Você está na página 1de 10

TEXTO: 1 Tes.

2:10

INTRODUÇÃO

Um cristão chinês voltava do mercado quando, de repente, viu no


caminho uma bolsa. Pegou-a, e examinou o seu conteúdo: dois dólares que
ele levaria cinco dias para ganhar. Ao longe viu dois jovens que
evidentemente voltavam da cidade. Correu após eles, e alcançando-os
perguntou-lhe se haviam perdido alguma cousa. A princípio disseram que
não, porém, examinando bem a cesta que levavam, descobriram nela um
buraco e perceberam que a bolsa que ali se encontrava desaparecera. Como
a descrição dela condizia com aquela que achara, o chinês passou-a às mãos
deles.
- Deve ser religioso, disseram eles.
- Sou cristão, explicou o homem.
- Então deve esta ser uma religião muito boa, porque faz uma pessoa
porta-se assim.

ELUCIDAÇÃO

Essa epístola foi escrita por Paulo, Timóteo e Silas, porque esses três
haviam sido os fundadores da igreja em Tessalônica, e continuavam juntos
quando a epístola foi escrita, embora Paulo fosse o autor real dela. Nada
existe na própria epístola, como conteúdo, estilo ou vocabulário, que nos
surgira autoria não-paulina, por isso, sua autenticidade tem sido tão
geralmente reconhecida, nos tempos antigos e modernos.
Em contraste com outras epístolas paulinas, não é difícil determinar a
data da escrita desta. É provável que Paulo se encontrava em “Acaia” quando
escreveu a epístola, isto é, achava-se em Corinto, uma das cidades mais
importante do território, onde Timóteo prestou relatório das principais
circunstâncias que passava Tessalônica. Assim a carta foi escrita em Corinto
em cerca de 50 D.C.
Paulo fundou essa igreja durante aquilo que chamamos de sua
Segunda Viagem Missionária, tendo partido precipitadamente de Tessalônica,
após ter conquistado certo número de convertidos. A retirada precipitada dos
obreiros do evangelho deixou os membros da igreja de Tessalônica menos
alicerçados nos ensinamentos cristãos.
Depois de um relatório trazido por Timóteo sobre a situação dos
Tessalonicenses, Paulo escreve a epístola procurando consolar aos crentes
de Tessalônica na tribulação; modificar seus pontos de vista sobre a lassidão
nas questões sexuais; instruí-los acerca da realidade e do significado da
“Parousia” ou Segunda Vinda de Cristo; fornecer-lhes instruções morais sobre
assuntos gerais como também se defender de falsas acusações que os
judeus incrédulos por ciúme e inveja laçaram a seu ministério.
Os vv. 10-12 formam uma só longa sentença, que passa do caráter da
evangelização feita pelos missionários para seu cuidado com os novos
convertidos. Paulo ressalta as vidas virtuosas e inculpáveis dos pregadores.
De modo especialmente solene, Paulo chama não somente aos seus leitores
como também o próprio Deus para ser testemunha das vidas dos
missionários. Os leitores são citados porque precisavam estar convictos da
veracidade das declarações de Paulo, com base nas próprias observações
deles, e Deus é conclamado porque sempre havia a possibilidade de que os
missionários tivessem sido culpados de um lucro desonesto praticado contra
as testemunhas humanas. A solenidade do tom sugere enfaticamente que
Paulo estava tratando de acusações específicas que estavam sendo usadas
pelos oponentes da igreja para denegrir os missionários e sua mensagem e,
assim, virar os convertidos contra eles. Paulo, no entanto, achava que podia
refutar com confiança qualquer acusação desta natureza mediante um apelo à
vida piedosa, justa e irrepreensível dos missionários.
Dessa forma, e diante de tudo o que foi exposto, convido os irmãos a
meditar-mos juntos no tema:

