Você está na página 1de 18

CURSO ONLINE E GRATUITO

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
6 aulas sobre fundamentação
teológica e os princípios de
plantio de igrejas
AULA 1 – O CONTEXTO
Minicurso construído em três colunas
- Fundamentação teológica e bíblica
- Modelos e estratégias
- O coração, vida e dinâmica do plantador

Contexto Teológico
A natureza da igreja é multifacetada
- Natureza interna: existência, guarda e refúgio
- Natureza externa: influência, proclamação e intervenção.
Se a igreja proclama a sua fé, mas não a guarda, perde a sua essência.
Se a igreja guarda e sua fé, mas não a proclama, perde a sua missão.
Duplo chamado: A igreja é chamada em Cristo para a salvação e enviada
por Cristo para a missão.

Contexto Sócio Filosófico


Antropocentrismo histórico e antropocentrismo radical
O ser humano no centro do universo, da moral e do significado da vida.
Humanismo / Renascença / Antropocentrismo: o ser humano como medida
(régua) de todas as coisas.
Hoje vivemos, em maior ou menor medida, um humanismo radical. Nos últimos
séculos o paradigma da verdade mudou na sociedade humana, migrando da
Palavra de Deus para a sociedade. Nas últimas décadas tem migrado da socie-
dade para o indivíduo.

No humanismo, a referência não é Deus e a verdade de Deus, mas o ser humano e


a verdade social. No humanismo radical, a referência não é o ser humano e a
verdade social, mas o indivíduo e a verdade individual. Não é a história, mas a
experiência. Não é a verdade, mas a escolha da verdade.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
Romanos 1:25 – “pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e
servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém”.

Implicações para a evangelização: A sociedade mudou a forma de enxergar a


Bíblia, o pecado e Jesus Cristo.

- Bíblia: passou a ser vista como um mito cristão

- Pecado: um erro puramente moral, não mais cultural e espiritual.

- Jesus Cristo: rejeitou-se a sua singularidade

É necessário que a igreja volte a proclamar o evangelho a partir da Bíblia, des-


taque o pecado (como erro moral, cultural e espiritual) e Jesus Cristo como singu-
lar: não há salvação em outro Nome.

Conceito bíblico – Igreja

Gênesis 28:17 – “Casa de Deus”


2 Crônicas 7:11 – “Casa do Senhor”
Salmo 1:5 – “Congregação dos justos”
Isaías 62:5 – “A Noiva”
Romanos 16:16 – “Igreja de Cristo”
1 Coríntios 12:27 – “Corpo de Cristo”
1 Coríntios 6:19 – “Santuário do Espírito Santo”
1 Pedro 5:2 – “Rebanho de Deus”
Efésios 2:19 – “Família de Deus”
Apocalipse 21:2 – “Cidade santa”

O termo “igreja” mais comumente usado no Novo Testamento é ekklesia, com-


posto pela preposição ek (para fora de) e a raiz kaleo (chamar), que indica um
grupo de pessoas com um propósito.

Em 1 Coríntios 1:2 o termo se refere a um grupo de pessoas em uma igreja local

Em Gálatas 1:2 se refere ao conjunto das igrejas locais em certa região.

É um termo amplo, encontrado 23 vezes no livro de Atos e mais de 110 vezes em


todo o Novo Testamento, estando presente também nos Evangelhos duas vezes.

Em Mateus 16:18 se refere à igreja universal, em toda parte, todas as culturas e


todas as gerações.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
Conceito bíblico – Plantar igrejas

1 Coríntios 3:6-9 – phuteuo “plantar”

Romanos 15:20 e 1 Coríntios 3:10 – oikodomeo “edificar”

1 Coríntios 4:15 – gennao “dar à luz”

Romanos 15:19 – referia-se não apenas à evangelização e discipulado, mas também


plantio de igrejas.

Atos 16:10 – “anunciar o evangelho” incluía plantar igrejas: Filipos, Tessalônica,


Bereia.

Atos 14.21-23 – fizeram discípulos em Derbe, mesmo termo usado em Mateus


29:19 (matheteuo), referindo-se à Grande comissão. A missão não se resumia à
apresentação do evangelho e discipulado, mas no ajuntamento do povo de Deus
em igrejas locais.

