, mas
8. E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E boieiro, e cultivador de sicômoros.
eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis 15. Mas o Senhor me tirou de após o gado,
que eu porei o prumo no meio do meu povo e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu
Israel; nunca mais passarei por ele. povo Israel.
9. Mas os altos de Isaque serão assolados, e

24
Én3 LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA i 2Cr 7.14 QUINTA SI 15.1-2
Um chamado ao arrependimento. O verdadeiro cidadão dos céus.
TERÇA | SI 7.17 SEXTA i SI 51.1-4
Louvar ao Senhor segundo a sua justiça. Davi confessa o seu pecado e suplica perdão.
QUARTA I SI 9.8 SÁBADO | Uo 1.9
O Senhor julgará o mundo com justiça. Cristo é fiel e justo para nos perdoar,

_____
196, 290,326 Introdução
1 .0 cenário da mensagem do profeta Amós
^ M O T I V O DE ORAÇÃO
2. A essência da mensagem
Ore para que sua prática religiosa não seja 3. Amós para hoje
apenas de lábios, cerimonialismo e rituais. Conclusão

d í INTRODUÇÃO
Amós denunciou a injustiça e a corrupção e, por isso, precisou enfrentar
tudo que se opunha à sua mensagem profética. Sua vida nos mostra que rea­
lizar a vontade de Deus não isenta ninguém de enfrentar obstáculos.

O cenário da m ensagem do
D p ro fe ta Am ós
O livro de Amós revela um cenário
ag ricu ltu ra, em um a pequena cid a ­
de no in terio r da Judéia cham ad a
Tecoa [Am 1.1; 7 .1 4 -1 5 ]. Seu nom e
onde a religiosidade era intensa. sig n ifica “carregad o”, no sen tid o de
No entanto, o povo esta­ carreg ar peso. O profeta
va distante da presença não era m em bro de uma
PONTO DE
de Deus. Era uma vida PARTIDA fam ília sacerd o tal, com o
espiritual de aparências. os p r o f e t a s J e r e m ia s e
Embora continuassem a Deus exige
E zequ iel, ou um p ro feta
praticar os rituais exigi­ retidão e justiça
p ala cia n o , co m o os p ro ­
dos pela lei e, em alguns do Seu povo.
fetas Isaías e D an iel. No
casos, se excedessem na e n t a n to , A m ó s fo i um
observância da lei, os corações es­ servo de D eus h u m ild e, c o ra jo so
tavam afastados do Senhor. e o b e d ie n te . E le , co ra jo s a m e n te ,
1.1 Sobre o profeta Amós. A m ós en treg av a o re ca d o de D eu s aos
era um hom em de D eus, que tra b a ­ p o d ero so s do povo, cu m p rin d o as
lhava no cam po com gado e com a ordens do Senhor.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 25
f f M anual B íblico - Entendendo a K * R. N. Cham plin: “Amazias era o
Bíblia (CPAD, 2011, p. 282): “Amós sacerdote oficial do santuário real de
também tinha um bosque de figueiras. Betei. Amós tinha asseverado de que
Assim, era um pastor e também um ele não era um profeta profissional
agricultor, e vivia aproximadamente [ISm 9.6-10; Mq 3.5-8, l l ] .E n e m era
a 16 quilômetros ao sul de Jerusalém. membro de alguma guilda profética
(...) A sua eloquente prosa e poesia su­ [ISm 10.5; lR s 22.6; 2Rs 2.3, 5], A n­
gerem que ele era algo mais do que um tes, era um leigo a quem Yahweh tinha
pastor contratado ou lavrador. Aparen­ enviado para proferir profecias a Seu
temente, era um homem instruído, e povo [Am 3.3-8; 2Sm 7.8], (...) A classe
talvez o proprietário do rebanho e do liderante reagiu violentamente contra
bosque. Ele diz que viveu quando Jero- as profecias de condenação de Amós.”
boão era rei de Israel (786-746 a.C.). A
prosperidade natural de que Amós fala 1.3 A resposta do profeta Amós. E m ­
se encaixa com as condições da última bora não faltassem esforços do sacer­
parte do reinado de Jeroboão, com e­ dote Amazias para impedir que Amós
çando aproximadamente em 760 a.C.” continuasse com sua m ensagem da
parte de Deus, o profeta se manteve
1.2. A rejeição sofrida por Amós. D ian­ fiel ao cum prim ento de sua missão e
te daquele cenário de intensa religiosi­ argumentou em sua defesa: a) Amós
dade, injustiça, corrupção e opressão, era oriundo do campo, não pertencia
o profeta Amós enfrentou forte opo­ a elite religiosa ou civil do seu povo:
sição quando transmitiu a mensagem “Eu não era profeta, nem filho de pro­
de Deus. Um sacerdote de Betei, cha­ feta” [Am 7.14]; b) Amós tinha con s­
mado Amazias, tentou expulsar Amós ciência de que a única autorização ne­
do país quando ouviu as palavras que cessária para cum prir seu m inistério
confrontavam o povo e seus pecados. era o chamado de Deus [Am 7.15];
Amazias se utilizou de falsos subterfú­ c) O profeta não se escondeu, não se
gios para calar e intimidar o profeta: calou ou mesmo se intim idou diante
a) recorreu ao rei Jeroboão, mentindo das ameaças sofridas pelo sacerdote,
para obter a aprovação do rei e su­ alguém que supostam ente, deveria
cesso em seus intentos contra Amós apoiá-lo [Am 7.16-17].
[Am 7 .1 0 ]; b) usou o povo contra U R. N. Champlin: “É verdade que
Amós [Am 7.11]; c) desdenhou sobre Amós não pertencia a um a fam ília
a origem do profeta, usando-a como profética, nem era filho de um profeta,
argumento para desacreditar sua m en­ muito menos membro de uma escola
sagem [Am 7.12]; d) com a autoridade profética; ou seja, ele não era um pro­
que possuía, tentou se proteger citando feta profissional. Mas e daí? Amazias,
o santuário do rei e não o templo do o chamado sumo sacerdote do reino
Senhor [Am 7.13]. apostatado de Jeroboão, tam bém não

26 L IÇ Ã O 4
tin h a cred enciais trad icionais, não pagar suas dívidas. O pecado estava
pertencendo à família de Arão, a qual tão enraizado e normatizado que os
era um segm ento da tribo de Levi. pais e os filhos se relacionavam sexu­
Amós era apenas um boieiro e colhe- alm ente com a m esma mulher, profa­
dor de sicômoros. Em outras palavras, nando a santidade e o nome de Deus.
era um fazendeiro. No entanto, ele Nesse estilo de vida tão contrário aos
atraiu o poder e a sabedoria de Deus, ensinam entos de Deus, era com um
e tam bém a luz profética, por ser um com er comidas oferecidas aos ídolos;
hom em piedoso. Foi escolhido para a injustiça imperava entre a lideran­
uma missão especial.” ça religiosa que se escondia atrás de
uma falsa moralidade e uma espiritu­
C D EU ENSINEI QUE: alidade vazia, oferecendo cultos que
A verdadeira espiritualidade é refletida diaria­ não agradavam mais ao Senhor [Am
mente em um estilo de vida que agrada ao Se­ 2.6-8; 4.5; 5.12, 21-22],
mm®
nhor e atrai outros para conhecê-Lo e servi-Lo. “ R. N. Champlin: “(...) mais espaço
foi dedicado à condenação de Israel,
visto que Amós foi um profeta espe­
A essência da m ensagem cificamente enviado a Israel. Em cer­
0 livro de Amós pode ser dividido to sentido, Israel, a oitava das nações
nos seguintes temas: nos capítulos a ser denunciada, era a pior de todas.
1 e 2, o profeta prega para o povo Tinha os elevados privilégios de Judá,
de Deus, especialm ente o reino mas desde o com eço da nação, com
do Norte, Israel. Já nos capítulos Jeroboão I (que separou as dez tribos
de 3 a 6, as mensagens de Amós das duas, Judá e B en jam im ), Israel
são proferidas diretam ente para tornou-se podre na idolatria.”
Israel e seus líderes. Nos últimos
capítulos, de 7 a 9, Am ós relata 2.2 Deus exige retidão e justiça do
suas visões a respeito do juízo de Seu povo. Retidão é a conduta corre­
Deus, o Dia do Senhor. ta, especialmente nos lugares onde a
2.1 A justiça de Deus. Entre o povo justiça deve alcançar todas as pesso­
de Deus, a sensibilidade e o am or ao as independente de sua classe social:
próxim o eram coisas tão distantes “Corra, porém, o juízo como as águas,
que pessoas honestas eram vendidas e a justiça, como o ribeiro impetuoso.”
com o escravos, caso não pudessem [Am 5.24]. Não existe retidão onde não

Q ^ lÍção E m bora c o n tin u a s s e m a p ra tic a r os ritu a is


e x ig id o s pela lei e, em a lg u n s casos, se excedessem na
observância da lei, os corações estavam afastados do Senhor.
B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 27
há justiça e a justiça sem a retidão não córdia de Deus. O profeta não justifica
passa de um engano. A falta de retidão ou compactua com o erro de seus com ­
era sentida nas três esferas da vida pú­ patriotas, ele sabe que a ira do Senhor
blica no tempo do profeta Amós: nos é pertinente. O povo pecou e por cau­
tribunais, nas classes sociais mais fa­ sa disso Amós pede perdão [Am 7.2].
vorecidas e no culto a Deus. Cabe ao j f David Allan Hubbard (Joel e Amós
povo de Deus ser exemplo de retidão - Introdução e comentário, Vida N o­
e justiça, amar a Deus e o próximo de va, 1996, p. 231-232): “Atônito diante
forma prática e não apenas com dis­ do quadro devastador, Amós implora
cursos evasivos e vazios, especialmente perdão a Deus (perdoa); a forma gra­
os menos favorecidos, isto é, os menos m atical é um imperativo intensificado
amados na prática. por uma partícula que dá a ideia de
H* Revista Betei D om inical, 2o T ri­ urgência: “por favor” ou “agora”. A in­
mestre/ 1994 - Auxílios Didáticos ao da que a narrativa da visão não traga
Professor, p. 16: “Moralmente a nação nenhum relato de pecado, Amós sabe
estava corrompida, tanto interna quan­ que os gafanhotos são a promulgação
to externamente. A aristocracia era rica, do juízo sobre Israel desobediente; daí
porém perversa. Profetas e sacerdotes o pedido de perdão (...) O fundamento
viviam a serviço dos seus próprios inte­ para o pedido de Amós é a fragilidade
resses. Injustiça social era o que havia. e vulnerabilidade de Israel (aqui cha­
Os poderosos tinham sempre razão. mado de Jacó; c f 3.13; 6.8; 9.8).”
Usurpavam os pobres e viviam na sun-
tuosidade e no vício. Em tudo a nação □3 EU ENSINEI QUE:
era pagã, com exceção do nome.” Sem a justiça, a retidão e o arrependimento,
não há solução para os problemas da huma­
2,3 A necessidade do verdadeiro ar­ nidade.
rependimento. Amós devia visitar os
lugares onde estavam os templos para
os outros deuses, Betei e Gilgal. Sua
missão era profetizar contra a idola­ 3 Am ós p ara hoje
O fato de Amós interceder pelo povo
tria com as estátuas, que o rei Roboão não o tomou complacente com o pe­
tinha feito. Era preciso trazer à m em ó­ cado. Tampouco o fato de a injustiça
ria do povo as palavras que Deus tinha permear todas as camadas da socie­
dito a Moisés, quando Josué renovou dade de sua época, especialmente os
a Aliança no Monte Ebal [Js 8.32], O mais vulneráveis, o fez calar median­
povo estava mergulhado na idolatria te os pecados que cometiam contra
e Deus alertou sobre as sérias conse­ Deus. Amós não deixou de cumprir
quências para esse tipo de atitude [Dt seu ministério e anunciar o iminente
30.15-20]. Então, o profeta Amós age juízo de Deus como forma de disci­
como mediador suplicando a m iseri­ plinar o povo de Israel.

28 L IÇ Ã O 4
C T Ífç Ã â j U ...a injustiça imperava entre a liderança religiosa
que se escondia atrás de uma falsa moralidade e uma espiritualidade
vazia, oferecendo cultos que não agradavam mais ao Senhor.. 33

3.1. Privilégios e responsabilidades. vivendo em situações que não nos iden­


O fato de Israel ser o povo escolhido tificam com o nosso libertador, com
trazia-lhes a falsa segurança de que es­ nossa aliança de batismo (...).”
tavam isentos do julgamento de Deus.
O profeta Amós, porém, os confrontou 3,2 A inutilidade do formalismo religio­
com tal pensamento [Am 3.2], para so. A mensagem de Amós é muito clara:
que entendessem que tal privilégio “Corra, porém, o juízo como as águas,
im putava-lhes grandes responsabi­ e a justiça, como o ribeiro impetuoso.”
lidades. O amor de Deus tam bém se [Am 5.24], Isso significa que o forma­
manifesta em julgamento e disciplina lismo religioso e o cerimonialismo na­
sobre aqueles que insistem em viver da representam diante de Deus se não
à margem dos Seus preceitos, princi­ estiverem acompanhados de atitudes
palmente dos que já experimentaram que demonstrem o amor e o cuidado
uma vida de devoção e comunhão com de Deus pelos homens. A indiferen­
Ele. O escritor J. A. Motyer afirmou: ça da Igreja mediante as mazelas que
“O destaque particular de Amós é o acompanham aqueles que se encontram
seguinte: quanto mais perto de Deus se em situação de desamparo e abandono
encontra, mais próximo o juízo e mais depõe contra ela, ainda que tenha ex­
certo o julgamento. Por causa do privi­ celentes e elaboradas programações. O
légio de serem salvos, mais será exigido ativismo do calendário não pode e não
daqueles que mais receberam; quanto deve substituir o socorro aos aflitos e
maior a luz, maior o risco”, desvalidos onde quer que estejam.
d Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão R. N. Cham plin: “Em contraste
(Revista Betei Dominical, 2o Trimes- com a religião vazia (algo repelente,
tre/1994, p. 19) descreve alguns dos que Yahweh odeia), temos a verdadeira
pecados indesculpáveis de Israel: “a) O religião, que se manifesta por meio da
pecado contra a revelação - O privilégio justiça, a qual é taão abundante que
de Israel ser a nação eleita de Deus não rola como um riacho descendo pelas
o faria mais importante que as demais faldas dos montes; e também há a reti­
nações, a ponto de poder pecar. Acar­ dão, que é como uma torrente que flui
retava, antes de tudo, o dever de ser luz de forma perene. Encontramos aqui as
para as nações e não igualar-se a elas. “águas” da vida, e não o vinho do de­
Assim como Israel, muitos de nós temos boche. Essa é a essência da verdadeira
esquecido do dia da nossa libertação, fé, a fé que parte do coração [Pv 4.23].”

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 29
3.3 Uma mensagem de esperança. as p ro m e ssa s fin a is de s a lv a çã o
Em A m ós en co n tra-se m uitas p ala­ em A m ós: “A m ós cu m priu a m is ­
vras sobre so frim en to , d estru ição e são que havia receb id o do Senhor.
m orte, e poucas palavras sobre o ti­ E ntregou a m ensagem de ju íz o d i­
m ism o e esp erança. M as isso não v ino sobre os p ecad os do povo. A
in v alid a a m ensagem fin a l so b re aparente apatia de Tsrael qu an to a
a esp erança de um futuro m elhor m ensagem de A m ós não p o d eria
[Am 9 .1 1 -1 5 ], D evido aos p ecad os o fu scar o evento que o profeta ta n ­
dos povos, Deus m and aria Seu fogo to alm ejava. F oi assim , que séculos
d estru id o r e ou tros castig o s com o m ais tarde, alguém escreven d o s o ­
ju íz o divino. M as, no final da m e n ­ bre um d escen d en te de D avi disse:
sagem , o profeta refo rça a graça, a “E O V E R B O SE F E Z C A R N E E
m isericó rd ia e o am or de D eus, ao H A B IT O U E N T R E N Ó S” [Jo 1.14].
se referir à op ortu nid ad e que todas A palavra grega “h abitou ” se traduz
as pessoas, de tod as as naçõ es, re ­ literalm en te “levan tou ta b e rn á cu -
ceb eríam a m ensagem de salvação, lo ”, cu m p rin d o a ssim a p ro fe c ia
por m eio do d escend ente de D avi, m essiân ica de A m ós [Am 9 .1 1 ].”
Jesus C risto.
| f Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão Q 0 EU ENSINEI QUE:
(R ev ista B etei D o m in ic a l, 2 o T ri- Deus é justo e, também, misericordioso.
m estre/ 1994, p. 20) co m en ta sobre

@ CONCLUSÃO
A missão de cada crente é proclamar a mensagem de Deus no lugar que Ele
mesmo designar. Todos devem pregar a mensagem de arrependimento e
salvação atendendo ao chamado do Senhor. Amós inspira a cada crente com
sua ousadia, comprometimento e fé naquele que o enviou.

Ü B

30 L IÇ Ã O 4
"Humilhai-vos, pois, debaixo da potente Andemos em Espírito para não sermos
mão de Deus, para que, a seu tempo, vos dominados pela soberba, revanchismo e
exalte." 1 Pedro 5.6 ódio, mas revestidos de amor e bondade,
confiando no Senhor.

© O B JETIVO S DA LIÇÃO
0T Mostrar o cenário da mensa- & Destacar o pecado do povo ET Apresentar lições de Oba-
gem de Obadias. de Edom. dias para os dias de hoje.

© TEXTOS DE REFERÊNCIA
OBADIAS como o que habita nas fendas das rochas,
1. Visão de Obadias: Assim diz o Senhor Jeová na sua alta morada, que diz no seu coração:
a respeito de Edom:Temos ouvido a pregação Quem me derribará em terra?
do Senhor, e foi enviado às nações um em­ 4. Se te elevares como águia e puseres o teu
baixador, dizendo: Levantai-vos, e levantemo- ninho entre as estrelas, dali te derribarei, diz
-nos contra ela para a guerra. o Senhor.
2. Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu 21, E levantar-se-ão salvadores no monte
és mui desprezado. Sião, para julgarem a montanha de Esaú; e
3. A soberba do teu coração te enganou, o reino será do Senhor.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 31
&3 LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA Pv 17.5 QUINTA j Ef 4.30-32
0 que se alegra com a calamidade será punido. A importância de perdoamos uns aos outros.
TERÇA | 1Co 1.10 SEXTA j Hb 12.15-17
Não haja entre vós dissensões. Cuidado para não se privar da graça de Deus.
QUARTA | 2Co 12.9-10 SÁBADO | 1Pe 2.9-10
A graça de Deus nos basta. A geração eleita, a nação santa, povo de Deus.

371, 372, 386 Introdução


1 .0 cenário da mensagem do profeta Obadias
E M O T IV O DE ORAÇÃO 2. O pecado de Edom
Ore para que possamos resolver os conflitos 3. Obadias para hoje
com sabedoria, oração e prática da Palavra. Conclusão

d í INTRODUÇÃO
O livro de O bad ias tem a p ecu liarid ad e de p ro ferir suas palavras c o n ­
tra os ed om itas, por causa do m al que causaram a Judá e Jeru salém .
A m ensagem de O bad ias retrata a ira de D eus co n tra os ed om itas.

O cenário da m ensagem do dele e suas palavras revelam um pouco

D p ro fe ta O badias
Os descendentes de Esaú hostiliza­
do profeta. Não há consenso quanto a
data de sua profecia. É uma das m en­
vam abertamente os descendentes sagens proféticas mais difíceis de se es­
de Jacó, desconsideran- tabelecer uma data. A título
do-os com o um povo de informação, recorrendo
PONTO DE
irm ão. Tal co m p orta­ PARTIDA a vários comentários sobre
m ento su scitou a ira o livro de Obadias, quanto
Deus é o Juiz
de Deus e, por meio do ao aspecto data, as opiniões
de todo o
profeta, o Senhor anun­ chegam a variar do nono
universo.
ciou o fim daquele po­ até ao segundo século a.C.
vo. As palavras de O ba­ Os profetas Jonas e Naum
dias a Edom foram: “A soberba do têm em comum com Obadias o fato
teu coração te enganou” [Ob 3]. de suas mensagens não serem dire­
1.1 Conhecendo um pouco mais o pro­ cionadas para Israel nem para Judá e,
feta. O nome Obadias significa “servo sim, para nação uma estrangeira (ou a
do Senhor”. Nada mais é dito a respeito respeito dela).