A CONDUTA DO MINISTRO DE DEUS


1º- DEVE SER PIEDOSA

O significado original desta palavra é: “devoto”, “santo”. Neste ponto, tal


palavra é um advérbio de modo, “piedosamente”, “de modo agradável a
Deus”, “de maneira santa”.
No Novo Testamento esse vocábulo significa “devoto”, “santo” sem
qualquer distinção precisa sobre a fonte de aprovação: Deus ou o homem.
Mas, nesse caso o texto nos traz a palavra com o significado de “piedoso” de
acordo com a perspectiva de Deus. Para Calvino, “piedosamente” neste texto
tem o significado de sincero temor a Deus. De maneira que Paulo está aqui
falando que em todas as suas atitudes procurou não pecar contra Deus.
Segundo Champlin a idéia é: O indivíduo que se devota de forma geral
ao serviço de Deus, ou seja, dedica a sua vida para o trabalho do Senhor. E
era esse exatamente o desejo de coração de Paulo nesta ocasião.
Na primeira epístola de Paulo a Timóteo, encontramos essa mesma
palavra com o mesmo sentido do texto em exposição quando diz:
“...levantando mãos santas...”. Aqui a palavra “santas”, representa aquilo que
está de acordo com a orientação divina. Descreve a ação piedosa, pura e
limpa que está em conformidade com o mandamento de Deus. As mãos são
santas se não usadas para propósito malignos ou pecaminosos.
O contexto da vida de Paulo nesta ocasião era de receber acusações
que colocavam em risco tudo o que ele estava ensinando, como também o
que já tinha ensinado. Eram acusações que levavam ao questionamento a
sua liderança, ou seja, dava margem para que os convertidos de Tessalônica
ou quem quer que fosse duvidasse da autenticidade de seu ministério e
porque não de sua posição de ministro, pregador, missionário.
Segundo o DIT piedade “indica aquele santo temor a Deus que é
acompanhado pela santificação e por uma vida reta. Uma pessoa cheia de
reverência e amor a Deus, e que em sua vida, faz com que suas atitudes,
pensamentos concordem com os princípios espirituais.
Paulo mostra que através de uma vida de devoção a Deus, uma vida
de santidade o que ele e seus companheiros de ministério sem sombra de
dúvidas tinham, é que conseguiriam evidenciar um ministério eficaz, real e
autêntico. Naquele momento Paulo sabia que a santidade de vida seria a
forma ideal para responder a todas aquelas acusações falsas que recebera,
pois uma conduta santa significava andar longe da prática do pecado e bem
perto da vontade de Deus.
J.C.Ryle em seu livro: Santidade sem a qual ninguém verá o Senhor,
afirma em relação a santidade: “A santidade é o hábito de ter a mesma mente
de Deus à medida em que tomamos conhecimento da Sua mente, descrita
nas Escrituras. É o hábito de concordar com os juízos de Deus, abominando
aquilo que Deus abomina, amando aquilo que Deus ama e medindo tudo
quanto há neste mundo pelo padrão de Sua Palavra. De maneira que Paulo e
seus companheiros se enquadravam dentro de tudo isso, comprovando que
suas condutas eram corretas.
Spurgeon falando a respeito dos perigos que cercam os ministros da
Palavra diz que “o perigo que estes enfrentam é muito maior do que o que os
outros enfrentam”, de modo geral diz ele “nenhuma posição é tão assaltada
como o ministro da Palavra”. De maneira que Paulo não só usava dessas
afirmações para se defender de falsas acusações, mas também utilizava para,
independentemente da situação, incentivar a comunidade e aos que dali
queriam abraçar o ministério, a se portar de forma santa, agradável a Deus,
deixando as práticas pecaminosas de antes de lado e se dedicando
totalmente ao serviço de Deus, como vemos no versículo 12 do mesmo
capítulo: “exortando-vos e consolando-vos e instando que andásseis de modo
digno de Deus...”. Que traduzido quer dizer: “de maneira tal que o crente
possa ser aprovado por Ele, cuja vida seja agradável ao Senhor”.
2º- DEVE SER JUSTA