A disciplina ‘Plantio de igrejas’ transita entre a missiologia e a eclesiologia, cujo


tema mais completo seria: Plantio, crescimento, multiplicação e revitalização de
igrejas.

Por que plantar igrejas?

- Razões teológicas – É desejo de Deus que o seu povo se junte em igrejas locais.

- Razões missiológicas – É da natureza da igreja viver em comunhão, ao redor de


Cristo.

- Razões estratégicas – O plantio de igrejas é a forma mais eficaz de assegurar que


o evangelho se enraíze em um bairro, cidade, vila ou território por mais de uma ger-
ação.

Conceito proposto: Plantio de igrejas é o processo que resulta da soberania de


Deus que decidiu chamar para si pessoas de todos os povos, línguas, tribos e
nações por meio da sua graça, expressa no sacrifício do Cordeiro Jesus, ajuntan-
do-as em igrejas locais centradas na Palavra, comunhão, adoração, oração e missão,
encorajadas pelo Espírito Santo, debaixo do seu poder e para a sua própria glória.

Três perigos

Pragmático – Plantar igrejas sob a orientação das metas e resultados visíveis, não da
fidelidade bíblica.

Sociológico – Plantar igrejas respondendo sociologicamente, não teologicamente,


as perguntas da alma humana.

Teológico – Plantar igrejas centradas em si mesmas, que guardam, mas não procla-
mam o evangelho.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
AULA 2 – ELEMENTOS ESSENCIAIS NO PLANTIO DE IGREJAS

1 Tessalonicenses 1:5 – “porque o nosso evangelho não chegou até vós tão
somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena
convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor
de vós.”

1º Elemento – Evangelho (euaggelion)

Romanos 1:1-5 – O evangelho é Jesus

Na teologia paulina, o evangelho é Cristo, sua natureza (quem Ele é) e sua missão
(o que Ele fez, faz e fará).

2º Elemento – Palavras (logos)

Não são as palavras humanas que transformam vidas.

Deus usa as palavras humanas para comunicar a sua verdade transformadora.

3º Elemento – Poder (dunamis)

É a manifestação transformacional de Deus.

Romanos 1:16 – O evangelho é o poder de Deus.

4º Elemento – O Espírito Santo (Pneuma Hagios)

Somente o Espírito Santo consegue convencer o ser humano que ele está perdido
e precisa de Deus.

A Reforma Protestante – Um avivamento teológico, espiritual e missionário.

Missionários foram enviados, a Palavra foi publicada e distribuída, igrejas foram


plantadas e escolas confessionais foram organizadas.

5º Elemento – Plena convicção (plerophoria)

Convicção pessoal e interna, a despeito das circunstâncias.

A convicção de que está no lugar certo, na hora certa, fazendo a vontade de Deus.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
6º Elemento – Procedimento (ginomai)

Paulo e sua equipe apresentava um testemunho visível, percebido por todos.

O testemunho (procedimento, atos, vivência) enfatizava aquilo que eles pregavam.

A presença dos seis elementos (evangelho, palavras, poder, Espírito Santo, plena
convicção e procedimento) produziram o que Paulo descreve no verso 6:

“Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a pala-
vra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo”.

Três orientações teológicas

O plantio de igrejas não deve ser definido pela habilidade humana, mas pelo
poder e desejo de Deus em salvar vidas.

O plantio de igrejas não deve ser definido pelos resultados e metas, mas sim pela
fidelidade às sagradas Escrituras.

O plantio de igrejas não deve ser definido pelos assessórios teológicos, mas pela
pregação do evangelho.

AULA 3 – A NATUREZA DA IGREJA

A igreja é resultado direto de Jesus Cristo. Ele a amou, chamou e salvou. E as


marcas da igreja devem ser as marcas de Cristo.

Efésios 2 – O roteiro de nossa redenção

- “mortos nos vossos delitos e pecados” (v.1)

- “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar” (v.2)

- “filhos da ira, como também os demais” (v.3).

- “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos
amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com
Cristo, - pela graça sois salvos” (v.4,5)

- “e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais
em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (v.6,7).