32 L IÇ Ã O 5
TT Revista Betei D om inical, 2o T ri­ U* Bíblia de Estudo Pentecostal: “Em ­
mestre/1994 - Auxílios Didáticos ao bora o Novo Testamento não se refira
Professor, p. 18: “Os estudiosos do livro diretamente a Obadias, a inimizade
acham difícil designar-lhe uma época tradicional entre Esaú e Jacó, que subjaz
específica. Algumas estimativas chegam a este livro, também é mencionada no
a variar em torno de seis séculos. Com Novo Testamento. Paulo refere-se à ini­
toda probabilidade Obadias, profeta mizade entre Esaú e Jacó em Romanos
que viveu antes do exílio babilônico, 9.10-13, mas passa a lembrar da mensa­
previu pelo Espírito de Profecia a con­ gem de esperança de que Deus nos dá;
denação de Edom, o maior inimigo de todos os que se arrependerem de seus
Israel. Com pare-se Jeremias 49.7-22 pecados, tanto judeus quanto gentios,
com relação a uma profecia posterior e invocarem o nome do Senhor, serão
sobre o mesmo assunto, a qual contém salvos [Rm 10.9-13; 15.7-12].”
muitas similaridades verbais com a pre-
dição que temos agora diante de nós.” 1.3. Deus comanda a história. No pri­
meiro versículo o profeta diz que as
1.2 A mensagem do profeta. Obadias nações estariam se levantando contra
inicia sua profecia dizendo que recebeu Edom: “Visão de Obadias: Assim diz
uma visão da parte do Senhor a respei­ o Senhor Jeová a respeito de Edom:
to de Edom. O profeta anunciou que os Temos ouvido a pregação do Senhor, e
edomitas seriam castigados, assim como foi enviado às nações um embaixador,
outros povos inimigos do povo de Deus. dizendo: Levantai-vos, e levantemo-
Isso porque os edomitas se alegraram -nos contra ela para a guerra.” [Ob 1].
quando Jerusalém foi conquistada pelos Embora por motivos diferentes, as na­
babilônios. Essa postura desagradou ao ções que declarariam guerra a Edom,
Senhor que, por meio do profeta Obadias, estariam na realidade cum prindo o
anunciou sua destruição. Embora o cerne propósito de Deus sobre aquela na­
da mensagem do profeta fosse o castigo ção, mesmo que desconhecessem tal
do povo de Edom, Obadias não deixa de fato. Com isso, fica evidente que Deus
trazer uma mensagem de esperança ao comanda a história e a conduz em di­
povo de Deus. Ele discorre acerca do “Dia reção à Sua vontade final.
do Senhor”. Nesse dia, o profeta afirma W Adilson Faria Soares (Lições B í­
que Senhor traria justiça contra os inimi­ blicas, CPAD, 2o Trimestre de 1993,
gos dEle, assim como vitória para aqueles p. 15-16): “Nos versículos 1, 2, 8, 18,
que permanecessem fiéis a Deus [Ob 17]. encontramos por quatro vezes as ex­
Embora não haja detalhes de como será pressões “Assim diz o Senhor” e o “Se­
esse dia, o profeta afirma que: “(...) o rei­ nhor o disse” com o prova de origem e
no será do Senhor” [Ob 21], numa clara autoridade divina da sua mensagem,
mensagem de confiança e afirmação na que anuncia o juízo moral de Deus
soberania de Deus. contra as nações, inclusive Edom, por

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 33
sua crueldade contra Israel. C oncluí­ habitação, antes lugar de segurança e in­
mos que todas as nações serão julgadas vencibilidade, tornou-se uma das mais
no dia do Senhor, nenhuma escapará.” inóspitas da terra. A Palavra de Deus é
fiel e se cumpre na vida de todos, ainda
0 0 EU ENSINEI QUE: que pareçam inabaláveis em suas posi­
A mensagem de Obadias é um alerta de Deus ções e seguros de seus recursos.
para todos, mostrando que Deus resiste ao so­ 'H Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão
berbo. (R ev ista B etei D o m in ic a l, 2 o T ri-
mestre/1994, p. 23) comentou sobre
Obadias 3: “A soberba do teu coração
0 pecado de Edom
0
te enganou”: “Uma das armas que o
Os pecados cometidos por Edom adversário mais usa para derrotar a
que o levaram a esse terrível juízo muitos é a soberba. Como: Ezequiel
foram o orgulho e crueldade. Por 28.2, 9; Atos 12.23; Daniel 4.25, 30, e
isso, o orgulho deles os destrui­ muitos outros. Pois Deus abate o so­
ríam, pois pensavam que sua posi­ berbo e exalta o humilde [Tg 4.6], (...)
ção geográfica seria um empecilho A soberba dá ao homem asas como
aos ataques inimigos e uma im- águia para viver nas alturas de sua ar­
batível proteção contra qualquer rogância, porém se esquece que Deus é
tentativa de guerra. É assim que a sobre todas as coisas e nos dá um lem ­
altivez derruba pessoas, nações e brete: “se puseres o teu ninho entre as
líderes que se julgam incapazes de estrelas, de lá te derrubarei” (ver 4).”
serem atingidos [Ob 3].
2.1 A punição de Edom. A conspiração 2.2. A violência agrava os conflitos. Os
e a deslealdade das nações vizinhas foi edomitas se negaram a ajudar o povo de
usada para dar início ao propósito de Israel, quando este precisou atravessar
Deus para julgar os edomitas. Por causa suas terras estando em Cades. Moisés
do orgulho que os cegou e a atitude de enviou mensageiros ao rei de Edom
desprezo e contentamento pelo mal que [Nm 20.14, 17]. Apesar da promessa
chegou aos moradores de Jerusalém e de que se limitariam a passar pela terra
Judá (povo irmão), a ira do Senhor se sem causar qualquer prejuízo, a respos­
acendeu contra eles [Ob 18]. Os edo­ ta do rei ao pedido de Moisés foi uma
mitas foram exterminados como povo dura palavra naquele momento em que
ao longo dos tempos. O lugar de sua Israel precisava de ajuda. Ele não mos-

Q , F° lÍ ç ã o ...Tal com portam ento suscitou a ira de Deus e, por


m eio do profeta, o Senhor anunciou o fim daquele povo,

34 L IÇ Ã O 5
trou bondade ou a cordialidade que o orgulho e a rebelião humana. Edom
deveríam existir, pois seus antepassados achava-se indestrutível, mas o Senhor
eram irmãos [Nm 20.18]. hum ilhou aquela nação e restaurou
« f C om entário Shedd: “Esta nação, Judá, que estava caída. Muitas pessoas
composta dos descendentes de Esaú, são tentadas a achar que estão fora do
irmão de Jacó (que veio a ser cham a­ alcance de Deus. Não obstante, Deus as
do Israel), repetidas vezes estava em humilhará, assim como exaltará aque­
guerra contra a nação irmã, Israel. O les que se humilharem diante dEle. E,
caso mais terrível desta inimizade, en­ no grande dia, Ele estabelecerá Seu
tretanto, revelou-se quando os babilô­ justo governo sobre todos.”
nios destruíram a cidade de Jerusalém
juntamente com o templo em 586 a.C., QQ EU ENSINEI QUE:
oportunidade aproveitada pelos edo- A solidariedade, a cordialidade e a generosi­
mitas para depredar o que restava da dade são essenciais à vida e às relações de
cidade e das fazendas abandonadas.” todos aqueles que não desejam experimentar
as mazelas que a soberba produz.
2.3, Judá será restaurada. Apesar do
cenário devastador, segundo Obadias
21, esse panorama seria radicalmente E i O badias p ara hoje
alterado e o curso da história tomaria L i A profecia de Obadias foi uma de­
novos rumos. Judá experimentaria um núncia contra o comportamento
tempo de restauração: “Portanto, diz: do povo de Edom, que não conse­
Deus resiste aos soberbos, dá, porém, guiu restaurar um relacionamen­
graça aos humildes” [Tg 4.6], O profeta to saudável por causa do proble­
cita os nomes dos patriarcas para pro­ ma entre os irmãos Esaú e Jacó.
mover a esperança de que os exilados A hostilidade entre os irmãos se
veriam as promessas cumpridas, refor­ perpetuou através das novas ge­
çando, desta maneira, a fé do povo em rações. Embora os irmãos tenham
Deus que é fiel à Sua Palavra [SI 115; se acertado [Gn 33.4], as gerações
Mq 7.20], Esta última mensagem de seguintes se sentiram prejudicadas
Obadias 21 está de acordo com o gran­ e adotaram um comportamento
de e perfeito plano de Deus também de rejeição e rivalidade com os
revelado ao apóstolo João: “Os reinos descendentes de Jacó.
do mundo vieram a ser de nosso Se­ 3.1 A lei da semeadura e retribuição.
nhor e do seu Cristo, e ele reinará para Uma das mensagens que continua sen­
todo o sempre” [Ap 11.15]. do relevante para os nossos dias: Edom
U O Novo Comentário Bíblico - A n­ desprezou a lei da semeadura e retri­
tigo Testamento: “O reino será do Se­ buição. Sua arrogância o enganou a
nhor - Essas foram as últimas palavras tal ponto que chegou a considerar que
de Obadias contra toda a arrogância, estava acima desta lei e que, portanto,

8 E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 35
QT°$J!£ 1 » ...É assim que a altivez derruba pessoas,
nações e líderes que se julgam incapazes de serem
atingidos [Ob 3]. 55 ______________ ___
jamais seria alcançado por ela [Ob 3]. tudes reprováveis. Além de tudo isto,
Notemos que o Senhor revelou a causa ele coloca-nos diante da grandeza da
da destruição que estava por vir [Ob justiça, do poder e do amor incom pa­
10-14], Ou seja, os atos de violência e ráveis de Deus.”
soberba de Edom teriam consequên­
cias. Não nos deixemos enganar, pois 3.2 0 Dia do Senhor. Sobre o Dia do
o apóstolo Paulo tam bém escreveu Senhor, Obadias, assim como os de­
sobre este relevante assunto, enfati­ mais profetas, traz ensinamentos de
zando que de Deus não se zomba [G1 que Deus exige justiça; não apenas
6.7-9]. O escritor aos Hebreus também em um futuro distante, mas também
alertou sobre a justa retribuição que a no tempo em que os acontecimentos
desobediência recebe [Hb 2.2], O fato se desenrolam contra seu povo: “Por­
de termos sido alcançados pela graça que o dia do Senhor está perto, sobre
de Jesus Cristo não nos dispensa de todas as nações; como tu fizeste, assim
servirmos ao Senhor com reverência se fará contigo; a tua maldade cairá
e temor [Hb 12.28-29]. Aprendemos sobre a tua cabeça.” [Ob 15]. O amor
com esta reflexão a partir de Obadias e e a misericórdia de Deus não perm i­
àluz da mensagem do Novo Testamen­ tem que Ele compactue com o pecado
to a importância do arrependimento, e a desobediência dos homens. O dia
vigilância, temor, hum ildade e um do Senhor é um dia de julgamento e
contínuo andar em Espírito. justiça divina.
D Bispo Oídes José do Carmo (Revis­ H ' C om entário Bíblico M oody: “O
ta Betei Dom inical - 2o Trimestre de Dia do Senhor é o dia em que Deus
2008, p. 26): “Entendeu porque O ba­ vai julgar a perversidade e vingar a
dias é um profeta excepcional? Ele nos justiça. Deus é m isericordioso, mas
transmite exemplo de humildade, de não vai tolerar o pecado para sempre.
amor e de confiança em Deus; adver- Quando o pecador, individual ou na­
te-nos contra a soberba, a inimizade ção, ignora completamente as regras
e a ira que leva a atos de vingança. O divinas, Ele vem para julgar e vingar
profeta deixa claro que todos aqueles [J12.1; Am 5.18-20; Sf 1 .7 -8,14-18; Ez
que tiram proveito das desgraças e in­ 25.12-14; 35.1-15]. (...) Os juízos do
fortúnios de alguém que esteja sendo Senhor se basearão sobre a justiça, não
punido por Deus, e se ensoberbecem no capricho ou na vingança. O casti­
sobre eles, serão julgados por estas ati­ go não será m enor nem maior que os

36 L IÇ Ã O 5
crimes cometidos. (...) A sentença de para que os edom itas agissem com
um pecador não será desproporcional hostilidade e desprezo com os des­
aos seus pecados, mas por ter certeza cendentes dele. O desejo de justiça por
de que sofrerá por seu pecado.” algo ou alguém pode facilmente ser
confundido com vingança.
3.3 0 alerta de Obadias. A profecia H Adilson Faria Soares (Lições Bíbli­
de Obadias é uma clara m ensagem cas - 2o Trimestre de 1993, p. 17): “Deus
contra o orgulho, a arrogância e fal­ envia duras calamidades sobre aqueles
ta de cordialidade e empatia entre os que se regozijam com o sofrim ento
homens, principalmente entre aqueles alheio [Pv 17.5;24.17-18].Com o servos
que deveriam m ostrar-se solidários e de Deus, não nos alegremos pela queda
não hostis para com seus irmãos. Não de alguém, antes demonstremos nosso
se deve rejeitar ajuda àqueles que se amor e bondade e contribuamos para
encontram em circunstâncias adver­ recuperá-lo [Mc 13.37; IC o 10.12]”. Na
sas por causa de situações mal resol­ presente reflexão é oportuno conectar­
vidas no passado, ou mesmo alegrar- mos o alerta de Obadias exposto neste
-se por isso. Fica claro também que o subtópico com a mensagem de Jesus
mal comportamento de alguém não é Cristo: Mateus 5.43-48. Para tanto, pre­
justificativa para que outros assim pro­ cisamos cultivar o “andar em Espírito”.
cedam. M esmo quando os edomitas
negaram ao povo de Israel passarem 0 0 EU ENSINEI QUE:
por suas terras, a ordem do Senhor é A mensagem do profeta Obadias é um desafio
que não deveriam revidar. O com por­ para todos que arrogam para si a reparação
tamento de Jacó com sua família no das injustiças sofridas.
passado não significava autorização

@ CONCLUSÃO
O orgulho e altivez vistos e denunciados pelo profeta Obadias em Edom
são com o uma sem ente nos corações dos hom ens. Q uanto mais a pessoa
se afasta dos cam inhos do Senhor, mais esta sem ente cresce e vai d om i­
nando com pletam ente a vida, levando-o a um cam inho de destruição.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 37
"E disse: Na minha angústia, clamei ao Se- Mesmo que pareça absurdo ou diferente
nhor, e ele me respondeu." Jonas 2.2a do que pensamos, devemos ser obedientes
ao chamado divino.

® OBJETIVOS DA LIÇÃO
Ef Apresentar o cenário da ET Estudar acerca da fuga do Ef Extrair lições do livro de
mensagem do profeta Jonas. profeta Jonas. Jonas para os nossos dias.

TEXTOS DE REFERENCIA

JONAS1 pe, achou um navio que ia para Társis; pagou,


1. E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de pois, a sua passagem e desceu para dentro
Amitai, dizendo: dele, para ir com eles para Társis, de diante da
2. Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e face do Senhor.
clama contra ela, porque a sua malícia subiu 8. Então lhe disseram: Declara-nos tu, agora,
até mim. por que razão nos sobreveio este mal. Que
3. E Jonas se levantou para fugir de diante da ocupação é a tua? E donde vens? Qual é a tua
face do Senhor para Társis; e, descendo a Jo- terra? E de que povo és tu?

38
bè LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA Êx 33.19 QUINTA ! M t 7.21
A misericórdia de Deus. Devemos fazer a vontade de Deus.
TERÇA | 1Sm 15.22 SEXTA At 5.29
Obedecer é melhor do que o sacrifício. Importa obedecer a Deus do que aos homens.
QUARTA SI 40.8 SÁBADO | Rm 5.20
Deleito-me em fazer a tua vontade. A maravilhosa graça de Deus.

205, 253, 283 Introdução


1 .0 cenário da mensagem do profeta Jonas
& M O TIVO DE ORAÇÃO
2. A fuga do profeta
Ore a Deus por mais misericórdia e compai­ 3. Jonas para hoje
xão pelo próximo. Conclusão

d : - INTRODUÇÃO
O profeta Jonas fugiu do chamado de Deus para pregar aos ninivitas, achan­
do ser possível tal coisa, pois em seu coração achava que aquele povo não
merecia ser poupado do castigo divino, caso viessem a se arrepender.

O cenário da m ensagem do
D p ro fe ta Jonas
Nínive era capital do reino da As­
para anunciar o julgamento divino
contra aquele povo.
1.1 Conhecendo um pouco mais o pro­
síria na antiga Mesopotâmia, atu­ feta. O nome Jonas significa “pomba”.
almente ela encontra-se Isso pode ser uma analogia
no norte do Iraque. Era PONTO DE de sua missão como mensa­
uma cidade de muitas PARTIDA geiro, da mesma forma como
im oralidades e explo­ esse animal era usado em
Devemos ser
ração de pessoas com o épocas remotas para levar
obedientes ao
trabalho escravo, além mensagens entre pessoas em
chamado divino.
do estilo de vida v io ­ terras distantes. Jonas era fi­
lento, cruel e desumano lho de Amitai [Jn 1.1 ] e natu­
[Na 3.1]. Nesse cenário, onde todo ral de uma pequena vila de Gade-Hefer
o tipo de barbaridade imperava, [2Rs 14.25], no distrito de Zebulom. Es­
somado ao forte antagonismo entre sa área era conhecida pela pluralidade
Nínive e Jerusalém, Deus envia o de povos e suas diversidades culturais e
profeta Jonas como Seu mensageiro religiosas. Segundo alguns estudiosos,

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 39
estar familiarizado com costumes pa­ era uma das mais importantes cida­
gãos e tão avessos aos costumes de seu des da época [Jn 3.2], ficava situada às
povo, teria sido uma estratégia divina margens do Rio Tigre e foi edificada
para enviar Jonas à cidade de Nínive por Ninrode [Gn 10.11]. Tornou-se
como Seu mensageiro. capital do Império Assírio por ordem
U" Manual Bíblico - Entendendo a Bí­ de Senaqueribe em 681 a.C. O profeta
blia (CPAD, 2011, p. 297): “Não sabemos Naum profetizou a sua destruição, que
se Jonas escreveu, ou se foi outra pessoa veio a acontecer em 612 a.C. através
que o fez. Mas a história é sobre “Jonas, dos medos e persas. (...) “Ainda qua­
filho de Amitai”, um profeta galileu, renta dias e Nínive será subvertida”.
de uma aldeia próxima a Nazaré. Este Esta era a única palavra que Jonas ti­
mesmo “Jonas, filho de Amitai” é iden­ nha para aquele povo que Deus tanto
tificado como um profeta que apoiou os amava, palavra incondicional, apoca­
sucessivos esforços do rei Jeroboão para líptica e de desgraça total.”
expandir as fronteiras de Israel no final
dos anos 700 a.C. [2Rs 14.25]. (...) A afir­ 1.3 A resistência de Jonas ao chama­
mação de que Nínive “era” uma grande do. Deus disse a Jonas: “Levanta-te,
cidade [Jn 3.3] sugeriría que o livro foi vai à grande cidade de Nínive e clama
escrito depois que a Babilônia destruiu contra ela, porque a sua malícia subiu
a cidade, em 612 a.C.” mim.” [Jn 1.2], Humanamente falando,
não é difícil entender por que essa não
1.2 A mensagem do profeta. A men­ foi uma tarefa fácil de cumprir. Assim
sagem do profeta era, em sua essência, como Oséias e outros profetas, Jonas
absolutamente condenatória. Ele deve­ também teve uma missão desafiadora.
ria informar aquele povo sobre a ira de Ele precisava ir ao “território inimigo”
Deus como resultado de suas ações pe­ e pregar uma mensagem de destruição
caminosas e perversas. Na fala do profe­ a um povo poderoso e violento. Como
ta há um tempo determinado por Deus já dito anteriormente, a truculência da­
para que a cidade de Nínive fosse des­ quele povo era o que os mantinha no
truída: “E começou Jonas a entrar pela poder e no domínio de outras nações.
cidade caminho de um dia, e pregava, O medo e a barbárie eram as ferramen­
e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive tas de dominação dos assírios. Como
será subvertida.” [Jn 3.4]. Uma m en­ enfrentar esse povo em seu território e
sagem breve, simples e objetiva. Uma ainda com uma mensagem que anun­
mensagem sem rodeios, justificativas ciava o seu extermínio?
ou exceções, possivelmente tenha sido H D esm ond A lexand er (O bad ias,
essa a fórmula que a tornou tão eficaz. Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e
H Ev. V ald ilon F e rre ira B ran d ão Sofonias - Introdução e comentário,
(Revista Betei Dom inical, 2o Trim es­ Vida Nova, 2001, p. 113) comenta so­
tre/1994, p. 27): “A cidade de Nínive bre a fuga de Jonas: “A reação de Jonas

40 L IÇ Ã O 6
é imediata: o verbo inicial (...) “ele se usarem a palavra “baleia”, ao invés de
levantou”, corresponde ao imperativo grande peixe, como em outras tradu­
inicial da ordem divina. Entretanto, as ções, tem sido motivo de grandes dis­
palavras seguintes revelam de modo cussões, erros e muito ceticismo entre
impressionante que Jonas, na verdade, as pessoas. De acordo com alguns di­
não tem nenhuma intenção de obede­ cionários gregos, a palavra grega subja­
cer às instruções de Deus. Convocado cente, que é traduzida como “baleia”, é a
para ir em direção ao oriente, ele pre­ palavra ketos e é definida amplamente
fere fugir na direção oposta. O destino como “uma grande criatura marinha”
de sua escolha é a cidade de Társis (lo­ (NEWMAN, 1971, p. 100), “monstro
calizada provavelmente no sudoeste da marinho” (DANKER, et al„ 2000, p.
Espanha).” 544), ou “peixe enorme” (VINE, 1952,
p. 209). Entretanto, o fato mais impor­
C D EU ENSINEI QUE: tante a ser ressaltado é que não importa
Muitos resistem ao chamado de Deus. Contu­ o quão longe o homem esteja de Deus e
do, Deus continua nos chamando ao serviço de Sua vontade, ainda assim o Senhor
de anunciar a mensagem de Boas Novas. poderá alcançá-lo e trazê-lo novamente
para junto de Si [SI 139.9-10],
TT R- N. Champlin: “Yaweh, porém,
A fu g a do p ro fe ta não tinha rom pido d efin itivam en ­
M ediante ao desafio da m issão te com Seu profeta. Ele nomeou um
que recebera de Deus, Jonas ela­ grande peixe (tradicionalmente uma
borou um plano para que pudesse baleia) para que cuidasse de Jonas. E
se eximir, evitando um confronto o grande peixe engoliu o pobre Jonas,
com o Senhor. Em sua limitação, aumentando assim a duração da sua
julgou haver a possibilidade de vida. No ventre do grande peixe, Jonas
não cu m p rir aqu ele cham ad o podia sobreviver por mais tempo do
sem maiores prejuízos pessoais. A que dentro da água.”
fuga para um lugar longe de toda
aquela missão impossível aos seus 2.2. A segunda chamada de Jonas. Jo­
olhos, foi o ingênuo plano do pro­ nas, arrependido, orou e Deus ouviu a
feta [Jn 1.3]. sua oração: “E disse: Na minha angústia,
2,1 Jonas e o grande peixe. O fato de clamei ao Senhor, e ele me respondeu;
algumas traduções do texto bíblico do ventre do inferno gritei, e tu ouvis-

Q .F° lÍção .. .D e u s e n v ia o p r o fe ta Jo n a s c o m o Seu


m e n s a g e iro p a ra a n u n c ia r o ju lg a m e n to d iv in o c o n ­
tr a a q u e le p o v o .
B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 41
te a minha voz.” [Jn 2.2], Uma vez que palavras: “Ainda quarenta dias, e Nínive
o Senhor havia lhe poupado a vida, o será subvertida” [Jn 3.4]. Nem entre o
profeta tem a oportunidade de retomar seu povo, Jonas tinha presenciado ta­
os planos iniciais do seu ministério; que manho feito, já que repetidas vezes foi
eram os planos de Deus e não os seus. dito a respeito dos dezenove reis idóla­
Depois que o grande peixe vomitou o tras de Israel: “...e fez o que parecia mal
profeta em terra firme, ele ouviu pela aos olhos do Senhor”.
segunda vez a ordem divina para ir a K Esdras Bentho & Reginaldo Plácido
Nínive [Jn 3.1-2]. Apesar dos imprevis­ (Introdução ao Estudo do Antigo Testa­
tos vividos por Jonas, o local, os destina­ mento, CPAD, 2019, p. 538) comentam
tários e a mensagem eram as mesmas. sobre o milagre do arrependimento de
Nada foi alterado por causa dos temores Nínive [Jn 3.5-9]: “Os ninivitas deram
ou da incompreensão de Jonas. crédito à mensagem de Jonas, da parte
H* Myer Pearlman (Através da Bíblia - de Deus, reconhecendo Yahweh como o
Editora Vida); “Os ninivitas adoravam o Deus verdadeiro. (...) O arrependimen­
deus-peixe, Dagom, parte humana e par­ to de Nínive não foi parcial; todas as
te peixe. Acreditavam que Dagom tinha classes sociais participaram, do menor
saído do mar, fundado sua nação e que ao maior. (...) O único fundamento que
enviava para eles mensageiros do mar de descansava a sua fé era o fato de Deus
tempos em tempos. Se Deus, pois, lhes ter enviado quem os prevenisse, em vez
houvesse de enviar um pregador, nada de destruí-los de uma vez; isso sugeriu-
mais razoável que trouxesse seu plano a -lhes uma possibilidade de perdão.”
nível de conhecimento dos assírios, man­
dando-lhes um profeta que saiu do mar.” C D EU ENSINEI QUE:
A missão do servo de Deus é anunciar a Sua
2.3 0 arrependimento em Nínive. Ao Palavra para que o Espirito Santo convença o
ouvir a mensagem, todo o povo creu pecador do juízo e da justiça divina, capaci-
em Deus, humilhando-se e jejuando, tando-o a crer na salvação em Jesus.
mostrando arrependimento por suas
más ações. Do rei até o mais carente
do povo, incluindo os animais, todos
ficaram cobertos de roupas de sacos 3 Jonas para hoje
Mesmo pessoas que nunca leram
e sobre cinzas [Jn 3.5-9], O imprová­ a Bíblia já ouviram falar de Jonas
vel, aos olhos do profeta, aconteceu: a em algum momento, sabem algu­
perversa, imoral e idólatra Nínive se ma coisa a respeito desse profeta,
arrependeu e se converteu. A pregação nem que seja sobre ele e a “baleia”.
de Jonas resultou em um grande aviva- Assim como Jonas, de alguma m a­
mento naquele lugar, pois mais de cento neira também já tentamos fugir dos
e vinte e mil pessoas voltaram-se para propósitos e das ordens de Deus
Deus, ouvindo uma mensagem de sete para cumprir nossa missão.