O significado original dessa palavra, que se encontra na forma adverbial


é: “justamente”, “retamente”, que indica: “dever para com os homens”. Mas
também enfatiza a vida justa perante Deus. No texto observamos que a
palavra é utilizada em relação a uma conduta reta diante dos homens.
Segundo Champlin esse termo indica que Paulo conduzia-se de modo
reto e justo em tudo o que fazia. De maneira que Paulo e seus companheiros
não davam motivos para que os cristãos dali, pensassem que eles viviam em
práticas enganosas.
Encontramos esse mesmo termo sendo usado na Epístola de Paulo a
Tito quando diz: “...vivamos no presente século, sensata, justa e
piedosamente”. Essa passagem de Tito é quase a mesma coisa que está
escrito em 1 Tessalonicenses. O sentido da palavra justa desse texto é o
mesmo: “é um exercício em relação ao homem”. O mesmo acontece na
Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios quando diz: “Tornai-vos à
sobriedade, como é justo...” o sentido para justo é: “justamente”, “retamente”,
indicando o dever para com os homens.
Calvino comenta o seguinte em relação a agir justamente, retamente,
ou seja, ser justo: “Justos não são aqueles que são perfeitos em sentido
absoluto, já que tais pessoas jamais serão encontradas! Mas aqueles que
almejam o que é bom como o alvo primordial de seus corações”.
Vimos que primeiro Paulo defendeu seu ministério e sua conduta
chamando os Tessalonicenses a achar algum defeito no sentido de sua
relação para com Deus. Agora ele tem a oportunidade de fazer isto em
relação a sua conduta para com os homens. Paulo sabia que, assim como era
importante mostrar que o ministro de Deus deveria ter uma conduta de
devoção e santidade ao Senhor, também era muito importante se mostrar
uma pessoa que andava retamente diante dos homens.
Paulo era acusado de utilizar práticas enganosas para com aquela
comunidade. Essas acusações tinham o objetivo de destruir sua imagem,
como também, de fazer com que os Tessalonicenses vissem Paulo e seus
companheiros como mercenários, interesseiros, que só estavam ali pregando
o evangelho para ganhar algum dinheiro ou ter algum lucro financeiro.
Mas no verso 9 do mesmo capítulo, comprovamos que essas
acusações eram falsas, pois diz: “Porque vos lembrais irmãos, do nosso labor
e fadiga, pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum
de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.” Segundo Champlin, as palavras
“noite e dia” indicam que o apóstolo se levanta para trabalhar antes do raiar
do Sol, e que nesse labor ficava até bem depois de desaparecer o Sol. Isto
exatamente para não ser pesado ou viver à custas de nenhum dos crentes de
Tessalônica. Mesmo sabendo que como ministro do evangelho ele tinha o
direito de tirar seu sustento daí, como vemos em 1Co. 9.14: “Assim ordenou
também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho.”
Ainda assim, Paulo apela à memória dos crentes acerca de tudo quanto
ele e seus companheiros tinham feito entre eles, a fim de refutar tais
acusações, mostrando que em nenhum momento eles agiram de forma
enganosa, e sim justa e retamente. Independentemente de qualquer situação
que eles passassem, a ordem era andar em retidão, ter uma conduta honesta,
sincera, pois, isso os credenciavam diante dos homens como ministros do
evangelho.
O apóstolo aproveita o momento para orientar os cristãos a agirem da
mesma forma que ele. Orienta para que os crentes em tudo o que fizessem,
fossem sempre homens corretos, justos, sem ter que levar a vida de forma
desonesta, principalmente os que tinham o desejo de ser ministros,
evangelistas e missionários. Para Paulo, uma conduta justa, era a vontade de
Deus, não só para os ministros como também para todos os crentes.
3º- DEVE SER IRREPREENSÍVEL