- “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus” (v.8)

- “não de obras, para que ninguém se glorie” (v.9)

- “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus
de antemão preparou para que andássemos nelas” (v.10)

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
Em Cristo

Em Cristo somos unidos ao Pai e recebemos tudo o que Ele nos preparou.

1 Coríntios 1:4 – A graça de Deus nos foi dada “em Cristo”

Romanos 8:1 – Nenhuma condenação há para os que estão “em Cristo”

Gálatas 3:26 – Filhos de Deus pela fé “em Cristo”

Efésios 1:3 – Somos abençoados “em Cristo”

Colossenses 3:1-11 – Morrermos em Cristo, ressuscitamos com Cristo e vivemos


com Cristo.

Com Cristo

Se “em Cristo” fala a respeito de nossa união com Deus, “com Cristo” trata da
nossa relação com Deus e uns com os outros.

Colossenses 3:1 – Ressuscitamos “com Cristo”, e por isto procuramos as coisas de


Deus.

Colossenses 3:3 – Morremos e a nossa vida está escondida “com Cristo”.

Colossenses 3:5 – Devemos fazer morrer o que pertence à carne.

- Pecados morais, relacionais e comunicacionais

Por Cristo

Vivemos “em Cristo” para a santidade, “com Cristo” para a comunhão e “por
Cristo” para a missão.

“Por Cristo” significa que nele a nossa vida tem propósito.

Gálatas 1:1 – Paulo se apresenta como apóstolo, não por homens, mas “por Cristo”.

1 Coríntios 4:10-13 – “por causa de Cristo” nós somos loucos, fracos, desprezíveis;
sofremos fome, sede e nudez; somos esbofeteados e não temos morada certa; nos
afadigamos, trabalhamos com as próprias mãos; mesmo em sofrimento bendize-
mos, suportamos e procuramos conciliação; somos considerados lixo do mundo e
escória de todos.

Filipenses 1:29 - “por Cristo” nos foi concedida a graça de sofrermos por nossa fé.

A maior e mais bíblica motivação para nos envolvermos com a missão é Cristo.

Por Cristo, devemos fazer discípulos em todas as nações, ser sal e luz em toda parte,
testemunhar do evangelho aos que nos rodeiam, ser uma bênção em nossa rua,
plantar igrejas nos confins da terra.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
A natureza da igreja

As marcas de Cristo apontam para as marcas da sua igreja.

O Templo

Êxodo 25:8 “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”.

O significado do Templo era um ponto de encontro entre Deus e os homens. Três


fatos aconteciam no Templo: (1) Deus era adorado, reconhecido por quem Ele é;
(2) Os pecados dos homens eram apresentados pelo sacerdote e perdoados por
Deus; e (3) As instruções de Deus ao povo eram proclamadas.

Jesus Cristo é apresentado como o Tabernáculo, o Templo permanente, por ser o


eterno e final ponto de encontro entre Deus e os homens (Hb 9:1-28).

Em Jesus, Deus é adorado. Em Jesus, os pecados são perdoados. Em Jesus, ouvi-


mos as instruções de Deus.

O Sacrifício

O sacrifício era uma prática de morte para conservar-se a vida. O reconhecimento


de que, perante a pureza da Justiça de Deus, um preço precisaria ser pago por
toda a iniquidade e por todo o mal dos seres humanos.

Levítico 17:11 – “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado
sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará
expiação em virtude da vida”.

Quem merecia a morte sobreviveria porque um outro (neste caso, um cordeiro)


morreria em seu lugar.

Jesus Cristo é apresentado na Palavra como o Cordeiro de Deus que vem saciar a
justiça de Deus que prescreve a morte pela desobediência e rebelião.

Isaías 53:7: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro
foi levado ao matadouro [...]”

A cruz, portanto, é o centro do ministério de Cristo e é ali que Ele voluntariamente


se apresenta como o sacrifício, o Cordeiro de Deus, com três características:

- Ele é Cordeiro totalmente puro, portanto este sacrifício é absoluto, não precisa
de complemento.