42 L IÇ Ã O 6
Qf°UÇÃO 6 1 A fuga para um lugar longe de toda
aquela missão impossível aos seus olhos, foi o
ingênuo plano do profeta [Jn 1.3].
O poder de Deus. O livro do profeta cântico de Jonas. O pobre Jonas sentia-
Jonas evidencia de forma extraordiná­ -se mais confortável em sua miséria,
ria, inquestionável e inequívoca o poder enquanto a cuia bloqueava os raios de
de Deus. A experiência vivenciada pelo sol. Finalmente, Jonas encontrou algu­
profeta demonstrou o poder de Deus ma coisa que o deixou feliz, a saber, a
sobre a natureza quando enviou a tem­ planta da cuia.”
pestade [Jn 1.4] e a acalmou [Jn 1.15];
também ao enviar o grande peixe para 3 . 2 . Arrependimento produz mudan­
resgatá-lo e ao devolvê-lo em seguran­ ças. Jesus declarou: “Os ninivitas res­
ça na praia [Jn 1.17; 2.10]; da mesma surgirão no juízo com esta geração e
forma quando acelerou o crescimento a condenarão, porque se arrepende­
de uma planta, a aboboreira, e usou um ram com a pregação de Jonas” [Mt
verme para destruí-la numa demons­ 12.41]. O verdadeiro arrependim en­
tração pedagógica de que nada foge ao to produz mudança total no modo
Seu controle [Jn 4.6], O salmista teve de viver. A rrependim ento difere, em
essa compreensão ao escrever: “Tu me m uito, de rem orso. Não são poucas
cercaste em volta e puseste sobre mim as vezes em que as pessoas co n fu n ­
a tua mão. Tal ciência é para mim ma­ dem arrependim ento com rem orso,
ravilhosíssima; tão alta, que não a posso por isso é im portante ressaltar que
atingir.” [SI 139.5-6]. O Senhor é o Deus o rem orso não produz m udança nas
Todo-Poderoso que fez os céus, o mar atitudes, na m aneira de pensar ou
e a terra [Jn 1.9]; apesar de todo poder, no desejo de não m ais continuar na
é um Deus misericordioso e compassi­ prática do pecado. Aqueles que, m e­
vo, sempre pronto a reconciliar-se com diante ao confronto com suas atitu­
o homem mediante ao seu arrependi­ des contrárias à Palavra de Deus, se
mento [Jn 4.2b]. entristecem , inclusive com choro e
■ff R. N. Champlin: “Yaweh-Elohim (o lam entações, mas continuam a pra­
Deus Eterno e Todo-Poderoso) exer­ ticá-las, demonstram claramente que
ceu Seu controle sobre a natureza, fa­ não houve arrependim ento genuíno.
zendo crescer uma espetacular planta Arrependim ento significa mudança
de “cuia” (conform e dizem algumas de mente, m aneira de pensar e visão
versões), a qual deu a Jonas sombra e de mundo. Quando alguém se arre­
abrigo. Tornou-se essa planta outro fa­ pende, decide firm em en te em seu
to da misericórdia de Deus, o tema do coração agradar a Deus.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 43
f Bispo Abner Ferreira (Revista B e­ jam os motivos que insistam em desen­
tei Dominical, 4o Trimestre de 2017) corajar ou desmotivar. O chamado para
comentou sobre os frutos do arrepen­ obedecer a Deus deve superar qualquer
dimento bíblico: “As atitudes que suce­ tentativa da natureza humana em fugir
dem após o arrependimento determi­ da responsabilidade que Ele deu. Só
narão a natureza dele. Tais procedimen­ assim será possível entender que é um
tos indicarão inicialmente se foi um privilégio servi-Lo, pois Ele quer usar
arrependimento profundo e sincero, Seus filhos, apesar de suas limitações.
ou se foi mera experiência emocional | f Lições Bíblicas (4 o Trim estre de
(remorso), que em nada afetou a vida 2012, Lição 6: Jonas - a misericórdia
posterior. Enfim, o genuíno arrependi­ divina. Subsídios Ensinador Cristão,
mento deve ser caracterizado por bons CPAD): “Não raro, costumamos repro­
frutos, caso contrário, tal experiência é var a atitude de Jonas quanto à ordem
imprestável. Alguns frutos destacados: de Deus. Mas quantas vezes não nos
a) Abandono das práticas do velho ho­ identificamos com Jonas e sua rebeldia
mem (despojar-nos do velho homem, quando somos desafiados por Deus a
renovar a mente e nos revestir do novo obedecê-lo, e não o fazemos? Jonas é,
homem); b) A novidade de vida (sem­ portanto, um espelho para cada cristão:
pre nos comportar como diz a Escritu­ não precisamos aguardar que Deus aja
ra - E f 5.8); c) Diligência (aponta para de forma extrema conosco, como agiu
um viver não acomodado e passivo, mas com Jonas quando o conduziu a Níni-
em constante renovação - Rm 12.1-2).” ve na barriga de um grande peixe, para
que possamos obedecer a Sua vontade,
3.3. Não fuja do seu chamado. O cha­ qualquer que seja o mandado de Deus
mado de Deus pode causar temor e para nossas vidas.”
desconforto para aqueles que fixam seu
olhar apenas nos desafios e obstáculos QQ EU ENSINEI QUE:
que precisarão enfrentar para cumpri­ Sabemos que quem muda os corações é o Es­
do. No entanto, a vida de Jonas ensina pírito Santo. No entanto, Ele faz isto utilizando
aos servos de Deus que não se deve fu­ pessoas falhas como eu e você.
gir ao Seu chamado, qualquer que se­

@CONCLUSÃO
A misericórdia e a graça de Deus demonstrada para com os ninivitas, tam ­
bém pode ser percebida na vida e no chamado do profeta Jonas, pois, m e­
diante ao seu clamor, o Senhor o ouviu, dando-lhe uma nova oportunidade,
tirando-o das profundezas de sua desobediência.

44 L IÇ Ã O 6
' THE w ord 0 f th <
/
v e u i r i a a n d J o n , ^ ' v <Vv *'<*/,. //*K s

flJimrUIrlJ.l VERDADE APLICADA


"Eu, porém, esperarei no Senhor; esperei Somos chamados a cumprir a missão de anun­
no Deus da minha salvação; o meu Deus ciar a Palavra de Deus no poder do Espírito
me ouvirá." Miquéias 7.7 Santo, com amor e fidelidade ao Senhor.

© O B JETIVO S DA LIÇÃO

0 " Mostrar o cenário da men- 0 Destacar a ganância e a 0 Apresentar lições do livro de


sagem de Miquéias. insensibilidade do povo. Miquéias para os dias atuais.

© TEXTO S DE REFERÊNCIA
MIQUÉIAS 1 da sua santidade.
1. Palavra do Senhor, que veio a Miquéias, 3. Porque eis que o Senhor sai do seu lugar,
morastjta, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, e descerá, e andará sobre as alturas da terra.
reis de Judá, a qual ele viu sobre Samaria e 5. Tudo isto por causa da prevaricação de Ja-
Jerusalém. có e dos pecados da casa de Israel. Qual é a
2. Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais
em tua plenitude; e seja o Senhor Jeová teste­ os altos de Judá? Não é Jerusalém?
munha contra vós, o Senhor, desde o templo

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 45
fcâ LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA SI 51.17 QUINTA 2Co 5.20
Deus não despreza um coração quebrantado. O ministério da reconciliação.
TERÇA Pv 17.5 SEXTA [ Ef 2.7-8
Escarnecer do pobre é insultar o Criador. A salvação é pela graça.
QUARTA Jo1.8 SÁBADO 1Pe 2.9
A importância de testificar da luz, que é Cristo. Geração eleita, sacerdócio real, nação santa.

...... ffiiiiimvlMilliHÉ____ ____ v i m m s m _____


141, 432,440 Introdução
1 .0 cenário da mensagem do profeta Miquéias
3 M O TIVO DE ORAÇÃO 2. A ganância e a insensibilidade
Ore a Deus por coragem para pregar contra 3. Miquéias para hoje
0 pecado e as injustiças que nos assolam. Conclusão

d : - INTRODUÇÃO
A profecia de Miquéias é uma denúncia contra o pecado, os falsos profetas,
as injustiças sociais e a corrupção, mas, também, contém palavras que reve­
lam a misericórdia de Deus.

O cenário da m ensagem do soal do profeta. Seu nome era Miquéias


p ro fe ta M iquéias [Mq 1.1.]; lugar onde morava - morastita
A opressão do povo assírio foi - Moresete-Gate [Mq 1.1,14]; a época
usada como instrumento de Deus em que profetizou foi “nos dias de Jotão,
para disciplinar o povo Acaz e Ezequias, reis de Judá”
de Israel; desta forma, [Mq 1.1]; e sua mensagem
PONTO DE
as palavras proféticas de PARTIDA foi dirigida para Samaria e
M iquéias ecoaram an­ Jerusalém [Mq 1.1]. O nome
Devemos
tes, durante e um pouco Miquéias significa “Quem é
praticar a
após o ataque da Assíria. como Jeová?”. Este nome era
justiça e a
O primeiro versículo do um nome muito comum à
misericórdia.
livro de Miquéias situa época e pode ter as variações
o leitor sobre a perio- de Mica e Micaías. Segundo
cidade de seu ministério que foi os estudiosos do Antigo Testamento, o
durante os reinados de Jotão, Acaz profeta Miquéias e o profeta Isaías foram
e Ezequias, reis de Judá [Mq 1.1], contemporâneos e, possivelmente, isso
1.1 Conhecendo um pouco mais 0 profe­ explique a semelhança entre seus textos
ta. Sabe-se pouco a respeito da vida pes­ [Is 2.2-4; Mq 4.1-3].
46 L IÇ Ã O 7
n * R. N. Champlin: “O nome Miquéias éticos, por causa da ênfase que deram à
vem de uma palavra hebraica que signi­ exigência de conduta reta por parte dos
fica “Quem é como Yaweh?”. O nome do adoradores de Jeová. Esta é uma carac­
autor do livro de Miquéias aparece na terística dos profetas dos séculos oitavo
Septuaginta como Michaías. A Vulgata e sétimo antes de Cristo, e deve-se a três
Latina diz Michaeas. Ele foi o autor do fatores principais: a) a deterioração do
livro que figura em sexto lugar na dis­ comportamento religioso dos hebreus;
posição dos profetas menores, segundo b) as especulações sobre o caráter de
o nosso cânon do Antigo Testamento. Deus; c) a evolução do conceito de jus­
No texto do cânon hebraico, aparece no tiça divina.”
“livro dos doze profetas”; e, na Septu­
aginta, aparece em terceiro lugar entre 1.3 Os falsos profetas. Em meio a tanta
esses profetas. O seu livro é menciona­ apostasia, corrupção e violência, o espe­
do por Ben Siraque [Eclesiástico 48.10], rado era que surgissem também falsos
de maneira tal que fica confirmada a sua profetas. Contra eles Miquéias também
aceitação, desde tempos antigos, como dirigiu suas palavras proféticas com
parte das Sagradas Escrituras do Antigo coragem e ousadia: “...e os seus profe­
Testamento.” tas adivinham por dinheiro; e ainda se
encostam ao Senhor, dizendo: Não está
1.2. A mensagem do profeta. As pala­ o Senhor no meio de nós? Nenhum mal
vras proféticas de Miquéias se dirigiram nos sobrevirá” [Mq 3.11]. A liderança
às cidades de Samaria, capital do reino em geral aceitava subornos: “Os seus
do Norte, e Jerusalém, capital do reino chefes dão as sentenças por presentes,
do Sul. Suas palavras foram de denún­ e os seus sacerdotes ensinam por inte­
cias contra os habitantes e contra seus resse” [Mq 3.11]. Tanto o povo quanto
governantes. A época em que o profeta seus líderes cíveis e religiosos caminha­
viveu foi um período de corrupção e vam longe das leis e da justiça de Deus.
violência no reino de Judá [Mq 7.2-4], Contra esse estado de coisas, o profeta,
A mensagem do profeta Miquéias era como um arauto, anunciou a salvação
uma dura advertência ao povo, pois ha­ [Mq 4-5]. Ele falou da destruição, mas
via rejeitado a Deus e Suas leis. O juízo também anunciou a salvação.
de Deus era iminente sobre os infiéis, T f Ev. V ald ilon F erreira B ran d ão
no entanto Miquéias trazia consolo e (Revista Betei Dominical - 2o Trimes-
esperança para uma minoria que per­ tre/1994, p. 30) comentou sobre a in­
maneceu fiel a Deus, para esses havia fidelidade dos líderes para com Deus
uma promessa de restauração. nos tempos de Miquéias: “A verdade
H* Bispo Oídes José do Carmo (R e­ e o juízo devem ser o compromisso de
vista Betei Dominical - 2o Trimestre cada cidadão, principalmente daqueles
de 2008, p. 34-35): “Miquéias, Amós, que exercem a autoridade [Jó 29.14-17],
Isaías e Oséias são chamados profetas Infelizmente, há casos em que o pecado

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 4 7
obscurece a visão de algumas pessoas, escolhido de Deus, há muito Israel não
a ponto de inverter o padrão de vida escolhera mais o Senhor como Deus
espiritual [2Tm 4.10; 2.4-5]. Como nos em suas vidas. Haviam adotado o estilo
dias de Miquéias, temos presenciado lí­ de vida dos povos pagãos, bem como a
deres que se distanciaram do propósito corrupção dos mais influentes contra
divino [Ap 2.5].” Podemos conectar Mi­ os mais vulneráveis. Quando os cam ­
quéias 3 com 2Pedro 2, pois o apóstolo poneses encontravam dificuldade em
diz que como “houve entre o povo fal­ produzir aquilo que lhes era exigido
sos profetas...entre vós haverá também para custear o alto estilo de vida das
falsos doutores”. pessoas mais abastadas e influentes,
os proprietários de terras tomavam
QQ EU ENSINEI QUE: as suas propriedades e posses, e su­
0 remédio para uma sociedade adoecida bornavam os juizes, influenciando as
moral, ética e espiritualmente é se voltar decisões da justiça.
para Deus em sincero e verdadeiro arrepen­ U * Ev. V ald ilon F erre ira B ran d ão
dimento. (Revista B etei D om in ical - 2o Tri-
m estre/1994, p. 30): ““Ai daqueles
que no seu leito maquinam iniquida-
 ganância e a insensibili­
0
des” [Mq 2.1]. No prim eiro capítulo
dade o pecado do povo eleito refere-se ao
A c o b iç a p e las p ro p rie d a d e s pecado de Sam aria que se alastrou
alheias predominava entre aque­ até Jerusalém [Mq 1.9]. A injustiça
les mais abastados, os governan­ dos que detém o poder [Is 5.8, 14]
tes e os líderes religiosos, uma vez p erm eia todo o capítulo dois. Os
que a riqueza era avaliada pela poderosos são acusados de explo­
quantidade de terras que se pos­ rarem os pobres, violentando seus
suía. Para que tal objetivo fosse lares e oprim indo os hum ildes [Mq
alcançado, não se importavam em 2.1, 4], “Têm poder em suas mãos”
oprim ir e defraudar seus compa­ [M q 2.1] Q ual poder? C ertam ente
triotas [Mq 2.1-2], o poder econôm ico, que com pra os
2,1 A crise da integridade. Como já “outros poderes”, abrindo assim ca ­
dito anteriormente, a crise ética, moral m inho para agirem soberbam ente,
e espiritual permeava toda a sociedade satisfazendo sua insaciável vontade
daquela época. Mesmo sendo o povo de possuir [Pv 14.34; 29.2].”

Qr°5K A opressão do povo assírio foi usada


como instrumento de Deus para disciplinar o povo
de Israel...
48 L IÇ Ã O 1
2.2, A verdadeira religião. Diante de em Levítico a liturgia e as festas religio­
todo o quadro até agora visto, seria sas. O que deixou Deus irado foi o povo
coisa muito difícil retomar a vida com imaginar que seguindo corretamente os
Deus? Seria possível para aquele povo rituais, estariam isentos de uma vida de
fazer um concerto com Deus? Miquéias fé e das obrigações sociais da Lei quan­
clamou por um arrependimento since­ to ao auxílio dos pobres [Mq 6.7-8], O
ro, ele anunciou o juízo iminente, que profeta deixa claro o desejo de Deus
seria enviado pelo Senhor. Chamou o para os israelitas, numa referência que
povo de Deus a agir com justiça, a amar serve também para a Igreja do Senhor:
a misericórdia e a andar humildemente a prática da justiça, o amor à bondade
com Deus. O próprio profeta deu a re­ e o andar de forma não soberba dian­
ceita do que seria a verdadeira religião te de nossos pares e do próprio Deus.”
diante de Deus: “Agradar-se-á o Senhor
de milhares de carneiros? De dez mil 2.3. Juízo e esperança. O profeta adver­
ribeiros de azeite? Darei o meu primo­ tiu que os assírios dominariam o povo
gênito pela minha transgressão? O fruto de Israel e isso seria tão devastador, que
do meu ventre, pelo pecado da minha quem observasse não entendería como
alma? Ele te declarou, ó homem, o que um povo escolhido por Deus estava na­
é bom; e que é o que o Senhor pede de quela situação ou diria que Deus retirou
ti, senão que pratiques a justiça, e ames o Seu favor deles. Miquéias interpreta
a beneficência, e andes humildemente a invasão assíria como julgamento de
com o teu Deus?” [Mq 6.7-8], Há nas Deus contra Jerusalém. Eles não so­
palavras de Miquéias o encorajamento mente perderíam tudo, como também
necessário a todos que genuinamente seriam entregues nas mãos de um povo
desejam servir a Deus. terrível e cruel. Contudo, Miquéias não
m Lições Bíblicas - 4o Trimestre de anunciou somente o juízo de Deus, ele
2012, CPAD - Subsídios Ensinador também profere palavras de esperança
Cristão: “Ele denuncia os falsos profe­ e salvação. Ele mostrou também um ca­
tas, os líderes desonestos e os sacerdo­ minho de esperança, pois Deus é justo
tes ímpios que enganavam o povo e o para salvar o inocente e o que se con­
conduziam ao pecado, ao invés de dire­ verte dos seus maus caminhos.
cioná-los a uma vida mais próxima de T f Ao longo do Antigo Testamento,
Deus. Por mais que se pratique de forma em vários momentos do povo de Deus,
correta os rituais que a Lei ordena, esses vemos o Senhor enviando castigo por
rituais não podem ser suficientes se o causa dos pecados de Israel. Porém,
coração do povo mantinha seus peca­ também é atestado que tais momentos
dos. Deus estava irado com Samaria e não significavam que o Senhor rejeitara
Jerusalém, pois o povo não o adorava Israel para sempre. Ev. Valdilon Ferreira
de coração. Isso não significa que Deus Brandão (Revista Betei Dominical - 2o
abomina rituais. Ele mesmo prescreveu Trimestre/1994, p. 31): “Antes mesmo