O significado original dessa palavra que também está na forma


adverbial “irrepreensivelmente” é: “sem falta”; “inculpável”; “que não admite
acusação de defeito”.
Segundo Champlin é: “o indivíduo que, à luz de uma certa norma, torna-
se irrepreensível”. Esse termo é usado como dever, tanto para com Deus
como para com os homens.
Encontramos essa mesma palavra com o mesmo sentido no capítulo 5
dessa epístola, quando diz: “...alma e corpo sejam plenamente conservados
irrepreensíveis...” O termo refere-se a uma conduta que é livre de acusações
e que está à altura do padrão da justiça. I. Howard Marshall comentando esse
texto diz: “É como se Paulo houvesse escrito: Que toda a vossa
personalidade, em suas varias porções, e consideradas como um todo, seja
conservada sã e inculpável.” No geral: “que vossa personalidade seja
conservada inculpavelmente de modo que seja íntegra.”
O mesmo acontece na epístola de Paulo aos Filipenses, quando diz:
“Para que vos torneis irrepreensíveis...” o sentido aqui também é “inculpável”,
de maneira que, não devemos praticar qualquer vício e nem ter qualquer
atitude que leve outros a se escandalizarem ou a censurarem as nossas
ações.
Champlin comenta que: “Paulo exige aqui uma elevada integridade
moral”.
O que o apostolo mostra com tudo isto, é que ele tinha uma vida de
comportamento exemplar, de maneira que, ele e seus companheiros eram
convidados para permanecerem verdadeiros em relação ao caráter cristão,
visto que estavam inseridos num mundo hostil, que estava alerta para tratar
com severidade qualquer falta da parte dos crentes.
Calvino em seu comentário diz: “Paulo não tinha dado nenhum motivo
para reclamações dos crentes, como também dos não-cristãos”. Sendo assim,
todas aquelas acusações eram realmente sem fundamento, e só com a
motivação de destruir o ministério dos ministros de Deus.
Paulo nesse momento faz com que os Tessalonicenses analisassem
suas ações e atitudes para ver se, diante de alguma norma ou regra ele e
seus companheiros teriam sido pessoas faltosas. Com isso, mais uma vez
Paulo apela para a memória dos crentes Tessalonicenses acerca de tudo
quanto ele e seus amigos tinham feito, com o fim de se livrarem das falsas
acusações. Ele sabia que independente da situação a ordem mais uma vez
era a mesma: andar retamente, andar em uma elevada integridade moral, não
se achar culpado. Segundo Oswald Sanders no seu livro: Paulo, o líder, o
apóstolo Paulo durante toda a sua vida esteve sinceramente cônscio de sua
conduta irrepreensível, de sua integridade, e se esforçava por mantê-la. Essa
afirmação de Oswald Sanders é comprovada no livro de Atos, quando Paulo
diz: “Por isso também me esforço por ter sempre consciência pura diante de
Deus e dos homens.”
O apostolo, sabendo que ninguém vive diante de Deus e dos homens
tão perfeitamente, que seja completamente irrepreensível e que cada um de
nós ainda necessita crescer e se desenvolver espiritualmente, aproveitou o
momento para orientar como bom ministro, os cristãos a refletirem sobre suas
próprias vidas, para que ao menos nascesse dentro de cada um o desejo de
chegar o mais próximo da perfeição, em relação a sua conduta para com
Deus e o homem, principalmente os que estavam desejosos de trabalhar na
obra, como ministros, pregadores e missionários, pois para Paulo o ministro
ao menos tinha que ter vontade de procurar viver irrepreensivelmente.
APLICAÇÃO

E quanto a nós? O que isto tem a ver conosco?


Meus irmãos, ministros da Palavra, precisamos compreender que a
conduta individual tem valor aos olhos de Deus. Muitos problemas
enfrentamos e ainda iremos enfrentar em nosso ministério. Talvez passemos
pelo mesmo problema do apóstolo Paulo: “falsas acusações”, e se não
estivermos preparados para isto, tendo uma conduta piedosa, justa e
irrepreensível, com certeza nosso ministério será destruído. A nossa função
não é só viver, mas chamar os crentes a viverem corretamente.
A prática da piedade, da justiça, do viver corretamente, deve ser vivida
e proclamada pelo profeta atual. O cristão precisa de retidão e de integridade
e o ministro não deve ter medo de dizer isso. Santidade e integridade, são
práticas que não mais estão sendo levadas em consideração em nossas
igrejas, e por esta razão, é que a cada dia que passa, novos escândalos são
descobertos envolvendo pastores e líderes evangélicos, como também
crentes que devem e não pagam, cristãos que impõem sua palavra e não
cumprem etc.
O autor do livro: A crise de integridade, ilustra exatamente isso que
falei. Ele diz: “Que quando Rafael pintava os afrescos do Vaticano, alguns
Cardeais pararam por perto dele e reclamaram do seu trabalho.
- O rosto do apostolo Paulo está vermelho de mais – disse um deles.
A resposta de Rafael foi:
- Ele cora ao ver nas mãos de quem está a igreja.”
Meus irmãos, temos que reverter esse quadro! Nas igrejas do Novo
Testamento, a liderança tinha como base a consagração, o caráter e a
conduta. E é exatamente isso que Paulo quer que sejamos, ministros
consagrados, com um bom caráter, através de uma conduta piedosa, justa e
irrepreensível.
Que comecemos desde já, mostrando que temos como base, aquilo
que a liderança da igreja primitiva tinha: vida consagrada, caráter e uma
conduta ilibada.
CONCLUSÃO

Quero concluir citando uma passagem do livro: Descubra agora a ética


dos profetas para hoje de Isaltino Gomes C. Filho, que diz: “Precisamos
levantar fortemente a nossa voz e clamar por ética no evangelho.
Necessitamos de igrejas transparentes, de pastores que não apareçam em
páginas policiais e de igrejas que não sejam conhecidas por atitudes
condenáveis pelo mundo. Necessitamos de santidade. Isto os profetas
pregaram. E é isto que também devemos fazer!”

Você também pode gostar