- Ele é inteiramente homem, assim este é um sacrifício perfeito, de substituição,


umLorem
entre ipsum dolor sitpor
nós morrendo amet, consectetuer
todo aquele que crê.
adipiscing elit, sed diam nonummy nibh
- Ele é inteiramente Deus, portanto este é um sacrifício eterno, não tem validade
deeuismod
espaço outincidunt
tempo.utNão
laoreet dolore
expira magna
jamais.
aliquam4, erat
(Hebreus volutpat. Ut wisi enim ad
7 e 9).
minim veniam, quis nostrud exerci tation

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
O Sacerdote

Era o homem que devia se aproximar de Deus, o quanto possível, para oferecer a
Deus o sacrifício requerido, pelo pecado do povo.

O sacerdote se colocava entre o Deus puro e os homens pecadores.

Jesus Cristo apresenta-se não apenas como um sacerdote, mas como o Sumo
Sacerdote. Ele é o Sacerdote e o sacrifício.

Hebreus 2:17: “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse
semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas
referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo”.

Cristo em sua cruz é o Templo. Não precisamos mais de paredes ou rituais para
nos encontrarmos com Deus.

Cristo em sua cruz é também o Sacrifício. Não precisamos mais imolar animais
pelos nossos pecados.

Cristo em sua cruz é o Sacerdote. Não precisamos de homens que façam esta
intermediação, nos apresentando a Deus.

Em Hebreus 7:23-28, vemos que o sacerdócio de Cristo é “imutável” (aparabatos),


portanto é inalterável, jamais pode ser quebrado. Por isso, ele pode salvar “total-
mente” (panteles) os que por Ele se chegam a Deus. Seu sacerdócio é perfeita-
mente puro (hosios), isento de qualquer impureza ou corrupção. O que Ele fez,
“fez isto uma vez por todas” (ephapax). Nada mais é necessário. O trabalho está
completo. Por isto, o seu sacerdócio não é apenas perfeito (teleioo), mas é assim
para todo o sempre.

Hebreus 4:14 – “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacer-
dote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão”.

A expressão “firmes” (krateo) é a mesma usada para alguém que agarra outro
para salvá-lo. É preciso guardar a fé para proclamar a fé.

Crer não é algo natural, mas em Cristo a fé torna-se possível.

Hebreus 4:15 – O Sumo Sacerdote conhece nossas fraquezas e “se compadece”.


Ele tem compaixão de nós.

Hebreus 4:16 – Há um trono da graça do qual, nos aproximando, acharemos


misericórdia e graça nos momentos de fraqueza. Graça é aquilo que recebemos
sem qualquer mérito. Por outro lado, misericórdia é não recebermos aquilo que
merecemos. Merecemos a morte, mas recebemos a vida.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
As marcas de Cristo são as marcas de sua igreja

Somos chamados a viver “em Cristo”, “com Cristo” e “por Cristo”.

- Em Cristo a nossa fé é possível.

- Em Cristo somos chamados à uma vida de pureza.

- Em Cristo temos um propósito na terra e um propósito eterno.

Estas são algumas marcas da igreja, marcas de Cristo na vida do seu povo.

AULA 4 – PRINCÍPIOS DE PLANTIO DE IGREJAS

Fases de uma igreja local

Pioneira – Momento inicial, as pessoas estão sendo evangelizadas e possivelmente


algumas discipuladas. Quase todas as decisões, iniciativas e responsabilidades
recaem sobre os plantadores. O foco está nas pessoas e nas famílias, especial-
mente na evangelização e no discipulado. O trabalho é com indivíduos e famílias e
não há ainda ajuntamento para cultos públicos.

Formação – Marcada por ajuntamentos regulares: semanais ou mensais. Há con-


vertidos. As características essenciais de uma igreja local estão começando a
florescer: estudo da Palavra, adoração, comunhão, oração, cuidado mútuo e
missão. Os crentes locais participam das decisões diárias e de algumas iniciativas,
mas a responsabilidade normalmente recai sobre o plantador.

Desenvolvimento – Marcada pelo fortalecimento das características de uma igreja


local. Há aumento da compreensão bíblica, compromisso com a igreja e a partici-
pação ativa na vida da igreja. A liderança cresce e os crentes locais tomam
decisões e iniciativas. O plantador retira-se para a posição de conselheiro ou con-
sultor. Se o plantador ainda for o líder da igreja, isso acontece por decisão da
igreja.