B E TE L D O M IN IC A L Revista do Professor • 4 9
Q ^ lição M esm o sendo o povo escolhido de Deus, há
m u ito Israel não escolhera mais o Senhor com o Deus em
suas vidas. 5

de acontecerem os juízos sobre Samaria tudo estava sob Seu controle. Essa cer­
e Jerusalém, vemos Deus demonstran­ teza traz a Miquéias a força necessária
do o amor pelo seu povo ao anunciar para continuar sua missão, ainda que
sua restauração [Mq 4.6-7].” não houvesse qualquer sinal de mu­
dança daquele cenário, pois, por todos
QO EU ENSINEI QUE: os lados havia pecado, deuses estranhos
A nossa comunhão com Deus deve se revelar e injustiças.
na maneira como tratamos outras pessoas. *IT Richard Julius Sturz (Obadias, Jo-
nas, M iquéias, Naum, Habacuque e
Sofonias - Introdução e comentário,
C l M iquéias para hoje Vida Nova, 2001, p. 276): “A despeito da
C i A profecia de Miquéias, apesar de impiedade generalizada (v. 2), a despei­
ter sido direcionada ao povo de to da opressão política (v. 3), a despeito
Jerusalém e Judá, aborda temas da desagregação da família (w. 5-6), ele
que nunca deixaram de existir em (Miquéias) olhará para Iavé, o Deus da
todas as sociedades em todos os aliança (cf. Js 24.14-15). Deus está pre­
tempos. Ele denunciou os peca­ sente, e Miquéias confiará, por mais que
dos, a corrupção, as injustiças e ele pareça “ausente”. “Esperarei” indica
os falsos profetas. Apesar de M i­ que sua confiança está no Deus que sal­
quéias ter anunciado o iminente va. Miquéias observa o futuro para ver
juízo de Deus, também profetizou Deus intervir. Desde o capítulo 2, isso
esperança e restauração mediante tem sido uma constante em sua profe­
o arrependimento e a misericórdia cia. O mesmo conceito aparece com fre­
í de Deus. quência nos Salmos (cf. especialmente
3.1 Esperança em meio à aflição. O SI 38.15; 42.5; 130.5). Aqui, como em
profeta, em meio ao caos em que se outras passagens, Miquéias depende
encontrava, profere palavras de espe­ totalmente de Deus para a salvação.”
rança em meio à aflição: “Eu, porém,
esperarei no Senhor; esperei no Deus 3.2, Apelo à fidelidade e à justiça. Deus
da minha salvação; o meu Deus me quer que Seu povo viva à altura dos pa­
ouvirá.” [Mq 7.7]. Miquéias encontrou drões morais e éticos que Ele traçou.
em Deus a solução para os males que Nos dias de Miquéias, muitos deixaram
o afligiam. O profeta confiou no juízo de viver à altura dos altos padrões divi­
e na misericórdia de Deus e sabia que nos. Deus os havia livrado da escravi­

50 L IÇ Ã O 7
dão egípcia e os estabelecera como na­ como o profeta denunciou o pecado,
ção. Convocou-os a ser uma sociedade ele também anuncia a misericórdia de
exemplar que atraísse para Ele outras Deus àqueles que O buscam com o co­
nações [Dt 4.5-6], No entanto, eles ex­ ração arrependido [Mq 7.18].
ploraram os pobres e se dedicaram com w ZU CK , R. B. (Ed.). Teologia do
egoísmo à busca de suas próprias vanta­ Antigo Testamento. CPAD, 2009, p.
gens. Rebelaram-se contra a autoridade 444): “Junto com a restauração do
de Deus e rejeitaram os seus profetas. rei davídico, M iquéias tam bém pro­
W Hernandes Dias Lopes (Miquéias: fetizou uma reversão na sorte de Je­
a justiça e a misericórdia de Deus): “A rusalém. Miquéias advertiu que esta
mensagem de M iquéias vem ao en­ cidade, escolhida por Davi como capi­
contro da criminalidade nas ruas e, ao tal e local do templo do Senhor, seria
mesmo tempo, denuncia os poderosos sujeita ao sítio [Mq 5.1] e reduzida a
sobre a injustiça que os povos de hoje entulhos [Mq 3.12], Ele personificou
passam e sofrem por não haver quem os a cidade em sua hum ilhação com o
defenda. Os homens poderosos conti­ uma mulher em trabalho de parto, es-
nuam arrogantes como na época de M i­ torcendo-se em agonia para dar à luz
quéias, mudaram apenas as épocas, mas [M q 4.9-10]. Da perspectiva do exílio,
a injustiça prossegue sendo praticada.” Jerusalém personificada reconhece a
justiça do castigo de Deus e prevê o
3.3 A esperança na misericórdia do dia da justificação e restauração [Mq
Senhor. Miquéias apontou os pecados 7.8-12], Utilizando a imagem de M i­
de Israel e Judá como sendo a idola­ quéias 4.9-10, o profeta comparou a
tria [Mq 1.5-9], a exploração dos mais volta do povo exilado em Sião a dar
pobres [Mq 2.1-2-3.1-3] e a falsa reli­ à luz [Mq 5.3]. No futuro, o Senhor
giosidade [Mq 3.5-7], Eles sofreriam o livraria Jerusalém dos que a atacavam
julgamento de Deus e o cativeiro seria [Mq 4.11-13].”
o seu destino [Mq 2.10; 6.9-16], Tanto
o reino do norte quanto o reino do sul C D EU ENSINE! QUE:
experimentaram o cativeiro. O reino do A misericórdia de Deus prevalece sobre a Sua
norte foi destruído, mas Judá, reino do ira quando o Seu povo se arrepenae dos seus
sul, não foi exterminado. A nação não maus caminhos.
seria exterminada totalmente. Assim

© CONCLUSÃO
A mensagem de M iquéias ensina o segredo para aqueles que desejam per­
manecer firmes apesar das circunstâncias - o segredo é m anter os olhos
fixos em Deus e não nas circunstâncias.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 51
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— a n tiM u a VERDADE APLICADA

" 0 Senhor é bom, uma fortaleza no dia da Quando estamos no centro da vontade de
angústia, e conhece os que confiam nele." Deus, Sua proteção e a Sua justiça estão
Naum 1.7 sobre nós.

® OBJETIVOS DA LIÇÃO

ET Apresentar 0 cenário da ET Falar acerca da bondade e E f Extrair lições do livro de


mensagem de Naum. da ira de Deus. Naum para os nossos dias.

© TEXTO S DE REFERENCIA

NAUM 1 3. 0 Senhor é tardio em irar-se, mas grande


1. Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, 0 em força, e ao culpado não tem por inocente;
elcosita. 0 Senhor tem 0 seu caminho na tormenta e na
2. 0 Senhor é um Deus zeloso e gue toma tempestade, e as nuvens são 0 pó dos seus pés.
vingança; 0 Senhor toma vingança e é cheio 7. 0 Senhor é bom, uma fortaleza no dia da
de furor; 0 Senhor toma vingança contra os angústia, e conhece os que confiam nele.
seus adversários e guarda a ira contra os seus
inimigos.

52
&d LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA I Na 1.1-7 QUINTA | Na 2.13
A justiça e misericórdia de Deus. "Estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos".
TERÇA ! Na 1.8-15 SEXTA | Na 3.1-7
O livramento do povo de Deus. Os delitos de Nínive.
QUARTA | Na 2.1-5 SÁBADO | Na 3.8-19
O cerco de Nínive. A ruína de Nínive é inevitável.

___MiüMWinsa
12,48, 70 Introdução
1 .0 cenário da mensagem do profeta Naum
M O TIVO DE ORAÇÃO 2. A bondade e a ira de Deus
3. Naum para hoje
Ore a Deus pedindo mais confiança em Sua
Conclusão
justiça e poder.

d : - INTRODUÇÃO
A mensagem do profeta Naum é que Deus detém o controle da história. Por isso,
Ele trará justiça e esperança em todo mundo, mesmo nos tempos mais sombrios
da história.

í | O cenário da m ensagem do Não mais se sabe ao seu respeito. É


U p ro fe ta Naum possível que Naum tenha sido co n ­
A profecia de Naum é um fôlego temporâneo do profeta Sofonias, do
de esperança para Judá que havia profeta Jeremias e, também, do pro­
sofrido por muito tempo sob o feta Habacuque. Seu nome significa
domínio da Assíria. A “c o n fo rto , c o n fo rta d o s ”,
destruição da opressora PONTO DE que deriva do verbo “a r­
PARTIDA
Assíria foi descrita pelo repender-se”. Este homem
profeta de forma tão de­ Deus não de Deus é descrito com o “o
talhada que traz ao lei­ permitirá que o elcosita” [Na 1.1], ou seja,
tor a impressão de algo mal prevaleça. um nativo da vila de Elcos.
já acontecido na época Existem muitas teorias so­
em que o livro foi escri­ bre a localização desse lo ­
to [Na 1.15], cal, mas não foi possível descobrir sua
1.1 Conhecendo um pouco mais o identificação geográfica. Presume-se
profeta. A única informação concreta que ficava nas proximidades de Judá
sobre o profeta Naum é o seu nome. [Na 1.12-13, 15],

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 53
'K8 David W. Baker (Obadias, Jonas, Mi- T Esdras Bentho & Reginaldo Leandro
quéias, Naum, Habacuque e Sofonias - In­ (Introdução ao Estudo do Antigo Testa­
trodução e comentário, Vida Nova, 2001, mento, CPAD, 2019, p. 547-548): “Dos
p. 295): “O nome “Naum” significa muito Profetas Menores, dois ocuparam-se só
provavelmente “consolo” ou “conforto”. de Nínive: Jonas, aproximadamente 760
Aparece somente no primeiro versículo a.C„ e Naum, mais ou menos em 630 a.C.,
desse livro e em Lucas 3.25 (com referên­ um distante do outro, aproximadamente
cia a um ancestral de Jesus, embora não 130 anos. A mensagem de Jonas foi de
se trate da mesma pessoa). Ocorre com misericórdia, a de Naum, de condenação.
maior frequência em fontes extrabíblicas Jonas predisse a destruição de Nínive, a
e, na Bíblia, é comum a palavra afim “Ne- menos que seus habitantes se convertes­
emias” Nada se sabe do Naum dessa pro­ sem. Naum previu que a punição divina
fecia senão que era um elcosita, oriundo chegaria anos mais tarde, muitas gerações
da cidade ou região de Elcós. São várias as depois do tempo de Jonas (...) Falando
suposições quanto à localização de Elcós. humanamente, a predição de Naum era
Uma identificação mais provável é Beit- quase impossível de ocorrer, pois Níni­
- Jebrin, em Judá, porque o Reino do Nor­ ve era capital invencível de um império
te já estava no exílio, tomando realmente mundial. Todavia, como foi predito, a
impossível uma localização em Israel.” vasta nação assíria chegou à destruição
completa, aproximadamente cem anos
1.2 A mensagem do profeta. A m en­ depois que Naum profetizou.”
sagem do profeta Naum, anunciada
no auge do poder da Assíria, é uma 1.3, 0 julgamento de Nínive. Havia um
clara advertência à cidade de Nínive, costume entre os ninivitas de levarem os
sobre a destruição que eles experi­ ídolos das nações vencidas para sua terra,
mentariam por causa de suas cruelda­ em sinal de superioridade de seus deuses.
des com outras nações e a rebeldia de Eram um povo arrogante, pois se diziam
seus habitantes. Se para os ninivitas a mais poderosos do que o Deus de Israel
mensagem era de juízo e de destrui­ [Is 36.18-20; 37.10-13]. Contudo, Deus
ção, para Judá era uma mensagem de traria sobre eles o Seu juízo e toda aquela
consolo e esperança sobre a interven­ potência que dominava o Oriente Médio
ção de Deus em favor do Seu povo: iria cair. Mesmo aqueles que se julgam in­
“Mas agora quebrarei o seu jugo de destrutíveis estão sob o domínio de Deus
cim a de ti e romperei os teus laços. e nada foge ao Seu controle. O servo de
Eis sobre os montes os pés do que traz Deus pode descansar porque Deus é o
as boas novas, do que anuncia a paz! Senhor da História e, no momento certo,
Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre Ele agirá em favor dos Seus filhos.
os teus votos, porque o ímpio não tor­ H* Bispo Oídes José do Carmo (Revista
nará mais a passar por ti; ele é intei­ Betei Dominical, 2o Trimestre de 2008, p.
ramente exterminado.” [Na 1.13,15]. 29): “No ano 612 aC . os medos e os babilô-

54 L IÇ Ã O 8
nios conquistaram Nínive. Esta grande ci­ 2.1 . Consolo e esperança. Embora o livro
dade que durante séculos, com expedições de Naum contenha duras palavras para a
de conquista e ocupação, com torturas, cidade de Nínive [Na 1.1; 3.7], para Judá,
terror e deportações em massa, só causara assim como para outras nações que viviam
sangue e lágrimas através do mundo anti­ aterrorizadas pela dominação assíria, saber
go, foi finalmente destruída. Nabonassar, que todo aquele império chegaria um dia
governador da Babilônia, fez-se proclamar ao fim, era, de fato, um sopro de esperan­
rei e firmou aliança com os medos. Ciaxa- ça em meio àquele cenário de opressão e
res atacou Nínive com a ajuda dos citas e desalento. Deus usa o profeta Naum em
dos babilônios. Derribaram os muros da meio ao caos que a cidade de Judá se en­
poderosa e soberba cidade, saquearam- contrava por ter sido saqueada e destruída
-na, e depois atearam fogo no que restou.” pelos ninivitas [Na 2.2]. Importa saber que,
seja qual for a força e o poder do oponente,
CX] EU ENSINEI QUE: nada se compara ao poder de Deus.
A soberania de Deus é, para o cristão, um H ' A. R. Crabtree (Profetas Menores,
poderoso consolo em um mundo onde falta Casa Publicadora Batista, Volume 1,
senso de justiça e humanidade. 1971, p. 203-204): “O Senhor é vingador
e cheio de ira. As passagens do Velho
Testamento que apresentam o Senhor

20A bondade e a ira de Deus


O profeta anuncia o arrependimen­
como guerreiro ou como o vingador
cheio de ira devem ser interpretadas à
to como elemento necessário para luz do amor de Deus revelado na Pessoa
escapar da ira de Deus e experi­ de Jesus Cristo e nos ensinos do Novo
mentar a sua bondade: “O Senhor Testamento. A ira, o furor, a indignação
é tardio em irar-se, mas grande em e a vingança são expressões que descre­
força, e ao culpado não tem por vem a justiça de Deus, no seu modo de
inocente” [Na 1.3]. Sua misericór­ tratar os seus inimigos ou os rebeldes
dia alcançaria a todo pecador como contra a vontade divina. Temos que re­
demonstração de Seu poder. A Sua conhecer que a vingança do Senhor é
bondade e longanimidade se esten­ bem diferente do espírito vingativo do
dería àqueles que permanecessem homem, porque sempre se harmoniza
fiéis: “O Senhor é bom, uma forta­ perfeitamente com o supremo amor de
leza no dia da angústia, e conhece os Deus (...) O Deus da justiça é o Deus de
que confiam nele.” [Na 1.7]. amor que governa o universo.”

c rs y s A destruição da opressora Assíria foi descrita pelo


profeta de forma tão detalhada que traz ao leitor a impressão de
algo já acontecido na época em que o livro foi escrito...
B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 55
2.2 Restauração de Judá. A promessa crueldades, para infligir medo e im ­
de restauração de Judá representa a plantar o terror em todos os povos.
justiça de Deus sobre a iniquidade de Eles usavam o medo dos povos para
um povo opressor, cruel e arrogante. extorquir e assegurar que lhes pagas­
Em tempos passados a Assíria foi usa­ sem altos impostos, sustentando as­
da com o instrum ento de disciplina sim o estilo de vida e a m anutenção
para o reino do Norte, ainda assim a de seu numeroso exército. Mas tudo
rem anescente Judá pouco aprendera isso teria um fim, Deus já havia de­
com o que os seus com patriotas pas­ cretado isso por meio do profeta: “Eis
saram. A promessa de restauração na­ que eu estou contra ti, diz o Senhor
da tinha a ver com os merecim entos dos Exércitos, e queimarei na fumaça
do povo de Judá, mas estava baseada os teus carros, e a espada devorará os
no caráter gracioso de Deus, em Sua teus leõezinhos, e arrancarei da ter­
infinita m isericórdia e Sua inabalável ra a tua presa, e não se ouvirá mais a
fidelidade à Aliança feita com Seus voz dos teus mensageiros.” [Na 2.13].
servos no passado. H 5 B íb lia de Estudo A rq u eológica
U R. N. Champlin: “Toda essa co n ­ N V I, 2013, p. 1495: “O livro de Naum
versa sobre um feroz julgam ento não inclui o tema - Julgamento: “De acor­
nos deve fazer esquecer de que Yaweh do com o profeta, o instrum ento da
é bom e até os Seus mais severos ju ­ destruição de Nínive seria o próprio
ízos têm por intuito restaurar, e não Deus [Na 1.2-3, 8, 14-15], Os n in i­
m eramente tirar vingança. Seja como vitas deixaram de viver à luz de seu
for, quando Yaweh julgou os assírios, arrependimento anterior e, sem dúvi­
Ele estava fazendo um favor para o da, transitório. Naum utiliza ampla­
mundo inteiro da época. Ele é uma mente o tema do guerreiro divino, a
fortaleza para o bem , um lugar onde imagem de Deus com o figura militar
os homens podem refugiar-se e rece­ que guerreia contra os que resistem
ber proteção.” a ele. Naum ensina que Deus castiga
a violência [Na 2.12; 3.1, 4], a idola­
2.3 A vitória de Deus. O livro do pro­ tria [Na 1.14], as práticas comerciais
feta Naum apresenta o julgam ento de desumanas [Na 3.16], o m aterialismo
Deus sobre os ninivitas e, sob a ótica [Na 2.9; 3.4] e a crueldade [Na 3.19].”
humana, pode parecer um julgamento
passional para um Deus de m isericór­ GD EU ENSINEI QUE:
dia e bondade. No entanto, há de se As grandes potências mundiais estão nas
ressaltar que a conduta dos ninivitas mãos de Deus e nada do que possuem será
com seus adversários era de uma bar­ capaz de livrar-lhes do juízo do Senhor, se 0
baridade sem precedentes. Além de estiverem afrontando com o seu modo de
matar, saquear, eles tam bém usavam viver.
a tática da tortura com requintes de

56 L IÇ Ã O 8
Q F0K i í 0 profeta anuncia o arrependimento
como elemento necessário para escapar da ira de
Deus e experimentar a sua bondade [Na 1.3].
Naum para hoje homem de Deus e a Sua justiça não po­
A tônica do livro de Naum é a de falhar. Por isso a Sua justiça não anda
justiça de Deus e deve ser uma dissociada nem se opõe ao Seu amor.
mensagem para todos os tempos. Pelo contrário, foi para satisfazer a Sua
Muito embora a justiça de Deus justiça que demonstrou o Seu amor
seja incompreensível aos parâme­ enviando o Seu Filho. O amor de Deus
tros humanos, é certo que Ele trará se manifestou para salvar ímpios peca­
juízo sobre toda iniquidade. O Se­ dores [Rm 5.8] e o Seu juízo será apli­
nhor não perdeu e não perderá o cado a todos que não creem e rejeitam
controle sobre os acontecimentos o Seu Filho ou desobedecem aos Seus
e, no tempo determinado por Ele, estatutos [Jo 3.18]. Deus é amor [ljo
fará Sua intervenção, com o tem 4.8], mas também é fogo consumidor
acontecido na história em todas [Hb 10.29-31; 12.29].”
as épocas.
3.1. A justiça de Deus. A Palavra do Se­ 3.2. Deus se compadece dos que nEle
nhor sempre irá se cumprir: “Porque confiam. A palavra do profeta Naum
em verdade vos digo que, até que o céu trouxe contentamento ao povo de Ju-
e a terra passem, nem um jota ou um dá, pois assegurava-lhes de que Deus
til se omitirá da lei, sem que tudo seja não os havia desamparado, ainda que
cumprido.” [Mt 5.18]. Sejam palavras tivessem, muitas vezes e de muitas m a­
de bênçãos ou de juízo [Na 2.13]. Isso neiras, se afastado dos caminhos do Se­
significa que não há ninguém tão orgu­ nhor. A verdadeira confiança não deve
lhoso e cheio de si que não seja alcan­ estar fundamentada em qualquer outra
çado pelo juízo de Deus, mas também pessoa a não ser Deus, ainda que seja
ninguém tão pecador e arrependido alguém detentor de muitos poderes e
que não seja alcançado pela misericór­ influência na sociedade. Os que con­
dia do Senhor. fiam no Senhor permanecem firmes e
Kf Pr. Valdir Alves de Oliveira (Revista atravessam com confiança as aflições,
Betei Dominical, 2o Trimestre de 2021, tentações, dificuldades e quaisquer que
p. 57) comentou sobre a aplicação da sejam as circunstâncias adversas.
justiça de Deus: “Deus aplica a sua jus­ Derik Kidner: “Os que confiam no
tiça de forma imparcial. Deus não tem Senhor” revela uma das muitas facetas
prazer na condenação da humanidade do nosso relacionamento com Deus.
[Jo 3.16-17], mas a iniquidade afasta o Os que confiam no Senhor são também

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 57
aqueles que o temem, o amam e o co­ e os seres humanos são responsáveis,
nhecem. São aqueles que compreendem perante Deus, pelas escolhas morais
sua total dependência dEle.” que fazem e pelas ações que realizam.
Sim, a Bíblia ensina as duas coisas,
3.3 A soberania de Deus. Naum foi um a soberania divina e a liberdade hu­
profeta ousado em sua época, pois sua mana, e as duas são verdadeiras (...)
sentença assegura a soberania de Deus e Consideremos um exemplo escriturai
a dominação da poderosa e temida Ní- em que são vistas as duas coisas - es­
nive. A profecia foi cumprida por meio pecificamente, uma lição da história de
da união do povo babilônio e do povo José [Gn 37-45] (...) Assim, está claro:
medo, que contavam com numerosos Ambos, Deus e os irmãos de José, fo­
exércitos, derrotando assim a poderosa ram responsáveis por mandá-lo para
Assíria. Ainda que nem todas as nações o Egito. Ambos, o governo soberano
invoquem ou sirvam ao Senhor, a sobera­ de Deus e os atos morais dos irmãos
nia de Deus se estende sobre elas também. dele, estavam ativos.”
H Artigo na Bíblia de Estudo Defesa
da Fé (CPAD) sobre a soberania divina 0 0 EU ENSINEI QUE:
e liberdade humana - mencionado na Em toda e qualquer situação Deus é soberano
Revista Betei Dominical, 2o Trimestre e agirá em favor dos Seus servos fiéis trazen­
de 2021, p. 76 - Revista do Professor: do juízo, mas também manifestando Sua mi­
“Deus é o governante soberano do uni­ sericórdia em tempo oportuno.
verso e de todos os assuntos humanos,

© CONCLUSÃO
Devemos sempre lembrar que o amor e a misericórdia de Deus estão dispo­
níveis e sempre alcançam aqueles que se arrependem sinceramente dos seus
pecados. É Deus que justifica os humilhados e sustenta aqueles que O amam
e O servem com inteireza de coração.

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58 L IÇ Ã O 8
27 AGO / 2023

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g*aü!W.W:iij;ij.i VERDADE APLICADA

"Eis que a sua alma se incha, não é re- 0 discípulo de Cristo vence perseverando em
ta nele; mas o justo pela sua fé viverá." oração, confiando e esperando no agir do Se-
Habacuque 2.4 nhor, enquanto cultiva um viver para a glória
de Deus.

® OBJETIVOS DA LIÇÃO
ET Apresentar o cenário do E f Explicar que o silêncio de B ' Extrair lições do livro de
profeta Habacuque. Deus é pedagógico. Habacuque para hoje.

© TEXTO S DE REFERÊNCIA
HABACUQUE 1 suscite a contenda e o litígio.
1 . 0 peso que viu o profeta Habacuque. 4. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a sen­
2, Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não tença nunca sai; porque o ímpio cerca o justo,
me escutarás? Gritarei: Violência! E não me e sai o juízo pervertido.
salvarás? 5. Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-
3. Por que razão me fazes ver a iniquidade e -vos, e admirai-vos; porque realizo em vossos
ver a vexação? Porque a destruição e a vio­ dias uma obra, que vós não crereis, quando
lência estão diante de mim; há também quem vos for contada.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor ■ 59
bâ LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | SI 37.1-3 QUINTA Jr 33.3
A prosperidade dos ímpios acaba. A importância de clamar ao Senhor.
TERÇA | SI 125.3 SEXTA Hb 10.38
O cetro da impiedade não permanecerá. 0 justo viverá da fé.
QUARTA | Pv 3.5-6 SÁBADO 1Jo 5.4
Devemos confiar no Senhor. A vitória que vence o mundo: a nossa fé.*13

MIIIMtlIMMEEa___
186, 372,427 Introdução
1. Conhecendo o cenário do profeta Habacuque
J ç M O TIVO DE ORAÇÃO 2 . 0 silêncio de Deus
Ore a Deus pedindo para olhar para Ele e 3. Habacuque para hoje
não para as circunstâncias. Conclusão

d : - INTRODUÇÃO
O profeta Habacuque, além de trazer encorajamento para tempos difíceis, ensi­
na o cristão a alegrar-se no Senhor também nos tempos de dificuldades.

C onhecendo o cenário do 1,1 Conhecendo um pouco mais o


D p ro fe ta H abacuque
O profeta H abacuque viveu no
profeta. Pouco se sabe sobre a vida
pessoal de Habacuque. Segundo os es­
reino de Judá, aproxim adam en­ tudiosos, o profeta foi contemporâneo
te 600 a.C. Nessa ép o­ de Jeremias, possivelmente
ca havia um a d eso r­ presenciou a m orte do rei
PONTO DE
dem in te rn a en tre o PARTIDA Josias, passou pelo impiedo­
povo, foi um período so reinado de Jeoaquim, pelo
Devemos
de grandes incertezas exílio de Daniel na Babilônia,
confiar na
m o rais e esp iritu ais. pela deportação do rei Joa­
justiça de Deus.
Ao m esm o tem po, as quim, e, também, pode ter
n a ç õ e s ao re d o r de testemunhado a destruição
Judá estavam em guerra. A B a­ de Jerusalém, evento sobre o qual pro­
b ilô n ia estava se fo rtalecen d o fetizou com 20 anos de antecedência.
cada vez m ais sobre as grandes T f Comentário Beacon: “Embora Ha­
p otências que eram a A ssíria e bacuque seja chamado profeta (nabi),
o Egito. não é um mensageiro no sentido tra-

60 L IÇ Ã O 9
dicional. A função do profeta era falar 1.3 0 ousado questionamento do pro­
com o povo em nome de Deus para pro­ feta. O profeta Habacuque não con ­
clamar a vontade divina que foi recebi­ seguia entender a “demora” de Deus
da em revelação especial. No caso dele, em punir os perversos que oprimiam
vemos justamente o inverso: Fala com o ao Seu povo e, também, a infidelidade
Senhor em nome do povo. Mantém um do povo de Deus. Algumas palavras de
discurso com Deus e o faz de maneira Habacuque dão a exata ideia do que
tal que quase chegamos a classificá-lo acontecia naquela sociedade: “violên­
de cético em vez de profeta.” cia, iniquidade, opressão, destruição,
contenda, litígio, a lei se afrouxa, a
1.2 A mensagem do profeta. Habacu- justiça nunca se manifesta, o ímpio
que difere de outros profetas no que cerca o justo, a justiça se manifesta dis­
diz respeito ao seu comissionamento. torcida” [Hc 1.2-4]. Ao observar tudo
Ele é que se dirigiu a Deus com seus isso acontecendo o profeta se enche de
muitos questionam entos, por causa coragem e se dirige a Deus, não com
disso ele teve uma visão da parte do desrespeito ou arrogância, mas com
Senhor e recebe uma profecia que ele sinceridade de coração, expondo-lhe
deveria anunciar aos seus compatrio­ as dúvidas que lhe angustiavam. C o­
tas: “Então o Senhor me respondeu, e nhecedor do caráter de Deus, sabia
disse: Escreve a visão e torna-a bem que não havia qualquer concordância
legível sobre tábuas, para que a possa entre Deus e tudo que ele contempla­
ler o que correndo passa.” [Hc 2.2], va: “Tu és tão puro de olhos, que não
Em suma, a mensagem de Habacuque podes ver o mal, e a vexação não podes
foi uma mensagem de conserto para contemplar; por que, pois, olhas para
o povo da Aliança, mas tam bém de os que procedem aleivosamente, e te
esperança, quando Deus finalmente calas quando o ímpio devora aquele
restaurasse o remanescente de Judá. que é mais justo do que ele?” [Hc 1.13].
K f R. N. Cham plin: “O aspecto sub­ TF C om entário W arren W. W iersbe
jetivo da m ensagem de Habacuque Antigo Testamento: “Por que Deus está
é que os ju sto s viverão por sua fé. em silêncio e inativo? [Hc 1.1-4], Esse
À parte de Isaías [Is 7.9; 28.16], n e­ é o primeiro problema que confunde
nhum outro profeta salientara o sig­ o profeta. Ele olhou para o mundo
nificado da fé e da oração confiante, e viu violência [Hc 1.2-3, 9; 2.8, 17],
da m aneira que o fez H abacuque. iniquidade, opressão, contenda e lití­
(...) O tem a central da profecia de gio. A lei não era imposta, não havia
H abacuque é que o justo viverá por proteção legal para o inocente que era
sua fé [Hc 2.4], o que reaparece no sentenciado como culpado. As cortes
Novo Testamento, sendo aplicado em eram manipuladas por advogados ego­
significativos contextos [Rm 1.17; G1 ístas e juizes cruéis. Toda a nação sofria
3.11; Hb 10.38-39].” por causa da perversidade do governo.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 61
No entanto, parecia que Deus não fazia resposta que todos precisam, seja qual
nada a respeito disso. Ao lado desses for a pergunta. Por isso é imprescindí­
problemas internos, havia a ameaça vel que num ato de fé e confiança na
do Império Babilônio que assolava o soberania, no amor e na misericórdia
cenário político.” de Deus, entreguemos a Ele, sem reser­
vas, todo e qualquer questionamento
( D EU ENSINEI QUE: que insista em perturbar o coração e
A exortação de Habacuque é que ainda que o fragilizar a fé.
fim da dor e a promessa demorem a se cum­ K Bispo Oídes José do Carmo (Re­
prir, certamente o melhor a ser feito é esperar vista Betei D om inical, 2 o Trim estre
- porque isso acontecerá e não haverá atraso de 2008, p. 41-42) escreveu sobre Ha­
algum em seu cumprimento. bacuque 1.2: “Estas são expressões de
desespero e angústia, de um cidadão
que assiste, impotente, seu povo cain­

0 0 silêncio de Deus do no abismo profundo da impiedade.


Por que D eus fica em silêncio Seu único refúgio é o Senhor, o Justo
quando mais precisamos ouvir a e Santo Juiz. Mas onde está Ele? Onde
Sua voz? Por vezes, por mais con­ está meu Santo [Hc 1.12]? São palavras
traditório que pareça, são em si­ proferidas em meio à agonia de um
tuações assim como a vivida pelo crente inconformado, íntegro, e inter-
profeta Habacuque é que há um cessor, ansioso pela resposta de Deus
verdadeiro encontro entre o ho­ (...) ao invés de abandonar o posto de
mem e Deus. O silêncio de Deus intercessor, seus rogos se intensifica­
também é pedagógico e pode tra­ ram dia a dia (...).”
zer respostas que não se consegue
perceber se a aflição superar a fé. 2.2 Por que Deus não intervém? Ao
2,1 Até quando? A pergunta feita por ler o livro de Habacuque, é possível
Habacuque com a expressão “até quan­ perceber pouco a pouco o quanto esse
do” continua sendo feita por diferen­ profeta, corajosamente, expôs sua hu­
tes pessoas e em diferentes ocasiões. manidade. Muitas perguntas e pouco
“Até quando?” é o desabafo daquele entendimento da ação de Deus sobre
que busca uma resposta que o ajude a questões em que as pessoas O afron­
continuar firme independente das cir­ tam com seu estilo de vida: “Tu és tão
cunstâncias. Somente Deus tem e é a puro de olhos, que não podes ver o

Q focl° ç ã o ...a mensagem de Habacuque foi uma mensagem


de conserto para o povo da Aliança, mas tam bém de esperança,
quando Deus finalm ente restaurasse o remanescente de Judá.
62 L IÇ Ã O 9
mal, e a vexação não podes contem ­ correspondidas. Ele encontrou na ora­
plar.” [Hc 1.13]. Diante dos aconteci­ ção uma via de intimidade com Deus.
mentos que fogem ao entendimento Só então Deus o responde e o convida
humano e parecem claramente injus­ a aguardar a promessa com esperança,
tos e sem sentido, a impotência aflora ainda que demore. A resposta de Deus
e surge naturalmente a pergunta sobre é um convite a viver pela fé [Hc 2.4], até
como Deus pode permitir que o mal que o livramento de Sua parte chegasse.
se alastre. Por que Deus não intervém? H Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, p.
A limitação humana é um obstáculo à 989 - Verdade em ação no Livro de Ha­
clara compreensão dos planos de Deus bacuque: “Deus quer que façamos do
em toda a sua extensão. nosso relacionamento com Ele a nossa
H Adilson Faria Soares (Lições Bíblicas, maior prioridade, que nós coloquemos
2o Trimestre de 1993, CPAD, p. 29): “O nossas mais profundas questões e per­
profeta não compreende por que o Se­ turbações diante dEle, esperando por
nhor não executa logo o juízo contra a respostas e suas orientações. Reserve
ímpia nação judaica. (...) Quantas vezes um tempo e lugar habituais que sejam
temos dito: quem faz o mal não é punido, santos ao Senhor. Use tempo ouvindo
e prospera, mas quem é reto e faz o bem Sua Palavra, à medida que você vai
nunca prospera. Porém, Deus não dorme lendo, estudando e meditando sobre
[SI 121.4] e o castigo dos ímpios há de vir as Escrituras. Seja fiel na oração diária.”
[Pv 10.7,16,24-25,28-30; G16.7], O Se­
nhor, no dia aprazado, mostrará a diferen­ C D EU ENSINEI QUE:
ça entre o ímpio e o justo [Ml 3.13-18].” Ser íntimo do Senhor é apresentar-se ou estar
diante dEle despojado de si mesmo; é desvelar-
2.3 Oração como via de intimidade -se, tirar as máscaras; esvaziar-se totalmente;
com Deus. Diante do quadro da im i­ apresentar-se como dependente unicamente
nente invasão babilônica, um povo dEle, do Seu amor, graça e misericórdia.
injusto e cruel, Habacuque questiona
porque Deus nada fizera [Hc 1.13,17].
Sem obter qualquer resposta, o profeta
decide subir a uma fortaleza (torre de 3 H abacuque para hoje
Embora, inicialmente, Habacuque
vigia) para aguardar uma resposta de não conseguisse encontrar qual­
Deus, agora, em oração: “Pôr-me-ei na quer explicação que o ajudasse na
minha torre de vigia...para ver o que compreensão da continuidade da
me dirá o Senhor.” [Hc 2.1]. Essa ati­ opressão e da prosperidade dos
tude foi um verdadeiro exercício de fé. seus inimigos sobre o seu povo,
Finalmente o profeta supera seu estado apesar de suas queixas e inconfor-
de perplexidades e angústias e toma mismo, ele foi capaz de aprender
uma decisão que, de fato, pode mudar lições que o fizeram ressignificar
todo aquele quadro de expectativas não seu relacionamento com Deus.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 63
Qf°UÇÃO fi£ Por vezes, por mais contraditório que pareça,
são em situações assim como a vivida pelo profeta Habacuque
é que há um verdadeiro encontro entre o homem e Deus.
3.1Contentamento apesar do sofri­ m encionad os por ele, assim com o
mento. Conviver com info rtú n io s, aconteceu também com Jó. O cânti­
sofrim entos e provações, apesar de co de Habacuque foi escrito mesmo
fazer parte da caminhada de todo ser que as mudanças almejadas por ele
hum ano, pode levar qualquer p es­ não tivessem acontecido. As questões
soa à arm adilha da m urm uração e sociais que lhe trouxeram tanto in ­
da amargura. Habacuque ensina que cômodo não desapareceram, o nível
duas im portantes atitudes ajudam a espiritual do povo não se elevou, as
escapar desse cam inho de desânimo e crises socioeconômicas não deixaram
desesperança: “...ainda que... Todavia de existir, nem a opressão do povo ba-
eu me alegrarei no Senhor; exultarei bilônico enfraqueceu ou acabou. Nada
no Deus da minha salvação.” [Hc 3.17- naquele cenário foi mudado, a não ser
18]. Eis aí a receita: alegria no Senhor o próprio profeta. Habacuque clama
e louvor a Deus (exultar). Olhar para por m isericórd ia, pelo avivamento
Deus e não para as circunstâncias é o da obra do Senhor e sua manutenção
segredo de encontrar contentamento ao longo dos anos [Hc 3.2], Foi ele
apesar do sofrimento. quem experim entou a m aior e m e­
U Adilson Faria Soares (Lições B í­ lhor de todas as mudanças: deixou de
blicas, 2o Trimestre de 1993, CPAD, ser um homem movido pela angústia
p. 31) escreve: “Habacuque confia e se e tornou-se um homem confiante na
regozija em Deus [Hc 3.16-19]. Apesar soberania de Deus.
da ameaça da iminente invasão babi­ J|" Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão
lônia (...) o profeta confia no Senhor, (Revista Betei Dom inical, 2o Trim es­
e nessa fé descansa e exulta no Deus tre/1994, p. 39): “O terceiro capítulo
da sua salvação. Infunde-nos respeito de Habacuque é perfeitamente uma
a confiança do profeta, e incita-nos à das mais belas expressões de fé e con ­
fé inabalável nas promessas e m iseri­ fiança no Deus da Bíblia. Este capítulo
córdias do Senhor.” é um louvor, no qual o profeta canta os
grandes feitos do Senhor para com o
3.2 0 cântico de Habacuque. Final­ seu povo, e expressa a profunda espe­
mente, Habacuque cam inha em dire­ rança daqueles que confiam em Deus
ção ao reconhecimento da soberania [SI 125.1], mesmo que tudo aparente­
de Deus. O profeta não recebeu uma mente pareça ao contrário, e as chan­
resposta direta sobre os problem as ces de vitórias sejam as mais remotas.

64 L IÇ Ã O 9
Este cântico começa com o clamor do Os retos são co n trastad o s com os
profeta - 3.2, ou seja, reaviva-nos. Em o rgu lhosos e ím pios. Os co ra çõ es
outras palavras: Volte a m anter co ­ dos justos voltam -se a Deus, pois o
nosco as mesmas relações de outrora.” têm com o Pai. Possuem estreita c o ­
m unhão com Ele, e lhe obed ecem
3.3. 0 justo viverá da sua fé. “Eis que a vontade. (2) Os justos devem v i­
a sua alma se incha, não é reta nele; ver neste m undo m ediante a sua fé
mas o justo pela sua fé viverá.” [Hc em Deus. “Fé”, aqui, significa firm e
2.4]. Duas características importantes confiança em Deus e na retidão dos
se encontram nesta declaração. A pri­ seus cam inhos. É um a lealdade pes­
meira é que o soberbo confia em si, e soal a ele com o Salvador e Senhor. É
a segunda é que o justo vive pela sua tam bém a perseverança m oral para
fé, ou seja ele afirma a necessidade de seguir os seus cam inhos. Paulo de­
o cristão permanecer fiel e viver dife­ senvolve este tem a em Rom anos 1.17
rentemente dos padrões impostos pelo e Gálatas 3.1 1 ”. O escritor da epístola
mundo. Os servos de Deus não devem aos Hebreus tam bém m enciona este
promover ou compactuar com a m al­ princípio fundam ental em 10.38.
dade, com a violência, com a ganância,
com a libertinagem ou com a idolatria. IX) EU ENSINEI QUE:
Ao final de tudo o ímpio será condena­ Apesar de os tempos de sofrimento parecerem
do e o justo será preservado por causa não ter fim, o importante é saber que o Senhor
da sua confiança no Senhor sempre está atento a tudo que acontece e, por
‘K* B íb lia de E stu d o P e n te c o sta l, isso, podemos descansar seguros de Sua pro­
CPAD, 1995, p. 1337: “É o “ju sto ” vidência.
que, no fim , em ergirá vitorioso. (1)

@ CONCLUSÃO
Diante das mazelas que nos cercam, muitos tendem a perder a esperança e
a fé em Deus, que tem o controle de todos os acontecimentos. A mensagem
do profeta Habacuque nos serve de advertência a sempre mantermos nossa
fé na Palavra de Deus, jam ais nas circunstâncias.

rm ssm

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 65
w k m m im _____ VERDADE APLICADA

"Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas, É preciso vigiar, orar e permanecer fiel, pois
ó Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos." o Senhor Deus não está indiferente à iniqui­
Sofonias 3.16 dade que se multiplica. O Dia do Senhor virá.

® OBJETIVOS DA LIÇAO
E f Apresentar o cenário da Ef Falar sobre a ira de Deus ET Extrair lições de Sofonias
mensagem de Sofonias. sobre Jerusalém. para os dias de hoje.

© TEXTO S DE REFERÊNCIA

SOFONIAS 1 sumirei as aves do céu, e os peixes do mar,


1. Palavra do Senhor vinda a Sofonias, filho e os tropeços com os ímpios; e exterminarei
de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, os homens de cima da terra, disse o Senhor.
filho de Hezequias, nos dias de Josias, filho 4. E estenderei a minha mão contra Judá e
de Amom, rei de Judá. contra todos os habitantes de Jerusalém e
2. Inteiramente consumirei tudo sobre a face exterminarei deste lugar o resto de Baal e
da terra, diz o Senhor. o nome dos quemarins com os sacerdotes.
3. Arrebatarei os homens e os animais, con­

66
&d LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA JI2.2 QUINTA i Sf 2
Dia do Senhor: dia de trevas e tristezas. Ameaças contra diversas nações.
TERÇA Am 5.20 SEXTA Sf 3.1-8
Predição da ruína de Israel. O castigo de Jerusalém.
QUARTA Sf 1 SÁBADO Sf 3.9-20
Ameaças contra Judá e Jerusalém. A promessa feita aos fiéis.

____________________________
483, 485, 578 Introdução
1 .0
J v M O TIVO DE ORAÇÃO
2. A ira de Deus sobre Jerusalém
Ore a Deus por coragem para anunciar o 3. Sofonias para hoje
problema do pecado. Conclusão

d í INTRODUÇÃO
Sofonias pregou a necessidade de buscar ao Senhor, tendo em vista o iminente
juízo de Deus sobre o pecado, mas também transmitiu a esperança de reden­
ção e salvação para os remanescentes fiéis.

O cenário da mensagem do escondeu/ocultou para proteger’, assim


profeta Sofonias como descrito no sentido do Salmo 27.5:
Sofonias profetizou nos dias de “Porque no dia da adversidade me es­
Josias [Sf 1.1]. O profeta era do conderá no seu pavilhão; no oculto do
reino do Sul e o cenário seu tabernáculo me esconde­
em que viveu n aq u e­ rá; pôr-me sobre uma rocha”.
PONTO DE
la ép oca era de to tal PARTIDA Outros estudiosos conside­
afastam ento de Deus, ram a possibilidade do sig­
Viver longe de
injustiças, corrupção e nificado do nome do profeta
Deus é viver
o dom ínio estrangeiro “Jeová ocultou” indicar que
Seu iminente
sobre o povo de Deus. ele tenha nascido durante o
juízo.
Eles foram contam ina­ período truculento que mar­
dos em todos os senti­ cou o reinado de Manassés,
dos pelos costumes dos povos que no reino do Sul [2Rs 21.16]. Este mesmo
os oprimiam. rei abraçou a idolatria e a corrupção m o­
1.1. Conhecendo um pouco mais o pro­ ral, influenciado pela Assíria, e induziu
feta. O nome Sofonias significa ‘Yahweh o povo ao sincretismo religioso.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 67
H* Esdras Bentho & Reginaldo Lean­ H ' Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão
dro (Introdução ao Estudo do Antigo (Revista Betei Dominical, 2o Trimes­
Testamento, CPAD, 2019, p. 558-559): tre/1994, p. 42): “Sofonias apresenta
“Pfeiffer e Harrison definem o nome sua mensagem de forma bem comum
de Sofonias nos seguintes termos: “Seu no profetismo judaico. Ele comunica o
nome indica uma confiança no poder julgamento, para logo em seguida apre­
de Deus para esconder (isto é, proteger) sentar a causa deste, e conclui com a
seu adorador em momentos de perigo”. apresentação do grande amor de Deus
O período da profecia de Sofonias é aos que se arrependem [2Pe 3.9]. Esta
uma época excessivamente dramática. é a forma que o Espírito Santo usa para
É o período da expansão da Assíria com trazer os pecadores aos pés de Cristo [Jo
suas destruições e crueldades (...) Logo 16.8]”. O comentarista ainda ressalta
a seguir a situação se inverte: os medos que, apesar de proferir mensagens con­
aniquilam Nínive em 612 a.C., depois tra outros povos, contudo o foco princi­
os neocaldeus da Babilônia inundam pal é o próprio “povo de Deus que tinha
o Ocidente. Jerusalém terá sido sitiada a responsabilidade de ser exemplo para
três vezes antes de ser arruinada em 586 as outras nações [Is 5.1, 7]”.
a.C. (...) Nesse contexto conturbado, e
mais precisamente durante os anos de 1.3. Justiça e esperança. Apesar de
menoridade do rei Josias, situa-se a atu­ uma profecia com duras palavras di­
ação do profeta Sofonias.” recionadas ao povo e a sua liderança,
havia nas palavras de Sofonias também
1,2. A mensagem do profeta. A mensa­ um anúncio de esperança e justiça: “O
gem do livro de Sofonias é um chamado Senhor afastou os teus juízos, extermi­
de arrependimento para o povo de Ju- nou o teu inimigo; o Senhor, o rei de
dá. Tanto o povo quanto sua liderança Israel, está no meio de ti; tu não verás
apostataram da fé [Sf 3.1-4]. Eles esta­ mais mal algum.” [Sf 3.15], O cativeiro
vam distantes do Senhor, influenciados babilônico traria dor e sofrimento ao
pelos costumes pagãos; isso atingia não reino de Judá, que não atentou para
somente a religião, mas também o estilo as mensagens que os profetas trouxe­
de vida daquele povo [Sf 1.2-6]. Havia ram cham ando-o ao arrependim en­
corrupção e as injustiças sociais eram to. M esmo assim, para aqueles que se
gritantes. Sofonias denunciou as injus­ voltassem para o Senhor havia uma
tiças que estavam entre as lideranças e mensagem de esperança [Sf 3.13]. A
em determinados grupos do povo [Sf promessa era de que os remanescen­
3.1-5]. O profeta também direcionou tes veriam o fim de seus opressores e, a
suas palavras para outras nações como partir disso, teriam um recomeço que
as cidades da Filisteia [Sf 2.4-6], para os os perm itiría viver de modo diferen­
etíopes [Sf 2.12] e para a Assíria e sua te, com uma nova configuração social
capital Nínive [Sf 2.13-14], livre das influências de outras nações.