Maturidade – A igreja local se apropria das marcas bíblicas de uma igreja de forma
mais plena. Ela tem os recursos teológicos, humanos e materiais para se sustentar,
e toma suas próprias decisões. A participação do plantador, se houver, é de con-
sulta sob demanda. Se permanecer na liderança, está submisso à autoridade da
liderança local. Uma igreja madura procura oportunidades de evangelização e
multiplicação. Lida com vocacionados.

A incerteza eclesiológica cobrará um alto preço.

- A igreja local é exposta a ventos de doutrina e assédio de seitas.

- Cria um ambiente propício para confusão interna e divisão.

- Leva a igreja à uma experiência desequilibrada.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
Eclesiologia de uma igreja local

Toda eclesiologia deve ser fruto da Palavra, oração e discernimento em um proces-


so coletivo, para que os valores e práticas da igreja reflitam o desejo de Deus e
sirvam à sua glória, no contexto, língua e cultura da comunidade local.

A igreja é apostólica, universal e sacramental.

Espera-se que nas fases de desenvolvimento e maturidade, a igreja local tenha uma
definição bíblica e prática comum em cinco áreas essenciais:

- Culto público
- Sacramentos
- Liderança
- Doutrina
- Missão.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
10 Conselhos

Glorifique a Deus. A primeira missão da igreja não é evangelizar, mas morrer. É


dizer, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Soli Deo gloria! Se isto
não for verdade no que somos e fazemos, nada mais se aproveita.

Dependa de Deus. Nossa esperança é Cristo. Nossa mensagem é Cristo. Nossa


força é Cristo. Temos o suficiente, pois temos a Cristo. A provisão material e espiri-
tual para o nascimento de uma nova igreja vem de Deus.

Ore e envolva outros na oração. Deus ouve as orações. Em Mateus 17:21 Jesus
nos lembrou que nos embates mais difíceis devemos nos preparar com oração e
jejum.

Proclame a Cristo. Somos chamados em Deus para proclamar a Cristo, não a


igreja. O evangelho não é um projeto, é Cristo. Muitos têm migrado da centrali-
dade de Cristo para a centralidade da igreja.

Evangelize. De forma abundante e intencional. Igrejas são plantadas nas ruas.


Devemos buscar relacionamentos e oportunidades para a evangelização.

Invista primeiramente em pessoas, não em estruturas. A primeira pergunta a ser


respondida é “que tipo” de igreja será plantada” e não “quantas igrejas”.

Ofereça soluções teológicas. Não ofereça soluções sociológicas, mas teológicos,


para os conflitos da alma humana. Trabalho social, abordagem holística e com-
preensão cultural jamais irão substituir a clara comunicação do evangelho.

Tenha uma clara eclesiologia. A ausência de uma clara eclesiologia irá cobrar um
preço alto, que virá em forma de conflitos externos e internos. Tenha uma clara
eclesiologia desde a fase pioneira.

Inicie logo os ajuntamentos cúlticos. Não aguarde muitos convertidos a Cristo


antes de iniciar os ajuntamentos. Com quatro ou cinco pessoas, inicie. E pregue
para três pessoas como se estivesse pregando para três mil.

Assegure-se da motivação. Não trate o plantio de igrejas de forma empresarial.


Não trate o plantio de igrejas como um projeto individual.

AULA 5 – MODELOS DE PLANTIO E O CORAÇÃO DO PLANTADOR

Modelos de plantio de igrejas

Há diversos modelos de plantio de igrejas. Todos possuem pontos fortes e algu-


mas limitações. E devem ser usados de acordo com o contexto, seja dos que
plantam a igreja, seja o contexto do povo, sociedade ou região onde a igreja será
plantada.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
Igreja mãe. A igreja é plantada a partir de uma outra igreja, já estabelecida, que
funciona como mãe daquela que está sendo plantada. Há pontos fortes, como o
envolvimento dos recursos teológicos, humanos e estratégicos da igreja mãe,
como também o vínculo eclesiástico. Em outras palavras, a força da igreja mãe
torna-se a força da igreja filha, em Cristo Jesus. A capacidade de alcance é nor-
malmente uma limitação, pois este modelo funciona melhor em regiões onde a
igreja mãe tem livre e fácil acesso.

Grupo itinerante. A igreja é plantada a partir de visitas, de presença itinerante de


um grupo em uma outra região. São impactos evangelísticos e viagens mis-
sionárias. Um grupo de irmãos, (seja de uma igreja local, de várias igrejas ou de
uma organização missionária), se organizam para visitar uma região de maneira
regular e com a intenção de evangelizar e plantar uma igreja naquele lugar. Há
diversos pontos fortes, como o envolvimento de um grupo de irmãos especializa-
dos e a relação do grupo fazendo a ponte entre a igreja ou organização enviadora
e a sociedade onde a igreja será plantada. Uma limitação é a constância, a regular-
idade nas visitas, pois demanda forte envolvimento pessoal e financeiro.

Grupo base. A igreja é plantada a partir de um grupo de irmãos e irmãs que inten-
cionalmente se juntam para iniciar uma nova igreja. O grupo base normalmente
tem uma liderança que provê a orientação missiológica e prática. Há pontos positi-
vos, e um deles é a força comunitária. Há sempre um grupo pensando, orando,
refletindo, tomando decisões e se envolvendo com o projeto do nascimento da
nova igreja. Outro ponto positivo é que este Grupo Base pode moldar a igreja que
está para nascer, tendo já as marcas de Cristo desde o início. Uma limitação pode
ser observada quando o Grupo Base experimenta problemas em duas áreas: rela-
cionais e de liderança. Em outras palavras, se o Grupo Base enfraquece, toda a
igreja que está nascendo irá experimentar o sofrimento.

Plantador enviado. Este modelo é mais usado quando o alvo é uma região com
acesso mais difícil, e há recursos humanos capacitados para serem enviados. É
também o modelo mais usado em missões distantes (regionais ou nacionais) e
missões transculturais. É importante que o plantador enviado tenha não apenas
convicção vocacional e maturidade cristã, mas também o devido preparo linguísti-
co, antropológico e missiológico. Um ponto forte é a capacidade de plantar igre-
jas em regiões extremamente distantes e distintas. Uma limitação é o isolamento
do plantador enviado. É preciso pensar em acompanhamento pastoral.

Dois conselhos

Considere os recursos teológicos, humanos e materiais. É importante considerar-


mos tais recursos (teológicos, humanos e materiais), lançando a fundação para as
ações de plantio de igrejas.

Considere a flexibilidade na escolha do modelo. O modelo poderá ser híbrido,


uma mistura entre vários modelos. O modelo também é dinâmico, sendo alterado
em diferentes ocasiões e fases.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
O coração do plantador

Cinco características marcantes para o plantador:

- Forte convicção do chamado.

- Integridade com o Senhor e os colegas.

- Coração ensinável.

- Ardor evangelístico.

- Temor ao Senhor.

Três conselhos:

- Tenha clareza vocacional.

- Lance todas as sementes.

- Descanse no Senhor.

Jeremias 18:1-6 – Somos barro

Estamos nas mãos do Oleiro.

Mesmo quebrados, Ele nos refaz.

Ele nos molda “como bem lhe pareceu”.

Quais são as impurezas que precisam ser abandonadas?

Confie e descanse nos planos do Oleiro em sua vida.

AULA 6 – 12 ESTRATÉGIAS PAULINAS

Clara diferença entre evangelização e plantio de igrejas. Evangelização é um ato


que pode durar 5 minutos ou 5 anos. Plantio de igrejas é sempre um processo.

Plantio de igrejas é um processo composto por seis partes:

- Relacionamento
- Evangelização
- Discipulado
- Ajuntamento
- Treinamento de líderes
- Multiplicação

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
O processo composto por seis partes pode ser dividido em dois blocos, do ponto
de vista da orientação vocacional. Evangelistas tendem a atuar bem no primeiro
bloco (relacionamentos, evangelização e discipulado); e pastores e mestres no
segundo (ajuntamentos cúlticos, treinamentos de líderes e multiplicação).