68 L IÇ Ã O 1 0
H* Esdras Bentho & Reginaldo Lean­ ria de volta da Babilônia para Jerusa­
dro (Introdução ao Estudo do Antigo lém depois do exílio de 70 anos. Essa
Testamento, CPAD, 2019, p. 566-567) restauração teve início quando Ciro
mencionam que a última seção do livro permitiu que os judeus voltassem à
de Sofonias abrange de 3.9 até 3.20, on­ sua terra natal. Essa volta dos judeus
de “o profeta não está apenas olhando a Judá, em cumprimento à profecia
para Jerusalém e Judá, nem em volta, de Sofonias é uma prefiguração da
mas contempla muito além; para uma redenção final da terra.
época de cura e bênção que virá a Israel 2.1 A ira do Senhor. O dia da ira do
e a todos os outros povos. O reino mes­ Senhor [Sf 1.14-17] sugere um tempo
siânico abrangerá todas as outras na­ sombrio com as palavras - “indignação”,
ções. (...) Grande promessas de bênçãos “angústia”, “desolação”, “escuridade” e “tre­
e restauração para a cura das nações são vas” [Sf 1.15]. Para aqueles que viveram
citadas. A Cidade Santa será cirandada e no pecado e se voltaram contra Deus não
purificada, e então será honrada em toda há meios de escapar. Mas esse dia terrí­
a terra. O povo redimido louvará a Deus vel também extinguirá a maldade sobre
que habita no meio dele [Sf 3.11-20]”. a terra e também a indiferença daqueles
que pensam que Deus permanece alheio
0 0 EU ENSINEI QUE: às mazelas do ser humano. São aquelas
Um povo que opta por viver longe dos precei­ pessoas céticas, que apesar de não nega­
tos de Deus está fadado a viver sob Seu imi­ rem a existência de Deus, negam-se a crer
nente juízo, mas também pode encontrar em em Sua intervenção no mundo [Sf 1.12].
Sua misericórdia alívio e esperança. U " Comentário Beacon: “A descrição
que Sofonias faz sobre o dia do SE­
NHOR [Sf 1.15-16] é muito parecida
A ira de Deus sobre Jeru­
2 salém
com o texto de Joel 2.2 e Amós 5.20.
Mas a narrativa de Sofonias é mais com­
Quando aconteceu o julgamento de pleta e dá maior destaque ao fato de este
Jerusalém, sua população foi levada ser um dia de ira. O original hebraico é
para a Babilônia [2Rs 24-25], No um poema que não há como reproduzir
entanto, a mensagem registrada em adequadamente em tradução. Mas mes­
Sofonias 3.18-20 faz referência a um mo numa versão percebemos o espírito
grupo de pessoas dispersas e aflitas, tumultuoso e a atmosfera aterrorizante
os remanescentes, a quem Deus tra­ que os ouvintes devem sentir.”

Q , F0Cu ç ã Ô Eles estavam distantes do Senhor, influe ncia dos


pelos costu m e s pagãos; isso a tin g ia nã o so m e n te a re lig iã o ,
m as ta m b é m o e s tilo de v id a d a q u e le po vo ... 1 j
B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 69
2.2, 0 Dia do Senhor. O profeta Sofo- so o leva a con clam ar a cidade para
nias é conhecido por alguns estudiosos cantar e se alegrar [Sf 3 .1 4 -1 7 ]. A
com o o “Profeta do Dia do Senhor”, razão para isso era que o Deus, o P o ­
por causa das várias vezes em que ele deroso, estaria lá para salvá-la. Sua
utilizou essa expressão em sua profecia presença era sinal de força e p ro te­
[Sf 1 .7 -1 0 ,1 4 -1 6 ,1 8 ; 2.2-3; 3.8]. A sua ção contra todo o m al [Sf 3.5, 17].
mensagem faz várias referências a esse H M anual B íb lico - E n ten d en d o a
dia como o dia da soberania e do juízo B íb lia (C PA D , 2 0 1 1 , p. 3 1 9 -3 2 1 ),
de Deus: “O grande dia do Senhor está s o b re a m e n s a g e m de S o fo n ia s :
perto, está perto, e se apressa muito a “C o m o to d o s os o u tro s p ro feta s
voz do dia do Senhor; amargamente da B íblia, So fon ias a crescen ta um a
clamará ali o homem poderoso.” [Sf m ensagem de esperança. D epois da
1.14]. Essa mensagem não determina d estru ição pu nitiva, D eus prom ete
um dia específico, nem um lugar de­ reunir os sobreviventes espalhados,
terminado, mas um tempo. Naquela que são seus verdad eiros a d o rad o ­
época, essa palavra estava relacionada res. U nido, o povo de D eus c e le ­
à invasão e dominação babilônica so­ b rará o fim da tristeza, v io lên cia e
bre Judá, isso aconteceu 20 anos depois in ju stiça. (...) As ú ltim as palavras
da profecia de Sofonias. de Sofonias são de que os que amam
U f Bispo Oídes José do Carmo (R e­ o Senhor podem co n fiar nE le, m es­
vista Betei D om inical, 2o Trim estre m o qu and o não pu d erem co n fia r
de 2008, p. 46): “No livro de Sofonias em m ais ninguém .”
estudaremos a respeito do Dia do Se­
nhor, porque os demais assuntos de QO EU ENSINEI QUE:
que trata o profeta já foram abordados É preciso anunciar o Dia do Senhor para que
nas lições anteriores. “Dia da ira”, “dia os homens saibam que precisam se arrepender
da vingança”, “dia da visitação’ do Se­ dos seus pecados e voltar-se para Deus antes
nhor e outros, são alusivos a períodos que seja tarde.
de julgamentos proferidos pelos profe­
tas, e comumente seguidos de “naquele
(s) dia (s)”, significam as consequên­
cias e a abrangência do conjunto de 3 Sofonias para hoje
A coragem e a ousadia de Sofo­
nias são uma inspiração, pois ele
ações justas e poderosas de Jeová para
tornar a congregar a si todas as coisas, ensina que não im porta a classe
no Dia do Senhor.” so cial, status ou prestígio nos
ambientes políticos, o problema
23. Restauração e alegria. Havia a do pecad o é um p rob lem a de
profecia do D ia do Senhor, mas tam ­ todos os hom ens e isso precisa
bém o profeta anuncia que a alegria ser anunciado com coragem e
em Jerusalém seria restaurada e is­ ousadia.

70 L IÇ Ã O 1 0
Q FOCuçÃoA 0 d ia da ira do S e nh or [Sf 1 .1 4 -1 7 ], su ge re
um te m p o s o m b rio c o m as p a la v ra s - " in d ig n a ç ã o " ,
"a n g ú s tia " , "d e s o la ç ã o ", "e s c u rid a d e " e "tre v a s " [Sf 1.15]

3,1 As injustiças nossas de cada dia. pregar a doutrina da prosperidade e do


Apesar de Judá ter se afastado de Deus triunfalismo.”
e por isso sofria duras consequências,
esse afastamento tam bém trouxe in ­ 3.2. Esperança em dias sombrios. O
sensibilidade e corrupção entre o pró­ profeta Sofonias traz uma palavra de
prio povo. O profeta denuncia corrup­ esperança de que, ao final, Deus con­
ção e dureza espiritual que caracteriza­ sertará todas as coisas. Quando a ju s­
vam todas as classes de Jerusalém. Seus tiça está distorcida, quando o certo e
líderes, juizes, profetas e sacerdotes o errado parecem ter o mesmo valor,
eram todos corruptos e endurecidos quando os líderes se tornam corruptos
[Sf 3.3-4], M esmo Sofonias fazendo e não há quem confiar, o caminho mais
parte da classe mais alta de Judá, isso fácil e óbvio parece ser o desânimo.
não foi impedimento, com o homem Quando, além disso tudo, os líderes
de Deus, de exercer o seu ministério religiosos falham, é preciso lutar pa­
com o profeta, denunciando o peca­ ra não perm itir que o ceticismo tome
do, mas também a corrupção vigente. conta da fé. Sofonias dá garantia de
K ' Pr. Valdir Alves de Oliveira (R e­ que ainda podemos confiar em Deus
vista Betei D om inical, I o Trim estre [Sf 3.17], Mesmo em dias sombrios a
de 2022, p. 14-16) ao abordar sobre fé do cristão pode ser um raio de luz
“Um profeta destemido”, escreve so­ para iluminar a vida de outros que es­
bre a grande responsabilidade dos tão ao seu redor.
que afirmam serem anunciadores de "ü Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão
mensagens vindas da parte de Deus: (Revista Betei Dominical, 2o Trimes-
“Independentem ente de as pessoas tre/1994, p. 44): “Uma parte do povo
gostarem ou não, o papel do profeta de Deus sempre foi e será rebelde e
de Deus é transm itir as m ensagens obstinada, não se im portando com
com autenticidade, sem erros nem in­ os juízos de Deus [Hb 4 .1 1 ], Sofo­
transigência (ódio ou agressividade), nias m ostra que, mesmo tendo Deus
consciente de que são verdades vindas destruído nações inteiras, o povo não
de Deus [2Pe 1.20-21 ]. (...) Nos nossos tomava consciência disto [Sf 3.6-7],
dias, se a mensagem não massagear o O profeta começa então a vislumbrar
“Ego” das pessoas, o mensageiro não um tempo futuro, quando Deus puri­
é um “bom” profeta, orador, pregador, ficaria por meio do fogo [Sf 3.8] o Seu
pastor e mestre, principalmente se não povo. A idolatria e a injustiça estavam

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 71
instaladas na cidade santa [Sf 1.4, 6; completa com bênçãos para os habi­
3.1-8], bem no meio dela [Sf 3.3], Po­ tantes daquela cidade.
rém não é esta a única força presente, T f M anual B íblico - Entendendo a
isto porque “no meio dela o Senhor é Bíblia (CPAD, 2011, p. 323): “Mas, de
justo, Ele não comete injustiça...” [Sf alguma maneira, depois que Deus tiver
3.5]. Esta força irá por fim triunfar. O destruído a terra no “ardor da sua ira”,
anúncio do castigo era apenas o início Ele irá “ajuntar as nações...os zelosos
do anúncio da transformação e da pu­ adoradores” que aparentemente sobre­
rificação. Verdadeiramente o Senhor viveram a holocausto [Sf 3.8, 10]. E,
era Rei de Israel [Sf 3.15].” com isso, surgirá um remanescente. O
grupo de pessoas que sobreviver “não
3,3 Confiança nas promessas. O pro­ com eterá iniquidade, nem proferirá
feta Sofonias pretendia incentivar os mentira, e na sua boca não se achará
seguidores fiéis do Senhor, assegu­ língua enganosa; porque serão apas­
rando-lhes que Deus conservaria um centados, deitar-se-ão, e não haverá
remanescente e, no fim, cumpriría as quem os espante” [Sf 3.13].”
prom essas feitas aos antepassados.
Essa certeza deveria ajudá-los a per- QQ EU ENSINEI QUE:
severar em tempos difíceis e enxergar A mensagem do cristão precisa ser de adver­
com grande expectativa o período que tência, mas também de encorajamento para
se seguiría ao juízo iminente. Haveria que os servos de Deus permaneçam firmes
purificação [Sf 3.9-13] e regozijo [Sf apesar dos dias sombrios.
3 .1 4 -1 7 ], ou seja, um a restauração

@ CONCLUSÃO
A mensagem de Sofonias se destaca e se identifica com os dias atuais. O
povo de sua época estava totalmente pervertido e não buscava ao Senhor,
por causa disso havia injustiças, corrupção e o pecado imperava.

fm sn m

72 L IÇ Ã O 1 0
"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Aplicai os vos- 0 discípulo de Cristo precisa estar sempre reven-
sos corações aos vossos caminhos." Ageu 1.7 do suas prioridades, se estão de acordo com a
Palavra de Deus.

<§) OBJETIVOS DA LIÇÃO


B Apresentar o cenário do B Destacar a necessidade de ET Extrair lições do livro de
profeta Ageu. arrependimento. Ageu para os nossos dias.

© TEXTO S DE REFERÊNCIA
AGEU 1 do: Este povo diz: Não veio ainda o tempo,
1. No ano segundo do rei Dario, no sexto o tempo em que a casa do Senhor deve ser
mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra edificada.
do Senhor, pelo ministério do profeta Ageu, 3. Veio, pois, a palavra do Senhor, pelo mi­
a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de nistério do profeta Ageu, dizendo:
Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo 4. É para vós tem po de habitardes nas
sacerdote, dizendo: vossas casas estucadas, e esta casa há de
2. Assim fala o Senhor dos Exércitos, dizen­ ficar deserta?

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 73
83 LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA | Ag 1 QUINTA Ag 2.10-19


Exortação para reedificar o templo. Repreensão e promessa de bênção.
TERÇA Ag 2.1-9 SEXTA | Ag 2.22
A glória do segundo templo. A destruição dos inimigos.
QUARTA | Ag 2.8 SÁBADO Ag 2.23
"Minha é a prata, e meu é o ouro". A elevação de Zorobabel.

I B Ü l lr í .W l.A l I M J a
jm
93, 108,115 Introdução
1 .0 cenário do profeta Ageu
M O TIVO DE ORAÇÃO 2. A necessidade de arrependimento
Ore para que o Reino de Deus seja priorida­ 3. Ageu para hoje
de em sua vida. Conclusão

iC lí INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos com o Deus, por meio do profeta, repreende, desafia
e anim a o Seu povo. As palavras proféticas m ostram uma estreita relação
entre a obediência e a bênção de Deus.

O ce nário do p ro fe ta A geu 1.1 Conhecendo um pouco mais o

D O nom e Ageu significa “festivo”


ou “M inha festa de gratidão”. Ageu
profeta. Nada se sabe sobre o profeta
Ageu ou seus antecedentes. Provavel­
mente ele nasceu na Babilônia e foi
foi a primeira voz profética a ser
ouvida depois do exílio um dos que reto rn o u do
babilônico. Ele foi con­ PONTO DE cativeiro junto com Z oro­
temporâneo de Zacarias PARTIDA babel, segundo o decreto de
e, tam bém , de um fa­ Ciro. Ele profetizou durante
Deus se agrada
moso pensador chinês, o período da reconstrução
da obediência do
chamado Confúcio, que do templo, de acordo com
Seu povo.
revolucionou o m odo o registro de Esdras e foi o
de pensar no extrem o prim eiro cham ado a pro­
Oriente, na mesma época em que fetizar depois que os judeus retorna­
Ageu e Zacarias motivavam o po­ ram para Jerusalém após o exílio da
vo judeu a reconstruir o Templo de Babilônia. Ageu começou a profetizar
Deus [Ed 5.1-2; 6.14], obra que já dezesseis anos depois da volta do pri­
estava em andamento há 15 anos. meiro grupo.

74 L IÇ Ã O 11
K* J- G. Baldwin (Ageu, Zacarias e Ma- forço coletivo, o Templo fosse recons­
laquias - introdução e comentário, Vida truído [Ag 1.8; 2.6-9, 20-23].
Nova e Mundo Cristão, 1982, p. 21-22): w J- G. Baldwin (Ageu, Zacarias e Ma-
“Parece que Ageu não precisava ser nem laquias - introdução e comentário, Vi­
apresentado nem identificado [Ag 1.1], da Nova e Mundo Cristão, 1982, p. 26)
porque também em Esdras 5.1 e 6.14 escreveu sobre a mensagem de Ageu:
ele é simplesmente “o profeta”, e a ju l­ “Ageu era um homem de uma só m en­
gar pela repetição aramaica de Esdras sagem. Ele representava o Deus que ele
5.1 - “os profetas, Ageu, o profeta...” - gostava de chamar de Senhor dos Exér­
ele geralmente era chamado assim. A citos, a fonte de todo poder, o Senhor das
ausência de ascendência pode significar potências militares, na terra e no céu. A
que seu pai já caíra no esquecimento, consequência foi que sua palavra tinha
que havia poucos profetas e que por autoridade; o clima obedecia às suas or­
isto “o profeta” era suficientemente es­ dens [Ag 1.11], todo universo estava ao
pecífico, e que ele era bem conhecido alcance da sua mão, e um dia seria sacu­
na pequena comunidade judaica. (...)”. dido por ela [Ag 2.6,21]. (...) Assim que
Tanto Baldwin como o Manual Bíblico as prioridades estivessem na ordem cer­
(CPAD) apresentam a hipótese de Ageu ta a presença do Senhor entre o povo se
ser um homem já muito idoso quando tornaria evidente pela prosperidade que
profetizou, podendo, inclusive, ter visto acompanharia tanto a construção como
o templo antes da destruição - opinião a agricultura [Ag 2.9, 19]. Esta certeza
baseada em Ageu 2.3. da salvação do Senhor no presente e no
futuro permeia a mensagem de Ageu e
1.2 A mensagem do profeta. A profe­ põe nele a marca do verdadeiro profeta.”
cia de Ageu é uma exortação a começar
sem demora a reconstrução do Templo, 1.3 Convocação à reconstrução do Tem­
pois não poderia continuar em ruínas plo. A reconstrução do Templo teve o seu
por muito tempo, mas deveria ser res­ início assim que os primeiros deporta­
taurado para a glória de Deus [Ag 1.8]. dos para a Babilônia começaram a che­
A ordem vinha da parte de Deus: “Su­ gar em Jerusalém. Depois de preparados
bi o monte, e trazei madeira, e edificai os alicerces do Templo em 536 a.C., a
a casa; e dela me agradarei, e eu serei forte oposição à obra retardou em muito
glorificado, diz o Senhor.” [Ag 1.8]. Essa a sua edificação, o que veio a acontecer
ordem não podia ser ignorada sem que dezesseis anos depois. Nesse intervalo
trouxesse sérios resultados para todos: de tempo, o novo rei, Dario, subiu ao
a seca, a perda das colheitas e a pobre­ trono da Pérsia e tinha boa vontade para
za, que seriam os indicativos da ira di­ com os judeus. Sob a pregação de Ageu e
vina [Ag 1.9-11], Por outro lado, Deus Zacarias, a obra foi reiniciada dentro de
abençoaria e traria uma rápida e perene vinte e quatro dias e a obra do Templo
salvação ao seu povo, se, mediante o es­ acabada em quatro anos.

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 75
“ü* C om en tário B eacon: “Os judeus 2 .1 ,0 povo obedece a ordem de Deus.
esp eraram o m o m en to ce rto para O recom eço da obra foi por volta de
re co n stru ir o Tem plo; diziam que três semanas após a ordem de Deus.
ain d a não era o m om en to . E rig i­ Aquele povo que havia voltado do
ram o altar e fizeram um ritu al sim ­ cativeiro na Babilônia era um povo
ples. Sob as circu nstâncias vigentes, diferente daquele que havia morado
acharam que isso bastava. Pelo visto, ali antes da destruição de Jerusalém.
deixaram de term in ar a re co n stru ­ As muitas experiências amargas em
ção do Tem plo em virtude de um a terra estrangeira fizeram com que de­
interpretação m eticulosa da m enção sejassem o regresso à terra natal. No
de Jerem ias aos 70 anos [Jr 2 5 .1 1 ]; entanto, estavam preocupados em ga­
julgavam que o p eríod o ainda não rantir primeiro o sustento, deixando
se com pletara.” a construção da Casa do Senhor para
depois, mas Deus os repreende através
QQ EU ENSINEI QUE; das palavras de Ageu [Ag 1.5]. A acei­
Deus sempre cumpre Suas promessas, ainda tação da palavra do profeta e a obedi­
que pareça que está demorando, mas Ele es­ ência foi unânime começando por sua
pera que o cristão cumpra a sua parte, priori­ liderança [Ag 1.12].
zando a Sua obra. 1 f Com entário M oody; “Após outra
convocação para um sério exam e de
sua condição, apresenta-se o remédio.
A necessidade d e a rre p e n ­ O povo devia subir às terras altas e às
2 d im e n to áreas cobertas de matas para buscar
Ageu pontuou em sua mensagem madeira para o Templo. (...) Deus pro­
que o povo deveria co n stru ir a meteu desde o início que a obediência
Casa de Deus e, em bora eles es­ resultaria em sua aprovação. Resum i­
tivessem desanimados, o Senhor damente Ageu declara: “O bedecei a
os encorajou através do profeta Deus e tereis as suas bênçãos e a sua
dizendo que se agradaria do Tem­ aprovação”. Serei g lorificad o. Aqui
plo e nele seria glorificado [Ag está a prova de que Deus se preocu­
2.9], pois o Senhor busca mais a pava (...) com os aspectos espirituais
fidelidade do Seu povo do que o da reconstrução. Salomão tinha orado
sucesso conquistado [Ag 2 .4 -5 ; [lR s 8.30] que Deus fosse magnifica-
IC o 4.2; 15.58]. do através da adoração do Seu povo.

Q , F0 Cu ç ã S mi 0 n o m e A g e u s ig n ific a " fe s tiv o " ou " M in h a


fe s ta de g r a tid ã o " . A g e u fo i a p rim e ira vo z p ro fé tic a a ser
o u v id a d e p o is d o e x ílio b a b ilô n ic o . *
76 L IÇ Ã O 11
Quando essa atividade da vida espi­ Salomão a primeira. Este é o templo
ritual foi negligenciada, resultou em que estaria erguido no tempo de Je­
esterilidade.” sus, em bora ampliado e embelezado
por Herodes.”
2 .2 ,0 novo Templo. Depois que o povo
foi exortado a considerar os seus cam i­ 2.3 Deus promete abençoar o povo.
nhos e a construir o Templo de Deus, A h istória do povo era de escassez,
o Senhor assegurou que se agradaria mas seu futuro seria de bênçãos. O
dele e nele seria glorificado [Ag 2.9]. povo aten to u para as p alavras de
No período de vinte e sete dias o alicer­ D eus, por m eio do profeta e recom e­
ce, que tinha sido o início da primeira çaram obra do Templo, obedecendo
restauração, foi desobstruído e o povo a ordem de Deus. Por isso, o Senhor
trabalhou bastante para que com eças­ os convidou a observarem com cu i­
sem a aparecer os primeiros contornos dado o que aco n teceria nos meses
e a configuração geral do edifício. No seg u in te s, p o rq u e Sua P alav ra se
entanto, a simplicidade deste segundo cum priría, dando-lhes bênçãos que
Templo, comparada à majestosa obra tanto desejavam e precisavam em
de Salomão, trouxe tristeza aos idosos seus cam pos, com o sinal de renovo
que tinham presenciado a grandeza do e graça [Ag 2 .1 8 -1 9 ].
primeiro Templo [Ed 3.12], É preciso 11 R. N. Champlin: “O povo de Judá
ter em mente que o Templo significa­ é, uma vez mais, convidado a exercer
va a presença de Deus entre o povo de a consideração divina, contemplando
Israel. E, mesmo o segundo Templo as coisas de um ponto de vista espi­
não possuindo a riqueza com o o que ritual. Eles precisavam “pensar cu i­
Salomão construiu, a glória do segun­ dadosamente nas coisas” [Ag 1.5, 7;
do seria maior do que a do primeiro, 2.15]. No passado, os judeus haviam
pois essa é uma referência espiritual fracassado, e tinham sofrido por isso.
- algo incorruptível. Mas agora, se concentrassem sua m en­
"U* Bíblia de Estudo Plenitude - SBB, te e seu coração na questão, poderíam
2013, p. 1000, com enta sobre Ageu efetuar uma mudança através do arre­
2 .7 ,9 , enfatizando que a parte final do pendimento. Se começassem a edificar
versículo 7 - “e encherei esta casa de o templo com vigor, então todos os as­
glória” - “refere-se, em parte, à dedi­ pectos de sua vida se aprimorariam.”
cação do templo atual de Zorobabel,
mas também profetiza a habitação de □ Q EU ENSINEI QUE:
Deus em templos humanos através de 0 relacionamento com Deus deve ser a priori­
Cristo Jesus [lC o 6.19-20]”. E, quanto dade de todo cristão, pois ele é o combustível
ao versículo 9, inform a que “na tra­ que mantém acessa a chama da esperança em
dição judaica, “última casa” equivale tempos difíceis.
a “segunda casa”, sendo o templo de

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor • 77
Q foução A s m u ita s e x p e riê n c ia s a m a rg a s e m te r r a
e s tr a n g e ir a fiz e r a m c o m q u e d e s e ja s s e m o re g re s s o
à te r r a n a ta l.

A geu p a ra hoje H Bispo Oídes José do Carmo (Revista


Ageu encontrou um povo desanima­ Betei Dominical, 2o Trimestre de 2008,
do para a reconstrução de uma obra p. 55): “Precisavam estabelecer a priori­
que já havia começado a ser feita há dade de Deus como referencial - Ageu
alguns anos após a volta do exílio propôs que os judeus tomassem como
babilônico. Mas o povo se intimidou referencial o dia que eles voltaram ao
com a oposição dos inimigos, princi­ projeto de Deus e começaram a recons­
palmente dos samaritanos. A obra do truir o templo. Tendo isto em mente,
Templo precisava ser concluída, mas, sempre que surgissem dificuldades, eles
além de desanimados, intimidados e poderíam voltar lá e perguntar: Qual era
sem recursos, o povo estava com su­ a nossa situação antes deste dia [Ag 2.15-
as prioridades focadas em suas vidas 17] e como ela veio a ser depois dele [Ag
particulares. Estavam preocupados 2.18-19] ? O que Deus nos mandou fazer
em reerguer suas casas, enquanto a a respeito e como Ele reagiu a nossa obe­
casa do Senhor estava abandonada. diência? Por este referencial eles seriam
A palavra de Ageu foi um encoraja­ advertidos contra possíveis desvios de
mento para pôr fim àquele estado de propósito e estimulados a permanece­
letargia espiritual. rem fiéis às prioridades de Deus.”
3.1. Prioridades erradas. O cenário era de
abandono da casa do Senhor, enquanto 3.2 A importância do encorajamento
os mais ricos construíam suas casas. Um mútuo. Quando Ageu se depara com o
claro caso de prioridades erradas. Como desânimo do povo, ele exerce um papel
já dito anteriormente, o Templo era o muito importante de encorajamento:
centro religioso da vida do povo; ele sig­ “Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o
nificava a presença de Deus entre o povo Senhor, e esforça-te, Josué, filho de Joza-
de Israel. Sem o Templo a vida religiosa daque, sumo sacerdote, e esforçai-vos,
do povo estava subordinada a um lugar todo o povo da terra, diz o Senhor, e
de menor importância. Nunca é demais trabalhai; porque eu sou convosco, diz o
ressaltar que o fato de falar sobre priori­ Senhor dos Exércitos.” [Ag 2.4]. O povo
dades não exime a responsabilidade e o estava apático por causa da singeleza do
esforço pessoal de cada um na constru­ segundo Templo, além de problemas.
ção de sua estabilidade financeira. Não No entanto, as palavras proféticas são de
se deve confundir a prioridade do Reino que a glória do segundo templo, ainda
com a negligência humana. que mais singelo em sua construção, se­

78 L IÇ Ã O 11
ria maior do que a do primeiro templo, dade do rei. Zorobabel, governador de
construído por Salomão. Judá e descendente de Davi, seria o anel
J.G. Baldwin (Ageu, Zacarias e Malaquias de selar de Deus - seu representante
- introdução e comentário, Vida Nova e oficial na terra. Essa profecia ultrapassa
Mundo Cristão, 1982, p. 36-37): “Sê forte Zorobabel, remetendo para o Messias
(esforça-te), foi a ordem que o outro Jo­ que haveria de vir.
sué tinha ouvido muitas vezes [Dt 31.7; T R. N. Champlin: “A mensagem com
Js 1.6-7,9,18], bem como Israel [Dt31.6; que o livro de Ageu termina é uma men­
Js 10.25], quando entrou na terra (...) Há sagem de encorajamento para o governa­
um paralelo interessante entre a exorta­ dor, Zorobabel. Yahweh haverá de abalar
ção de Ageu e as palavras de Jesus em as coisas, tanto no céu quanto na terra.
Marcos 6.50: “Tende bom ânimo! Sou (...) Para que a nação de Israel gozasse de
eu. Não temais!” A presença pessoal do paz e chegasse a ocupar um lugar legítimo
Senhor confere coragem, determinação, de liderança, teria de haver um tremendo
e a certeza de que ele não permitirá que abalo. Reinos teriam de cair, para que Is­
seu objetivo fracasse. Se o exílio aparen­ rael fosse capaz de soerguer-se (...). Ora
temente tinha anulado a aliança, agora o nenhum grande abalo ocorreu nos dias
povo era certificado de que Deus ainda de Zorobabel, pelo que a maioria dos in­
estava entre eles em Espírito, como es­ térpretes vê aqui uma promessa messiâ­
tivera durante todo o êxodo [Êx 29.45].” nica, relacionada à era do reino de Deus.”

3.3 Promessas valiosas de Deus. Deus C D EU ENSINEI QUE:


fez uma promessa a Zorobabel, dizen­ Deus tem reservas de bênçãos maravilhosas,
do que o faria como um anel de selar mas nem sempre são bênçãos como se idea­
[Ag 2.21-23], O anel de selo continha liza. Por isso, é importante crer no amor e na
o nome do rei e era isso que validava os providência de Deus, que sabe do que Seus
documentos daquela época. O anel de servos precisam.
selar, portanto, representava a autori­

@ CONCLUSÃO
O profeta Ageu usa a histórica para celebrar a glória suprema do templo messiânico
definitivo que ainda estava por vir e incentiva as pessoas com a promessa de paz,
prosperidade, governo divino e bênçãos ainda maiores durante o milênio. Dado
a nossa limitação, nem sempre conseguimos enxergar a grandeza dessas bênçãos
porque ficamos focados apenas nas bênçãos materiais.

__________________ m m m __________________

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 79
VERDADE APLICADA

"E eu os fortalecerei no Senhor, e an­ 0 cristão deve ser um instrumento de Deus


darão no seu nom e, diz o S enhor." para consolar e encorajar outros em tempos
Zacarias 1 0.12 de perplexidades e aflições.

® OBJETIVOS DA LIÇÃO
fv f Apresentar o cenário do EU Falar de forma panorâmica 0 Extrair lições do livro de
profeta Zacarias. sobre as visões de Zacarias. Zacarias para os nossos dias.

© TEXTO S DE REFERENCIA

ZACARIAS 1 nhor dos Exércitos, e eu tornarei para vós,


1. No oitavo mês do segundo ano de Da- diz o Senhor dos Exércitos.
rio, veio a palavra do Senhor ao profeta 4. E não sejais como vossos pais, aos quais
Zacarias, filho de Baraquias, filho de Ido, clamavam os primeiros profetas, dizendo:
dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Conver­
2. 0 Senhor tem estado em extremo des- tei-vos agora dos vossos maus caminhos
gostoso com vossos pais. e das vossas más obras; mas não ouviram,
3. Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor nem me escutaram, diz o Senhor.
dos Exércitos: Tornai para mim, diz o Se­

80
Gè LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA Zc 1.1-6 QUINTA j JZc 9
Exortação ao arrependimento. O castigo de diversos povos.
TERÇA Zc 7 SEXTA | Z c 10
0 jejum que não agrada a Deus. Promessas feitas a Israel.
QUARTA j Zc 8 SÁBADO Zc 13.7
Bênçãos prometidas. O Pastor ferido.

MNHMÍ.4IHJSHTO ____
416, 418,485 Introdução
1 .0 cenário do profeta Zacarias
M O TIVO DE ORAÇÃO
2. As palavras proféticas de Zacarias
Ore para ser um instrumento de Deus para 3. Zacarias para hoje
consolar e encorajar outros. Conclusão

d ; - INTRODUÇÃO
Zacarias foi uma voz profética para trazer ânimo e vigor para todos que se
achavam desanimados. Sua profecia é um chamado ao arrependimento e uma
palavra de esperança, mediante ao sincero arrependimento.

O c e n á rio do p r o f e t a
D
os motivou, mas também lhes deu
Zacarias uma visão dos propósitos de Deus
Zacarias, assim com o o profeta para depois da restauração da Casa
Ageu, motivou o povo a comple­ do Senhor.
tar a edificação da Casa 1.1 Conhecendo um po
do Senhor, que aconte­ PONTO DE mais o profeta. O nome do
ceu em 516 a.C. M ui­ PARTIDA profeta significa “Deus lem­
tos judeus optaram por bra” ou “Deus recordou-se”.
Devemos olhar
continuar na Babilônia Zacarias provavelmente nas­
para o futuro
por já terem co n stru ­ ceu na Babilônia e estava entre
com esperança.
ído suas vidas naqu e­ o remanescente que retornou
le país. No entanto, os a Judá em 538 a.C., sob a lide­
que voltaram, depois de vencido rança de Zorobabel e de Josué. Em data
o desânimo, trabalharam aplica­ posterior, quando Joiaquim era sumo
damente na edificação do Templo. sacerdote, Zacarias teve a oportunidade
O profeta Zacarias não somente de suceder seu avô [Zc 1.1,7] como chefe

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 81
daquela família (clã) sacerdotal [Ne 12.10- U f Esdras Bentho & Reginaldo Lean­
16]. Alguns estudiosos acreditam que o dro (Introdução ao Estudo do Antigo
pai de Zacarias, chamado Baraquias, te­ Testamento, CPAD, 2019, p. 574-575):
nha morrido ainda muito jovem, porque “As mensagens contidas nos capítulos
Zacarias sucedeu o avô [Zc 1.1,7]. 1 a 8 abrangem as datas de 520 a 518
H O Novo Comentário Bíblico - An­ a.C. As mensagens que se estendem do
tigo Testamento: “O nome Zacarias sig­ capítulo 9 a 14 foram escritas mais ou
nifica Yahweh se lembra. Estas palavras menos em 480 a.C. Devem ter sido es­
poderosas trazem consigo uma mensa­ critas nos últimos anos de Zacarias (...)
gem de esperança: o Deus de Israel terá Desconhecemos a duração do ministé­
misericórdia e há de lembrar-se sempre rio de Zacarias, mas seu livro contém
de Seu povo. O profeta é identificado três notações de tempo [Zc 1.1; 1.7;
como filho de Baraquias, filho de Ido. 7.1]. Tanto o m inistério de Zacarias
Ido estava entre os cabeças das famílias quanto o de Ageu foi o de estimular o
sacerdotais que voltaram de Babilônia restante que voltou para reconstruir o
para Judá. Zacarias, portanto, fazia parte Templo e nutrir a esperança de vitória
da tribo de Levi, tendo servido, provavel­ sobre todo e qualquer inimigo.”
mente, além de profeta, como sacerdote.
Ele começou seu ministério profético 1.3. Convocação geral ao arrependi­
somente depois que seu contemporâneo mento. Quando a obra do Templo ti­
Ageu concluiu os primeiros escritos.” nha pouco mais de um mês, e a sua
singeleza não se equiparava ao Templo
1 . 2 . A mensagem do profeta. A profecia anterior, o povo se sentiu desanimado.
de Zacarias começa com uma chamada Zacarias os advertiu contra a evidente
ao arrependimento seguida por oito e crescente disposição deles em voltar
visões, cada uma delas tinha o objeti­ às mesmas práticas de seus pais, ou
vo de encorajar os judeus no término seja, a desobediência ao Senhor. Esse
do Templo, na reconstrução da cidade, comportamento de seus antepassados
bem como no restabelecimento da fé e havia trazido o juízo de Deus sobre eles,
do governo. Os primeiros oito capítulos culm inando com o exílio babilônico
são sobre a reconstrução do Templo e os [Zc 1.1-6], A palavra do profeta é um
capítulos restantes, 9-14, têm sido alvo lembrete do que acontecera no passado
de muitas discussões entre os estudiosos, e de como eles estavam tendenciosos a
pois parece ter sido escrito trinta anos repetir o mesmo erro, ignorando a res­
mais tarde, gerando assim uma dúvida tauração da Casa do Senhor, numa cla­
sobre a autoria de Zacarias. Entretanto, ra demonstração de pouco ou nenhum
essas discussões não devem minimizar a interesse pelas coisas espirituais.
importância da mensagem contida no li­ H ' Comentário Bíblico Moody: “Em
vro. Há um destaque das suas visões, pe­ linguagem enfática o profeta declara o
lo simbolismo apocalíptico encontrado. aborrecimento divino com os pais de

82 L IÇ Ã O 1 2
seus patrícios. Foi mais que a negligên­ 5] lembravam, respectivamente, a des­
cia deles em construir o Templo que o truição do templo [2Rs 25.8-9] e o as­
aborreceu; foi a sua visão espiritual de sassinato de Gedalias [2Rs 25.25]. Ain­
modo geral. Voltar do exílio não bas­ da que com boas intenções, esses jejuns
tava para agradar ao Senhor; eles pre­ eram instituições meramente humanas,
cisavam fazê-lo de coração. (...) O mau não haviam sido ordenados por Deus e
exemplo é tão infeccioso que Zacarias o objetivo era uma justiça baseada em
precisou advertir seus correligionários obras de autorretidão [Zc 7.6], O povo
a não imitarem o modo de vida de seus não ouviu quando Deus enviou Seus
predecessores. Estes tinham fracassado profetas com mensagens alertando-os
em atender às mensagens autênticas dos sobre a necessidade de arrependimen­
profetas de Deus e consequentemente to e obediência à Sua Palavra, por isso
tinham feito uma colheita de miséria praticavam o jejum e a penitência, em
e sofrimento no cativeiro babilônico.” sinal de tristeza e “arrependim ento”
mediante alguma situação.
C O EU ENSINEI QUE: H* C om entário B eacon: “Jejuns ou
É preciso entender que o verdadeiro arrependi­ banquetes não são do interesse de Deus,
mento não traz de volta as antigas práticas. 0 a menos que causem um efeito positivo
arrependimento sincero produz um novo modo na vida diária. Os profetas anteriores
de vida. ao exílio anunciaram a palavra à qual o
povo deveria ter ouvido. Pregaram que
Deus é indiferente a rituais, e o que o
As p a lavras p ro fé tic a s de
2 Zacarias
Senhor exige é uma vida moral que se
manifesta em amor fraterno e justiça
O profeta Z acarias receb eu de social. Era a esse antigo ensinamento
D eu s m ensagens de e sc la re c i­ que o povo tinha de atentar e obedecer.
mento quanto ao Seu desagrado A mensagem fora proferida em tempos
em relação ao comportamento do de prosperidade nacional. Ao não a le­
povo, palavras animadoras para a var em conta, a prosperidade acabou.
continuidade da reconstrução do Só após voltarem a esse ensinamento é
Templo e profecias messiânicas. que a prosperidade retornaria.”
2.1. O jejum que não agradou a Deus.
Conforme vários comentaristas, os je ­ 2.2 A causa do cativeiro. Deus diz por
juns no quinto e no sétimo mês [Zc 7.3, m eio de Zacarias que a terra de Israel

c ra 0 profeta Zacarias não somente os motivou,


mas também lhes deu uma visão dos propósitos de Deus
para depois da restauração da Casa do Senhor.
B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 83
ficou arrasada [Zc 7.8-14], porque o 2.3 Visões do Reino Messiânico. As
povo havia desprezado Suas palavras visões do R eino M essiânico en co n ­
e não escutaram a mensagem que os tram -se do capítulo 9 ao 14 do livro
profetas traziam em Seu nome. A de­ de Zacarias. Elas dizem respeito ao
sobediência era a fonte de toda aquela Rei M essiânico [Zc 9 .1 0 ], o Pastor
situação que viveram na Babilônia. O rejeitado [Zc 11], o povo restau ra­
povo de Israel era um povo poderoso, do [Zc 12-13] e a soberania divina
que havia sido predestinado por Deus [Zc 14]. A profecia de Zacarias 9.9
para ser o povo escolhido do qual des­ foi cum prida cabalm ente na en tra­
cendería o Messias. M as se tornaram da triu n fa l de Jesus em Jeru salém
desprezados, insignificantes e esta­ [M t 2 1 .1 -1 1 ]. Apesar daquele tem po
vam em sua pátria por perm issão do de dificuldade, o profeta trazia uma
rei persa. Aquele povo estava ferido m ensagem de esperança em um fu ­
em seu orgulho nacional, no entanto turo m elh o r quando fin alm en te o
não conseguiam perceber que tudo Senhor reinaria sobre a Terra. Os au­
fora consequências das más escolhas tores dos evangelhos fizeram m uitas
que fizeram. citações do livro de Zacarias, mais do
Ü Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão que qualquer outro profeta m enor, o
(Revista Betei D om inical, 2o Trim es­ que indica a forte preocupação m es­
tre/1994, p. 51) com enta sobre Zaca­ siânica de Zacarias ao olhar para o
rias 7: “O objetivo de Zacarias era aler­ futuro do povo de Deus.
tar os seus contemporâneos no sentido f f Bispo Oídes José do Carm o (R e­
de não seguirem o exemplo de seus vista Betei D om inical, 2 o Trim estre
antepassados, que pela sua desobedi­ de 2008, p. 6 9 -7 0 ) escreveu sobre o
ência foram parar no cativeiro [Zc 7.7, “Livro de Zacarias - o apocalipse do
12]. O fato de não quererem escutar a A ntigo Testam ento”: “Os capítulos
voz do Senhor [Is 6.10], e de “fazerem de 9 -1 4 do livro de Zacarias são uma
seus corações duros com o diamantes” síntese extraordinária das profecias
[Zc 7.12], só acarretou para eles a ira de escatológicas do A ntigo Testam en­
Deus, o descaso por suas orações [Zc to. Apenas a mente do próprio D eus
7.13] e foram espalhados por todas as poderia estruturar um esquem a tão
nações [Dt 28.15, 68], (...) Todos nós bem ordenado, lógico e cheio de es­
tem os tendências a desobedecer os perança. Das predições deste profeta,
mandamentos de Deus [Rm 7.22-25]. m uitas já passaram ao terreno das re­
Muitas vezes damos razão a esta deso­ alizações históricas (...) As profecias
bediência. Será bom não esquecermos bíblicas não são independentes. Elas
que nosso Deus, conquanto m iseri­ constituem um conjunto bem equili­
cordioso, é justiça tam bém para com brado de revelações que se apoiam e
todos [Ap 16.7].” se explicam mutuamente.”

84 L IÇ Ã O 1 2
Q focuç ão ... esses je ju n s eram in s titu iç õ e s m eram e nte
hum anas, não haviam sido ordenados por Deus e o o b je tivo
era um a justiça baseada em obras de a u to rre tid ã o [Zc 7.6].