12 estratégias paulinas ligadas ao plantio de igrejas

Estratégia 1 – Introduzir-se na sociedade local a partir de uma pessoa receptiva ou


um grupo aberto a recebê-lo e ouvi-lo (At 16: 13-15; At 17:1-4).

Estratégia 2 – Identificar o melhor ambiente para a pregação do evangelho, seja


público como uma sinagoga ou privado como um lar (At 14:1; At 17:16 em
diante).

Estratégia 3 – Evangelizar de forma abundante e intencional, a partir da Promessa


ou da Criação, sempre desembocando em Cristo, sua cruz e ressurreição (At
13:16-41; At 17: 16-31).

Estratégia 4 – Expor a Palavra, sobretudo a Palavra. Expor de tal forma que seja
ela inteligível e aplicável para quem ouve (At 14:14-18; At 17:23 em diante).

Estratégia 5 – Testemunhar do que Cristo fez em sua vida (At 22:1-21; At 26:4-23).

Estratégia 6 –Discipular, fazer discípulos (At 20).

Estratégia 7 – Identificar líderes em potencial e investir em suas vidas (At 16:1-5).

Estratégia 8 –Não se distanciar demais das igrejas plantadas, visitando-as e se


comunicando com elas, investindo no ensino da Palavra (At 19:21-22; At 20:1-3)

Estratégia 9 – Orar pelos irmãos, pelas igrejas plantadas e pelos gentios ainda
sem Cristo, levando-as também a orar (At 20:36).

Estratégia 10 – Administrar as críticas, oposições e competitividade sem permitir


que lhe retirem do foco evangelístico (At 15, At 20, At 26). Não jogue fora a crítica;
não durma com a crítica e não se torne um crítico.

Estratégia 11 – Investir na força leiga e local para o enraizamento e serviço da


igreja (At 16).

Estratégia 12 – Prestar contas de sua vida e ministério (At 15:2; At 20:17; At


21:17-18).

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
Três conselhos sobre as estratégias:

- Fundamente sua estratégia na Palavra de Deus.

- Trabalhe de forma abundante e intencional.

- Persevere, não se deixando abater pelas dificuldades.

Ao transformar as estratégias em um planejamento de trabalho, tenha clareza


sobre o que será feito, quem fará, quando será feito e qual o resultado esperado.
Essas quatro perguntas são essenciais para que o planejamento de trabalho seja
bem elaborado.

Que sejamos usados pelo Senhor para que o evangelho se torne conhecido, trans-
formando vidas que se ajuntem ao redor de Cristo formando igrejas locais.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.
REFERÊNCIA

DeYOUNG, Kevin & GILBERT, Greg. Qual a missão da igreja – Entendendo a


justiça social e a grande comissão. Editora Fiel, 2018.

JOHNSTONE, Patrick. O futuro da igreja global. Editora Cultura Cristã, 2017.

KELLER, Timothy. Igreja Centrada. Edições Vida Nova, 2014.

LIDÓRIO, Ronaldo. Teologia, Piedade e Missão – A influência de Gisbertus Voetius


na missiologia e no plantio de igrejas. Editora Hebrom, 2021.

___. Plantando igrejas. Editora Cultura Cristã, 2018.

___. Revitalização de igrejas – Avaliando a vitalidade de igrejas locais. Editora Vida


Nova, 2016.

___. Church planting theology. In: Dictionary of mission theology – Evangelical


foundations, Corrie, J (org). Inter-Varsity Press, 2007.

MICHAEL Haykin & ROBINSON, Jeffrey. O Legado missional de Calvino. Editora


Cultura Cristã, 2019.

NICODEMUS LOPES, Augustus. Uma igreja complicada. Editora Cultura Cristã,


2019.

SIMONS, Scott. João Calvino e missões: Um estudo histórico. Acessado em


http://www.monergismo.com.

SPROUL, Robert. O que é a igreja? Editora Fiel, 2017.

VOETIUS, Gisbertus. Politicae ecclesiasticae. Vol 3. Amsterdam: Joannis à Waes-


berge, 1663–1676.

Proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem a devida autorização por
escrito do autor, exceto citações devidamente referenciadas.

Você também pode gostar