QQ EU ENSINEI QUE: T f Revista Betei D om inical, 2o T ri­


0 cristão deve ser um instrumento nas mãos de mestre/1994 - Auxílios D idáticos ao
Deus para consolar e encorajar o povo de Deus Professor - p. 42: “O profeta Zacarias
em tempos de perplexidades e aflições. faz declarações importantes, quando
pinta o quadro das lutas e triunfos fu­
turos de Israel, as quais vaticinaram,
Zacarias p a ra h oje
0
em discurso específico e inequívoco,
Zacarias se viu diante de uma c i­ não só as grandes doutrinas da morte
dade cheia de pessoas apáticas, de­ expiatória do Messias vindouro pelo
sanimadas e sem esperança de dias pecado hum ano, com o sua D eida-
melhores. Por isso, sua mensagem de, seu Reino Universal etc. Também
da parte de Deus foram palavras m encionou incidentes detalhados de
de estímulo e de motivação; havia Sua vida (...) Quatro destes inciden­
um sentimento de uma obra que tes são diretamente citados no Novo
realizavam ser de pouco valor. Testam ento, com o está relacionado
3.1 Olhar para o futuro com espe­ abaixo: a) A entrada triunfal em Jeru­
rança. O chamado ao arrependim en­ salém [Zc 9.9], citado em Mateus 21.5;
to iniciou a profecia de Zacarias [Zc João 12.15; b) Traição por 30 moedas
1-6]. O trabalho da obra estava pro­ de prata [Zc 11.12], citado em Mateus
gredindo, mas o povo precisou ser 27.9-10; c) Sua Deidade [Zc 12.8]; d)
chamado novamente à obediência e à Suas mãos transpassadas [Zc 12.10;
pureza [Zc 7-8], A política internacio­ 13.6], citado em João 19.37.”
nal sofreu revezes, quando os gregos
derrotaram a Pérsia perto do final do 3.2 Reconstruir vidas. M uito mais
m inistério de Zacarias. Esse período do que a reconstrução do Templo, da
de incertezas trouxe novas profecias. cidade e da vida civil, a vida do povo
Constantemente o povo de Deus pre­ precisava ser reconstruída com Deus
cisa ser “chamado” à obediência de Sua e em Deus. Estavam reconstruindo os
Palavra e à santificação. Isso significa alicerces do templo, mas não os ali­
que cada cristão deve primar por um cerces da fé. Por isso o profeta os faz
relacionamento genuíno com o Senhor lem brar de com o chegaram aquela
não apenas conhecendo Sua Palavra, lam entável situação. Era preciso re­
mas tam bém a colocando em prática tirar os entulhos da desobediência e
em sua vida. rebeldia contra Deus, deixados fisica­

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 85
mente em Jerusalém com o prova da aconteceria com o comprom etimento
indiferença à Palavra de Deus, mas e a dedicação de todos. O desafio era
tam bém retirar os entulhos do pecado grande, mas a união do povo ajudaria
que ficou no coração daquele povo. Por a superar os obstáculos que havia na
isso Zacarias os convoca à pureza e os realização daquela obra. O privilégio
anima, mostrando lhes que há bênçãos que receberam de voltar à terra natal
e um futuro cheio de esperança. Dias trazia tam bém a responsabilidade de
melhores viriam e superariam todos a tornar habitável novamente. Existia
aqueles m omentos de angústias, per­ muito trabalho a ser feito e cada pessoa
plexidades e aflições. tinha habilidade para este ou aquele
T Após lembrar ao Seu povo as causas trabalho, mas não bastava ter habili­
da manifestação da ira divina, o Se­ dade, era preciso disponibilidade de
nhor revela que a história do povo da todos para a realização da obra.
aliança não terminará em destruição e C om entário Bíblia Shedd: “(...) o dia
desolação. Esdras Bentho & Reginal- em que Deus será realm ente honrado
do Leandro (Introdução ao Estudo do com tudo o que os hom ens possuem.
Antigo Testamento, CPAD, 2019, pp. Nada deixará de ser santificado, isto
580): “No capítulo 8, vemos o amor é, utilizado para a glória do Senhor,
de Yahweh pelo seu povo prevalecer. segundo a Sua santa vontade. Q u an ­
O Senhor afirma que não muda, e que do a vida for inteiram ente consagra­
suas promessas ao seu povo hão de se da a D eus; não haverá mais distinção
cumprir. Zacarias apresenta m inucio­ en tre o p ro fan o e o sagrad o [Rm
samente a prosperidade que Israel irá 12.1-2; Cl 3.17].
provar. O Senhor voltará a habitar com
o seu povo escolhido.” Q D EU ENSINEI QUE:
Há muitas pessoas que estão com suas vidas
3.3. Realizar a obra de Deus. Os judeus, destruídas pelas mazelas da vida ou pelo pe­
ao regressarem do exílio na B abilô­ cado, mas Deus deseja usar cada cristão para
nia, tiveram um enorme desafio para ajudá-las a reconstruírem suas vidas sobre a
reconstruir a cidade e o Templo, que Rocha que é Jesus.
estavam totalmente destruídos. Isso só

@ CONCLUSÃO
Há mensagens maravilhosas no livro de Zacarias para todos que buscam
aprender sobre o amor, o cuidado e o zelo de Deus para com o Seu povo. Sua
m isericórdia alcança todos os que O buscam com sinceridade de coração,
arrependidos de seus pecados.

86 U Ç Â O 12
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pratica religiosa vazia e
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1“
■ü f f i T O W i m VERDADE APLICADA

"Então vereis outra vez a diferença entre o É preciso permanente vigilância e andar
justo e o ímpio; entre o que serve a Deus em Espírito para o discípulo de Cristo
e o que o não serve." M alaquias 3.18 não se tornar frio, indiferente, superficial
e relaxado na vida de adoração a Deus.

© O B JE TIV O S DA LIÇÃO
□ ” Apresentar o cenário do ET Falar acerca das ofertas ET Extrair lições do livro de
profeta Malaquias. contaminadas. Malaquias para hoje.

© TE X TO S DE REFERENCIA
MALAQUIAS 1 vem, diz o Senhor dos Exércitos.
1. Peso da palavra do Senhor contra Israel, pelo 6, Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós,
ministério de Malaquias. ó filhos de Jacó, não sois consumidos.

MALAQUIAS 3 MALAQUIAS 4
1. Eis que eu envio o meu anjo, que preparará 6. E converterá o coração dos pais aos filhos,
o caminho diante de mim; e, de repente, virá e o coração dos filhos a seus pais; para que eu
ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o não venha e fira a terra com maldição.
anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que

B E T E I D O M IN IC A L Revista do Professor 87
bè LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA Ml 1.1-5 QUINTA Ml 3.6
A ingratidão do povo. Deus não muda.
TERÇA j Ml 1.7-14 SEXTA ! Ml 3.10
O formalismo dos sacerdotes. Trazer dízimos à Casa do Senhor.
QUARTA Ml 3.1 SÁBADO | Ml 3.18
O anúncio da vinda do Senhor. A diferença entre o justo e o ímpio.

í » » a
144, 243, 244 Introdução
1. O cenário do profeta Malaquias
M O TIVO DE ORAÇÃO
2. As ofertas contaminadas
Ore a Deus para não deixar que a apatia 3. Malaquias para hoje
espiritual tome conta do seu coração. Conclusão

d : - INTRODUÇÃO
Malaquias é o último profeta do Antigo Testamento e sua mensagem é so­
bre arrependimento e juízo, mas tam bém é uma mensagem de esperança,
restauração e salvação.

O c e n á rio do p r o f e t a
D
pelo casamento [Ed 9]. Eles não volta­
M a la q u ia s ram à idolatria, mas havia surgido um
No tempo de Malaquias, os judeus já espírito de mundanismo entre o povo.
tinham voltado da Babilônia cerca de 1.1. Um pouco mais sobre o profeta Ma­
100 anos, estavam cura­ laquias. Não há no livro de
dos da idolatria, mas in­ PONTO DE Malaquias informações sobre
diferentes à Casa de Deus. PARTIDA sua vida pessoal. Seu nome
Os sacerdotes tinham se significa “meu mensageiro”. O
Cuidado com a
tornado negligentes em nome desse último profeta do
apatia espiritual.
suas funções. Os sacrifícios Antigo Testamento tem sido
eram de qualidade inferior, alvo de discussões, pois muitos
não atendendo às exigências divinas estudiosos sugerem que se trata apenas
para tal. O dízimo era negligenciado. do título de um profeta anônimo; outros
E tinham voltado à antiga prática de dizem que de fato é um nome próprio.
misturarem-se com povos idólatras Isso deve ao fato de os profetas serem

88 L IÇ Ã O 1 3
chamados de mensageiros do Senhor. A U f Revista Betei D om inical - 2o Tri­
data que o profeta viveu e escreveu seu mestre/1994 - Auxílios D idáticos ao
livro também é incerta. Professor, p. 44: “Depois de uma pe­
K " Manual Bíblico - Entendendo a Bí­ ríodo de reavivamento [Ne 10.28-39],
blia (CPAD, 2011, p. 339, 341): ““M i­ o povo tornara-se frio em m atéria de
nistério de Malaquias”, assim começa religião, e descuidado moralmente. O
o livro. Nada mais se sabe sobre este profeta M alaquias veio com o refor­
profeta. Alguns especialistas na Bíblia mador, encorajando ao m esmo tempo
pensam que “Malaquias” é um título, que está repreendendo. Tratava com
e não um nome. Esta palavra signifi­ um povo difícil, de ânimo combalido,
ca “meu mensageiro”. (...) Na verdade, cuja fé em Deus parecia correr o risco
a prim eira tradução grega do Antigo de um colapso. Se já não haviam tor­
Testamento - de aproximadamente 250 nado hostis a Jeová, corriam o perigo
a.C. - traduzia o termo como um títu­ de se tornarem céticos.”
lo, e não um nome. A escolha do autor
da palavra Malaquias, para descrever a 1,3 Israel e sua falta de amor a Deus.
si mesmo, também pode ter sido uma Malaquias repreendeu o povo por ter
maneira de apontar para a singular pro­ abandonado a Lei de Deus, chamando-os
fecia do livro - 3.1 - uma referência ao de volta para um relacionamento genuíno
profeta que prepararia o caminho para a com Ele e também tentando avivar o espí­
chegada do Senhor. Qualquer que seja o rito nacional deles. O profeta denunciou
nome do autor, os autores do Novo Tes­ a hipocrisia dos sacerdotes, alertou sobre
tamento citam o livro com autoridade os casamentos com mulheres de outros
e respeito - como Jesus também o faz.” povos, a quebra da lei do sábado, a falta
de empatia entre seus próprios compa­
1.2. A mensagem do profeta. As questões triotas, a negligência com os dízimos e a
tratadas no livro de Malaquias, tais como desobediência à Palavra de Deus. Israel
acorrupção no sacerdócio [Ml 1.6-14], o estava vivendo muito aquém de uma
divórcio leviano de esposas israelitas [Ml vida daqueles que tiveram tantas experi­
2.10-16] e o casamento misto com mu­ ências com Deus como povo escolhido e
lheres pagãs também foram abordadas no separado por Ele. O amor a Deus havia
livro de Esdras [Ed 9.1-4; 10.1-4] e Nee- esfriado e o culto tornou-se um ritual frio
mias [Ne 10.28-31; 13.10-14,23-31], As­ e mecânico.
sim, segundo o Manual Bíblico (CPAD) H C om entário W arren W. W iersbe
e Introdução ao Estudo do Antigo Tes­ - A ntigo Testam ento: “O povo d e­
tamento (CPAD), a partir da descrição sobedeceu ao Senhor ao roubar seus
apresentada por Malaquias em sua men­ dízimos e ofertas. Na verdade, quan­
sagem, é provável que tenha exercido seu do o povo de Deus não é fiel em seu
ministério profético, aproximadamente, doar, não apenas rouba ao Senhor,
entre 450 e 435 a.C. mas tam bém a si mesmo. Q Senhor

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 89
adiou a chuva e estragou a colheita vel. Haviam se tornado corruptos e tão
por causa do egoísmo deles. É claro mercenários que a palavra “sacerdote”
que dar o dízimo não é “barganhar” era alvo de desprezo entre o povo. Pre­
com o Senhor; todavia, Deus promete ocupados com seus objetivos pessoais,
abençoar e cuidar dos que são fiéis em os sacerdotes deixaram de exercer o m i­
seu serviço cristão [Fp 4.10-19]. Sem nistério para o qual foram consagrados.
dúvida, o Senhor não é destituído; Ele H* Ev. V ald ilo n F e rre ira B ran d ão
quer nosso dízimo e ofertas como uma (R e v ista B e te i D o m in ic a l, 2° T r i­
expressão de nossa fé e amor.” mestre/ 1994, p. 55): “Na opinião do
profeta, a indiferença para com Deus
Q 0 EU ENSINEI QUE: e Sua obra era culpa dos sacerdotes.
Não se pode compactuar com a mera forma­ Eles não ensinavam a Palavra com
lidade de um relacionamento com Deus, fruto c la re z a [M l 2 .8 ], d e sre sp e ita n d o
de uma vida espiritual vazia e sem frutos. tanto ao povo, com o a obra que lhes
fora confiada [M l 1.6, 8]. O co rre­
to era que deviam ensinar o povo a

2 As o fe rta s c o n tam in ad a s
Malaquias denuncia a oferta que tra­
ter uma verdadeira experiência com
Deus através de seus próprios exem ­
ziam para o sacrifício como expiação plos [M l 2 .6 -7 ]. M as in felizm en te,
pelo pecado [Ml 1.8], Contrariando denuncia o profeta: eles tornaram -
as orientações de Deus a Moisés de -se um a pedra de tropeço, e causa de
como deveria ser feito a escolha dos escândalos [M l 2 .8 -9 ].”
animais para o sacrifício [Lv 22.17-
33; Nm 18.21-24], aquele povo tra­ 2,2 0 Mensageiro de Deus e o Anjo da
zia animais enfermos e defeituosos, Aliança. As nações pagãs que viviam
os quais não ousariam oferecer ao em torno de Israel começaram a ficar
governador. O profeta reprovou tal mais prósperas, cultas e saudáveis e isso
atitude e anuncia ao povo que Deus despertou a inveja e as murmurações
se tornará amado da terra inteira dos israelitas contra Deus. Eles tinham
[Ml 1.11]. a impressão de que Deus estava aben­
2.1. Os pecados dos sacerdotes. Os sa­ çoando mais os maus e incrédulos do
cerdotes, que deveriam ensinar e guiar que o Seu povo, por isso começaram a
o povo na retidão [Ml 2.7], eram os res­ duvidar do poder e da justiça de Deus.
ponsáveis por aquela situação deplorá­ O questionamento deles era: “...Qualquer

QvF°L?ÇÂO Isra e l e s ta v a v iv e n d o m u ito a q u é m d e u m a


v id a d a q u e le s q u e tiv e r a m ta n ta s e x p e riê n c ia s c o m
D e u s c o m o p o v o e s c o lh id o e s e p a ra d o p o r Ele.
90 L IÇ Ã O 1 3
que faz o mal passa por bom aos olhos do vivo ao céu. Jesus indicou João Batista
Senhor, e desses é que ele se agrada, ou, com o Elias que anunciou o M essias
onde está o Deus do juízo?” [Ml 2.17]. [Mt 17.10-13]. João Batista pregou e
Tal questionamento logo encontra sua profetizou “no poder e no espírito”
resposta nos primeiros versículos do ca­ [Mt 11.13-14; 17.12-13; M c 9 .1 1 -1 3 ].
pítulo 3. O título “meu Mensageiro” e a Quatro vezes M alaquias olha à fren ­
profecia anunciada são aplicadas a João te para o “dia do Senhor” [Ml 1.11;
Batista [Mc 1.2]. Quanto ao “Anjo da 3.1-6, 16-18; 4 .1-6]. Seria com o uma
Aliança” [Ml 3.1], segundo os estudio­ fornalha ardente que consum iría os
sos é o Senhor Jesus Cristo, antes do seu perversos, mas para os que tem iam ao
nascimento na forma humana. O con­ Senhor seria dia de alegria, quando o
texto refere-se à primeira vinda de Jesus “sol da justiça”, o M essias, se levanta­
ao mundo com o objetivo de restaurar o ria, trazendo salvação. O m esm o sol
verdadeiro e aceitável culto a Deus. Por que destrói alguns, traz raios b en é­
causa da contaminação no Templo com ficos para outros. Sím bolos de Jesus
a avareza, inveja, arrogância, increduli­ Cristo com o Salvador e Juiz.
dade, egoísmo etc. [Jo 2.13-22], já não W Ev. V ald ilo n F e rre ira B ra n d ã o
poderia ser chamado de Casa de Deus. (Revista B etei D om inical, 2o Trim es­
Assim sendo, o Templo foi destruído tre/1994, p. 5 5 ): “A fidelidade dos
no ano 70 a.C., e, em seu lugar, Jesus juízos divinos - A prosperidade dos
oferece seu corpo com o sacrifício na maus, tantas vezes evocadas nos sal­
Nova Aliança. A partir de então, todos m os com escândalos [SI 30.6; 7 3 .3 ],
os cristãos em todas as partes do mundo provocava em m uitos um ceticism o
que O aceitam como Senhor e Salvador que os levava ao relaxam ento na o b e­
constituem-se Templo do Espírito Santo diência. M uitos questionavam : Para
de Deus [IC o 6.19-20; E f 2.20-22], que servir a D eus, se o favorecido é
U ’- C om entário Bíblia Shedd: “Meu o infiel? [M l 2.17; 3 .1 4 ]. Neste m o ­
mensageiro. Este título e predição são m ento M alaquias volta a apoiar-se
aplicados a João Batista no Novo Tes­ na espera profética do julgam ento,
tam ento [Mc 1.2]. A njo do Aliança. para anunciar o dia no qual a ju stiça
Só pode ser o Anjo de Jeová, que é o de D eus haveria de se m anifestar [Ml
próprio Senhor Jesus Cristo antes da 3.18] (...) 1) todos os infiéis seriam
encarnação.” julgados [M l 3.5]; 2) o próprio Deus,
qual fundidor de m etais preciosos,
2.3 O dia vindouro do Senhor. A der­ p u rifica rá os “filh o s de L ev i” [M l
radeira profecia do Antigo Testam en­ 3 .3 -4 ]; 3) os fiéis form ariam então o
to proclama uma palavra de esperança novo povo eleito [M l 3.1 7 ]; 4) os fi­
para o futuro dos crentes em Jesus de éis seriam curados e abençoados com
todos os povos, nações e culturas. Pre­ alegria, sob a luz do “Sol da ju stiça”
diz o retorno de Elias, que foi levado [Ml 3.20; Lc 1.77, 79].”

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 91
Qf°uÇÃO S & fi Eles tin h a m a im pressão de que Deus estava
ab en ço an do m ais os m aus e incrédulos d o qu e o Seu povo,
p o r isso com eçaram a d u vid a r d o p o d e r e da ju s tiça de Deus.

cegos ou obstinação persistente pode


QQ EU ENSINEI QUE: defender a tese de que Deus não faz
0 Antigo Testamento termina com maldição distinção entre o justo e o ímpio na
para os desobedientes. A última palavra do dispensação de bênçãos.”
Antigo Testamento é "maldição", mas o Novo
Testamento inaugura o tempo de graça para 3.2. Vale a pena servir a Deus? O povo
os remidos. tinha estabilidade, mas não era rico. Can­
sados de esperar, os judeus acharam que
Deus os havia abandonado. Eles continua­

3 M a la q u ia s para h oje
Malaquias ainda fala ao mundo m o­
vam a adorar a Deus, mas sem fervor, sem
empenho. Alguns se casaram com mulhe­
derno sobre a necessidade de manter res de outras nações porque isso lhes con­
a prática da fé alinhada a um verda­ feria riquezas e bons relacionamentos. Eles
deiro relacionamento com Deus. É colocavam em dúvida o valor da fidelidade
um alerta para que se tenha cuidado a Deus em detrimento da prosperidade
com o mero formalismo religioso. dos ímpios. Não se pode negar que, em
3.1 Uma palavra de conforto. Malaquias muitos momentos, muitos servos de Deus
encerra sua mensagem, falando da diferen­ titubeiam diante dessa realidade. Diante da
ça entre o justo e o injusto [M13.18],Deixa prosperidade dos maus, surge a pergunta
uma palavra de conforto aos justos: “Mas se ainda vale a pena ser fiel a Deus.
para vós, que temeis o meu nome, nasce­ 'H Bispo Oídes José do Carmo (Revista
rá o sol da justiça, e salvação trará debaixo Betei Dominical, 2o Trimestre de 2008,
das suas asas; e saireis e crescereis como p. 79-80): “Deus exige confiança incon­
bezerros do cevadouro” [Ml 4.2], Deus dicional - Quando não confiamos em
exerce Seu juízo, mas também aponta para Deus para nos satisfazer, sustentar, pro­
a verdadeira esperança. Há um memorial mover, guardar; somos tentados a con­
escrito diante dEle para os que temem ao seguir a satisfação dos nossos prazeres;
Senhor e se lembram do Seu nome. Deus nosso sustento; promoção e proteção de
não se esquece de nossas obras [Ml 3.16], forma egoísta, desonesta, desleal e infiel.
H C om en tário B íblico M oody: “A Seguimos a mentalidade do homem sem
história tem evidenciado sobejam en- Deus, de que “o mundo é dos mais es­
te o fato de que "tudo o que o homem pertos e autoconfiantes”, e que não existe
semear, isso tam bém ceifará” [G16.7]; lugar na sociedade para os honestos e
e continuará sendo assim. Só olhos éticos. Para não sermos arrastados por

92 L IÇ Ã O 1 3
esta mentalidade mundana, precisa­ ção insincera - Por todo este curto livro,
mos confiar inteiramente no senhor e: Malaquias se queixa de que o povo re­
a) Devemos esperar a Sua providência; aliza a adoração de maneira superficial,
b) Devemos esperar por Sua justiça; c) como se isso fosse o que Deus deseja.
Devemos esperar em Seu amor.” Eles não compreendem: Deus deseja
que a adoração flua de um sentimento
3.3. 0 verdadeiro culto. O profeta Mala- interno de devoção e amor. Estas pessoas
quias traz um despertamento para o po­ não se sentem devotadas, elas se sentem
vo de Deus em uma época de crise nos obrigadas. Em vez de trazer a Deus o
ambientes religiosos, no ambiente social melhor que podem, trazem o que têm
e desânimo entre as pessoas. É possível de mais inferior: bois coxos, ovelhas ce­
que a despeito de todas as crises vividas gas, cabras roubadas”. Acrescente-se que
pessoalmente ou ao seu entorno, o crente tal realidade também refletiu na questão
possa experimentar uma fase de apatia es­ dos dízimos, prejudicando o sustento
piritual. Isso se reflete em uma experiên­ dos sacerdotes e manutenção do Templo.
cia de culto vazio e práticas religiosas sem
sentido algum. É como se Malaquias de­ QQ EU ENSINEI QUE:
safiasse cada crente para se colocar fren­ 0 amor a Deus deve ser demonstrado com um
te ao espelho para uma avaliação muito modo de vida coerente entre aqueles que 0
sincera do seu relacionamento com Deus. obedecem daqueles que deliberadamente 0
H Manual Bíblico - Entendendo a Bí­ rejeitam.
blia (CPAD, 2011, p. 338-339): “Adora­

@ CONCLUSÃO
Vimos neste trimestre que os profetas pregavam o arrependimento como re­
quisito indispensável para o perdão de Deus e o cumprimento de Suas pro-
messas.

m m m i

B E T E L D O M IN IC A L Revista do Professor 93
Referências
Bibliográficas
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W IE R SB E , Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo
Testamento. Santo André, SP: Geográfica, 2009.

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